GEOGRAFIA GERAL e do BRASIL VOL 3 - EUSTÁQUIO DE SENE.pdf

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About This Presentation

Livro de Geografia do 3º ano do Ensino Médio


Slide Content

3
Geografia
Geral e do Brasil
João Carlos Moreira • Eustáquio de Sene
Espaço geográfico e globalização
Geografia - Ensino Médio
Manual do
Professor
GGB_Geografia_V3_PNLD2018_Capa_AL_PR.indd 2 4/11/16 4:08 PM

Geografia - Ensino Médio
Geografia
Geral e do Brasil
João Carlos Moreira • Eustáquio de Sene
Espaço geográfico e globalização
3
João Carlos Moreira
Bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo
Mestre em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo
Professor de Geografia das redes pública e privada de ensino por quinze anos
Advogado (OAB/SP)
Eustáquio de Sene
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo
Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo
Professor de Geografia das redes pública e privada de Ensino Médio por quinze anos
Professor de Metodologia do Ensino de Geografia na Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo por cinco anos
3? edição
São Paulo • 2016
Manual do
Professor
GGB_v3_PNLD2018_001a002_iniciais.indd 1 5/26/16 3:38 PM

Diretoria editorial
Lidiane Vivaldini Olo
Gerência editorial
Luiz Tonolli
Editoria de Ciências Humanas
Heloisa Pimentel
Edição
Rosimar Alves do Rosário, Fabíola Nunes,
Lucas Abrami, Mariana Renó Faria (estag.)
Gerência de produção editorial
Ricardo de Gan Braga
Arte
Andréa Dellamagna (coord. de criação),
Erik TS (progr. visual de capa e miolo),
Claudio Faustino (coord.), Yong Lee Kim (edição),
Luiza Massucato (assist.) e Lima Estúdio Gráfico (diagram.)
Revisão
Hélia de Jesus Gonsaga (ger.),
Rosângela Muricy (coord.), Ana Curci, Heloísa Schiavo,
Paula Teixeira de Jesus, Patrícia Travanca,
Vanessa de Paula Santos,
Brenda Morais e Gabriela Miragaia (estagiárias)
Iconografia
Sílvio Kligin (super v.), Denise Durand Kremer (coord.),
Carlos Luvizari e Evelyn Torrecilla (pesquisa),
Cesar Wolf e Fernanda Crevin (tratamento de imagem)
Ilustrações
Allmaps, A. Robson, Cassiano Röda, Filipe Rocha,
Gerson Mora, Rubens Paiva e Sattu
Cartografia
Alexandre Bueno, Eric Fuzii, Julio Dian,
Loide Edelweiss Iizuka, Marcelo
Seiji Hirata e Portal de Mapas
Foto da capa: Cerimônia com monges
budistas em Bangcoc, Tailândia.
Gavin Gough/Getty Images
Protótipos
Magali Prado
Direitos desta edição cedidos à Editora Scipione S.A.
Avenida das Nações Unidas, 7221, 1
o
andar, Setor D
Pinheiros – São Paulo – SP – CEP 05425-902
Tel.: 4003-3061
www.scipione.com.br / [email protected]
2016
ISBN 978 85 262 9917 7 (AL)
ISBN 978 85 262 9918 4 (PR)
Cód. da obra CL 713372
CAE 566 765 (AL) / 566 766 (PR)
3
a
edição
1
a
impressão
Impressão e acabamento
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Moreira, João Carlos
Geografia geral e do Brasil : espaço geográfico
e globalização : ensino médio / João Carlos
Moreira, Eustáquio de Sene. -- 3. ed. --
São Paulo : Scipione, 2016.
Obra em 3 v.
1. Geografia (Ensino médio) I. Sene, Eustáquio
de. II. Título.

16-02098 CDD-910.712
Índices para catálogo sistemático:
1. Geografia : Ensino médio 910.712
2
GGB_v3_PNLD2018_001a002_iniciais.indd 2 5/26/16 3:38 PM

O
s meios de comunicação estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. Com isso, rece-
bemos diariamente uma enorme quantidade de informações via internet, televisão, rádio,
jornais e revistas: crises políticas e econômicas, catástrofes naturais, problemas socioam-
bientais, desigualdades sociais, guerras, migrações, novas tecnologias, entre muitos outros temas.
O processo de globalização tem seus alicerces ancorados na revolução técnico-científica e na
modernização dos sistemas de transportes e telecomunicações, que “encurtam” as distâncias e
tornam o tempo cada vez mais “acelerado”. Dessa forma, as informações surgem e desaparecem de
repente. Quando começamos a compreender determinado acontecimento, ele é esquecido – como
se deixasse de existir –, e outro logo ganha destaque. Tal é a instantaneidade dos eventos que pare-
ce não existir passado nem continuidade histórica. Por isso, muitas vezes, sentimo-nos impotentes
diante da dificuldade de compreender o que acontece no Brasil e no mundo.
