Estrutura Externa Seis quintilhas; Versos hexassilábicos (seis sílabas métricas); Esquema rimático : a b a a b; Trata-se de um poema de base narrativa , com: Rima cruzada entre os 1.º e 3.º versos de cada estrofe; Rima interpolada entre os 2.º e 5º versos de cada estrofe; Rima emparelhada entre os 3.º e 4.º versos de cada estrofe; Rima pobre entre os versos 1 e 3 (“abandonado” e “trespassado”), por exemplo; Rima rica entre os versos 6 e 8 (“sangue” e “exangue”), por exemplo. Narrador : o sujeito poético (subjetivo; emite juízos de valor); Ação : a morte do soldado; Personagens : soldado, mãe, criada e Império; Espaço : “plaino abandonado” (verso 1) / “lá longe, em casa” (verso 26). Ligação entre o poema e o autor (Fernando Pessoa) Podemos, de facto, relacionar este poema com a própria vida de Fernando Pessoa . Desta forma, o tema da infância enquanto idade perfeita e feliz, um paraíso perdido e irrecuperável, poderá relacionar-se com os seus primeiros cinco anos de vida, marcados pela felicidade, amor, bem-estar e proteção que a família lhe proporcionava: vivia com a presença do pai, da mãe, das duas velhas criadas e da avó . No entanto, o seu pai morre. Mais tarde morre o irmão, o que o faz sentir novamente o amor e o carinho maternos. Apesar disso, esses sentimentos acabam por ser efémeros visto que a sua mãe se apaixona por outro homem e ele terá que abandonar Portugal e ir viver para a África do Sul . Assim sendo, a morte do soldado poderá relacionar-se com a morte do pai ou do irmão , e a angústia de querer voltar ao passado poderá relacionar-se com a mesma angústia que ele sente ao desejar voltar a ter a sua família unida e feliz como antigamente . Características do Ortónimo Ao longo deste poema, deparamo-nos com características do ortónimo que são transversais aos restantes poemas da sua autoria. A infância , por exemplo, símbolo da inocência, da inconsciência, da felicidade e da alegria – neste poema, simbolizados pela cigarreira, pelo lenço e pelas representações do passado vivido junto da família –, acaba por se representar como algo longínquo e irrecuperável, o que gera nostalgia e um contraste com a consciência dos tempos de adulto que provoca dor , bem como a sensação de desconhecimento de si mesmo e de perda da identidade .