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descuidarem-se do envolvimento com o próximo, através de ações que
pretendiam minimizar o sofrimento.
Santificação é um tema recorrente nos escritos e sermões de Wesley. É,
segundo, Klayber e Marquardt, o centro da teologia metodista. Não somente a
doutrina sobre a santificação, mas a pregação e a vida de santificação se
constituem, conforme Wesley, na justificativa para a existência mesma do
movimento metodista.
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Duas coisas são importantes considerar. A primeira é a idéia do processo.
A santificação não acontece num momento. É inaugurada com a
justificação/regeneração e dura a vida toda. Acontece enquanto se caminha. A
segunda é o seu caráter comunitário e social.
Santificação, para Wesley, não é algo que se conquista no mero exercício
da religiosidade, nem é simplesmente uma experiência mística e individualista.
Principalmente nos seus sermões baseados no Sermão da Montanha,
observamos uma compreensão de santificação que se alcança no exercício do
amor. João Wesley falou insistentemente de perfeição cristã, não no sentido
de que se devesse ficar compungido em mera contemplação divina, em
isolamento, porém, insistiu, uma e outra vez, em pregações, escritos e cartas,
que a perfeição se alcança no exercício prático do amor: do amor que se
recebe de Deus e que deve ser exercido no contato com o próximo.
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É um caminho que não se faz solitariamente. Inclui, evidentemente, os
atos de piedade, mas não se reduz a eles. Não se pode pensar um conceito,
em Wesley, de santo como separado, tão comum no meio evangélico
brasileiro atual. Santificação é santidade em amor e amor se vive no contato;
faz-se no encontro com Deus, com os outros e com a criação. Santidade é
santidade social. O horizonte da santificação sempre é o da comunidade; o
esforço para a comunhão perfeita com Deus inclui o reto relacionamento com
os outros homens.
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Ele descreve a santificação com duas dimensões, uma negativa que seria
a superação do pecado e a outra positiva que é a vivência do amor.
Santificação não define, portanto, com uma lista de ações que se deve evitar,
mas com ações que se devem realizar, motivadas pelo amor. A salvação não é
apenas reconciliação com Deus, mas, antes, a restauração da imagem de
Deus no ser humano.
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É claro que o elemento espiritual está presente e é ele que impulsiona os
metodistas à ação. A busca por santificação abrange tanto uma vida de
piedade (orações, reuniões de crescimento espiritual, leitura da Bíblia, jejuns)
quanto as obras de misericórdia. É no equilíbrio entre estes dois elementos que
compreendemos o sentido de santificação para Wesley. A obrigação do
metodista era a de se abster do mal e ser fator de renovação moral e espiritual
na sociedade, compartilhando e eliminando a dor, combatendo a perversão dos
12
Walter KLAIBER & Manfred MARQUARDT, Viver a Graça de Deus, p.296
13
Sante Uberto BARBIERI, Aspectos do Metodismo Histórico, p. 9
14
KLAIBER & MARQUARDT, op. cit. p. 302
15
Theodore RUNYON, A Nova Criação A teologia de João Wesley hoje, p. 113.