Para ajudá-lo a encarar esse desafio, criamos esta coleção. Ela foi elaborada com base no vo-
lume único da obra, que já está no mercado desde 1998 e passou por diversas reformulações e
atualizações.
O volume 1 apresenta um pouco de teoria e método da Geografia, seus conceitos mais importan-
tes e um breve histórico da disciplina. Nele são abordados também os fundamentos da Cartografia,
imprescindível para ler e interpretar mapas, cartas, plantas e gráficos. São ainda estudados os temas
da Geografia física, com destaque para a dinâmica da natureza, sua relação com a sociedade e os
crescentes desequilíbrios ecológicos. Esse volume é concluído com o estudo da legislação ambiental
e das conferências internacionais sobre meio ambiente.
No volume 2 são estudadas as diversas fases do capitalismo até a atual etapa informacional,
marcada pela globalização em suas várias dimensões; as diferenças entre os países quanto ao de-
senvolvimento humano; a ordem geopolítica e econômica internacional, assim como a inserção do
Brasil nela; e os principais conflitos armados da atualidade. São também abordados os processos de
industrialização dos países desenvolvidos e emergentes mais importantes; e, na última Unidade, o
comércio e os serviços no mundo.
Fechando a coleção, o volume 3 apresenta como principais temas o processo de industrialização,
a estrutura das atividades terciárias e a evolução da política econômica no Brasil. São apresentadas
também a produção, a distribuição e o consumo de energias renováveis e não renováveis no mundo
e no Brasil, associando-as às condições ambientais; as características, os movimentos migratórios
e a estrutura da população mundial e brasileira. O volume é concluído com a abordagem dos aspec-
tos mais importantes da urbanização e da produção agropecuária no mundo e em nosso país.
Esperamos ajudá-lo a compreender melhor o frenético mundo em que vivemos e auxiliá-lo a
acompanhar as transformações que o moldam e o tornam diferente a cada dia, para que você possa
nele atuar como pessoa e cidadão consciente.
Os Autores
APRESENTAÇÃO
3
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Sumário
CAPÍTULO 1: A industrialização brasileira ....... 7
1. Origens da industrializa??o ............................... 9
2. O governo Vargas e a pol?tica de ?substitui??o
de importa??es? ........................................... 12
Síntese histórica: Pol?tica econ?mica e
industrializa??o brasileira (1946-1964) ............. 14
Pensando no Enem ...................................... 17
Dialogando com as disciplinas:
Os modernistas e o in?cio da industrializa??o
em S?o Paulo ............................................ 18
3. O per?odo militar .......................................... 20
Atividades .................................................... 24
Unidade 1:
Brasil: indústria, política econômica e serviços
CAPÍTULO 3: Produção mundial de
energia ...................................................... 49
1. Energia: evolu??o hist?rica e contexto atual .......... 51
2. Combust?veis f?sseis ........................................ 54
Petr?leo, 54
Pensando no Enem ..................................... 58
Carv?o mineral e g?s natural, 59
3. Combust?vel renov?vel ................................... 61
Biomassa, 61
4. Energia el?trica ............................................ 63
Hidreletricidade, 63 • Termeletricidade, 65
Energia at?mica, 65
Infográfico: Energia e?lica ........................... 68
Dialogando com as disciplinas:
Energia, uma transforma??o constante .......... 70
5. Energia e ambiente ....................................... 72
Atividades .................................................... 73
CAPÍTULO 2: A economia brasileira após
a abertura política ................................... 25
1. A abertura comercial, a privatiza??o e as
concess?es de servi?os ................................... 27
Síntese histórica: Pol?tica econ?mica
brasileira de 1992 a 2016 ............................. 32
2. Estrutura e distribui??o da ind?stria brasileira ...... 35
Desconcentra??o da atividade industrial, 37
Pensando no Enem ..................................... 39
3. Estrutura e distribui??o espacial do com?rcio
e dos servi?os .............................................. 40
Atividades .................................................... 43
Vestibulares de Norte a Sul ................... 44
Caiu no Enem ........................................... 47
CAPÍTULO 4: Produção brasileira
de energia ................................................ 74
1. Panorama do setor energ?tico no Brasil .............. 76
2. Combust?veis f?sseis ...................................... 77
Petr?leo e g?s natural, 77 • Carv?o mineral, 81
3. Combust?veis renov?veis ................................ 84
Biodiesel, 84 • Etanol (?lcool), 85
Pensando no Enem ..................................... 87
4. Energia el?trica ............................................ 88
Produ??o de energia e regula??o estatal, 88 • Crise de
energia em 2001 e ?apag?es? em 2009, 2012 e 2013, 90
Diversifica??o da matriz energ?tica, 91
Atividades .................................................... 95
Vestibulares de Norte a Sul .................... 96
Caiu no Enem ......................................... 102
Unidade 2: Energia e meio ambiente
Unidade 3: População
CAPÍTULO 5: Características da população
mundial ................................................... 105
1. Popula??o mundial ...................................... 107
2. Conceitos b?sicos ........................................ 108
Popula??o e povo, 108
Infográfico: Populoso e povoado .................. 109
Direitos humanos universais, 110 • Na??o e etnia, 111
3. Quest?o de g?nero ...................................... 113
4. Crescimento demogr?fico ............................... 115
