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QUADRO 1: Resumo informativo
Resumo: Toda gravidez acarreta, por si própria, certo grau de risco tanto materno quanto fetal. Entretanto alguns
fatores tornam expostos a risco aumentado certos grupos de gestantes, sendo esses classificados como de alto risco.
Segundo Caldeyro-Barcia (1973), a gestação de alto risco é "aquela na qual a vida ou saúde da mãe e/ou do recém-
nato têm maiores chances de serem atingidas do que as da média da população considerada". Objetivo: Comparar
a gravidez na adolescência com a gravidez na idade adulta, considerando-se parâmetros sociais. Metodologia:
Em estudo de coorte do tipo retrospectivo, observou-se a adolescência em comparação com a idade adulta.
A população estudada foi internada em maternidade de nível II, no período de 01 de janeiro de 1996 a 31 de outubro de 1999.
O grupo de estudo foi dividido em dois: pacientes com idades de 12 a 19 anos (adolescentes, ou grupo exposto)
e de 20 a 34 anos (adultas, ou grupo não-exposto). Observaram-se 4.956 pacientes, das quais 1.004 (20,3%) foram
classificadas como adolescentes, e 3.952 (79,7%) como adultas. Como desfechos sociais (características dos grupos)
foram considerados alfabetização, estado civil, dúvida quanto à data da última menstruação, assistência pré-
natal, época do início da assistência pré-natal, tabagismo, sífilis e estado nutricional. Resultados: Observaram-se a
associação de gravidez na adolescência com o estado civil não-casada (risco relativo [RR]=0,65; intervalo de confiança
[IC]=0,6-0,7; qui-quadrado [χ2]=164,21; p< 0,001), a existência de dúvidas quanto à data da última menstruação (RR=1,17;
IC=1,06-1,28; χ2=9,95; p=0,001), o menor comparecimento à assistência pré-natal (RR=0,97; IC=0,95-1; χ2=4,19; p=0,04),
o início tardio da assistência pré-natal (30% das adolescentes contra 43% das adultas no primeiro trimestre) (χ2=44,38;
p< 0,001) e o baixo índice de massa corporal (IMC)(13,3% das adolescentes contra 9,5% das adultas)(χ2=43,3; p< 0,001).
O risco de tabagismo na gestante adolescente é menor do que na adulta (RR=0,76; IC=0,63-0,93; χ2=7,43; p=0,006).
Não houve associação estatisticamente significativa entre gravidez na adolescência e analfabetismo (RR=1; IC=0,99-1,01;
χ2=0,05; p=0,82) e sorologia positiva para sífilis (RR=1,08; IC=0,68-1,7; χ2=0,1; p=0,74). Conclusões: Observamos que a
adolescência influencia vários desfechos sociais da gestação e que alguns representam risco social para as grávidas
adolescentes em comparação com as adultas. A gestação na adolescência está associada a estado civil não-
casada, menor frequência às consultas pré-natais, início mais tardio do acompanhamento pré-natal e, ainda, maior
dificuldade de informar corretamente a data da última menstruação. O tabagismo está menos relacionado à gestação
na adolescência. Quanto ao analfabetismo e à sorologia para sífilis, não encontramos diferenças estatisticamente
significativas, o que torna o risco social semelhante tanto para a gestante adolescente quanto para a adulta.
LESSA; Flávia Soares Lessa, CUNHA, Alfredo de Almeida Cunha; PINHAL, Isabel Maria de Campos; BORNIA, Rita Guérios;
NEJAIM, José Eduardo. A adolescência como fator de risco social na gravidez. REVISTA OFICIAL DO NÚCLEO DE ESTUDOS
DA SAÚDE DO ADOLESCENTE / UERJ, Vol. 3 nº 2 - Abr/Jun – 2006, páginas 29-32.
Disponível em: http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=144. Acesso em: junho 2020.
2ª SÉRIE - AULA 7 ENSINO MÉDIO EM TEMPO INTEGRAL