Tempo geológico

YagoVerling 4,897 views 32 slides Mar 10, 2014
Slide 1
Slide 1 of 32
Slide 1
1
Slide 2
2
Slide 3
3
Slide 4
4
Slide 5
5
Slide 6
6
Slide 7
7
Slide 8
8
Slide 9
9
Slide 10
10
Slide 11
11
Slide 12
12
Slide 13
13
Slide 14
14
Slide 15
15
Slide 16
16
Slide 17
17
Slide 18
18
Slide 19
19
Slide 20
20
Slide 21
21
Slide 22
22
Slide 23
23
Slide 24
24
Slide 25
25
Slide 26
26
Slide 27
27
Slide 28
28
Slide 29
29
Slide 30
30
Slide 31
31
Slide 32
32

About This Presentation

Material destinado as aulas de Geologia do Professor Raul Reis.


Slide Content

oTEMPO
,
GEOLOGICO
CAPíTULO
Introducão
,
m1669NicolauSrenochegouàconclusão dequeasrochas se
superpunhamemordemcronológica(Leidasuperposição) equeelas
estavamoriginalmente emcamadashorizonta.Cemanosdepo, baseando-se naLei
desuperposição, GvaniArduinoclassificouasrochas emprimárias(crtalinascontendo
minerametálicos);2.secundárias(estratificadas,durasecontendofósse);3.terciárias
(vulcânicas erochasfracamente consolidadas, geralmente comconchasmarinhas)e,
umaquarta categoriaqueseriamossedimentosdealuvião.Esteesboçodeclassificação
foisendomelhoradonosanosseguintesesurgiramvárstiposdeclassificaçãomais
precosesemprebaseadosnaleidesuperposição. Masnenhumadestasclassificações
permitiuafeiruradeummapageológicoporquenanaturezanãoháumaseqüência
cronológicaseminterrupçãoeasestratificações variamdeumlugaraoutro.Faltava
umamaneiradedatarestesestratos.
Dopontodevtadaorigem,asrochaspodemserclassificadasemígneas,
metarnórficasesedimentares. Assedirnenraressãoasquecontêmfósseepodemser
consolidadasounão.Sãoestasasqueserãotratadasnestecapítulo.
Em1815WilliamSmithdescobriuqueosfóssesãouminstrumentoconfiável
paradatarrochas. Cadaunidadesucessivaderochasedimentarcontemoseuconjunto
característicodefósseq\1epodedtinguí-Iadasoutrasunidades.Estadescobertaabriu
apossibilidadedecorrelacnarrochasdamesmaidadeequeestavamemlocalidades
dtanteseportanto,fazermapasgeológicos.NamesmaépocaCuviermostrouquecada
mudançanaseqüênciadefaunarepresentavaumaidadeespecíficaeestabeleceu oconceito
dequeasespéciesseextinguem.Osgeólogospuderamentão,combasenosfósseena
extinção,definirasunidadesgeológicasecolocá-Ias, pelaleidesuperposição,emordem

28 HISTÓRIAECOLÓGICADATERRA
Tab.2.1-EscaladoTempoGlógicoedaGcronologia emanosantesdopresente (AP)que
delimitamasséries eperíodos. DeacordocomaUniãoInternacionaldeCiências Glógicas(IUGS), 1989.
EON ERA SISTEMA SÉRIE IDADE
(Período) (Época) (milhõesde anosAP)
FANEROZÓICO CENOZÓICA QUATERNÁRIO Holoceno
Pleistoceno
(0.01)
1.6
NEÓGENO Plioceno
5.3(4.8)
Mioceno
23
PALEÓGENO Oligoceno
Eoceno
(36.5)
53
Palceno
65(64.4)
MESOZÓICA CRETÁCEO Superior
95
Inferior
135(140)
JURÁSSICO Superior
152
Médio
180
Inferior
205
TRIÁSSICO Superior
230
Médio
240
Inferior
250
PALEOZÓICA PERMIANO Superior
260
Inferior
CARBONíFERO
290
Superior
325
Inferior
355
DEVONIANO Superior
375
Médio
390
Inferior
410
SILURIANO Superior
428
Inferior
438
ORDOVIClANO Superior
455(473)
Inferior
510
CAMBRIANO Superior
(525)
Inferior
570(540)
PROTEROZÓICO NEOPROUROZÓICA (superior)
1000
MESOPROTEROZÓICA (médio)
1600
PALEOPROTEROZÓICA (inferior)
2500
ARQUEANO

oTEMPOGEOlÓGICO 29
cronológica.EstaseqüênciacronológicaconstituiaEscaladeTempoGeológico(Tab.2.1.
enacontracapadestelivro).
Adefiniçãodecadaunidadeestratigráficaeasuacronologiasurgiramaospoucos,
comoestudodemuitosgeólogos,trabalhandoindependentementedesdeofinaldo
século18atémeadosdoséculo19.Cadaperíodogeológicofoicaracterizadodepode
muitaobservação,muitoestudo,efoicolocadonaescalageológicadepodemuitas
tentativas.Assubdivõesdosperíodosaindaestãoemestudoesãore-examinadascada
vezquesecriamnovosmétodosdeobservação.
AEscaladeTempoGeológicoésubdivididaemquatrointervalosdenominados
Eras:Pré-cambriana,Paleozóica,MesozóicaeCenozóica.Nemtodososgeólogos
concordaminteiramentecomestadivão,masosoutrospontosdevtaserãotratados
noscapítulosdedicadosespecificamenteacadaumadestasEras.
Cadaumadestasdivõesécaracterizadaporumconjuntodefósse.Olimite
entreasEras,émarcadopormudançasradicadoconjuntodefósse.AEraPaleozóica
seinicucomumaexplosãodeformasnovaseterminoucomumaextinçãoemmassa
naqualcercade96%dosorganmosmarinhosseextinguiram.OfinaldaEraMesozóica
tambémémarcadoporumaextinçãoemmassanoscontinentesenosoceanos.
AsErassãosubdivididasemintervalosmenoresdenominadosPeríodos.Estessão
subdivididosemEpocas(Séries)ouemintervalosgeracomo:inferr,médesupe-
rr.Todasestassubdivõessãocaracterizadasporconjuntosdefósse.
Aescalageológicaésemprerepresentadanaseqüênciaesrratigráfica,aqualobedece
àordemdesuperposiçãoinicialdosestratos.Estaordemimplicanecessariamentenuma
medidadetempo-otemponecessárparaadeposiçãodaqueleestrato.Implicatambém
noconceitodetemporelativo:oestratomaantigoestánabasedaescalaeéseguido
pelosoutrosquesevãosuperpondonoespaçoenotempoatéchegaraomarecente,o
qualficaemcimadetodos.
2.DotaçãoRelativa
OsfóssedeixaramumregtrobemmarcadoapartirdoperíodoCambrianoe
menosabundantenosperíodosdoPré-cambriano.Estesfósseforamecontinuamsendo
descritospelospaleontólogosqueoscolocamnaseqüênciaemquesurgem.Oregtro
fóssil,arrumadoassim,mostraqueosorganmosevoluiram,novasespéciessurgirama
partirdeformasanterres,eoutrasseextinguiram.Naseqüênciaevolutiva,umgrupo
surge,sofreexpansãoedepopartedasespéciesseextingue(Fig.2.1.). Esteéocasodas
Licopodíneas(Lycopsida),umgrandegrupoquesurgiunoPaleozóicosuperredo
qualsóoslicopódseasselaginelaschegaramatéopresente.Umoutroexemplose

30 HISTÓRIA ECOLÓGICA DATERRA
'" ~
A
~
N
88
o o
oo o o
-e
PALEOZÓICO MESOZÓICO CENOZ
"o
-<
n o V>g
n -c -< n -czo
'"
>
"
r
>
'""
c
"
>
'"\;
"
'< o <
""
-
" '"
r
O
O
tn
~
c
O Ol ;;>, 1>, -<'"
C>
-<
N
" "
:i" O
~
V>
1>, o'
'"'"o,
"
I>
>
Z I> V>
n
C>
z
"
I>
Z Z
~
Z
(;
'"
O
z
n z I> O n
'"
z s-,
O O Z
O O
O O O
O
"
O ;o
-
O O
ANÓXICAS
r'"
-l>
AERÓSIAS
J>n
U'JI~,
(IANOBACTÉ RIAS
UNICELULARESJ
J>
r
PLURICELULAR
C>
--
r;,
-
PROTQZOÁRIOS
-
FORAMIN(FEROS
TRILaBI TAS
ARTRÓPO DOS
DECÁPODOS Z--
;;,
EOUINODERMQS
--
CRUSTÁCEOS
~--
cn
PORíFEROS
"
--
I>
CELENTE RADOS
o
-
~
BRAQUIQPO DOS
MOLUSCOS
AMONITES
- -
GRAPTOllTOS
BRIOZOÁRIOS
..•
~
PSILOP$IDAS
1
-o
-<
'"LICOP$IDAS
"
$FENQPSI DAS ~
FILICíNEAS ~
PTERIOOSPERMA$
CORDAITALES
1
~
;::
-
GINKGOALES g
CICADALES ~
CICADOIDEAS ";::
CONIFERALES
J>
L.-...
V>
-
I.... -
ANGIOSPEMA$
----------------
""H"1
-n
I-
'"-
PLACOOERMAS -
x
ACANTODOS
rn
PEIX ES ÓSSEOS
V>
-
ANFíBIOS
RÉPTEIS
I.-
DINOSSAUROS
-
AVES
MAMíFEROS
-
PRIMATAS
~HOMINíOEOS
HOMEM***
Fig.2.1.Quadrodoinício, expansão eextinção dealgunsgruposselecionados da
biola.

