Sexualidade : Sexualidade é um conjunto de processos inter-relacionados que permeiam toda a existência humana e está presente em todas as fases da vida e permeia a forma como cada um lida com a afetividade, com sua capacidade de entrega, com sua comunicação interpessoal e a maneira com a qual cada pessoa lida com ela mesma e com o outro. Gênero : identidade social e cultural da pessoa como homem ou mulher.
Identidade sexual : Ver-se como um ser sexual, reconhecer a própria orientação sexual, chegar a um acordo com as primeiras manifestações da sexualidade e formar uniões afetivas ou sexuais. É na adolescência que a orientação sexual de uma pessoa geralmente se torna uma questão premente: se essa pessoa se tornará consistentemente atraída por pessoas do outro sexo ( heterossexual ), do mesmo sexo ( homossexual ) ou de ambos os sexos ( bissexual ).
Curiosidade Origens da orientação sexual Grande parte das pesquisas sobre orientação sexual tem se concentrado em esforços para explicar a homossexualidade. Não obstante ela já ter sido considerada uma doença mental, diversas décadas de pesquisa não revelaram nenhuma associação entre a orientação homossexual e problemas emocionais ou sexuais – além daqueles aparentemente causados pelo tratamento que a sociedade dispensa aos homossexuais, como tendência à depressão (APA, s.d.; C. J. Patterson, 1992, 1995a, 1995b). Esses achados levaram a classe psiquiátrica em 1973 a deixar de classificar a homossexualidade como um transtorno mental. A orientação sexual parece ser pelo menos parcialmente genética (Diamond e Savin -Williams, 2003). O primeiro mapeamento completo do genoma humano com respeito à orientação sexual masculina identificou três sequências de DNA nos cromossomos 7, 8 e 10 que parecem estar envolvidas( Mustanki et al., 2005). Entretanto, visto que gêmeos idênticos não são perfeitamente concordantes quanto à orientação sexual, fatores não genéticos também podem ter um papel (Diamond e Savin - -Williams, 2003).
Segundo KNOBEL (1992), a partir do nascimento de uma criança em nossa sociedade, a família já começa a diferenciá-la sexualmente através de roupas, cores, brinquedos e objetos. Os pais sutilmente se encarregam de ir impondo, durante a infância, as diferenças entre meninos e meninas e a sociedade trata de acentuá-las mediante elementos meramente externos. Mas, a definição da identidade sexual só se dará ao longo de um complexo processo bio-psicológico e social, no qual as atitudes da família.
A maior parte das culturas distingue masculino e feminino através de práticas em quase todas as atividades cotidianas. A cultura pode definir as características de personalidade que são socialmente adequadas. Os comportamentos adquiridos através da cultura, considerados como apropriados para seu gênero, corresponde à Tipificação Sexual , por exemplo, um homem pode ver-se como masculino, e evita todos os comportamentos denominados como femininos. A identidade sexual é um dos elementos fundamentais da identidade geral, ela indica a percepção individual sobre o gênero que uma pessoa percebe para si mesma; já a identidade de gênero é a convicção íntima de cada um quanto ao sexo ao qual pertence (masculino/ feminino).
Existem algumas teorias que explicam como adquirimos a Tipificação Sexual: psicanálise (Freud), aprendizagem social ( Bandura ), coginitiva -desenvolvimento ( Kohlberg ) e a teoria do esquema de gênero (Martin e Halverson ). Segundo a teoria psicanalítica , as crianças começam a prestar atenção na parte genital do corpo por volta dos três anos, indicado por ele como uma das fases do desenvolvimento psicossexual (fase fálica). A criança se interessa pelo progenitor do sexo oposto e sente certa rivalidade pelo progenitor do mesmo sexo - o que Freud deu o nome de Complexo de Édipo devido à lenda grega de Édipo. Ao amadurecer, meninos e meninas resolvem este conflito ao se identificar com o progenitor do mesmo sexo, imitando seus comportamentos e internalizando suas atitudes, tentando ser como ele, surgindo assim a Tipificação Sexual
Na teoria da aprendizagem social , Bandura explica que nós adquirimos a Tipificação Sexual através de duas formas: da instrução direta , onde principalmente os pais (que são os primeiros modelos das crianças) estimulam com recompensas ou punição as crianças por terem um comportamento adequado ou não ao seu gênero. Uma outra maneira de aprender o comportamento sexual tipificado pode ser através da aprendizagem observacional , isto é, ao observar e imitar o progenitor do mesmo sexo, a criança adquire então o comportamento correspondente ao seu gênero. É como se a criança pensasse: sou tratado como menino, portanto, devo ser um menino (ATKINSON, 2002).
