UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE ARTES E LETRAS
DEPARTAMENTO DE ARTES VISUAIS
CURSO DE ARTES VISUAIS
DISCIPLINA DE GRAVURA
PROFESSORA LUCIANA ESTIVALETT
A história resumida da gravura
Em um modo geral, a gravura existe desde a Antigüidade em todas as culturas,
pois a incisão, as ranhuras e a produção de riscos acompanham a humanidade desde a
pré-história. Pode-se dizer que a gravura nasceu na caverna do homem da pedra,
avançou nos tempos pré-históricos, decorou palácios egípcios e templos dedicados a
inúmeros deuses. Historicamente, a origem da gravura confunde-se com as origens da
impressão.
Desde o século II, os chineses (inventores do papel) usam matrizes de madeira
e pedra para gravar. Produziam não só imagens, como também livros por impressão
tabular. Foram os primeiros a imprimir em massa.
Já no mundo ocidental a gravura surge junto com o aparecimento do papel, em
meados do século XIV. E a xilogravura era a única forma de gravação conhecida na
época. A partir daí, a impressão de escritos e livros era feita por essa técnica. A
primeira xilogravura ocidental reconhecida é uma imagem de São Cristóvão
(Manchester, Inglaterra) datada de 1423. Além de livros, também se imprimia com a
xilogravura cartas de baralho, tecidos e toalhas de altar. E no século XV era comum a
impressão de selos, rótulos de produtos e anúncios. Os profissionais eram divididos em
equipes de desenhistas, gravadores e impressores.
Foi na metade do século XV que surgiu a gravura em metal, inventada por
ourives da época que desejavam melhor observar seus entalhes nas jóias. Esta técnica
consolidou-se em toda a Europa no século XVI, já que permite maiores edições e
melhor qualidade no traço.
A água-forte surgiu em 1513, e sua descoberta foi atribuída a Urs Graf. Já a
água-tinta surgiu na Renascença pelas mãos de Parmigianino.
O século XVI também foi o século da reforma. E os reformistas Lutero e Calvino
utilizaram-se da gravura como se fosse uma propaganda para divulgar as novas idéias.
A gravura também foi utilizada para documentar as descobertas que a Europa fazia
sobre o Novo Mundo. Das navegações trouxeram-se reproduções de animais, vegetais
e paisagens nunca vistas do continente americano.
É neste cenário que a autoria do artista começa a tomar contornos mais
definidos. Surgem feiras de gravuras alemãs nos Países Baixos e na Itália, e os artistas
identificaram-se através de um monogramo datado e gravado na matriz. Albrecht
Dürer (1471 – 1528) é a grande figura do gravador da época. Trabalhou com madeira
e metal, realizou experiências com buril, ponta-seca e água-forte.
As técnicas de gravura em metal chegaram ao auge da perfeição no século XVII.
A descoberta do verniz duro auxilia a gravação da água-forte. O buril se desenvolve na
escola de Rubens (Flandres, Bélgica). Rubens (1577 – 1640) descobre na gravura a
importância da difusão do seu trabalho como pintor.
A obra gravada de Rembrandt (1606 – 1669) é destacada pelo uso da água-forte
e o buril, até mesmo as utilizava na mesma gravura. Nesse mesmo período surge o
verniz mole, a água-tinta, à maneira do crayon.
Além de ilustrações, divulgação, documentação, cartografia, retratos e
paisagens; entram no universo da gravura do século XVIII caricaturas satíricas de
cunho político-social e a crítica de costumes. O espanhol Francisco Goya (1746 – 1828)
foi um mordaz crítico das autoridades civis e eclesiásticas. Utilizava-se da gravura em
metal para compor suas críticas, mas aos 79 anos passou a experimentar também a