Terceira geração modernista

JulianaBeatriz5 627 views 11 slides Nov 30, 2015
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Terceira geração modernista


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Terceira geração modernista

A terceira geração modernista teve início com a publicação de Rosa extinta, de
Domingos Carvalho da Silva, O engenheiro, de João Cabral de Melo Neto, Predestinação,
de Geraldo Vidigal, Ode e elegia, de Ledo Ivo. A geração, que realizou a sua produção
após o fim da Segunda Guerra Mundial, viu uma renovação do movimento modernista e
dedicou-se à pesquisa e à experimentação estética, embora não tivesse proposto um
novo movimento literário. Fazem parte da chamada Geração de 45 os autores já citados
e outros como Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles.
Uma das principais características da geração era o desejo de conciliar a modernidade e
a tradição. Nas artes visuais, a descrição da realidade cedeu lugar à composição
abstrata. Na literatura, a pesquisa sobre a linguagem literária tornou-se um ponto
importante para o trabalho de escritores que, a exemplo do que já acontecera na
geração anterior, usavam o texto literário para denunciar as injustiças sociais. Havia a
preocupação com o aspecto formal do texto, o que dividiu o grupo: de um lado, os
autores que seguiam a estética do Parnasianismo; de outro, os que se dedicavam a
uma linguagem racional, objetiva e sintética.
Morte e vida Severina talvez seja a obra mais importante de João Cabral de Melo Neto. A
obra foi estruturada em forma de auto e escrita a pedido de Maria Clara Machado que
encomendou ao escritor uma peça natalina pernambucana. O personagem Severino
abandona o sertão em direção ao litoral, tentando encontrar um meio de sobreviver à
seca.
Além de marcar o início de uma nova geração modernista, 1945 marca também o ano
da deposição de Getúlio Vargas – o início de uma era de democratização que se
estenderia até 1964, o ano do Golpe Militar. Nesse contexto, houve uma renovação do
gosto pela arte regional e popular, o que foi compreendido como um caráter
revolucionário. As artes oscilavam entre o resgate do passado e a busca do novo.
Literariamente, a geração de 1945 representou um retorno às conquistas de 1922:
propunha-se a volta ao passado, a revalorização da rima, da métrica, do vocabulário
requintado e das referências mitológicas. Paradoxalmente, havia um desejo de renovar a
literatura internacional lida no Brasil; o grupo foi, então, influenciado pela leitura de
escritores como Fernando Pessoa, T.S. Elliot, Paul Valèry e Garcia Lorca. Esta geração
combinava o nacionalismo característico da geração de 22 e o universalismo
da geração de 30.

Momento histórico da terceira Geração Modernista
Considera-se 1945, ano da deposição de Getúlio Vargas, o início de um novo período
político-social em nosso país. Trata-se de um era de “democratização”, que se estende até
1964, quando ocorre o Golpe Militar.
Nesses quase vinte anos, os fatos históricos que se sucedem fazem parte de nossa
memória nacional mais recente: o fim do Estado Novo (1945), o afastamento temporário

de Getúlio da vida política (1945–1950), seu retorno (1951–1954), a presidência de
Juscelino Kubitschek (1956-1961), a fundação de Brasília, nova capital do país (1960), as
presidências de Jânio Quadros (1961) e de João Goulart (1961–março de 1964).
Adotando modelos políticos populistas, o Brasil tenta encontrar os rumos de seu
desenvolvimento. Apesar da grande abertura ao capital estrangeiro proporcionada pelo
Plano de Metas do governo Juscelino, será apenas na fase seguinte, com a ditadura militar
(1964-1978), que se consolidará o modelo econômico assentado no Estado, nas
multinacionais e no capital nacional.
Em 1979, co a pose do presidente Figueiredo, é assinado o decreto de anistia aos presos
políticos, implementa-se a reforma partidária e tem início o processo de redemocratização
do país.
O Tema e a ideologia do desenvolvimento dão cores esquerdizantes ao nacionalismo,
bandeira vinculada à direita nos anos 20.
Nesse contexto, renova-se o gosto pela arte regional e popular, cujo potencial
revolucionário torna-se objeto de grande atenção. Em contrapartida, as camadas
conservadoras reagem sistematicamente contra as manifestações políticas nacionais-
populistas.
No cenário internacional do pós-guerra, a Guerra Fria e a ameaça atômica predominam a
partir de 1945, dividindo o mundo em sistemas que mutuamente se hostilizam.
Nessa oscilação entre enfatizar o nacional e reprimi-lo, entre resgatar o passado e
descobrir o futuro, entre a consideração eminentemente política da necessidade de
testemunhar o momento político presente e uma aura quase mítica de entusiasmo
generalizado pela mídia e pela máquina – dois fetiches ligados à explosão industrial dos
anos 60 tanto na Europa quanto nos Estados Unidos -, nasce o que alguns chamam de
“fim do Modernismo” e, outros, de “Neo-Modernismo”.
Características da Terceira Geração Modernista
Retrocesso em relação às conquistas de 22.
Volta ao passado: revalorização da rima, da métrica, do vocabulário erudito e das
referências mitológicas.
Passadismo, academicismo.
Introdução de uma nova cultura internacional nas letras brasileiras
Os grandes criadores de 45, que retomam e fecundam as experiências desenvolvidas no
país
Prosa João Guimarães Rosa e Clarice Lispector.

Poesia: João Cabral de Melo Neto.
Literatura: constante pesquisa da linguagem + senso do compromisso entre arte e
realidade, engajamento.
Síntese de ambas as gerações: experimentalismo + maturidade artística; nacionalismo +
universalismo.
Guimarães Rosa: narrativas mitopoéticas, que resgatam a sutileza do elo entre a fala e o
texto literário.
Clarice Lispector: romances e contos introspectivos, que dialogam com as fronteiras do
indizível.
João Cabral: poesia que associa compromisso social e precisão arquitetônica, substantiva.

GUIMARÃES ROSA
João Guimarães Rosa nasceu no dia 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, Minas Gerais.
E desde pequeno era encantado por estudar outras línguas. Iniciou-se sozinho no estudo
do francês. Um frade ensinou a ele o holandês e o ajudou a seguir no estudo do francês.
Após passar por alguns colégios, fixa-se em Belo Horizonte, onde completa o curso
secundário em uma escola de padres alemães. Logo que ingressa, Guimarães Rosa
começa o estudo de alemão.
Ainda nessa cidade, matricula-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas
Gerais, em 1925.
Nem tinha formado, quando em 1929, escreveu seus primeiros contos e deu início à sua
carreira como literário. Já a princípio, ganhou prêmio em dinheiro pelos tais contos, ao
participar de concurso oferecido pela revista “O Cruzeiro”.
Nesse período, suas obras, apesar de premiadas, não tinham a linguagem literária que
representou um marco na literatura brasileira.
Na data de seu aniversário e no ano de 1930, casa-se com a primeira esposa, Lígia Cabral
Penna, com quem tem duas filhas: Vilma e Agnes. Forma-se no mesmo ano em Medicina
e exerce sua função nas várias cidades do interior mineiro. Após presenciar as
dificuldades de se trabalhar em lugares que não ofereciam condições e pessoas sofrendo
e morrendo por causa disso, o autor abandona a Medicina, pois não consegue conviver
com tal realidade.

