FernandaCamara123
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Dec 05, 2013
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About This Presentation
Linguística 3, letras, 4na,
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Language: pt
Added: Dec 05, 2013
Slides: 16 pages
Slide Content
ASPECTOS CONSTITUTIVOS DA ENUNCIAÇÃO Baseado na perspectiva de José Luiz Fiorin , especialmente na sua análise da Pragmática como constitutiva do discurso.
Palavras iniciais É a enunciação, ou seja, o ato de produzir enunciados que são as realizações linguísticas concretas. Os dêiticos, que são os elementos linguísticos que indicam o lugar ou o tempo em que o enunciado é produzido ou então os participantes de uma situação de enunciado, ou seja, de uma enunciação
Para entender a ENUNCIAÇÃO A enunciação é a colocação em funcionamento da língua por um ato individual de utilização, ou seja, é a instância constitutiva do enunciado, a “instância linguística pressuposta pela própria existência do enunciado, o qual comporta seus traços e suas marcas” (GREIMAS, 1979, p. 126). A enunciação enunciada é o conjunto de marcas identificáveis no texto que remetem à instância de enunciação, o enunciado que é a sequência enunciada desprovida de marcas de enunciação.
Aspectos da enunciação enunciada e do enunciado Por enunciação enunciada entendemos as marcas da enunciação que estão presentes no enunciado e se remete à instância de enunciação. Por exemplo, quando se diz “Eu pensava que tomate era legume, mas a minha professora falou que ele é uma fruta.”, os itens eu e a minha professora são elementos da enunciação instados no enunciado, ao passo que ele, por exemplo, não o é, pois tem referência no próprio enunciado e retoma tomate. O enunciado é a sequencia enunciada desprovida de marcas da enunciação. Por exemplo, quando se diz “Tomate é uma fruta, não um legume.” não temos qualquer marca de enunciação.
Hierarquia enunciativa 1 – enunciador x enunciatário (eu/tu): acontece na constituição intelectual do discurso, pois o enunciador imagina um enunciatário e realiza o enunciado a partir desta premissa/concepção. 2 – narrador x narratário (eu/tu) o narrador é aquele se se apresenta no texto como “falante”, o narratário , por sua vez, não se confunde com o leitor, pois é um simulacro com quem o narrador dialoga. É um tu imaginário, sempre implícito no texto. 3 – interlocutor x interlocutário : se dá no momento em que o narrador dá voz aos personagens de que trata.
Noção de pessoa em enunciação Para Benveniste, a categoria de pessoa em enunciação assume duas correlações: A) de pessoalidade : opõe pessoa (eu/tu) de não-pessoa (ele) que são participantes do enunciação e do enunciado. B) de subjetividade : opõe eu x tu, a primeira pessoa subjetiva, a segundo, objetiva. A classe dos pronomes ditos pessoais não comporta a noção de pessoa, pois a pessoalidade só é válida para eu e tu, os quais pertencem à instância discursiva e validam a doutrina de Benveniste, que é justamente o fato de a enunciação ser um ato inédito. Cada situação, sempre, consiste em um enunciado novo, pois, no momento em que o locutor (eu) implica um tu ele está marcado na língua. Essa trajetória de locutor a sujeito – do discurso – instiga-nos a refletir sobre a particularidade dos pronomes pessoais (eu, tu) e como essa perspectiva constitui por excelência a linguagem como condição para a comunicação humana.
Noção de pessoa em enunciação Pessoa enunciativa: trata-se do eu e do tu que participam da enunciação e são auferíveis do/no enunciado. Como o “mim”, o você e o eu, que se refere a Armandinho e o “minha senhora”, que se refere à pessoa com quem ele fala. Pessoa enunciva : trata-se do ele, que participa exclusivamente do enunciado. No caso, os termos sapo e cachorro são enuncivos .
A noção de tempo em enunciação O enunciador, ao tomar a palavra, instaura automaticamente um tempo, o agora, momento da enunciação. Em contraposição a este agora, cria-se um então. É esse agora que é o fundamento das relações temporais da língua. Os momentos de referenciação entre esse agora e o passado e o futuro precisam ser marcados no enunciado, pois o tempo linguístico comanda as marcações cronológicas referidas no texto. É o tempo que marca se um acontecimento é concomitante, anterior ou posterior a cada um dos momentos de referência (presente, passado, futuro) estabelecidos em função do momento da enunciação.
As categorias de tempo Tempos enunciativos: tem como referência o presente e se ordenam em concomitância com esse presente ou em oposição a ele em relação de anterioridade e de posterioridade. Observe: Agora , sim, estamos acabando. (concomitância) Ontem , pensei que acabaríamos. (anterioridade) Amanhã , com certeza, acabamos. (posterioridade)
Tipos de tempo enunciativos concomitantes Presente pontual: quando existe coincidência entre o Momento da enunciação e o Momento de Referência: Um relâmpago fulgura no céu. Presente durativo: quando o momento de referência é mais longo do que o momento da enunciação: Nesta semana, a gente aprende enunciado e enunciação. Presente omnitemporal ou gnômico: quando o momento de referência é ilimitado. Alunos sentem certa rejeição a Teoria da Enunciação.
Tipos de tempo enunciativos De anterioridade: Pretérito perfeito: marca relação de anterioridade à enunciação De posterioridade: O futuro do presente: marca a relação de posterioridade à enunciação.
Tempos enuncivos Os tempos enuncivos são aqueles cuja relação de concomitância, anterioridade e posterioridade se dá com base no enunciado. É, portanto, ordenado em relação ao passado e futuro instalado no próprio enunciado. O momento de referência do enunciado é marcado e, em relação à este momento, os elementos do texto se situam. Na véspera da quinta-feira, dia 23, Antonio disse que iria ao cinema na sexta, mas no sábado, disse que não pode ir porque no dia de ir, perdeu a carteira. Véspera= dia 22, quarta feira. (anterioridade) Na sexta = amanhã do dia 23, dia 24. ( posteroridade ) No sábado = dia depois de amanhã o dia 23, amanhã da sexta, 3 dias após ter dito que iria ao cinema. ( posteroridade ) Contribuem para a relação temporal tanto os advérbios do sistema enunciativo (ontem, hoje, amanhã) quanto os do sistema enuncivo (na véspera, no dia x, no dia seguinte)
Espaço em Teoria da Enunciação O espaço linguístico se ordena a partir do lugar do ego, do eu, pois todos os elementos são localizados em relação a “impressão” que o falante tem de sua posição no mundo. Sua real posição na realidade é circunstancial para a relação de compreensão espacial do falante. São utilizados para estabelecer essas relações especialmente os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar.
Função espacial em enunciação dos pronomes demonstrativos Função dêitica (de designar ou mostrar) Esta casa é muito cara. Aquele menino é muito bagunceiro. Função de lembrar (anafórica/catafórica) Quebrou copos e pratos ao lavar. Todos estes itens eram novinhos. (anafórico) Isto que estou bebendo é vinho mesmo. (catafórico) Função coesiva Eu lhe dei essa informação, que sua casa iria a leilão. Dos advérbios de lugar (de designar o espaço da enunciação propriamente dito) Venha cá. É bem ali que Maria mora.
Instauração de pessoas, espaços e tempos no enunciado Segundo Fiorin (1995b, 1996), a debreagem e a embreagem . A debreagem é a operação em que a instância de enunciação se desprende de si e projeta para fora de si, no momento da discursivização, determinados termos ligados a sua estrutura de base, buscando a constituição dos elementos fundadores do enunciado, quais sejam: pessoa, tempo e espaço. Há a debreagem actancial, espacial e temporal. A debreagem tira da instância de enunciação a pessoa, o espaço e o tempo e projeta no enunciado um não-eu, um não-aqui e um não-agora. Existem dois tipos de debreagem . A primeira é a enunciativa , em que se instalam no enunciado os actantes da enunciação (eu/tu), o espaço da enunciação (aqui) e o tempo da enunciação (agora), isto é, em que o não-eu, o não-aqui e o não-agora são enunciados como eu, aqui, agora. A segunda é a enunciva , em que se instauram no enunciado os actantes do enunciado (ele), o espaço do enunciado (em algum lugar) e o tempo do enunciado (então).
Instauração de pessoas, espaços e tempos no enunciado A debreagem enunciativa e a enunciva produzem dois efeitos de sentido: a) o de subjetividade: instalação dos simulacros do eu/aqui/agora enunciativos, com suas apreciações dos fatos; b) o de objetividade: eliminação das marcas de enunciação do texto, ou seja, da enunciação enunciada, fazendo com o discurso se construa somente com enunciado enunciado .