Um conceito judaico que comumente se esquece na tradução
inglesa da Bíblia e’ aquela que faz menção a história da mulher com
fluxo de sangue, relato registrado em Mateus 9: 20, 21.
Tendo ouvido que o Messias estava por perto, a mulher disse
consigo mesma: “Se eu puder tocar sua vestimenta, eu serei
curada. ”
O texto indica que era especificamente a “bainha” de sua
vestimenta que foi tocada, um detalhe importante do ponto de vista
judaico.
A palavra inglesa “hem” vem traduzida da palavra grega
“kraspedon”, significando “borla de lã torcida”. De fato, a mulher
estava buscando tocar a borda do manto de Yeshua. Em hebraico
essa “borla” que são atadas nas extremidades do manto de preces,
são chamadas Tzitzit. Elas eram e ainda são por judeus
observantes em cumprimento ao mandamento escrito em Números
15: 37- 41 e Deuteronômio 22:12 e indicam a lembrança dos
mandamentos de Deus.
Em Números 15:38 a palavra traduzida “borda” ou “canto” vem da
palavra hebraica “kanaph” que também pode ser traduzida como
“asas” como aparece setenta e seis vezes em textos bíblicos. Cada
tzitzit de cinco nos duplos e oito cordões, num total de treze
elementos. Este número adicionado em seiscentos (valor numérico
da palavra tzitzit) aponta para os 613 mandamentos da Torá.
Nos dias de Yeshua, os homens judeus usavam uma túnica
chamada halluq tanto em casa como no trabalho. Quando
apareciam em público eles deveriam cobrir seus halluq com um
pano largo e retangular que dobrava-se desde os ombros até os
tornozelos. Este pano era chamado de tallit e servia de proteção
contra o vento e frio. Pendurado no fim de cada uma de seus cantos
(asas) existia o tzitzit em obediência ao mandamento bíblico.
Pelos séculos, durante os tempos de perseguição, os judeus eram
com frequência impedidos de usar os tzitzit do lado de fora de suas
vestimentas. Isso os forçou a usarem um tallit pequeno abaixo de
suas camisas. Hoje o manto das preces e’ chamado tallit.
Durante o primeiro século existiam várias tradições associadas com
tzitzit concernentes ao Messias. Uma delas e’ que estas franjas
atadas tinham poder de cura. Uma outra que passou para tempos
posteriores sugerem que os tzitzit seriam uma espécie de talismã
ou amuleto. Ambas as tradições provavelmente derivam da profecia
de Malaquias 4:2, onde o Messias aparece como quem vem
curando com suas asas. Com plena certeza a mulher que tinha
fluxo de sangue sabia das tradições, o que explica seu desejo de
tocar as franjas (asas) do manto de preces de Yeshua.
O mesmo termo usado em Números 15:38 para “franjas” aparece
em Malaquias 4:2 para “asas”.
Com este entendimento em mente, um judeu vivido poderia dizer
que esta habitando “no lugar secreto do Altíssimo e coberto por
Suas asas” (Sl. 91: 1- 4)
Quando se compreende o significado deste conceito para a mente
hebraica o primeiro século, se faz bem claro a razão da cura
daquela mulher enferma. Ela expressava sua fé’ em Yeshua e o sol
da justiça que cura com suas asas.
Esta mulher declarava assim sua fé’ na palavra profética de Deus.
Zacarias 8:23 "Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Naquele dia,
sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das
nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu e lhe dirão:
Iremos convosco, porque temos ouvido que D-us está convosco."