Teorias demogr?ficas, 116
5. Reposi??o da popula??o ................................ 121
Infográfico: A vida nas cidades .................... 122
Pensando no Enem .................................... 124
Atividades ................................................... 125
CAPÍTULO 6: Fluxos migratórios e estrutura
da população ......................................... 126
1. Movimentos populacionais ............................ 128
Infográfico: Indo e vindo ............................ 130
Pensando no Enem .................................... 132
2. Estrutura da popula??o ................................. 133
Pir?mide et?ria, 133 • Popula??o economicamente ativa, 134
Distribui??o da renda, 136 • Crescimento econ?mico e
desenvolvimento social, 138
Atividades ................................................... 139
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Unidade 4: O espaço urbano e o processo de urbanização
Unidade 5: O espaço rural e a produção agropecuária
CAPÍTULO 7: Formação e diversidade
cultural da população brasileira ...........140
1. Primeiros habitantes .................................... 142
Povos ind?genas: condi??es de vida, 143
2. Formação da população brasileira .................... 144
Como a popula??o brasileira se identifica, 145
3. Imigração internacional ................................ 148
Infográfico: Colônias de povoamento ............ 150
4. Migração interna ........................................ 152
?xodo rural e migra??o pendular, 153
5. Emigração ................................................. 154
Atividades ................................................... 155
CAPÍTULO 8: Aspectos da população
brasileira ................................................. 156
1. Crescimento vegetativo da população brasileira ....... 158
2. Estrutura da população brasileira ..................... 162
Mortalidade de jovens e adultos, 163
Pensando no Enem .................................... 166
3. PEA e distribuição de renda no Brasil ................. 167
Participa??o das mulheres, 167 • Participa??o dos
afrodescendentes, 169 • Desigualdade social, 170
4. IDH do Brasil ............................................... 171
Atividades ................................................... 173
Vestibulares de Norte a Sul .................. 174
Caiu no Enem ......................................... 180
CAPÍTULO 9: O espaço urbano no mundo
contemporâneo ..................................... 185
1. O processo de urbanização ............................. 187
2. Os problemas sociais urbanos ......................... 191
Desigualdades e segrega??o socioespacial, 191
Moradias prec?rias, 192 • Viol?ncia urbana, 195
3. Rede e hierarquia urbanas ............................. 197
4. As cidades na economia global ........................ 199
Pensando no Enem ................................... 204
Atividades .................................................. 205
CAPÍTULO 10: As cidades e a urbanização
brasileira ................................................ 206
1. O que consideramos cidade? .......................... 208
2. População urbana e rural ............................... 211
3. A rede urbana brasileira ................................ 212
4. A integração econômica ................................ 215
Infográfico: Principais problemas urbanos ...... 216
Pensando no Enem .................................... 218
5. As regiões metropolitanas brasileiras ................ 219
6. Hierarquia e influência dos centros urbanos
no Brasil .................................................. 222
7. Plano Diretor e Estatuto da Cidade .................. 224
Atividades ................................................... 227
Vestibulares de Norte a Sul .................. 228
Caiu no Enem ......................................... 233
CAPÍTULO 11: Organização da produção
agropecuária .......................................... 237
1. Os sistemas de produção agrícola ................... 239
Agricultura familiar, 240 • Agricultura de subsist?ncia, 240
Agricultura de jardinagem, 241 • Cintur?es verdes e
bacias leiteiras, 242 • Agricultura empresarial, 242
2. A Revolução Verde ...................................... 244
3. A população rural e o trabalhador agrícola ......... 246
4. A produção agropecuária no mundo ................ 247
Pensando no Enem ................................... 250
5. Biotecnologia e alimentos transgênicos ............. 251
6. A agricultura orgânica .................................. 252
Atividades ................................................... 253
CAPÍTULO 12: A agropecuária no Brasil ... 254
1. A modernização da produção agrícola ............... 256
2. Desempenho da agricultura familiar
e empresarial ............................................. 257
As rela??es de trabalho na zona rural, 257
3. O Estatuto da Terra e a reforma agrária ............ 260
Pensando no Enem ................................... 264
4. Produção agropecuária brasileira ..................... 265
Dialogando com as disciplinas:
Estrutura fundiária no Brasil ....................... 270
Atividades ................................................... 272
Vestibulares de Norte a Sul .................. 274
Caiu no Enem ......................................... 279
Sugestões de leitura, filmes,
e sites .................................................................. 282
Bibliografia ..................................................... 286
5
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UNIDADE1
6
Brasil: indústria,
política econômica
e serviços
6
No início do século XX era utilizada uma grande quantidade
de trabalhadores nas linhas de produção e as indústrias im-
pulsionaram grandes transformações no espaço geográfi-
co. Você consegue imaginar algumas dessas mudanças?