Porém, trabalhou por alguns anos como Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria, como
concursado. Contudo, não presenciava as mazelas da Revolução Constitucionalista de
1932, ao contrário, dedicava-se a escrever mais contos, pois lhe sobrava tempo.
No entanto, percebe com o tempo que não tinha intimidade com aquele tipo de trabalho,
senão com as letras. Então, por saber várias línguas, decide prestar concurso e ingressa
na carreira diplomática, em 1934, quando serve na Alemanha, Colômbia e França.
Em 1936, participa de concursos literários que lhe rende prêmio da Academia Brasileira de
Letras por “Magma”, uma coletânea de poemas. Após um ano, seu livro “Contos”, o qual
mais tarde se chamaria Sagarana, ganhou o prêmio Humberto de Campos. O primeiro de
tantos outros que recebeu por esta obra que reúne contos sobre a vida rural em Minas. É
através desse livro que Guimarães Rosa começa a mostrar o regionalismo através da
linguagem, característica maior do autor.
É em sua viagem à Europa, em 1938, que o escritor conhece Aracy Moebius de Carvalho,
que viria a ser sua segunda mulher. Quando o Brasil rompe relações com a Alemanha,
Guimarães Rosa é detido, juntamente com outros brasileiros, até que são soltos em troca
de diplomatas alemães.
Depois disso, torna-se secretário da Embaixada de Bogotá, Colômbia, onde permanece
por muitos anos. Vem ao Brasil somente em visitas ocasionais.
Retorna ao país de origem em definitivo somente no ano de 1951 e começa a investigar a
vida sertaneja, os usos, os costumes, as crenças, as músicas e também a fauna e a flora.
É quando escreve “Corpo de Baile”, dividida em três novelas: Manuelzão e Miguilim, No
Urubuquaquá, no Pinhém e Noites do sertão.
“Grande sertão: veredas” vem logo após e é aclamado pela crítica por suas inovações nas
formas e na escrita. Além de receber prêmios por esta obra, Guimarães passa a ser
reconhecido como especial dentro da 3ª geração pós-modernista.
O autor era extremamente místico, ligado a pensamentos supersticiosos. As crenças
politeístas e os fluídos bons e maus faziam parte de sua vida. Assim, curandeiros,
feiticeiros, quimbanda, umbanda, espiritismo e a força dos astros refletiam em
concordância com as ideias deste autor.
morreu em 19/11/1967.

"Grande Sertão: Veredas" - Resumo da obra de
Guimarães Rosa

Durante a primeira parte da obra, o narrador em primeira pessoa, Riobaldo, faz um relato de
fatos diversos e aparentemente desconexos entre si, que versam sobre suas inquietações

sobre a vida. Os temas giram em torno das clássicas questões filosóficas ocidentais, tais como
a origem do homem, reflexões sobre a vida, o bem e o mal, deus e o diabo. Porém, Riobaldo
não consegue organizar suas ideias e expressa-las de modo satisfatório, o que gera um relato
bastante caótico. Até que em certo ponto aparece Quelemén de Góis, que o ajuda em parte,
e Riobaldo dá início à narrativa propriamente dita.

Riobaldo começa a rememorar seu passado e conta sobre sua mãe e como conhecera o
menino Reinaldo, que se declarava ser “diferente”. Riobaldo admira a coragem do amigo.
Quando sua mãe vem a falecer, ele é levado para viver com seu padrinho na fazenda São
Gregório, onde conhece Joca Ramiro, grande chefe dos jagunços. Selorico Mendes, o
padrinho, coloca-o para estudar e após um tempo Riobaldo começa a lecionar para Zé Bebelo,
um fazendeiro da região. Pouco tempo depois, Zé Bebelo, que queria por fim na atuação dos
jagunços pela região, convida Riobaldo para fazer parte de seu bando, o que esse aceita.
Assim começa a história da primeira guerra narrada em "Grande Sertão: Veredas".

O bando dos jagunços liderado por Hermógenes entra em guerra zontra Zé Bebelo e os
soldados do governo, mas logo Hermógenes foge da batalha. Riobaldo resolve desertar do
bando de Zé Bebelo e encontra Reinaldo, que faz parte do bando de Joca Ramiro. Ele decide
então juntar-se ao grupo também.

A amizade entre Riobaldo e Reinaldo se fortalece com o passar do tempo e Reinaldo o
confidencia em segredo seu nome verdadeiro: Diadorim. Em certo momento dá-se a batalha
entre o bando de Zé Bebelo e de Joca Ramiro, onde Zé Bebelo é capturado. Então, ele é
julgado pelo tribunal composto dos líderes dos jagunços, dos quais Joca Ramiro é o chefe
supremo. Hermógenes e Ricardão são favoráveis à pena capital. No fim do julgamento,
porém, Joca Ramiro sentencia a soltura de Zé Bebelo, sob a condição de que ele vá para
Goiás e não volte até segunda ordem. Após o julgamento, Riobaldo e Reinaldo juntam-se ao
bando de Titão Passos, que também lutou ao lado de Hermógenes.

