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De 11 a 17 de outubro de 2008 POLÍTICA
A disputa além da
preferência do eleitor
Denise Somera
Não basta ter um número ex-
pressivo de votos: tem que per-
tencer a uma boa coligação de
partidos. Esta é uma realidade
para todas as eleições no Bra-
sil. Porém, na maioria das ve-
zes, o eleitor não entende. "Se
o meu candidato teve uma
votação expressiva, por que
não entrou?", muitos se ques-
tionam. E é natural, afinal,
como um candidato com me-
nos votos é eleito e outro fica
de fora? A conta é até simples
e chama-se quociente eleito-
ral, mas não é clara para quem
decide nas urnas o futuro de
sua cidade ou país.
"Pega-se o número de votos
válidos (número de votantes,
menos os votos brancos, nulos
e abstenções) e divide pelo nú-
mero de cadeiras na câmara.
Este resultado é o divisor de
outra conta, o número total de
votos da coligação. O resulta-
do final é o número de cadei-
ras em que a coligação tem
direito", explica Ana Luisa
Toledo Alves, assessora de
imprensa de um partido polí-
tico de Curitiba. Para ficar mais
simples ainda: o número de
votos válidos, dividido pelo
número de cadeiras da câma-
ra dá o "valor" de cada cadeira,
ou quantos votos são necessá-
rios para conseguir uma vaga.
A coligação entre partidos (ali-
ança de um ou mais partidos)
precisa somar todos os seus
votos e, com este número, di-
vide pelo "valor" das cadeiras.
O resultado final é quantas ca-
Seu candidato teve uma boa votação mas não conseguiu
uma vaga na câmara? Entenda como isso acontece
deiras aquela coligação terá
direito e aí, seus vereadores
mais votados recebem o direi-
to de ocupar os lugares. Com-
plicado? "A população não
consegue entender isso e aí
fica sem saber porque um can-
didato com dois mil votos en-
tra e um com sete mil não",
disse Cláudio Seto, que na úl-
tima eleição municipal foi as-
sessor político de Jorge
Yamawaki, nikkei mais vota-
do em Curitiba.
Yamawaki (PSDB) teve 5.199
votos e ficou como segundo
suplente de seu partido, que
teve direito a 13 cadeiras na
câmara de vereadores devido
à coligação. Já o segundo
nikkei mais votado, Taminato
(DEM), obteve 3.175 votos e
também não foi eleito. Mas
outros candidatos com menos
de três mil votos foram eleitos.
Os outros candidatos nikkeis
também não se elegeram (Ju-
lio Ando teve 2.130 votos e
Kenzi Shiraishi, 92).
"Na verdade, o importante
mesmo é a força da coligação e
das legendas. Alguns partidos
fazem campanha para, caso o
eleitor não ter candidato espe-
cífico, que vote na legenda.
Desta forma, o partido sai for-
talecido para a disputa entre
as coligações", explica Ana
Luisa. Partidos como o PSDB e
o PT são os mais expressivos
no voto da legenda, com mais
de 73 mil e 20 mil votos, res-
pectivamente. No entanto, o
voto na legenda não substitui
o voto direto, pois há uma dis-
puta interna na coligação en-
tre os mais votados e quem
ficará com a cadeira que é de
direito da coligação. É como se
fossem duas disputas: uma
dentro do partido e da coliga-
ção (dos mais votados) e ou-
tra, da coligação (voto na le-
genda) e sua
representatividade e expres-
são no número de cadeiras.
Cansou só de pensar nas con-
tas? Ser político vai além de
conquistar o eleitor. Tem que
saber escolher em qual parti-
do se filia, qual é a melhor
coligação, ter um bom
posicionamento dentro dela e
ainda, é claro, ter um número
expressivo de votos. Para en-
tender melhor como conseguir
o maior número de cadeiras
na câmara de vereadores, é
necessário ter uma coligação
forte e uma legenda forte, que
dê representatividade. "Um
vereador com mais de 7 mil
votos fica de fora da eleição se
não estiver numa coligação
que tenha representatividade.
Se o mínimo necessário é 21
mil votos por coligação, por
exemplo, ele sozinho precisa-
ria fazer este número", explica
a assessora.
Embora não tenha um repre-
sentante nikkei na Câmara de
Vereadores de Curitiba, de cer-
ta maneira há uma tranqüili-
dade na comunidade nipo-
brasileira, que já se sente re-
presentada tendo Rui Hara
como secretário de governo do
município. "Assim, nós já te-
mos como fazer as nossas soli-
citações junto à prefeitura",
aponta Seto.