Pense no aumento dos fluxos migratórios, de produtos e de
serviços, na construção de moradias, no surgimento de no-
vos bairros, no investimento em transportes coletivos e
muitas outras.
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Constela??o do Cruzeiro do Sul.
Peter Scheier/Arquivo da editora
A industrialização
brasileira
CAPÍTULO1
Linha de montagem de ind?stria
automobil?stica em S?o Bernardo
do Campo (SP), em 1958.
7
GGB_v3_PNLD2018_006a024_U1C01.indd 7 27/05/16 18:53

P
ara entendermos o atual estágio de desenvolvimento econômico brasi-
leiro, é necessário conhecer o contexto histórico do processo de indus-
trialização e de desenvolvimento das atividades terciárias no país.
Desde o período colonial, o desenvolvimento econômico brasileiro, e con-
sequentemente a industrialização, foi comandado por grupos e setores que
pressionaram os governos a atender a seus interesses políticos e econômicos.
Assim, só é possível entender as etapas da industrialização brasileira se
for analisada a conjuntura econômica (brasileira e mundial) e política de cada
momento histórico.
No primeiro capítulo desta Unidade, estudaremos a evolução histórica da
industrialização brasileira e, no segundo, a política econômica do país, de 1985
aos dias atuais, a estrutura do parque industrial e a distribuição espacial do
comércio e dos serviços pelo território.
Mario Friedlander/Pulsar Imagens
Constru??o da Usina de Santo Antonio, no rio Madeira (RO), 2014.
Os investimentos em infraestrutura de energia, transportes e
comunica??es impulsionaram todos os setores da economia.
Neste capítulo aparecem
nomes e fotos de sedes de
empresas, de fábricas e de
linhas de produção. Apenas
mencionamos o nome da
empresa/marca com fins
didáticos, quando é
estritamente necessário para
a compreensão do tema
tratado, porém com o devido
cuidado de não recomendar
qualquer tipo de produto ou
marca. Nos casos em que a
informação não é relevante,
não mencionamos o nome da
empresa/marca para não
caracterizar publicidade.
Capítulo 18
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1 Origens da industrializa•‹o
Dialogando
com HISTÓRIA
A industrializa??o brasileira teve in?cio, embora de
forma incipiente, na segunda metade do s?culo XIX,
per?odo em que se destacaram importantes empreen-
dedores, como o bar?o de Mau?, no eixo S?o Paulo-Rio
de Janeiro, e Delmiro Gouveia, em Pernambuco.
Foi principalmente a partir da Primeira Guerra
Mundial (1914-1918) que o pa?s passou por um signifi-
cativo desenvolvimento industrial e maior diversifica-
??o do parque fabril, pois, em virtude do conflito na
Europa, houve redu??o da entrada de mercadorias es-
trangeiras no Brasil. Observe a tabela abaixo.
Brasil: estabelecimentos industriais existentes em
1920, de acordo com a data de funda??o das empresas
Data de funda??o
N?mero de
estabelecimentos
Valor da produ??o
(%)
at? 1884 388 8,7
1885-1889 248 8,3
1890-1894 452 9,3
1895-1899 472 4,7
1900-1904 1 080 7,5
1905-1909 1 358 12,3
1910-1914 3 135 21,3
1915-1919 5 936 26,3
Data
desconhecida*
267 1,6
Total 13 336 100,0
Guilerme Gaensly/Fundação Patrimônio Histórico da Energia e Saneamento
Em 1919, per?odo posterior ? Primeira Guerra Mun-
dial, as f?bricas brasileiras eram respons?veis por 70%
da produ??o industrial nacional e produziam tecidos,
roupas, alimentos e bebidas (ind?strias de bens de con-
sumo n?o dur?veis).
Em 1939, no in?cio da Segunda Guerra Mundial, a
porcentagem de participa??o das f?bricas de bens de
consumo n?o dur?veis foi reduzida para 58%, porque
surgiram outros produtos, como a?o, m?quinas e ma-
terial el?trico. Mas ainda predominavam as ind?strias
de bens de consumo n?o dur?veis e os investimentos
de capital privado nacional.
Apesar da import?ncia do desenvolvimento do setor
industrial e do setor agr?cola na economia brasileira, as
atividades terci?rias (como o com?rcio e os servi?os ?
telecomunica??es, transportes, sistema banc?rio, etc.)
apresentavam ?ndices de crescimento econ?mico supe-
riores aos das atividades agr?colas e industriais. Isso por-
que ? no com?rcio e nos servi?os que circula toda a pro-
du??o agr?ria e industrial.
A agricultura cafeeira ? principal atividade econ?mi-
ca nacional at? ent?o ? exigia a constru??o de uma efi-
ciente rede de transportes. Assim, as ferrovias foram se
desenvolvendo no pa?s para escoar a produ??o do interior
para os portos. Tamb?m se estabeleceram um sistema
banc?rio integrado ? economia mundial e um com?rcio
para atender ?s necessidades crescentes nas cidades.
