Visita domiciliar guia-para-uma-abordagem-complexa-sarita-amaro-2ª.edição

cilmaracristinadossantos 27,468 views 35 slides Jun 06, 2014
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Slide Content

visita domiciliar é uma técnica que vem se po-

pularizando rapidamente, acompanhando a

crescente açäo de grupos governamentais e
náo-governamentais, assim como a acáo voluntäria,
nas comunidades, Desconstruir o mito de que visita é
uma acäo empírica, desprovida de fundamentos, faz
parte dos objetivos deste livro. Difundi-la e oferecer
subsidios para que o seu desenvolvimento ocorra so-
bre bases éticas, humanas e profissionais, também.
Mas, tudo indica que a originalidade do livro resida no
pensar complexo da autora em restabelecer os flos que
ligam a prática da visita à realidade concreta
Composto de reflexes, relatos, recomendagöes e ilu:
traces, o livro todo € um convite à construcáo da visi
ta domiciliar, na perspectiva da complexidade. Assis-
tentes socials, médicos de familia, psicólogos comuni-
tários, enfermeiros, agentes de saúde, conselheiros
tutelares, académicos e outros segmentos que se uti-
lizam da visita como ferramenta profissional estáo na
lente da autora e säo os principais destinatários desta
obra. Seja bem-vindo ao entrar nesta aventura epis-
temolégica!

|||

Www.oditoraage.com.br.

Guia para uma
abordagem complexa

SARITA AMARO

arita Amaro tem gradua-
40, mestrado e doutorado

em Servigo Social pela Pontificia
Universidade Católica do Rio
Grande do Sul. Possui várias
publicagóes sobre a questáo da
infáncia, dentre as quais
destacam-se os livros: Criangas
vítimas de violéncia: das sombras
do sofrimento à genealogía da
resisténcia — uma nova teoria
cientifica (AGEJEDIPUCRS),
Lugar de aluno € na escola: o
papel de cada um (EVANGRAF) e
inúmeras outras sobre
demandas e abordagens em
Serviço Social Educacional, em
cujo espaço milita em favor da
inserçäo de assistentes sociais
em equipes interdisciplinares,
atuando diretamente nas
escolas. Coleciona experiéncia
em várias universidades como
docente, pesquisadora,
coordenadora e extensionista,
principalmente nos cursos de
graduagäo e pds em Servico
Social, Administragao e
Pedagogia

AASSY Amaro, Sarita
Visita domiciti

dagem complexa

Ped. AGI

Lixisem. :
ISBN
1, Assisténcia se

‘Catalogagio na publicatio, Leandra Augusto das

s Lima» CRB 1041273

Sarita Amaro

Visite a
Demieillar

Guia para uma
abordagem complexa

E

PORTO ALEGRE 2007

© Sarica Amaro, 2003

Capa:
1a Gerarti Lima
ilo ilustragäo de
Renato Santos Júnior (Tuta)

Hustragoes:
"Tura

Diagramagio:
Lauri Heaocrxts Carboso

Supervinto editorial
Pavio Five LEDER

Edisoragúo elerrénicat
— Assessonta Gr

Reservados todos os direitos de publicagio à
EDITORA AGE LTDA.
[email protected]
Rua Dr. Ramiro d'Ávila, 20, conj. 302
Fone (51) 3217-4073 ~ Fax (51) 3:
90620-050 Porta Alegre, RS, Brasil

wawweditoraage.co

Distribui
Rua José Rodı
Fone (51) 33:

Empuesso no Brasil / Pri

ed in Brazil

à Eprroriat. Loa,

edico este livro a todos os pro-
fissiona

is de saúíde, em especial
aos meus colegas de diferentes ärcas
e fungócs que arıam na 13* Coor-
denadoria Regional de Saúde do
tado do Rio Grande do Sul.

Apresentagáo .

Visita: Consideragöes Iniciais
1. Visita domiciliar: o que &

2. Profissionais "v dores”
3. A visita domiciliar como ops

merodolögier emmener

Realidade e Co

aplexidad
1. A realidade € mais que
cores ou facticidades

2. Nem tudo € o que vocé vé, nem tampouco

3. O que bi para ver pode-se ocultar na visita

Re:

10 Complexa ..

à ver a realidade

1. Vocé está promo pa
tal como ela
2. Ou voe® está apenas procurando “alguma
coisa” enquanto visita? el

3. A verdade da realidade parte de uma visto
complexa preocupada em compreender o.

conjunto relacion 36

Questia Social, Socialidade e Complexidad:

1. Olhar a relagäo social e ver o que cla
escondo ¢ imanta eee

2. A questáo social na lente de um olhar
complexe .

Por uma Abordagem Complex
Visita Domicil

ligäo de coc oolhar complexe

€ alimentado por um pensamento complexo ..

2. Ética, uma condigäo indispensável .
Tiés perguntas-chaves: por que, quando

e com quem visitar?

A relagäo profissional na visita domiciliar

A dialética da duragáo da visita domiciliar...

O registro da visita domiciliar „u...

idéia de escrever este livro partiu
inicialmente de uma situagäo mu
to específica: um colega da univer-
sidade solicitou que eu Ihe emprestasse al-
gum material sobre visita domiciliar para
que o mesmo pudesse indicar a seus pupi
los. Quando dei por mim, estava em casa
a procurar entre meus livros, jé
tada por nada encontrar, Náo havia ne
nhum título, nenhum artigo, nem texto
mimeografado.

Em meio à busca, a memória de meu
tempo de graduanda na Faculdade de Ser-
vigo Social emergiu, e nesse resgare perc
bi que nunca havia tido contato com um
livro ou artigo sequer sobre visita domi
liar até aquela data.

Inicialmente, essas recordagées me d
xaram desconcertada, Afinal, o Servigo
Social € uma das áreas que mais empr
visita domiciliar em suas abordagens, e
desde os primórdios da profissáo.

Visita DOMICIHAR

Comecei a me lembrar das inúmeras vi-
sitas técnicas que já realizei, orientei e co-
ordenei ao longo da aruagäo como assis-
tente social e excensionista universitiria.
Percebi que muito do que sei deriva da ob-
servagäo participante de uma sintese pro-
fissional propria.

Desde aquele dia, assumi comigo o
compromisso de colocar no papel o que
sei sobre visita domiciliar, que por sinal €
uma técnica que vem se popularizando
pidamenre, acompanhando a crescente
agäo de grupos governamentais e náo-go-
vernamenrais nas comunidades.

Desconstruir a imagem estercotipada de
que visita € coisa de leigos, cristalizada num
empirismo e desprovida de fundamentos, faz
parte dos objetivos deste livro. Difundi-la e
oferecer subsidios para que o seu desenvolvi-
mento ocorra sobre bases éticas, humanas e
profissionais, também.

