num teste. Esse nível é dado por aquilo que a criança consegue fazer por si mesma, isto
é, pela solução independente de problemas. Ele caracteriza o desenvolvimento mental
retrospectivamente.
2º - nível de desenvolvimento proximal, que define as funções que estão em
processo de maturação, o estado dinâmico de desenvolvimento; é a distância entre o
nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial. O nível de
desenvolvimento proximal é determinado através da solução de problemas sob a
orientação de adultos e em colaboração com companheiros mais capazes (quando o
professor inicia a solução e a criança completa, por exemplo). Ele caracteriza o
desenvolvimento mental prospectivamente.
Assim, aquilo que é zona de desenvolvimento proximal hoje será zona de
desenvolvimento real amanhã. Ou, em outras palavras, o que a criança faz hoje com
assistência, amanhã fará sozinha.
O conceito de zona de desenvolvimento proximal leva a uma reavaliação do papel
da imitação no aprendizado. Para Vygotsky, a imitação não é um processo meramente
mecânico. Uma pessoa só consegue imi tar aquilo que está no seu nível de
desenvolvimento. Por exemplo, se o professor usa material concreto para resolver um
problema, a criança entende; caso ele utilize processos matemáticos superiores, a criança
não compreende a solução, não importa quantas vezes a copie.
Uma conseqüência disso é a mudança nas conclusões que podem ser tiradas de
testes diagnósticos de desenvolvimento. A zona de desenvolvimento real medida pelos
testes orienta “o aprendizado de ontem”, isto é, os estágios já completados, sendo,
portanto, ineficaz para orientar o aprendizado futuro. A zona de desenvolvimento proximal
permite propor uma nova fórmula: o bom aprendizado é aquele que se adianta ao
desenvolvimento. Assim, para Vygotsky, o aprendizado desperta processos internos de
desenvolvimento que são capazes de operar somente quando a criança interage em seu
ambiente e em cooperação com seus companheiros. Uma vez internalizados, esses
processos tornam-se aquisições independentes.
A grande diferença do homem com o animal é que este último não consegue
resolver problemas de forma independente, por mais que seja treinado.
Resumindo: para Vygotsky, os processos de desenvolvimento não coincidem
com os processos de aprendizado. O desenvolvimento progride de forma mais lenta e
atrás do aprendizado.
Capítulo 7 – O papel do brinquedo no desenvolvimento
Para Vygotsky, o brinquedo exerce enorme influência na promoção do
desenvolvimento infantil, apesar de não ser o aspecto predominante da infância. Para ele,
o termo brinquedo refere-se essencialmente ao ato de brincar, à atividade. Embora
mencione modalidades diferentes de brinquedos, como jogos esportivos, seu foco é o
estudo dos jogos de papéis ou brincadeiras de faz-de-conta (mamãe e filhinha, por
exemplo), típicas de crianças que aprendem a falar e, portanto, já são capazes de
representar simbolicamente e envolver-se em situações imaginárias. A característica
definidora do brinquedo, por excelência, é a situação imaginária.
A imaginação é uma função da consciência que surge da ação. É atividade
consciente, um modo de funcionamento psicológico especificamente humano, não
presente na consciência da criança muito pequena (com menos de três anos) e
inexistente nos animais. A criança muito pequena quer a satisfação imediata de seus
desejos. Ela não consegue agir de forma independente daquilo que vê, há uma fusão
entre o que é visto e seu significado. Um exemplo é a seguinte situação: “Tânia está
sentada. Pede-se à criança que repita a frase: Tânia está de pé. Ela mudará a frase para:
Tânia está sentada”.