com urgência, de motivo não explicitado. Muito apreensivo por não ter certeza,
mas desconfiado da razão do bilhete Camilo se dirige a casa do amigo, porém
no caminho para na mesma cartomante que Rita visitava e após a mesma ler
as cartas segue com sua fé restaurada. No entanto, apesar de tanto o
personagem quanto o leitor terem suas esperanças renovadas, nos deparamos
com um fim trágico: ao chegar à casa do amigo de infância, Camilo encontra
sua amante morta e tem o mesmo destino, sendo baleado e morto por Vilela.
Para Vaz (2008), “A Cartomante” é baseado totalmente na trama. Viver é ler o
mundo existindo, e a ficção, parece nos segredar este pequeno conto, entra
nesse existir na medida em que é capaz de revelar, demonstrar coisas que
parecem óbvias depois de reveladas. “Esse é o jogo – o conto.”
Machado de Assis, vale-se da ironia logo nas suas primeiras palavras, “Hamlet
observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa
filosofia”, ao intertextualizar com a famosa tragédia Hamlet, o Príncipe da
Dinamarca de Willian Shakespeare., espera o leitor a anunciação de uma
tragédia mas, o decorrer da fala passa a ser prosaica. Rita conta ao amante
que foi a uma cartomante buscando esclarecer se este o amava.
Segundo Vaz (2008), a cena “aponta para a gravidade, para o mistério, para o
destino trágico, e, em seguida, deságua no prosaico.” Ainda, o riso de Camilo
ao receber a informação nos revela a sua negação a fé.
Com base em outra análise, Weiss (2014, p.2), evidencia que o texto nos
mostra a fragilidade de Camilo pela falta de fé adotando uma postura incrédula
diante do destino, já Rita, em contraponto, tem a satisfação emocional
proporcionada pela fé. Ainda, Camilo é visto como um homem fraco, que não
tem as rédeas da sua própria vida, “Camilo entrou no funcionalismo, contra a
vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu
não ser nada, até que a mãe arranjou um emprego público” (ASSIS, 1994).