A teoria cognitivista- desenvolvimental foi desenvolvida pelo psicólogo Kohlberg é baseada na teoria cognitiva de Piaget. Crianças de 2 anos podem identificar o sexo de um homem vestido de maneira estereotipada, mas elas não conseguem a mesma identificação de um "menino". Aos 2 anos e meio, quando a criança começa a criar uma consciência um pouco mais conceitual sobre gênero, entra então a teoria de Kohlberg . É o fato de comportar-se de acordo com a sua identidade de de gênero que faz com que a criança se comporte de maneira adequada, assumindo assim a Tipificação Sexual de si mesma e dos outros. Segundo essa teoria, dos 2 aos 7 anos de idade, a identidade de gênero vai se desenvolvendo de acordo com os estágios pré-operatórios que a criança vai atravessando, por exemplo, a característica pré-operatória da dificuldade de manter a identidade de um objeto ao ter sua aparência modificada é importante de ser considerada na formação do conceito de conservação de gênero. Para Kohlberg as crianças se socializam ativamente, não são instrumentos passivos da influência social. É como se a criança, neste caso, pensasse: sou um menino, então vou fazer tudo o que puder para descobrir como me comportar como um (ATKINSON, 2002).
A teoria do esquema de gênero pode ser denominada também como teoria do processamento da informação, ela descreve como os papéis de gênero podem se originar e persistir. Desenvolvida por Martin e Halverson , ela explica que a criança precisa estabelecer uma identidade de gênero básica que a motiva a aprender sobre os sexos. Ela precisa compreender que esquemas de gênero são conjuntos organizados de crenças sobre homens e mulheres; que os esquemas dentro e fora do grupo permitem a classificação de objetos, regras e comportamentos; e que os esquemas do próprio sexo são informações que ela precisa para que possa realizar os diferentes comportamentos.
É o desenvolvimento de uma identidade sexual que permite que o adolescente identifique-se como um ser sexual, reconheça sua própria orientação sexual e forme vínculos românticos ou sexuais. A consciência da sexualidade é um aspecto importante da formação da identidade, influenciando profundamente a autoimagem e os relacionamentos que ele venha a ter.
Riscos para adolescentes em relação a atividade sexual A atividade sexual adolescente envolve riscos de gravidez e de infecções sexualmente transmissíveis. Os adolescentes que correm maior risco são aqueles que iniciam cedo a atividade sexual, têm múltiplos parceiros, não usam contraceptivos e são mal informados sobre sexo. De acordo com Piaget, a percepção dos jovens de risco pessoal baixo é um exemplo do egocentrismo adolescente. Piaget chamava isso de fábula pessoal. Os adolescentes frequentemente parecem comportar-se como se acreditassem que coisas ruins não acontecerão a eles porque sua “história pessoal” é diferente e única.
Os riscos de HIV entre adolescentes e jovens são maiores quando a transição de idade ocorre em ambientes desafiadores, com acesso insuficiente a alimentos, educação e moradia e com altas taxas de violência. Percepções de baixo risco de infecção, uso insuficiente do preservativo e baixas taxas de testagem de HIV persistem entre os jovens. Apesar das taxas de informação sobre o HIV terem aumentado, apenas 36% de homens jovens e 30% de mulheres jovens (entre 15-24 anos) tinha um conhecimento abrangente e correto sobre como prevenir o HIV nos 37 países com dados disponíveis para o período de 2011 e 2016. Fonte: estimativas UNIAIDS 2017
Gravidez na adolescência A gravidez na adolescência teve uma queda de 17% no Brasil segundo dados preliminares do Sinasc (Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos) do Ministério da Saúde. Em números absolutos a redução foi de 661.290 nascidos vivos de mães entre 10 e 19 anos em 2004 para 546.529 em 2015. A região com mais filhos de mães adolescentes é o Nordeste (180.072 – 32%), seguido da região Sudeste (179.213 – 32%). A região Norte vem em terceiro lugar com 81.427 (14%) nascidos vivos de mães entre 10 e 19 anos, seguido da região Sul (62.475 – 11%) e Centro Oeste (43.342 – 8%).
LOPES & MAIA (1993) referem-se a uma tendência na diminuição da idade da primeira relação sexual. No Brasil, a idade média é de 16,9 anos para meninas e 15 anos para os meninos, sendo que essa iniciação precoce não vem acompanhada de cuidados com a anti concepção. Segundo esses autores, 26% da população feminina de 15 a 24 anos já viveu uma gravidez, sendo que a mesma foi indesejada para 40% dessas jovens.
A maternidade na adolescência frequentemente tem desfechos negativos. As mães adolescentes e suas famílias tendem a ter problemas de saúde e a enfrentar dificuldades financeiras, e as crianças muitas vezes se ressentem da parentalidade ineficaz.