Adaptado de: RECENSEAMENTO do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE. v. 5. p. 69.
In: BAER, Werner. A economia brasileira. S?o Paulo: Nobel, 2009. p. 51.
* Corresponde a estabelecimentos industriais existentes em 1920 cuja data de
funda??o era desconhecida ou n?o foi informada.
Veja a indicação do livro A industrialização
brasileira, de Sonia Mendonça. Consulte a
indicação dos filmes Coronel Delmiro Gouveia e
Mauá: o imperador e o rei. Veja orientações na
seção Sugest?es de leitura, filmes e sites.
Bonde transportando oper?rios em S?o Paulo (SP), em 1916. Nessa ?poca, as ind?strias utilizavam muitos trabalhadores nas linhas
de produ??o e impulsionaram importantes transforma??es: aumento nos fluxos migrat?rios, de produtos e de servi?os; constru??o
de moradias; surgimento de novos bairros; investimento em transportes coletivos, como o desta foto; e muitos outros.
9A industrialização brasileira
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Embora tenha passado por importantes per?odos de crescimento, como o da Primei-
ra Guerra, a industrializa??o brasileira sofreu seu maior impulso apenas a partir de 1929,
com a crise econ?mica mundial decorrente da quebra da Bolsa de Valores de Nova York.
Embora tenha passado por importantes per?odos de crescimento, como o da Primei-
ra Guerra, a industrializa??o brasileira sofreu seu maior impulso apenas a partir de 1929,
com a crise econ?mica mundial decorrente da quebra da Bolsa de Valores de Nova York.
Gustavo Prugner/Arquivo da editora
Na regi?o Sudeste do Brasil, principalmente, essa crise
se refletiu na redu??o do volume de exporta??es de
caf? e na perda da import?ncia dessa atividade no ce-
n?rio econ?mico, contribuindo para a diversifica??o da
produ??o agr?cola brasileira.
Outro acontecimento que contribuiu para o desen-
volvimento industrial brasileiro foi a Revolu??o de 1930,
que tirou a oligarquia agroexporta-
dora paulista do poder e criou novas
possibilidades pol?tico-administrati-
vas em favor da industrializa??o, uma
Serviços
Indústria
190
0
190
5
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80
60
40
20
0
(%)
Agropecuária
Brasil: participações dos setores no PIB
Banco de iamgens/Arquivo da editora
Nesse tipo de gr?fico, quanto maior a
?rea preenchida, maior a participa??o do
setor no PIB nacional. Segundo o IBGE,
em 2014, a participa??o da agropecu?ria
no PIB era de 5,6%; da ind?stria, 23,4%; e
dos servi?os, 71,0%.
Adaptado de: ESTAT?STICAS do s?culo XX. Rio de Janeiro: IBGE, 2003. p. 373.
Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 7 mar. 2016.
Oligarquia: regime pol?tico sob o con-
trole de um pequeno grupo de pessoas
pertencentes a um partido, classe ou
fam?lia. O poder ? exercido somente
por pessoas dessa pequena elite.
Uma paisagem de f?bricas despontava na S?o Paulo dos anos 1920. A instala??o de f?bricas p
rovocou
profundas altera??es na organiza??o interna das cidades relacionadas a moradias, transportes,
com?rcio, servi?os e outros. Na foto, vista panor?mica do bairro do Br?s, em S?o Paulo (SP), em 1925.
vez que o grupo que tomou o poder com Get?lio Vargas
era nacionalista e favor?vel a tornar o Brasil um pa?s
industrial. Apesar disso, a agricultura continuou res-
pons?vel pela maior parte das exporta??es brasileiras
at? a d?cada de 1970.
A partir da crise de 1929, as atividades industriais
passaram a apresentar ?ndices de crescimento superio-
res aos das atividades agr?colas, como
se pode observar no gr?fico desta
p?gina. O colapso econ?mico mundial
diminuiu a entrada de mercadorias
estrangeiras que poderiam competir
com as nacionais, incentivando o de-
senvolvimento industrial nacional.
Capítulo 110
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É importante destacar que o cultivo do café permi-
tiu acumular capitais que serviram para dinamizar e
impulsionar a atividade industrial. Os barões do café,
que residiam nos centros urbanos, sobretudo na cidade
de São Paulo, para cuidar da comercialização da produ-
ção nos bancos e investir na Bolsa de Valores, aplicavam
enorme quantidade de capital no sistema financeiro,
capital que ficou em parte disponível para montar in-
dústrias e investir em infraestrutura. Todas as ferrovias,
construídas com a finalidade principal de escoar a pro-
dução cafeeira para o porto de Santos, interligavam-se
na capital paulista e constituíam um eficiente sistema
de transporte. Havia também grande disponibilidade de
mão de obra imigrante que foi liberada dos cafezais
pela crise ou que já residia nas cidades, além de signifi-
cativa produção de energia elétrica.