oTEMPO GEOLÓGICO 31
encontraentreasGingkoales, queforammuitoabundantesnoMesozóico, tantoem
espéciescomoemnúmerodeindivíduos. Hojesóexteumaespécieviva,oGinkgo
biloba. Emoutroscasos, depodaexpansãodeumdeterminadotaxon, todasasespécies
seextinguiram, como osdinossauroseaspteridospermas.
Todasasvezesemqueascondições ambientasãosemelhantes,mesmoqueocorram
emépocasdiferentesdaescalageológica, elasproduzemrochassedimentares semelhantes.
Entretanto, osfósse,contidosemrochassemelhantes, masdeépocasdistantes, são
totalmentediferentesporcausadoprocessodeevoluçãodosorganmos. Paracada
período, épocaououtraunidadedetempo, exteumconjuntodefósseis característico.
Conhecendo-seoconjuntodefóssedeumaformação pode-sedizeraqueintervalo de
tempodaescalageológicaelapertenceepode-seavaliaraextensãoterritorialonde esta
formaçãoocorre.
Adataçãoporfóssesebaseianasuperposiçãodascamadas, enãonotempoque
estascamadaslevaramparadepositar, portantoéumadataçãodevalores relativos enão
devalores absolutos. Usando-seestecritér, pode-se dizerqueasrochas quecontêm os
fósseis devonianos sãomaantigasqueasrochasdoCarbonífero. Pode-se afirmar queo
períodoCretáceo éanterraoTerciár, equevemdepois doJurássico. Desta formase
estabeleceu aseqüênciadosperíodos geológicos efoifeitaasubdivisão dentro decada
um,baseando-se emfósse.
AEcologia,queestudaosecosstemas atua, mostraqueosorganmos modernos
geralmenteestãoconfinadosaambientesespecíficos eanichosecológicos.Muito poucas
plantaseanimais sãocosmopolitasevivem portodaaTerra. Osacidentes topográficos
criam ambientesdiferentes; alatitudeimprimeumpadrãoglobaldeclimaemzonas
definidas. Emcadasituação diferente desolo, topografiaemicroclima vivem espécies
características juntocomespéciestolerantes, asquais têmumaamplitude deáreamaior.
Istocriaumagrandediversidade deecosstemas eumacomplexidade dedistribuição
bgeográfica. Todasestassituações existiram nopassado eoregistro fóssilreflete todaa
complexidadedeinterrelação defatores bióticoseabióticos.Seesses"reflexos" são
observadoseinterpretados corretamente,épossível fazerumadatação relativa, reconstruir
osecosstemasdecadaperíododetempoeestudaraevoluçãodosorganmos. Como
diziaArthurHolmes,asrochassedimentaressãocomoaspáginas deumlivroque,ao
aprender adecifrá-Iasecolocá-Ias naordemprópria,tem-seahtória deTerra (Holmes
1965, p.157).
2.1.Bioestratigrafia
ABioestratigrafia éapartedegeologiaquetratadadataçãoedacorrelação de
rochaspormedefósse. Cadaplantaouanimalnãoextiudurantetodootempo
geológico.Algunsorganmossurgirameseadaptarambemàscondiçõesambientais e

32 HISTÓRIA ECOLÓGICADATERRA
chegaramaréosnossosdias;masessescasossãoraros. Namariadosgruposexteuma
sucessão evolutiva,umaformadandoorigemaoutraoumaformas,eseextinguindo.
Quandoumaespécieseextingueeladivideorempogeológicoemtrêspartes:orempo
antesdelasurgir, orempodurante oqualelaviveu eorempoemqueelaestáextinta.
Estadivãoéfundamental nabesrrarigrafia porque rodasasrochasquecontenham o
fóssilforamdepositadasenquantoesseorganmoextiu, econseqüentemente sãoda
mesma idade.
ointervalo derempo emqueumaespécieviveu éaamplitude(range)dessaespécie.
Aescolha dasespéciesougrupos taxonôrnicos comamplitude grande oupequena, para
daração, dependedaprecãoedoobjetivoqueserememmente. Seorempototalem
queviveuumaespécieémuito grande, rochassedimentaresderegiõesdiferentesque
contenhamestefóssil,podemserdeidadediferente.Essasespéciescomgrandeampli-
tudenãoservemportanto, paraabesrratigrafia, massãousadas paracorrelacnar
intervalos derempograndes, toé,caracterizarunidadesmaresdaescala geológica,
comoosPeríodosouEras. Porexemplo, ogrupodosdinossauroscaracterizaaera
Mesozóica,ponenhumdelesviveuantesoudepodestaera.OsTrilobitascaracterizam
oPaleozóico(inferreméd),pelomesmomotivo.
Seaamplitude deumfóssilécurta,suapresençanarochaforneceumadataçâo
precisa. Estetipoéimportanteembesrrarigrafia eémuitasvezes denominadofóssil
índiceoufóssilguia, porque eleindicaumintervaloderempocurtoecaracterizauma
zonaesrrarigráfica(Fig.2.2,zonaIl),
''''"'!
TIPOS DE MICROFÓSSEIS
~'
DADE BIOESTRA-
TIGRÁFICAS
A B C D E F G H I J
,,,,,,,,,
o
I
VI
2
~
V
3
IV
4
111
5
~
11
6 f-
7
I
8
Fig.2.2.Zonasbioestratigráficas baseadasemmicrofósse.

oTEMPOGEOLÓGICO 33
Osestratosquecontêmosfóssedeumaespécieconstituemazonadeamplitude
daespécie. Quandoseanalizamosestratosdeumalocalidadeazonadeamplitudeda
espécierepresentaotempototalemqueelaviveuali.Geralmentenãorepresentao
tempototaldesuaextênciaporqueumaespécienãoaparecesimultaneamente em
todasaspartesnemterminaaomesmotempoemtodososlugares,comomostramos
estudosbestratigráficosdosfósse.Quandoumaespécieseoriginaemumaáreaela
podeproduzirmuitomadescendentesdoqueaáreacomportaemuitodosseus
descendentespodemseexpandirparaáreaspróximas.Aoinvadirnovasáreaselase
estabelece,seoambientelheépropícouéeliminadaporfaltadeadaptaçãooupor
competidores.Otempototalqueumaespécieextiu,portanto,deveserinferidodas
análesdemuitaslocalidadesdiferentes. Édeterminadooestratomaantigoeoma
recenteeazonadeamplitudedaespécieéestabelecida. Àmedidaqueaumentaonúmero
deobservaçõesemregiõesdiferentes,diminuiaprobabilidadedequeazonadeampli-
tudetenhaqueserrevta.
UmexemplodoquefoiditoacimaédadopelogêneroNypa,umapalmeirinha
quehabitavaolitoraldomarCaribe,nofinaldoCretáceo(Senonianosuperr,J.Muller,
1970).PólendeNypasurgeprimeironolitoralvenezuelanoedeposeexpandeatéa
AméricaCentral,aumentandosuaáreadedtribuição.Matardeopólendestegênero
desaparecedossedimentos,primeironacostadaAméricadoSul,deponaAmérica
Central. EntretantoestapalmeiraviveatéhojenosmanguezadolitoraldaIndia.Em
cadaumadasregiõescitadasNypacaracterizaumazonabestratigráficacomampli-
tudeetempogeológicodiferentes.
Quandoazonabestratigráficadeumaespécieécobertaporestratosdeseus
descendenteseporsuavezcobreestratosdeseusantecessores,alocalidadeonde ela
ocorrecontémtodaaamplitudedaespécieeéconsideradaumalocalidadetipodesta
espécie.Masestescasosnãosãooshabitua.Macomumente,umaespécieaparece
numaseçãocomoumfóssilinteiramentedesenvolvidoenosestratosinferresnãohá
indicaçãodeseusantecessores(Fig.2.3).Istopodesugerirumadeduasopções: (1)oua
evoluçãofoipuntualeaespéciesurgiuporumamudançaabruptanaevoluçãodotaxon,
eédifícildeterminaraespéciedaqualseoriginou;(2)ouasuapresençanolocal é
devidaamudançasambientae/oumigraçãodeespécie.Asduaspossibilidades têmque
seranaladascomcuidadoparaainterpretaçãopaleoecológicaeevolutiva,
Seaocorrênciadeumtaxonforbemdelimitada, elaserveparaadataçãoregnal.
Masseaocorrênciaésimplesmentedevidaaumapequenamodificaçãoambientalde
caraterlocal,comoporexemplo,umamudançadesalinidade,elanãocaracteriza uma
zonaestratigráfica,massimplesmenterevelaserumaespéciesensível aumfaciesambiental
(Fig.2.3).Estasespéciesnãotêmvalorparaacorrelaçãoderochas,masdãoinformações
importantesparaapaleoecologiaebgeografiadaregião.

34 HISTÓRIA ECOLÓGICA DATERRt
,
MÉTODO DE ZON[AMENTOCOl..UN4
TIPOS DE MICROFOS$EIS
(SUIATl-
GIIÁFICA
101[11105 .o.eu,",ol,..- MÉlOoo
0000 C"
c'00
A B CO E FG H,
J "ElATI"A IIMPl,TUOf
it'
'X
10_=-_-. --
:
l

_,_ VIII
=
VII
.,
--
E d v,
60 __-_
I'
--
_C_
V
80._-~:~
.+I
-,V-
-
b ,
li'
2
"
..
O , ,
Fig.2.3.Zoneamento porquatrocritériosdiferentesutilizandozonas
bioestratigráficasdelimitadaspelapresençaeabundânciadosmicrofósseis.
Aszonasbestratigráficas raramente sãocaracterizadaspelaapariçãodeumaúnica
espécie porquenamariadoscasos nãoháumfóssilíndice.Aszonas, nasuamaria,
sãocaracterizadas porumconjuntodetipos. Aesteconjuntodá-se onomedeassem-
blage.Apalavra "assemblage" (dofrancês "assernbler", reunir) éusadaemfrancês e
adotada eminglês paradenominaroconjuntodefósse deumdeterminadonível
estrarigráfico eseráusadanestelivrocomomesmosignificadoecomosinônimode
conjunto defósseis. Apalavra "assembléia" usadaporalgunséumatraduçãoerrada de
"assernblage", Apalavra "associação", empregada poroutros, nãopode serusadanesse
sentido porque "associação" temumsignificado específico emEcologia, quenãoéeste.
Nafigo2.2sãoestabelecidas sezonas,cadauma delascomumaassemblage
diferente, caracterizada nãosópelapresençadecertostipos, mastambémpelo
desaparecimento deoutros. Afigo2.3mostraumoutrotipoderepresentação onde,
alémdaamplitude decadatipoestárepresentadaasuaabundância relativadentrodo
conjunto demicrofósseis.
Umavezestabelecidas aszonas bestratigráficas deumaseção épossível compará-
Iascomseções deoutraslocalidadeseverificarsetêmzonasemcomum.Hojeextem
métodos quantitativos paraavaliaraszonasecompará-Iasentresi.Aszonas equivalentes
têmamesma idade. Estacorrelação permitedatá-Ias, istoé,colocá-Ias nolugarcertoda
escalarelativa dotempo, emapeá-las.
Abioestratigrafia sebaseia nosseguintes fundamentos:1.Leidesuperposição das
camadas sedimentares.2.Presençadefóssenestascamadas.3.Evoluçãoblógica.4.
lrreversibilidade daevolução. Aevoluçãodosseresvivostrazcomoconseqüência a
mudança doconjuntofóssilaolongodotempogeológicopois,cadaorganmotem
umaamplitude devidadiferentee,quandoumorganmoseextingue,elenuncama
voltaaaparecerporqueaextinção éparasempre.

