Apostila piscicultura - prof. nicolau elias neto - famev (2008)

Fuligemz 107 views 86 slides Mar 19, 2021
Slide 1
Slide 1 of 86
Slide 1
1
Slide 2
2
Slide 3
3
Slide 4
4
Slide 5
5
Slide 6
6
Slide 7
7
Slide 8
8
Slide 9
9
Slide 10
10
Slide 11
11
Slide 12
12
Slide 13
13
Slide 14
14
Slide 15
15
Slide 16
16
Slide 17
17
Slide 18
18
Slide 19
19
Slide 20
20
Slide 21
21
Slide 22
22
Slide 23
23
Slide 24
24
Slide 25
25
Slide 26
26
Slide 27
27
Slide 28
28
Slide 29
29
Slide 30
30
Slide 31
31
Slide 32
32
Slide 33
33
Slide 34
34
Slide 35
35
Slide 36
36
Slide 37
37
Slide 38
38
Slide 39
39
Slide 40
40
Slide 41
41
Slide 42
42
Slide 43
43
Slide 44
44
Slide 45
45
Slide 46
46
Slide 47
47
Slide 48
48
Slide 49
49
Slide 50
50
Slide 51
51
Slide 52
52
Slide 53
53
Slide 54
54
Slide 55
55
Slide 56
56
Slide 57
57
Slide 58
58
Slide 59
59
Slide 60
60
Slide 61
61
Slide 62
62
Slide 63
63
Slide 64
64
Slide 65
65
Slide 66
66
Slide 67
67
Slide 68
68
Slide 69
69
Slide 70
70
Slide 71
71
Slide 72
72
Slide 73
73
Slide 74
74
Slide 75
75
Slide 76
76
Slide 77
77
Slide 78
78
Slide 79
79
Slide 80
80
Slide 81
81
Slide 82
82
Slide 83
83
Slide 84
84
Slide 85
85
Slide 86
86

About This Presentation

Apostila
. auxilio no estudo de piscicultura


Slide Content

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 1/86
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT)
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA E EXTENSÃO RURAL
APOSTILA
PISCICULTURA
PROF. NICOLAU ELIAS NETO
CUIABÁ/MT
2008

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 2/86
 
1
ÍNDICE
CAPÍTULO 1 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PEIXES
1. Características gerais ........................................................................................................4
CAPÍTULO 2 - ASPECTOS DE ENGENHARIA
1. Construção de benfeitorias em piscicultura.........................................................................7
2. Detalhes de construção dos viveiros e tanques..................................................................12
3. Classificações das instalações segundo sua finalidade......................................................14
4. Infra-estrutura da piscigranja.............................................................................................15
5. Alteração biológica da água...............................................................................................16
6. Tipos de cultivos................................................................................................................17
7. Tipos de exploração...........................................................................................................18
8. Consorciamento..................................................................................................................19
CAPÍTULO 3 - REPRODUÇÃO DE PEIXES
1. Introdução...........................................................................................................................22
2. Definições básicas..............................................................................................................22
3. Reprodução: um evento cíclico..........................................................................................22
4. Reprodução induzida..........................................................................................................23
5. Origem do plantel de reprodutores.....................................................................................23
6. Biologia reprodutiva dos peixes.........................................................................................24
7. Mecanismo endócrino da reprodução................................................................................24
8. Idade para reprodução........................................................................................................24
9. Época de reprodução..........................................................................................................25
10. Hipofisação.......................................................................................................................25
11. Administração do hormônio.............................................................................................26
12. Hora-grau.........................................................................................................................26
13. Extrusão e fecundação......................................................................................................27
14. Coleta e produção das hipófises.......................................................................................27
15. Incubação dos ovos..........................................................................................................31
16. Transporte das pós-larvas para os viveiros......................................................................31
17. Alimentação das pós-larvas..............................................................................................32
18. Esquema de laboratório e incubadora..............................................................................33
CAPÍTULO 4 - QUALIDADE DE ÁGUA E MANEJO EM PISCICULTURA
1. Oxigênio dissolvido............................................................................................................35
2. Constituintes da água dos viveiros.....................................................................................38
3. Variações hidrológicas.......................................................................................................38
4. Comunidades planctônicas.................................................................................................43
5. Preparação do viveiro.........................................................................................................46
6. Algumas observações importantes.....................................................................................49
7. Cuidados com a fertilização química e orgânica................................................................50
CAPÍTULO 5- SELEÇÃO DE ESPÉCIES PARA PISCICULTURA
1. Seleção de espécies para piscicultura.................................................................................52
2. Principais espécies nativas de peixes cultivadas no Brasil................................................52

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 3/86
 
2
3. Outras espécies nativas de importância econômica...........................................................61
4. Espécies exóticas para piscicultura....................................................................................62
CAPÍTULO 6 - A DESPESCA E PRINCIPAIS DOENÇAS EM PISCICULTURA
1. A despesca..........................................................................................................................66
2. Doenças não-infecciosas....................................................................................................67
3. As principais doenças.........................................................................................................68
CAPÍTULO 7 - O CULTIVO DE PEIXES EM TANQUES-REDE
1. Introdução...........................................................................................................................71
2. O sistema de produção.......................................................................................................71
3. Tanques-rede e gaiolas.......................................................................................................72
4. Fatores que afetam a produtividade em tanques-rede (TR) ..............................................72
5. Aspectos construtivos dos tanques- rede e gaiolas.............................................................77
6. O planejamento da produção em tanques-rede..................................................................83
7. Capacidade de suporte de pequenas represas e açudes com tanques-rede.........................84
ANEXO........................................................................................................................................86 

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 4/86
 
3
CAPÍTULO 1
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PEIXES

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 5/86
 
4
1. CARACTERÍSTICAS GERAIS
São vertebrados aquáticos de respiração branquial e incapazes de regular a temperatura
corporal (pecilotérmicos). São anatômica e fisiologicamente mais simples que os vertebrados
superiores, são muito mais especializados e diversificados, apresentando inúmeras adaptações
reprodutivas, alimentares e morfológicas que os capacitam a ocupar todos os nichos ecológicos
que o meio aquático apresenta.
Pela facilidade de realizarem trocas gasosas com o meio, os peixes apresentam
aproveitamento ótimo da energia consumida como alimento. Também pelo fato de não
despenderem energia para regular a temperatura corporal (homeostase térmica) e pouca energia
para se locomoverem, sua conversão alimentar é altamente eficiente.
Seu formato afilado e fusiforme é uma característica presente maioria das espécies. Isto se
deve às limitações impostas pelo meio em que vive, pois a água é cerca de 800 vezes mais densa
do que o ar. O corpo apresenta simetria bilateral, é recoberto por escamas e por uma camada de
muco recobrindo todo o corpo. A pele é contínua até mesmo sobre os olhos e tem função
protetora e apresenta vários órgãos anexos: as escamas; os cromatóforos ou células pigmentosas;
os fotóforos ou órgãos luminescentes e várias glândulas secretoras de muco ou de substâncias
irritantes de função defensiva.
A linha lateral funciona como órgão tátil dos peixes e é por ela que os peixes percebem as
mudanças de temperatura, salinidade, sons, etc. As nadadeiras são os apêndices locomotores dos
peixes. O meio onde vivem facilita a sua locomoção pela força de empuxo da água, que mesmo
reduzindo a velocidade de locomoção, facilita a natação e a flutuação, diminuindo o dispêndio de
energia e facilitando a locomoção por movimentos ondulatórios corporais e agitação das
nadadeiras. As nadadeiras dividem-se em pares: (ventrais e peitorais) e ímpares (anal, caudal,
dorsal e adiposa) (Figura 1).
A respiração é propiciada pela água que entra pela boca, passa pelas guelras, onde são
feitas as trocas gasosas - retirada do oxigênio e excreção do gás carbônico que sai pelas fendas
atrás dos opérculos. A absorção do oxigênio é difícil porque sua concentração na água é muito
menor que no ar. Entretanto podem utilizar até 60% do oxigênio absorvido, em contraste com os
mamíferos que utilizam apenas 20%. As guelras também têm a função de retirar sais minerais da
água e expelir a amônia.
O sistema circulatório dos peixes é simples, o fluxo sanguíneo é unidirecional. O coração
tem cavidades simples que conduzem apenas sangue venoso, que ao passar pelas brânquias se
torna arterial. Os peixes também apresentam orifícios, sendo os orifícios do trato digestivo: boca,
fendas branquiais e ânus; e os orifícios relacionados com os órgãos dos sentidos: as fossas
oculares, as narinas e os poros da linha lateral.
O trato digestivo apresenta boca, esôfago, estômago, intestino anterior, intestino médio,
intestino posterior ou grosso e ânus. O sistema excretor é simplificado com apenas um rim,
disposto longitudinalmente no corpo, abaixo da coluna vertebral. Esse rim comunica-se com o
poro uro-genital por onde é eliminada a urina, que é praticamente isenta de metabólitos
nitrogenados, possibilitando, assim, aos peixes grande economia de energia. É através do poro
uro-genital que os peixes eliminam os ovos e espermatozóides nas épocas de reprodução das
espécies.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 6/86
 
5
Figura 1: Parâmetros morfométricos (A) e figuras anátomo-morfológicas externas (B) do corpo
dos peixes.
A
B

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 7/86
 
6
CAPÍTULO 2
ASPECTOS DE ENGENHARIA

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 8/86
 
7
1. CONSTRUÇÃO DE BENFEITORIAS EM PISCICULTURA
A piscicultura é uma parte da aqüicultura e pode ser praticada em tanques, viveiros,
açudes, gaiolas ou tanques redes e balsas, no sistema “raceways”, em canais, aquários, etc.
A construção adequada de tanques e viveiros é de vital importância para o manejo dos
peixes e, conseqüentemente, para o aumento da produtividade. Para iniciar um projeto de
piscicultura e ter sucesso na atividade é necessário estar atento às condições de implantação, as
quais dependem fundamentalmente dos seguintes fatores:
• Topografia do terreno
• Tipo de solo
• Avaliação da qualidade e quantidade da água.
• Proximidade de mercado consumidor com capacidade de absorver a produção
• Facilidade de acesso ao local
• Dados meteorológicos
• 
Condições climáticas ideais para o cultivo das espécies
• Manejo a ser adotado
• Infra-estrutura básica.
Todos estes dados irão influenciar no processo construtivo, no tamanho da exploração e
nos custos de implantação.
1.1. Topografia do terreno
Como as modernas técnicas de engenharia permitem a construção em quase todos os tipos
de terrenos, devemos dar preferência aos terrenos planos ou com declividade suave (5%) que
permitam a construção de tanques com a mínima movimentação de terra, assim como, o
abastecimento e escoamento por gravidade, que irá baratear os custos de construção e
operacionalização do projeto.
É a topografia que determinará o volume de terra a ser movimentada. Quanto maior o
declive do terreno, maior será a movimentação de terra e mais alto será o custo de construção dos
viveiros, mas será menor a superfície de terra a ser inundada.
Deve-se observar a distância da tomada de água e a cota mais elevada da área dos
tanques, de modo a permitir o abastecimento d’água através da gravidade.
Assim, antes da tomada de decisão, deve-se efetuar o planejamento de todas as etapas a
cumprir. Portanto, deveremos ter em mãos:
• declividade do terreno;
• diferença de nível existente nos diversos pontos do viveiro;
• curvas de nível do terreno, marcadas metro a metro;

 linhas e ângulos de contorno da área;
Estes fatores determinarão a disposição, número de tanques e forma dos viveiros. Nunca
devemos esquecer que a maior dimensão dos tanques (comprimento, nos tanques retangulares)
seja paralela às curvas de nível do terreno para propiciar uma maior economia no trabalho de
terraplanagem.
1.2. Tipo de solo 
Os melhores solos para piscicultura são os semipermeáveis (intermediários entre o
arenoso e o argiloso). Os solos arenosos e turfosos são permeáveis, não sendo indicados quando
se dispõem de pouca quantidade de água. Os solos muito argilosos racham quando esses são

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 9/86
 
8
completamente esgotados, devido às características de expansibilidade das argilas quando perdem
água.
Quanto aos aspectos de fertilidade, é recomendável a escolha dos solos com fertilidade
moderada, principalmente quanto aos teores de N e P, que são os nutrientes necessários à
produção primária, ou seja, formação do plâncton. Os solos de estrutura mediana, também
favorecem no trabalho de escavação e compactação das paredes e do fundo dos tanques, evitando
assim a infiltração excessiva de água.
É recomendável uma sondagem do subsolo, a fim de evitar a construção de tanques em
solos arenosos, pedregosos ou turfosos ou sob grandes formigueiros, sendo esses solos pouco
produtivos e muito permeáveis. Em termos gerais, os solos apropriados para projetos de
piscicultura deverão ter o teor de argila acima de 30% e o de areia abaixo de 50%. Valores fora
desses limites tendem a tornar o projeto inviável.
Obs. Um solo é considerado impermeável quando tiver níveis de infiltração entre 6 a 7
mm de água/dia.
1.3. Quantidade e qualidade de água
A piscicultura demanda água de qualidade e de quantidade abundante. As melhores
águas são a de poços profundos (artesianos), pois apresentam pouca variação em relação às
épocas do ano, são isentas de predadores, patógenos, peixes invasores, agrotóxicos e poluentes.
Sua grande desvantagem é o custo da construção, perfuração, bombeamento e da vazão que na
maioria das vezes são insuficientes. Além disso, estas águas profundas possuem oxigênio muito
baixo e gás carbônico e nitrogênio a níveis muito elevados. Por isso essas águas devem receber
um tratamento especial quando forem utilizadas em piscicultura, principalmente no que se refere
à sua oxigenação, devendo a mesma ser armazenada antes de ir aos tanques ou viveiros em
depósitos com grande superfície de área onde receberão oxigênio naturalmente ou com o auxílio
de aeradores. Também devem ser abastecidas aos tanques a uma altura que favoreça a sua
oxigenação pela queda brusca da água. Por outro lado devido à sua facilidade de obtenção, baixo
custo e manejo mais simples, as águas superficiais de fontes, como rios e riachos são as mais
utilizadas, desde que sejam limpas, perenes e sem contaminantes.
Se possível as águas de abastecimento dos viveiros devem ter a sua nascente dentro da
propriedade, por permitir o completo acompanhamento de suas características naturais. Caso isso
não seja possível devemos evitar as águas que margeiam lavouras que usam constantemente
produtos químicos, bem como as águas que recebem dejetos industriais ou residenciais, cujos
contaminantes podem levar ao fracasso qualquer sucesso esperado em piscicultura.
Os teores de oxigênio disponível (OD) devem estar em torno de 6,0 mg/l ou mais. O pH
deve estar de neutro a alcalino, ideal para o crescimento das comunidades planctônicas como para
as necessidades das espécies a serem cultivadas. As águas alcalinas são as mais produtivas. A
água ou o solo do viveiro com pH abaixo de 6,0 deverão ser necessariamente corrigidos.
A quantidade de água deverá ser o suficiente para permitir a reposição das perdas por
evaporação, infiltração e renovação dos tanques. Os levantamentos da capacidade de
abastecimento deverão ser feitas nas épocas mais críticas do ano, ou seja, no período seco.
Em piscicultura semi-intensiva, recomenda-se que além de repor as perdas diárias, a
vazão necessária seja suficiente para renovar de 10 a 15% do volume dos tanques por dia. Para a
piscicultura intensiva é necessário que a água alcance um fluxo de 1,0 l/min/ kg de peixe em
estoque. Já para a piscicultura extensiva recomenda-se que a vazão da água reponha as perdas
diárias de evaporação e infiltração. A vazão mínima necessária deverá ser em torno de 10
litros/s/ha de lâmina d’água.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 10/86
 
9
Em nossas condições de clima tropical as perdas de água por evaporação e infiltração
chegam ser de 2 a 3 cm/dia de lâmina d’água, perdas essas a serem consideradas para efeitos de
cálculo da vazão necessária.
O volume de água necessário é calculado em função da área e da profundidade do
viveiro, nunca se esquecendo de acrescentar as perdas por evaporação, infiltração e renovação.
1.4. Proximidade do mercado consumidor 
Sabemos que a carne de peixe apresenta perdas do seu valor protéico e deterioração
bastante acelerada. Assim, centros consumidores próximos às granjas piscícolas são interessantes,
pelo fato de fornecerem um produto de qualidade ao consumidor, que geralmente tem preferência
pelo peixe fresco. Longas distâncias e vias de acesso ruins são empecilhos graves a serem
vencidos pelo criador e que às vezes impede o sucesso da criação. Além desses fatores há de se
correlacionar a capacidade de consumo de pescado na região.
1.5. Dados meteorológicos
É de suma importância conhecer os fatores climáticos que influenciarão diretamente o
criatório, para se tomar medidas preventivas, tanto de manejo como de construção das
benfeitorias em piscicultura.
Registros anteriores de precipitação, temperaturas médias, insolação, ventos dominantes,
etc. devem ser levantados por um período longo de tempo (em torno de 50 anos), principalmente
dados de enchentes e estiagens prolongadas. Consultas às estações meteorológicas locais e com
moradores mais velhos da região são recomendados neste processo.
As medidas de vazão dos cursos d’água a serem utilizadas para abastecimento deverão
ser feitas, nos períodos mais secos do ano, para não se incorrer em erros futuros e vir a ter
problemas de abastecimento dos tanques, e aí tendo que se lançar mão de outros artifícios como
bombeamento, que é bastante oneroso e a venda dos peixes fora do tamanho e peso ideal, caso a
vir a ter problemas com a falta de água.
As condições climáticas correlacionadas com as espécies a serem criadas, também serão
analisadas. A temperatura da água influencia em todos os aspectos da vida dos peixes
(crescimento, desova, alimentação, respiração, etc.) na quantidade de oxigênio dissolvido no
meio e na ação tóxica de certos compostos. Em nossas condições tropicais, temos grandes
quantidades de espécies nativas, adaptadas ao clima, que também é favorável à atividade em
questão.
São consideradas frias as águas cujo limite de temperatura está em torno de 20ºC.
Espécies como a truta e os salmões se adaptam muito bem às essas faixas térmicas. Já as águas
quentes seriam aquelas cujas temperaturas ótimas para o crescimento dos peixes está em torno de
25 a 32ºC. Importante lembrar que quanto menor for a variação da temperatura durante o dia,
melhor será o ambiente para os peixes.
1.6. Manejo a ser adotado
Está diretamente ligado à escolha da espécie a ser cultivada, sendo que este fator deve
interagir com os demais, como a quantidade e qualidade de água, oxigênio disponível,
temperatura, mercado consumidor, condições topográficas, para se chegar a um resultado
comum. Sabemos que o potencial de número de espécies a ser trabalhado é grande, mas, a
pesquisa em piscicultura é recente e a opção de escolha sempre tem recaído com o que se tem
disponível em termos de tecnologia de produção, cujo processo é dominado pelos órgãos de
pesquisa e por criadores mais tecnificados.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 11/86
 
10
1.7. Infra-estrutura
A infra-estrutura básica deve ser favorável no processo de levantamento de dados
preliminares para elaboração do projeto de piscicultura. Deve ser observada a disponibilidade de
energia elétrica e se essa energia é constante ou não (geralmente é inconstante no meio rural),
devendo neste sentido providenciar a instalação de um grupo gerador de reserva com capacidade
para suportar as necessidades mais urgentes como: aeradores, freezers, incubadoras, iluminação
de emergência, etc. As condições de estradas, pontes, fornecedores de insumos, alevinos,
assistência técnica, equipamentos, oficina, também deverão ser diagnosticadas.
1.8. Construção de tanques, viveiros e açudes
São construções diferenciadas sendo:
VIVEIROS- são reservatórios construídos em terreno natural dotados de sistemas de
abastecimento e de drenagem. Estruturalmente são divididos em viveiros de barragem (açudes),
viveiros de derivação e viveiros sem derivação de cursos d’água.
a) Açudes -são construídos a partir de um dique ou barragem, capaz de interceptar um
curso de água. Também poderão ser feitas represas maiores com a finalidade de acumular água
para abastecimento dos viveiros e tanques.
A barragem contará com alguns cuidados para poder cumprir sua finalidade. Deverá ter a
forma de um trapézio, com a crista horizontal, medindo, no mínimo, 3,0 m de largura. Sua base
deve ter, para cada metro de altura do dique acima de 1,0 m, mais 0,30 m na largura da crista.
Essa altura está correlacionada com o volume de água a ser estocado. As paredes externas e
internas da barragem, chamadas taludes devem ser chanfradas, sendo o talude interno com
inclinação menor 1:1,5 e o talude externo com inclinação de 1:2,5 em relação à altura do dique.
Os dois modelos de cálculo são aceitos existindo variantes quanto ás dimensões externas e
internas dos taludes, havendo controvérsias, alguns autores recomendam o talude interno com
inclinação maior que o externo, ou com a mesma inclinação. Para solos pouco argilosos e de
infiltração um pouco acentuada é recomendado a construção de um núcleo central de argila, com
1,0 metro de largura e até 60,0 cm abaixo do nível do solo, com forma de um canal. A barragem é
construída com sucessivas camadas de 10 a 20 cm de solo muito bem compactado.
A altura da barragem deve ultrapassar cerca de 80 cm acima da altura da lâmina d’água
da represa e do ladrão, como medida de segurança em épocas de chuvas. O ladrão ou
sangradouro poderá ser de vários materiais, PVC, cimento, ferro ou mesmo manilhas de barro
queimado. Deverá ser colocado à altura do nível da água que se quer manter na represa ou açude.
O sangradouro deve ter capacidade para escoar o volume de água igual ao da maior precipitação
ocorrida nos últimos cinqüenta anos. Na construção de açudes deve-se inicialmente retirar as
árvores, arbustos, pedras, troncos, de modo a dar condições da despesca com redes de arrasto e
tarrafas. O nivelamento do fundo permite uma melhor despesca com a rede de arrasto e evita a
formação de poças d’água quando da drenagem do mesmo. Vantagens dos açudes: baixo custo de
construção por aproveitar os pequenos vales para a sua alocação. Desvantagens: não se tem um
controle efetivo da qualidade da água; risco constante de rompimento na ocorrência de chuvas
muito fortes; dificuldade de manejo (adubação, alimentação artificial e principalmente das
despescas); às vezes pode restringir só ao cultivo de espécies pouco exigentes em oxigênio,
devido à pequena taxa de renovação de água.
b) Viveiros de derivação -são construídos em terrenos que apresentam grande
declividade ao longo do curso de água (declive longitudinal), e em pontos onde é fraco o declive
transversal do terreno. Tanto o abastecimento quanto a drenagem são feitos por canais ou

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 12/86
 
11
tubulações. Os taludes devem ser construídos com inclinação de 45º. As principais vantagens são:
facilidade no manejo e o controle de entrada e saída do fluxo de água. Desvantagens: custo mais
alto de construção.
c) Viveiros sem derivação do curso de água: são construídos com barragens sucessivas
no curso d’água. O custo é relativamente baixo, mas tem o inconveniente de não se controlar a
água que passa de um viveiro para outro e o esvaziamento de um dependerá do esvaziamento do
outro. Recomenda-se que a água de um viveiro passe ao outro de sua parte mais superficial
possível, possibilitando menos sujeiras e maior oxigenação. Vantagens: baixo custo de
construção. Desvantagens: não renova completamente a água, limita à peixes resistentes a
baixos teores de oxigênio disponível, difícil esvaziamento dos viveiros.
TANQUES -são benfeitorias cuja característica básica reside no fato de serem
revestidos (alvenaria, pedra, tijolos ou concreto). Esse revestimento pode ser total ou parcial
(apenas as paredes laterais). São recomendados para terrenos arenosos, pedregosos ou para a
larvicultura, incluindo o cultivo do microrganismo alimento. São de custo mais alto, mas,
apresentam alta produtividade. Suas paredes podem ser verticais ou podem apresentar uma
inclinação entre 30 a 40º. Também são de baixa manutenção e grande durabilidade.
1.8.1. Diferenças e comparações entre tanques e viveiros 
Os viveiros são reservatórios naturais, cujos detalhes de construção diferenciam-no dos
tanques. Os viveiros se aproximam mais com as condições naturais, são menos onerosos na sua
construção, mas, os cuidados com a sua manutenção são redobrados, principalmente contra os
desmoronamentos e inclinação das paredes externas e internas.
O tamanho dessas construções são variáveis, dependem da topografia do terreno,
finalidade da construção (engorda, alevinagem), biologia da espécie e aspectos econômicos da
construção. Tanques ou viveiros pequenos apresentam vantagens de serem de fácil manejo,
enchimento e escoamento mais rápido, tratamento de doenças, eliminação de parasitas e
predadores, fácil manutenção e finalmente, as possíveis perdas no tanque ou viveiro pode não
representar grandes prejuízos.
Os viveiros de maior tamanho, também apresenta vantagens, pois permitem uma melhor
ocupação do espaço disponível na propriedade, além de serem mais econômicos sua construção
por unidade de área. Adicionalmente, tais viveiros possibilitam uma melhor estabilidade dos
parâmetros de qualidade da água.
A profundidade dos viveiros não deve ser muito grande. Para o nosso clima, a média de
1,20 a 1,50 metros é a mais recomendada, pois garante a penetração de luz até o fundo,
aumentando a produção primária e, também, reduzindo o volume necessário e as práticas de
manejo da água.
Quanto ao formato dos tanques, as plantas quadradas exigem menor movimentação de
terra na construção dos diques e na escavação, se comparados com os tanques retangulares, ovais,
circulares ou de formato irregular. Entretanto, os mais utilizados são os tanques retangulares com
proporção de 1x4 (largura x comprimento). Essa configuração retangular vem a proporcionar
uma hidrodinâmica favorável á oxigenação.
O fundo dos tanques e dos viveiros deverá ter uma declividade variando de 0,5 a 2,0%,
partindo da extremidade de entrada de água para o escoamento. Este desnível propicia o arrasto
das substâncias depositadas no fundo em direção à saída de água. Este desnível também favorece
a despesca, pois os peixes irão se acumular na parte mais funda dos tanques, onde deverá ser
instalada a caixa de coleta. Esta caixa deverá ter 0,2% de toda a área do viveiro, com 30 a 50 cm

