Apresentação de resultados gerais iniciais do monitoramento decenal do Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo de Pernambuco, apresentado durante os Encontros Regionais do Sistema Socioeducativo em 2025
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Language: pt
Added: Sep 11, 2025
Slides: 11 pages
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EVOLUÇÃO DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO EM PERNAMBUCO SECRETARIA DA CRIANÇA E DA JUVENTUDE
Meio Fechado. Meio Aberto. A Funase, os CREAS, o Judiciário, o Ministério Público. Nosso(a)s Adolescentes. Saúde, Educação, Esportes. Conquistas. Perdas. Desafios. Avanços caminhando em paralelo com retrocessos. O que pode acontecer no espaço de uma década? De que forma se manifestam as transformações na sociedade, em geral, e no desenho das políticas públicas, em específico? No ciclo que compreende a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação, o que pode ser dito sobre o Sistema Socioeducativo de Pernambuco? Em 2015, Pernambuco apresentou o seu Plano Estadual Decenal de Atendimento Socioeducativo. Isto possibilitou ao estado monitorar a evolução do Sistema Socioeducativo. apresentação
uma década em revista
evolução do número de atendido(a)s Destaque Principal: As mudanças mais significativas da década foram a redução drástica da privação de liberdade e a expansão territorial do atendimento municipal. Meio Fechado: Queda de 70% no número de adolescentes atendidos, passando de 1.452 em 2015 para 425 em 2023. Meio Aberto: Universalização do atendimento, com a cobertura saltando de 65 municípios em 2015 para 184 municípios e Fernando de Noronha em 2023. Fatores-Chave: Decisões do STF (HC 143.988), implementação da Central de Vagas da Funase e fortalecimento das normativas do SINASE.
linha do tempo (2015-2023) 2015: Ponto de partida com 1.452 jovens em meio fechado. Nove óbitos por conflitos registrados, acendendo um alerta. 2016: Crise se agrava com 15 óbitos em unidades da FUNASE, a maioria por conflito generalizado (9 em 2017). 2018: Marco histórico de superação. Após forte articulação interinstitucional, o ano se encerra com ZERO óbitos registrados na FUNASE, demonstrando a capacidade de resposta do sistema a uma crise. 2019: Sistema atinge o pico de atendimentos em meio aberto (3.202) e inicia a queda vertiginosa no meio fechado (1.039). 2020: A PANDEMIA DE COVID-19 força a suspensão de medidas, a adoção de atendimentos remotos e a liberação de jovens da semiliberdade, o que impacta todos os indicadores. 2021: Os números do meio fechado atingem o seu menor patamar até então (579), consolidando a tendência de desencarceramento acelerada pela crise sanitária e pelo trânsito em julgado do HC 143.988, no ano anterior. 2022: Um sinal de alerta surge com o pico de reincidência no meio aberto (22,79%) - questionando a qualidade da expansão e sinalizando a volta à “normalidade” do convívio social. 2023: Tráfico de Entorpecentes se torna o principal ato infracional em ambos os meios (aberto e fechado), superando o roubo.
o retrato da vulnerabilidade: tráfico e roubo Constância no Meio Aberto: Tráfico de Entorpecentes e Roubo/Assalto são os atos mais comuns em todos os anos, refletindo a exposição dos jovens à criminalidade urbana e ao aliciamento. Gravidade no Meio Fechado: Roubo, Tráfico e Homicídio são os três principais atos infracionais, indicando que a privação de liberdade tem sido reservada aos casos de maior gravidade. Tendência Recente: O Tráfico de Entorpecentes ganhou ainda mais proeminência nos últimos dois anos, tornando-se a infração número 1 no Sistema como um todo (Meio Fechado e Meio Aberto).
desafios estruturais: inclusão Educação: o desafio mais crítico. A baixa escolaridade e a dificuldade de garantir a matrícula e permanência na escola são apontadas em todos os relatórios anuais. Trabalho: dificuldade crônica em inserir egressos no mercado de trabalho formal, mesmo com a ampla oferta de cursos profissionalizantes, evidenciando o abismo entre a qualificação ofertada e as oportunidades reais. Saúde Mental e Drogas: a demanda por atendimento especializado, principalmente para o uso de substâncias psicoativas, superou a capacidade da rede de saúde (RAPSI) de absorvê-la, em todos os anos, para todas as modalidades de atendimento. Necessidade de qualificar a demanda e/ou a capacidade da rede?
a evolução do sistema Maturidade Institucional: O sistema ganhou governança com a Comissão Interinstitucional (CIS) e aprimorou a coleta e gestão de dados (SIPIA/SINASE) - Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas foram os estados que mais trabalharam com o Sistema, especialmente no Meio Aberto. Direitos Humanos: O fim da superlotação crônica e a redução drástica dos óbitos em unidades da FUNASE representam uma vitória para a garantia da vida e da dignidade. Articulação com o Sistema de Justiça: A implementação da Central de Vagas e das Audiências Concentradas mostra uma colaboração mais eficaz e alinhada às diretrizes nacionais; o Ministério Público fomentando a necessidade dos municípios construírem seus PMDAS. Expansão da Rede de Proteção: A universalização do meio aberto, com a municipalização dos CREAS, apesar dos desafios de qualidade, construiu uma rede de proteção com capilaridade inédita no estado. Legislação: normativas em vários níveis - Portarias, Resoluções, Recomendações, Decretos, Jurisprudências contribuíram para a qualificação e otimização do Atendimento Socioeducativo.
a próxima década - desafios Da Expansão à QUALIDADE: garantir um atendimento eficaz, com equipes capacitadas e financiamento estável, em todos os municípios executores de medidas socioeducativas. Enfrentar a REINCIDÊNCIA: transformar o acompanhamento em meio aberto em uma ferramenta real de prevenção secundária, fortalecer os programas para egressos, insistir incansavelmente na incompletude institucional e na corresponsabilização das políticas setoriais. Atuar nas CAUSAS: fortalecer a articulação intersetorial para combater a evasão escolar, a falta de acesso a equipamentos promotores de saúde mental (álcool e outras drogas) e o aliciamento pelo crime, que são raízes dos atos infracionais. Sustentabilidade POLÍTICA: manter o foco no modelo socioeducativo e garantir o investimento necessário diante de um cenário de forte apelo por políticas de segurança mais repressivas.
"O sonho de um verdadeiro profissional da socioeducação é ficar sem emprego". Ana Roberta Oliveira [email protected] 81 99930-1569