oTEMPOGEOLÓGICO 35
Antesdoadventodosmétodosdedaraçãoradmétrica,todaadataçãoerafeita
porbestratigrafia. Foiassimqueseconstruiu acolunaesrrarigráfica deposiçãorelativa
esecaracterizaram,desdeoséculopassadoosperíodosgeológicos. Hoje,estasposições
estãosendodatadasporradótoposeoutrosmétodosindependentes. Entretanto, a
bestratigrafia seguesendoummétodoimportantíssimonaidentificação dosperíodos
edesuassubdivões,eéamplamente utilizada.
Umexemplodaaplicaçãodebestratigrafia éasuautilizaçãonaprospecção de
petróleo. Suponhamos,porexemplo, queopetróleodeumadeterminadaregiãose
encontranascamadasdoOligoceno superr. Umaperfuração depoço,paraencontrar
opetróleo,temdepassarpelosperíodosmaisjóvensatéchegarnoMcenoinferr.Daí
emdianteviráoOligoceno superr(Tab.2.1)ondeseencontraopetróleo. Entretanto,
sedepodoMiocenovierumacamadadeCretáceo, porexemplo, significa quehouve
perdadascamadasintermediárias. Nãoadianta seguirperfurando porque nesselocal
nãohápetróleo. Antes de1960usava-seestimar aprofundidade naprospecção.Seo
óleodoprimeiropoçofosseencontradoaunsmilpésdeprofundidade, osoutrospoços
eramperfuradosatéaíoumais, oquerepresentavaumaumentoenormenosgastos
quandonãoseachavaopetróleo.
Umaoutraaplicaçãointeressantedabioestratigrafiaéoestudododeslocamento,
deumaregiãoparaoutra,dasespéciessensíveacondições ambienta específicas ecom
amplitudegrandenaescaladetempo. Oestudo dessedeslocamento podemostrar
alteraçõesambienta comomudançasclimáticasoulatitudina queindicam osentido
dedeslocamento decontinentes, oumostrarmodificaçõesnasbordascontinenta. Em
todosestesestudos, bemcomoemprospecção depetróleo, asanáles sãofeitascom
microfósse.
3.DotaçãoAbsoluta
Paradeterminar aduraçãodetempo realquelevoucadaacontecimento geológico
eaidade daTerra, eranecessárencontrar umprocessoirreversível cujavelocidade
fosseconhecida. Esteprocesso foiprocurado desde oséculo passado, massófoipossível
depo dadescoberta daradioatividade.
Nosfinais doséculo 19einício doséculo20,H.Becquerel edepo delePiérree
MarieCurie descobriram eestudaram aradatividade emitida pelorádio eourân.
Aspesquascommaterial radioativo continuaram sedesenvolvendo eem1913 jáse
conheciamoutros elementos radioativoscomo otór, orubíd eopotáss.
Em1905,Rutherford haviaafirmado que"aidade deummineral deurânio pode
serestimadamedindo-se aquantidade dechumbo formada eacumulada nomineral.
Baseando-se nesta informação,B.B.Bolrwood mostrou, em1907,quearadatividade

36 HISTÓRIAECOLÓGICADATERRA
Tab.2.2-DataçõesradmétricasparaoPaleozóicodesdeoinícdoséculoatéopresente;em
milhõesdeanosAP.; observeosdesvspadrão emmilhõesdeanos, dadosporHolmes.
Período Autores
Boltwood* Kulp* *Holmes IVGS
1911 1961 1965 1989
Permiano
- 280 259±5 290
Carbonífero
340 345 325-345±10 355
Devoniano
370 405 395-399±10 410
Silurno
410 425 415-435±10 438
Ordoviciano
430 500 480-490±15 510
Cambriano
584±20 570(540)
Proterozóico
*-dataçãourân-chumbo(emEicher, 1976); nosoutros
autoresasdataçõesincluemtodososmétodosradmétricosatéadata.
**-emTschudy&Scott, 1967.
podiaserusadaparadataçãoderochas (Tab.2.2.).Estetipodedataçãofoiaperfeiçoado
em1911porA.Holmesquecruométodomodernodadataçãoporurân/chumbo,
usado atéhojepararochasmuitoantigas.Estatécnica, chamadaradmétrica,permite
umadatação absolutaporquecorrelacna umeventogeológicocomoutroevento
independente, adesintegraçãoradativadeumótopo.
Muitos átomosqueocorremnanaturezasãoinstáveemudamespontaneamente
aumestadomabaixodeenergiaporemsãoradativa.Esteprocessoédenominado
decaimentoradativoeconstituinadesintegraçãodonúcleoemfunçãodotempo.Há
trestiposdedecairnento:1.nodecaimentoalfaonúcleoperdedoprótonsedo
nêutronseportantoamassadiminuide4eonúmerodeprótonsdiminuide2;2.no
decaimentosbetaonúcleoemiteumelétrondealtavelocidadeeumdeseusneutronsse
transformaempróton;estenúcleotemonúmerodeprótonsaumentadode1eamassa
éamesma;3.nodecaimentoporcapturadeelétronoprótondeumnúcleoapanhaum
elétronorbitalquesetransformaemnêutron;nestecaso, onúmerodeprótonsdiminui
de1,masamassanãomuda.
Osátomospodemserdtinguidosunsdosoutrospelonúmerodeprótonse
nêutrons doseunúcleo.Onúmerodeprótonsdeterminadequeelementoquímicose
trara. Porexemplo,oelementoCarbonorem6prótons.Onúmerodeprótonsmao
númerodenêutronsdeterminaamassaatômica.Dodiferentesátomospodemconter

oTEMPO GEOlÓGICO 37
omesmonúmerodeprótons, masternúmerodiferentedenêutrons;essesdoátomos
pertencemaomesmoelementoaindaquetenhammassasdiferentesesãochamados
ótoposdesteelemento.Porexemplo,onúmerodeprótonsdoUrâné92,maseleé
comumenteencontradonanaturezacommassade235oude238.Suasanotações
químicasrespectivassão: 23592Ue23892U.Emradmetria,parasimplificar,representa-se
estesdoótoposcomourân-235eurân-238. Ocarbonoencontra-senanatureza
comocarbono-I2, carbono-I3ecarbono-I4.
Cadatipodeótoporadativosofreumdessestiposdedecaimentomasemcada
umavelocidadededesintegraçãoéconstante,pelomenosdentrodascondiçõesfísicas
dascamadasexternasdaTerra. Emoutraspalavras, odecaimentoradativoé
independentedascondiçõesexternas,comopressãoetemperatura. Avelocidadede
decaimentotambémnãosealterapormudançasquímicascomooxidaçãoeredução
poestas têmlugarsomentenoselétronsorbitaenãononúcleo.Dependendodo
ótopo, otempodedecaimentodecorridopodedurarminutos,séculosoumilhõesdeanos.
Adataçãoradmétricaéfeitapordiferentesmétodosquemedem, ouaquantidade
deisótopoproduzidopordecaimentoradativoouaquantidadedopróprisótopo
radativo querestanarocha.Existem vársmétodos,ecadaumcobre umafaixade
tempodentrodaqualelepodeserusado apropriadamente. Cada umébaseadoem
suposições explícitas eimplícitas quetêmdeserconhecidas porquem usaadatação. O
usodeumadatação foradoslimites doseumétodooudointervalo detempodentrodo
qualeleéválido, nãotemprecisão epodelevaraerros grandes dedatação. Comosão
métodos radmétricos diferentes, osmausadosserãodiscutidosemseparado.
3.1.Dotaçãoradiométricaporisótopos demeia-vidalonga
Quandoumótoporadativoéincorporadoaumarocha,estapodeoxidarou
erodir, masavelocidadededecaimentoradativodoótoposerásomentecontrolada
pelotempoquepassoudesdeacrtalização derocha.Todososótoposdevida-curta
queexistiram noinícdahtóriadaTerrajádesapareceram,masoselementoscujos
isótopos sãodemeia-vidalongaextemdesdeoinícdaTerraepodemserusadospara
adatação derochasmuitoantigas.
Oprincíp dadataçãoderochasporradmetriapodesercomparadocomuma
ampulheta. Enquantoexteareiapassandodocompartimentodecimaparaodebaixo
daampulheta, otempoestásendomedido.Ocompartimentodebaixorepresenta os
átomos estáveis resultantesdedecaimentoradativoequeestãosendoacumulados. A
ampulheta temqueserseladaparaquenenhumaareiaescape. Damesmaformaaestrutura
domineral nãopodedeixar quenenhumátomoescape, nemqueentremátomosdo
exterior. Emoutraspalavras, osistema temqueserfechadoparanãohavererrona
medição. Masaíparaacomparação entre osdo,porqueodecaimentoradativo não
élinear como naampulhetaesimocorre emvelocidadeexponencial.

38 HISTÓRIAECOLÓGICADATERRA
Todoequalquerátomodeumótoporadativotemamesmaprobabilidadede
decaimentonumdadoperíododetempo. Aprobabilidade dedecairéexpressapela
constantelambdaeonúmerodeátomosquedecaiemumano,porexemplo, édeN;no
anoseguinte,onúmero deátomos quevaiemitir radatividade serámenor porqueo
stematemNamenos. Logo,onúmero quedecairáserámenor,eassimsucessivamente
pelosanosseguintes.Otempototalrequerido paraquetodososátomosradativosdo
stemadacaiamnãopodesercalculadoeemteoriaéinfinito. Masépossívelcalcular
comprecãootemporequeridoparaqueametadedosátomosdeumótopose
desintegre.Estetempoéchamadomeia-vida doótopo. Cadaótopotemumameia-
vidacaracterísticaquepodedurarsegundosoumilhõesdeanos(Tab.2.3).Nestaparte
serãotratadososquetemmeia-vidalonga.
Sebemqueextammuitoselementoscomótoposradativosdemeia-vidalonga,
amarparteémuito raranacrostaterrestre esomente seissãousadosnormalmente
paradatarrochas:potáss-40,rubíd-87, tór-232, urân-235,urân-238esamár-
147.Emtodosessescasos,oquesemedeéquantodoótoporadativosetransformou
noótopoestável. Entãoométodo utilizado ésemprereferidoaosdoótopos,o
inicialeoresultante.Porexemplo, métodoradmétrico derubíd-estrônc. Comoa
medidadedesintegraçãoéfeitaporcontagemestatísticaoresultadoéapresentadopela
média±odesv-padrão.
Tab.2.3-Meia-vida dosisótopos mais usados emdatações radiométricas.
ISÓTOPO PRODUTO FINAL MEIA-VIDA
RADIOATIVO ESTÁVEL (emanos)
Urânio-235 Chumbo-207 713milhões
Urânio-238 Chumbo-206 4.510milhões
Tório-232 Chumbo-208 14.000 milhões
Tório-230 Protactínio- 75.200mil
Potássio-40 Argônio-40 1.300milhões
Cálcio-40
Rubídio-87 Estrôncio-86 47.000 milhões
Samário-147 Neodímio-144 106.000milhões
Carbono-14 Nitrogênio-14 5.730+/40 (hoje)
5.568+/30 (Libby)
Trítio Hidrogênio 12,5
Cálcio-41 Cálcio-40 100.000