Após longo período de paz e bonança no sertão, um jagunço chamado Gavião-Cujo vai até o
grupo de Titão informar que Joca Ramiro foi traído e morto por Hermógenes e Ricardão, que
ficam conhecidos como “os judas”. Nesse ponto da narrativa, Riobaldo tem um caso amoroso
com a prostituta Nhorinhá e, posteriormente, com Otacília, por quem se apaixona. Diadorim
dica com raiva e durante uma discussão com Riobaldo ameaça-o com um punhal.

Os jagunços se reúnem para combater “os judas” e assim começa a segunda guerra,
organizada sob novas lideranças: de um lado Hermógenes e Ricardão, assassinos de Joca
Ramiro e traidores do bando; de outro, os jagunços liderados por Zé Bebelo, que retorna para
vingar a morte de seu salvador. Em certo momento da narrativa os dois bandos se unem para
tentar fugir do cerco armado pelos soldados do governo, mas o bando de Zé Bebelo foge na
surdina do local e deixam Hermógenes e seu bando lutando sozinhos contra os soldados. Rio
baldo entrega a pedra de topázio a Diadorim, o que simboliza a união entre os dois, mas esse
recusa dizendo que devem esperar o fim da batalha.

Quando o grupo de Zé Bebeto chega às Veredas-Mortas, em dado momento Riobaldo faz um
pacto com o diabo para que possam vencer o bando de Hermógenes. Sob o nome Urutu-
Branco, ele assume a chefia do bando e Zé Bebelo deserto do grupo. Rio baldo pede para um
jagunço entregar a pedra de topázio à Otacília, o que firma o compromisso de casamento
entre os dois.

O bando liderado por Riobaldo (ou Urutu-Branco) segue em caça por Hermógenes, chegando
até sua fazenda já em terras baianas. Lá eles aprisionam a mulher de Hermógenes e, não o

encontrando, voltam para Minas Gerais. Em um primeiro momento, acham o bando de
Ricardão e Urutu-Branco o mata. Por fim, encontram o grupo de Hermógenes no Paredão e há
uma grande e sangrenta batalha. Diadorim enfrenta Hermógenes em confronto direto e ambos
morrem. Riobaldo descobre, então, que Diadorim é na realidade a filha de Joca Ramiro, e se
chama Maria Deodorina da Fé Bittencourt Marins.
CLARICE LISPECTOR
BIOGRAFIA
Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, na aldeia Tchetchenilk, no ano de 1920. Os Lispector
emigraram da Rússia para o Brasil no ano seguinte, e Clarice nunca mais voltou á pequena
aldeia. Fixaram-se em Recife, onde a escritora passou a infância. Clarice tinha 12 anos e já era
órfã de mãe quando a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Entre muitas leituras, ingressou
no curso de Direito, formou-se e começou a colaborar em jornais cariocas. Casou-se com um
colega de faculdade em 1943. No ano seguinte publicava sua primeira obra: “Perto do coração
selvagem”. A moça de 19 anos assistiu à perplexidade nos leitores e na crítica: quem era
aquela jovem que escrevia "tão diferente"? Seguindo o marido, diplomata de carreira, viveu
fora do Brasil por quinze anos. Dedicava-se exclusivamente a escrever. Separada do marido e
de volta ao Brasil, passou a morar no Rio de Janeiro. Em 1976 foi convidada para representar o
Brasil no Congresso Mundial de Bruxaria, na Colômbia. Claro que aceitou: afinal, sempre fora
mística, supersticiosa, curiosa a respeito do sobrenatural. Em novembro de 1977 soube que
sofria de câncer generalizado. No mês seguinte, na véspera de seu aniversário, morria em
plena atividade literária e gozando do prestígio de ser uma das mais importantes vozes da
literatura brasileira.

Obra:

O objetivo de Clarice, em suas obras, é o de atingir as regiões mais profundas da mente das
personagens para aí sondar complexos mecanismos psicológicos. É essa procura que
determina as características especificas de seu estilo.
O enredo tem importância secundária. As ações - quando ocorrem - destinam-se a ilustrar
características psicológicas das personagens. São comuns em Clarice histórias sem começo,
meio ou fim. Por isso, ela se dizia, mais que uma escritora, uma "sentidora", porque registrava
em palavras aquilo que sentia. Mais que histórias, seus livros apresentam impressões.
Predomina em suas obras o tempo psicológico, visto que o narrador segue o fluxo do
pensamento e o monólogo interior das personagens. Logo, o enredo pode fragmentar-se. O
espaço exterior também tem importância secundária, uma vez que a narrativa concentra-se no
espaço mental das personagens. Características físicas das personagens ficam em segundo
plano. Muitas personagens não apresentam sequer nome.

