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O 1º capítulo do Sutra de Lótus
Introdução — Parte 2
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 1928, PÁG. A8, 23 DE FEVEREIRO DE 2008.
O Honrado pelo Mundo, circundado pela Assembléia de Quatro Tipos de Crentes,
recebeu oferecimentos, foi honrado, venerado, e elogiado; e então iniciou a pregação
do sutra Muryogui (Infinitos Significados), na qual ele afirma: “Nestes mais de
quarenta anos, não revelei a verdade”1 e “os infinitos significados derivam de uma
única Lei”2. Isso confirma que Sakyamuni expôs somente ensinos provisórios nos
primeiros quarenta anos de pregação, e que o seu ensino máximo é ensinado no Sutra
de Lótus.
Nesse sutra, Sakyamuni explica a realidade máxima da vida por meio das trinta e
quatro negativas: “Seu corpo não existe nem não existe, / Não foi causado nem
condicionado, nem sou eu nem o outro, / Não é quadrado nem redondo, não é curto
nem longo, / Não aparece nem desaparece, não nasceu nem foi extinto, / Não foi
criado nem surgiu, não foi produzido nem feito, / Não está sentado nem deitado, não
está andando nem está parado, / Não se move nem gira, não é ocioso nem imóvel, /
Não avança nem recua, não está em segurança nem em perigo, / Não é certo nem
errado, não ganham nem perde, / Não é aquele nem este, não parte nem vem, / Não é
azul nem amarelo, não é vermelho nem branco, / Não é escarlate nem púrpura nem
qualquer outro tipo de cor”.3
O Sutra de Lótus ensina que todos os seres humanos podem atingir o estado de Buda.
Qual é, então, a verdadeira entidade de um “buda”? O que significa atingir o estado de
Buda? O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, contemplou profundamente
essas questões e procurou resolvê-las. No início de 1944, Toda decidiu recitar dez mil
Daimoku por dia para compreender totalmente o Sutra de Lótus. Ele já havia lido esse
sutra por três vezes desde o início do ano e em março começara a leitura pela quarta
vez. Toda não compreendia o significado das trinta e quatro negativas. Foi então que
no fim do ano, a palavra “vida” repentinamente surgiu em sua mente. “O Buda é a
própria vida! É uma expressão da vida! O Buda não existe fora de nós, ele se encontra
em nossa vida. Não, ele também existe fora de nossa vida. É uma entidade da vida
cósmica!”4
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: “A vida tem também uma enorme
diversidade. Ela é rica e cheia de energia. Ao mesmo tempo, opera de acordo com
certas leis e tem um ritmo definido. A doutrina que diz que um único momento da vida
possui três mil mundos (itinen sanzen) descreve esta harmonia na diversidade, e
aquele que compreendeu a essência desse princípio é um Buda”.5