oTEMPOGEOlÓGICO 39
3.1.1.MétododePotássio-Argôn
Opotásséooitavoelementomaabundantenacrostaterrestreecercade0,012%
detodoeleéradativo.Amarpartedopotássdecaiparacálc-40(decaimento
beta),mascomoocálcémuitocomumemrochasnãoépossíveldtinguirentreo
cálc originaldarochaeocálcproduzidopordecaimentodepotáss-40.Somente
11%dopotáss-40decaiparaargôn-40(capturadeelétron). Comoesteéumgás
inerte,oqueestánarochadevevirdadesintegraçãodopotáss.
Atécnicadepotáss-argôn (KlAr)paradataçãoéamplamenteutilizadapara
rochasvulcânicas eplutônicas,mastambémpodedataroutrosminera.Estemétodo
foiusadoparaconheceraidadedebasaltosdofundodomar.Pormedelefoipossível
datarcomprecãoasreversõesdepolaridadegeomagnéticaecorrelacná-Ias emescala
mundial. Comooargônpodeserdetectadomesmoemquantidadesmuitopequenas,
ométododatarochasdesdeoPré-cambriano atéoTerciár.Odecaimentodopotáss
paraargônémuitolento(Tab.2.3)eamudançaémínimaem1a2milhõesdeanoso
quefazcomqueestemétodosópossaserusadoemdataçãonasquaoslimitessãobem
maresqueummilhãodeanos.Elenãotemresolução,porexemplo,paraoQuaternár
cujaduraçãototalédepoucomadeummilhãodeanos.Atualmenteestáhavendoum
esforçoparatornarométodomasensívelparaquepossadataraté100milanosA.P.
peladerecção dequantidadesmínimasdeargôn.
Alimitaçãoprincipaldestemétodoéqueoargônéumgásnobreenãoestabelece
ligaçõesquímicascomátomosvinhos.Seomineralseaquece, perdeoargônesó
passaaacumularnovamentequandoomineralseesfria.Pararochasquecrtalizamem
profundidadesmaresque5milmetros,oargônsóéretidonaredecrtalinaem
temperaturasabaixode200°C. Searochasecrtalizoudemuitosminera(micas,por
exemplo)aumatemperaturamar, elanãoreteráoargônduranteotempoquelevar
paradescera200°C. Damesmaforma,seelaserecrtalizou,nãoreteráogásanterr.
Porto,asdataçõesdepotáss-argônsãodataçõesmínimas,devendoserinterpretadas,
namarpartedoscasos,comoidadederesfriamento.
EstemétodofoiusadonasrochasvulcânicasdasilhasHavaianas,emostrouquea
maantigaeraailhadeKauaicom5,6-3,8milhõesdeanos(M.a.)eamamoderna
éailhadeHawai,commenosde1M.a. Estesestudosmostraramqueaatividade
vulcânica queformouestasériedeilhas,migrouprogressivamentedenoroestepara
sudeste(Fig.2.4).
Umavariaçãodométododepotáss-argônconstenautilizaçãodarazão4°Ar/
39ArqueportoéchamadodemétodoAr/Ar. Estásendoutilizadoparadataçõesem
rochasmarecentes,entre1,5e2milhõesdeanos.Em1991,R.C.Walterecolaboradores
utilizaramestemétodoparadatarrochasdagargantadeOlduwai(África)entre1,7e
1,8M.a.Nestasrochasforamencontradosossosdehominídsqueanteseramtidos
comomuitomarecentes.

40 HISTÓRIA ECOLÓGICA DATERRA
N
NIIHAU
56-38 M.o.
34-2,7M.o.
2,5-2,2Mo
1,8M.o
I5-I3M.o.
13-1,15M.o
Fig.2.4.Datação porpotássio-argônio dasprincipais ilhasdoarquipélago doHavaí (Hawaii)
adaptadodeI.McDougal1 (emEicher, 1976). Aatividade vulcânica queformouestasilhasdeve
serproveniente deum"hotspot", EnquantoaplacadoPacífico deslizou deSEpara NW, as
ilhasforamseformandosobreo"hotspot". Observa-se umaumentoprogressivo deidade atéa
ilhadeHavaí, queéamaisjovemefoiformadanoOuoternório.
081.1.0. oumenos
Menos deIMo.
K1LÔMETROS
100, 290
3.1.2. MétododeRubídio-Estrôncio
ométodo deRb/Sréusado principalmentepararochas ígneas emetamórficas
muito antigas(naescalade109anos),porqueoerroanalíticodométodoaumenta nas
rochasjovens, chegando a100%. ORubíd-87setransforma emEstrônc-87 (Tab.2.3).
Asrochasquetêmrubíd geralmentecontêmestrônc, Oótopodereferência(estável)
nométodo Rb-Sr éoSr-86.Asrazõesmedidasequedãoaidadedomaterialsãoas
razões87Sr/8GSr. Umafonte deerrodométodoéadeterminaçãoprecadaquantidade
original dosdoestrôncs.
Estefoiumdosmétodos usados paradeterminarasrochas muitoantigasdaTerra
queestãonosescudos continentais, asquais foramdatadas emcerca 3,7bilhões (109) de
anos. Ométodo também estásendoempregadonoestudodoprocesso deformação de
rochasdoProterozóico superior (Neoproterozóico) como, porexemmplo, naformação
derochasvulcânicas eplutônicas doBrasilCentral(Tab.2.5). Foiusadocomsucesso
paradatarrochas lunarescoletadas namissão Apolo,Umbasalto lunarfoidatadoem
3.300±80M.a.porestemétodo.Observe quenestecasoodesv damédiafoicalculado

oTEMPOGEOLÓGICO 41
Tcb.2.4-Dataçõesradiométricasderochasvulcânicaeplutônicas, emGoiásocidental, usadaspara
oestabelecimento daidadedeeventos formadores derochasnaregião.T raduzidoeadaptadode
Pimentel eFuck(1992).
Unidade Idade Idade Idade
U/Pbem Rb/Sr 87Sr/86Sr K/Arem
zircão isócrona anfibólio
(M.a.) (M.a.) (M.a.)
Arenópolisgnaisse 899+1-7 818+1-5 0,7042
Sanclerlândiagnaisse 940+1-150 0,7024
Matrinxãgnaisse 895+1-200 0,7025
Arenópolismetariolito 929+1-8 933+1-60 0,7035 859+1-43
Jaupaclmetariolito 764+1-14 587+1-45 0,7052
Ioupoci, granitosubvulcânico 643+1-19 0,7032
FazendaNovametariolito 608+1-48 0,7032
BomJardimmetabasalto 712+1-53
em80milhões deanos.Oerrodestemétodoésempredaordemdemilhõesdeanos(veja,por
exemplo,asdeterminaçõesdeidadesfeitasporHolmes,tab.2.2eporPimenteleFuck,tab.2.4).
3.1.3.Método daSérie deUrânio
ÉbaseadonofatodequetodoourânqueocorrenaturalmentenaTerracontem
Urân-238 quedecaiparaChumbo-206eUrân-235quedecaiparaChumbo-207
(Tab.2.3).Emambososcasos háumasériedeótopos intermediárs(Fig.2.5). O
urân-238 éomaabundante eestánaproporçãode138:1emrelação aooutro.Nos
minerais deurân ocorretambémoTór-232 quedecaiparaChumbo-208. Assim,
emummesmomineral pode-se usarostrêstiposindependentesdedataçãoparaconfirmar
econtrolarométodo.
Foicomautilizaçãodestemétodoquerecentementeforamdatadasasrochas mais
antigasconhecidas naTerra. Sãognases comaproximadamente 3,9bilhõesdeanosde
idadequeocorrem noescudopré-carnbrianodoCanadá. Foitambémcomestemétodo
queforam datadas rochasgranitóidesdaBahia(Brasil) emcercade3,5bilhões deanos
econstituem, atéagora, nasrochas maantigas conhecidas naAmérica doSul.
Osmétodos dasériedeUrân foramusadossatfatoriamente emrochaslunares
queforamdatadas comUrân-Chumbo (U/Pb)entre4.600e4.700M.a.ecomTório-
Chumbo(Th/Pb)em4.650M.a.Estamesmaidadefoiobtidaparameteoritoscomeste
método. Hojeacredita-sequeestematerial lunar, coletadonamissão Apolo11,representa

oTEMPOGEOLÓGICO 43
°Carbono-14apresentaumapeculiaridade muitoespecial. Eleestásendocriado
continuamentenaparte altadaatmosfera,acercade15kmacimadasuperfícieda
Terra.Átomos denitrogênio-14 (N-14) sãobombardeados constantemente porraios
cósmicosnestaaltitude, oquefazcomquecadanúcleoabsorvaumnêutron,emitaum
prótonesetransformeemcarbono-14. Estecarbono recém-criado éimediatamente
incorporadoaogáscarbônico (C02) atmosférico eéassimilado nociclodecarbonodos
seresvivos. Eventualmente, oC-14 decai novamente aN-14 (Fig.2.6). Antesquese
iniciassemasexplosões debombas atômicas,oC-14 estavaemequilíbrio dinâmicona
atmosfera, istoé,aquantidade produzida eraigualàdegradadaemN-14.Apartirde
1946esteequilíbrio serompeu.
Nadécadade50WLibby cruométodo dedataçãoporradcarbono. Pelo
processodefotossíntese asplantas removem ogáscarbônico daatmosfera. ComoC-12,
C-13eC-14estãoemequilíbr,aatmosfera,omar,asplantaseosanimavivostêm
estesisótoposemequilíbr dinâmico.Quando umorganmo morre,eleparadeabsorver
CO2elentamenteaproporçãodeC-14 diminui nocorpopordecaimentoradioativo.
Ométododedataçãocriado porLibby, nãomedeaquantidade deótopoestável
produzidopelodecaimento radioativo, comonastécnicascomótopos delonga-vida.
Oquesemedeéaquantidade deC-14querestounamatériaorgânicamorta.
Paraqueométodo funcne sãonecessários osseguintes postulados: 1.queareserva
decarbonodabsferaestejaemequilíbr; 2.queoinfluxo derascósmicos tenha
sidoconstante; 3.quenãotenha havido perturbação nadinâmica dereserva decarbono;
4.queaconcentração deC-14 naatmosfera tenha sidoconstante nosúltimos 75.000
anos.Porcausadasexplosões atômicasquemodificaram oequilíbrio deC-14na
atmosfera,nãoépossível datar commétodos radcarbônicos idades maisrecentes que
1950. Porto,todasasidades radcarbônicas sereferem aumcerto número deanos
antesdopresente (A.P.), emqueopresente é1950. Paradataçõesdentro dointervalo
dahistória humana énecessário acrescentar osanosquedecorreram depo estadata.
Ospostulados descritos acima sãoverdadeiros somente quando tomados deuma
maneirageral deformaqueemumadatação sempre existem pequenas variações que
I
RAIOS COSMICOS
(NEUTRON)
11111!<:::0'
14
)3-N(NÚCLEO) '4N

t1;2
=5.730 anos
:!:40anos
Fig.2.6.Esquema daformação doisótoporadioativo decarbono(C-14).