A idéia de escrever sobre a visita na pers-
pectiva da complexidade constitui um en-

saio nessa direçio, mobilizada pela indaga-

<äo: estaráo profissional apto a captar a com-
plexidade do real na visita domicilia

No livro, essa resposta € composta, me-
diante o restabelecimento dos fos que ar-

ciculam a técnica da visita à realidade com-
plexa. Os capítulos provocam os profissio-
nais a rever seus conceitos, seduzindo-os
para ver a realidade em sua danga comple-
xa. A linguagem despojada, acompanha-
da de ilustragöes e o formato de bolso se
associa à técnica em tela, em seu trago
potencialmente criativo, crítico e diná-
mico.

Seja bem-vindofa) a esta aventura epis-
temológical

SARITA AMARO

Vistra Dosmenn

Visitas Consideracios Inidieis

1. Visita domiciliar: o que 6?
A

uma prática profissional, investigativa

ou de atendimento, realizada por um

où mais profissionais, junto ao indivi-
duo em seu próprio meio social ou familiar,
No geral, a visita domiciliar, como interven-
sao, reúne pelo menos trés técnicas para di
senvolver: a observagäo, a entrevista e a hi
tória ou relato oral.

A visita como técnica se organiza mediante

o diilogo entre visitador e visitado, no geral
organizado em torno de relatos do indivi-
duo ou grupo visitado. Esse diálogo, distin-
to de uma simples conversa empírica, é me-
rodologicamente, o que se conhece por en-
trevista, mas como se trata de uma entrevista
profissional, guiada por uma finalidade es-
pecifica, pode-se dizer que geralmente as vi-
sitas domiciliares sio entrevistas semi-estrutu-
nadas, dado que orientadas por um planeja-
mento ou roteiro preliminar, A observacio,

Visita DOMICILIAR

sempre presente, indica a acuidade atenta aos
deralhes dos fatos e relatos apresentados du-
rante a visita. A importáncia do relato está

lar como as pessoas däo sentido
As suas vidas dentro dos limites e da liber-
dade que Ihes sáo concedidos” (Camar-

em “revel

20,1984, p.42
go.1984, p.42).

Inicialmente, entendemos ser necessärio,
conceituara vida, antes mesmo de detalhar a

metodologi
gundo +

que se propóe a captä-la. Si
ulkner (apud Camargo, 1984):

* vidas sio propriedades biográficas perien-

centes a pessoas ea outros, inclus
dituigôes e Nagóes-Estados;

+ as vidas sio produgócs interpessoais que
envolvem relagé de cons
qüencias morais, técnicas, políticas, eco-
nómicas, de parentesco e sociais;

+ cada vida € ao mesmo tempo singular e
universal, particular e, no entanto, ge-
neralizável; as vidas sáo a expressäo da
história pessoal e social, bem como das

¡as relacionais de influéncia;

* cada vida € vivida e contada dentro de
uma linguagem particular e de um con-
junto de significados que devem ser
apreendidos e registrados (Faulkner,
apud Camargo. 1984, p.32-33).

ve ins-

Sarita Asano

nalitica e sinteticamente, a incerpr
io do visitador deve observar a totali-
dade significativa da vida do sujeito, ma-
ifesta em suas narrativas pormenorizadas,
nas conversas trocadas, sem descartar sua
correlagäo com as intimeras situagócs e
expressividades observadas.

2. Profissionais “visitadores”

De um modo geral, a prática da visita está
ligada a alguns segmentos profissionais es
pecíficos. O que os identifica € a idéia de

que as pessoas tendem a enfrentar melhor

suas dificuldad
prio meio social, familiar ou comuni
© lugar do cotidiano, da realidade con-
creta ou mundo vivido como espaço de
criaçäo, aprendizado e emancipagäo, tem
raizes no pensamento marxista em suas di

ferentes correntes, expresso nas produgóes
de Agnes Heller, Karel Kosik, Jurgen Ha

bermas e Humberto Maturana.

Nessa linha, médicos de familia, assisten-
tes socias, psicólogos comunitários, terapeu-
amiliares e enfermeiros säo os principais
executores de visitas. Mas é bom que se es
clarega: náo € técnica restrita à area da

quando escáo em seu pré-

ário.

Vista Domcnaar

saúde. A educaçäo também tem se revelado
uma grande praticante desse procedimento.
Professores particulares desenvolvem poten-
cialmente uma visita de atendimento quan-
do prestam reforgo escolar. Além de médi-
cos e educadores, outros segmentos profis-
sionais efetuam cotidianamente visitas de
conhecimento (exploratórias) ou acompa-

nhamento (interventivas). É o caso do agen-

te de saúde e do conselheiro tutelar, cuja pı
tica de visitas a indivíduos ou familias, além
de corrente, está arraigada a sua cultura pro-
fissional.

3. A visita domiciliar como
opçäo metodológica

Como outras técnicas e abordagens, a visi-
ta em sua natureza requer predisposiçio €
interesse, Salvo o caso de atividades pro-
fissionais em que a visita € basilar e obriga-
tória, € importante que o profissional que
a desempenha efectivamente a adote como
técnica, por opçño.

‘Tratando-se de uma escolha metodológi-
, vantagens e desvantagens devem ser con-
sideradas. Entre as vantagens está o fato de

Sanita AMARO:

e mum docs privilegiado. o espago
vivido do sujeito e, no geral, contar com a
boa receptividade do visitado, O faro deacon-
tecer no ambiente doméstico, no cenário do
mundo vivido do sujeito, dispoe r de
convivialidade e relacionamento profissional
mais flexiveis e descontraídas do que as prá-

ticas do cenário institucional. Muitas vezes o
comparti-

fato de estar junto com o usta
Ihando de fragmentos de seu cotidiano, faci-
lita a compreensio de suas dificuldades, fa-
vorece o clima de confianga e acaba por for-
ralecero aspecto eminentemente humano da
tre as desvantagens,

relagáo constituida.
‘ncia de controle de o profi

sta a aus
ber o que acontece em torno da visita, ou
ja, na casa. Essa desvantagem, na verdad
associa=se antes à natureza da cotidiancida-
de, reforgada na visita, na qual tanto rotinas
€ práticas regulares como faros imprevistos
sto comuns. Afinal, o profissional, ao visitar,
se insere no cotidiano do orrro e de alguma
forma deve se ajustar as condigóes que en-
contrar. O espago ideal para aquele testemu
nho nem sempre existe, Da mesma form;
nao se pode, no espago do outro, repreendí
lo ou corrigi-lo por gritar com o filho ou
mesmo reagir colérico contra um vizinho.

Vistra Dome

1. Arealidade é mais que uma soma
de fatores ou facticidades

océ olha o céu e o que vocé vé? Um
amontoado de estrelas, umas maio-
res, outras menores, umas mais ilu-
minadas que outras. O céu estrelado com-

pöe-se das estrelas que vemos e conhece-
mos, bem como daquelas que nem sequer

imaginamos que existam.

E mais ou menos isso que acontece com
a realidade que observamos ao visitar. A
realidade compöc-se e estrutura-se com
base na presenga e auséncia de alguns ele-
mentos, que nem sempre sáo de nosso co-
nhecimenco.

Mas há quem ainda acredite que at
lidade seja exclusivamente a reuniäo do que
se vé, cristalizada na soma dos fatores ou
condicionamentos que se evidenciam — o
que eu considero uma id&ia muito resu-
mida de conceber a realidade.