As personagens criadas por Clarice Lispector descobrem-se num mundo absurdo; esta
descoberta dá-se normalmente diante de um fato inusitado - pelo menos inusitado para a
personagem. Aí ocorre a “epifania”, classificado como o momento em que a personagem sente
uma luz iluminadora de sua consciência e que a fará despertar para a vida e situações a ela
pertencentes que em outra instância não fariam a menor diferença.

Esse fato provoca um desequilíbrio interior que mudará a vida da personagem para sempre.
Para Clarice, "Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços
espelhados". "Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as
entrelinhas". "Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo."

Obra:

Romances:

Perto do Coração Selvagem, RJ, A Noite, 1944.
Lustre, RJ, Agir, 1946.
A Cidade Sitiada, A Noite, 1949.
A Maçã no Escuro, RJ, Francisco Alves, 1961.
A Paixão Segundo G.H., RJ, Francisco Alves, 1964.
Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, RJ, Sabiá, 1969.
A Hora da Estrela, RJ, José Olympio, 1977.

Contos e crônicas:

Laços de Família, RJ, Francisco Alves, 1960.
A Legião Estrangeira, RJ, Ed. do Autor, 1964.
Felicidade Clandestina, RJ, Sabiá, 1971.
A Imitação da Rosa, RJ, Artenova, 1973.
A Via-Crucis do Corpo, RJ, Artenova, 1974.

A Bela e a Fera, RJ, Nova Fronteira, 1979.
Literatura infantil:
Mistério do Coelho Pensante, RJ, J. Álvaro, 1967.
A Vida Íntima de Laura, RJ, Sabiá, 1974.
A Mulher que Matou os Peixes, RJ, Sabiá, 1969.
Quase de Verdade, RJ, Rocco, 1978.
"Meus livros felizmente para mim não são superlotados de fatos,
e sim da repercussão dos fatos nos indivíduos.
Eu me refugiei em escrever. Acho que consegui devido a uma vocação bastante forte e uma
falta de medo ao ser considerada
diferente no ambiente em que vivia."
“Com sete anos eu mandava histórias e histórias para a seção infantil que saía às quintas-feiras
num diário. Nunca foram aceitas."

"A hora da estrela" - Resumo da obra de Clarice Lispector

O narrador conta a história de Macabéa, jovem alagoana de 19 anos que vive no Rio de
Janeiro. Órfã, mal se lembrava dos pais, que morreram quando ela era ainda criança. Foi criada
por uma tia muito religiosa e moralista, cheia de superstições e tabus, os quais ela passou para
a sobrinha.
Essa tia também tinha certo prazer mórbido em castigar Macabéa com cascudos na cabeça,
muitas vezes sem motivo, além de privá-la de sua única paixão: a goiabada com queijo na
sobremesa. Assim, depois de uma infância miserável, sem conforto nem amor, sem ter tido
amigos nem animais de estimação, Macabéa vai para a cidade grande com a tia.
Apesar de ter estudado pouco e não saber escrever direito, Macabéa faz um curso de
datilografia e consegue um emprego, no qual recebe menos que o salário mínimo. Após a
morte da tia, deixa de ir à igreja e passa a repartir um quarto de pensão com quatro
balconistas de uma loja popular.
Macabéa cheirava mal, pois raramente tomava banho. À noite, não dormia direito por causa
da tosse persistente, da azia — em virtude do café frio que tomava antes de se deitar — e da
fome, que ela disfarçava comendo pedacinhos de papel.