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 13/86
 
12
de profundidade, revestida lateralmente de tijolos ou toda de concreto, já que fica junto ao
monge. O seu formato deverá ser retangular. Existe variante deste sistema de refúgio dos peixes,
principalmente para tanques muito grandes onde a caixa de coleta não suportaria a carga de
peixes presentes ali. Desse modo é comum a construção de uma valeta estreita ao longo do eixo
central do tanque com profundidade em torno de 40 cm e uma largura de 2,0 a 3,0 metros. Um
leve declínio transversal favorecerá o escorregamento dos peixes para este canal.
2. DETALHES DE CONSTRUÇÃO DOS VIVEIROS E TANQUES
2.1. Limpeza da área 
É uma operação idêntica à realizada para os açudes, com a retirada de árvores, arbustos,
raízes, etc. Tem a finalidade de favorecer o ambiente no viveiro e facilitar o trabalho das
máquinas na escavação.
2.2. Tubulações de entrada e saída de água 
Necessárias para o controle do nível da água no tanque e o esvaziamento total num prazo
ao redor de 5 dias. A tubulação de entrada de água aporta de canais de abastecimento que são
geralmente abertos e revestidos de concreto. Sua inclinação deverá ser de 1,0 a 4,0%º, garantindo
menor velocidade da água e uma distribuição mais uniforme. Estes canais são de fácil
manutenção e permitem a oxigenação da água desde sua tomada no reservatório até seu aporte no
tanque. A tomada de água no reservatório deve ser feita pouco abaixo da superfície,
proporcionando água mais limpa e oxigenada. A entrada de água nos tanques deverá ser feita por
tubos de PVC ou calhas de modo que avancem sobre a margem dos tanques com uma altura em
torno de 0,5 metros, para permitir melhor oxigenação pela queda e borbulhamento. Deve-se
sempre ter filtros e telas nas captações de água do reservatório como na tubulação que vai aos
tanques. A entrada desta água deverá ser oposta á saída da mesma dos tanques.
O sistema de escoamento em vasos comunicantes (monge) é o mais indicado para
tanques de piscicultura. Os monges podem ser construídos externa ou internamente aos tanques.
Os dois sistemas devem ser construídos quando da determinação da base da barragem, onde se
assentam as tubulações (PVC, ferro ou concreto). A canalização deverá prolongar-se 1,0 metro
antes e depois da base da barragem para evitar entupimentos por erosão e propiciar a construção
da base do monge. O declive deste cano deverá ser de 1,0%.
Outro sistema é o escoamento na forma de sifão, usando tubos de PVC em forma de cachimbo,
onde se regula a altura da água em movimentos pendulares do mesmo. Qualquer que seja o caso
deve-se proteger a saída d’água para evitar o escape de peixes e entupimento dos drenos.
2.3. Canalização de abastecimento ou alimentação. 
Este canal pode ter forma retangular ou trapezoidal, com paredes revestidas de cimento
ou tábuas ou mesmo canais escavados no solo. Seu tamanho será variável e dependerá da
quantidade de água necessária para abastecimento (Tabela 1).
Tabela 1: Dimensões para tomada de água.
Canal de alimentação Vazão menor 20 l/s Vazão entre 20 e 30 l/s 
Largura do fundo (cm) 25 a 30 50
Profundidade (cm) 25 a 40 60 a 80
Declividade do fundo Zero 1/1000

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 14/86
 
13
2.4. Tomada de água para abastecimento. 
É o local de onde provém a água para abastecer os tanques ou viveiros. Geralmente são
derivações do curso de água ou provenientes de grandes represas para abastecimento dos tanques.
A tomada de água é conseguida com uma obstrução do leito do rio ou córrego, total ou
parcialmente, de forma a elevar este nível de água e derivá-lo para os canais de alimentação.
Poderá ser feita por pequenas represas ou mesmo obstrução com madeiras, pedras, argila ou
concreto.
2.5. Canal de escoamento
Deve-se obedecer as regras de construção dos canais de abastecimento, com declividade
de 1% ou mais, se as condições do terreno permitir.
2.6. Filtros e telas de proteção
São utilizados para impedir a entrada de outros peixes e predadores, bem como a saída de
peixes do cultivo do tanque. Exigem manutenção periódica e podem ser colocados em vários
locais entre elas citam-se:
• Entrada da canalização de alimentação principal;
• Entrada ou saída das canalizações ou tubos de alimentação dos tanques;
• Saída das canalizações de escoamento (monge ou sifão), para impedir fuga de
peixes;
• Entrada das canalizações de escoamento para evitar entupimentos.
2.7. Impermeabilidade do fundo 
Necessária para diminuir a infiltração de água, com a compactação do solo ainda um
pouco úmido. Esta compactação poderá ser acompanhada de calcário, esterco e adubos químicos.
Neste sentido favorecerá a formação do lodo e decantação de partículas que obstruirá os poros e
pequenas aberturas no fundo dos viveiros.
2.8. Aeração
São utilizados mecanismos artificiais para melhorar as quantidades de oxigênio disponível
nos tanques, principalmente nas horas mais críticas (primeiras horas do dia). Os meios mais
utilizados são:
• Tubos perfurados de forma oblíqua ao fluxo, obrigando a entrada de ar no sistema
pela própria sucção procedida pela rápida e contínua passagem da água. São
utilizadas quando não é possível o uso de canaletas de abastecimento a céu
aberto.
• Tubos ou canaletas dispostos em cima do tanque, para permitir a queda
prolongada, borbulhamento e oxigenação da água.
• Aerador mecânico, com pás de movimentação rápida e vigorosa, podendo ser
acionado por tratores, geradores a diesel ou energia elétrica.
2.9. Entorno
São as áreas em volta dos tanques. Deve-se observar nesse sentido um plano para facilitar
o manejo, como movimentação de máquinas, caminhões, distribuidores de rações, etc.
2.10. Distância a ser guardada entre viveiros

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 15/86
 
14
Pelo menos em três de seus lados deverá ter uma distância de 3,0 metros. Os tanques ou
viveiros poderão ser construídos aos pares, separados por uma simples parede, suficiente para não
permitir a mistura de água entre eles.
2.11. Gramados
Os gramados visam dar sustentação ao terreno, prevenindo desabamentos (preferência por
gramíneas de raízes estoloníferas) Brachiaria decumbens, capimrhodes, quicuio, etc. O plantio
de árvores e arbustos deve ser estudado com critério, pois o sistema radicular destas podem
causar danos graves aos tanques.
3. CLASSIFICAÇÕES DAS INSTALAÇÕES SEGUNDO SUA FINALIDADE
3.1. Viveiros de reprodutores
São construídos com profundidade variando de 1,7 a 2,0 metros. Sua área deve ser de 200
a 1000 m
2
. A densidade utilizada gira em torno de 5,0 m
2
para cada Kg de peso vivo do
reprodutor ou matriz.
3.2. Tanques de reprodução
São destinados ao manejo reprodutivo dos peixes que se reproduzem em cativeiro. Devem
ter o fundo de terra e sua área em torno de 50 a 100 m
2
.
3.3. Tanques de larvicultura
São aqueles que recebem as pós-larvas e que irão sofrer uma triagem e serão recriados até
a 1ª alevinagem, sendo transferidos quando começam a se alimentar. Poderão ser transferidos
para tanques berçários flutuantes feitos com tela de nylon com malha de 0,3 mm; para tanques de
alevinagem ou mesmo no viveiro adubado recentemente.
3.4. Viveiro de alevinos
São construídos em terreno natural, com área de 100 a 200 m
2
, com profundidade de 1,2
a 1,5 m. Suas paredes devem ter inclinação de 2:1 (dois metros de largura para cada metro de
altura). Devem possuir sistemas de abastecimento e drenagem. A densidade varia com a espécie
que se vai trabalhar, geralmente está em torno de 50 a 500 alevinos por m
2
.
3.5. Viveiros de crescimento, recria ou engorda
Sua área é muito variável, podendo ir de 1000 até 5000 m
2
. As represas ou açudes podem
ser transformadas ou adaptadas em viveiros de engorda. Para tanto, devem ser totalmente
drenadas, a fim de eliminar as espécies indesejáveis e permitir a coleta total dos peixes estocados.
Sua densidade varia com o manejo alimentar e o fluxo de abastecimento de água e da tecnologia
utilizada, podendo ir de 1,0 peixe para cada 10 m
2
ou até 2,0 peixes/m
2
.
3.6. Viveiros de produção de plâncton
São aqueles extremamente adubados, eutrofizados para alta produtividade de plâncton.
3.7. Tanques de depuração
São tanques de alvenaria, abastecidos com água limpa, onde os peixes ficam em torno de
um a quatro dias para retirada de eventual sabor desagradável que possam apresentar, logo após a
sua colheita. São tanques pequenos com tamanho médio de 50m
2
.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 16/86
 
15
3.8. Tanques de quarentena
São destinados a estocagem de reprodutores ou alevinos de outras procedências por um
período de tempo em torno de um mês. Sua localização deverá ser a mais jusante possível dos
viveiros, de modo a evitar a transmissão de eventuais doenças infecto-contagiosas.
4. INFRA-ESTRUTURA DA PISCIGRANJA
São as construções necessárias à operacionalização de todo o processo produtivo. As
ilustrações dos principais equipamentos e instalações utilizados na infra-estrutura de uma
piscigranja encontram-se em anexo no final desta apostila.
4.1. Barracão para preparo e estocagem de ração
Local apropriado para o preparo de ração podendo conter em seu interior:
• misturador de ingredientes (tipo betoneira)
• triturador de grãos
• balança tipo plataforma
4.2. Barracão para guarda dos equipamentos utilizados no trabalho cotidiano com os peixes
(redes , tarrafas, enxadas, baldes, puçás, carrinho -de- mão, etc.).
4.3. Laboratórios
a) Móvel - são utilizados equipamentos portáteis para monitoramento das condições da
água e da biometria dos peixes. Seus principais equipamentos são: oxímetro (determinação do
oxigênio disponível), pHmetro (determinação do pH da água), salinômetro (sais), condutivímetro
(condutividade elétrica, mede a quantidade de partículas em suspensão na água pela corrente
elétrica que transmitem), ictiômetro (medidas de comprimento e largura), balança e o disco de
Secchi que medirá a turbidez da água.
b) Estático - é a instalação geralmente destinada para trabalhos de reprodução artificial
dos peixes. Nela estão os equipamentos como balanças analíticas, incubadoras tipo funil, tanques
de espera para reprodutores, etc.
4.4. Equipamentos de limpeza
São os materiais ou equipamentos necessários para a manutenção dos viveiros e da área
em volta dos mesmos. Entre eles citam-se: equipamentos de capina, poda e varredura (enxadas,
foices, alicates de poda, vassouras, ancinhos, etc.).
4.5. Equipamentos de captura
Compõem-se de todos os apetrechos para captura dos peixes, entre eles citam-se:
a) Rede de plâncton- para coleta do material sobrenadante, destinados à análise dos
integrantes do fito e zooplâncton presentes na água e também para abastecimento de plâncton aos
viveiros. Apresenta-se com rede de malha milimétrica, formato cônico com abertura da boca
medindo 30,0 cm de diâmetro.
b) Tarrafa- utilizada para capturar peixes com o tanque cheio, geralmente utilizada para
amostragens e determinação do tamanho e peso dos peixes. É constituída de rede cônica com
chumbadas na borda para rápido afundamento e captura dos peixes.
c) Picaré - É uma estrutura de redes fixadas com madeiras nas extremidades e utilizadas
para cercar e conter os peixes nos cantos dos tanques.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 17/86
 
16
d) Rede de arrasto- Utilizada em tanques onde o esgotamento da água não pode ser total
na despesca. Exige no mínimo três pessoas para manuseio. Apresenta chumbadas na parte
inferior e bóias na parte superior. Tamanhos de até 15,0 x 2,0 metros são ideais para arrasto,
facilitando o trabalho.
4.6. Equipamentos de seleção
São as redes de malhas calibradas, facilita a triagem dos animais quanto ao tamanho. Ao
passá-la pelo tanque seleciona os peixes de acordo com o tamanho da malha.
4.7. Baldes para contagem
São baldes com o fundo e as laterais perfurados, muito utilizados quando se processa a
venda de alevinos. A contagem sempre é feita por amostragens. Pode ser utilizado para o mesmo
trabalho pequenas peneiras plásticas.
4.8. Puçás ou passaguás
São pequenas redes armadas com aros metálicos, utilizados para selecionar peixes já
capturados (para pesagens, reprodução induzida, etc.). Também são utilizados para retirada de
lixo sobrenadante como folhas, madeira, papel, etc.
5. ALTERAÇÃO BIOLÓGICA DA ÁGUA
São as alterações causadas por diversos tipos de poluentes.
5.1. Poluição doméstica
São os resíduos residenciais jogados diretamente nos rios, que causam problemas de
contaminação na água e também nos peixes. Geralmente causam distúrbios por modificarem o
ambiente onde vivem. Diminuem o oxigênio disponível pela maior eutrofização do ambiente
aquático e causam também maior acidez ou alcalinidade, deixando a água menos favorável ao
desenvolvimento dos peixes. Os principais resíduos ambientais domésticos que trazem problemas
aos peixes são: vidros, latas e plásticos; restos de alimentos; dejetos de esgotos sem tratamento.
5.2. Poluição agrícola
São os poluentes mais danosos que afetam a qualidade biológica da água, devido a grande
persistência e alta mortalidade que causam aos peixes. Os inseticidas e pesticidas do grupo dos
DDT e organoclorados em especial Dieldrim, Endrim, BHC e Heptacloro, foram os pesticidas
mais encontrados em amostras realizadas. Por serem de baixa solubilidade são persistentes e
cumulativos, fixando-se ao longo das cadeias alimentares, desde os organismos integrantes do
plâncton até atingir o ser humano como elo final dessa cadeia alimentar. Há de se destacar
também na poluição agrícola as erosões que causam assoreamento nos leitos dos rios.
5.3. Poluição Industrial
Atualmente é o poluente que degrada as águas dos rios em maior escala devido ao grande
desenvolvimento industrial das ultimas décadas. Sua gama de produtos químicos, físicos e
biológicos jogados na água é imensa. Afetam a temperatura da água, o pH, o oxigênio, a
salinidade e ainda introduz os metais pesados no ambiente, de alta toxidez, radioatividade e
persistência. Causam doenças degenerativas em toda a flora e fauna aquática, bem como a
extinção de muitas espécies.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 18/86
 
17
6. TIPOS DE CULTIVOS
De acordo com a escolha do tipo de cultivo, determina-se a produtividade e os custos. É
lógico que muitas vezes o ambiente e as condições do piscicultor e a disponibilidade da água é
que determinarão qual o cultivo que mais se enquadra na exploração da propriedade agrícola. Os
tipos de cultivo mais comuns são: o cultivo extensivo, o semi-intensivo, o intensivo e o super-
intensivo; o monocultivo e o policultivo, consórcios de peixes com a criação de outros animais.
6.1. Cultivo Extensivo
É a exploração onde se promove uma modificação mínima ao ambiente natural, ocorre
nos açudes, lagoas, represas e outros mananciais. O fundo dos viveiros é irregular e inexiste
controle sobre a entrada e saída da água e também dos predadores naturais. A quantidade de
peixes também não é controlada. A coleta dos peixes é difícil e incompleta e a alimentação é feita
com sobras da propriedade, mandioca, frutas, esterco de aves, bovinos e suínos.
A produção de peixes num sistema extensivo depende muito da capacidade alimentícia da
água, ou seja, da produtividade natural da água, dos nutrientes que ela contém. Deve-se escolher
espécies adequadas que suportariam presença de predadores ou que os utilizassem como
alimento. A taxa de estocagem geralmente empregada nesse sistema é de um peixe para cada 10
m
2
, ficando difícil estimar a real produção dessas criações, pois, na maioria das vezes, sequer
tem-se controle do volume de água dessas represas, considerando-se como produção apenas
aquilo que se conseguiu coletar por diferentes métodos de pesca. Alguns sistemas conseguem
produções de 100 a 1500 Kg/ha. A utilização de alevinos de maior porte (10 a 15 cm) é
praticamente necessária devido a presença constante de predadores nos criatórios. Uma
estocagem inicial de 50 a 2000 alevinos por ha é recomendada. 
6.2. Cultivo Semi-Intensivo
Neste sistema ocorre a contribuição do homem na melhoria da produtividade do
ecossistema aquático. São feitas, pelo menos, calagens e adubações e são fornecidos vários tipos
de alimentos, como resíduos da agroindústria, restos de abatedouros dentre outros. Pratica-se
também uma suplementação alimentar aos peixes, tais como grãos: milho e sorgo; farelos: milho,
sorgo, trigo e soja; tortas: mamona e algodão e farinhas: carne, peixes e ossos.
A densidade de estocagem é maior chegando em média a trabalhar com três a cinco
peixes a cada 10 m
2
de área do viveiro. Já existe neste sistema um melhor controle da renovação
da água, bem como as condições de construção dos tanques são melhores ao facilitar o manejo
dos peixes. Produtividades em torno de 1000 a 2000 kg/ha são facilmente alcançados nesse
sistema. Aqui também é comum o consorciamento com outras espécies animais como patos,
marrecos de pequim e suínos.
6.3. Cultivo Intensivo
É o tipo de piscicultura atualmente mais utilizada em nossa região, onde os criatórios são
construídos objetivando apenas essa finalidade. Os tanques/viveiros são construídos com técnicas
modernas de engenharia apresentando vários detalhes como: controle de entrada e saída da água,
declividade do fundo e das paredes do tanque, caixas de coleta, filtros e telas de proteção. Na
alimentação são utilizadas rações balanceadas (peletizadas e extrusadas), adubações químicas e
orgânica, calagens do solo e da água, bem como o acompanhamento total das condições da água
e do crescimento da biomassa dos peixes. A densidade de cultivo neste sistema varia entre um a
dois peixes por m
2
ou mesmo um peixe a cada 2m
2
. A produtividade esperada neste sistema está
em torno de 4000 a 5000 kg/ha. Neste sistema é comum o uso de aeradores artificiais.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 19/86
 
18
6.4. Cultivo Super-Intensivo
É o tipo de cultivo mais tecnificado que trabalha com espécies de alto valor comercial,
sempre em monocultivo, a densidade de estocagem é alta com vinte a oitenta peixes por m
3
de
água. Como a piscicultura super intensiva implica total dependência dos peixes aos alimentos
que o criador lhes oferece, para o empreendimento ser economicamente viável, o alimento deve
proporcionar elevada conversão alimentar para promover um rápido crescimento, e o peixe, por
sua vez, deve alcançar alto valor no mercado para que a atividade seja lucrativa.
O aumento de densidade de estocagem é dependente de dois fatores primordiais que são
os teores de oxigênio e de amônia na água. Para se resolver esse problema, ou se eleva o fluxo de
água que renova o suprimento de oxigênio que arrasta a amônia, ou se promove a filtração e a
aeração artificial da água por processos mecânicos.
Os peixes recebem alimentação peletizada ou extrusada e, a adubação orgânica para
provimento de plâncton não é utilizada. São exemplos desse tipo de cultivo a criação de peixes
em “TANQUES-REDE” ou gaiolas e os sistemas de fluxo contínuo de água chamados de
“RACEWAYS”.
• TANQUE REDE - São viveiros de tela de material resistente, com formato
redondo, hexagonal ou retangular, com altura que varia de 1,5 a 3,0m e são
montados em grandes reservatórios de água e, também, nas enseadas das orlas
litorâneas, em profundidades médias de 4 a 10m., amarradas em postes de
concretos ou madeira ou âncoras chamadas poitas. Essa técnica originária do
Japão é utilizada no Brasil onde encontra grande potencial de crescimento devido
aos mais de cinco milhões de hectares de águas represadas pelas Usinas
Hidroelétricas, sendo que o nosso País possui o maior potencial do mundo em
água doce represada.