SARIZA AMARO

Náo estou querendo dizer que a reali-
dade nao seja composta de uma diversida-
de de fatores, mas chamar atengäo para o
fato de que a realidade existe e só € com-
precndida em sua complexidade quando
se olha para além dessas somas de fatores.

Visita Donc ir

Ou seja: a realidade nao € uma forinula
matemätica, com uma única resposta para
cada cqua

Estou colocando em questäo aqui aque-
la ideia de que pelas partes se conhece o
todo, baseada na premissa de que o todo
deriva da soma das partes,

No acredito que a realidade objetiva
corresponda a esse todo-mosaico, em que
cada parte é conectada a apenas um ped
go do todo para ganhar e dar sentido à rea-
lidade que configura

Acredito, sim, que a realid
xa se revele n

de comple-

artes, como todo ordena-

doco

Anico que é essa composigäo. As-
sim, o todo é perceptivel em “todas as par-
tes”. Essa & a linguagem do holograma,
como também é a do DNA.

Ée isto hologramitica que perm
tin aos cientistas observarem nossa consti-
tuigáo celular e apostarem na possibilida-
de dese produzir, a partir das partes, “tota-
lidades geneticamente idénticas”, como a
ovelhinha Dolly.

Nao &, portanto, na som:
na relagáo estabelecida entre

+ mas sim
partes que
a realidade existe e revela seu sentido
complexo.

Sanrıa AMARO

A soma das partes é reveladora apenas
de fragmentos de verdade da sicua
pretendemos observar na visita.

Devemos estar acentos a captar o todo,
restruturando-o através de nosso olhar vi-
gilante, ocupados em identificar o máxi.
mo de situagóes e relagöcs que reforgam,
condicionam ou explicam à atitude do su-
jeito ou sua resposta evasiva

2. Nem tudo é o que vocé vé,
nem tampouco como vocé vé

A realidade € bem maior do que o nos-
so olhar ou percepgäo pode captar. Es
é uma verdade inalienável e que explica,
em parte, por que € tio fácil distorcer-
mos os faros e conscruirmos inrerprera-
ses equivocadas.

De faro, a realidade que existe objetiv
mente est lá macerializada na vida do su-
jeito, toda coerente em cada ato ou signi-
ficado que amarra sua ordem natural.

O problema é que nem sempre nossa
razáo e visio estáo aptas a captar todas as
relagdes, agúes e significados que compóem
o real do sujeiro ou grupo que estamos dis-

Visita Domenar

postos a observar através da visita. Apesar
de essa dificuldade constituir-se num fa-
cor complicador, ao mesmo tempo é ela
mesma um fantástico desafio. Ela desafía
constantemente nossa consciéncia a des-
pojar-se de preconceitos e mitos; ao passo
que nos provoca a olhar a realidade com
curiosidad e espírito investigativo.

Nessa perspectiva, entäo, a apariçäo de
situagóes ou fatores surpresa na visita é sem-
pre bem-vinda. Esteja, portanto, sempre
pronto para o inesperado.

Além disso, como a realidade é com-
plexa, nao se apresse cm fazer interpreta
góes sobre o que voce ve.

Muitas vezes, diante de nossos olhos, in-
avelmente preconceituosos e pouco hä-
beis do ponto de vista investigativo, a reali-
dade que nos surpreende ou choca rende a se
manifestar como um desvio ou perversäo,
quando na verdade nao é nada disso. Nao vá
acreditando nos padróes de realidade que vocè
conhece para neles encaixar a vida real das
pessoas que voce vai visitar,

Pais idosos náo sáo sempre pais su-
perprotetores, assim como casais jovens
o säo, a priori, negligentes ou irres-
Da mesma forma, familias

Sara Aviano

chefiadas por máes lésbicas nada tem de
promiscuas ou lares doentios ao desen-
volvimento de uma crianga, como infe-
lizmente pensam multas mentes conta-
minadas por preconccitos.

O que estou querendo dizer é que a reali-
dade esta lá pronta para ser interpretada, den-
wo de sua verdade peculiar. Na visita, deve-
mos estar aptos para encontrar a verdade da-
quela realidade, nao a verdade que acredita-
mos ou que queremos ver, Näo espere, por-
tanto, chegara modelos de realidade, para clas-
sificar a verdade de cada história falada ou
observada nas visicas que realiza, Em cada

ida, em cada experiéncia particular, vive,
provavelmente, uma verdade nas motivagóes,
necesidades e situagöes que impulsionaram
a realizaço desta ou daquela agäo pelo indi-
viduo. Se os modelos existen, eles näo pas-
sam de tendencias ou evidéncias de que e
alguns aspectos a vida social e particular se
reflerem, como um espelho.

O importante, porém, € qui
conte com isso ao dirigir-se a uma visita.
Nao vá pensando que essa familia € como
a da dona Fulana, que tem tal hábito e por
isso tem tais problemas.

Dirija-se a cada visita disposto a conhe-
cer um universo diferente e se depois voce

voce nao

Vita Dosucmar

encontrar afinidade com outra história fa-
miliar ou individual, simplesmente apreo-
da com essas evidéncias, sem deixar-se es-
eravizar por cl

3. O que há para ver
pode-se ocultar na visita

Lembro-me, de repente, de uma cerra vi-
sita que realizei hä cerca de dez anos. A
finalidade da visita era verificar se a fami-
lia era elegivel à obtengao de um recurso
destinado à aquisiçäo de material de cor
trugäo para reforma da casa. Na ocasiäo, a
instituigäo exigia que apresentássemos um
cronograma de visitas, sendo que as datas
das mesmas cram definidas com a pessoa
solicitante do recurso. Assim, no dia e hora
previstos, dona Fulana estava lá pronta pra
me receber,

Explico melhor o que eu quis dizer com
a expresso pronta: a casa estava arrumada,
mas no ostentava qualquer sinal de con-
torso. A televisäo era velha e parecia sem
uso. Os estofados eram gastos e muito an-
tigos. Havia um quarto literalmente vazio
na casa e no outro uma cama de casal, onde

SARITA Amaro

dona Fulana dizia ser o aposento em que
dormiam ela, o esposo e o casal de filhos
pequenos. Bem, isso foi o que eu vi. Mas,
neste caso, © que eu vi no era a verdade,
Aquela coisa toda que eu vi fora arranjada
e calculada para conseguir um parecer fa-
à solicitaçäo do recurso. Meses de-
pois de ter dado parecer favorável à dona
Fulana, tive conhecimento de que ela ha-
via planejado aquela representagäo toda
€ pago uns trocados a uma pessoa muito
pobre da comunidade pelo empréstimo
de seus móveis e TV naquela tard
dona Fulana pretendeu demons:
réncia financeira no simulacro que cons-
truiu para corresponder aos critérios ins-
ticucionais. E cu estava lá para compro-
var a (pscudo)verdade que cla estava de-
monstrando.

SituagSes como essa sáo mais comuns
do que se pensa.

