7
corporais e da própria Língua de Sinais, que surge da necessidade comunicativa desse
povo
6
.
Porque, então,não usarmos o termo pessoa com deficiência, apesar da deficiência
auditiva?
Nos Estudos Surdos
7
, os surdos passam a teorizar a cultura surda, que pode ser
definida como sendo: história cultural, Língua de Sinais, identidades diferentes, leis,
pedagogia da diferença, literatura surda, e outros jeitos de ver o mundo, ou seja, dos
espaços de Estudos Culturais
8
e Estudos Surdos. Embasados nesses estudos, podemos
observar que são os próprios surdos que vêm construindo a sua identidade cultural.
Aqui notamos um rompimento com a visão que encarava o surdo como uma pessoa com
deficiência. A partir desse rompimento, essa visão se renovou e essas pessoas passaram
a ser vistas a partir de uma visão cultural e visão sócio antropológica que encara o
surdo como diferente. Nesse sentindo, vamos conceituar as diferenças com relação à
visão clínica e à visão cultural. E vamos ligar essa discussão à questão da terminologia.
Pessoa com Deficiência Auditiva: Na visão moderna, o surdo é visto como uma
pessoa com deficiência, por isso diversas áreas como: a médica, a linguística e a
educacional, se uniram para curar essa deficiência. Essa visão clínica é uma visão mais
específica da área de saúde, em que os profissionais como os médicos, fonoaudiólogos
entre outros, representam os surdos por meio de graus audiológicos, ou seja, por meio
de diferentes graus de surdez (perda profunda, moderada, severa e leve). Muitos deles se
referem ao ser surdo como perda de comunicação, como uma pessoa com deficiências
auditivas, como portadores de necessidades especiais, e não reconhecem os surdos
6
As línguas de sinais não são universais. Cada país possui sua própria Língua de Sinais e esta
não tem relação direta com a língua oral daquele país. Além disso, cada Língua de Sinais possui
os seus regionalismos, como acontece com qualquer língua. No Brasil, a LIBRAS (Língua de
Sinais Brasileira) é reconhecida oficialmente, sendo regulamentada por meioda Lei n.º 10.436,
de 24 de abril 2002.
7
É um programa que se constitui em grupos dos surdos pesquisando na área de Educação de
Surdos, defendendo a sua identidade, sua língua, sua cultura, que são entendidas a partir da sua
diferença, do seu reconhecimento político.
8
Os Estudos Culturais surgiram no Reino Unido e foram fundados por Hoggart em 1964, e se
espalharampara toda América Latina, Reino Unido e Estado Unidos, e são conhecidos por terem
influenciado teoricamente os mais engajados politicamente, focalizando a relação entre cultura e
várias formas de poder, especialmente os conflitos entre uma cultura dominante e várias
subculturas. Existem várias culturas como, por exemplo: grupo de negros, indígenas, surdos,
etc., que surgiram por causa do modo de vida das pessoas e não pelo corpo de trabalho
imaginativo e intelectual. Esses grupos têm possibilidade de oferecer, no campo investigativo na
área de Educação de Surdos, o respeito da sua cultura, que foi sendo construída durante séculos.