 RACEWAYS - ou canais com fluxo contínuo de água. É um sistema mais
sofisticado e mais caro, consistindo em uma série de tanques de alvenaria ou
concreto, paralelos, e interligados com largura de 1,5 a 4,5m., e comprimento
variável, que permite a criação de peixes em altas densidades de estocagem em
função do elevado fluxo de abastecimento dos tanques, promovendo a troca de
oxigênio e a remoção de amônia e de sobras de alimentos. Como esta vazão é
muito alta, muita destas criações estão acopladas a sistemas de reciclagem da
água já utilizada, com recalque para um depósito em nível mais elevado e retorno
da mesma água aos viveiros, após biofiltração que reduz a amônia que é
altamente tóxica. A produtividade neste sistema varia muito com a densidade
utilizada, obtendo índices que variam de 70 a 100 kg de peixes por m
3
.
Analisando todos esses sistemas de exploração em piscicultura, devemos ficar atentos que
antes de se adotar qualquer regime de criação, é necessário pesquisar com cuidado todas as
variáveis de produção, principalmente a economia da tecnologia a ser empregada e se a mesma é
viável no local onde será aplicada. Deve ficar claro também, que todo o incremento de tecnologia
utilizado reflete em ganho de produtividade, mas do mesmo modo exige maiores cuidados na
operacionalização, bem como nos riscos do empreendimento.
7. TIPOS DE EXPLORAÇÃO

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 20/86
 
19
• MONOCULTIVO - nesse sistema, opta-se por uma única espécie a ser criadas no
viveiro, sendo mais comuns nos sistemas extensivos e semi-intensivos e quase
que obrigatórios nos super-intensivos. Comparativamente é menos recomendado
do que o policultivo devido a subutilização dos alimentos naturais não
consumidos pela espécie principal bem como das sobras de rações que vão ao
fundo do tanque.
• POLICULTIVO - consiste na criação de espécies diferentes e de hábitos
alimentares diferentes para que possam aproveitar melhor o alimento disponível
no tanque, bem como o espaço físico na água. Nesse sistema, são cultivadas duas
ou mais espécies de peixes, explorando melhor a cadeia alimentar formada com
adubação orgânica.
Deve-se estabelecer a densidade de estocagem dos viveiros e a proporção relativa ideais
das espécies a serem criadas, buscando sempre a otimização da produtividade. Vantagens:
aumento do oxigênio das águas dos tanques pelo consumo do excesso de algas e do lodo do
fundo; reciclagem rápida e completa dos excrementos de uma das espécies, já que a outra pode-se
alimentar de dejetos; decréscimo da população de espécies indesejáveis pela competição natural
no viveiro. Desvantagens: pode estabelecer competição entre as espécies cultivadas se houver
desbalanço na densidade; maior mão de obra na separação das espécies quando da despesca, que
encarece a produção; taxa de crescimento diferentes que ocasionará coletas parciais ou em épocas
diferentes nos viveiros.
8. CONSORCIAMENTO
8.1. Consórcio peixes-suínos
É um tipo de consórcio onde há o aproveitamento contínuo do esterco fresco, onde as
fezes e urina são escoados diretamente para dentro do viveiro. Os suínos são criados em galpões
próximos ou sobre os viveiros. As fezes frescas contêm cerca de 20% de alimentos mal digeridos,
sendo o restante utilizado como adubo orgânico, estimulando a produção de plâncton que
também serão consumidos. Recomenda-se uma relação de 60 suínos adultos para cada hectare de
tanque ou em condições de melhor renovação da água até 200 suínos por ha, poderá ser
recomendado.
Alguns cuidados essenciais devem ser tomados principalmente para não concentrar a
alimentação num só local do tanque, e também cuidados com o uso de produtos químicos na
criação dos suínos que poderiam contaminar os peixes. Pode-se obter produções em torno de 2 a
3 toneladas por hectare neste sistema de consórcio.
8.2. Consórcio peixes-aves
O mais comum desses consórcios com aves é a criação de peixes juntamente com patos
ou marrecos de pequim, que atingem 2,4 a 2,6 kg de peso (tamanho ideal para abate e a
comercialização destes animais) em um curto período de 50 a 60 dias. A relação de marrecos para
um hectare de tanque é de 300 a 500 marrecos, por terem crescimento rápido os marrecos
precisam ser alimentados com ração contendo de 15 a 18% de proteína bruta. O excedente da
ração acaba indo para a água, pois os comedouros das aves devem ficar próximos a esta, ou
mesmo acima em ilhas construídas com ripados de madeira. Também são importantes para
alimentação dos peixes os excrementos que os marrecos liberam, os quais servirão diretamente
como alimento aos peixes, ou indiretamente, através da adubação da água dos viveiros.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 21/86
 
20
Uma das vantagens desse consórcio é a oxigenação promovida pelos marrecos devido a
sua intensa movimentação na água e também a erradicação da vegetação aquática, da qual os
marrecos se servem como alimento. A grande desvantagem deste sistema é o estrago que os
marrecos causam aos taludes, também o fato de serem de difícil comercialização, além do que
são parasitos dos mesmos vermes comuns aos peixes. A produção de peixes nesse sistema está
em torno de duas toneladas por hectare.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 22/86
 
21
CAPITULO 3
REPRODUÇÃO DE PEIXES

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 23/86
 
22
1. INTRODUÇÃO
O sucesso da piscicultura depende da capacidade de perpetuação da espécie, onde são
produzidas larvas a serem utilizadas na criação, visando a terminação ou a manutenção do plantel
de reprodutores.
Na reprodução natural, vários mecanismos reprodutivos ocorrem como a partenogênese, a
bissexualidade e o hermafroditismo.
A bissexualidade ocorre com os peixes apresentando os sexos separados, machos e
fêmeas, com a fecundação e o desenvolvimento externo (ovuliparidade). Ex. dourado, pacu,
pintado, tambaqui, matrinxã, curimbatá, etc.
2. DEFINIÇÕES BÁSICAS
Dimorfismo sexual: é a diferenciação sexual nos peixes, sendo que a maioria das espécies
não apresentam tal característica fora do período reprodutivo. Algumas apresentam alguns sinais
indicativos:

 Tucunaré- apresenta uma protuberância entre a cabeça e a nadadeira dorsal;
• Curimbatá- emite sons durante a piracema;
• Pirarucu- apresenta uma coloração avermelhada na borda das escamas dos peixes
machos;
• Dourado- aparece algumas espículas (espinhos) na nadadeira anal;
• Tilápias machos são maiores que as fêmeas, e no caso das trutas e salmões as
fêmeas é que são maiores que os machos.
Na época de reprodução as fêmeas da maioria das espécies apresentam o ventre abaulado
e macio, com a abertura urogenital intumescida, saliente e avermelhada. Já os machos, sob leve
pressão no abdômen no sentido encéfalo-caudal, liberam o sêmen.
Cuidado parental: é o cuidado que os pais dispensam à prole, para garantir a
sobrevivência da espécie.
Espermatogênese: são as várias divisões mitóticas das células germinativas até formarem
os espermatozóides.
Ovulogênese: é o processo de formação dos óvulos, através das várias divisões mitóticas
no organismo das fêmeas.
3. REPRODUÇÃO: UM EVENTO CÍCLICO
Os peixes apresentam uma periodicidade no seu processo reprodutivo, geralmente
desovando a cada ano, podendo ocorrer a desova mais de uma vez ao ano em algumas espécies
de tilápias. Todo esse processo é sincronizado com fatores ambientais que garantirão a
sobrevivência da prole.
O ciclo anual pode ser dividido em três fases:
• Fase 1- pós desova: neste período as gônadas se encontram de tamanho reduzido,
encontrando-se em repouso;
• Fase 2- pré desova: aqui as gônadas iniciam a produção de gametas
(gametogênese) e ocorre a produção e incorporação do vitelo nos ovócitos
(vitelogênese) e é acompanhado por um aumento gradual no tamanho das gônadas;
• Fase 3- ovulação: é a maturação final dos gametas, culminando com a desova, a
liberação dos gametas e a fertilização dos ovos.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 24/86
 
23
4. REPRODUÇÃO INDUZIDA
Todo o processo de indução começou com Rodolpho Von Ihering, que iniciou os
trabalhos de cultivo de peixes na Região Nordeste em 1932. Havia o interesse de expandir a
piscicultura, mas, a dificuldade de obtenção de alevinos era grande, haja vista a impossibilidade
de reprodução natural das várias espécies de peixes em cativeiro.
Alguns grupos de peixes reproduzem-se naturalmente em águas lênticas (lagoas ou
represas), como os lambaris, traíras e tucunarés. Outros grupos de peixes, que abrange a maior
parte de nossas espécies nativas, necessitam realizar a piracema (migrações) rumo às cabeceiras
dos rios para a reprodução, são os chamados peixes REOFÍLICOS, como o pacu, tambaqui,
curimbatá, dourado, pintado, piavuçú, piraputanga, piracanjuba, etc. Peixes estes de grande
interesse para a piscicultura. Para estas espécies, que em cativeiro não se reproduzem
naturalmente, pressupõe-se o processo de reprodução induzida a fim de que seja possível a
obtenção de larvas para posterior cultivo.
A reprodução induzida consiste da utilização de hormônios naturais ou sintéticos a fim de
que seja possível induzir a ovulação e espermiação de algumas espécies de peixes com potencial
para ser utilizadas em piscicultura. Assim, justifica-se a reprodução induzida, para obtenção de
uma produção em massa de larvas, com alta taxa de sobrevivência para o abastecimento dos
sistemas de criação de espécies reofílicas.
5. ORIGEM DO PLANTEL DE REPRODUTORES
Os reprodutores utilizados para indução hormonal podem ser obtidos dos rios, sendo
estocados em tanques, recebendo alimentação e outros manejos de acordo com a espécie, idade
do animal, etc.
Os animais também podem ser obtidos de outras piscigranjas, estações de piscicultura,
etc. Embora possam ser estocados em viveiros maiores, a manutenção desses animais em viveiros
menores, com 1500 a 3000 metros quadrados, facilita o acompanhamento do seu
desenvolvimento, alimentação e observação das mortalidades, além de facilitar a captura para
utilização na reprodução, sendo a densidade mantida na proporção de 5 a 10 m
2
por reprodutor.
A alimentação destes reprodutores deve suplementar suas exigências para manutenção e
desenvolvimento gonadal, sendo que para os animais em crescimento é necessário que a ração
supra as suas exigências de mantença, crescimento e também aquela porção que será destinada à
reprodução.
No caso de reprodutores de hábito alimentar carnívoro, como o pintado e a piraputanga,
pode-se utilizar de outras espécies para melhorar o desempenho reprodutivo e também reduzir os
custos com a alimentação.
Para as espécies que aceitam bem dietas artificiais, uma taxa de arraçoamento entre 1 a
2% tem trazido bons resultados sobre o desempenho, sendo que peixes carnívoros exigem níveis
protéicos mais elevados.
As dietas deverão ser reduzidas nas épocas mais frias, e de acordo com a condição
corporal do animal.
Os peixes apresentam elevada fecundidade. Para se ter uma idéia, uma fêmea de tambaqui
de 3,0 kg desova cerca de 500 mil óvulos, já uma fêmea de dourado de 7,0 a 8,0 kg chega a
desovar mais de um milhão de óvulos.
Hipofisação: é a aplicação do hormônio gonadotrófico extraído da hipófise de peixes doadores,
os quais devem ser adultos e estarem maduros sexualmente ou em fase de maturação gonadal
avançada.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 25/86
 
24
6. BIOLOGIA REPRODUTIVA DOS PEIXES
Os peixes no ambiente natural se preparam para a reprodução, geralmente na mesma
época, estando maduros produzem gametas com óvulos e espermatozóides viáveis. As espécies
de piracema realizam migrações anuais cíclicas que coincidem com o período das chuvas e
aumento da temperatura e do fotoperíodo. Nessa migração procuram lugares adequados que são
os trechos dos rios passíveis de inundações, onde formam as lagoas marginais, que são os
berçários onde vão parar os ovos depois de fecundados e hidratados em pleno leito do rio. Em
menos de 24 h ocorrem a eclosão das larvas.
Quando estão maduras sexualmente as gônadas (ovários e testículos) apresentam-se como
uma massa volumosa, de coloração variável, dentro da cavidade abdominal, paralelo à bexiga
natatória.
7. MECANISMO ENDÓCRINO DA REPRODUÇÃO
Existe uma glândula chamada hipotálamo, que através das influências climáticas inicia a
secreção do GnRH (hormônio gonadotrópico), que intensifica a formação da gonadotrofina pela
hipófise ou glândula pituitária. Esta gonadotrofina cai na corrente sanguínea e chega aos tecidos
das gônadas, estimulando a produção e secreção dos hormônios sexuais (andrógenos e
estrógenos). A hipófise ainda sintetiza o hormônio tirotrópico (TSH) que atuará na maturação
final dos óvulos (Figura 1).
Figura 1: Produção de hormônios e sua atuação nas diferentes estruturas reprodutivas de peixes
8. IDADE PARA REPRODUÇÃO 
A primeira maturação é variável com a espécie, sexo, tamanho, bem como dos fatores
externos como alimentação e condições climáticas. Alguns exemplos de idade de maturação
podem ser observados abaixo:
• Pirapitinga (fêmea): 3,5 anos; Pirapitinga (macho): 2,5 anos
• Pacu/tambaqui (fêmea): 4,5 anos; Pacu/tambaqui (macho): 3,5 anos
• Matrinxã (fêmea): 3,0 anos; Matrinxã (macho): 2,0 anos
No clima temperado este tempo poderá ser maior para o início da maturação sexual.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 26/86
 
25
9. ÉPOCA DE REPRODUÇÃO 
Cada espécie apresenta uma época mais favorável à reprodução induzida. A maioria
apresenta sazonalidade sincronizada com fatores ambientais, períodos chuvosos, altas
temperaturas com os dias mais longos (Tabela 1).
Tabela 1: Épocas de reprodução de algumas espécies de peixes de água doce
Espécie Meses do ano
Piracanjuba(Brycon orbignyanus) D-J
Curimbatá (Prochilodus lineatus) D-J-F
Dourado (Salminus maxillosus) O-N-D-J
Lambari ( Astianax bimaculatus) A-S-O-N-D-J-F-M
Mandí (Pimelodus maculatus) O-N-D-J-F-M
Trairão ( Hoplias Lacerda) S-O-N-D-J-F
Piapara ( Leporinus elongatus) D-J
Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) N-D
Pacu (Piaractus mesopotamicus) D-J-F-M
Tambaqui (Collossoma macropomum) D-J-F-
10. HIPOFISAÇÃO 
A hipofisação começa com a determinação da quantidade de hormônio a ser aplicado e
com as técnicas utilizadas. O extrato bruto de hipófise é utilizado na proporção de 4,5 a 5,5
mg/kg de peso vivo das fêmeas que se pretende induzir. Nos machos são aplicadas doses menores
(0,5- 1,0- 2,5 mg/kg) (Tabela 2).
Calculada a quantidade de hipófises, elas são colocadas em um cadinho e perfeitamentetrituradas com o auxílio de um pistilo. Para se ter uma dispersão mais fina usa-se algumas gotas
de glicerina (não mais que 0,5 ml) e continua-se triturando até obter uma pasta fina, adiciona-se o
soro fisiológico calculado, mexendo bem a solução. Despreza-se a parte sólida e utiliza o
sobrenadante.
Exemplos das dosagens utilizadas para pacu/tambaqui:
• Fêmeas
Dose preparativa - 0,5 mg de hipófise/kg de peixe
Dose final - 4,5 a 5,0 mg de hipófise/kg de peixe
Intervalo entre doses - 14 a 22 horas
Soro fisiológico - 0,5 ml/kg de peixe.
• 
MachosDose única- 2,5 mg de hipófise/kg de peixe
Tempo- logo após a segunda dose das fêmeas
Soro fisiológico- 0,5 ml/kg de peixe.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 27/86
 
26
Tabela 2: Doses hormonais utilizadas para machos e fêmeas de algumas espécies de peixes
empregadas na reprodução induzida.
ESPÉCIE DOSE (mg/Kg de peso vivo) FONTES
Pacu (Piaractus mesopotamicus) Fêmea
1ª dose: 0,2
2ª dose: 20,0
Macho
1ª dose: 0,2
2ª dose: 14,0
CASTAGNOLLI
E DONALDSON
(1980)
Pacu (Piaractus mesopotamicus) Fêmea
1ª dose: 0,5
2ª dose: 5,0
Macho
1ª dose: 1,5
AYROSA et al.
(1994)
Dourado (Salminus maxillosus) Fêmea
1ª dose: 5,0
2ª dose: 20,0
Macho
1ª dose: 5,0
2ª dose: 10,0
PINTO
GUGLIEMONI
(1986)
Matrinxã ( Brycon amazonicus) Fêmea
1ª dose: 0,4
2ª dose: 4,0
Macho
1ª dose: 1,5
BERNARDINO
et al. (1993)
Piracanjuba ( Brycon orbignyanus) Fêmea
1ª dose: 0,5
2ª dose: 5,0
Macho
1ª dose: 1,0
MENDONÇA
(1996)
Pintado (Pseudoplatystoma corruscans)Fêmea
1ª dose: 1,0
2ª dose: 5,0
Macho
1ª dose: 2,0
GOMES et al.
(1990)
11. ADMINISTRAÇÃO DO HORMÔNIO 
O hormônio deve ser administrado por via intramuscular ou intraperitonealmente. O localmais utilizado é a base da nadadeira peitoral (musculatura vermelha).
A injeção da solução hipofisária é realizada após a retirada dos reprodutores dos tanques
de hipofisação, sendo os mesmos colocados em uma espuma para evitar lesões e cobrir sua
cabeça com pano úmido para facilitar a injeção hormonal.
Quando o peixe é difícil de ser manejado, como o dourado e a matrinxã, antes da
pesagem, os reprodutores devem ser anestesiados com xilocaína (1,0 g/10,0 kg) que ajuda a
reduzir o estresse; ou a quinaldina colocada na água (caixas de cimento amianto ou mesmo isopor
na proporção de 0,5 ml/100 litros de água). Antes da dose final para evitar perdas de ovos, pode-
se suturar a dobra que protege a abertura sexual das fêmeas.
12. HORA-GRAUApós aplicação da dose final, a fêmea é devolvida ao tanque. Inicia-se então a leitura da
temperatura da água em intervalos de uma em uma hora, sendo anotada em ficha própria, a fim
de calcular o tempo de ovulação (hora-grau). A hora-grau para o tambaqui varia de 260-280 para
temperatura entre 26 a 29ºC.
O conhecimento do valor de horas-graus é importante para se saber aproximadamente
quanto esperar para a ovulação após a última injeção. Esse valor varia de acordo com a espécie e
com o tipo de tratamento utilizado (Tabela 3).

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 28/86
 
27
Tabela 3: Espaço de tempo entre a segunda injeção e o momento da extrusão
Horas-grau
Hipofisação LHRH
18-22°C 23-26°C 27-29°C 23-26°C 27-29°C
Carpa Comum
1
260 250-260 230-240 420-440 -
Carpa capim
1
225 210-220 - - -
Carpa prateada
1
225 210-220 - - -
Carpa cabeçuda
1
240 220-230 - - -
Tambaqui
2
180
Pacu
5
- 182 - - 380-390
Matrinxã
1
- 190-200 - 340-380 -
Piracanjuba
4
170
Dourado
1
- 250-260 - 340-360 -
Bagre africano
3
221,3
1
WOYNAROVICH E HORVÁTH (1983);
2
CACHO e CHELAPPA (1992);
3
MOURA e CHELAPPA (1992);
4
MENDONÇA (1996);
5
FANG (1996).
13. EXTRUSÃO E FECUNDAÇÃO 
O peixe é envolvido em toalhas e levado para a mesa com colchão de espuma. Se houver
pontos, eles são removidos e a extrusão é feita pressionando a região do abdômen por detrás da
nadadeira peitoral. Os ovos são expelidos em jatos e separados em pequenas bacias de plástico
bem secas. Muitas vezes, por ter o abdômen muito musculoso, não se consegue extrair de uma só
vez todos os ovos e, por esse motivo, pode-se providenciar uma nova sutura do orifício sexual e
após uma hora repete-se a operação.
Os machos são espermiados diretamente sobre os ovos já coletados das fêmeas e
misturados com o auxílio de uma pena.
A mistura precisa ser feita de maneira rápida e de modo cuidadoso, com movimentos
suaves e seguros, não ferindo os ovos.
Após realizada a mistura adiciona-se água pura em pequenas quantidades, mexendo
imediatamente. Colocar cerca de 15% de água sobre o peso total dos óvulos, realizando uma nova
homogeneização.
O volume de água não deve ser muito elevado para evitar a diluição da mistura,
dificultando a fertilização pela dificuldade de penetração na micrópila, que é uma abertura
localizada na zona pelúcida dos ovócitos dos peixes, através da qual o espermatozóide atinge a
superfície ovocitária durante a fertilização.
Os espermatozóides no líquido de esperma seco são imóveis e iniciam seu movimento
agilmente quando em contato com a água. O movimento dos espermatozóides também não dura
mais que um minuto, por isso a fertilização precisa ser feita rapidamente.
14. COLETA E PRODUÇÃO DAS HIPÓFISES 
A condição da produção e coleta de hipófises divide-se em etapas distintas, e para cada
uma delas algumas considerações devem ser feitas.
• OBTENÇÃO DE DOADORES 
Inúmeros peixes podem ser utilizados como doadores, entre eles citam-se a carpa,
curimbatá, piavuçu, salmão, trairão e tucunaré. A principal característica que o peixe deve ter

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 29/86
 
28
para ser considerado como doador é apresentar maturidade sexual, ou seja, peixes nos quais se
podem observar ovários ou testículos já desenvolvidos.
• TAMANHO DO PEIXE DOADOR 
A principal característica para o peixe ser considerado doador é o grau de maturidade
sexual. Esta característica não está ligada diretamente com o tamanho do peixe, pois estudos
mostram que a atividade gonatrópica é a mesma, seja o hormônio obtido de hipófises de peixes
grandes (> 1 kg) ou pequenos (< 0,3 kg), desde que estejam sexualmente maduros. As hipófises
de peixes grandes possuem maior quantidade de gonadotropinas do que as dos peixes pequenos.
• LOCALIZAÇÃO DA HIPÓFISE 
A hipófise ou glândula pituitária localiza-se na base do crânio, numa pequena depressão
conhecida como célula túrcica, logo abaixo do hipotálamo. O hipotálamo é facilmente
reconhecido, pois se apresenta como uma região dilatada da parte inferior do cérebro. Quando se
retira o cérebro do peixe, algumas vezes a hipófise permanece ligada a ele, mas de maneira geral
ela se desprende do cérebro, ficando aderida na célula túrcica (Figura 2).
Figura 2: Localização da hipófise em peixe
• COLETA DAS HIPÓFISES 
- Tempo para retirada da hipófise: a atividade gonadotrópica é a mesma quando se
coletam as hipófises de peixes recém sacrificados ou até 24 horas após a morte,
desde que neste caso se resfriem os peixes ou suas cabeças imediatamente após a
morte a uma temperatura de 4ºC.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 30/86
 
29
- Época da coleta das hipófises: a concentração de hormônios gonadotrópicos se
altera durante o ano, mudança esta relacionada com o ciclo reprodutivo dos peixes.
Sua concentração é máxima durante a pré-desova, mas estudos mostram que
hipófises coletadas durante o ano todo se mostraram viáveis à indução hormonal
em peixes de tamanho grande.
• MÉTODOS DE EXTRAÇÃO 
Existem os mais variados métodos de extração das hipófises. A escolha pode estar em
função dos equipamentos disponíveis para extração ou de fatores mercadológicos, como, por
exemplo, se a retirada das cabeças causará depreciação do pescado. A hipófise pode ser retirada
com a remoção da parte superior da cabeça (ossos frontal e occipital), de modo a aparecer o
cérebro do peixe. O cérebro deve ser removido cuidadosamente com uma pinça, aparecendo
então a hipófise. Também pode ser retirada com furadeira elétrica adaptada com serra-copo para
a extração da hipófise. Os doadores devem de preferência ser transplantados vivos até o momento
da retida das glândulas, quando serão sacrificados por meio de uma incisão profunda a partir da
base da nadadeira peitoral (Figura 3).
Figura 3: Extração da hipófise em peixes.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 31/86
 
30
• PRESERVAÇÃO DAS HIPÓFISES
À medida que as hipófises vão sendo coletadas, colocá-las imediatamente em acetona.
Quando terminada a coleta, utilizando-se de agulhas, estiletes, etc., procede-se uma limpeza
preliminar, eliminando tecidos estranhos que tenham sido coletadas simultaneamente, e substitui-
se a acetona, adicionando-se um volume mínimo de 20 vezes o volume de hipófises. Após 8
horas substituí-se novamente a acetona. Após outras 24 horas retira-se toda a acetona e colocam-
se as glândulas sobre um papel filtro e deixa-se secar a temperatura ambiente e em local seco.
Terminada a secagem procede-se à limpeza final para retirar tecidos remanescentes, e separam-se
as hipófises inteiras das fragmentadas (estas podem ser utilizadas para a indução hormonal dos
machos).
Figura 4: Preservação das hipófises.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 32/86
 
31
• ARMAZENAMENTO DAS HIPÓFISES 
As hipófises assim produzidas podem ser armazenadas por vários anos, desde que sejam
mantidas livres de umidade. Para isto adotam-se os procedimentos ilustrados na figura 5.
Figura 5: Armazenamento das hipófises.
15. INCUBAÇÃO DOS OVOS 
Logo após o período de fertilização, os ovos são levados às incubadoras de 60 litros, na
quantidade de 100 gramas de ovos, adicionados em água corrente de boa qualidade. Alguns
cuidados na incubação quanto a quantidade de ovos:

 de 130 a 200 mil ovos para incubadoras de 60 litros
• de 250 a 400 mil ovos para incubadoras de 200 litros
Quanto à vazão de água na incubadora:
• de 4 - 5 litros/minuto para incubadora de 60 litros
• de 7 - 10 litros/minuto para incubadoras de 200 litros
Estas precauções são necessárias para que ocorra o revolvimento dos ovos com suavidade
evitando o seu rompimento.
A eclosão destes ovos demora cerca de 16 -19 horas, estando, ligado diretamente este
tempo com a variação da temperatura. Os ovos podem ficar na incubadora de 60 litros ou serem
transferidos para as incubadoras de 200 litros, após decorridos 24 horas. Devem permanecer neste
ambiente até a fase de pós-larva quando ocorre a absorção do saco vitelínico e desenvolvimento
das nadadeiras, neste período a boca já esta formada e já recolhe a comida do ambiente.
Decorrido este período vão aos viveiros, que já deverão estar preparados com antecedência de 3 a
4 dias, favorecendo o crescimento do fito e zooplâncton que fornecerá a alimentação neste
estágio de desenvolvimento. O preparo deste viveiro de alevinagem deverá ser feito com 200-300
kg de esterco bovino para cada 1.000 m
3
, após a adição de 15 a 20 kg de calcário.
16. TRANSPORTE DAS PÓS-LARVAS PARA OS VIVEIROS
Alguns cuidados deverão ser observados nesta etapa:
• O transporte sempre nas primeiras horas da manhã;

