Equação do tempo 4
Sol e planetas ao meio-dia solar (Eclíptica a
vermelho, Sol e Mercúrio a amarelo, Vénus a
branco, Marte a vermelho, Júpiter a amarelo com
mancha vermelha, Saturno a branco com aneis).
Assim, a velocidade angular do Sol aparenta ser cerca de 9% maior
nos solstícios, pelo que os 3 min e 56 s de diferença entre o dia sideral
e o dia solar variam por um factor de 1,09, passando a ser 4 min e 17
s. Obviamente, nos restantes períodos do ano, uma correspondente
redução deve ocorrer, passando, próximo dos equinócios, a diferença a
ser apenas 3 min 17 s. Este ciclo é repetido duas vezes por ano, com a
aproximação de cada equinócio ou solstício.
Daqui se conclui que devido à inclinação do eixo da Terra, o tempo
solar, medido pela passagem meridiana do Sol, pode ganhar ou perder
20,3 s/dia, dependendo da época do ano. Embora pareça pouco,
tenha-se em conta que se os tempos solar e civil estiverem
sincronizados num dia, passado mês e meio terá sido acumulado um
significativo erro de 9,8 minutos.
Em consequência destas diferenças de velocidade angular aparente, na
Primavera e no Outono, ou seja em torno dos equinócios, a hora civil
está adiantada em relação à hora solar aparente. Pelo contrário, no
Verão e no Inverno, isto é, em torno dos solstícios, está atrasada.
A linha verde na figura em cima à direita mostra a contribuição da
obliquidade do eixo terrestre para o desvio horário total. Note-se que a
curva é sinusoidal, com um período aproximado de 6 meses.
Efeito da elipticidade da órbita da Terra
Outro factor importante, embora quantitativamente menos significativo, que contribui para a diferença entre o tempo
solar aparente e o tempo civil é a excentricidade da órbita da Terra. O nosso planeta, como todos os astros em órbitas
fixas em torno de outros, tem de obedecer às leis de Kepler. Em resultado, a velocidade da Terra no seu movimento
de translação não é constante, variando em função da sua distância ao Sol.
No seu periélio, a 3–4 de Janeiro, a Terra está 1,67% mais próxima do Sol que a sua distância média. Para permitir a
conservação do momento angular, o planeta sofre um aumento na velocidade angular de 3,37% em relação à
velocidade média. Esse aumento de velocidade implica que, naquela data, o dia solar seja cerca de 7,9 s mais longo
que o dia sideral, pois:
Assim, no decurso das 13 semanas em torno do periélio, o desvio entre o tempo solar e o tempo civil cresce até aos
7,6 minutos.
Em torno do afélio, que a Terra atinge, consoante o ano, de 3 a 6 de Julho, o efeito contrário ocorre, com o
correspondente abrandamento da velocidade angular e encurtamento do dia solar. Daí que a contribuição da
elipticidade para a equação do tempo, a azul na figura do canto superior direito, seja também sinusoidal, mas com
período anual (na realidade um pouco maior do que o ano devido à precessão do periélio da Terra).