44 HISTÓRIAECOLÓGICADATERRA
causamerrosequedevemsertomadasemcontapelosusuárs.Portoasdatações
devemsercalibradas.Paraosanosmarecentesépossívelcalibrarcomdatasbem
conhecidasdahtóriadahumanidadeecomatécnicadeanédecrescimentodeárvores
(vejaadiante). Paratemposmaantigosdeve-seprocurardatá-Iostambémporoutros
métodosindependentes.
ComooC-14temmeia-vidamuitocurta(Tab.2.3),adataçãomáximapossível
ficageralmenteentre25e30milanosA.P.,dependendodométodoempregadona
detecçãodoC-14residualedaqualidadedaamostra.Somenteemcasosespecia,quando
épossívelconseguirumagrandequantidadedematériaorgânicaparadatar(pelomenos
1kgdesedimentoúmido),adataçãopelaradiaçãoemitidapodeseestenderatéolimite
dométodo(entrecercade70-75milanos).Foiassimquesedatouumtroncode
MyrtaceaeencontradodentrodesedimentosfluviadorMotatán(Venezuela)onde,
porconcentraçãodomaterialradativo,foipossíveldeterminarumaidadede50.640
±4.000A.P.(SchuberteValastro,1980).Masnestescasosodesvpadrãoéalto,da
ordemdemilharesdeanos,enquantoquenafaixa ótimadométodoodesvéda
ordemdecentenasoudezenasdeanos.Omínimoparaométodoéde±40anos.
Ultimamentetem-sefeitomuitosesforçosparaconseguirtécnicasqueaumentem
aeficiênciadadataçãoradcarbônica.Hápoucosanosdesenvolveu-seumatécnicaque
usaciclotronscomoespectôrnetro demassadealtaenergia.Estesaceleradores,comoo
Tandetron,detectam,nãoaradiaçãoemitidamassimaquantidadeabsolutadeátomos
deC-14presenteemumaamostramuitopequena,comaté5mg.Levandoemconta
queparacadaátomodeC-14daatmosferaextem100miltrilhões(1014)deátomosde
C-12, estatécnicaémuitomaeficientequeausadanormalmente.Épossívelusar
amostrasmuitomenoreseaumentarointervalodetempomedido.Entretanto,elaainda
éumatécnicamuitocara.
Adataçãoradcarbônica, criadaporLibbyequelhedeuoprêmNobel,representa
muitopouconaescaladetempoemgeologia. Entretanto,dopontodevtado
conhecimento,estatécnicapermitiuadataçãoabsolutadosúltimos75.000anosque
incluiaúltimagrandeexpansãodasgeleiras(glaciares),suaposterrretração;o
abaixamentodoníveldosoceanospormade100meseulevantamentoaonívelatual.
Esteintervalodetempotambémincluiodesenvolvimentodacivilização.
Graçasaestemétodofoipossívelestabelecercronologiasparamuitoseventos
geomorfológicosearqueológicos,paraosquaantessóhaviaidadesrelativas,cuja
interpretaçãopodiaestarerrada.Porexemplo,otroncodemirtáceareferidoacima,
estava numterraçofluvialquepertenceaumcomplexode4terraçosaluvnados
quaeleéosegundomaantigo(Fig.2.7).Estasériedequatrosugeriuem1962a
TricarteMilliês-Lacroixqueomaantigoseriapl-villafranchiano(finaldoPlceno)
eomaismodernoseriadoHoloceno.Portanto,cadaterraçoseriadepositadoemuma

oTEMPOGEOlÓGICO 45
TERRAÇO DETUNAME(T-2)
~2001
30
(f)
o
a:
::;20
::!!
IDADE
RADIOCARSÔNICA
ANTES DOPRESENTE
10
33,710±3,790 A.P.(madeira)
~Tx-2440 >40,000 A.P(madeira)
Tx-2439
o
Tx-2438 35.420±820 A.P.(madeira)
Tx-2437 >40,000 A.P.(madeira)
Tx-2436 43,050±2,340 A.P.(madeira)
Tx-2433 >40,000 A.P.(madeira)
50,640±4,000 A.P. (madeira)
>40,000 A.R (madeira)
~
restosdemadeira
~
TURFA
CÓRREGO
D
AREIA
'. "
TUNAME
xx
em
CONGLOMERADO
xxx-- :p.~
ARENOSO
xx xx
Fig.2.7. Esquema doterraçoaluvialdeTuiiam, Andes
venezuelanos,comasdataçõesde14Cfeitasemrestosdemadeira
edematériaorgânicaincluídosnossedimentos.Esquemaadaptado
deSchuberteValastroIr.(1980). Embaixodafigura,datações
portermoluminescência (areiaelama)nabasededoisoutros
terraçospertencentesaocomplexoaluvialdeTimotes(Schuberte
Vaz,1987)quemostram, porummétodo independent,
aproximadamente amesmaidade.Estasdataçõescorrelacionam
cromológicaequantitativamenteostrêsterraçoseossituammais
oumenosnomeiodaglaciaçãoWürm-Wisconsin.
GRUPO IGLESIAS
(GNAISS~XISTO )
IDADE POR TERMOLUMINESCÊNCIA DA
BASE DEDOIS OUTROS TERRAÇOS DO
COMPLEXO ALUVIAL DE TIMOTES:
T-2TIMOTES -47.480±7.000(TL)
T-Z MESA GRANDE -45.860!6.800(TLl

46 HISTÓRIAECOLÓGICA DATERRA
dasquatroglaciaçõesdoQuaternár, conhecidas atéaquele momento. Otroncode
mirtáceaseriamuitoantigo,doiníc deQuaternár. Masadataçãoradcarbônica
colocou-o naúltimaglaciação.
Antesdedatar omaterialcomC-14éimportante eliminarqualquer formade
incorporação decarbonomodernonosedimento paraqueostemasemantenha fechado
eadatação sejaconfiável: 1.raízeserizomasdeplantas atua devemserretiradascom
pinça;2.evitartocarcomamãonosedimento; 3.omaterial aserdatadodeveser
envolvidoempapel dealumínio enunca emplástico oqualpodeconter carbono moderno
queéincorporadodurante asuafabricação; 4.omaterial devesersecoimediatamente à
coletaparaevitarodesenvolvimento defungos;elepode sersecadoemestufa até85°C
oudebaixodelâmpadasfortes,emambientefechadoelivredecontaminaçãopormatéria
orgânica atual. Destaforma, osedimentoprovavelmente nãoteránenhumaadiçãoou
diluiçãodeC-14 earadatividaderesidualmedida seráefetivamente umafunçãodo
tempodecorrido.
Adataçãoradcarbônicarefere-se aidadesmuito recentes,dentrodahtóriada
humanidadeondeumséculopodefazerdiferença. Portantoháumatendência de
considerá-Ia comoabsolutaedefinitiva, maselaestásujeita aerros, dosquaosmais
relevantes estãotratadosaqui.Ouve-se ásvezes serditoqueumobjetotem,porexemplo,
2.700anosporquefoidatadocomC-14. Entretanto,épreco teremmentequea
desintegraçãodeumótopoémedidaporcontagem estatística,oquefazcomqueo
resultado represente amédia±desvpadrão.NocasodoC-14, pelomenos16alíquotas
sãomedidasparaumaamostra. Oresultadoobtidotemumaprobabilidadede68,27%
deestardentrodesteintervalo.Numadataçãode1520±40A.P.,adataabsolutadeve
estarnointervalo detempoentre1480-1560A.P.
Além doquefoiditoacima,Libbydeterminouameia-vidanadécadade1950
como sendo5.568±30anos14CA.P.Mais tardechegou-se áconclusão queomelhor
valor éde5.730 ±40anos 14CA.P.Paranãocriarconfusão comasdatas anterres
resolveu-se internacnalmente usarameia-vidadeLibby (1955) paraasdatações de
rotina. SegundoGoudie (1981), quandofornecessária umadatamaprecisa, tem-se
quemultiplicarpor1,03parafazeracorreção.
Atualmente usa-searazãocarbono-13/carbono-12(I3C/12C)paracorrigirasdatações
radmétricas masesteassuntoétratadonocapítulo9.
Para conhecer melhor oslimitesdométodoénecessano consultarlivros
especializados sobreoassunto.Umasugestão éaleitura docapítulo5.1dolivrode
Goudie ouodeGeyheSchleicher,eosartigosapresentadosnasreferências destecapítulo.

oTEMPO GEOLÓGICO 47
3.3MétododeTório-Protactínio
AdataçãoabsolutadoQuaternáréproblemática.Ométodoradmétrico,descrito
acima,sódataosúltimos30.000anoseemcasosespecia,75.000anos,quesóatingem
atéomedaúltimaglaciação.Todoorestodos1,6milhõesdeanosdoQuaternár
nãopodemserdatadosdestaforma.Nométododepotáss-argôn,odecaimento
radativoétãolentoquearelaçãodosdoótoposquasenãomudaemummilhãode
anos.Oerrodemedidanestemétodoenasériedeurânémuitograndeparadatar
precamenteoperíodo.Cru-seestão,umatécnicanovaparadatarostestemunhosde
sondagem("cores")muitolongosextraídosdofundodooceano.
Amarpartedourândaáguadomarmantem-seemsolução, masoTór-230
produzidonasériededecaimentodoUrân-238(Fig.2.5)precipita-serapidamentee
éincorporadoàspartículas queseestãodepositandonofundodomar.Aquantidadede
Tór-230acumuladanosedimentovaidiminuindogradativamentecomotempopor
decaimentoradativo.Portanto,aidadeestimadaporestemétodoéumafunçãoda
profundidadedosedimentodatado.Seavelocidadedesedimentaçãoedeprecipitação
dotórforemconstantesparaumdeterminadolocal,aquantidadederóremrelação
àprofundidadeétambémumafunçãodotempo. Logo, medindo-se aconcentraçãodo
tóraolongodotestemunhodesondagemecomparandocomaconcentraçãonainter-
faceágua-sedimento(querepresentaaprecipitaçãoatual),épossível estimaraidade
daquela porçãodotestemunhodesondagem("core"). Estemétodoestásendousado
paradatarsedimentosmarinhoscomcentenasdemilharesdeanos.
Ummétodosemelhante eindependenteéodeTór-230IProtactín-231(Thl
Pa),quepodeserusadoparaosúltimos150.000anos.Entretanto, ambososmétodos
supõem queaprecipitaçãodoótoposejaconstanteequeavelocidadedesedimentação
durante estesúltimosmilhares deanostenhasidoconstante.Estassuposiçõessãomuito
perigosas paraumtempotãogrande,noqualhouve,semnenhumadúvida,grandes
mudançasclimáticasqueafetaramavelocidadedesedimentação. Ométodotemum
errograndedevidoaessaspremsasqueintroduzemumfatorvariável eimprevível. É
possível queasdificuldadesdecorrelação entrediferentestestemunhosdesondagem
("cores") marinhos,edecorrelaçãoporidadeentreeleseoseventosnoscontinentes,
sejamdevidas ato.Éprecolembrartambémqueospostuladosemquesebaseiaa
dataçãoporC-14nãosãoosmesmosqueosdosmétodosacima,equeossedimentos
continentageralmentesãomaincompletosqueosmarinhos.
3.4.Outrosmétodos radiométricos
Além dosparesdeelementosdescritosnaparteanterr,outrosparesdeelementos
sãoutilizados comométododedatação.Entreelesestãoasterras-rarasSamáre