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 33/86
 
32
• Recolhimento das pós-larvas das incubadoras por aspiração com tubulação
apropriada, a qual é denominada sifonagem;
• A temperatura da incubadora deverá estar o mais próximo possível a da água do
viveiro, para não ocorrer o choque térmico;
• A densidade recomendada de 150 mil pós-larvas para cada 1000 m
2
de viveiro;
• O nível da água do viveiro deverá estar entre 40 a 50 cm, somente completando
com o nível máximo após 48 horas do transporte inicial.
17. ALIMENTAÇÃO DAS PÓS-LARVAS
A alimentação deverá ser fornecida em duas parcelas/dia durante os sete primeiros dias,
com distribuição uniforme pelo viveiro. A quantidade de ração a ser fornecida é calculada de
acordo com o número de pós-larvas (Tabela 4).
Tabela 4: Quantidade de ração para cem mil pós-larvas.
SEMANA DA PÓS-LARVA QUANTIDADE (g) GRANULOMETRIA
1ª 200 Pó
2ª 500 Pó
3ª 1000 Muito Fina
4ª 1500 Fina (Granulada)
5ª 2000 Fina (Granulada)
Após quatro a cinco semanas, os alevinos terão de 3 a 5 cm e poderão ser levadas aos
viveiros de engorda ou vendidos para açudes ou represas (15 a 20 cm).
A tabela 5 apresenta os principais componentes de rações para pós-larvas e alevinos.
Tabela 5: Formulação e Componentes de Rações para Pós-Larvas e Alevinos.
COMPONENTE FASE ALIMENTAR
INICIAL (%) ALEVINOS (%)
ARROZ (PÒ) 25 -
MILHO - 25
FARINHA SOJA 25 25
FARINHA PEIXE 25 25
FARINHA CARNE 25 25

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 34/86
 
33
18. ESQUEMA DE LABORATÓRIO E INCUBADORA

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 35/86
 
34
CAPÍTULO 4
QUALIDADE DE ÁGUA E MANEJO EM PISCICULTURA 

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 36/86
 
35
1. OXIGÊNIO DISSOLVIDO
Quando falamos em qualidade da água para piscicultura, o primeiro e mais importante dos
componentes que deve vir à mente é o Oxigênio Disponível (OD). É o componente mais
limitante em piscicultura. Sua solubilidade é baixa e ainda é reduzida com o aumento da
temperatura, com o decréscimo da pressão atmosférica e com o aumento da salinidade da água.
Sua taxa de difusão também é muito lenta, ou seja, a transferência de oxigênio do ar para a água.
Isto torna as algas fotossintetizantes a principal fonte de OD nos ecossistemas aquáticos.
Sabemos que na água existem os produtores e os consumidores de oxigênio, sendo que o
fitoplâncton inverte seu papel de produtor de oxigênio durante o dia para consumidor do mesmo
no período noturno (fotossíntese e respiração). Havendo nutrientes na água em abundância para a
fotossíntese e conseqüente produção de oxigênio, a luz solar passará a ser o fator limitante,
podendo ocorrer morte de peixes em períodos longos de dias nublados.
Existe um valor adequado de plâncton no tanque (que deve ser monitorado com o disco de
Secchi). Se este plâncton for demasiado no tanque, a luz solar chegará muito atenuada na parte
mais profunda do mesmo, diminuindo a fotossíntese e a produção de oxigênio.
Concomitantemente durante a noite o número elevado de algas consumirá este oxigênio
disponível, podendo ocorrer variações na concentração de OD de 20 mg/l no período da tarde
para até menos de 2,0 mg/l nas primeiras horas da madrugada. A maioria dos peixes de água
quentes suportam concentrações inferiores a 1,0 mg/litro de oxigênio, mas preferem
concentrações superiores a 3,0 mg/litro e crescem muito bem quando as concentrações estiverem
acima de 5,0 mg/litro. Então, conclui-se que a variação do oxigênio nos tanques está em função
da quantidade de plantas, da profundidade, da temperatura e da incidência de luz
1.1. Causas da diminuição das concentrações de oxigênio dissolvido em viveiros
• Morte rápida de grandes quantidades de fitoplâncton existente no viveiro, com a
decomposição da matéria orgânica, consome-se grandes quantidades de oxigênio
disponível na água (Figura 1 e 2).
• Céu aberto com dias sem vento ou longo período chuvoso, havendo excesso de
fitoplâncton nos viveiros. Nesse caso o fitoplâncton passa apenas a consumir o
oxigênio, competindo com os peixes pelo mesmo O2.
• Chuvas ou ventos fortes causarão a suspensão da matéria orgânica depositada no
fundo dos viveiros, assim parte do oxigênio seria gasto nesta mineralização.
• Superpopulação de peixes nos viveiros, a maior quantidade de peixes, consumirá o
O2de forma mais rápida, podendo ocorrer problemas principalmente no final da
madrugada, quando não há produção de oxigênio pelo fitoplâncton.
• Falhas nos equipamentos de aeração.
• Excesso de alimento ou de fertilizantes orgânicos.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 37/86
 
36
Figura 1: Variação superficial diária do OD em tanques com diferentes densidades de plâncton.
Figura 2: Concentração de OD média em tanques com diferentes densidades de plâncton.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 38/86
 
37
1.2. Sintomas da queda do oxigênio nos viveiros(Figura 3) 
• Peixes param de se alimentar; 
• Mudança na coloração da água, que passa de verde para marrom;
• Peixes abrindo e fechando a boca na superfície;
• Peixes concentrados próximos à entrada de água do viveiro;
• Morte dos peixes maiores.
Figura 3: Efeito da concentração de OD nos peixes.
1.3. Algumas medidas a serem tomadas na falta de OD 
• Diminuir gradativamente, ou mesmo parar a adubação orgânica e/ou
arraçoamento;
• Encher o viveiro com o máximo de água limpa possível e por queda brusca;
• Evitar agitar a água do fundo, não passando rede de arrasto ou mesmo entrar no
tanque;
• Remover plantas que provoquem sombra na água e impeçam a fotossíntese;
• Utilizar aeração mecânica;
• Aplicação de cal hidratada, pois a mesma reduz a quantidade de CO2na água e faz
com que haja mais O2disponível para os peixes.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 39/86
 
38
2. CONSTITUÍNTES DA ÁGUA DOS VIVEIROS
As águas naturais contêm gases, íons inorgânicos e substâncias em solução ou substâncias
particuladas em suspensão (inorgânicas ou orgânicas). Os gases nitrogênio, oxigênio e gás
carbônico são os mais abundantes. A matéria orgânica particulada é constituída de fungos,
bactérias, fitoplâncton (algas) e zooplâncton (animais microscópicos). A matéria inorgânica
particulada é constituída de finas partículas, entre elas citam-se: sal, os íons cloreto, sulfato,
magnésio, cálcio, potássio e bicarbonatos.
A água muda em função da composição dos minerais do solo, como resultado de reações
químicas. Em viveiros de piscicultura é importante observar os sedimentos orgânicos que se
depositam no fundo.
3. VARIAÇÕES HIDROLÓGICAS
São as modificações sofridas pelos corpos d’água devido a vários fatores como as
condições ambientes ou mesmo de manejo.
3.1. Luz e temperatura
Uma parte desta energia é refletida e outra é absorvida sob a forma de calor e causam na
água diferentes intensidades de calor, chamadas de estratificação térmica com a formação de três
zonas térmicas.
3.2. Estratificação térmica: efeito da temperatura e luz na água dos viveiros 
A velocidade de reações químicas é duas vezes menor ou maior a cada 10ºC de flutuação
da temperatura. Assim, a taxa de degradação da matéria orgânica, da dissolução de nutrientes e
fertilizantes, da degradação de produtos químicos é maior em águas quentes que em águas frias.
A luz e o calor propagam-se na coluna d’água. Como a densidade da água varia com a
temperatura ocorre a chamada Estratificação Térmica dos corpos d’água. As águas superficiais
são mais leves e quentes e não se misturam facilmente com as águas mais profundas (mais
pesadas e frias). Surge desta forma uma estratificação térmica da água (Figura 4):
• Epilímnion: é a camada mais superficial e mais quente, também chamada de zona
fótica;
• Metalímnion ou termoclina: é a camada intermediária onde a temperatura cai
bruscamente, ou seja, muda com a profundidade;
• Hipolímnion: é a camada mais profunda e mais fria.
Em tanques rasos de até 1,5 m não ocorre a formação da 3ª camada. À noite o perfil
térmico tende a se homogeneizar, misturando as camadas bruscamente. Os peixes não suportam
mudanças bruscas de temperatura, e tendem a buscar sua zona de conforto térmico dentro dessas
camadas. Desse modo, mudanças na temperatura da água podem induzir o desequilíbrio
fisiológico (estresse) e mesmo matar os peixes em um viveiro. Variações bruscas de 5º C pode
ser letal para certas espécies de peixes, principalmente quando são transferidos da água mais fria
para águas mais quentes.
A estratificação térmica de um tanque também pode ser quebrada pela ação dos ventos, da
chuva ou pelo frio. Pode ocorrer uma mistura completa das águas superficiais com as águas
profundas, ocasionando uma depleção (queda) na concentração de OD no tanque e
conseqüentemente morte dos peixes. Espécies de peixes de hábitos mais profundos estão menos
sujeitos a tais variações.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 40/86
 
39
Figura 4: A estratificação térmica de um corpo d’água pouco profundo.
Assim, são necessárias medidas corretas no manuseio de peixes em épocas onde a
variação térmica é mais acentuada (final do outono, inverno e início da primavera). No transporte
de peixes de regiões de maior para menor altitude; de águas frias para águas quentes, etc. O
manuseio dos peixes deve ser feito nos horários onde a temperatura ambiente e da água estejam
mais próximas entre si e da faixa de conforto térmico da espécie cultivada.
3.3. Turbidez da água
Interfere na penetração de luz na água (transparência da água). É medida através do disco
de Secchi, que é a profundidade na qual um disco de 20 cm de diâmetro, alternado com
quadrantes brancos e pretos desaparece de vista.
A turbidez está em função direta da quantidade de partículas em suspensão na água,
conferindo à mesma colorações diferenciadas. O plâncton produz turbidez desejável na água até
os limites de 30 a 50 cm de transparência do disco de Secchi, correlacionando-se com boa
produtividade de peixes e com sombreamento adequado para controle do crescimento de
macrófitas aquáticas. Se o disco de Secchi só é visto acima dos 30 cm, ocorrerá certamente falta
de oxigênio no período noturno, pelo excesso de algas. A temperatura também é maior em
viveiros túrbidos, comparado com os viveiros onde a água é clara, devido à grande absorção de
calor pelo material particulado.
3.4. O pH da água
O pH é o potencial hidrogeniônico. Mede a concentração de íons hidrogênio na água
(H+). Sua escala vai de 0 a 14 ( ácido a básico), sendo 7,0 o ponto de neutralidade. O pH da água
sofre influência de vários fatores, entre eles amônia, enxofre e nitritos, mas, o principal é o gás
carbônico. O CO2assim como o OD sofre influência pelo seu consumo durante o dia pelas algas

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 41/86
 
40
e a sua liberação à noite. O gás carbônico tem o poder de acidificar a água, ocorrendo então
baixos valores de pH no período noturno, bem como valores mais altos durante o dia.
A faixa ótima de pH para os peixes está entre 6,5 a 7,5. Valores de pH que pode ser
prejudicial são aqueles abaixo de 4,0 e acima de 11,0. Valores entre 4,0 e 6,5 ou entre 9,0 e 10,0
os peixes sobrevivem, mas com baixo desempenho (Figura 5).
Se a água de um viveiro é mais ácida do que o pH 6,0 ou mais alcalina do que o pH 9,5,
por longo período de tempo, a reprodução e o crescimento diminuirão. A respiração, fotossíntese,
adubação, calagem e poluição são os únicos fatores que causam mudança de pH na água (Figura
6).
Figura 5: Efeitos do pH para os peixes cultivados.
Figura 6: Flutuações diárias do pH em um tanque.
3.5. Efeito da fotossíntese e respiração no pH 
Durante o dia, as plantas aquáticas removem o CO2da água para o uso na fotossíntese.
Plantas e animais estão continuamente liberando CO2na água pela respiração, entretanto, durante
o dia as algas e plantas aquáticas em geral removem o CO2da água mais rapidamente do que é
reposto através da respiração.
De madrugada ocorre o pH mais baixo no período de 24 horas, pois não ocorre a
fotossíntese que consome o CO2e libera O2no meio. Com a luz do sol, a fotossíntese recomeça e

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 42/86
 
41
o CO2é utilizado pelos organismos autotróficos da comunidade aquática, voltando a aumentar o
valor do pH na água.
3.6. Efeitos da localização na mudança do pH na água
Águas de viveiros localizadas próximas a áreas agrícolas tendem a aumentar o pH, devido
à erosão, que transporta nutrientes e calcários. Aqueles viveiros próximos a áreas industriais
possuem pH baixo, devido às chuvas ácidas.
A acidificação pode diminuir a produção primária, limitar o crescimento de espécies
zooplanctônicas e pode também ser responsável pelo desaparecimento de diversas espécies de
peixes, poderá influenciar também negativamente na reprodução dos peixes.
3.7. Alcalinidade total
A alcalinidade total é a expressão das bases existentes na água que são os íons
bicarbonatos (HCO3
-
) e carbonatos (CO3
-
). Podem reagir para neutralizar íons hidrogênio (H
+
),
atuando como bases, e, portanto, contribuindo para elevar o teor de alcalinidade da água. Em
viveiros de piscicultura são desejáveis valores acima de 20 mg/l de CaCO3(carbonato de cálcio),
sendo que valores de alcalinidade entre 200-300 mg/l podem proporcionar grande sucesso no
cultivo de peixes.
As mais altas produções não resultam diretamente de altas concentrações de alcalinidade,
mas de altos níveis de fósforo e outros elementos essenciais, cuja disponibilidade aumenta
 juntamente com o aumento do teor da alcalinidade. Geralmente, este teor depende da textura do
solo:
• solos de areia apresentam baixa alcalinidade;
• solos de argila apresentam alta alcalinidade;
• solos de regiões áridas apresentam alcalinidade excessiva pela grande evaporação
e concentração de íons.
3.8. Dureza total
A dureza total mede a concentração dos cátions divalentes livres na água, principalmente
íons de cálcio e magnésio. O teor de cálcio na água pode determinar o seu grau de dureza. Tanto
a alcalinidade quanto a dureza total são expressas em mg de CaCO3 /l . Valores acima de 20,0 mg
de CaCO3 /l indicam que haverá pouca variação do pH durante a noite/dia, ficando o pH em torno
de 7,5 a 8,5. Valores abaixo de 20,0 mg de CaCO3 /l indicarão uma variação de 6,0 a 6,5 no
amanhecer e 9,5 a 10,0 no final da tarde.
A alta alcalinidade está relacionada com as águas duras, pois alcalinidade e dureza são de
concentrações similares em muitas águas. Assim, as águas podem ser classificadas da seguinte
forma:
• Água mole: de 0 a 75 mg de CaCO3;
• Água moderadamente dura: de 75 a 150 mg de CaCO3;
• Água dura: de 150 a 300 mg de CaCO3;
• Água muito dura: acima de 300 mg de CaCO3.
Estes valores poderão ser utilizados para observações da qualidade da água a ser escolhida
em piscicultura.
3.9. Condutividade elétrica 

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 43/86
 
42
É uma forma de se avaliar a quantidade de nutrientes disponíveis nos corpos d’água. A
medida é feita através de um aparelho chamado de condutivímetro, que mede a quantidade de
eletricidade que pode ser conduzida pela água. Quanto maior a quantidade de sais dissolvidos na
água, maior será a sua condutividade.
Quando uma água apresenta alta condutividade, certamente ela deverá ter alta
concentração de nutrientes dissolvidos, assim, em águas muito duras ou alcalinas também
apresenta elevada condutividade.
Os valores médios de viveiros de piscicultura estão em torno de 23 a 71 uS/cm (micro
Siemens/cm).
3.10. Salinidade
É a medida da quantidade de sais presentes na água. Para sua determinação poderá ser
utilizados aparelhos como refratômetros e ou salinômetros, ou mesmo a equação de Swingle
(1969):Salinidade (mg/l) = 0,03 + (1,805). Cl(mg/l)
As exigências em sais na água depende das espécies, podendo variar de valores próximos
a zero até 24,0 ppm para peixes de água doce. Como não se tem um estudo aprofundado das
exigências ou limites de salinidade para os peixes cultivados, baseia-se como parâmetro os
valores médios das águas do seu local de origem. Ex: Tambaqui (Colossoma macropomum)-
Bacia Amazônica (0,05 a 3,4 ppm); Pacu (Piaractus mesopotamicus)-Bacia Paraná/Uruguai ( 3,0
a 14,0 ppm).
3.11. Amônia
Aparece nas duas formas químicas: gás amônia (NH3) e íon amônio (NH4
+
). Ambas
ocorrem ao mesmo tempo na água, conforme a seguinte reação química: H
+
+ NH3 NH4
+
. Para
cada unidade de aumento no pH, o íon amônio aumenta 10 vezes.
Fonte de amônia em cultivos: decomposição de restos de ração, morte do fitoplâncton, excreção
dos peixes, fertilização dos viveiros (sulfato de amônio ou uréia) (Tabela 1).
Tabela 1: Fontes e quantidades de amônia produzidas em um cultivo semi-intensivo
Origem da amônia Quantidade produzida (kg/ha)
Excreção dos peixes 1.000-1.200
Fertilização química 200
Renovação de água 50
O que a amônia causa aos peixes: alterações fisiológicas na corrente sangüínea, enzimas e
membranas biológicas (brânquias).
Sintomas de toxicidade: peixes nadando erraticamente; ao serem capturados tremem e não
conseguem saltar.
Níveis de amônia: de 0 a 0,15mg/l de NH3(ideal); de 0,15 a 1,0mg/l de NH3(diminuição no
crescimento e estresse); > que 1,0mg/l de NH3(letal).
Tratamentos: renovação de água, aeração, redução do pH, suspensão da fertilização, suspensão
do arraçoamento.
3.12. Nitrito

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 44/86
 
43
Parte da amônia é transformada em nitrito (bactérias Nitrosomonas). A amônia é dez
vezes mais tóxica que o nitrito.
Níveis de nitrito: de 0 a 0,5mg/l de NO2(ideal); de 0,5 a 5,0mg/l de NO2(diminuição no
crescimento); > que 5,0mg/l de NO2(morte por asfixia).
Sintomas de toxidez por nitrito: sangue e brânquias com coloração vermelha intensa ou marrom;
peixes nadam de lado e/ou ficam parados na superfície da água; peixes boquejando (mesmo
quando os níveis de oxigênio encontram-se ideais); altas taxas de mortalidade.
Tratamento e prevenção: o tratamento mais eficiente é a colocação de sal na água. Para o cálculo
utiliza-se a seguinte proporção “concentração de nitrito x 6 partes de cloro”. Exemplo: nitrito na
água = 7,0 mg/l x 6 = 42mg/l de cloro. A quantidade de cloro no sal é de 60%. Logo, 42/0,6=
70mg de sal/litro de água.
A tabela 2 ilustra os principais parâmetros de qualidade de água e periodicidade ideal de
monitoramento em uma piscicultura.
Tabela 2: Periodicidade ideal de monitoramento.
Parâmetro Periodicidade Período mais crítico do dia
Temperatura 2 vezes ao dia Madrugada e meio da tarde
Oxigênio 2 vezes ao dia Madrugada e final de tarde
pH 3 vezes por semana Madrugada e final de tarde
Amônia Semanal Final de tarde
Nitrito Semanal Final de tarde
Gás carbônico Semanal Amanhecer
Alcalinidade Mensal Amanhecer
4. COMUNIDADES PLÂNCTONICAS
O tanque ou viveiro de piscicultura abriga uma comunidade biótica (viva) composta de
produtores primários (fitoplâncton, perifíton e macrófitas aquáticas), heterótrofos (peixes,
zooplâncton, vermes, larvas de insetos, anfíbios, etc), decompositores (bactérias e fungos) que
colonizam o ambiente à medida que vai se desenvolvendo o cultivo (Figura 7). Estes organismos
dependem da qualidade da água, indicada pelas variáveis físicas, químicas e biológicas que são
de grande importância para a produção de peixes. Sua distribuição, em grande parte, deve-se ao
seu hábito alimentar, que também depende da penetração de luz no sistema.
Os produtores são capazes de sintetizar matéria orgânica a partir da água, gás carbônico e
luz solar, produzindo uma biomassa que constitui a fonte de energia para as cadeias alimentares
de todo o ecossistema.
Os consumidores podem ser herbívoros, que obtêm sua energia direta ou indiretamente a
partir da matéria orgânica sintetizada pelos produtores primários; podem ser carnívoros, que
obtêm sua energia a partir de outros consumidores; e por último os detritívoros, que se alimentam
de restos de plantas e animais. Localizam-se principalmente no sedimento, formando as
comunidades bentônicas.
Todos os organismos pertencem a determinados níveis tróficos (produtores, consumidores
primários, consumidores secundários, etc.) que em seqüências possuem relacionamento
alimentar, e constituem a cadeia alimentar. Em todos os ecossistemas aquáticos não existem
cadeias alimentares simplificadas, mas sim todo um inter-relacionamento e entrelaçamento de
cadeias, constituindo a chamada rede ou teia alimentar.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 45/86
 
44
Figura 7: Estrutura biológica da água dos viveiros.
4.1. Constituintes do ecossistema aquático(Figura 8)
Plâncton: É constituído por microrganismos vegetais (fito) e animais (zooplâncton)
flutuantes à meia altura e na superfície da água dos lagos, represas e tanques de criação de peixes,
que são de importância vital para a sobrevivência de larvas, alevinos e juvenis de peixes.
Fitoplâncton: são as algas unicelulares responsáveis pela produção primária do meio
através da fotossíntese. Utiliza para isso a luz solar, os nutrientes presentes na água e o CO2.
Durante o dia produzem O2, vital para a vida dos peixes e de outros organismos presentes neste
ecossistema.As principais algas são as clorofíceas (algas verdes) e as cianofíceas.
Nanoplâncton: são as algas microscópicas presentes na água, que se alimentam
principalmente da matéria orgânica dissolvida. Também são produtoras de oxigênio, pode-se
dizer que são as mais importantes para a produção primária e para a coloração esverdeada da
água dos tanques.
Zooplâncton: são os microorganismos presentes na água e que não possuem movimento
próprio. Se alimentam do fito e do nanoplâncton. Os principais organismos do zooplâncton são:
Rotíferos: pequenos animais aquáticos que medem entre 0,1 a 1,0 mm. São importantes
alimentos para as pós-larvas de peixes.
Microcrustáceos: são os consumidores primários do biótopo. Dois grupos tem
importância maior nos viveiros: a) os cladóceras (pulga da água) ou Daphniase b) os copépodas
- DiatomuseCyclops. Embora o valor nutritivo dos cladóceras seja menor do que os copépodas,
eles são mais importantes nos viveiros, porque os peixes as capturam facilmente.
Necton: são os seres que vivem na água e possuem movimentos natatórios voluntários, ou
seja, são capazes de nadar. São os consumidores secundários do ecossistema aquático. Aqui se
incluem os pequenos peixes zooplanctófagos, os grandes peixes de hábitos alimentares diversos e
os demais vertebrados aquáticos.
Bentos: são os organismos que vivem no substrato do fundo do tanque (lodo). É onde
ficam depositados plantas e animais mortos, enriquecido com materiais orgânicos comestíveis.
Estes materiais são fontes de alimentos para os peixes iliófagos (que se alimentam do lodo) e
também para os peixes que se alimentam de larvas de insetos como os de efemerópteros e
quironomídeos. Também constituem o bentos alguns vermes, moluscos e minhocas. Servem de
alimento para diversas espécies de peixes iliófagos como o curimbatá e a carpa.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 46/86
 