Prefeito mais idoso do
Brasil é reeleito
Dois nikkeis na
Câmara de Londrina
Cintia Yokoyama
Especial para o
Paraná Shimbun
As eleições, em Londrina, no
último domingo, elegeram
dois dos oito candidatos
nikkeis que concorreram a
vereador. Jairo Tamura (PSB),
eleito pela primeira vez, e
Roberto Kanashiro (PSDB),
que venceu sua quinta elei-
ção, assumirão suas cadeiras
ao lado de outros 17 vereado-
res, sendo que apenas seis
reeleitos.
A Câmara Municipal já con-
tou com mais de um represen-
tante nikkei no mesmo man-
dato, quando atuaram
Kanashiro e Carlos Kita. Mas
as duas últimas gestões tive-
ram somente Kanashiro como
vereador nikkei.
Entrando para o seu 5o man-
dato, Kanashiro foi o segundo
candidato mais votado com
total de 5.069 votos. Como pre-
sidente da Comissão de Ética,
foi um dos responsáveis pelas
investigações dos escândalos
de corrupção na Câmara de
Vereadores neste ano. Tamura
irá assumir o cargo de verea-
dor pela primeira vez, sendo
eleito com 2.569 votos. É o atu-
al presidente da Associação
Cultural e Esportiva de Lon-
drina (Acel) e do diretório mu-
nicipal do Partido Socialista
Brasileiro (PSB).
Com a renovação de 65% da
Câmara, saiba mais sobre o
que se pode esperar do man-
dato pós-crise e como será a
representatividade da comu-
nidade nikkei com os dois ve-
readores.
Paraná Shimbun - Haverá al-
gum tipo de parceria entre os
dois para atender a comuni-
dade japonesa?
Roberto Kanashiro (RK)- Nós
ainda não conversamos a respei-
to, só liguei para cumprimentá-
lo. Ainda não tem nada confirma-
do, por questões de partido, isso
tudo vai depender do prefeito que
entrar. Mas nós estamos à dispo-
Roberto Kanashiro e Jairo Tamura são os dois representantes da
comunidade nipo-brasileira eleitos vereadores no último dia 5
sição, o que podermos ajudar com
a nossa experiência para ele que
está começando agora.
Jairo Tamura (JT)- Acho que
nosso tipo de educação e relacio-
namento são semelhantes e todos
os projetos são bem voltados para
a nossa comunidade (japonesa).
Acho que nossos projetos funcio-
narão juntos. Na verdade, vamos
dar continuidade ao trabalho que
já feito, por exemplo, na Acel.
Paraná Shimbun - Os verea-
dores eleitos representam
uma renovação de 65 % na
câmara. Qual a importância
disto?
RK- A população, nós sentimos
durante a campanha, estava re-
pudiando a postura dos vereado-
res que foram denunciados e en-
volvidos. Eu achava um pouco
difícil para os novos vereadores
superarem os atuais vereadores,
mas aconteceu. Foi uma atitude
democrática da população que
queria fazer mudança e fez.
JT - Estamos depositando no pas-
sado todo o aspecto negativo da
política londrinense e estamos
começando uma nova fase de cons-
trução e de renovação. É um sinal
que a população deu, no sentido
da continuidade da política boa de
Londrina.
Paraná Shimbun - A renova-
ção na Câmara significa mai-
or conscientização dos eleito-
res?
RK- Pra mim, isto foi um avanço.
A população está atenta aos fatos
e buscando novos representantes.
Num geral, se conseguiu uma
mudança que não é fácil, porque
não depende de um só indivíduo,
depende de todo um contexto elei-
toral.
Paraná Shimbun - O senhor
[Kanashiro] foi o segundo
candidato mais votado. Como
recebeu isto?
RK - Eu senti que o eleitor credi-
tou uma responsabilidade maior a
mim. O processo de corrupção
que envolveu a Câmara, eu como
presidente da Comissão de Ética,
durou quase sete meses. Então,
nesse período, fomos o foco desse
problema. Muitas vezes questio-
navam se íamos proteger os vere-
adores ou se íamos agir com im-
parcialidade. Desde o começo, no
dia 10 de janeiro, agimos com
transparência. Isto mostrou a po-
pulação que agimos com honesti-
dade e acredito que conseguimos
seu apoio.
Paraná Shimbun - Qual deve
ser a postura da Câmara neste
mandato pós-crise?