48 HISTÓRIAECOLÓGICADATERRA
Neodím, usadospararochas muitoantigas,eosdoisótoposdeberíl(Be-7 eBe-
lO).OTrít(outríc),umótopodehidrogên,temsidoextensivamenteusadona
dataçãorecentedetestemmunhosdesondagem("cores") degeloeparaestudarotempo
necessár paraaáguadachuvapenetrarepercorrerasrochas.Tambéméusadopara
avaliaraidadedosvinhosecomidaspreservadas.Suameia-vidaéde12,5anos.
Outrométodoéodechumbo-2l0que,devidoasuapequenameia-vidade22
anos(Fig.2.5)temsidousadoparadeterminaçãodevelocidadedesedimentação,
crescimentodecoramodernoseturfeirasatéumaidadedealgunsséculos(geralmente
atéuns150anos).Emtodososcasosacima,ométododemedidaéomesmodescrito
paraosótoposdelonga-vida.
Ométododocarbono-14medeosúltimos75.000anos.Osmétodosdosótopos
delonga-vidamedemdeummilhãodeanosparama.DestaformaoPletoceno,
ondeohomemsurgiueevoluiueondeestáconcentradaamarpartedasinformações
paleoecológicas,sóédatadonasuapartesuperr. Principalmenteentre100.000e
730.000anosatrás,asdatações absolutassãoimprecaseambíguas.Em1979,G.
Raisbeck eF.Ynpropuseramummétodobaseadonocálc-41 queusaarelação41Ca/
40Camantidanosorganmos.Estatécnicaestáemfasedeexperimentaçãoetemgrandes
possibilidades, pooCálc-41 temumameia-vidadecercade100.000anos,queé
bemmaislongaqueocarbono-14, éencontradoemesqueletosdamariadosanima
ecobre ointervalodetemponãoatingidopelosoutrosmétodosradmétricos. O
problema masérdocálc équedepoqueoorganmomorre, podehaverdeposição
decarbonatos sobreoesqueleto oudsoluçãodosmesmos.
Otraço-de-fsão(fsn-track)éoutrométodoqueusaaspropriedadesradativas
doselementos.Algunselementos, entreelesoUrân-238,decaemespontaneamente
porfsãodonúcleo.Esteprocessodesprendeenergiaquefazcomqueosdonúcleos
resultantesdafsãopenetremnomaterialemvolta,danificando-o.Formam-seentão
dominúsculostubosde10a20micrôrnetros, chamados"tracks"outraços,queirradiam
donúcleooriginal. Onúmerodetraçoséumafunçãodaquantidadedeurânedo
tempo,epodeserusadoparadatação.
Atermoluminescênciaéaluzemitidaporumsólidoolante,quandoaquecido.
Estapropriedadedecertossólidospermiteusa-Iaparadataçãoradmétrica. Aspartículas
nizantesalfa,betaegama,quesãoemitidaspelaradatividadenaturaldaTerraea
radiaçãocósmica,irradiamcontinuamenteasrochaseosmineraefazemcomque
estessólidosemitamumaluminescêncianaturalquepodesermedidacomprecão.
Quandoaargilaéaquecidaacimade500°C asuatermoluminescência(TL)origi-
naléeliminada.Istoacontececomaterra-cotaeacerâmicaquesãoqueimadasem
fornos oufogueirasparasuapreparação.Apartirdaíestesobjetoscomeçamaserexpostos
novamente àspartículas nizantesqueextemnormalmentenanatureza.Seaintensidade

oTEMPOGEOLÓGICO 49
daTLdessesobjetos formedida, aquantidade deTLemitida éproporcnalaotempo
decorrido depodaúltima queimadobarro.Estatécnicaéusada paradatarcerâmicas
nasescavaçõesarqueológicas eatualmente estásendo também usadaparadatarargilas
doQuaternárTard servindo decalibração paraasdataçõesdeC-14(Fig.2.7).
4.Outros MetódosdeDatacão,
Alémdosmétodos radmétricos extemoutrosrelacnados comoutrosramos
daciência,quesãousados paradataçãoabsoluta.
4.1.Métododehidrataçãodaobsidi.ana
Ummétododedataçãoquímicaéadahidratação daobsidiana. Aobsidiana éum
vidronatural, amorfo,quegeralmente seformanaslavasdosvulcões.Quando aobsidiana
élascadaemfacerasparafazer, porexemplo, umapontadeflecha,a nova superfície
começaasehidrátarlentamente porabsorçãodeáguadaatmosfera.Estaabsorção forma
umapelícula muitofina,porémvível, quevaidesde1umamade50um,equeé
proporcnal aotempoqueasuperfícieficouexposta. Comonãoépossível datarpor
C-14uminstrumento lítico, estemétodoédegrandeutilidade.
Comoestemétodo eodatermoluninescência datamopróprobjetoenãoo
sedimentoemvolta,sãoferramentasimportantesemarqueologia. Adatação
radcarbônicaououtradomaterialemvoltadeumacerâmicaoudeuminstrumento
lírico, podenãorefletirasuaverdadeiraidade, poosedimentoousoloasuavolta ás
vezespertenceaumtempodiferente.Istoaconteceprincipalmentecomobjetos
encontradosemsedimentos aluviona, coluvna ouemsepulturas.
Paraoconhecimento maaprofundadodosmétodosdedataçãoabsolutadescritos
acimaedeoutrosmétodosmenosusadosveja,porexemplo,olivrodeGeyh eSchleicher
(1990)que,alémdedescreverosprocessos, forneceosconceitos básicosemcadacasoe
ointervalodetempodentrodoqualométodoéválido,mencnatambém oautorecita
otrabalhooriginalondeométodo foidescritopelaprimeiravez(coararahojeemdia).
4.2.Dendrocronologia
ométodo blógicodedataçãomausadoparaoQuaternárTardéa
Dendrocronologia. Asárvoresdazonatemperadanãocrescemnoinverno, masna
primaveraotecidodocâmbdostroncosproduz célulasdeparedesfinasqueformam
umanelconcêntricoasuavolta.Nofinaldaestaçãodecrescimentoocâmbproduz
célulasdeparedesgrossasqueenvolvemexternamente oaneldeprimavera.Namaria
destasespéciesarbóreasforma-seentãoumasériedeanéduplos, concêntricos (claro
seguidodeescurolquemarcamgeralmentecadaanodevidadaárvore(Fig.2.8).
Contando-seessesanédecrescimento tem-seaidadedaárvore.

50 HISTÓRIA ECOLÓGICA DATERRA
ocrescimento deumaárvore depende deumasériedefatores cujas combinações
sãomuito complexas, taiscomo: nutrientes dosolo, quantidade deiluminaçãoe
sombreamento dentrodafloresta. Depende tambémdefatores climáticos como
temperatura, precipitação, insolação, velocidade devento, umidade, etc.,edesua
distribuição eintensidade aolongodoano.Distoresulta queosanéis decrescimento
marcados namadeira variam emespessura enitidez, conforme oanotenhasidofavorável
aseucrescimento ounão.Aformaçãodeanéis também dependedaespécie. Umas têm
anéis muitonítidos eoutrasnão.Osanédecrescimento anuadazonatemperada
servem desta formaparacalibrar asdatações decarbono-14nosúltimos7.000anose
paradaralgumas informaçõessobreascondiçõesclimáticas dessetempo.
Nostrópicos nãoexisteociclodasquatroestações dazonatemperada. Naspoucas
espécies onde osanéis podemservtos, elesnãorepresentam ciclos anuais massim
épocasdecrescimento. Estasépocaspodemrepresentar muitosoupoucos anos, mas
provavelmente indicammudançasambientaquepropiciam bem,poucoounada, o
crescimento. Talvezestejam ligados aépocas desecaeépocasdechuvas. Nestes casosa
dendrocronologia sópode serusadacommuito critér eassociada àdataçãoemvárs
pontosdesta madeira.
PRIMAVERA
INTERRUPÇÃO
DO
CRESCIMENTO
CRESCIMENTO
DEVERÃO
I\, I
,li!III\II
I\III
,r"II \
IIII
I'11111IiI,
.,I11III
"I I',1i
,li" ,I I
, I1i
CORTE / l\:'II,\\
RAOIAL. "I'I1I
CORTE TANGENCIAL \
CRESCIMENTO
DEPRIMAVERA
INTERRUPÇÃO
DO
CRESCIMENTO
VERÃO
PRIMAVERA
Fig.2.8.Anéis decrescimento deumamadeira dezonatemperada. Áesquerda, esquemade
umtronco com quatroanéis decrescimento, mostrandoostrêstipos decortequecaracterizam a
madeiradeumaespécievegetal. Ádireita, cortetransversal dolenhosecundáriodeSequoia
sempervirens (Gimnosperma, Conífera) mostrandodoisanéisdecrescimento. Adaptado de
EameseMacDaniels (1953).

oTEMPOGEOLÓGICO 51
Adetecçãodosinalclimáticoporanédecrescimentoaindaéproblemáticaporque
osfatoresclimáticossãocomplexos.Porém,osanédecrescimentonaszonastemperadas
etropica,sãooregtrodecondiçõesambientaquepodemserestudadasmilêns
depoqueaárvoremorreu.Oproblemaaindaestánainterpretaçãopaleoclimáticacorreta
doregtro.Énecessárassociá-Iaàsinformaçõesvindasdeoutrasfontes,tacomoaanále
palinológicadossedimentosloca,eoexamededocumentoshtóricossobrearegião.
Comodataçãoabsoluta,osanédecrescimenrodãoaidademínima.Porma
antigoquesejaotroncoestudadoparaumaregião,nadaafirmaqueaárvorepertenciaà
primeirageraçãodesuaespéciequecresceuali.Porém,dentrodointervalodetempo
queelaviveuépossívelcalibrarasdataçõesdecarbono-14econferirreconstruções
paleoclimáticasbaseadasemoutrosmétodos.Alémdto,arespostadasplantasauma
mudançaclimáticatemsempreumintervalodetempodeespera("lagfase")antesde
queosinalseexpresse.Esteassuntoétratadocommadetalhenoscapítulosquese
referemàinterpretaçãopaleoecológica.
Tradicnalmenteadendrocronologiaéusadaparaosúltimos7.000anos,mas
agoracomeçaaserutilizadaparadetectarapresençadociclodasestaçõesclimáticasno
Mesozóico(vejaocapítulosobreestaera).Paramaresdetalhessobreométodo,consulte
olivrodeFritts(1976)ouo"LaboratoryofRingResearch",UniversidadedeArizona,
Tucson.
4.3.Varvaseritmitos
UmmétodogeológicodedataçãodoQuaternárTardéacontagemdevarvas.
Varvassãoumasequênciadelâminassedimentaresmuitofinas,depositadasanualmente,
equesegueorÍtmodasestaçõesclimáticas.Certoslagoselagoasdeáguastranqüilas
apresentamumasedimentaçãoemvarvas.Istoocorreprincipalmenteemlagoasglacia
emqueumacamadadecorclaraedegrãosrelativamentegrossos(areiafinaousilte)
sedimentanoverãocomoresultadododegelorápidodosglaciares,gradualmentese
acumulasobreelaumacamadadegrãoscadavezmafinos(argilas)geralmentecontendo
muitamatériaorgânica.Asedimentaçãofinaeescuraéconstituídadepartículasque
estavamemsuspensãonaáguadalagoaequesedimentamlentamenteduranteoinverno
enquantoolagoestácomasuperfíciecongelada.
Oresultadodestetipodesedimentaçãosãoasvarvasondeháumlimitenítidono
inícdecadacamadaclaradeverãoeumagradaçãoparapartículasmafinaseescuras
paracima,atéofimdoinverno.Acontagemdasvarvasindicaaidadedosdepósitos
glacio-lacustres.
Outrotipoderitmito(sedimentosemcamadascomcoretexturadiferentequese
alternam)podeserobservadoemgolfosebaíastranqüilasdevidoámudançasdedeposição