45
Vegetais Superiores: também conhecidos por macrófitas aquáticas, são as plantas que
vivem submersas parcialmente ou totalmente na água, geralmente ficam próximos aos taludes dos
viveiros. Podem ser consideradas como produtores primários do ecossistema aquático. São
indesejáveis por causarem problemas de manejo nos viveiros.
Perifíton: é constituído por animais e vegetais presos a substratos artificiais ou naturais,
como talos e raízes de plantas, folhas e troncos submersos, pedras e sedimentos.
Nêuston: corresponde à fauna e flora associada à tensão superficial na interface ar-água,
ou seja, flutuando à superfície da água. Ex. aracnídeos, ácaros e insetos pertencentes às ordens
Collêmbola e Hemíptera. Algumas algas cianofíceas ( Euglenaspp) e clorofíceas.
Pleuston: são organismos vegetais que vivem na interface ar-água. Ex: os Aguapés.
Toda essa cadeia alimentar pode ser representada por uma pirâmide que demonstra a
passagem de um nível trófico para outro com perda de energia . Por isso as cadeias alimentares
mais simples ou diretas são mais produtivas que as cadeias ou teias alimentares mais complexas
(Figura 9).
Figura 8: Representação artística da comunidade de um ecossistema aquático.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 47/86
 
46
Figura 9: A pirâmide da produção (numérica ou biomassa) na cadeia alimentar de um
ecossistema aquático.
5. PREPARAÇÃO DO VIVEIRO 
Antes de iniciar um cultivo, os viveiros da propriedade deverão ser adequadamente
preparados para poderem receber os peixes. O preparo consta de uma série de procedimentos que
devem ser observados para que se consiga atingir os níveis esperados de produtividade. Esses
procedimentos envolvem basicamente:
• Enchimento/ Esvaziamento e secagem dos viveiros

 Desinfecção
• Aplicação de calcário
• Oxidação da matéria orgânica
• Fertilização
5.1. Enchimento/esvaziamento e secagem
Ao se terminar um cultivo, o viveiro deve ser completamente esvaziado e seco ao sol. Ao
secar o solo racha, permitindo a entrada de oxigênio até as camadas mais profundas. Isto é
altamente benéfico, pois ajuda a oxidar e mineralizar o excesso de matéria orgânica que sempre
fica no fundo. A mineralização é a decomposição da matéria orgânica liberando os nutrientes
para serem aproveitados, principalmente pelo fitoplâncton. A exposição ao sol permite a
oxigenação do próprio solo, diminuindo a decomposição anaeróbica que produz compostos
tóxicos aos peixes, como o ácido sulfídrico. Também auxilia na eliminação de ovos de peixes e
de outros predadores, que podem sobreviver no solo úmido, mas nunca no solo completamente
seco.
O tempo de exposição é variável e poderá ficar de 5 a 7 dias ou mais. É importante
caminhar por todo o viveiro sem afundar os pés, quando isso ocorrer, o solo terá secado o
suficiente. Solos sulfurosos não deverão ser completamente secos, pois apresenta pH baixo (4,0)
e alta concentração de enxofre. Se exposto ao sol formam manchas vermelhas no fundo
resultantes da formação de hidróxido de ferro (Fe2(OH)3e ácido sulfúrico.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 48/86
 
47
O solo sulfuroso é facilmente conhecido ao se adicionar um pouco de água oxigenada a
uma pequena amostra, ao se formar grandes quantidades de bolhas de gás, há grande
probabilidade de este solo ser sulfuroso. Para se evitar este processo que irá diminuir ainda mais
o pH do solo como a toxidez formada pelo ácido sulfúrico, na despesca deixar uma camada de
água suficiente para cobrir o fundo.
5.2. Desinfecção 
Será necessária para eliminar resíduos tóxicos entre dois ciclos de produção ou a presença
de microrganismos indesejáveis. Vantagens da desinfecção: oxidação da matéria orgânica
acumulada; aumento da fertilidade do solo dos viveiros.
A desinfecção por produtos químicos é muito utilizada, principalmente quando não se tem
sol suficiente, em dias de muitas chuvas ou em viveiros mal drenados.
a) Uso da cal virgem (CaO) ou cal hidratada (Ca(OH)2)
Em contato com a água, a cal virgem libera calor, além de aumentar muito e rapidamente
o pH da água e do solo, matando todos os organismos aquáticos que estiverem presentes no
ambiente. Já a cal hidratada mata exclusivamente pelo aumento do pH, pois não eleva a
temperatura da água. A quantidade recomendada para eliminar todos os organismos indesejados é
de 2,0 ton/ha.
Em áreas com solo muito anaeróbicos, onde existem manchas de lama mais escura e com
cheiro de ovo podre (enxofre), utiliza-se um produto mais forte para oxidar a matéria orgânica. O
hipoclorito de sódio (água sanitária), ou uma solução de cloro de piscina poderá também ser
utilizado. O procedimento é o seguinte:
• Colocar a solução concentrada de cloro (100 ppm ou seja 0,1 grama de cloro/litro
de água em um aplicador manual de herbicidas ou em um balde plástico. Aplicar
cerca de 1,0 litro/m
3
nas áreas afetadas. Revirar o solo (com enxadão ou enxada).
Aplicar novamente a solução com cloro (por duas a três vezes) até desaparecer o
forte cheiro do enxofre. Deixar o fundo do viveiro exposto ao sol por mais dois
ou três dias para que o cloro evapore e não coloque em risco a saúde dos peixes
que serão cultivados.
5.3. Calagem
A aplicação de calcário ou calagem poderá ocorrer na forma de carbonato de cálcio
(CaCO3) que é o calcário agrícola; óxido de cálcio (CaO) ou hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) que é
a cal hidratada. Sempre será necessária quando o pH estiver abaixo de 6,0. Deverá ser feita com o
tanque vazio com 2 a 3 semanas antes do enchimento do mesmo. Poderá também ser efetuada
com o viveiro cheio em locais onde a água é muito ácida e a sua constante renovação acidifica o
meio.
Utilidade da correção do solo do viveiro:
a) permitir ou melhorar a sobrevivência dos peixes cultivados;
b) permitir a reprodução ou crescimento dos peixes;
c) dar condições para que os demais procedimentos de manejo possam ter sucesso,
principalmente a fertilização dos viveiros.
Funções da Calagem:
a) Elevar o valor do pH do solo e da água;
b) Diminuir a retenção de fósforo no fundo dos viveiros;

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 49/86
 
48
c) Aumentar a quantidade de gás carbônico para a fotossíntese. O calcário ou a cal
adicionada ao solo vai reagir com a água e produzir gás carbônico, o fitoplâncton precisa desse
gás carbônico para realizar a fotossíntese. A fotossíntese é muito importante para a piscicultura,
pois é através dela que o fitoplâncton produz e libera na água grande quantidade de oxigênio que
será usado na respiração dos peixes (6CO2+ 6H2O + luz e nutrientes= C6H12O6+ 6O2)
d) Diminuir a turbidez da água e a quantidade de material em suspensão.
e) Aumentar a alcalinidade da água.
Necessidade de Calagem: a melhor maneira para se determinar a calagem é a realização
de análises de solo e da água utilizada nos cultivos. A aplicação de calcário deverá ser feita
quando:
• a alcalinidade da água dos viveiros for inferior a 20 mg/l de CaCO3;
• o pH do solo for inferior a 6,0-6,5;
• solos ricos em alumínio;
• solos que, mesmo realizando fertilizações periódicas, não se consegue obter uma
resposta adequada em termos de aumento da quantidade de fitoplâncton nos
viveiros.
Época de aplicação do calcário: o ideal é de 2 a 3 semanas antes de fertilizar os viveiros,
pois em um primeiro momento, o calcário irá reduzir as quantidades de fósforo e de CO2 
disponíveis. Depois de alguns dias reagindo com a água, ele faz aumentar novamente essas
concentrações. Duas semanas após o enchimento verificar a alcalinidade da água. Se o valor
estiver abaixo de 20 mg/l de CaCO3, pode-se aplicar mais 500 a 1000 kg de calcário/há.
5.4. Oxidação da matéria orgânica 
A matéria orgânica está presente naturalmente em alguns tipos de solos, mas é comum
que haja um acúmulo ainda maior no fundo em função dos excessos de alimento ou de restos de
adubos orgânicos (estercos) utilizados no cultivo anterior. Se não for controlado, o excesso de
matéria orgânica provocará uma diminuição das concentrações de oxigênio dissolvido e poderá
levar à produção de gases e substâncias tóxicas, que irão prejudicar os cultivos que vierem a ser
realizados.
Além da secagem ou o uso de oxidantes químicos, como a água sanitária e a cal, uma
técnica muito eficiente e barata é a aplicação de fertilizantes químicos que contenham nitrogênio
(uréia). Esse fertilizante nitrogenado deve ser espalhado pelo fundo do viveiro, de preferência
 junto com calcário (cerca de 10 kg de nitrogênio/ha, o que equivale a 22 kg de uréia/ha).
5.5. Fertilização dos viveiros 
Os viveiros são ambientes artificiais criados pelo homem para a criação de peixes em
número muito maior aos encontrados na natureza. Há muitos anos os piscicultores vêm
aumentando a produção a partir do uso de fertilizantes químicos ou orgânicos.
A principal função da fertilização é aumentar a quantidade de fitoplâncton existente na
água. Este serve de alimento para animais microscópicos chamados de zooplâncton e constituem
alimento natural de grande número de peixes.
Havendo condições propícias de luz e temperatura os nutrientes presentes nos fertilizantes
(NPK, principalmente), dissolvem-se na água e são assimilados pelo fitoplâncton. O crescimento
do fitoplâncton atinge todo o viveiro deixando a água com uma coloração esverdeada. O esterco

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 50/86
 
49
de animais (aves, suínos e bovinos) contém estes nutrientes, mas em proporções menores, e são
as bactérias as responsáveis pela liberação dos mesmos na água. As fertilizações feitas no verão
são mais rápidas e eficientes do que as de inverno, devido a temperatura acelerar todo o
processo.
O fitoplâncton é uma alga unicelular, por isso vive pouco tempo, mas possui a vantagem
de se reproduzir muito rapidamente.
Os fertilizantes utilizados, a princípio, são os mesmos utilizados na agricultura. O
importante é que tenham os elementos necessários ao desenvolvimento do fitoplâcton. O mais
utilizado como fonte de nitrogênio é a uréia, mas deve ser utilizada com parcimônia, pois seu
excesso pode causar a intoxicação dos peixes pela amônia. Já os fertilizantes à base de nitratos
apresentam melhores resultados, mas são bem mais caros que a uréia. O fósforo é muito mais
importante que o nitrogênio e o potássio para o fitoplâncton, sendo que este último quase não é
utilizado.
Quantidade a ser aplicada: geralmente se utiliza uma relação N:P de 1:3, ou seja, três
vezes mais fósforo do que nitrogênio. O cálculo poderá ser feito pela seguinte equaçãoQ=
(A.C)/I, onde Q= quantidade de fertilizante (kg); A= Área do viveiro (ha); C= Concentração que
se pretende colocar de N, P ou outro nutriente (kg/ha) e I= Percentagem de N ou P no fertilizante.
A aplicação do fertilizante químico consiste na colocação de sacos porosos presos em
estacas dentro do viveiro. Os nutrientes dissolvidos passarão do saco para a água, onde serão
aproveitados pelo fitoplâncton. A eficiência será maior se o fertilizante for distribuído em dois ou
mais sacos espalhados pelo viveiro.
5.6. Fertilizantes orgânicos 
São os vários tipos de estercos animais que são utilizados neste tipo de fertilização.
A liberação dos nutrientes presentes no esterco será feita por bactérias, o que de certa forma
diminuirá o oxigênio dissolvido na água, isto devido ao fato das bactérias consumirem oxigênio
para poderem sobreviver. A quantidade de oxigênio que será consumida dependerá do tipo de
dejeto a ser utilizado e da temperatura da água. Quanto maior for a temperatura, maior será o
risco de que venha faltar oxigênio para os peixes, em caso de excesso de adubação. É por isso
que a quantidade de dejetos lançada nos viveiros deve ser sempre bem controlada.
As quantidades de esterco a serem aplicadas é muito variável e depende do bom
monitoramento das condições da água. A tabela abaixo nos dá uma indicação que poderá ser
adotada para a fertilização orgânica.
TIPO DE ESTERCO QUANTIDADE EM KG/SEMANA
BOVINO 1000
AVES E SUÍNOS 600-800
OVINOS E EQUINOS 1000
6. ALGUMAS OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 
• Viveiros sem aeração, não aplicar mais de 50-70 kg de esterco seco/ha/dia;
• Sempre que possível utilizar esterco na forma líquida, a não ser que o mesmo seja
utilizado como alimento para os peixes;
• A grande quantidade de fibras do esterco seco poderá causar maior consumo de
oxigênio na sua degradação, gerando também resíduos sólidos no fundo do
viveiro;

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 51/86
 
50
• A resposta à adubação é medida pela abundância de fitoplâncton presente no
viveiro, que torna a água do mesmo mais esverdeada;
• O monitoramento das condições de turbidez da água é feito com um aparelho
chamado disco de Secchi (Figura 8);
• O disco mede 20 cm de diâmetro e é pintado de preto e branco em quadrantes
alternados. A transparência ideal da água poderá ser definida com uma visibilidade
do disco entre 30 a 45 cm.
7. CUIDADOS COM A FERTILIZAÇÃO QUÍMICA E ORGÂNICA 
• Avaliar a qualidade da água, principalmente o oxigênio dissolvido, antes de
fertilizar;
• Não colocar mais fertilizantes orgânicos do que o necessário, pois em excesso
podem diminuir a vida útil dos viveiros;
• 
Fornecer as dosagens de forma parcelada é melhor do que aplicar de uma só veztoda uma carga de fertilizantes;
• Não fertilizar os viveiros tomados por outros vegetais, que não o fitoplâncton,
devendo os mesmos serem retirados;
• Diminuir a renovação de água ao máximo, quando estivermos fertilizando o
viveiro;
• Adquirir as quantidades de fertilizantes suficientes para um ciclo completo de
produção, evitando o seu envelhecimento e queda de qualidade.
Figura 10: Representação esquemática de um disco de Secchi.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 52/86
 
51
CAPÍTULO 5
SELEÇÃO DE ESPÉCIES PARA PISCICULTURA

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 53/86
 
52
1. SELEÇÃO DE ESPÉCIES PARA PISCICULTURA
Inicialmente deverão ser observados vários itens de interesse para o sucesso do
empreendimento, pois a piscicultura é uma atividade comercial e como tal deve ser encarada. O
peixe é o produto de comercialização, então deve se enquadrar nas características exigidas pelo
mercado. Outro aspecto a ser considerado é o nível de manejo que será empregado na produção
de peixes. Essa é também uma decisão que deve ser tomada antes de iniciar qualquer cultivo e é a
partir dela que o produtor deverá planejar o quanto irá investir e quanto pretende produzir em sua
propriedade. Alguns itens deverão ser observados para a escolha da espécie:
1.1. Mercado
Verificar a existência de mercado para a espécie que se quer produzir. Conhecer as
características exigidas pelo mercado (tamanho mínimo, uniformidade do lote, sabor da carne,
espécies esportivas ou espécies ornamentais).
1.2. Economia
• Preço a ser obtido pelo produto;
• Custos de construção e adequação dos viveiros para cultivo dessa espécie;
• Estimativa do custo de produção de cada Kg de peixe;
• Tempo previsto para o retorno do capital investido.
1.3. Biologia da espécie
• Reprodução em cativeiro ou controle da reprodução por métodos naturais ou
artificiais;
• Rusticidade (resistência a enfermidades);
• 
Boa taxa de sobrevivência em cativeiro;
• Crescimento rápido;
• Exigências nutricionais (alimento fácil de encontrar e barato).
1.4. Exigências climáticas
• Clima adequado ao crescimento (conhecimento das respostas que a espécie
apresenta em condições adversas);
• Tolerância à baixa qualidade da água.
1.5. Manejo
• Escolha das espécies de fácil manejo, tanto na despesca, comercialização,
conservação, beneficiamento, transporte, etc.
1.6. Infra-estrutura
• Facilidade na compra de insumos (rações, produtos químicos e alevinos);
• Energia elétrica;
• Telefonia;
• Vias de escoamento: facilidade e custos de transporte de insumos e da produção.
2. PRINCIPAIS ESPÉCIES NATIVAS DE PEIXES CULTIVADAS NO BRASIL
Muitas são as espécies nativas utilizadas em piscicultura, sendo que as técnicas de cultivo
variam de acordo com a região. Entre as espécies nativas mais estudadas visando sua exploração

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 54/86
 
53
comercial, destacam-se o pacu, considerado como uma espécie de boa aceitação no mercado. Na
década de 90, o pintado, a matrinxã, a piracanjuba, o piau, o piavuçu, a piapara, o tucunaré e o
dourado tiveram seus cultivos incrementados.
2.1. PACU, TAMBAQUI E SEUS HÍBRIDOS
O Pacu (Piaractus mesopotamicus),foi uma espécie classificada anteriormente como
Colossoma mitrei, sendo largamente distribuído nos rios da Bacia do Prata, onde apresenta
grande importância na pesca comercial. Apresenta uma cabeça relativamente pequena, com duas
séries de dentes, escamas pequenas, havendo citações de peixes com 82,0 cm de comprimento
total e 18,5kg de peso vivo.
O tambaqui (Colossoma macropomum) é um peixe de piracema nativo da Bacia
Amazônica. No seu meio natural comporta-se como onívora alimentado-se de frutas, sementes,
crustáceos, etc. São espécies que tem despertado interesse para a piscicultura pelo seu elevado
valor comercial, adaptação a alimentação artificial e também pela facilidade de obtenção de
larvas através da reprodução induzida, apresentando uma boa taxa de crescimento.
São espécies pertencentes à família CHARACIDAE e subfamília MYLEINAE:
• Tambaqui -Colossoma macropromum;
• Pacu -Piaractus mesopotamicus;
• Pirapitinga -Piaractus brachypomus.
São espécies de desova total, ovulíparas, com reprodução ocorrendo no período em que as
águas dos rios apresentam maior volume, altas temperaturas ambiente e fotoperíodo alto.
Apresentam elevada prolificidade e em cativeiro só se reproduzem através de indução hormonal.
A primeira maturação sexual acontece por volta do 4º ano de vida. Em cativeiro, aceitam muito
bem as rações balanceadas, já existindo, dados experimentais a respeito de suas exigências
nutricionais. Da mesma forma, nas fases iniciais da criação alguns trabalhos parecem indicar um
manejo alimentar a bases de ração e, também, de microorganismos (zooplâncton).
São os peixes mais estudados em trabalhos de pesquisa, sendo obtidas produtividades que
variam conforme o sistema de manejo entre 1,5 ton/ha a mais de 10 ton/ha/ano. O tambacu
oriundo do cruzamento do pacu macho com fêmea de tambaqui é um híbrido que foi produzido
objetivando o potencial de crescimento e a resistência para cultivo em regiões mais frias. Outro
híbrido é o paqui, resultante do cruzamento da fêmea do pacu com o macho tambaqui.
2.1.1. Reprodução
A produção de alevinos do pacu e do tambaqui é obtida através da reprodução induzida,
onde, apresentam boa taxa de fertilização. São utilizadas as hipófises de Salmão, Carpa, Curimba,
Piavuçu, etc, ou mesmo os hormônios sintéticos. A incubação dos ovos é realizada numa
temperatura entre 25 a 27º evitando-se alterações bruscas de temperatura nas incubadoras e
mantendo-se uma taxa constante de renovação da água. A eclosão das larvas do pacu e tambaqui
ocorre cerca de 20 a 25 horas após a fertilização, com uma temperatura média da água de
incubação em torno de 25º. Logo após a eclosão o pacu apresenta um peso vivo médio de 0,12
mg e comprimento total de 4.4 mm. O crescimento durante o primeiro mês varia grandemente de
acordo com a alimentação e dos fatores bióticos e abióticos da água.
2.1.2. Sistema de criação

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 55/86
 
54
A densidade de cultivo durante a fase inicial é de fundamental importância na
determinação da taxa de crescimento e, principalmente, na sobrevivência das larvas, que está
relacionado com a disponibilidade de “organismos - alimento”, sendo recomendada uma
densidade de 15 a 50 alevinos por m², a qual pode variar em função da disponibilidade de
plâncton e/ou alimento artificial, qualidade da água, taxa de crescimento desejada, etc.
Os sistemas de criação e a tecnologia utilizada é que vão determinar a produtividade de
cada tipo de exploração. Para sistemas extensivos com densidade de 0,5 a 1,0 peixe/5m², períodos
de criação de 18 a 24 meses e taxa de arraçoamento de 0,5 a 1% da biomassa do tanque, termina-
se os animais com 1 a 1,5kg de peso vivo. No mesmo sistema extensivo, o pacu ou o tambaqui
podem ser cultivados com outras espécies de peixes, dando-se preferência para as carpas
(exóticas) e o curimbatá que podem ser despescadas juntamente com o pacu ou o tambaqui. No
sistema semi-intensivo é necessária uma adequada análise e, se necessário, a correção do solo,
bem como adubação para produção de plâncton. Nesse sistema utiliza-se uma densidade de 1 a 2
peixes por m², com uma taxa de arraçoamento diário de 2 a 5% da biomassa do tanque, que
depende da fase da criação, da temperatura da água, e da qualidade da mesma. Pode-se utilizar
dietas fareladas, desintegradas na fase inicial e peletizada e extrusada no período de
crescimento/terminação.
Nos últimos anos o pacu tem sido utilizado para criação em tanques redes. Nesse sistema
utiliza-se uma elevada densidade de estocagem, possibilitada pela grande renovação de água. A
dieta balanceada pode ser fornecida a lanço, em comedouros tipo cocho ou mecânico, sendo
utilizada preferencialmente a dieta extrusada, que proporciona uma melhor conversão, na
proporção de 3 a 5% da biomassa total, parcelada em pelo menos duas vezes ao dia. A densidade
é bastante variável, sendo comum a utilização de 50 a 100 peixes/m³, permitindo a obtenção de
peixes de 1 a 2 kg de peso vivo no período de 1 ano.
2.1.3. Alimentos e alimentação
Em sistemas de confinamento, ao contrário do que ocorre em meio natural, para um
adequado crescimento, os peixes necessitam de todos nutrientes em quantidades adequadas, uma
vez que o alimento natural não atende às exigências nutricionais, principalmente durante o
período de crescimento/terminação.
Vários tipos de alimentos produzidos e disponíveis em nosso país podem ser empregados
na alimentação do pacu e do tambaqui, como o milheto, substituindo o milho sem afetar a
conversão alimentar, a levedura ou farelo de girassol e o farelo de algodão, sendo necessária a
avaliação biológica e econômica do emprego das mesmas.
A alimentação natural apresenta grande importância no desenvolvimento e sobrevivência
das pós-larvas e alevinos, sendo importante observar aspectos quantitativo, qualitativos. O início
da alimentação exógena ocorre de 3 a 5 dias após a eclosão e, nessa fase, é imprescindível uma
boa disponibilidade de zooplâncton, principalmente de rotíferos, que apresentam um elevado
valor nutritivo, tamanho adequado e é de fácil captura pelos peixes. O fitoplâncton também
possui grande participação durante o período inicial de alimentação exógena (Tabela 1).

