Om Náráyana - Marina Issakova - 2011 Página 5
As linhas marginais do Shrí Yantra têm como função de manter, conter e evitar a perda das
forças subtis, representadas pela estrutura do núcleo do Yantra, separando o espaço sagrado
do Yantra do espaço externo, “material”, caótico. Os contornos também têm a função de
aumentar o poder do Yantra e sua subtileza. O Bhúpura simboliza 4 portas ou portais
cósmicos para 4 direcções do mundo.
Círculo. O círculo (CHAKRA) representa a periodicidade e o ritmo, a perfeição e o vazio
criativo, o princípio e o fim, a expansão e a contracção, exprime a evolução cíclica da
manifestação. Energia latente adormecida da matéria, o elemento Ar (Váyu tattva). O círculo
também é a forma cósmica por excelência, onde as forças do Universo “operam” em círculo.
O Céu é redondo, a Terra é redonda, o Sol, as Estrelas, a Lua através de suas diversas fases
volta incansavelmente ao círculo perfeito, os ventos poderosos sopram em turbilhão, o ninho
do pássaro, o coração da árvore, as danças, as montanhas sagradas…, a Vida…
Lótus. O Lótus (PADMA) e as suas pétalas simbolizam a pureza. A inclusão de um lótus num
Yantra representa a liberdade de interferências múltiplas com o (pureza) exterior e expressa
a força absoluta do Ser Supremo.
A estrela central é formada pela intersecção de nove triângulos grandes,
resultando na formação de 43 pequenos triângulos que formam os cinco
anéis internos.
Quatro dos nove triângulos primários estão virados para cima e
representam a energia cósmica masculina - Shiva.
Cinco dos nove triângulos primários estão virados para baixo, simbolizam a
energia cósmica feminina - Shakti.
Juntos, os nove triângulos, expressam Advaita ou a não-dualidade. O
conceito descreve a energia cósmica, que através de suas vibrações cria a
matéria e movimento.
O triângulo interno tem um ponto, Bindu ou Ekágrata. Ekágratá é o atrair para o
centro, a força do centro. Representa a energia focalizada e sua intensa concentração. Pode
ser considerado como uma espécie de depósito de energia que pode, por sua vez, irradiar
energia sob outras formas. É a parte mais importante e mais poderosa de Yantra, funcionando
como o centro de gravidade, onde o olhar é naturalmente levado ou atraído para o seu
centro.
Por exemplo, utilizamos a lupa e os raios de sol. Quando a lupa está perto de um papel ou de
um pedaço de madeira, vemos o círculo grande, pouco luminoso e não muito quente. A
medida que afastamos a lupa, o círculo diminui de tamanho e a sua luminosidade e calor
aumentam, até queimar papel ou madeira. Por analogia, infinitesimal, o ponto seria
infinitamente poderoso. Ele concentra a nossa energia psíquica (psicossomática) e aumenta o
seu poder. O poder da mente humana concentrada é infinito.
Construção do Shrí Yantra
O método tradicional de desenho do Shrí Yantra, em modo de evolução (Shrishti Krama) foi
delineado pelo sábio Lakshmídhara em Saunda Ryalaharí (texto tântrico do século VIII).
Apesar de ser possível encontrar a técnica de construção do Shrí Yantra, de forma sucinta, em
alguns livros, sendo um yantra muito importante, essa técnica é passada de forma iniciática,
do mestre ao discípulo.