52 HISTÓRIA ECOLÓGICADATERRA
decarbonatosbgênicos paradeposiçãodematerialterrígeno. Elespodemseranuae
mudamdecalcitaoucocolitos (noverão)paraquartzonaépocadaschuvasfortesde
outono, invernoeprimavera. Tambémháritmitosanuaemoutrosdepósitosmarinhos
queintercalam camadasdediatomáceas(corverdeoliva)commaterialterrígenorico
emH2S(corpretaoliva).SegundoReineckeSingh,emambososcasosasedimentação
estáassociadaacondiçõesdeestagnaçãoedealtoteordeH2S.Nestesambientesnão
existeperturbaçãodosedimentopelafaunabentônica.
Nemtodososdepósitoslaminadossãoanuais. Elespodemrepresentarmudanças
noregimedeumrquealimentaumlago.Porexemplo,estasmudançasocorremnas
enchentesvlentas quetêmlugarcadadezena oucentena deanos.Énecessárum
estudocuidadoso paradeterminar seosritmitos sãoounãoanua. ReineckeSingh
ponderam queumpadrão rítmico dedepósito emrochas sedimentaresmuitoantigas
pode serdiferente dodehoje.Oanopodianãoserde365diaseodiapodianãoter24
horas(vejacapítulo4,parte3).
5.AIdadedaTerra
AidadedaTerratempreocupadosempreohomem.Asprimeirasestimativasestão
noslivros sagradosdereligiões muitoantigas. OsVedas (livrosagradodoInduísrno)
alegam queaTerraéantiqüíssima equeomundopresente existedesde 1.972milhões
deanosatrás.Houveumbpoirlandês, noséculopassado, quecalculou aidade da
Terra, usandoonúmerodegeraçõesaltadasnaBíblia (JudaicaeCrtã).Paraelea
Terra teriasidocriadanoano4.004 antesdeCristo, ehouvedebates vlentossobre
estescálculos quemuitos consideravam comoverdadeiros. Masasprimeiras tentativas
decalcular quantitativamenteaidade daTerrajahaviam sidoiniciadasnoséculoretrasado.
Em1715,oastrônomoE.HarveysugeriuquesepodiacalcularaidadedaTerra
pelamedidadesalinidadedomar.Considerando omarinicial comosendodeágua
doce,media-se comprecão oconteúdodosalnomarerepetia-seamedida10anos
depois. Seistofossefeitonãoencontrariamnenhumadiferençaentreasduasmedições
porquehojesabemosqueasalinidademédianãomudaemdezanos.Porém,estaproposta
mostracomoerasubestimadaaidaderealdaTerra.Em1899, ométododasalinidade
foiretomado porJ.Jolyqueestimouaquantidadedesódtransportadapelos rs
atuais poranálise daáguafluvial.Comoelesabiaaproximadamente ovolumedosoceanos,
calculou quantotempolevariaparaqueoconteúdodesódnosmaresatingisse a
concentração atualpartindodeummarinicial deáguadoce.Fezcorreçõesparaosód
lançado naterrapelorespingodasondas,oevaporado,osopradoparaterraeoreciclado
dasrochas oceânicas. Pelosseuscálculospassaram-se 90M.a.desdequeaprimeiraágua
secondensou noplaneta. SegundoEicher, estaestimativatãobaixaédevidoado
fatores queeramignoradosnaqueletempo:1.ointercâmb desódentreaáguado

oTEMPO GEOLÓGICO 53
mareasrochasestavasubestimado; 2osódliberadodasrochasnãoseacumula
facilmente naágua, maséreciclado nasuamarparte. Hojeacredita-sequeaáguados
mares nãoestáaumentandoemsalinidadeesimqueestáemequilíbrcomossais
dsolvidos ouevaporadosderochasesedimentos(Fig.2.9). Porestasrazõesométodo
desalinidadenãoserveparaavaliaraidadedaTerra. Entretantoeleserviuparamostrar
queaTerraeramuitomaantigaqueos6milanospropostosnaépoca.
MétodosblógicosparacalcularaidadedaTerraforamusadosnofinaldoséculo
19,baseados navelocidade deevoluçãodasespéciesdeorganmos. Darwinconsiderou
queavelocidadedeevolução seriaumprocessolentopeloprincíp deseleçãonatural,
descobertoporWallaceeele.Naprimeiraediçãodoseulivro"Aorigemdasespécies",
elesugeriuqueteriampassadocercade300M.a.desdeapartefinaldaEraPaleozóica
atéopresente.Lyell, em1867,calculou otempo geológico pelaestimativadavelocidade
deevoluçãodasespéciesdemoluscos. Elesupos queseriamnecessários 20M.a.para
ocorrerumamudançacompleta dasespéciesdemoluscos equeteriahavido 12destas
mudanças. Daí,eleconcluiu quedecorreram240M.a. desdeoinícdoperíodo
Ordoviciano, quandosurgiramosprimeirosmoluscos (Fig.2.1). Estastentativasestão
dentrodaordemdegrandezaestimadahoje,masnãopodiamdarumresultadocorreto
porque, aindaqueaevoluçãosejaumprocesso irreversível, avelocidadedeevoluçãode
cadaespécie édiferentedadeoutras.
FONTE:
~
ROC HAS IROCHAS
,
I
IGNEAS
CONTENDO ICONTENOONa.
SÓOIO(Nq)
~
\
ROCHAS
,
METAMÓRFICAS
SÓDIO CONTENDONa.
SOPR,A DO
/
POR
VENTO
ROCHAS
SEDIMENTARES
CONTENDO No.
/
(J M'J<fP (
S.EDJ 1!l.L)!/J'..o..s
r
,CONTENDO Na.
r
~ig.2.9.ociclodosódnaTerramostraqueomarésomenteumadas
areasdedeposiçãoenãoolocaldodepósitofinaldesteelemento.
AdaptadodeEicher(1976).

54 HISTÓRIA ECOLÓGICA DATERRA
ocálculo quesacudiuomecientíficodofinaldoséculo19foifeitoporKelvin.
Nasminas profundasdetodoomundo, atemperaturaaumentauniformemente coma
profundidade.Estefatolevouáideiadequeogradientetérmicoédevidoaocalor
irradiadodeuminterrmuitoquenteequesedsipaatravésdacrostaterrestre, queé
maisfriaeaTerraestáperdendocalor.Kelvinraccinouqueelaestáficandocadavez
maisfria,equeportanto,emtempospassados, elafoimuitomaquente.Considerando
queadsipaçãodecalorseinicuapartirdeumaTerraemfusão,Kelvinusoutodasas
informações físicasquehavianaépoca, mediuavelocidadedeperdadecaloratuale
estimouaidadedaTerra. Todos osseuscálculos deramumtemposempre menorque
100M.a.Eletambémchegouáconclusão dequeosolnãoéeternoequegradualmente
seesfriaria, aindaquenaquele temponãoseconhecesseomecanmodaenergiaemitida
pelosol.Segundo seuscálculos, osolteriailuminadoaTerracercade10% ma
intensamente háummilhãodeanosatrásesócontinuaria ailuminá-Iapormaisalguns
milhõesdeanos.Em1897,Kelvinresumiu pelaúltimavezassuasidéias,concluindo
queaTerra começouaserhabitada somente entre20e40M.a. atrás,quandoteria
começado acrtalizaçãodasrochas.
Menosde100milhõesdeanosparaoiníc daformaçãodaTerrae20-40M.a.
paraoiníc davidaeramuitomenos queocalculado porDarwin eporLyell. A
discrepância entre estesresultados causou grande polêmica entre osestudsos daépoca.
Entretanto "venceram" osvalores deKelvin, pelopesodesuaautoridade científica epor
seuscálculosparecerem muitomarigorosos queoscálculosbaseados nablogia.
Oscálculos deKelvin deram tãobaixoenemsequerficaram dentrodaordem de
grandeza realporque noséculopassadoenoiníc desteséculonãohaviainformações
detalhadas sobre atemperaturadefusão ecristalização derochas, nemsobre
radioatividade, nemsobrecondutividade térmica emaltatemperatura ealtapressão,
queocorrem nomagma, debaixo dacrosta terrestre. Alémdto, quando Kelvin fezos
seuscálculos, aradatividadeeraumfenômenodesconhecido. Odecaimentoradioativo
doselementos nointerrdaTerra produz calor, portanto oplanetanãopode ser
considerado simplesmente comoumcorpoqueestava quente efoiperdendo calor
uniformemente aolongodotempo.
Oscálculos deKelvinsebaseavam emmedidas físicas precisas (masnãosuficientes)
equeutilizavam aspoucas informações desuaépoca. Elastinham umfalsorigor, mas
pareciamirrefutáveeforam muitoprejudiciais àteoriadaevoluçãodosseres vivos
porque, comestasidadesnãohaveria tempoparaqueaevoluçãonaturalproduzse toda
agamadeorganismos queexistiram eexistem. Seusargumentos quantitativos barraram
osargumentos puramente qualitativos dosevolucnistas, ecru-se umimpasse entre
osfatosfísicoseosfatosblógicosquesófoiresolvidomuitomatarde.Esteacontecimento
exemplificamuitobemcomoumresultadoquantitativopodeserfalso, porqueafaltade
dados nãopermiteaconsideraçãodetodososparâmetros doqualdependeofenômeno.

oTEMPOGEOLÓGICO 55
OutrométodoquefoiusadoparacalcularaidadedaTerrasebaseianavelocidade
deacumulaçãodossedimentos.Desdeoséculopassadosabemosqueumacamadagrossa
deareiapodeacumularemumdia,aopassoqueumacamadafinadeargiladepositada
sobreelapodeterlevado100anosparaseformar,eumestratomuitofinoentreelas
poderepresentarmatempoqueasduasjuntas.Estabeleceu-sequeosdiferentestipos
derochassedimentarestêmvelocidadesdiferentes:amalentaéarochacalcária,seguida
dosfolhelhos,eamarápidaéoarenito.Baseando-sento,osgeólogoscomeçarama
procurarlocalidadesquetivessemumaseqüênciacomumalongadeposiçãoderochas
sedimentaresparacalcularaidadedosvársperíodosgeológicos.Masocomumna
naturezaéqueasuperposiçãodeestratosédiferentedeumalocalidadeparaaoutra.Há
interrupçõesnaseqüênciaestratigráficaporerosãoepormovimentostectônicos.Além
dto, avelocidadedesedimentaçãoparaummesmotipodesedimentovariadeum
lugarparaooutrodevidoàscaracterísticasdolocal.Éaindanecessárfazerumacorreção
paraacompactaçãoquevariaquandoumsedimentosetransformaemrochasedimentar.
Comanecessidadedetantascorreções,oscálculosdosdiferentesgeólogosdaquela
épocaderamresultadosdiferentes.Entretanto,influenciadosconscienteou
inconscientementepelosresultadosdeKelvin,amariadessescálculosdeuumaidade
paraaTerramenorque100M.a.
Adataçãoabsolutadoseventosgeológicossófoipossível depodadescobertados
métodosradmétricoscomótoposdelongavida.Estemétodofoidesenvolvido
primeiroporBoltwoodporvoltade1907eutilizadoamplamentenostrabalhos de
Holmesde1911emdiante(vejasecção3.1).Osresultadosobtidosrefutaramparasempre
osargumentosdeKelvinederamumabasequantitativaaoprocessodaevoluçãodavida.
Aindanãoépossível calcularcomprecão aidadedaTerra.Onúmerodeanosque
decorreduranteodecaimentoradativosócomeçaacontardepodacrtalizaçãoda
rocha,quandoosótoposficampresosnaredecrtalográfica.Otempoquepassou
antesnãopodeserdatadoporestemétodo.Asrochasmaantigasqueseconhecem
datamdequase4x109anos, eaindasãoempequenonúmero(vejacapítulo4).
AprimeiraidadeabsolutatidacomoaidadedeformaçãodaTerrafoiobtida por
Patterson,em1956,aoanalarmeteoritososquaforamconsideradoscomooriginárs
defragmentosquesecondensarameformaramaTerra.Eleobteveaidadede4,56
bilhõesdeanopelométododePb-Pb. Estima-sehojequeaTerratenhacercade4,6-4,7 x
109•Osdadosatuaindicam,portanto, queostemasolartemumpoucomaqueto.
AsidadesabsolutasparaoCretáceoeoTerciárjaestãobemestabelecidas por
numerosas dataçõesfeitascommétodosdiferenteseindependentes.Porém, aindahá
muitos problemascomosperíodosmaantigos,porqueadataçãoradmétricaéfeita
emrochasígneaseadataçãoporfósse,emrochassedimentares.Nemsempreépossivel
definirestratigraficamenteaposiçãodeumarochavulcânica.Masasoluçãoéuma

