Transtorno de Ansiedade na Infância Prof. Esp. Jéssica Teles Dassi
Transtorno de Ansiedade Os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados. Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura. (DSM-V) L uta ou fuga T ensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro E comportamentos de cautela ou esquiva
Transtornos de Ansiedade Medo, ansiedade ou esquiva é quase sempre imediatamente induzido pela situação fóbica, até um ponto em que é persistente e fora de proporção em relação ao risco real que se apresenta . No capítulo “Transtornos de Ansiedade” encontramos: transtorno de ansiedade de separação, mutismo seletivo. Fobia específica, transtorno de ansiedade social, transtorno de pânico, agorafobia, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade induzido por substância/medicamento.
A ansiedade é um transtorno mental de etiologia multifatorial determinadas tanto por questões ambientais quanto por herança biológica: ter um dos pais com transtorno de ansiedade aumenta em muito o risco de uma criança ser ansiosa. Isso acontece mesmo quando a criança não é criada por seus pais biológicos, evidenciando a grande herdabilidade desse quadro .
Transtorno de Ansiedade de Separação ( F93.0) Critérios Diagnósticos: A perturbação pode durar por um período de pelo menos quatro semanas em crianças e adolescentes com menos de 18 anos A . Medo ou ansiedade impróprios e excessivos em relação ao estágio de desenvolvimento, envolvendo a separação daqueles com quem o indivíduo tem apego, evidenciados por três (ou mais) dos seguintes aspectos:
As crianças com transtorno de ansiedade de separação podem exibir comportamento de agarrar-se , ficando perto ou “sendo a sombra” dos pais por toda a casa ou precisando que alguém esteja com elas quando vão para outro cômodo na casa. Elas têm relutância ou recusa persistente em dormir à noite sem estarem perto de uma figura importante de apego ou em dormir fora de casa. Pode haver pesadelos repetidos nos quais o conteúdo expressa a ansiedade de separação
Características Diagnósticas Sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes de apego. Eles se preocupam com o bem-estar ou a morte de figuras de apego, particularmente quando separados delas, precisam saber o paradeiro das suas figuras de apego e querem ficar em contato com elas. Também se preocupam com eventos indesejados consigo mesmos, como perder-se, ser sequestrado ou sofrer um acidente, que os impediriam de se reunir à sua figura importante de apego.
O transtorno de ansiedade de separação em crianças pode levar à recusa de ir à escola, o que, por sua vez, pode ocasionar dificuldades acadêmicas e isolamento social. Quando extremamente perturbadas pela perspectiva de separação, as crianças podem demonstrar raiva ou, às vezes, agressão em relação a quem está forçando a separação . As crianças com esse transtorno podem ser descritas como exigentes, intrusivas e com necessidade de atenção constante . As demandas excessivas do indivíduo com frequência se tornam fonte de frustração para os membros da família, levando a ressentimento e conflito familiar.
Sintomas físicos Sintomas físicos (p. ex., cefaleias, dores abdominais, náusea, vômitos) são comuns em crianças quando ocorre ou é prevista a separação das figuras importantes de apego. Diferente de Fobia Social , em que a característica essencial é um medo ou ansiedade acentuados ou intensos de situações sociais nas quais o indivíduo pode ser avaliado pelos outros. Em crianças, o medo ou ansiedade deve ocorrer em contextos com os pares, e não apenas durante interações com adultos
Diagnóstico diferencial TOD TAG Transtorno de Pânico Agorafobia TEPT Luto Transtorno Depressivo e Bipolar
Transtorno de Ansiedade Generalizada (F41.1) Critérios Diagnósticos: A . Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). B . O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses). Nota: Apenas um item é exigido para crianças. 1 . Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele. 2 . Fatigabilidade. 3 . Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente. 4 . Irritabilidade. 5 . Tensão muscular. 6 . Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto).
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo . E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo).
F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., ansiedade ou preocupação quanto a ter ataques de pânico no transtorno de pânico, avaliação negativa no transtorno de ansiedade social [fobia social], contaminação ou outras obsessões no transtorno obsessivo-compulsivo, separação das figuras de apego no transtorno de ansiedade de separação, lembranças de eventos traumáticos no transtorno de estresse pós-traumático, ganho de peso na anorexia nervosa, queixas físicas no transtorno de sintomas somáticos, percepção de problemas na aparência no transtorno dismórfico corporal, ter uma doença séria no transtorno de ansiedade de doença ou o conteúdo de crenças delirantes na esquizofrenia ou transtorno delirante).
Características Diagnósticas As características essenciais do transtorno de ansiedade generalizada são ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva) acerca de diversos eventos ou atividades. A intensidade, duração ou frequência da ansiedade e preocupação é desproporcional à probabilidade real ou ao impacto do evento antecipado . As crianças com o transtorno tendem a se preocupar excessivamente com sua competência ou a qualidade de seu desempenho.
Sintomas físicos Pode haver tremores, contrações, abalos e dores musculares, nervosismo ou irritabilidade associados a tensão muscular. Muitos indivíduos com transtorno de ansiedade generalizada também experimentam sintomas somáticos (p. ex., sudorese, náusea, diarreia) e uma resposta de sobressalto exagerada. Sintomas de excitabilidade autonômica aumentada (p. ex., batimentos cardíacos acelerados, falta de ar, tonturas)
Quanto mais cedo na vida os indivíduos têm sintomas que satisfazem os critérios para transtorno de ansiedade generalizada, mais tendem a ter comorbidade e mais provavelmente serão prejudicados . As crianças com o transtorno podem ser excessivamente conformistas, perfeccionistas e inseguras, apresentando tendência a refazer tarefas em razão de excessiva insatisfação com um desempenho menos que perfeito. Elas demonstram zelo excessivo na busca de aprovação e exigem constantes garantias sobre seu desempenho e outras preocupações.