RK - Os novos vereadores, sob o
impacto dessa crise, devem vir já
preparados para enfrentar e com-
bater para impedir que isto volte a
acontecer. Eu acredito que a nova
composição da Câmara, por si só,
vai chegar preocupada em aten-
der os reclames da população, evi-
tando muita coisa que aconteceu
no último mandato, em que os
embates pessoais prevaleciam so-
bre os políticos.
JT- A postura deve ser de hones-
tidade, transparência. Os verea-
dores que entraram agora têm uma
responsabilidade extra, neste pe-
ríodo pós-crise.
Paraná Shimbun - Quais são
suas expectativas para o 2o
turno?
RK- Estou bastante confiante, a
população deu esta oportunidade
a nossa candidatura, ao Hauly.
Ele que, há 15 dias, estava quase
10 pontos atrás do segundo colo-
cado, subiu 13 pontos,
totalizando 23 pontos. Foi um
crescimento espetacular. Dentro
desse ritmo, acredito que pode-
mos ser vitoriosos no segundo
turno, visto que a rejeição do
Belinati é muito grande. A can-
didatura do Hauly acaba sendo
mais importante que a nossa can-
didatura, como vereadores. É o
futuro da cidade que está em jogo
e há muito tempo buscamos essa
oportunidade
JT- Ainda não definimos quem o
partido irá apoiar. Estou anali-
sando as bases eleitorais, anali-
sando o partido no sentido esta-
dual e nacional. Estamos estu-
dando a postura do partido em
relação ao segundo turno.
Susumo Itimura
ficará mais quatro
anos à frente da
Prefeitura de Uraí
Da Redação
Aos 90 anos, o tucano Susumo
Itimura é o prefeito mais ve-
lho eleito no Brasil e do mun-
do. Este será seu quinto man-
dato em Uraí, cidade de 11 mil
habitantes, a 50 quilômetros
de Londrina. Com uma dispo-
sição incomum para um ho-
mem de sua idade, ele dá ex-
pediente diário em seu gabi-
nete na prefeitura.
Japonês de nascimento, ele
chegou ao Brasil com um ano
e nove meses de idade, junto
com os pais, que pretendiam
uma vida melhor, diferente
daquela que viviam no Japão.
A família se dedicou à agricul-
tura, como a maioria dos imi-
grantes, e da terra tirou o sus-
tento da família.
Itimura chegou a Uraí em 1938
com 20 anos de idade e fez do
trabalho seu ideal de vida.
Criou seis filhos, fez crescer
seus negócios na agricultura,
plantou rami, uva, soja, trigo
e se tornou o “maior plantador
de café do Paraná”.
Conquistou respeito e admi-
ração de seu povo por traba-
lhar muito e se preocupar com
o próximo. Pensando em me-
lhorar sua cidade se
candidatou e se elegeu prefei-
to pela primeira vez em 1964.
Ficou quatro anos à frente do
município. Retornou em 1972,
depois em 1997 e em 2005.
Itimura mantém filhos em se-
cretarias e foi condenado em
julho, junto com um ex-secre-
tário, a ressarcir verbas que
foram usadas de forma irre-
gular.
Ele diz que a idade não atrapa-
lha. “Às vezes, o velho tem a
cabeça melhor do que o novo.”
Itimura diz que conseguirá
manter o ritmo por mais qua-
tro anos, “se Deus der saúde”.
Para este mandato, o seu mai-
or projeto é estruturar indús-
trias no município. Afirma
também que, apesar da longa
experiência no cargo, tem
“prazer” e “ânimo” ao exercer
a função. E que estava confi-
ante na vitória.
Susumo concorreu com outros
três rivais que são até 54 anos
mais jovens do que ele. E ven-
ceu com exatos 2.222 votos
(49,29%), enquanto o segundo
colocado, Donizete do Posto
de Saúde, do PTC, teve 559
votos (12,40%).
"A repercussão que tivemos depois do Imin 100 foi muito
grande, não só na região de Londrina, mas também vieram
clientes de Maringá, São Paulo e, principalmente, de Curitiba
querendo conhecer o Hachimitsu. Depois do evento, nossas
vendas cresceram 30%. Continuamos a atender eventos e já
recebi convites para abrir franquias em outras cidades. Acho
que a boa repercussão se deve às matérias sobre o Hachimitsu
divulgadas no Paraná Shimbun e ao fato de termos servido o
príncipe, em sua visita à Rolândia. Quanto aos clientes que
vêm conhecer a confeitaria, vejo que ficam satisfeitos com a
qualidade dos doces pela fisionomia deles".
Anuncie: (43) 3334-0348
Veiculação dirigida,
retorno certo
Divulgação
Fotos: Arquivo Paraná Shimbun
Vivian Fukushima