Familias candidatas à adogáo sao incri-
velmente harmónicas, interessadas e cari-
nhosas com criangas. Talvez o sejam, na-
turalmente. Mas, no dia da visita, elas es-
forgam-se para agirem de modo convin-
cente. Esteja atento, portanto, para con-
centrar sua percepgáo no que “nao é dico
ou que “nao está diretamente visivel”.

vorávi

Visita Domrcu rar

Observar o que nao é explicitado € um
caminho à descober
tos

a de provävcis aspec-
mportantes daquela rcalidade.
Procurar entender (observando ou per-
guntando) por que a vovó só fi
to e é mantida afastada das r
liares só pode ser um:
quem esti

no quar
çôes fami-

preocupagäo de
nteressado em captar a realida-
de para além da superficialidade aparente.
O aparentemente óbvio pode ser um en-
godo ou uma visio parcial da verdade.

Da mesma forma, a compreensio da
realidade complexa pressupóe o encontro

Samira Aj

de elementos que autentiquem sua co
cia interna. De repente, no relato da fami-
lia todos os filhos estudaram em escola
pública — podendo essa informagao cara
terizar dificuldade financeira da família em
custear os estudos dos filhos e admiti-los à
bolsa solicitada. Mas, ao encontrar-se um
quadro na sala ou uma foro num porta-
retrato que indique a formatura de um dos
filhos em uma cara escola particular, pode-

se rever a visio inicial.

Ou seja: dev tento para olhar
o diferente, o inaudito, o invisivel; o que
está fora da sala ou fora de visio, o que
no aparece no relato ou na casa.

Nao devemos nos satisfazer com o que
vemos ou com o que nos € mostrado e dito.
Devemos buscar evidéncias também no
que está oculto.

e estar

u
/ 7

Vista Dosaiecitiar

1. Vocé esta pronto para ver
a realidade tal como ela 6?

eja honesto consigo mesmo ao re
ponder essa pergun

E se vocé as-

sim o fizer, estará confirmando o
quanto € dificil encarar a realidade tal como

ela

! idade é com-
plexa, ela patrocina de alguma forma o en
contro da realidade do outro com a sua,
provocando a redefiniçio de paradigmas
que falam de vida, de morte e do que é
necessärio para ser feliz,

O fo de à realidade do outro se revelar
para vocé, ou näo, depende, antes de tudo,
dla sua predisposigäo. Talvez naquele dia voce

atamente porque a rea

náo esteja mena boa consigo mesmo e na-
quela visita, por obra do comas, vocé se de-
pare com uma situaçäo semelhance

Se voce náo está predisposto para com-

sua.

preender uma sicuaçäo, que no seu con-

Sarita Asano

di-

ceito € conflitante, possivelmente te
ficuldades em ver aquela realidade tal como
ela é. Nesse caso, a racionalizagäo que vocé
rende a construir sobre a realidade do outro
pode estar servindo em beneficio próprio.
Mas pensemos em outra situagäo, nada
conflitante: vocé vem de uma familia com
recursos e ótimo nível social e certo dia se
vé visitando, a trabalho, uma familia que
vive em condigöes miseráveis. Voce já sab
de antemáo, que a vida de quem € pobre €
muito dificil. Mas ver essa realidade de

forma de discriminagao, mas vocé n
do que está por ver. Che

mesmo tem id

gando na casa, conversando com as pes-
soas, vocé nao se surpreende muito. À po-
breza náo fez deles pessoas muito diferen-
tes das familias que vocé conhece. Mas ao
sair da visita, pode ser que vocé fique com
a idéia de que: L. as criangas sáo preguigo-
sas por náo estarem estudando (vocé viu
que elas estavam dormindo, durante o dia,
mas desconhece que trabalham à noite en-
tregando jornais); 2. a dona da casa nao
sabe veceber bem, pois nada servia durante
mia hora de visita (vocé pensa isso, de

Visita Dome

ARITA AMARO.

conhecendo que a familia pouco tinha para
sua propria sobrevivencia); 3. a familia €,
no geral, pouco higiénica (vocé ficou irri-
tado ao ver que a dona da casa e os demai
parentes exibiam roupas sujas ou mal
vadas, com um odor enfumagado, sem sa-
ber que a familia lava sua roupa como pode
© seca no vento — infelizmente enfumaga-
do pelas atividades do lixäo nas proximi-
dades da casa).

Se vocé sai daquela visita pensando as-
sim, saiba que vocé náo viv a realidade ver-

dadeira; apenas codificou aquelas cenas
conforme o seu quadro referencial pessoal.

Captar a realidade dentro de seu quadro
social e cultural específico exige do profissio-
nal a visio de seus elementos dificeis, int
gantes e conflitantes, por mais estranhos que
eles possam parecer a nossa razäo.

A questáo que se coloca € : até que pon-
to estamos aptos a ver tais elementos?

Já vimos o quí
coloca
tudo indica que só estar interessa
o real concreto näo basta.

Para que isso ocorra, € preciso tam-
bém que se esteja pronto para ver o ines-
perado.

nto a predisposigáo nos
em sintonia com a realidade, mas

do em ver

Vista Dose

Sanita Asano

O estranho, o diferente e o
vel d

nacrediri-
am de ser blogueadores da visio da
realidade a partir do momento em que pas
sam a compor a pauta das expectarivas do
profissional que realiza a visita.

ada de surpresas ou de achar tudo es-
tranho, horrendo, fantasmagórico. Se vi
vemos, situados no mundo real, vendo si-
tuagóes novas, ma

is ou menos violentas e
> estar

aviltantes, 0:

mos encontrando
nada de tio novo assim.

Ha gente que preferirá continuar mas
carando a realidade, vendo nela fadas onde
náo há ou pintando a realidade com cores
que nela inexistem. Essa acitude nada tem
a contribuir à leitura complexa da realida-
de, além de desviar a compreensi

0 da rea
lidade de seu caminho original.

Acredito que é preciso coragem € coe-
réncia para romper com e
e falsificadora da realidade.

a visio parcial

2. Ou vocé está apenas procurando
“alguma coisa” enquanto visita?

Há gente que usa a visita domiciliar para
realizar u

ma busca de coisas, como provas

Vistra Dosacnm

Saxııa Astaro,

que atestem alguma situagäo. A impressio
que fica € que a visita domiciliar termina-
rá no momento em que a coña procurada
aparecer.

Esse tipo de visita näo é ficcio
existe e € bastante praticado.

Sáo aquelas entrevistas que distraem o
dono da casa com perguntas enquanto, sem
olhar seu interlocutor, o entrevistador vai vas-
culhando a casa inteira para verificar se lá exi.
tem aparelhos cletrodomesticos e utensilios
indicadores de conforto e status social.

Imagine por um instante que você € à
pessoa visitada e sinta o quäo desagradável
€ essa situagäo: voce é visitado e © profis
sional nem olha para vocé, pergunta coi-
sem dialogar com vocé.
quem faga isso nas visitas, mesmo.
sem ter essa intengio.