Balança comercial: resultado do comércio exterior de
mercadorias. Se o valor das exportações supera o das
importações, temos saldo positivo ou superavit; quando
o resultado é negativo, temos deficit.
Balanço de pagamentos: soma de todas as transações
econômicas realizadas por um país. Contém os resulta-
dos da balança comercial (exportações e importações),
da balança de serviços (viagens, transportes, segu-
ros, lucros e dividendos, juros, royalties, assis-
tência técnica, etc.), dos investimentos, dos
empréstimos, etc.
Balança comercial
mercadorias. Se o valor das exportações supera o das
importações, temos saldo positivo ou superavit; quando
o resultado é negativo, temos deficit.
Balanço de pagamentos: soma de todas as transações
econômicas realizadas por um país. Contém os resulta-
dos da balança comercial (exportações e importações),
da balança de serviços (viagens, transportes, segu-
ros, lucros e dividendos, juros, royalties, assis-
tência técnica, etc.), dos investimentos, dos
empréstimos, etc.
Acervo Iconographia/
Reminisc•ncias
A associação desses fatores favoreceu o processo de
industrialização, que passou a crescer notadamente na
cidade de São Paulo, onde havia maior disponibilidade
de capitais, trabalhadores qualificados e a infraestrutu-
ra básica a que nos referimos. Regiões dos estados do
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais também
intensificaram seus processos de industrialização.
Na instalação de novas indústrias predominava, com
raras exceções, o capital de origem nacional, acumulado
com base em atividades agroexportadoras. A política
industrial comandada pelo governo federal era a de subs-
tituir as importações, visando à obtenção de um supe-
ravit cada vez maior na balança comercial e no balan-
ço de pagamentos, para permitir um aumento nos
investimentos nos setores de energia e transportes.
Na foto, rua Quinze de
Novembro, centro financeiro
de S?o Paulo (SP), em 1922.
A industrialização brasileira11
GGB_v3_PNLD2018_006a024_U1C01.indd 11 27/05/16 18:53

2 O governo Vargas e a política
de “substituição de importações”
Get?lio Vargas governou o pa?s pela primeira vez de 1930 a 1945. Tomou posse com a
Revolu??o de 1930, caracterizada pelo aspecto modernizador. At? ent?o, o mundo
capitalista acreditava no liberalismo econ?mico, ou seja, que as for?as do mercado
deveriam agir livremente para promover maior desenvolvimento e crescimento
econ?mico. Com a crise, iniciou-se um per?odo em que o Estado passou a intervir
diretamente na economia para evitar novos sobressaltos do mercado.
De 1930 a 1956, a industrializa??o no pa?s caracterizou-se por uma estrat?gia
governamental de cria??o de ind?strias estatais nos setores de bens de produ??o
e de infraestrutura. A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) foi uma das importan-
tes ind?strias que se destacaram no per?odo, na extra??o de minerais. Outras de
grande destaque foram: a Petrobras, para extra??o de petr?leo e petroqu?mica; a
Companhia Sider?rgica Nacional (CSN); a F?brica Nacional de Motores (FNM), que,
al?m de caminh?es e autom?veis, fabricava m?quinas e motores; e tamb?m a Com-
panhia Hidrel?trica do S?o Francisco (Chesf), para produ??o de energia hidrel?trica.
Get?lio Vargas governou o pa?s pela primeira vez de 1930 a 1945. Tomou posse com a
Revolu??o de 1930, caracterizada pelo aspecto modernizador. At? ent?o, o mundo
capitalista acreditava no liberalismo econ?mico, ou seja, que as for?as do mercado
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Get?lio Vargas,
em S?o Borja
(RS), foto de
1943.
Acervo Iconographia/Reminiscências
Vista da usina de Paulo Afonso, no in?cio da d?cada de 1950.
Acervo Iconographia/Reminiscências
Reprodução/Acervo Petrobras
A Petrobras come?a a operar no dia 10 de maio de 1954. Vista da
refinaria de Mataripe (BA), o principal ativo na ?poca.
Audálio Dantas/Folhapress
Produ??o de a?o no interior da Companhia Sider?rgica

Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ), em 1953.
Consulte a indicação do site
da FGV/CPDOC. Veja
orientações na seção Sugestões
de leitura, filmes e sites.
12
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Era necess?rio um investimento inicial muito ele-
vado para o desenvolvimento desses setores industriais
e para a infraestrutura estrat?gica. Eles n?o interessa-
vam ao capital privado, seja nacional, seja estrangeiro,
porque o retorno dos investimentos era lento. Por isso,
o pr?prio governo do pa?s realizou esses investimentos.
Nesse per?odo, visando ao fortalecimento do par-
que industrial brasileiro, a a??o do Estado foi decisiva
para impulsionar e diversificar os investimentos no
parque industrial do pa?s, combatendo os principais
obst?culos ao crescimento econ?mico e fornecendo, a
pre?os mais baixos, os bens de produ??o e os servi?os
de que os industriais privados necessitavam. Era uma
pol?tica de car?ter nacionalista.
