EHROS TOMASINI 17
A morena nunca falou da sua vida para ele. Mas demonstra-
va ter um ódio incontido de alguém. Era perigosíssima, pois
matava sem piedade. Lembrou-se de como a conheceu:
- Oi, pode me acender o cigarro?
Na época, ele estava embriagado, sentado a uma mesa
de bar. Tinha consciência de que tinha sido aliciado por uma
loira jovem e belíssima, que se dizia apaixonada por ele, para
matar um cara. Havia sido o primeiro trabalho do mulato
para a Agência, cujo chefe era um gorducho que pertencia à
máfia italiana. Recebera sua primeira arma do mafioso, para
assassinar um concorrente deste. Depois de matar o alvo, no
outro dia descobriu, através dos telejornais, que ele era, na
verdade, um delegado de Polícia que estava investigando os
crimes da Agência no Recife. Revoltou-se contra a Agência
e jurou denunciar seus membros à Polícia Federal. A loira o
demoveu da ideia. Pediu para fugirem juntos para algum lu-
gar distante dali. No entanto, logo na primeira noite de fuga,
ela aproveitou-se de que ele dormia após fazerem sexo e ati-
rou duas vezes contra seu peito. Por sorte, por estar chorando
e nervosa, ela errou o alvo. Só uma das balas lhe pegou de
raspão. O mulato a acertou com dois murros no estômago e
ela desmaiou. Ele, porém, não teve coragem de mata-la. Fu-
giu, deixando-a sangrando pela boca e pela vagina. Só de-
pois, descobriu que ela estava grávida do chefão mafioso e
perdera o bebê. O cara era casado, mas tinha várias amantes
além da loira. Sua esposa nunca conseguiu dar o filho que
o gorducho tanto queria. Por causa da morte do feto, o cara
passou a perseguir o mulato bonito.
Naquela noite, ele havia se decidido a não mais fugir.
Também, não queria morrer sóbrio. Bêbado, aceitaria me-
lhor a sua morte. Aí, aquela morena gostosa chegou perto
dele para que acendesse um cigarro.
- Não fumo, dona. Mas, se quiser beber, pode se sentar