E o caso do profissional, ancorado numa
ño parcializada do real, que vai à visita
pronto para coletar o que pretende ver. Nao
se trata de objetivaçäo — o que seria uma boa

ele

dade a uma série de fatores observáveis.
Esse profissional usa a visita para v

ficar
. Ele vai à visita, sabendo de
ancemáo o que irá ver, desinteresado em as-
pectosestranhosaqueles que prev

mente cle-

Vistra Desaciiiar

geu. Se os aspectos diferentes aparecerem,
possivelmente ele nao considerará.

Seu relatório nada dirá sobre os elemen-
tos novos ¢ inesperados daquela realidade
contextual

Tal profissional coleta verdades sociais
como quem coleta material para
boratorial. Produz conclusö
soma glóbulos vermelhos.
Mas os aspectos da re
mobil

análise la-
como quem

lidade social que
am a realizagáo de visitas domici
io pouco comparáveis à essas parti-
culas biológicas.

Portanto, arengáo, para nao fazer o mes-
mo. A verdade do real nao reside exclusi-
vamente em situagdes conhecidas postas à
verificagdo, mas em um indefinido núme-
to de outras situagöes desconhecidas, pos-
tas à exploracáo investigativa do profissio-
nal, durante a realizacao da visita,

3. A verdade da realidade parte
de uma visáo complexa
preocupada em compreender
© conjunto relacional

O olbar simplificado € um olha
marcado pela v

tr reduto:
o aromizada e acomiza-

Sarita Astancı

dora; caracteriza-se por praticar um isola-
mento mutilante dos fatores que compôem
o fenómeno, Retalha a compreensäo de sua
toralidade e acaba por restringir o alcance
das observagóes construidas a partir da vi-
sita. O pensamento redutor atribui a ‘ver
dadeira' realidade nao ás totalidades, mas
aos elementos; nda às qualidades, mas ds
medidas; ndo dos seres e aos entes, mas aos
enunciados formalizáveis e matematizävei
(Morin,1998:27).

Por outro lado, na ultrapassagem do
ao baseada

olhar redutor, emerge uma y
num principio de complexidade. Nessa
perspectiva, o profissional esforça-se em
obter uma visio poliocular ou poliscópica
do fenómeno, preocupado que está em
romper com à fragmentagäo e a incomu-
nicabilidade das particularidades.
A coeréncia do processo empreendido na
visita com o princípio de complexidade am-
la as possibilidades qualicativas e quantita-
das observagóes a serem formuladas.
Primeiro, porque o aumento do alcan-
ce da fente do profissional evoca uma sig
nificativa ampliaçto no campo das in-
dagagóc:
E segundo, porque se expande também a
observaçäo dos componentes do fenómeno:

Visita Dosuicitiar

passando a admitir que inércia, descontinui-
Jade, aleatoriedade e improdutividade sio ca-
racteristicas objetivas, mensuráveis e, sobre.
tudo, presentes em todo e qualquer fenomi
ho, mesmo quando náo sáo visualizados pela
lente da razäo que observa.

Ao passo que a visita vai se desenrolan-
do, seu conteúdo vai ganhando deralha-
mento © profundidade, Exatamente por
isso, a visita, gradualmente, passa a exigir
maior habilidade © atengäo do profissio-
nal que a realiza, Afinal, tudo na visita fala.
A mobilia da casa, assim como as filas €
emages rr

festas ou veladas dizem men-
sagens que devem ser observadas e consi-
deradas na interpretagäo e análise que se
desenvolverá a partir da visita. Nesse sen-
tido, requer que o visitador oriente scus
sentidos para ow

Y náo apenas as palavras
ditas, como as ndo-ditas. Ver no movimen

to dos corpos, nos gestos realizados où blo-
queados, na tonalizaçäo ou silenciamento da
voz, na queda das lágrimas, nas relagdes fisi-
cas de afago e repulsa, o que esses atos-men-
sagens conte de medos,
tegöes e maus-tratos,

times, afetos, pro-

Sanita Amaro.

1. Olhar a relagäo social e ver o
que ela esconde e imanta

espelho do con-

se palco de

apelo político, configurando-se du-
© capital pol

plamente demanda polit

tico. Essa fincionalidade pacrocinou a in-
venç
de socialidad
dades perderam a solidez e rornaram-se vo-
liceis de valores, ideologías, conduras € re-
aa politica do mur
do, acrescida dessa maquinaria simbólica,
desencadeou uma crise no universo das
subjetividades. Quando o individuo se
descobriu e passou, finalmente, a reclamar
sua identidade, todo um aparelho social €
acionado para fazé-lo novamente submer-
gir à massificaçäo. O prego de defender e
manifestar sua singularidade ou represen-

Visita Domici ian

tagäo em dada coletividade € alto. A afir-
magäo da diversidade de ser mulher, afro-
descendente, portador do virus HIV, ho-
mossexual transgénero, ou indígena, con-
fronta-se com a padronizagáo de modelos
sociais, tipificadores de prestigio ou esti
ma previamente associados a cada um de:
ses segmentos. Conforme a sociedade e a
cultura local, usar trangas nastafari pode ser
mais où menos aceitävel. Da mesma for-
ma, um casal homossexual masculino ou
feminin pode sofrer maior discrimir

se estiverem em uma sociedade
machismo impera.

em que o

Essa desfiguragäo do social, que subme-
teo individual a um padráo social morali-
zador, rem acarretado mutilagäo da ques
äo social, que cumpre desconstruir,

2. A questáo social na lente de
um olhar complexo

Quando se fala em realidade social e, mais
precisamente, em questäo social, logo se
pensa em apenas uma fatia da sociedade: a
dos despossufdos, dos desiguais. Na histó-
ria do pensamento social, a quest

äo soci

ARITA AMARO

está invariavelmente vinculada à exclusáo
e marginalidade, como fenómenos globais,
representados em histórias individuais e

coletivas.

Parece, contudo, que pensar questáo so-
cial nesta perspectiva, pode ser menos com-
plexo do que se imagina: há interfaces es-
quecidas do social que cumpre reconhecer
para redimensionar o olhar sobre a ques-
to social.

Tradicionalmente, somos ensinados (na
vida social e nos centros escolares) a codi-
al tudo o que passa

ficar como ques
pelo filtro das políticas sociais ou que e
ta sob o signo da perda ou défi
Na contramarcha dessa tendene
rem, hä autores que reconhecem como
stäo social elementos como a cultura e
a politica, que imantam cidadania e toda
uma correlagäo de forgas de trago ascen-
dente. Nessa perspectiva, Chaui (1972) e
Demo (1988) náo economizam argumen-
tos para lembrar que é a cultura que faz a
la e náo o contrário: a cultura

ño soc

democra
funciona como motor que estrutura e di-
namiza a participagio e a atividade politi-
ca dos sujeitos. Nesse processo, parece in-
dispensável que o olhar do profissional fo-

Visrra Domiciu1ar

calize a questáo social e, principalmente
has novas configuragöes que a mesma pas-
sa a admicir
„ Nesse itinerário, as orientaçôes do pro-
fessor Otavio [anni (1994) servem como
büssola, sobrerudo quando sugerem que
abandonemos a associaçäo exclusiva da
questäo social à desigualdade social e fe-
nómenos dessa ordem.