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 56/86
 
55
Tabela 1: Principais aspectos observados na alimentação do pacu durante o período de eclosão
até 30 dias de vida
Adaptado de PINTO E CASTAGNOLLI (1984).
Para a produção em massa desses “organismos alimentos” é necessária uma adequadacorreção do solo do viveiro e uma posterior adubação química e/ ou orgânica, e também a
manutenção do plâncton através de novas adubações. Geralmente, em função do custo, utiliza-se
a adubação orgânica, que pode ser esterco de aves, suínos, bovinos, caprinos, coelhos ou eqüinos,
realizada uma semana antes da estocagem das larvas ou alevinos. A adubação de manutenção
deve ser realizada sempre que necessária, sendo controlada através do disco de Secchi, onde é
considerado como ideal, em termos de produção de plâncton uma altura em torno de 30 cm. A
adubação química também é bastante utilizada associada ou não com adubação orgânica.
Ainda que uma adubação antecipada (cerca de duas semanas) propicie o desenvolvimento
de microorganismos, como copépodas e cladoceras, no momento de distribuição das larvas, é
importante ressaltar que esse manejo possibilitará maior período para o desenvolvimento de
larvas de odonata, capazes de provocar elevadas taxas de mortalidade.Quanto o tamanho ideal da partícula da ração em relação ao tamanho do peixe, é
importante avaliar alguns estudos a respeito da forma e fornecer uma partícula que possa ser
ingerida com facilidade (Tabela 2) e além disso reduzir custos com alimentação, manter uma boa
qualidade da água e melhor desempenho dos animais, obtendo-se assim uma adequada taxa de
uniformidade e de sobrevivência.
Tabela 2: Relação entre o comprimento padrão e o tamanho da partícula (mm) mínimo e máximo
para pacu e tambaqui
O manejo alimentar adequado, não somente quanto ao tamanho da partícula alimentar,
mas também com relação à taxa de arraçoamento, resultará em uma melhora na conversão
alimentar, reduzindo as perdas de uma dieta de elevado custo. A produtividade de acordo com
alimentação utilizada pode ser:
Idade/dias Alimentos
1 saco vitelínico
3 saco vitelínico
4 a 8 algas (cianofíceas)
9 Rotíferos
11 rotíferos e copepoditos
15 rotíferos e larvas de chironomidae
23 rotíferos, cladocera e larvas de chironomidae
29 rotíferos, larvas de chironomidae, cladoceras e copepoditos
Tamanho da partícula (mm)
Comprimento padrão (cm)
mínimo máximo
1,6 0,35 0,42
2,1 0,50 0,71
3,1 0,71 1,00
4,5 1,00 1,41
4,5 1,00 1,41

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 57/86
 
56
• Só com uso de adubo orgânico: 800 a 1600kg/ha;
• Rações de baixo custo mais adubação: 2700 a 5000kg/há;
• Rações completa (proteínas, aminoácidos e minerais): 8000 a 11000kg/há.
2.2. PIRAPUTANGA E MATRINXÃ
São espécies da mesma família do pacu e tambaqui (Characidae), mas pertencentes à
subfamília Bryconinae, que têm no gênero Bryconvárias espécies com potencial para
piscicultura. Estas espécies de maior valor econômico utilizadas em piscicultura são conhecidas
vulgarmente nas Bacias Amazônica e Paraná-Uruguai, respectivamente, como matrinxã e
piraputanga.
O matrinxã ( Brycon amazonicus) tem recebido maior atenção na pesquisa, com o objetivo
de viabilizá-lo na piscicultura. São peixes de coloração geral oliváceo-dourada, com nadadeiras
caudal e anal prateadas ou levemente avermelhadas. Habitam águas limpas e são pescados com
anzóis usando como iscas, frutas ou carnes de outros peixes A piracanjuba ( Brycon orbignianus)
é uma espécie em extinção da bacia Paraná-Uruguai, onde ainda pode ser capturada,
principalmente nos rios Grande e Paraná. Pertencem também à mesma subfamília, a piraputanga
( Brycon microlepsis) cujos trabalhos de criação ainda são iniciais.
Ainda são poucos os sistemas de criação avaliados para essas espécies. No período de
terminação tem-se utilizado de 1 a 2 peixes/m² sendo também preconizado a sua criação em
tanques redes, onde tem apresentado bons resultados.
O matrinxã, quando em ambientes pobres em oxigênio, expande o lábio inferior, o que
permite uma maior eficiência na captação de oxigênio. São peixes de hábito alimentar onívoro e,
em condições naturais, são muito dependentes de alimentos alóctones, ou seja, frutos e sementes.
Trabalhos de pesquisa obtiveram ganho de peso de 0,5 g/dia e uma conversão alimentar de 2,7:1,
usando ração granulada. Em outros experimentos obtiveram produções de 2,75 a 3,61 ton/ha/ano
em monocultivo de matrinxã. Segundo CIRYNO (1985), o matrinxã digere igualmente bem a
proteína de origem animal ou vegetal e a energia pode ser obtida tanto a partir de carboidratos
como de lipídeos. O autor admitiu que uma dieta com os níveis de proteína bruta de 35% e
energia de 2300 kcal EM/KG parece atender as exigências da espécie.
2.2.1- Reprodução
São espécies reofílicas, ou seja, necessitam da piracema para a reprodução no seu meio
natural. A maturidade sexual é atingida com 2 a 3 anos de vida, sendo que no período de
reprodução o macho apresenta uma aspereza na nadadeira anal, liberando sêmen sob leve pressão
abdominal no sentido encéfalo-caudal, enquanto que as fêmeas apresentam o ventre abaulado e
macio, com uma coloração rosada da papila genital. A reprodução induzida segue os padrões
normais com o emprego de 0,5 a 5,0 mg/kg de peso vivo nas fêmeas, na primeira e segunda
aplicação e para os machos, têm-se utilizado de 0,5 a 3,0 mg/kg de peso vivo, juntamente com a
segunda aplicação das fêmeas. A incubação é feita numa densidade de 500 a 1000 larvas/litro,
ocorrendo a eclosão das larvas num período de 10 a 15 horas após a fertilização.
2.2.2- Larvicultura e alevinagem
A criação de larvas é um dos fatores mais limitantes no cultivo dessa espécie,
principalmente em função da elevada taxa de canibalismo que ocorre durante esse período.
Visando esse canibalismo têm-se utilizado larvas de outros peixes e também organismos-

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 58/86
 
57
alimento, como a artêmia (copépoda), ainda assim a taxa de sobrevivência é relativamente baixa
quando comparada com outras espécies. A densidade nessa fase varia de 25 a 70 peixes/m².
Os tanques devem ser preparados de forma idêntica àquela realizada para a larvicultura e
alevinagem do pacu, onde devem ser totalmente esvaziados, permanecendo expostos aos raios
solares por um período de cinco a sete dias e, posteriormente, realiza-se a calagem e adubação
dos tanques.
O tipo e quantidade de esterco adicionado aos tanques influenciam no peso final médio,
uma vez que ocorre uma variação quali-quantitativa no plâncton produzido, em função dos
nutrientes que encontram-se disponíveis para a produção dos mesmos, assim como sua influência
sobre a qualidade da água. Experimentos feitos com adubos orgânicos de bovinos, aves e de
eqüinos fornecidos na proporção de 500, 200 e 300 g/m², respectivamente, mostraram taxas de
sobrevivência de 37, 22 e 20% e comprimento final médio de 4,3, 3,1 e 3,9 cm, para os estercos
de bovinos, aves e eqüinos respectivamente.
A desuniformidade do lote é um dos principais motivos de canibalismo, tornando assim a
alimentação adequada quanto á disponibilidade e tipo um dos fatores mais importantes para se
obter uma taxa maior de sobrevivência durante esse período. Na fase de crescimento levam de 60
a 90 dias para atingir 200 gramas. A densidade nessa idade é de 50.000 peixes/ha, com renovação
da água, aeração e ração flutuante. A produtividade média está em torno de 10.000 kg/ha com
ração mais esterco.
2.2.3- Alimentos e alimentação
São espécies onívoras que se dão bem com dieta à base de proteínas animais e vegetais, o
que possibilita a utilização do farelo de soja em substituição á farinha de peixe, sendo importante
avaliar outra fontes protéicas em substituição ao farelo de soja para reduzir o custo com
alimentação.
O nível de proteína na ração varia de 25 a 30% sendo recomendada a utilização de 30%
na fase inicial e de 25 a 27% no período de terminação, com cerca de 3300 kcal de EM/kg de
ração na dieta, parcelada em duas ou três vezes ao dia, onde atingem cerca de 1,0 kg no período
de um ano, com uma conversão alimentar variando de 1,5 a 2,0:1, dependendo da disponibilidade
e qualidade do alimento natural no viveiro.
2.2.4. Comercialização
São espécies cuja carne apresenta elevado valor comercial, sendo também amplamente
preconizadas para a pesca esportiva. Ao peso de comercialização apresentam um bom rendimento
de filé (cerca de 50%) com pele.
2. 3. DOURADO (Salminus maxillosus)
É um peixe de piracema que apresenta coloração amarela-dourada, com reflexos
prateados, sendo uma espécie distribuída por toda a Bacia do Prata. Pertencem à subfamília dos
peixes saltadores e, pela sua agressividade quando fisgado, é considerado um dos melhores
peixes para a pesca esportiva, além de possuir uma carne de grande valor comercial. Apresenta
uma elevada taxa de canibalismo e os custos com a alimentação dessa espécie, em todos os
estágios, têm dificultado a viabilização econômica do seu cultivo.
Apresenta ainda corpo robusto e compacto, cabeça grande e forte, boca larga com duas
fileiras de dentes. Na natureza chega a devorar 30 kg de alimentos para converter em 1,0 kg de
peso vivo. São ainda altamente exigentes em oxigênio dissolvido.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 59/86
 
58
2.3.1- Reprodução e larvicultura
É uma espécie reofílica, sendo que a construção das grandes usinas tem interferido na
migração dessa espécie, causando prejuízos á sua reprodução. O processo de reprodução induzida
segue ao obtido por outras espécies reofílicas. A sua larvicultura baseia-se em fornecimento de
alimento à base de outros peixes e larvas de insetos. É um peixe muito sensível no manejo para
reprodução induzida, sendo necessário usar tranqüilizantes para evitar traumatismos.
Embora os problemas relacionados com a sua reprodução já estejam praticamente
resolvidos, observa-se uma elevada taxa de canibalismo durante o período inicial, logo após a
eclosão, cerca de 24 horas de vida. O problema do canibalismo só foi solucionado com regime de
ração balanceada, seis vezes ao dia, conseguindo assim zerar o canibalismo e chegar a um
modelo de engorda comercial do peixe. Além disso ainda é importante a produção de
zooplâncton assim como a utilização de outras espécies forrageiras como alimento para essa
espécie.
2.3.2. Sistema de criação e comercialização
O melhor sistema de criação em cativeiro para o dourado foi através dos tanques redes,
desenvolvida pela ITAIPU, onde estão sendo criados não apenas dourados, mas pacus e
piracanjubas. Consiste numa balsa flutuante, sustentada por tambores. Seu piso é subdividido em
compartimentos fechados, feitos com rede de náilon, que ficam a profundidade de dois metros. É
um sistema de criação intensiva indicada para grandes massas de água, geralmente de boa
qualidade das hidrelétricas. O sistema permite concentrar 45kg de peixe por m³, cerca de seis
vezes mais que os tanques comuns. Cada módulo de 36m³ após um ciclo de 15 meses dá para
pagar todo investimento. É considerado uma espécie de elevado valor comercial e ótimo
rendimento de carcaça, atualmente é muito procurado para pesca esportiva nos pesque-e-pague.
2.4. PINTADO
O pintado (Pseudoplatystoma corruscans) é um peixe de couro bastante conhecido pelo
seu grande porte, podendo atingir mais de 3m de comprimento e peso superior a 100kg. É uma
espécie encontrada principalmente nas bacias dos rios Prata, Uruguai e São Francisco.
O cachara (P. fasciatus) apresenta menor porte que o pintado sendo diferenciado
principalmente pela presença de manchas longitudinais ao longo do corpo. Seu grande valor de
mercado é amplamente conhecido, apresentando uma carne bastante apreciada, caracterizando-se
pelo baixo número de espinhas. Os estudos visando a sua utilização na piscicultura ocorreram
principalmente na década de 90, onde tem se buscado a viabilização da sua criação em cativeiro,
ainda que sejam escassos os dados sobre crescimento e desenvolvimento.
2.4.1. Reprodução e larvicultura
Também é uma espécie de piracema que necessita da migração para reprodução, sendo
que atualmente através da reprodução induzida, tem-se obtido um grande número de larvas. O
principal fator limitante na larvicultura é a elevada taxa de canibalismo que ocorre logo após o
início da alimentação exógena.
Para a reprodução induzida os melhores resultados tem sido obtidos com as fêmeas
recebendo 0,5 a 5,0 mg de extrato de hipófise por kg de peso vivo, com os machos recebendo 1 a
2 mg de extrato de hipófise por quilo de peso vivo, e como geralmente os reprodutores são de
maior porte, quando comparados com outras espécies, leva a um maior custo de indução
hormonal por quilo de peixe. A extrusão dos óvulos é realizada com aproximadamente 240hs/º,
numa temperatura média de 28,5ºC. O momento exato da aplicação dos hormônios indutores é

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 60/86
 
59
percebido através da técnica chamada canulação. Ela consiste em aplicar um pequeno tubo,
ligado a uma seringa, no poro genital da fêmea, para retirar alguns ovos diretamente do ovário. O
tamanho e aparência desses ovos vão revelar se eles estão maduros ou não. Esta técnica permite
economizar boas quantidades de hormônios.
As maiores dificuldades com o pintado se diz respeito com a larvicultura pois a
mortalidade é muito alta. Para melhorar os índices de sobrevivência são utilizados pequenos
tanques redes com altura de até 20cm para os alevinos, pois estes preferem águas rasas, com
cerca correnteza e boa oxigenação. Estudos têm demonstrado a possibilidade de obtenção de
taxas relativamente elevada de sobrevivência, através do fornecimento de Artemiadurante o
período que vai do início da alimentação exógena até o primeiro mês de vida. Também é
importante o fornecimento de plâncton, principalmente zooplâncton, parcelada em várias vezes
ao dia para evitar o canibalismo.
2.4.2. Sistema de criação
Essa espécie vive preferencialmente em grandes massas de água. O seu desenvolvimento
inicial ocorre nas lagoas marginais, onde encontra alimento adequado. Pelo fato de ser uma
espécie recentemente introduzida na piscicultura, não existe uma padronização quanto ao sistema
de cultivo. É utilizado principalmente em sistema extensivo e em consorciação com outras
espécies forrageiras, quer sejam para formação de plantel de reprodutores ou então para obter
animais para serem comercializados.
2.4.3. Alimentação
Baseia-se inicialmente em plâncton e ou Artemia, sendo que estes também podem ser
associados com peixes forrageiros. Durante a fase adulta, no seu meio natural, alimenta-se
principalmente de peixes, crustáceos e insetos. A utilização de vísceras de frango pode ser uma
alternativa de alimentação, mas é necessário observar a qualidade da água. Tem-se desenvolvido
várias dietas balanceadas, de alto valor nutritivo, portanto de alto custo. Para adequada taxa de
sobrevivência e de crescimento, manejo de adaptação às dietas artificiais é fundamental.
2.4.4. Comercialização
É uma das carnes de peixe de água doce mais apreciada e valorizada, comercializada na
forma de peixe inteiro ou postas, com a sua carne apresentando demanda garantida em qualquer
época do ano. Essa espécie também tem sido comercializada para outros países como peixe
ornamental, onde tem alcançado bons preços. Os pesquisadores ainda não tem levantamentos
confiáveis sobre o ganho de peso do pintado em cativeiro. Estima-se que ele possa ganhar de 1,5
a 2kg por ano.
2.5. TUCUNARÉ
O tucunaré (Cichlas ocellaris) é uma espécie proveniente da bacia amazônica, introduzida
no sul do país através das estações de usinas hidroelétricas, que entendiam naquela época, serem
as espécies mais indicadas para a propagação em rios e reservatórios. A espécie mais conhecida
da região é o tucunaré-açu (C. ocellaris), tucunaré comum ou tucunaré de porte maior que é o
tucunaré pinima ou tinga (C. temensis). São espécies bastante sensíveis às baixas temperaturas,
entretanto tem-se adaptado muito bem em nossas regiões.
2.5.1. Reprodução

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 61/86
 
60
O tucunaré cuida da prole após a eclosão, possuindo ovos relativamente grandes e em
menor número (cerca de 3000 a 5000 por desova). No período de reprodução, o macho apresenta
uma protuberância na região frontal da cabeça, daí a denominação de peixe zebu.
A reprodução ocorre em águas com temperatura em torno de 28ºC, onde procura
estruturas lisas e duras, tais como pedras ou troncos onde deposita os ovos fecundados que ficam
aderidos entre si, sendo protegidos e mantido pelos pais até a eclosão.
2.5.2. Alimentação
Na larvicultura dessa espécie tem-se utilizado de organismos alimento, que são
encontrados no zooplâncton. O tucunaré pode ser considerado carnívoro estrito. Desenvolve
muito bem enquanto são alimentados com espécies forrageiras e possui capacidade de serem
condicionados a aceitarem determinados tipos de alimentos quando criados desde jovens em
cativeiro. Também as duas espécies podem aceitar rações pastosas com alto valor protéico, apesar
de na fase inicial de desenvolvimento preferirem organismos zooplanctônicos, e, à medida que
forem se desenvolvendo, podem aceitar rações.
2.5.3. Sistema de cultivo
Apesar do interesse da introdução dessa espécie em épocas passadas, hoje praticamente
são poucos utilizadas, a não ser para pesca esportiva ou para criação consorciada com espécies de
alta prolificidade, como as tilápias, favorecendo seu controle. Nesse caso o tucunaré deve ser
criado numa densidade populacional aproximada de 1:5, e em tanques de porte médio com área
aproximada de 0,1ha.
2.5.4. Comercialização
Seu cultivo tem como objetivo a pesca esportiva. Usualmente, uma vez obtido o peixe,
retiram-se dois filés, ocorrendo uma perda muito grande na carcaça que é desprezada. Possuí 
carne de excelente sabor.
2.6. TRAIRÃO
Em grande parte dos nossos mananciais de água lênticas (paradas) vamos encontrar a
conhecida traíra ou traíra comum ( Hoplias malabaricus). Por outro lado, encontramos também o
trairão ( H. lacerdae), que originalmente ocupava a Bacia Amazônica.
São peixes carnívoros vorazes, apesar de movimentos lentos. Ressalva-se que o trairão
possuí porte bastante avantajado (até 20kg de peso vivo) em relação a traíra comum e que aquele
vive mais em grandes rios, enquanto esta vive em lagoas pequenos mananciais. Sua pesca é
realizada principalmente com iscas vivas, sendo a traíra pescada nos rios durante o período
noturno, caracterizando pela sua agressividade.
2.6.1. Reprodução
Tanto o trairão quanto a traíra possui ovos bastante desenvolvido e em pequenas
quantidades (cerca de 15000 a 25000 por peixe), se comparada com as espécies reofílicas.
Entretanto essas espécies reproduzem-se em águas paradas pelo processo natural, mantendo os
cuidados iniciais no período de incubação e após a eclosão das larvas. Os lotes são desuniformes
apresentando uma elevada taxa de canibalismo.
Muitas vezes a propagação dos ovos da traíra e trairões é efetuada por pássaros piscívoros
ou aves aquáticas que transportam seus ovos, bastante pegajosos, junto às patas para diversos
outros mananciais. Procurando maximizar a taxa de eclosão e a sobrevivência larval, é possível

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 62/86
 
61
se efetuar alguns manejos que auxiliam o processo reprodutivo dessas espécies. Nos tanques
convencionais de terra pode-se construir uma área com cerca de 30cm de profundidade por 40 a
50 cm de largura, ocupando todo o comprimento do tanque. Esta faixa pode ser protegida com
aguapés e é onde os trairões farão os ninhos para a deposição dos ovos e sua posterior
fertilização. Estes ovos podem ser recolhidos e levados às incubadoras, ou então, permanecem
nesse local até a eclosão, quando então as larvas serão transferidas para os tanques de primeira
alevinagem. Recomenda-se que esses tanques tenham pelo menos entre 100 a 200m², com uma
densidade de um peixe para cada 5m² e farto substrato alimentar, pois são bastante agressivos. O
acasalamento ocorre no período mais quente do ano, entre setembro a março, quando se formam
os casais que iniciam a construção dos ninhos para as suas desovas parceladas (3 a 4 desovas por
período).
2.6.2. Sistema de cultivo
Pode-se recomendar o seu consórcio com outros peixe, principalmente tilápias através da
predação. Apresenta crescimento rápido, sabor agradável da carne, rusticidade e controle de
ninhadas. Para as nossas condições pode ser introduzidos em represas ou açudes onde encontram
outras espécies para se alimentarem como: lambaris, barrigudos, carás e joana-guensas.
Os tanques de larvicultura são bastante eutrofizados para a produção de organismos alimentos,
além das espécies forrageiras.
O trairão tem mostrado resultados bastante razoáveis utilizando em média 10 a 20% da
população, ou seja, uma proporção de 1 para 5, assim como tem se utilizado para o tucunaré e
algumas espécies carnívoras.
2.6.3. Alimentação
O trairão é essencialmente carnívoro e muitas vezes é espécie indesejável em tanques com
manejo incorreto ou em açudes e represas. A sua larvicultura deve ser conduzida com alimentos
zooplanctônicos em tanques previamente preparados ou através de Artemianuma primeira fase.
Já na segunda fase, deve-se fornecer espécies forrageiras que supram as necessidades dos
alevinos, tomando-se os devidos cuidados nas duas fases para evitar o canibalismo que ocorre
quando o manejo não está totalmente adequado.
2.6.4 Comercialização
O trairão apresenta carne saborosa, sendo considerado como inconveniente o elevado
número de espinhas, que torna essa espécie pouco indicada para comércio “in natura”, mas que
independente disso, é muito bem aceita em algumas regiões do país. Sua pesca é bastante
apreciada, em função da sua agressividade. Em um ano de cultivo obteve-se peixes com peso
acima de 600 gr.
3. OUTRAS ESPÉCIES NATIVAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
3.1. CURIMBATÁ ( Prochilodus lineatus) Fam. Prochilodontidae
São peixes de hábito alimentar iliófago (se alimentam do lodo). No geral, alcançam cerca
de 30, 35cm de comprimento e 500 a 1000gr de peso em um ano de cultivo. Alimenta-se,
basicamente, de detritos orgânicos e fauna bentônica e, mesmo ração. A primeira maturação
sexual ocorre com cerca de dois anos, sendo espécies de hábito reofílicas (migrador). A época de
reprodução também ocorre nos meses chuvosos de fim/começo do ano. O curimbatá apresenta
grande rusticidade e, portanto, grande potencial para a piscicultura intensiva (em policultivo, com

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 63/86
 
62
baixa densidade do mesmo), semi-intensiva, com uso de fertilizantes, ou extensiva, para
repovoamentos, o que é facilitado pelo hábito alimentar iliófago. O curimbatá fêmea desova em
torno de 100.000 ovos por kg de peso corporal. Sua faixa térmica ideal, embora não haja
trabalhos conclusivos sobre o assunto, parece estar entre 20 a 26ºC.
3.2. PIAVUÇU ( Leporinus macrocephalus) Fam. Anastomidae
São peixes de hábito alimentar onívoro, com predominância para herbívoro. Alimentam-
se basicamente de algas, raízes, folhas, frutos e larvas de insetos. São espécies reofílicas que
desovam uma vez por ano, são encontrados em lagos e rios marginais.
São facilmente adaptáveis as rações artificiais, sendo, portanto, recomendado para
criações intensivas em policultivo. Os piavuçus são ótimos para os pesque e pague devido ao fato
de brigarem ao serem fisgados. Sua reprodução já está controlada pela indução hormonal.
Os peixes dessa família também apresentam potencial para a piscicultura como a piapara
( L. piapara), do rio Paraná e o piau ( L. friderici)do rio Paraguai. São peixes muito utilizados
para extração de hipófises.
4. ESPÉCIES EXÓTICAS PARA PISCICULTURA
Apesar de ser proibida a criação a criação, reprodução e engorda de peixes exóticos no
Estado de Mato Grosso, pela Assembléia Legislativa, pela Lei Nº 6648 de 07/07/1995, é
importante o conhecimento das principais espécies comercializadas e alguns dados sobre a sua
biologia e reprodução.
4.1. Família Cyprinidae
• Carpa (Cyprinus carpa): tem sua origem na China à aproximadamente 3000 anos.
Chegou ao Brasil em 1882, com os primeiros criadores instalados no Vale do Paraíba. São
espécies muito rústicas e adaptáveis à várias amplitudes técnicas (4ºC a 35ºC). São muito
utilizadas para a obtenção de hipófises. São consideradas pragas (por se alimentar de outros
peixes), principalmente nos Estados Unidos, Austrália, África do Sul e Nova Zelândia. No Brasil
são criadas as seguintes carpas: Carpa comum ou de escamas (herbívora) (Cyprinus carpio);
Carpa espelho (C.carpiovariedadeSpecubris;Carpa coloridaC. carpiovar.korarl;Carpa capim
(herbívoro) -Ctenopharyngodon idella(difícil reprodução); Carpa prateada (fitoplanctófagas)
 Hypopythalmichths melitrix;Carpa cabeça grande (zooplanctófago) Aristichtys nobilis(difícil
reprodução). 
Características Gerais: são peixes de água paradas e quentes embora suporte baixas temperaturas.
Só se reproduz quando a temperatura da água ultrapassa 20ºC. Resiste bem a baixa quantidade de
oxigênio dissolvido na água, suportando até 3,2mg/l. A carpa possui boa conversão alimentar,
rápido crescimento, primeira reprodução em torno de 8 a 10 meses, são resistentes ao manejo da
criação. O peso ideal para venda está próximo a 1kg sendo facilmente obtido aos 10 meses de
cultivo. A carpa comum não é espécie de piracema, mas a carpa capim a prateada e a cabeça
grande são reofílicas. Para a sua criação são necessários pelo menos 4 tanques ou viveiros: um
para reprodução e 3 para alevinagem, com medida de 80, 200 a 500m² para alevinos e
reprodutores respectivamente. No tanque de reprodução devem ser estocados 2 a 3 machos por
fêmea na densidade de 1 reprodutor para cada 10m² de tanque. A colocação de aguapés, galhos
ou cordas de náilon desfiadas, serve para aderir os ovos nas mesmas que são levados aos
incubadores e posteriormente aos tanques de alevinagem. A incubação demora de 60 a 80 horas,
variando um pouco com a temperatura. Após a eclosão as larvas permanecem 36 horas sem se