56
1Janeiro
1Maio
9Setembro
14Setembro
2Outubro
9Outubro
1Novembro
12Novembro
1Dezembro
16Dezembro
17Dezembro
18Dezembro
19Dezembro
20Dezembro
21Dezembro
22Dezembro
23Dezembro
24Dezembro
25Dezembro
26Dezembro
27Dezembro
28Dezembro
29Dezembro
30Dezembro
31Dezembro
HISTÓRIA ECOLÓGICA DATERRA
questão detempo,ejáexteumaboaaproximaçãodaduraçãodosdiferentes eventosda
htóriadaTerra(Tab.2.1.).
6.MagnitudedoTempoGlógico
Émuitodifícilconcebermos oquesignificam 4,6bilhões deanos.Mesmo idades
menorescomoos70a75milhões deanosquedurouoCretáceo,oumesmoos1,6a
2milhõesdeanosdoQuaternár sãodifícedeseimaginartendoemvtaaduração
davidahumana edoseventos htóricos dahumanidade.
Tob. 2.5-OCALENDÁRIO CÓSMICO -traduzidoeresumido deC.Sagan(1978).
B.0.=bilhõesdeonos; M.o.=milhõesdeonos
15B.0. "BigBang"; iníciodoUniversoqueconhecemos .
-OrigemdaViaLáctea .
-Origem dosistemasolar .
4B.0. -FormaçãodaTerra .
3,9B.o. -Formaçãodasrochas maisantigasqueseconhecenaTerra .
-Fósseismaisantigos(bactérias ecianobácterias) .
-Invençãodosexopelosmicroorganismos .
-Fósseisdeplantas fotossintéticasmaisantigas .
-Oxigêniocomeçaaserpartesignificativadaatmosferaterrestre.
-Primeirosvermes .
-TerminaoPré-cambriano.EraPalzóica e
Período Cambriano seiniciam. Invertebrados prosperam .
-Primeiroplâncton oceânico. Trilobitas prosperam .
-PeríodoOrdoviciano. Primeiros peixes, primeiros vertebrados .
-PeríodoSiluriano. Primeirasplantas vasculares.
Plantasiniciamacolonizaçãodoscontinentes .
400 M.o. -IníciodoPeríodo Devoniano. Primeiros insetos.
Animais começamacolonizaçãodoscontinentes .
-Primeirosanfíbios.Primeirosinsetoscomasa .
300M.o.-PeríodoCarbonífero. Primeirasárvores. Primeiros répteis .
-PeríodoPermianoseinicia.Primeirosdinossauros .
225M.o. -Termina aEraPalzóica.ComeçaaEraMesozóica .
220M.o. -Período Triássico. Primeiros mamíferos .
180M.o.-Período Jurássico. Primeirospássaros .
135M.o. -PeríodoCretác. Primeiras flores. Osdinossauros seextinguem..
60M.o. -TerminaaEraMesozóica. ComeçaaEraCenozóica eoTerciário.
PrimeirosCetács; primeirosprimatas .
-Iníciodaevoluçãodoslóbulosfrontais docrâniodosprimatas.
Primeiros hominíds. Mamíferos gigantesprosperam .
2M.o. FinaldoPeríodo Plioceno. IníciodoPeríodoQuaternário
(PleistocenoeHoloceno) .

oTEMPOGEOLÓGICO
Tab.2.5-(continuação).
57
oDIA31DEDEZEMBRO
-OrigemdoProconsuledoRamapithecus, prováveisancestrais
dosmacacosedohomem .
-Primeiroshumanos .
-Usobemdifundidodeinstrumentosdepedra .
_DomesticaçãodofogopelohomemdePequim .
-Iníciodaúltimaglaciação .
ÚLTIMOMINUTO
-Invençãodaagricultura .
-Invençãodoalfabeto; ImpérioAcadiano .
-Metalurgiadobronze; invençãodabússula .
-Metalugiadoferro; 10ImpérioAssírio .
-AtenasdePéricles; nascimentodeBuda .
-Gmetria Euclidiana, FísicadeArquimedes; Astronomia
dePtolomeu. ImpérioRomano. NascimentodeCristo .
-Invenção dozeroedodecimalnaIndia.QuedadoImpérioRomano .
-Renascimento naEuropa. Emergênciadométodoexperimentalemciência.
-Desenvolvimentoedifusãodaciênciaetecnologia; emer- .
gência daculturaglobal. Aquisição dopoderdeauto .
destruição pelohomem. Primeiros passos paraaexploração .
espacialdosplanetas eabusca deformasextra-terrestres .
deinteligência .
1:30pm
10:30 pm
11:00pm
11:46pm
11:56pm
11:59:20" pm
51"
53"
54"
55"
56"
57"
59"
OPRESENTE
Primeiro
segundo
do
AnoNovo
Muitos esquemas foram idealizados paradarumaidéiadamagnitude daescala
geológica. Omaconhecido comprime emumanoos4,6bilhões deanosdaTerra.
Neste cálculo aTerra seformaria noprimeiro minutodomêsdeJaneiro; arocha ma
antigaqueconhecemos teriacristalizado emMarço. Osprimeiros seresvivoscomeçariam
aaparecernomaremMaio.Plantas eanima terrestres surgiriam nofinaldeNovembro.
Ospântanos cheios deárvores queiriam originar ahulha doperíodoCarbonífero
começariamnomeio deDezembro; osdinossauros dominariam aTerra edesapareceriam
logoapósoNatal,nodia26;osprimeiros hominíds surgiriamnoiníc danoite de
31deDezembro. Aúltima glaciação começaria aretroceder faltando 1minutoe15
segundosparaameia-noite dodia31.Roma dominou omundo ocidental por5segundos
(de11:59:45à11:59:50); Colombo descobriu asAméricas3segundos antesdeterminar
oano.Aciência geológica nasceu comosescritosdeHutton umpouco antesdeum
segundo antesdofinaldeste"ano"(Eicher, 1976).

58 HISTÓRIA ECOLÓGICA DATERRA
C.Sagan,em1978,usouamesma idéia(queparecefoiprimeirousadaporHuxley),
masiniciou comocalendár cósmiconomomenro do"Big-Bang" ecalculouosoutros
eventos paraquecoubessem emumano(Tab.2.5). Aobservaçãodoqueaconteceuno
"últimominuto" dodia31dedezembro deste"ano" especial(finaldatabela 2.5)dá
umaidéiamuito boadoquerepresentaanossacivilização emrelaçãoaotempoquea
Terra levouparaatingiraesteponto. Umaúnicaespéciedeservivopodedestruiroque
levou milharesdemilhõesdeanosparasercriado. Éprecorespeitarestalonguíssimahtória.

oTEMPOGEOLÓGICO 59
REFERÊNCIASCAPíTULO
Bradley,R.S.1985.QuaternaryPalaclimatology.Allen&Unwin,London,472pp.
Eames,AJeMacDaniels,L.H.1953.AnIntroducliontoPlantAnatomy.McGraw-Hill,NYork,427pp.
Eicher,D.L.1976. GlogicTime.Prentice-Hall,FoundationsofEarthScienceSeries,Englood Cliffs,
USA,150pp.Traduçãoportuguesa"TempoGlógico",SériedeTextosBásicosdeGciências,
Ed.EdgardBlücher,SãoPaulo.
Fritts,H.C. 1976.Treringsandclimate.AcademicPress,London.
Geyh, MAeSchleicher,H.1990.AbsoluteAgeDetermination:physicalandchemicaldatingmethods
andtheirapplication.Springer-Verlag,Berlin,503pp.
Goudi,A1981.Gmorphological Techniques.Allen&Unwin,London.
Holmes,A1965. PrincipiesofPhysicalGlogy.RonaldPressCo.,N York, 1288pp.
Libby,W.F.1955. Radiocarbondating.ChicagoUniversityPress,Chicago.
Libby,W.F. 1970.Radiocarbondating.Phil.Trans. R.Soc.A269:1-10.
Muller, J1970. PalynologicalevidenceonearlydifferentiationofAngiosperms.BiologicalRevis45:417-
450.
Pimentel, M.M.eFuck,R.A.1992.NproterozoiccrustalaccretioninCentralBrazil. Glogy20:375-379.
Reineck, H.-E.eSingh, I.B.1986. DepositionalSedimentaryEnvironment. SpringerVerlag, Berlin, 551pp.
Sagan, C.1978. TheDragonsofEden.CoronetBooks. Hodder&Stoughton, 263pp.Traduçãoportuguesa
"OsdragõesdoEden", FranciscoAlvesEditora, RiodeJaneiro.
Salgado-Labouriau,M.L. 1984a.Late-QuaternarypalynologicalstudiesintheVenezuelanAndes.
Erdwissensch. Forschung18:279-293.
Schubert, C.eValastroIr.,S.1980. QuaternaryEsnujaqueFormation,VenezuelanAndes: preliminary
alluvialchronologyinatropicalmountainrange.Z.Deut..Gl. Ges.131:927-947.
Schubert, C.eVaz, JE.1987. EdadtermoluminescentedeicomplejoaluvialcuaternariodeTimotes,
Andesvenezolanos.ActaCient.Venez.38:285-286.
Stuiver, M.ePolach, H.A. 1977. Radiocarbon:1977Discussion.Reportof14Cdata. Radiocarbon
19(3):355-363.
Taylor, R.E.1987. DatingtechniquesinArchlogyandPalanthropology. AnalyticalChemistry59
(4):317a-331 A.
vanGel, B.eMook, W.G. 1982.Highresolution14Cdatingoforganicdepositsusingnaturalatmo-
spheric14Cvariations. Radiocarbon31(2):151-155.
Walter, R.C., Menega, P.c., Hay, R.L.,Drake, R.E.eCurtis, G.H.1991.Lazer-fusion4°Ar/39Ar dating of
BedI,OldwaiGorg,Tanzania.Nature354:145-149
Tags