Segundo o professor, há que se obser-
var à quescäo social noutras conjungóes.
para além do signo da exclusáo social, De-
semprego, subemprego e miserabilidade
sto dimensôes importantes da questäo so-
cial, mas nao a esgotam: “As reivindicacóes,
greves e protestos também expressam algo
desse contexto”. !

Nessa direçäo, novos grupos e práticas
sociais säo formados, tecendo um comple-
xo processo histórico-social em que a luca
por cidadania interage com a metamorfo-
se da populagäo e com a r
ral e ética da prépri

Castel (1998) corrobor
quando reafirma: “Náo se trata de pensar
apenas os fenómenos de como e quem foi

Piden. p. 92,

Sasıra Anno

posto à margem, mas também o que acon-
cece com os que permanccem no interior
das zonas de cocsäo social ou nas zonas de
integragáo, em seu frágil e wansirório equi-
líbrio, constituído a partir do vínculo en-
tre as relaçôes de trabalho e as formas de so-
cialidade."? Afinal — complementa o autor
—, € impossivel separar completamente os de
dentro eos de fora, já que há um continuum
de posigöes que se contaminam (...)3,

Ao adotarmos esse olhar, passaremos a
ver nao só a desestabilizagäo, a precari
gáo e a miserabilidade como faces da ques-
> social, mas também as relagöes e es
pressóes sociais que ocorrem no fluxo en-
tre as zonas de inregraçäo © as zonas de coe-
sáo social,

É apenas nessa perspectiva que se pode
compreender o solidarismo no contraste
com o ernocentrismo; a violéncia urbana
rescente; a multiplieidade de subjerivida-
des; a proliferagäo de socialidades e as pos-
sibilidades de gestäo social democrática
como fundantes de uma nova configura-
gáo da questäo social.

Castel, 1998, p.12.
* Ide

Visita Dome

A questáo social tornou-se cada vez mais
permedvel as mudangas conjunturais e ad-
quiriu diversidade e maleabilidade, como
reflexo da polifonia e polissemia da muta-
ño do mundo social e político.

Universo volátil, compóe-se e se des-
compoe dialericamente, no curso do reor-
denamento das regras sociais, do acirra-
mento das forgas em lura e da agudizagio/
enfrentamento da miséria económica e
política que amotina o povo brasileiro.

Tecido constituído por desigualdades.
confrontos, conformismos e resisténcias!,
historicamente situados e construídos sob
a regéncia da sociedade cm movimento,

Comprender,

alisar e pautar essa dia-
lética da questäo social requer relativizá-la
com as mudangas macro e microfísicas que
esto sendo organizadas no cenário politi-
co, educacional, cultural, filosófico, teoló-
gico, científico e tecnológico. Mas o mais
importante, ver a questáo social na lente
da complexidade implica romper com os
maniqueísmos e estigmas a ela asociados,
tomando sua génese como encontro do
uno com o múltiplo, da fragilidade com a

“anni, p 92

à AMARO

potencialidad, do medo com a coragem,
do conformismo com a resisténcia. Afinal,
essas atitudes nao se encontram dispersas,
deslocadas, nem tampouco indissociadas.
Urge, portanto reconhecé-las nesse seu
movimento, restaurando suas reciprocida-
des, tensöes e mutagdes. À exemplo da
consciencia que pensa a questio social em
sua complexidade, recomendamos que
também a agáo profissional se revigore.
Trata-se de avangar em práticas e proc:
sos de trabalho que observem € ativem a
rede institucional e social que abriga cada
questáo social específica e suas interfaces.
Trata-se também de ser um agente profis-

sional sinconizado com essa cultura de rede,

na linha relacional ¢ de soma que a inver-

disciplinaridade aponta.

Vins DOMICILIAR

1. Uma liçäo de coeréncia:
© olhar complexo é alimentado
Por um pensamento complexo

ar

ser complexo, o pensamento dev
estar equipado com (...) idéias claras
para patrulbar o nevociro, o confieso, o
indizivel, o indecifidvel >

O pensamento e olhar complexes nao
combinam com idéias, racionalidad:
relaçües € conceitos simplificados e sim.
plificadores.

No horizonte do pensamento está o co-
nhecimento da realidade total, seja ela cap-
tada ou nao pelo profissional na visita.

O profissional que conduz a visita
apoiado nesse pensamento náo economi-
zard indagagöes sobre a realidade obser-
vada para melhor e mais coerentemente
compreendé-I

1998; 231

Sharıa AMARO.

Da mesma forma, possivelmente, náo
resistirá em repeti-la até compreender al-

specto ou relagáo que permane

gum
decifrävel.

A meta do profissional, or
pensamento complexo ao visitar, € explo-
realidade para melhor questionä-la e

ado pelo

rara

progra de wertlade que seconde:

Vale lembrar que o pensamento comple

xo pressupóe uma atitude e

ca do profissional, relativa tanto ao conheci-

mento que busca obter como relaçäo que
ado.

constré

om o sujeito vi

Visrra Dosmontar

2. Ética, uma condigäo indispensävel

A ética © o respeito ncípios e condi-
es fundamentais à realizagäo da visita do-
miciliar, O fato de ser realizada no ambiente
domiciliar ou particular, por si já lama por
uma série de atengöes e consideragöes éticas,
relativas ao dircito à privacidade e sigilo pro-
fissional. A par disso, há situaci
velam na visita e exigem uma agäo propositi-
va e afirmativa do profissional, que em cer-
os podem salvar vidas. Eo caso de uma

:s que se re-

ws
orientaçäo r Jo de um exame
de HIV, do registro de uma ocorténcia poli-
cial, de um exame de corpo-delito ou o uso
com recomendagäo médica da pilula do ¢
no caso de um relaro de uma situa-

lativa à realiza

ia
seguint
co de risco, como um abuso intrafamil
Negar
ntagio dessas, em tempo hábil e em meio
+ oportunidade do relato na visit
ta uma infragäo ética, por omissäo de socor-
ro ou negligéncia, De modo mais corriquei-
ro, mas näo menos importante, a ética ou
sua falta se releva na interagäo e no diálogo
itado. Considerando a
subjetividade de cada ser, € comum que o

ar.
e OU ser reticente a oferecer uma

o

, Tepresen-

entre visitador e vi

quadro de valores seja distinto. Essa caracte-

Sanita Ansanı

Vista Dosen

rística divergente deve ser tomada como va-
lore n

Zo como obstáculo. Assim, o visitador,
entendendo seu papel de educador e nao de
moralizador, tenderá a orientarse por per-
guntas € reflexdes asociadas ao objetivo da
visita e nunca por julgamentos ou coment
rios proibi

ivos ¢ punitivos. Atengio, portan-
to, Acscolha das perguntas que voce irá f

: ve
seja crítico e observador, sem ser constrange-
dor ou

3. Trés perguntas-chaves:
Por que, quando e com quem?

Por que visitar?
Deve haver racionalidade e planejamento
à organi

que, ances de tudo, a visita domiciliar ser-
ve 40 alcance de um objetivo. Desde o
momento em que se projeta a visita até sua
eferivagäo, estamos planejando uma me-
Ihor aproximagao da realidade do sujeito
ou grupo que se pretende observar ou aten-
der. Ir à visita com uma idéia ou roreiro
pr

rende obter € indispenss

açio de uma visita. Nao esquega

liminar das informagóes que voce pre-

el. O rotciro sobre

Samora AMARO.

o que perguntar ou investigar deve ser fei-
10 e colocado ent prática.