A moça tinha hábitos e manias que aliviavam um pouco a solidão e o vazio de sua existência.
Entretinha-se ouvindo a Rádio Relógio num aparelho emprestado de uma das colegas. Essa
emissora informava a hora certa, transmitia cultura inútil e propaganda, sem nenhuma música.
A garota colecionava também anúncios de jornais e revistas, que colava num álbum. Certa vez,
cobiçou um creme cosmético, que preferia comer em vez de passar na pele.
Era muito magra e pálida, pois não se alimentava direito. Basicamente vivia de cachorro-
quente com Coca-Cola, que comia na hora do almoço, em pé, no balcão de uma lanchonete ou
no escritório em que trabalhava. Não sabia o que era uma refeição quente. Seus luxos
consistiam em pintar de vermelho as unhas, que roía depois, comprar uma rosa e, quando
recebia o salário, ir ao cinema, o que a fazia desejar ser estrela de cinema, como Marilyn
Monroe, seu grande sonho.
Certo dia, o chefe de Macabéa, Raimundo, cansado do péssimo trabalho que ela executava,
com textos datilografados cheios de erros de ortografia e marcas de gordura, resolve despedi-
la. A reação da garota, de se desculpar pelo aborrecimento causado, acaba desarmando
Raimundo, que decide mantê-la por mais um tempo.
Num dia 7 de maio, Macabéa mente dizendo que arrancaria um dente e falta ao trabalho para
poder aproveitar a liberdade da solidão e fazer algo diferente. Assim que as colegas saem para
trabalhar, ela coloca uma música alta, dança, toma café solúvel e até mesmo se dá ao luxo de
se entediar. É nesse dia que conhece Olímpico de Jesus, único namorado que teve.
Não foi um namoro convencional. Olímpico também havia migrado do Nordeste, onde matara
um homem, fugindo para o Rio de Janeiro. Conseguira emprego numa metalúrgica, o que dá
delírios de grandeza em Macabéa. Afinal, ambos tinham profissão: ela era datilógrafa e ele,
metalúrgico.
Mau-caráter e ambicioso, Olímpico morava de favor no trabalho, roubava os colegas e
almejava um dia ser deputado. O passeio dos namorados era sempre seguido de chuvas e de
programas gratuitos, como sentar-se em bancos de praça para conversar. Nessas ocasiões,
Olímpico se irritava com as perguntas que Macabéa fazia, o que a levava constantemente a se
desculpar, pois não queria perdê-lo, apesar de seus maus-tratos.
Certo dia, admitindo que ela nunca lhe dava despesa, Olímpico decide pagar um cafezinho
para Macabéa no bar da esquina. Avisa, porém, que se o café com leite fosse mais caro, ela
pagaria a diferença. Macabéa, emocionada com a "bondade" do namorado, acaba enchendo o
copo de açúcar para aproveitar, ficando enjoada depois. Em um passeio ao zoológico,
Macabéa fica com tanto medo do rinoceronte que urina na roupa e tenta disfarçar para não
desagradar ao namorado. Um dia, vendo que só o chefe e sua colega de escritório, Glória,
recebiam telefonemas, Macabéa dá uma ficha telefônica para que Olímpico ligue para ela. Ele
se recusa, dizendo que não queria ouvir as "bobagens" dela.
Até que, após conhecer Glória, Olímpico decide romper com Macabéa para ficar com a sua
amiga. O rapaz considera a troca um progresso, já que elas eram opostas: Glória era loira
(oxigenada), cheia de corpo, morava numa casa confortável, tinha três refeições por dia e, o
mais importante, seu pai era açougueiro, profissão ambicionada por Olímpico.

Após esse episódio, Macabéa vai ao médico e descobre que tem tuberculose, mas não
entende muito bem a gravidade da doença. Sente-se bem só por ter ido ao consultório e não
acha necessário comprar o medicamento receitado. Com dor na consciência por ter roubado o
namorado de Macabéa, Glória a convida para lanchar em sua casa. Macabéa, mais uma vez,
aproveita a oportunidade e come demais. Apesar de passar mal, não vomita para não
desperdiçar o luxo do chocolate, mas sente remorsos por ter roubado uma rosquinha.
Finalmente, aconselhada por Glória, Macabéa vai até uma cartomante para saber de sua sorte.
Lá, é recebida pela própria, Madama Carlota, que impressiona a pobre moça pelo "requinte"
de sua residência, repleta de plástico, e pela amabilidade afetada com que a trata. Após
Madama Carlota contar sobre sua vida como prostituta e cafetina, lê as cartas para Macabéa,
que, emocionada, pela primeira vez vislumbra um futuro e se permite ter esperança. Afinal,
iria se casar com um estrangeiro rico, que daria todo o amor de que ela precisava.
Inebriada com as previsões da cartomante, Macabéa atravessa a rua sem olhar e é atropelada
por uma Mercedes-Benz. Caída na calçada e sangrando, seu fim é testemunhado por inúmeros
espectadores que se aglomeram em torno dela, sem que nenhum ofereça socorro. Por fim, a
garota tosse sangue e morre. Havia chegado a hora da estrela.