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 64/86
 
63
alimentar e já no 2º dia de vida precisam encontrar alimentos (rotíferos e microcrustáceos), em
quantidades suficientes. Com uma semana já podem receber rações finamente moídas.
4.2. Família Ictaluridae
• Bagre do Canal ( Ictalarus punctatus): bagre do canal ou Catfish é uma espécie norte
americana acostumada a clima mais amenos. Reproduzem-se naturalmente nos tanques, no
interior de caixas ou latas de 20 litros, com buracos por onde entram para as desovas. Retiradas as
latas, são levados os ovos para incubação em bandejas. Tanques de reprodutores, tamanho similar
ao da carpa. Densidade de estocagem 1 kg/5m² de viveiro na proporção de 2 machos para cada
três fêmeas. A fêmea deposita em torno de 10.000 ovos por kg de peso corporal, sendo o macho
que protege os ovos durante a incubação. Nestas condições a produção obtida é de 25.000
alevinos por kg de peso da fêmea. Na recria ou engorda dos peixes, os alevinos devem ser
estocados à densidade de 50 a 100 exemplares por m².
4.3. Família Salmonidae
• Truta arco-íris (Onchorhynchus mikyss): é um peixe de águas frias originária dos
Estados Unidos, Europa e Japão. Foram introduzidas no Brasil em 1949. Os ovos vieram
embrionados da Dinamarca. A intenção era suprir a ausência de peixes na Serra do Mar,
Mantiqueira e Bocaina. É muito comum a comercialização dos ovos embrionados, sendo
comercializados com 18 a 20 dias após a fecundação. Atingem 250gr com 12 meses de cultivo,
alimentadas diariamente com rações peletizadas e extrusadas. Reprodutores atingem a maturidade
com 2 anos de recria pesando em torno de 600gr.
Exigências das Trutas: disponibilidade de água com alto fluxo e baixa turbidez; altitudes
superiores a 1200 m; temperatura oscilando entre 8ºC e 20ºC, nunca superior a 26ºC; teor de
oxigênio superior a 6mg/l; pH entre 6,5 a 8,0.
4.4. Família Cichlidae
• Tilápias (Oreochromisssp.): são mais de 20 espécies conhecida por este nome.
Tilápia rendalli (O. rendalli): chegou ao Brasil em 1953, se alimenta principalmente de folhas de
vegetais superiores. Iniciam a reprodução com 5 a 6 meses de idade.
Tilápia do Nilo (O. niloticus): apresenta listas verticais na nadadeira caudal. São bastante rústicas
e precoces. Alimentam-se principalmente de algas clorofíceas, que predominam nas águas doces.
Aceita também qualquer outro tipo de alimento o que a torna interessante para a piscicultura.
Começam a se reproduzir em torno de 6 meses de idade nos meses de setembro a abril, podendo
ocorrer duas desovas neste período. Podem ser alimentadas com estercos provenientes da criação
de outros animais, bem como aproveitar sub-produtos industriais (cervejaria, resíduos de milho,
arroz, soja, etc).
Tilápia hornorum (O. hornorum): Foram introduzidas com objetivo de hibridação para engorda
quando cruzadas com as fêmeas de tilápia do Nilo.
4.5. Família Centrarchidae
• Black Bass ( Micropterus salmoides): de origem americana, são peixes de escamas, com
coloração amarela esverdeada, de tonalidade mais escura no dorso e mais clara na região ventral,
com manchas escuras ao longo do flanco. Vivem em águas limpas, tranqüilas e ricas em oxigênio
dissolvido. Preferem temperaturas médias entre 18 a 26ºC, sendo 10 e 32º seus extremos de
suporte. Atingem 500gr com 1 ano de criação. São de hábito alimentar carnívoro, exigindo alto

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 65/86
 
64
teor de proteína na ração. Recomenda-se a sua criação em açudes com 2 a 3 m de profundidade
com áreas sombreadas para fugir do calor nos dias quentes. Podem ser consorciadas com lambari,
tambaqui e acarás, que lhes proporcionarão alimento natural abundante e barato. É indicado para
pesque e pague por ser agressiva ao ser fisgada. A carne é de boa qualidade para o consumo e
apresenta excelente sabor. Período reprodutivo começa no 2º ano de vida e podem ocorrer duas
desovas por período que é chamado de desova parcelada. Podem desovar até 10.000 ovos para as
fêmeas de maior porte. Preparam os ninhos em locais rasos, sendo que a eclosão ocorre em média
4 a 6 dias após a fecundação.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 66/86
 
65
CAPÍTULO 6
A DESPESCA E PRINCIPAIS DOENÇAS EM PISCICULTURA

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 67/86
 
66
1. A DESPESCA
É a fase final de um processo criatório, na qual se encerra o cultivo e inicia-se a fase de
comercialização da produção. Portanto, os cuidados também devem ser redobrados, para não se
perder toda uma tarefa já realizada. Hoje, há um grande mercado para peixes vivos, demandada
pelos pesque-pagues, bem como a venda dos peixes frescos, recomendada pela sua aparência
frente ao consumidor.
1.1. Preparo da Despesca
Antes da despesca final deverão ser amostrados e avaliados (saúde, peso médio e número
de peixes no viveiro). Alguns sinais pode ser característica de boa qualidade dos peixes:
• Bom apetite;
• Baixos índices de mortalidade;
• Ausência de sinais de ferimentos.
Definida a data da despesca, os peixes devem ser mantidos em jejum por 2 dias, para que
possam suportar melhor o transporte a longas distâncias, principalmente para que a água esteja
sempre com boa qualidade. Os peixes podem regurgitar o alimento durante o transporte e com o
trato digestivo vazio se estressam menos durante o trajeto.
1.2. Métodos de Despesca
São dois os tipos principais de despescas mais utilizados:
a) drenagem dos viveiros e coleta dos peixes com rede ou nas caixas de coleta: esse método
necessita ter a sua estrutura definida desde a definição do projeto de construção dos
viveiros, pois é muito bem utilizada em açudes grandes, irregulares ou em grandes
viveiros, onde a rede não funciona bem. É a única forma de garantir que todos os peixes
serão retirados dos viveiros.
b) Utilização de redes de Arrasto: neste método também é necessário abaixar o nível do
viveiro. A rede é estendida em um dos lados menores e é arrastada lentamente até o outro
lado, concentrando os peixes em um só local para facilitar a sua captura. Esta técnica é
recomendada para viveiros pequenos, regulares, de fundo plano e sem obstáculos (tocos,
raízes, etc). A rede de arrasto poderá ser selecionadora, quando as malhas permitam a
despesca parcial dos peixes pelo tamanho, deixando os menores para atingir maior
tamanho. As redes devem ser lavadas e secas ao sol, evitando, desta forma, roedores que
poderiam danificá-la ou mesmo transmissão de doenças de um tanque para outro.
1.3. Dados da Despesca
Deverão ser mensurados para a avaliação técnica e econômica da atividade:
• Número de peixes produzidos;
• Peso médio dos peixes;
• Taxa final de sobrevivência;
• Produção alcançada;
• Produtividade;
• Higiene e profilaxia na piscicultura.
Em qualquer tipo de criação sabemos que a higiene e medidas profiláticas são a melhor
maneira de evitá-las. O peixe fica doente como qualquer outro animal. O Brasil é um dos poucos
países que não tem laboratórios especializados no diagnóstico de doenças de peixes. Sem saber,

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 68/86
 
67
muitas vezes o que fazer, resta aos interessados no assunto se armar de conhecimentos
necessários para sobreviver nesta atividade. Existem, entretanto, formas de diagnosticar, prevenir,
e controlar doenças em ambiente de cultivo. As doenças encontradas em peixes cultivados podem
ser subdivididas em:
• Doenças não infecciosas (ou não transmissíveis);
• Ambientais;
• Nutricionais;
• Neoplasias;
• Doenças infecciosas (transmissíveis);
• Vírus;
• Bactérias;
• Fungos;
• Parasitos.
2. DOENÇAS NÃO-INFECCIOSAS:
2.1. Ambientais
Em geral aparecem quando os fatores ambientais estão fora da faixa ótima da espécie em
cultivo, ou quando ocorrem mudanças bruscas desses fatores. Os fatores que causam as doenças
ambientais são:
• Variações de temperatura;
• pH;
• Sólidos em suspensão;
• Toxinas endógenas e exógenas (efluentes, metais pesados, toxinas orgânicas
industriais, gases, agrotóxicos, etc).
2.2. Doenças nutricionais
Freqüentemente, as alterações no comportamento dos peixes são confundidas com
doenças, mas poderão ser de fundo nutricional, ocasionado pelo uso de rações desbalanceadas, ou
de baixa qualidade. Sempre deve se considerar esta opção, quando se muda do tipo de ração
comumente utilizada ou em sistemas intensivos de produção. As doenças nutricionais podem ter
origem de:
• deficiência de aminoácidos essenciais;
• presença de toxinas na ração;
• deficiência de ácidos graxos essenciais;
• oxidação de lipídios;

 deficiência mineral;
• deficiência de vitaminas;
• armazenagem inadequada.
2.3. Doenças Neoplásicas
A neoplasia ou câncer resulta do crescimento não controlado de células do próprio ser
vivo. É comum aparecer em peixes mais velhos e é limitado o aparecimento no plantel. Pode
estar relacionado com os seguintes fatores:
• Contaminação d’água por compostos químicos;
• Problemas de caráter genético;

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 69/86
 
68
• Danos mecânicos (tanques ou viveiros maus construídos, densidade populacional
alta, excesso de sedimentos em suspensão).
2.4. Doenças Infecciosas
São provocadas por organismos patogênicos ou oportunistas e podem ser transmitidas de
um peixe para outro. O viveiro poderá estar contaminado, ou ocorrer a contaminação por outras
fontes como:
• Peixes invasores contaminados;
• Equipamentos contaminados;
• Água de abastecimento;
• Aves aquáticas contaminadas.
2.5. Doenças causadas por vírus
São agentes patogênicos microscópicos, que necessitam parasitar o interior de uma célulapara se reproduzirem. Em piscicultura, as doenças viróticas são de difícil controle e causam
perdas muito rápidas nos peixes. A prevenção é a melhor forma de combatê-las, pois não existem
tratamentos contra os vírus. A doença virótica mais conhecida é a viremia primaveril da carpa.
2.6. Doenças causadas por bactérias: 
Todas as espécies de bactérias causadoras de enfermidades em peixes são na realidade,
saprófitas, ou seja, que se alimentam de matéria orgânica em decomposição encontrada
naturalmente no meio ambiente. São as maiores causadoras de enfermidade nos peixes (65%), o
tratamento envolve o uso de antibióticos.
2.7. Doenças causadas por fungos:São organismos multi-celulares e saprófitas. Poucas espécies são efetivamente parasitas
de peixes, a maioria atua como oportunistas, quando ocorre exposição de tecidos mortos através
de feridas ou quando a resistência do peixe está reduzida. São considerados por isso agentes
secundários.
2.8. Doenças causadas por protozoários
São organismos unicelulares de vida livre, comensais ou parasitas. Na maioria das vezes
atacam parasitando os peixes.
3. AS PRINCIPAIS DOENÇAS:
3.1. Vírus:
• Viremia Primaveril da Carpa: ocorre perda de coordenação e equilíbrio,
exoftalmia e ascite, hemorragia dos órgãos internos. Tratamento desconhecido.
3.2. Bactérias
• Furunculose: causada pela bactéria Aeromonas salmonicida. Causa hemorragia
generalizada, úlcera na pele. Tratamento através de antibióticos.
3.3. Fungos

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 70/86
 
69
• Saprolegniose: causada pelo fungoSaprolegnia. Aparece crescimento das hifas
sobre o corpo como tufo de algodão. Tratamento: banhos com químicos utilizados
para ectoparasitas ou sulfato de cobre na proporção de 1:10.000.
3.4. Protozoários
• Ictiofitríase ou Doenças dos pontos brancos: o peixe fica hiperativo, ocorrendo
perda de apetite, pontos brancos na superfície do corpo e nas brânquias. O peixe se
aloja na superfície da água ou próximo ao aerador ou entrada da água. Causa
mortalidade intensa. Única forma de tratamento é interromper o ciclo de vida do
protozoário, ou melhorar as condições da água de cultivo pode atenuar o
problema, juntamente com banhos com produtos químicos para ectoparasitas.
3.5. Ácaros
• 
Argulose: provocada pelo ácaro
 Argullus folillacius
também é conhecido comopiolho das carpas. O peixe apresenta movimentos nervosos nas nadadeiras e
pontos avermelhados na pele.
3.6. Endoparasitas dos Peixes
Os principais vermes dos peixes são do grupo dos nematóides. Apresentam-se nos
intestinos ou tecidos dos peixes. Parasitam muitas espécies de peixes de água doce e marinha,
podem causar perda do valor do produto quando for encontrado na musculatura. O tratamento é
através de vermífugos e desinfecção dos tanques.
O melhor tratamento utilizado em piscicultura é através da própria água, sendo também o
mais simples a ser utilizado. Existem alguns métodos de se fazer esse tratamento:
• 
DIP: é uma exposição rápida de alguns segundos ou minutos, realizada comauxilio de puçás num tanque ou caixa d’água. Devem ser aerados devido ao stress
causado aos peixes.
• Banho rápido: realizado em pequenos tanques de concreto com fluxo de água
contendo a solução de tratamento. Sendo os peixes levados depois de tratados para
tanques descontaminados.
• Banhos de longa duração: realizado nos viveiros, reservatórios ou lagos, e quando
não se pode lançar mão dos métodos anteriores. Mistura os produtos de tratamento
em água, antes de administrá-los nos viveiros. Podem ser pulverizados na água ou
colocados na entrada de abastecimento. Reduz-se o nível da água do viveiro até
metade da sua capacidade, sendo o produto adicionado lentamente por 20 a 30
minutos.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 71/86
 
70
CAPÍTULO 7
O CULTIVO DE PEIXES EM TANQUES-REDE

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 72/86
 
71
1. INTRODUÇÃO
A produção de peixes em tanques-rede possibilita o aproveitamento dos rios, dos grandes
reservatórios, dos estuários, dos lagos naturais e dos açudes espalhados por milhares de
propriedades rurais por todo o país.
As primeiras iniciativas de criação nesse sistema esbarraram no desconhecimento das
técnicas de cultivo e na falta de rações nutricionalmente completas. O setor da aqüicultura na
qual está inserida a piscicultura é o segmento da produção animal que mais cresce no cenário
mundial, tendo superado as taxas de crescimento da bovinocultura, da avicultura e da
suinocultura na última década. Segundo a Food and Agriculture Organization of the United
Nations (FAO), a produção mundial de pescado proveniente da aqüicultura que representava
cerca de 10,1 milhões de toneladas em 1984, passou para 32,9 milhões de toneladas em 1999,
com 60% dessa produção cultivada em água doce.
O peixe é considerado alimento nobre e tem grande preferência pelos consumidores em
muitas culturas, superando os suínos e aves. Este fato aliado à tendência de declínio dos estoques
pesqueiros mundiais e à conseqüente estagnação da ofertas de peixes capturados, tem tornado a
piscicultura uma atividade fundamental para a manutenção da oferta desses produtos.
O Brasil reúne condições favoráveis ao desenvolvimento da piscicultura. Além do enorme
potencial dos mercados nacional e mundial, conta ainda com clima favorável ao cultivo de
inúmeras espécies de peixes nas diferentes regiões, possui boa disponibilidade de área, grande
produção de grãos e outros ingredientes usados nas rações, um parque industrial bastante
desenvolvido nas áreas de insumos e beneficiamento, grande número de técnicos especializados
em todos segmentos da cadeia produtiva e acima de tudo um invejável potencial hídrico. Com
cerca de 5,3 milhões de hectares de água doce em reservatórios naturais e artificiais, conta ainda
com uma extensa rede hidrográfica que pode ser parcialmente aproveitada na produção de
organismos aquáticos.
Somando-se ao incremento da produção nacional de pescado (204.000 toneladas em 2001)
outros ganhos como a geração de milhões de empregos ao longo da cadeia produtiva e o aumento
da oferta de proteína animal de alta qualidade. Ganhos ambientais uma vez que o cultivo alivia a
pressão de captura sobre os estoques naturais. Adicionalmente, o estabelecimento da atividade
contribuiria muito para o uso sustentável dos recursos hídricos, por ser uma atividade totalmente
dependente da qualidade do ambiente para alcançar resultados satisfatórios
2. O SISTEMA DE PRODUÇÃO
O cultivo em tanques-rede (TR) é um sistema de produção intensiva no qual os peixes são
confinados sob altas densidades, dentro de estruturas que permitem grande troca de água com o
ambiente e onde os peixes recebem ração nutricionalmente completa e balanceada.
A produção de uma grande biomassa de peixes por unidade de volume (30 a 250 kg/m³) é
possível devido à alta taxa de renovação da água dentro das unidades, que supre a demanda de
oxigênio dos peixes e remove os dejetos e metabolitos produzidos. Além da qualidade do
ambiente aquático onde estão instalados os TR, o desempenho do cultivo depende da qualidade
dos insumos (alevinos e rações), das técnicas de manejo da produção e, sobretudo, da dedicação e
capacidade técnica e gerencial do produtor.
2.1. Características da produção de peixes em tanques-rede (TR)
• Aproveitamento de ambientes aquáticos existentes, dispensando o desmatamento
de grandes áreas e a movimentação de terra, evitando problemas de erosão e
assoreamento de rios e lagos;

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 73/86
 
72
• Baixo conflito pela ocupação da terra e pelo uso dos recursos hídricos;
• Reduzido custo de implantação e a rápida montagem da infra-estrutura de
produção;
• A possibilidade de uma rápida expansão na capacidade de produção, de forma a
atender o aumento na demanda do mercado;
• A mobilidade do sistema de produção, podendo ser deslocado para outros locais,
conforme a necessidade;
• O controle facilitado dos estoques de peixes e das colheitas;
• A maior proteção contra predadores naturais (aves, répteis, mamíferos e outros
peixes);
• A alta afinidade com a cultura dos pescadores, apresentando em comum o peixe e
o ambiente aquático com parte do seu cotidiano, tornando-se assim uma atividade
econômica alternativa em regiões onde a pesca está em declínio;

 A obtenção de um produto diferenciado, com baixa incidência e intensidade de
problemas como mau sabor (“off flavor”) no pescado.
Paralelamente ao estudo econômico, é recomendado que seja feito um estudo sobre os
locais disponíveis para a implantação do TR, levantando se existem restrições legais à sua
ocupação e verificando se as características ambientais atendem às necessidades da espécie e do
regime de produção planejado. A escolha do local apropriado para a instalação é fundamental,
pois influencia diretamente os custos de produção e o risco do empreendimento, pois a correção
da qualidade da água em rios e reservatórios é impraticável.
3. TANQUES-REDE E GAIOLAS
A denominação de TR é empregada às unidades de cultivo que utilizam, para a contençãodos peixes, materiais que se comportam como uma rede na hora da colheita. Geralmente são
usados redes de multifilamento de poliamida, sendo a malha com ou sem nó. Outros materiais
comumente usados e bastante resistentes são as telas de aço galvanizado revestido de PVC, ou as
telas de aço inoxidável, trançadas no formato de alambrado, que podem apresentar
comportamento retrátil como uma rede, dependendo da orientação em que forem arrumadas na
confecção dos TR.
As gaiolas são estruturas fabricadas com material de contenção rígido, geralmente telas de
aço, ou quando todo o perímetro da estrutura é rígido mesmo usando material flexível para o
fechamento das laterais e do fundo. Telas plásticas também usadas na contenção de peixes em
gaiolas, muitas vezes com armação de madeira ou de bambu, com arranjo das laterais e do fundo
na forma de grade.Os TR e as gaiolas geralmente são montados em estruturas flutuantes. No entanto, TR
fixos com o uso de estacas também são comuns. A escolha do tipo de TR a ser utilizado depende,
principalmente, das características do local onde serão implantados, da espécie de peixe sob
cultivo, das dimensões das unidades, da finalidade de uso, da disponibilidade dos materiais
necessários à sua construção e do custo de fabricação.
4. FATORES QUE AFETAM A PRODUTIVIDADE EM TANQUES-REDE (TR)
Ao considerarmos um corpo aquático de área e volumes limitados (um açude, por
exemplo), a produtividade total do mesmo seria semelhante cultivando os peixes soltos ou
confinados em TR. O piscicultor menos experiente, ao visualizar o grande espaço superficial

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 74/86
 
73
disponível devido ao confinamento dos peixes num pequeno volume de TR, tomaria a iniciativa
de aumentar o número de TR num próximo cultivo. Procedendo assim, aumentaria o risco de
poluição da água do açude devido ao excessivo aporte de ração e, conseqüentemente, de morte
dos peixes causados por problemas na qualidade da água.
Diversos fatores influenciam a biomassa de peixes capaz de ser alojada de forma
econômica dentro dos TR, como a qualidade do ambiente onde estão instalados os TR, a
qualidade do alimento utilizado, a qualidade dos alevinos, as características da espécie de peixe
cultivado e a taxa de renovação de água no interior do TR. Esta, por sua vez, depende:
• do tamanho/volume de TR;
• da velocidade das correntes de água;
• do formato do TR;
• da área vazada da malha.
4.1. Qualidade do ambiente onde estão os TR
O potencial produtivo dos TR depende, em muito, da qualidade da água no ambiente onde
estão alocados. Diversos parâmetros de qualidade de água podem ser decisivos ao crescimento,
conversão alimentar e saúde dos peixes. Os parâmetros ideais de qualidade de água estão na
tabela 1.
Tabela 1: Valores dos principais parâmetros de qualidade da água considerados adequados ao
bom desempenho produtivo e à manutenção da saúde dos peixes tropicais em tanques-rede.
Variáveis Valores adequados
Temperatura (T) 26 a 30°C
Oxigênio dissolvido dentro do TR (OD) > 60% saturação (> 4mg/L)
pH 6,5 a 8,0Alcalinidade total (AT) > 10 mg CaCO3 /L (>20 ideal)
Dureza total (DT) > 10 mg CaCO3 /L (>20 ideal)
Amônia tóxica (NH3) < 0,20mg/L NH3 
Nitrito (NO2
-
) < 0,30mg/L NO2
-
 
Gás carbônico (CO2) < 10 mg/L CO2 
Turbidez mineral < 80 mg/L
A qualidade da água nos TR é de fundamental importância para o sucesso da produção.
Os efeitos da má qualidade da água são agravados pelo confinamento e grande adensamento aos
quais os peixes são submetidos. No ambiente natural os peixes têm a opção de procurar por locais
com melhores condições de qualidade da água. Isto não é possível aos peixes confinados em TR.
Portanto, o piscicultor deve monitorar de perto as condições do cultivo, a fim de prevenir a
ocorrência de grandes alterações na qualidade da água, ajustando a biomassa de peixes estocados
ao limite sustentável do açude ou represa, ou mesmo, no caso de grandes reservatórios,
posicionando os TR em locais de qualidade de água adequada e constante.
Outro aspecto importante é o nível da água nos reservatórios. A amplitude destas
variações deve ser conhecida e estar dentro de limites toleráveis de modo a não prejudicar a
qualidade da água. Um estudo detalhado das características sazonais do local onde os TR serão
implantados pode evitar surpresas.
4.1.1. Grau de eutrofização do ambiente aquático