A participacio do profissional na visita
deve estar orientada e a0 mesmo tempo li
mirada ao objetivo da visita, Isso nao sig-
nifica uma condigäo de rigidez, impose
ao profissional, ao visitar. Longe disso,
presenta um critério para que preserve
qualidade e o profissionalismo na visita,
respeitando o tempo e assunto/arendimen-
to programado. Assim, näo se trata de deixar
sem resposta aquela dúvida do usuário sobre
ndar o atendimento com o oftal-
mologista no posto de satide em que traba-
Ihamos. E papel do profissional, ao visitar,
acessar o máximo de informagóes e esclare-
cimentos possiveis ao que for demandado

como aga

Nem sempre o dia que escolhemos para
realizar uma visita € propicio ao seu de-
senvolvimento, De modo contrário, po-
rém, As vezes aquela visita que estamos pla-
nejando realizar há algum tempo torna-
possivel, favorecida por uma coincidéncia
ou acidente sivuacional.

Visita DOMICILIAR

Evitar realizar visitas em feriados e ho-
rários inapropriados, bem como verificar
antecipadamente a disponibilidade de
transporte da instituigäo para levar o pro-
fissional até a residéncia a ser visitada sáo
medidas simples que asseguram um mini-
mo de organizacio.

Program
damen
he

ca, € fün-
al que se defina com o sujeito 3
visitado se a dara e horário escolhidos Ihe
favoriveis. Esse acerto € vical para que náo
apenas a visita efetivamente ocorra, como
também para que as bases democráticas e de
respeito sejam previamente estabelecidas,

O esforço do profissional € arender o
cidadáo, respcitando sua rotina familiar e
pessoal, desorganizando o mínimo possí-
vel o cotidiano da familia

Assim, antes de falar com o sujeito a se
visitado, recomenda-se apenas o agenda-
mento preliminar de um ou dois horários
estratégicos, os quais seräo defi
conjunto com a pessoa visitada,

Visitas-sterpresa, além de invasivas e de-
sagradáveis, revelam-se manifestos de uma
cultura autoritária, moralizadora, Rscaliza-
tória e discipl

ada a execugäo da vi

idos em

nar e, por essa razäo, devem
ser banidas do pensamento € prática do
profissional que vis

Sam

A AMARO

Com quem visitar?

A pessoa visitada está no seu ambiente,
privativo, acordou com um profissional
que iria visicá-la e na hora acordada che-
gam a sua porta: quatro pessoas (o profis-
sional acompanhado de trés estudantes!).
ava crangiiila, no
ssa a ficar afli-
pas

A pessoa, que antes cs
aguardo do profissional, pa
ca, talvez pensando: Quem sdo essas pe
que vieram com ele? Antes interessada em
tratar do tema que motivou a visita, age
preocupada com futilidades, como: onde
iráo sentar? Comegou à confusäo, antes
smo de a visi

Como procedimento profissional, a vi-
sica difere de uma reuniño ou encontro de
amigos, em que abe mais um”,
mportando quem.

à requer. portanto, profissiona-

ta ter inicio.

m

sempre

nao ii
A visi

lismo, e isso nao € encontrado em atitudes

espontancístas ou oportunistas.

im vista disso, sempre que necessário,
privilegie a companhia de profissionais
para fazer a visita, Evidentemente, a pre-
senga desses outros profissionais deve ser
anunciada antecipadamente e justificad:
is que uma companbia, cla deve repı
sentar a observagäo de algum aspecto que

ma

Visira Domicniar

seu acompanhante convidado domine mais
que vocé,

Visitas agendadas por asistentes sociais
para acompanhamento de familias em cujo
seio habiram pacientes portadores de so-
frimenco psíquico podem justificar a pre-
senga de médicos psiquiatras e psicólogos
na atividade domiciliar,

© importante é que se evite a compa-
nhia de pessoas leigas ou mesmo de pro-
fissionais que tém alguma reserva ou pre-
conceito relacionado ao grupo que voce vai
visitar. Uma atitude inesperada de
jeitos pode comprometer a q
sua visita

, desde o relacionamento até o
diagnóstico ou o tipo de atendimento que
vocé pretendo realizar,

Outra dica: esteja atento para que a visita
«domiciliar que voce prerende realiza
transforme numa excursáo. Vocé e seu(s)
colega(s) esto indo à casa de um individuo,
náo a um programa de lazer, Portanto, nao
fume durante a visita, nem vá mascando chi-
cletes ou comendo guloscimas (talvez naquela
casa as criangas náo vejam esas delicias há
meses, e isso sería muito constrangedor pa
elas ¢ para seus colegas).

E, por fim, lembre-se que no é recomen-
davel que o número de visitadores seja supe-

Saeta Asano

or ao das pessoas visitadas. Em visita domi-
ciliar nao se leva toda a equipe até a casa da
pessoa, mas apenas aquele ou aqueles (dois
ou très, no máximo) profissionais implica-
dos no diagnóstico ou arendimento.
Uma olhadela, dias antes, no prontuá-
rio da familia que será visitada, poderá aju-
dar na decisio de quantos profissionais
podem participar do atendimento,
Muitas vezes, em cascbres em que mal
cabem os próprios familiares, uma visica
de mais de um profissional € inviável e cau-
mentos aos moradores.

sa consr;

4. A relaçäo profissional na
visita domiciliar

Em se trarando de uma visita domiciliar a
relagño estabelecida entre quem visita e quem
é visitado rem significativa importáncia.

Primeiro porque ambos se afiguram su-
jeitos do processo, dotados de razio, emo-
so e subjerividades em interagäo constante,
Em segundo lugar, porque € a relaço que
possibilitará a expansio e livre expressio do
sujcico visitado. colaborando ou obstaculi-
zando o desenvolvimento da visita.

Visita Domenan

A empatia, o respeito mütuo, a hori-
zontalidade € a atitude de náo-julgamento
do pesquisador acerca do conteúdo do que
relatado ou apresentado so os conduto-
s indispensáveis da visita.

A demonstragáo disso deve partir do
próprio profissional ao introduzir a visita,
dizendo a que veio e colocando-se à dispo-

igável e honesta,
Ao passo que se pauta numa relaçäo ba-

sigáo para uma conversa a

scada na confianga mútua, na reciprocida-
de e na compreensäo, suas chances de &xi-
10 ampliam-se, Construa uma relagao agra-
dävel, que permita ao indivíduo ou grupo
visitado ficar à vontade, mas sempre reser-
vando-se a uma relagäo profissional, Náo
rente, portanto, moscrar-se rime de quem
vocé está visitando. Aja com cordialidade,
sem perder a naturalidade.

