Sophia de Mello Breyner Andresen, a Menina do Mar

Uma pequena história que apresenta Sophia de Mello Breyner Andresen a um público jovem.

1. 2

2. JORGE BORG

Nas dunas da Praia da Granja, uma
menina de cabelo claro corria, sentindo
a areia nos pés e o sal no rosto. O seu
nome era Sophia. Para ela, o mar näo
era apenas água e ondas; era um amigo,
um segredo, o início de todos os poemas
que um dia iria escrever.

3. Cresceu rodeada de livros e histórias,
num casaráo com um jardim gigante.
Cada folha, cada pedra, cada raio de sol
que entrava pela janela, parecia
sussurrar-Ihe palavras. Sophia ouvia
com atencáo e guardava-as no coraçäo,
como se fossem tesouros.

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4. A sua juventude foi marcada pela
sombra de uma ditadura, um tempo em
que as palavras tinham de ser escolhidas
com cuidado. Mas Sophia náo tinha
medo. A sua poesia tornou-se uma voz
de resisténcia, uma arma feita de beleza
e verdade que lutava pela liberdade de
todos.

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5. .

JORGE BORGES

Casou-se com Francisco Sousa Tavares,
um homem que partilhava a sua paixäo

pela justiça e pelas palavras. Juntos,

construíram uma família e uma vida
onde a arte e o ativismo andavam de
máos dadas.

6. JORGE BORGES

Os seus filhos cresceram entre contos de
fadas e discussöes políticas. Para eles,
Sophia escreveu histórias mágicas sobre
fadas, gnomos e meninas corajosas que
viajavam por florestas encantadas.
Mostrou-lhes que a imaginacáo era uma
forma de liberdade.

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7. JORGE BORGES

Mas o mar nunca a abandonou. Nas
suas viagens à Grécia, encontrou a
mesma luz, o mesmo azul, a mesma
forca antiga que sentia na Praia da
Granja. Os deuses e os mitos gregos
entraram nos seus versos, falando de
um mundo claro, íntegro e justo.

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8. JORGE BORGES

Em abril de 1974, a liberdade finalmente
chegou a Portugal. Sophia, que sempre
lutara por ela com as suas palavras, foi
eleita para ajudar a escrever a nova
Constituigäo. A sua poesia saiu à rua,
celebrando a "manhä inteira e limpa" de
um país renascido.

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JORGE BORGES

A sua obra foi reconhecida com os
maiores prémios, incluindo o Prémio
Camées. Mas o maior prémio, para ela,
era saber que os seus poemas tocavam as
pessoas, que as suas palavras ajudavam a
ver o mundo de uma forma mais clara e
mais bela.

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10. .

JORGE BORGES

Sophia partiu, mas deixou-nos o mar, a
luz, a justica e a infäncia guardados nos
seus versos. Deixou-nos a coragem de
nomear as coisas, de procurar a verdade
e de acreditar na forca transformadora
da poesia.

11. En

JORGE BORGES

E assim, sempre que sentires a brisa do
mar ou vires a luz a atravessar as folhas
de uma árvore, lembra-te de Sophia. A
sua poesia continua viva, a espera de ser
descoberta, como um tesouro na areia
de uma praia infinita.