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 75/86
 
74
O nível de eutrofização (enriquecimento em nutrientes) da água dos açudes e
reservatórios, onde serão implantados os TR, pode ser avaliado indiretamente pela transparência
da água, medida com o Disco de Secchi (Tabela 2). Esta medida tem por finalidade avaliar a
densidade da população de fitoplâncton na água, que normalmente está relacionado com a
riqueza de nutrientes. No caso de águas com alta concentração de argila ou barro em suspensão
(sólidos minerais) que interferem na transparência da água, a medida do Disco de Secchi é
inadequada para avaliar o grau de enriquecimento em nutrientes.
Tabela 2: Avaliação do nível de eutrofização pela transparência da água e produtividade de
peixes esperada (Adaptado de Schmittou, 1993).
Transparência no Disco de
Secchi
Grau de enriquecimento em
nutrientes
Expectativa de biomassa em
tanques-rede de baixo
volume/alta densidade
≥200 cm Pobre (oligotrófico) Alta (> 200 kg/m
3
)
80 a 200 cm Médio (mesotrófico) Média (até 200 kg/m
3
)
40 a 80 cm Rico (eutrófico) Regular (até 150 kg/m
3
)
Outro método que pode ser usado para a classificação do nível trófico dos corpos d’água
com plâncton ou com argila em suspensão é a determinação, em laboratório, da concentração de
fósforo presente na água. Em geral, os corpos d’água naturais têm baixa concentração de fósforo,
que é um nutriente essencial para o crescimento do fitoplâncton e das plantas aquáticas. E como
os efluentes causadores de poluição nos corpos d’água geralmente são ricos em fósforo (orgânico
ou inorgânico), este nutriente é comumente usado como indicador do nível trófico de
reservatórios e rios. (Tabela 3)
Tabela 3: Relação de Vollenweider entre a concentração de P-total na água e os níveis tróficos de
reservatórios (modificado de Esteves, 1988).
Estado trófico de reservatórios Concentração de P-total na água (mg/m
3
)
Ultra-oligotrófico < 5
Oligomesotrófico 5 a 10
Meso- eutrófico 10 a 30
Eu-politrófico 30 a 100
Politrófico > 100
4.1.2. Temperatura da água
A temperatura da água apresenta efeito direto sobre o consumo de alimento e na atividade
metabólica dos peixes. Dentro da faixa de temperatura favorável para uma espécie, a taxa de
crescimento aumenta com o aumento da temperatura até que esta atinja a faixa ótima para o
crescimento. Qualquer incremento na temperatura acima da faixa ótima resulta em redução no
consumo de alimento e, conseqüentemente, no crescimento. De um modo geral, o conforto
térmico das espécies tropicais é alcançado dentro da faixa de temperatura entre 26 e 30ºC (Tabela
4).
Tabela 4: Faixas de temperatura da água (°C) e desempenho esperado para os principais peixes
tropicais cultivados comercialmente.
Temperatura (°C) Resposta esperada

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 76/86
 
75
> 34 Maior incidência de doenças e mortalidade crônica
30 a 34 Redução no consumo de alimento e no crescimento
26 a 30 Crescimento ótimo
< 22 Consumo de alimento e crescimento são bastante reduzidos
< 18 Consumo de alimento e crescimento praticamente cessa
10 a 15 Faixa letal para a maioria dos peixes tropicais
4.3. Oxigênio dissolvido e gás carbônico
As concentrações de OD e CO2dentro do TR podem variar em função da biomassa de
peixes estocada e da concentração destes gases na água do ambiente onde os TR estão instalados.
A manutenção de adequadas concentrações desses gases no interior dos TR depende da
intensidade de troca de água entre os TR e o ambiente. A capacidade de renovação de água no
interior dos TR depende de diversos fatores. A concentração de OD no interior dos TR deve ser
superior a 4,0 mg de O2por litro, a 28ºC, de forma a assegurar adequado crescimento e eficiência
alimentar. A concentração de CO2no interior dos TR não deve ultrapassar 10 mg de CO2por
litro. As principais fontes de gás carbônico são a respiração dos organismos aquáticos e a
decomposição aeróbia da matéria orgânica.
Em equilíbrio com o ar, a concentração de gás carbônico na água está em torno de 0,5
mg/l a 25ºC. Quando o CO2está presente em altas concentrações na água, os peixes podem
apresentar dificuldades na respiração. Concentrações acima de 25 mg/l de CO2prejudicam o
desempenho produtivo dos peixes, principalmente sob baixas concentrações de O2dissolvido.
4.4. Renovação de água no interior dos TR
Outro importante fator determinante da produtividade no cultivo de peixes em TR é a taxa
de renovação da água no interior dos mesmos, que é promovida pelas correntes naturais e pela
movimentação dos peixes dentro dos TR. A facilidade de renovação da água depende, em grande
parte, do tamanho dos TR e da resistência das malhas à passagem da água.
4.4.1. Tanques-rede de pequeno ou grande volume
Os TR ou gaiolas são freqüentemente agrupados em duas categorias, de acordo com sua
capacidade volumétrica e produtiva: os TR de pequeno volume e alta densidade (PVAD) e os TR
de grande volume e baixa densidade (GVBD). Na tabela 5 são apresentadas as principais
características e uma rápida comparação entre TR de pequeno volume/alta densidade (PVAD) e
dos tanques-rede de grande volume/baixa densidade (GVBD).
TR ou gaiolas de PVAD apresentam tamanho entre 1 e 4 m³ e permitem produzir entre 10
e 250 kg/m³/ciclo. TR com volumes superiores a 18 m³ são considerados de GVBD, com
biomassa econômica variando entre 20 e 80 kg/m³. Também são utilizados tamanhos
intermediários entre 6 e 18 m³ com produtividades entre 50 e 100 m³

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 77/86
 
76
Tabela 5: Comparação de algumas características dos tanques-rede de pequeno volume/alta
densidade (PVAD) e dos tanques-rede de grande volume/baixa densidade (GVBD).
Características TR de
PVAD
TR de GVBD
Volume útil (m
3
) Até 6 Acima de 18
Capacidade de renovação de água Maior Menor
Biomassa econômica (kg/m
3
) 100 a 250 20 a 80
Custo de implantação por m
3
Maior Menor
Porte do empreendimento onde são mais utilizados Pequeno Grande
Tempo de retorno do capital investido Menor Maior
Custo de mão de obra/m
3
de volume útil Maior Menor
Custo de mão de obra/kg de peixe produzido Menor Maior
4.4.2. Capacidade de suporte em TR
Capacidade de Suporte (CS) é um termo utilizado para definir a máxima biomassa
sustentável dentro de uma unidade de cultivo. Quando a capacidade de suporte é atingida o ganho
de peso ou de biomassa da população estocada é zero, ou seja, os peixes param de crescer. Na
capacidade de suporte, algum fator limitante restringe a continuidade da produção. A quantidade
de O2 dissolvido na água é o primeiro fator limitante ao aumento de produção nas unidades de
cultivo.
No cultivo de peixes em TR, a CS, expressa em quilos de peixe por metro cúbico (kg/m³),
em geral, está relacionada de maneira inversa ao volume (tamanho) das unidades de produção. Os
TR de PVAD permitem alcançar uma maior capacidade de suporte comparados aos tanques de
GVBD. A principal razão disso é a maior taxa de renovação de água, e conseqüentemente maioraporte de oxigênio, em tanques de pequeno volume:
Muitas vezes as correntes em represas e açudes são pequenas. Como explicar as bem
sucedidas produções de peixes em TR sob alta densidade nesses locais. O deslocamento de água
promovido no interior dos TR pela natação dos peixes é responsável pela troca de água e a
reoxigenação do interior dos TR. Desta forma, quanto menor for a massa de água contida no
interior dos TR, em relação à biomassa de peixes estocada, mais facilmente ocorre renovação da
água nos TR. Em TR de grande volume, a distância do centro às laterais é maior, comparado aos

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 78/86
 
77
TR de pequeno volume. Isto faz com que os peixes consigam deslocar apenas parte da massa de
água da região central para fora dos TR, não realizando, portanto, uma renovação e oxigenação
tão eficaz.
Apesar das inúmeras vantagens observadas com o uso de TR de pequeno volume e alta
densidade, estes não são aplicáveis ao cultivo de todas as espécies de peixes, tampouco são
recomendados para determinados tipos de ambientes. Sendo assim, alguns aspectos importantes
devem ser considerados na escolha desse sistema, como exemplo:
a- alguns peixes, principalmente aqueles de hábito pelágico, que exercem grande atividade
natatória e/ou são comercializados com grande porte não se adaptam a TR de pequenas
dimensões.
b- No planejamento de empreendimentos visando uma grande escala de produção deve ser
feita uma análise detalhada das vantagens do uso de TR de pequeno volume, pois, a
necessidade de trabalhar com um número muito elevado de unidades de produção
demanda um maior gasto operacional com alimentação, movimentação e colheita dos
peixes.
c- Em ambientes pouco protegidos, onde ventos intensos ocorrem com freqüência, o uso de
TR de pequeno volume é pouco vantajoso porque a alimentação que normalmente é feita
com auxílio de barcos fica prejudicada ou até mesmo é impedida devido à formação de
ondas.
4.4.3. Resistência das malhas à passagem da água
A facilidade com que a água é trocada entre o interior do TR e o meio aquático depende
da área vazada das malhas nas laterais e no fundo dos TR. A percentagem de área vazada varia
em função da abertura das malhas e da espessura do material (fios multifilamento ou telas) usado
na confecção dos mesmos. Também depende do acúmulo de materiais orgânicos e do
crescimento de algas que podem causar a obstrução parcial das malhas (colmatação), dificultando
a renovação da água do interior dos TR.
Os TR devem ser confeccionados com malhas de abertura suficientemente pequena para
impedir a fuga dos peixes estocados. Com o avanço do cultivo é recomendado o aumento no
tamanho da malha para melhorar a renovação da água. Isto possibilita uma maior densidade de
estocagem e produtividade, além de reduzir os riscos de problemas na qualidade da água dentro
dos TR, decorrente da colmatação das malhas.
Em geral o tamanho das malhas usadas em TR pode variar de 5 a 30 mm (distância entre
nós), dependendo da fase de cultivo dos peixes. Malhas de tamanho muito grande facilita a
entrada de outros peixes indesejáveis ao cultivo como lambaris, carás, mandis, piaus, piranhas e
outros. Estes peixes competem com os peixes estocados no momento da alimentação,
prejudicando o crescimento e a conversão alimentar, onerando assim o custo de produção.
5. ASPECTOS CONSTRUTIVOS DOS TANQUES- REDE E GAIOLAS
Os TR e gaiolas vêm sendo construídos com uma grande variedade de materiais
estruturais, tipos de malhas e telas; diversos formatos e dimensões; diferentes estruturas de
flutuação ou fixação.
5.1. Malhas e componentes estruturais
Os materiais utilizados nas malhas e nas estruturas de sustentação e de flutuação dos TR e
gaiolas devem apresentar as seguintes características:
• Boa resistência ao esforço mecânico e corrosão;

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 79/86
 
78
• Resistência mínima à passagem de água;
• Material deve ser o mais leve possível e de baixo custo;
• Material não abrasivo ou cortante, que possa causar ferimento aos peixes;
• Simples reparo, manuseio e limpeza.
5.1.1. As malhas
As redes de multifilamento com ou sem nós, as telas plásticas rígidas, telas metálicas
rígidas de aço galvanizado com revestimento plástico (PVC) rígido ou sanfonado estão entre os
materiais mais comumente utilizados na confecção dos TR e gaiolas (Tabelas 6 e 7).
5.1.2. Componentes estruturais
Em alguns projetos de gaiolas de PVAD, a própria tela da gaiola serve como estrutura,
havendo apenas a necessidade de algum acessório para flutuação. Os TR de PVAD são
normalmente individuais e não possuem nenhum tipo de passarela com o piso à sua volta. Estes
modelos são geralmente construídos usando tubos e perfis metálicos na armação superior onde
são presos a malha e os flutuadores.
TR de GVBD são comumente montados utilizando estruturas de sustentação para as
malhas dispostas como plataforma periférica. Estas plataformas proporcionam além de
sustentação física às estruturas, facilidade na execução das rotinas de alimentação e no manuseio
dos peixes, nas transferências, estocagens e colheitas. Os TR de grande volume que utilizam
plataformas compartilhadas devem possuir articulações entre as unidades que dêem flexibilidade
à estrutura. A ocorrência de ondas freqüentes e estruturas rígidas com vários TR sofrem grande
risco de serem rompidas.
5.2. Flutuadores
As estruturas que permitem a flutuação dos TR ou das plataformas podem ser feitas com
tambores e galões de plástico ou metal podendo ainda ser preenchidas com espuma de
poliuretano, tubos de PVC com as extremidades tampadas e vedadas, blocos de isopor
(poliestireno) com revestimento impermeabilizante, bambus, toras de madeira, entre outros
materiais.
Os flutuadores devem conferir boa estabilidade e serem vedados à entrada de água para
proporcionar segurança às estruturas.
5.3. Sistemas de fixação dos tanques-rede
Os TR podem ser fixados individualmente ou em conjunto ao longo de cabos de aço ou de
nylon. As extremidades dos cabos podem ser presas às margens ou fixados ao fundo da represa
ou do lago com o uso de âncoras ou poitas (Figuras 1 e 2). A escolha do tipo de fixação deve ser
feita respeitando as exigências legais e com base nas características do ambiente serão instalados
os TR. O sistema de fixação deve ser projetado de modo a:
• não interferir no tráfego de embarcações, sobretudo quando as extremidades dos
cabos forem presas às margens;
• possibilitar ajustes de acordo com o nível da água no local onde serão instalados
os TR;
• a profundidade do local onde as âncoras ou poitas poderão ser lançadas,
considerando a operacionalidade e os custos

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 80/86
 
79
• as características físicas do fundo onde serão lançadas as âncoras ou poitas
(predomínio e areia, lama (argila) ou pedra.
Figura 1: Esquemas para fixação de tanques-rede em represas e grandes reservatórios.

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 81/86
 
80
Figura 2: Tanques-rede individuais e conjugados: (a) sem piso e ancorados em conjunto; (b) com
piso e ancorado individualmente; (c) com piso individual e ancorados em conjunto; (d) piso
compartilhado formando uma plataforma.
Os tipos de solo do fundo do corpo d’água onde serão lançadas as poitas ou âncoras
também têm grande influência sobre a eficiência de fixação dessas estruturas. Solos argilosos têm

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 82/86
 
81
menor coeficiente de fixação, seguido dos solos argilo-arenosos e finalmente os solos arenosos.
Portanto, a fixação feita com âncoras e poitas em solos argilosos requer estruturas maiores para
sustentar o mesmo número de TR comparado a fixação em solos arenosos. Existem diversos tipos
de âncoras que podem ser usadas pára fixar os TR (Figura 3). Entre as mais comuns estão os
tipos Bruce e Danforth. As poitas de concreto também podem ser usadas.
Figura 3: Tipos de âncoras freqüentemente usados para fixar tanques-rede.
Quando os TR são fixados usando âncoras ou poitas, os cabos de nylon ou de aço que
ligam os tanques à ancoragem devem ter comprimento total de no mínimo três vezes a
profundidade máxima do local para garantir que as âncoras permanecerão bem cravadas ao
fundo. Caso a opção seja o uso de cabos de nylon na ancoragem, é recomendado usar uma
composição de cerca de 1/3 do comprimento total com corrente de aço e 2/3 com o cabo de
nylon. A corrente que será presa à âncora auxilia na fixação da mesma, pois seu peso ajuda a
manter o cabo paralelo ao fundo.
A bóia usada no sistema de ancoragem deve ficar a uma distância de aproximadamente 10
m dos tanques ou da plataforma, e sua capacidade de flutuação deve ser equivalente a cerca de
1,8 vezes o peso do cabo que sustenta.
5.4. O tamanho e o formato dos tanques-rede ou gaiolas
Quanto maior for a relação entre a área lateral e o volume do TR, maior será o potencial
de renovação da água do interior do mesmo. TR ou gaiolas de PVAD apresentam relação área
lateral/volume superior aos TR e gaiolas de GVBD. Por exemplo, um TR de 2x2x1 m, ou seja, de
4m³ tem uma relação de 8 m² de área lateral, para cada 4m³ de volume, ou seja, uma relação de
8:4 ou 2:1; enquanto isso um TR de 5x5x2 m apresenta 40 m² de área lateral e 50 m³ de volume,
ou seja, uma relação área lateral/volume de 40:50 ou 0,8:1. Assim, quanto menor o TR ou a
gaiola, maior a renovação de água e o potencial produtivo do mesmo. Contudo, o uso de TR de
PVAD pode não ser a melhor opção no cultivo de peixes pelágicos e de espécies cultivadas até
grande porte, a exemplo dos salmões, atuns e pirarucus.
TR de formato retangular ou quadrado são mais eficientes no que diz respeito à renovação
de água do que os TR redondos, hexagonais ou octogonais (formas cilíndricas) pois nesses há
uma tendência de desvio de parte da água que incide sobre as laterais. (Figura 4).

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 83/86
 
82
Figura 4: Movimento da água através de tanques-rede com formato cúbico ou cilíndrico.
5.5. Cobertura
Os TR devem ser preferencialmente cobertos para impedir que os peixes saltem para fora
e, também, para que seja evitado o acesso de animais aquáticos e pássaros predadores. As tampas
dos tanques devem ser opacas para reduzir a incidência direta de luz solar (raios ultravioleta)
sobre os peixes e também atenuar o estresse (intimidação) causado pela presença de pássaros e
outros animais sobre o TR.
Peixes como o bagre do canal e o surubim ou pintado, definitivamente se beneficiam da
redução na entrada de luz na água. Com tilápias e outros peixes o efeito da cobertura opaca não é
tão pronunciado.
5.6. Comedouro
O comedouro é uma importante estrutura auxiliar dos TR. Quando a alimentação é feita
usando rações extrusadas flutuantes, podem ser usados anéis de alimentação flutuante, ou
comedouros fixados à própria tampa do TR e que se estendam cerca de 30 a 40 cm abaixo da
superfície da água. Outra possibilidade é a utilização de um anteparo com tela (de abertura menor
do que o tamanho dos grãos de ração) ao longo de toda a extensão das laterais dos TR. Os
comedouros de superfície devem cobrir pelo menos 40 a 50% da superfície do TR. As telas e
anteparos laterais dos comedouros devem se cerca de 30 a 40 cm abaixo e pelo menos 20 cm
acima da superfície.
Alguns peixes que se alimentam no fundo necessitam de um anteparo para que a ração
não se perca ou mesmo um cocho de fundo com a ração sendo fornecida por um tubo de PVC
(Figura 5).

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 84/86
 
83
Figura 5: Representação de três tipos de comedouro: (a) anel de alimentação usado para rações
flutuantes; (b) bordadura com tela fina interna ao redor do perímetro do tanque-rede; (c) cocho de
fundo de descida da ração para uso de rações peletizadas.
5.7. Disposição dos tanques-rede em relação a outros tanques-rede
Os TR devem ser dispostos no ambiente de maneira que a água de baixa qualidade que sai
de um tanque não entre em outro logo a seguir e assim, prejudique o crescimento dos peixes. É
comum se observar a disposição de TR alinhados e encostados uns aos outros, o que prejudica a
troca de água com o ambiente e reduz a produtividade do conjunto. É recomendado manter uma
distância mínima entre cada TR de 2 a 3 vezes o tamanho do próprio TR (Figura 6).
Figura 6: Tanques-rede dispostos de forma aglomerada prejudicando a circulação de água e
tanques-rede alinhados com espaçamento adequados para facilitar a passagem da água.
6. O PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO EM TANQUES-REDE
A capacidade de suporte (CS) representa a máxima biomassa sustentada por volume de
TR. É expressa em quilos de peixe por metro cúbico de volume útil ou submerso do TR. Dizemos

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 85/86
 
84
que um TR atingiu a CS, quando o incremento em biomassa for nulo. O primeiro fator
determinante da CS é a concentração de oxigênio dissolvido no interior do TR.
No Brasil já há o registro de biomassa próxima de 480 kg/m³ no cultivo de tilápias, isto
nos dá uma idéia que em TR de PVAD a CS gira em torno de 500 a 700 kg/m³ . Em TR de
GVBD a CS geralmente é atingida com cerca de 80 a 120 kg/m³. Quando a biomassa dentro de
um TR se aproxima da CS, aumenta o risco de mortalidade e perda da produção devido à má
qualidade da água no interior do TR ou à maior incidência de doenças e parasitoses.
6.1. Biomassa Econômica (BE)
Na produção de peixes, busca-se garantir ótimas condições de alimentação, qualidade da
água e manejo da produção para manter um ritmo adequado de crescimento e obter bons índices
de conversão alimentar, almejando, ao final, o maior acúmulo de lucro possível. A produção em
TR segue o mesmo princípio e tem como meta atingir a biomassa que resulta no maior lucro
acumulado, ou seja, a biomassa econômica.
Produzir a máxima quantidade possível de peixes em um TR (ou seja, atingir a CS) não
significa máximo lucro. O ponto de BE (ou de máximo lucro acumulado) está bem antes da CS
ser atingida. Isso ocorre porque quando a produção em um TR vai se aproximando da CS, os
índices de desempenho pioram acentuadamente, sobretudo a conversão alimentar e o ganho de
peso diário. E como a ração é o insumo de maior custo individual na piscicultura em TR, o custo
de produção do peixe aumenta e a lucratividade diminui. Incrementos na biomassa, além da BE,
resultam também na diminuição progressiva dos lucros acumulados no cultivo até então.
Em viveiros, a BE geralmente está entre 60 a 80% da biomassa na capacidade de suporte.
No Brasil há relatos de produção de tilápias em gaiolas de 4 e 5 m³ onde o melhor retorno
econômico na produção foi obtido com biomassa entre 150 e 250 kg/m³. Outros dados dos EUA
sugerem metas de produção ao redor de 200 kg/m³ em TR de PVAD. Em TR a produção pode
variar de 180 a 250 kg/m³ em TR de 1,0 m³, 90 kg/m³ em TR de 10 m³ e 45 kg/m³ em TR de 15
m³. Estes valores foram considerados próximos da biomassa econômica em cada situação. Em
gaiolas de GVBD, de forma geral, a BE para a produção de tilápias gira em torno de 20 e 80
kg/m³. É importante ressaltar que os valores de BE podem variar significativamente para uma
determinada espécie sob diferentes condições de cultivo, assim como entre diferentes espécies.
7. CAPACIDADE DE SUPORTE DE PEQUENAS REPRESAS E AÇUDES COM
TANQUES-REDE
Os limites de capacidade de suporte e os níveis máximos de alimentação sugeridos para o
cultivo de peixes em viveiros servem como referência para estabelecer a CS no cultivo de TR
instalados dentro de viveiros, pequenas represas ou açudes particulares. Assim, não é possível
produzir, em TR ou gaiolas, biomassa de peixes que excedam a capacidade de suporte observada
no cultivo de peixes livres nesses viveiros. Por exemplo, em uma represa com pouca renovação
de água a CS (biomassa máxima) gira em torno de 6000 kg/ha quando se cultivam peixes livres.
Se no próximo ciclo de cultivo o piscicultor quiser instalar TR nesta mesma represa e produzir
apenas peixes confinados, ele não poderá contar com uma produção superior aos da represa (6000
kg/ha), mesmo que a área ocupada pelos TR represente apenas uma pequena fração da área da
represa.
Os peixes confinados não conseguem procurar áreas com melhor qualidade de água e
muitas vezes nem conseguem acesso à superfície quando o oxigênio se torna crítico, o que pode
resultar em mortalidades massivas e repentinas. O nível máximo de alimentação nessas condições
não deve ultrapassar 20 a 30 kg de ração/ha/dia. Isto é suficiente para sustentar uma biomassa

5/16/2018 APOSTILA PISCICULTURA COMPLETA - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/apostila-piscicultura-completa 86/86
 
85
econômica de 2000 a 3000 kg de peixe/há sem grandes prejuízos na qualidade da água da represa
ou açude.
Tabela 6: Tamanhos de malhas recomendas para o cultivo da maioria das espécies em tanques-
rede.
Faixa de peso do peixe (g) Tamanho da malha (mm)
1 a 5 5
5 a 20 8
20 a 200 13
200 a 500 18 a 25
Acima de 500 > 25
Tabela 7: Abertura livre para a passagem da água em 1m
2
de tela do tipo alambrado com fio deaço galvanizado revestido de PVC.
Diâmetro do fio usado na tela
1
 Tamanho da malha
2,14 mm (BWG 18) 2,55 mm (BWG 16)
19 x 19 0,79 m
2
0,75 m
2
 
25 x 25 0,84 m
2
0,81 m
2
 
32 x 32 0,87 m
2
0,85 m
2
 
1
O diâmetro do fio pode variar de acordo com o fabricante, dependendo da espessura da camada de PVC usada.
Tags