5. A dialética da duraçäo da
visita domiciliar

A concepgäo de um tempo único capaz de
revelar fenómenos ou significados da vida de
determinado indivíduo ou grupo só pode
acarretar uma leitura resumida da realidade

observada ou estimular o ocultamento da ver-
dade, por parte de quem é observado.

A diversidade dos fenómenos precisa de
tempo para manifestar-se aos olhos do pro-
fissional, na visita

É preciso que se estude detalhadamen-
te a dialética dos fenómenos. Isso implic:
rempo.

Nao tenha a prevensi
realizar aquela visitivba rápida, de meia
hora ou até menos!

>, portanto, de

Vista Dos

umi-
de perceber algo mais
que a cor do móvel em que está sentado.
Assim como o olhar complexo nao é in
tantánco, a realidade nao revela sua com-
plexidade de imediaro.
Reserve a visita que irá realizar um tempo
compativel com a visao que irá orienté-la,
Prever um intervalo de uma a duas ho
pode ser favorável. Mas se sua duragäo será
inferior ou superior a isso, o próprio proc
so € que dirá. Esteja pronto para deparar
com situagóes que poderäo esticar ou estrei
tar o tempo que vocé definiu para sua visi
Imagine uma situagio: voce está pron-
to para fazer uma visita a uma adolescente
que está grávida e mora com os pais. Sua
intengäo € fazer o acompanhamento da
gestagäo e orientar a garota para alguns
lados. Ocorre que um dia antes da vi-
sica, a familia entro em crise e passou
discutir e cobrar-se mutuamente por 10-
dos os fatores implicados na gestaçäo. Vocé
nao sabe nada disso e vai à visita, tranqüi-

Dificilmence, num tempo táo res
do, vocé terá chane

lamente. Quando chega lá, a resposta a
uma pergunta sua vem acompanhada de
um comentário agressivo dirigido à ado-
lescente ou simplesmente pelo choro con-

Sanita À

vulsivo da gurota. Boom! Comunico-lhe,
amigo, que o tempinho que vocé previa
para esta visica terá de ser significativamen-
te ampliado! Caso conträrio vocé estará fin-
gindo que fez. uma visita profissional.

O contrário também pode acontecer.
Vocé chega na casa de um sujeito e ele está
se arrumando para sair (nao importa se vai
a um aniversário ou a uma entrevista para
um emprego). Ele irá sair em meia hora, e
que tem uns quinze minutos
o dificil: vale a pena co-
megar uma conversa que tem prazo Go
curto para terminar? E mais que isso: vocé
nao estará arriscando o conteúdo da visita

vocé calcu
de papo. Deci

a0 conversar com o sujeito num momento
em que cle está com roda sua atengäo vol-

>6
tada p

ama outra Coi:

a situagan dessas cu sugeriria que vocd relletisso com.

a
da naguele contexte o

sleréncia € a melhor opgio, dado que » conteit
preliminarmente comprometido pelo.
nivel: sem contar que a aten-
locuror esté desviada para outre foco. Con
fundamental p
um tratamento ou acesso a recurso initie

a se a visita deve ser realix

ida para auceo dia. O bom senso, no ge ica

que a tran
do da visita ess

o esp
a0 do int

‚al. compete 20 ps al clucidar exsas questócs ins

o da visita, caso

jonais e velar para que o adiame

ete prej «lio.
corra, mo acarrete prejuizo ao cidada

Visa Dosticitar

Casos como esses, que alguns conside-
ram como jmprevistos, estío lá nas casas das
Pessoas nos esperando todos os dias. Afi-
nal, a realidade existe independenremente
das nossas visitas. Tem, portanto, vida e
ritmo próprio.

Náo é porque vocé va
que o dia daquela pesso:
prir seu icin

i visitar alguém
deixará de cum-
ário préprio.

‘Tudo isso indica como € importante náo
56 considerar a duragäo da visita como tam-
bém saber identificar se o momento em
que se encontra o indivíduo ou sua

lia € propício à visica.

6. O registro da visita domiciliar

Construir a memó

importante.
os orais, das obser:
vagóes, encaminhamentos € conclusóes ob-
tidos deve estar presente no registro da visita
© ser incluída entre os documentos que his-
toriam o atendimento da família ou indivi-
duo em tela, É recomendável que tanto ins-
tituigöes como profissionais formulem um
prontuário em que a visita seja integrada à
rotina de acompanhamento profissional, As-

A sistematiza

Samira Amaro

sim, assegura-se que tal como os demais aten-
dimentos (entrevistas, exames, ...) o conteti-
do da visica seja objetivamente incorporado
eaproveitado no estudo, avaliagäo e aborda-
gem do caso, rompendo com a visio empi-
rista a cla associada. Nos bastidores, o regi
tro nasce da adagao de alguns procedimen-
tos durante a realizagäo da visita.

Geralmente, o uso de gravador, rio ágil
para quem visita, nao € tomado da mesma
forma pelo sujeito ou grupo visitado. A
sensagao de estar sendo avaliado, fiscaliza-
do em todas as manifestagöcs orais pelo
gravador torna o objeto uma terceira pes-
soa na relagáo, pesando o poder do +
dor, já previamente carregado pela institui-
gáo ou cargo que nela exerce.

Um bloco de notas, uma prancheta €
caneta para apontar algumas observagóes
sa0 o suficiente para que o registro seja r
lizado, sem colocar em segundo plano a
'elagáo humana estabelecida. Esclarecer, no
inicio da visita, que a prancheta e o bloco
de notas seráo usados eventualmente para
registrar informagöes indispensiveis € va-
lido e wangüiliza © sujeito visitado sobr
“o que será escrito”.

Vista Donner

onversamos, ao longo dessas pági-
nas, sobre olhares, modos e formas
de fazer da visita domiciliar uma
abordagem complexa e, enquanto tal, con-
següente.

O livro apresentou pistas ecaminhos ne
diregäo, tendo a ética, o humanismo, a criti-
cidade e a complexidade como Iı

Mas agora € com vocél
É chegada a hor
posi

de vocé tomar uma
ño profissional, com base nas refle-
xöes apresentadas.

A partir de agora, portanto, voce & o
mestre, pois € voce quem faz a visita deco-
lar, reviver e brilhar.

Bom trabalho!

Sarita Amaro

1. AMARO, Sarita. Visita domiciliar: orientagöcs para

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Porro Ale,

Santis Ascano

SARITA AMARO

Ministra cursos, palestras
e presta consultoria a
organizagóes e empresas
socialmente responsáveis
na organizagáo de
projetos sociais,
especialmente nas áreas
de educaçäo, direitos da
crianga e do adolescente,
direitos humanos,
incluséo racial, saúde,
assisténcia social,
desenvolvimento de
comunidades,
planejamento, políticas
públicas e gestáo. Em
2005, foi agraciada com o
Premio Educaçäo — Troféu
Pena Libertária, pelo
SINPRO-RS,

[email protected]

AcE

wom edorsage.com.br
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