Consequências Funcionais do Transtorno de Ansiedade Generalizada A preocupação excessiva prejudica a capacidade do indivíduo de fazer as coisas de forma rápida e eficiente, seja em casa, seja no trabalho. A preocupação toma tempo e energia; os sintomas associados de tensão muscular e sensação de estar com os nervos à flor da pele, cansaço, dificuldade em concentrar-se e perturbação do sono contribuem para o prejuízo.
Autoestima, auto-eficácia, assertividade, confiança nos relacionamentos e sensação de pertencimento são alguns dos componentes de um crescimento saudável diretamente afetados quando a ansiedade transforma os mínimos desafios do dia a dia em obstáculos intransponíveis desde cedo.
A criança e a Família Você tem a sensação que seu filho é um “mini adultos ? Você se percebe falando várias vezes “não se preocupa com isso? “isso é assunto de adulto”? Seu filho apresenta preocupação excessiva com compromissos, não aceita flexibilizar regras? Seu filho tem necessidade que você confirme muitas vezes se tal situação não tem ou tem algum perigo?
Diagnóstico Abordagens comportamentais: A TCC para transtornos de ansiedade conta com a psicoeducação, reconhecimento e manejo das emoções, identificação de cognições distorcidas que aumentam a ansiedade, automonitoramento e reforço, e preparação para reveses. A TCC focada na criança com o envolvimento parental obtém resultados significativos na redução da ansiedade infantil.
A criança e a Família Seu filho demonstra preocupação excessiva com saúde e segurança, eventos catastróficos mesmo quando ocorrem em regiões muito distantes? Seu filho se preocupa de forma excessiva a com a situação financeira familiar? Seu filho se preocupa excessivamente com o futuro? O sintoma, muitas vezes, é visto como “qualidade” pelos pais. Favorecendo a continuidade dos comportamentos disfuncionais.
No tratamento, os pais podem exercer os seguintes papéis: Facilitadores : com base na psicoeducação, os pais recebem as informações importantes para que possam ativamente promover as habilidades aprendidas fora das sessões clínicas e estimular o filho a usá-las. Coterapeutas : os pais são envolvidos com maior proximidade das sessões e incentivados a monitorar, estimular e reforçar o uso que o filho faz das habilidades de enfrentamento fora das sessões do tratamento, desenvolvendo e apoiando a aquisição de novas habilidades por parte da criança. Coclientes : os pais se aproximam diretamente dos comportamentos parentais, o que, acredita-se, contribui para o desenvolvimento e a manutenção da ansiedade do filho. Dessa forma, os pais também aprendem novas habilidades para tratar de dificuldades familiares ou pessoais importantes.
Após a criança entender os sentimentos ansiosos e aprender a manejá-los, o foco principal das intervenções passa a ser o aprimoramento cognitivo Ajudar a criança a identificar a melhor forma de comunicar seus pensamentos, mudar seus pensamentos inúteis para pensamentos úteis, promover um autodiálogo positivo, além de exemplos sobre como identificar distorções e predisposições cognitivas comuns.
Psicanálise Ansiedade como relação entre a angústia de castração, onde a privação ou perda do objeto equivale à separação da mãe, fazendo com que o indivíduo vivencie a sensação do desamparo. Individuo apresenta evitação fóbica, ou seja, evitando situações onde se percebe algum risco de vida e onde não haveria ajuda ou suporte de alguém. Situações rotineiras podem apresentar-se como ameaças constantes, fazendo com que o ansioso se encontre em um estado paralisante.
Em base, a ansiedade é uma reação ao perigo e esta é intermediada pelo ego que age para evitar ou afastar-se de tal situação estressora. Sendo assim, os sintomas são manifestos para a se evitar tal situação de perigo, e este, encontra-se internalizado no indivíduo e o mesmo acaba por permanecer no estado de infância, que se caracteriza pelo desamparo motor e psíquico.
Traumas da infância é resultado do conflito das inclinações do Id e as ameaças de punição do Superego, onde o Id deseja algo que o Superego reprova e por consequência é evocado no Ego uma sensação desconfortável relacionada ao medo, como se a punição estivesse para acontecer (ameaça). Assim, o Ego acaba por criar mecanismos de defesa para alívio destes sentimentos de temor e grande sofrimento. Tais mecanismos são criados pelo Ego para evitar o contato com os aspectos da personalidade assim reprovados pelo Superego e assim geradores de ansiedade.
Mecanismos de defesa de regressão e repressão. O inconsciente traz à tona os conteúdos recalcados em forma de sintomas, dentro do contexto da ansiedade generalizada. Freud (1926) ressalta a ansiedade como problema central da neurose.
para Winnicott (2000), a ansiedade decorre de possíveis falhas nas técnicas de cuidado, como por exemplo, falha em dar apoio vital contínuo que faz parte da maternagem. Em psicanálise, procura-se criar com o paciente condições para que ele possa subjetivar e refletir quanto a condição de desamparo.