Embora a express?o substitui??o de importa??es
possa ser utilizada desde que a primeira f?brica foi ins-
talada no pa?s, foi o governo Get?lio Vargas que iniciou
a ado??o de medidas fiscais e cambiais que caracteri-
zaram uma pol?tica industrial voltada ? produ??o in-
terna de mercadorias que at? ent?o eram importadas.
As duas principais medidas adotadas foram a des-
valoriza??o da moeda nacional (r?is at? 1942 e, em
seguida, cruzeiro) em rela??o ao d?lar, o que tornava
o produto importado mais caro (desestimulando as
importa??es), e a introdu??o de leis e tributos que
restringiam, e ?s vezes proibiam, a importa??o de bens
de consumo e de produ??o que pudessem ser fabri-
cados internamente.
Em 1934, Get?lio Vargas promulgou uma nova Cons-
titui??o, que incluiu a regulamenta??o das rela??es de
trabalho, como a cria??o do sal?rio m?nimo, as f?rias
anuais e o descanso semanal remunerado. Essa atitude
garantiu o apoio da classe trabalhadora e das elites agr?-
ria e industrial. Com base no apoio popular, Vargas apro-
vou uma nova Constitui??o em 1937, que o manteve no
poder como ditador at? o fim da Segunda Guerra, em
1945, per?odo que ficou conhecido como Estado Novo.
A interven??o do Estado possibilitou um forte cres-
cimento da produ??o industrial, com exce??o do per?o-
do da Segunda Guerra. Durante os seis anos desse
conflito armado, em raz?o da car?ncia de ind?strias de
base e das dificuldades de importa??o, o crescimento
industrial brasileiro foi de 5,4%, uma m?dia inferior a
1% ao ano. Veja a tabela a seguir.
Brasil: taxas de crescimento da produ??o
industrial ? 1939-1945 (em %)
Metal?rgicas 9,1
Material de transporte ?11,0
?leos vegetais 6,7
T?xteis 6,2
Cal?ados 7,8
Bebida e fumo 7,6
Total 5,4
Adaptado de: BAER, Werner. A economia brasileira. S?o Paulo: Nobel, 2009. p. 59.
Observe que houve um significativo crescimento na
produ??o interna em diversos setores que sofreram
restri??es durante a guerra, mas o setor de transportes,
cuja expans?o n?o poderia ocorrer sem a importa??o de
ve?culos, m?quinas e equipamentos, sofreu forte redu??o.
CPDOC/Fundação Getúlio Vargas
Pronunciamento
de Get?lio Vargas
no Pal?cio do Catete,
Rio de Janeiro (RJ),
ao instaurar o
Estado Novo,
em 1937.
A industrialização brasileira13
GGB_v3_PNLD2018_006a024_U1C01.indd 13 27/05/16 18:54

O governo Dutra (1946-1951)
• Get?lio Vargas foi deposto em
1945 e retornou ao poder em
1951, eleito pelo povo.
• Em 1946 o general Eurico Gas-
par Dutra assumiu a Presi-
d?ncia e instituiu o Plano
Salte, destinando investimen-
tos aos setores de sa?de, ali-
menta??o, transportes,
energia e educa??o.
• No decorrer do gover-
no Dutra, as reservas
de capital acumuladas
durante a Segunda
Guerra foram utilizadas com:
a) importa??o de m?quinas e equipamentos para as in-
d?strias t?xteis e mec?nicas;
b) reequipamento do sistema de transportes;
c) incremento da extra??o de minerais met?licos, n?o
met?licos e energ?ticos.
• Houve tamb?m abertura ? importa??o de bens de consu-
mo, o que contrariava os interesses da ind?stria nacional.
• Os empres?rios nacionais defendiam a reserva de mercado.
Leia, na p?gina 16, um trecho das tr?s teorias de desen-
volvimento ? a neoliberal, a desenvolvimentista-naciona-
lista e a nacionalista radical ? que embasavam, na primei-
ra metade do s?culo XX, o debate pol?tico sobre as
estrat?gias a serem adotadas para estimular o crescimen-
to econ?mico. Note que h? muitas semelhan?as com as
ideias discutidas atualmente.
SÍNTESE HISTÓRICA
Política econômica e industrialização
brasileira (1946–1964)
João Prudente/Pulsar Imagens
O retorno de Get?lio e da pol?tica
nacionalista (1951-1954)
• Em 1951 Get?lio Vargas, eleito pelo povo, retornou ? pre-
sid?ncia e retomou seu projeto nacionalista:
a) Investiu em setores que impulsionaram o crescimento
econ?mico ? sistemas de transportes, comunica??es,
produ??o de energia el?trica e petr?leo ? e restringiu a
importa??o de bens de consumo.
b) Dedicou-se ? cria??o do Banco Nacional de Desenvolvimen-
to Econ?mico e Social ? BNDES (1952) e da Petrobras (1953).
