"[...] O mesmo dever que prende o servo ao soberano prende, ao marido, a
mulher. E quando ela é teimosa, impertinente, azeda, desabrida, não
obedecendo às suas ordens justas, que é então senão rebelde, infame, uma
traidora que não merece as graças de seu amo e amante? Tenho vergonha de
ver mulheres tão ingênuas que pensam em fazer guerra quando deviam
ajoelhar e pedir paz. Ou procurando poder, supremacia e força quando deviam
amar, servir, obedecer. Por que razão o nosso corpo é liso, macio, delicado, não
preparado para a fadiga e a confusão do mundo, senão para que o nosso
coração e o nosso espírito tenham delicadeza igual ao exterior? Vamos, vamos,
vermes teimosos e impotentes. Também já tive um gênio tão difícil, um
coração pior. E mais razão, talvez, pra revidar palavra por palavra, ofensa por
ofensa. Vejo agora, porém, que nossas lanças são de palha. Nossa força é
fraqueza, nossa fraqueza, sem remédio. E quanto mais queremos ser, menos
nós somos. Assim, compreendido o inútil desse orgulho, devemos colocar as
mãos, humildemente, sob os pés do senhor. Para esse dever, quando meu
esposo quiser, a minha mão está pronta, se isso causar-lhe prazer."
Petrucchio finalmente consegue "domar" a megera Catarina, que
finaliza com um discurso, que possui o seguinte trecho: