Carlos Maurício G. - e-mail:
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UNIPLI - Medicina Veterinária - 2009 Página 3
Para os vírus replicados no núcleo, por exemplo, herpesvirus, o genoma, freqüentemente associado à nucleoproteína, deve ser
transportado através da membrana nuclear. Nas células infectadas com herpes, o capsídeo é transportado ao longo do citoesqueleto
citoplasmático, desde o sítio de entrada até o poro nuclear. Neste momento, o DNA viral é liberado no interior do núcleo. O capsídeo vazio
se desintegra. Ocorre dissolução do envoltório protéico da partícula viral pela ação de enzimas celulares liberadas pelos lisossomos, com
exposição do ácido nucléico viral.
Período de eclipse - fase iniciada logo após a penetração varia de acordo com o vírus, não sendo detectada nenhuma partícula
viral, fora ou dentro da célula.
2.4. Transcrição
Mecanismo pelo qual a informação específica codificada na cadeia de ácido nucléico, é transferida para o RNA mensageiro
(RNAm). Essa fase é caracterizada pela síntese de RNA-mensageiro. Nesse ponto ocorre uma variação no que se refere ao tipo de ácido
nucléico viral. Por convenção, define-se o RNA mensageiro (RNAm) viral como RNA positivo (+RNA) e sua fita complementar como RNA
negativo (-RNA). Os vírus são agrupados em seis classes, de acordo com o tipo de genoma viral e sua relação com o RNAm.
Classe I - constituída por vírus DNA de fita dupla (dsDNA), como por exemplo, os vírus de vertebrados das famílias Papovaviridae,
Adenoviridae e Herpesviridae, alguns vírus de insetos, como os baculovirus e os vírus de algas eucarióticas (phycodnavirus). Estes vírus
multiplicam-se no núcleo da célula hospedeira, utilizando para isto enzimas transcricionais, como RNA polimerase II (pol II) celular, aí
encontrada. Outro grupo de vírus animais DNA de fita dupla, da Família Poxviridae, se multiplicam no citoplasma da célula e, portanto, não
tem acesso à pol II. Estes vírus utilizam uma transcriptase viral presente na partícula, na forma de proteína estrutural. A maioria dos
bacteriófagos também pertence à classe I, sendo transcritos da mesma forma que o DNA bacteriano.
Classe II - corresponde aos vírus DNA de fita simples (ssDNA), como os parvovirus animais e os geminivirus de plantas. A maioria dos
vírus da classe II contém ssDNA de polaridade positiva, a mesma, portanto, que o RNAm. Ao penetrar no núcleo, as enzimas de reparo de
DNA celular sintetizam a fita complementar, transformando o genoma em dsDNA. O DNA de fita dupla é então, transcrito pelas enzimas
celulares.
Classe III - corresponde a vírus RNA de dupla fita (dsRNA), como os reovirus de plantas, insetos e animais, os birnavirus de vertebrados e
invertebrados. Para estes vírus, a fita negativa de RNA funciona como molde para a síntese do RNAm. Como as células não possuem
enzimas para transcrição de RNA a partir de RNA, os vírus deste grupo precisam introduzir na célula a enzima necessária para a
transcrição (RNA polimerase-RNA dependente), proteína estrutural destes vírus.
Classe IV - contém RNA de fita simples (ssRNA), como os picornavirus, togavirus, flavivirus e coronavirus de animais, a maioria dos vírus
de plantas e os bacteriófagos da família Leviviridae são também chamados vírus RNA-positivos, porque o RNA do genoma tem a mesma
polaridade do RNAm. O genoma destes vírus funciona como RNAm e logo que o vírus penetra na célula, este se liga ao ribossomo sendo
traduzido em proteínas. Desta forma, não é necessária a penetração na célula de enzimas da partícula viral: estas enzimas são sintetizadas
logo que o ácido nucléico penetra na célula, atuando em seguida na transcrição de novos RNA.
Classe V - vírus RNA de fita negativa (-ssRNA), como os vírus das famílias Orthomyxoviridae, Paramyxoviridae, Arenaviridae e Filoviridae,
de vertebrados e os vírus das famílias Bunyaviridae e Rhabdoviridae, de plantas, invertebrados e vertebrados. Para esses, o RNA viral é
complementar ao RNAm. Assim, o vírion já contém o molde para a síntese do RNAm. Da mesma forma que a classe III, os vírus contam,
na partícula, com enzimas que transcrevem o RNA.
Classe VI - também conhecidos como retrovirus, membros da família Retroviridae. São vírus com mecanismo de transcrição menos
comum, pois o RNA viral, de polaridade positiva, é transcrito pela enzima viral estrutural, a transcriptase reversa, para DNA viral.
Inicialmente, se forma um híbrido RNA/DNA. A atividade de RNase do complexo enzimático transcriptase reversa degrada o RNA,
e o DNA é duplicado por este mesmo complexo enzimático. O DNA de fita dupla complementar ao genoma viral é incorporado ao genoma
celular utilizando a integrase viral e funciona então como molde para a transcrição do RNAm.
De forma geral consideramos que, exceto para poxvirus, a transcrição dos vírus DNA, tanto de fita dupla como de fita única,
ocorre no núcleo. Durante a replicação da maioria dos vírus DNA, apenas uma parte do genoma é transcrito em mensageiros precoces,
antes que a replicação tenha começado, sendo que, após a síntese de DNA, o restante sofre transcrição em mensageiros tardios. A
regulagem é executada pelas proteínas presentes nos vírions ou, é especificada por genes virais ou celulares.
Com os vírus RNA a transcrição ocorre geralmente no citoplasma, exceto para os ortomixovirus. Não existe nenhuma
diferenciação entre mensageiros precoces e tardios, em nenhuma das classes precedentes, com a possível exceção do reovirus.
Várias classes de vírus usam diferentes vias para sintetizar o RNAm dependendo da estrutura do ácido nucléico viral.