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Essa aventura, que é a de todos os artistas, técnicos, críticos, historiadores, é aquela em que
a experiência prática, a atividade concreta, o fazer material e o humano recebem as
inflexões e reflexões de sentidos mais elevados, mais subjetivos, na busca de poéticas, de
embasamento estético, pois:
(...) se pode chegar à estética a partir de duas direções diversas
mas convergentes: ou da filosofia, quando o filósofo estende seu
puro pensamento a uma experiência de arte, ou da própria arte,
quando de um exercício concreto de arte, ou de crítica, ou de
história, emerge uma consciência reflexa e sistematicamente
orientada pela própria atividade. O essencial é que uns e outros
façam filosofia, isto é, extraiam da concreta experiência da arte,
como quer que seja entendida, o alimento e o estímulo de uma
reflexão filosófica, a qual, no momento em que enfrenta o
problema estético, enfrenta também, implícita ou explicitamente,
todos os outros. Contanto que, ao fazer estética, o filósofo não
descuide a solicitação da experiência e os dados que críticos,
historiadores, artistas e técnicos lhe oferecem e, contanto que, ao
fazer estética, os artistas, historiadores, críticos e técnicos não
esqueçam de transferir-se para um plano especulativo, todos se
encontram na estética, cada um trazendo, na tarefa comum, a
particular sensibilidade e competência que deriva de sua
proveniência pessoal e mentalidade. A estética torna-se assim um
frutífero ponto de encontro, um campo no qual têm direito de falar
os artistas, os críticos, os amadores, os historiadores, os psicólogos,
os sociólogos, os técnicos, os pedagogos, os filósofos, os
metafísicos, com a condição de que todos prestem atenção ao
ponto em que experiência e filosofia se tocam, a experiência para
estimular e verificar e a filosofia para explicar e fundamentar a
experiência (PAREYSON, 1989, p. 20-21)
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Iluminação de palco - uma arte entre outras artes
Essa arte, que se estende sobre outras artes, tem também suas peculiaridades
formais, de relações, de processos. A iluminação nos palcos ganha aspectos de
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PAREYSON, L. Os Problemas da Estética. São Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 20 – 21.