JOÃO CABRAL DE MELO NETO

João Cabral de Melo Neto (1920-1999) nasceu em Recife e é considerado um dos maiores
poetas da Geração de 45, assim chamada por rejeitar os “excessos do modernismo” para
elaborar uma poesia de rigor formal, construindo uma expressão poética mais disciplinada.

Desde cedo mostrou interesse pela palavra, pela literatura de cordel e almejava ser crítico
literário. Conviveu com Manuel Bandeira e Gilberto Freyre, que eram seus primos. Com apenas
o curso secundário mudou-se para o Rio de Janeiro e ingressou no funcionalismo público. Três
anos depois, através de concurso, mudou-se para o Itamarati, ocupando cargos diplomáticos e
morando em várias cidades do mundo, como Londres, Sevilha, Barcelona, Marselha, Berna,
Genebra.

Apesar de ser cronologicamente um poeta da Geração de 45, João Cabral seguiu um caminho
próprio, recuperando certos traços da poesia de Drummond e Murilo Mendes, como a poesia
substantiva e a precisão dos vocábulos, produzindo uma poesia de caráter objetivo numa
linguagem sem sentimentalismo e rompendo com a definição de “poesia profunda” utilizada
até então. Para o poeta, “a poesia não é fruto de inspiração em razão do sentimento”, mas de
transpiração: “fruto do trabalho paciente e lúcido do poeta”.

A primeira obra de João Cabral, Pedra do sono (1945) apresenta uma declinação para a
objetividade e imagem surrealista. Já em O engenheiro (1945), percebe-se que o poeta se
afasta da linha surrealista, pendendo para a geometrização e exatidão da linguagem, como se
ele próprio fosse o engenheiro, economizando as palavras (o material com se constrói) e a
objetivação do poema (o propósito do uso do material – a construção terminada).
Nas suas principais obras, como O cão sem plumas (1950), O rio (1954), Quaderna (1960),
Morte e vida severina (1965), A educação da pedra (1966), Museu de tudo (1975), A escola das
facas (1980), Poesia crítica (1982), Agrestes (1985) e Andando em Sevilha (1990), o poeta
revela uma preocupação com a realidade social, principalmente com a do Nordeste Brasileiro;
reflete constantemente sobre a criação artística (Catar feijão – poema); aprimora a poética da
linguagem objeto, definida como a linguagem que, pela própria construção, sugere de que
assunto aborda (Tecendo a manhã – poema). Essa característica de sua obra constitui a
principal referência do Movimento Concretista da década de 50 e 60 e de vários poetas
contemporâneos, como Arnaldo Antunes.
Morte e vida severina (Auto de natal pernambucano) é a obra mais popular de João Cabral.
Nela, o poeta mantém a tradição dos autos medievais, fazendo uso da musicalidade, do ritmo
e das redondilhas, recursos que agradam o povo. Ela foi encenada pela primeira vez em 1966
no Teatro da PUC em São Paulo, com música de Chico Buarque. Foi premiada no Brasil e na
França e, a partir daí, vem sendo encenada diversas vezes e até adaptada para a televisão.
O poema narra à caminhada do retirante Severino, desde o sertão até sua chegada em Recife
e, além das denúncias de certos problemas sociais do Nordeste, constitui uma reflexão sobre a
condição humana.
João Cabral é considerado pelos críticos “não apenas um dos maiores poetas sociais, mas um
renovador consistente, instigante e original da dicção poética antes, durante e depois dele”.
Ele e Graciliano Ramos possuem o mesmo grau ético e artístico, um na poesia, o outro na
prosa, que objetiva com precisão uma prática poética comum: deram à paisagem nordestina,
com suas diferenças sociais, uma das dimensões estéticas mais fortes, cruéis e indiscutíveis
que já se conheceu.