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I
Quem são os que dormem?
1. Primeiro, aos que dormem, com relação ao texto aqui
falado: Por dormir, está-se referindo ao estado natural do
homem; àquele sono profundo da alma, dentro do qual o
pecado de Adão tem lançado todos que se originaram dele:
Aquela inércia, indolência e estupidez, aquela inconsciência
de sua real condição, com a qual cada homem vem ao mundo,
e continua nele, até que a voz de Deus o desperte.
2. Agora, 'aqueles que dormem, dormem na noite'. O
estado da natureza é um estado de completa escuridão; um
estado em que 'as trevas cobrem a terra, e a densa
escuridão, as pessoas'. O pobre pecador adormecido, por
mais conhecimento que tenha para outras coisas, não tem
para si mesmo neste aspecto: 'ele sabe nada, ainda que
devesse saber'. Ele não sabe que ele é um espírito caído, cuja
única tarefa dele, neste presente mundo, é recuperar-se de
sua queda, readquirir aquela imagem de Deus, na qual ele foi
criado. Ele não vê necessidade para a coisa necessária, até
mesmo, para aquela mudança interior universal, aquela do
'nascer do alto', simbolizada pelo batismo, que é o começo
daquela total renovação; aquela santificação do espírito,
alma e corpo, 'sem a qual nenhum homem verá ao Senhor'.
3. Cheio de todas as enfermidades como ele está, ele se
imagina em perfeita saúde. Rapidamente mergulhando na
miséria e prisão, ele sonha que ele está em liberdade. Ele diz,
'Paz! Paz', enquanto o diabo, como 'um forte homem
armado', tem a completa possessão de sua alma. Ele dorme
na quietude, e descansa, embora o inferno se movimente, nas
profundezas, para encontrá-lo; embora o abismo, de onde
não há volta, tenha aberto sua boca para tragá-lo. O fogo está
aceso ao redor dele, ainda assim, ele não sabe; sim, o fogo o
queima, mas, ainda assim, ele não coloca isto no coração.