• O projeto nacionalista de Get?lio acabou sendo derrotado
pelos liberais, que argumentavam que:
a) com a economia fechada ao capital estrangeiro, a mo-
derniza??o e a expans?o do parque industrial nacional
tornavam-se dependentes do resultado da exporta??o
de produtos prim?rios.
b) qualquer crise ou queda de pre?o desses produtos, par-
ticularmente do caf?, resultava em crise na moderniza-
??o e na expans?o do parque industrial.
• Em 1954, em meio ? s?ria crise pol?tica, Vargas suicidou-se.
Caf? Filho, seu vice-presidente, assumiu o poder, perma-
necendo at? 1956.
Juscelino Kubitschek e o Plano de Metas (1956-1961)
• Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi
implantado o Plano de Metas, com as seguintes estrat?gias:
a) Investimentos estatais em agricultura, sa?de, educa??o,
energia, transportes, minera??o e constru??o civil para
atrair investimentos estrangeiros.
b) Fazer o pa?s crescer ?50 anos em 5?.
c) Transfer?ncia da capital federal do Rio de Janeiro (litoral)
para Bras?lia (interior), buscando promover a ocupa??o
do interior do territ?rio.
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Vista a?rea da Esplanada dos Minist?rios e da
Catedral Metropolitana, no Distrito Federal, em 2015.
O governo Dutra (1946-1951)
Get?lio Vargas foi deposto em
1945 e retornou ao poder em
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tos aos setores de sa?de, ali-
General Eurico Gaspar
Dutra, na inaugura??o da
rodovia Presidente Dutra
em S?o Paulo (SP), em 1951.
14
GGB_v3_PNLD2018_006a024_U1C01.indd 14 27/05/16 18:55

d) 73% dos investimentos foram direcionados aos setores
de energia e transportes.
e) Ingresso de capital estrangeiro, principalmente nos se-
tores automobil?stico, qu?mico-farmac?utico e de ele-
trodom?sticos.
• O parque industrial brasileiro passou a contar com signifi-
cativa produ??o de bens de consumo dur?veis, o que deu
continuidade ? pol?tica de substitui??o de importa??es.
• Ao longo do governo JK consolidou-se o trip? da produ??o
industrial nacional, formado pelas ind?strias:
a) de bens de consumo n?o dur?veis, com amplo pre-
dom?nio do capital privado nacional;
b) de bens de produ??o e bens de capital, que contaram com investimento estatal nos
governos de Get?lio Vargas;
c) de bens de consumo dur?veis, com forte participa??o de capital estrangeiro.
• Com a concentra??o do parque industrial no Sudeste, as migra??es internas intensificaram-se
e os maiores centros urbanos registraram crescimento desordenado.
• O crescimento econ?mico acelerado e o aumento da d?vida externa provocaram o aumen-
to da infla??o.
• A partir 1959 foram criados diversos ?rg?os de planejamento com a estrat?gia de descen-
tralizar investimentos produtivos por todas as regi?es do pa?s.
O governo Jo?o Goulart e a tentativa de reformas (1961-1964)
• Jo?o Goulart, conhecido como Jango, assumiu a Presid?ncia do Brasil ap?s a ren?ncia do
presidente J?nio Quadros, empossado poucos meses antes e do qual era vice-presidente.
• A ren?ncia de J?nio agravou a crise com os problemas econ?micos herdados do governo
JK, como a elevada d?vida externa e a infla??o.
• A posse de Jango, em 7 de setembro de 1961, ocorreu ap?s a instaura??o do parlamen-
tarismo, que reduziu os poderes do chefe do Executivo (presidente).
Parlamentarismo: forma
de governo chefiada por
um primeiro-ministro, que
? indicado pelo partido
mais votado (no parla-
mento) ou por uma coliga-
??o de partidos.
Consulte a indicação do
filme J?nio a 24 Quadros.
Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes
e sites.
b) de bens de produ??o e bens de capital, que contaram com investimento estatal nos
• Durante o per?odo parlamentarista do governo Jo?o Goulart (at? in?cio de 1963), a infla??o
e o desemprego aumentaram, e as taxas de crescimento reduziram-se.
• Em 6 de janeiro de 1963 houve o retorno ao presidencialismo e foram encaminhadas as
reformas de base, com as seguintes diretrizes:
a) reforma dos sistemas tribut?rio, banc?rio e eleitoral.
b) regulamenta??o dos investimentos estrangeiros e da remessa de lucros ao exterior.
c) reforma agr?ria.
d) maiores investimentos em educa??o e sa?de.
• Tal pol?tica foi tachada de comunista pelos setores mais conservadores da sociedade civil
e militar, criando as condi??es para o golpe de 31 de mar?o de 1964.
Reynaldo Ceppo/Agência Estado
Migrantes nordestinos
chegando ? cidade de S?o
Paulo (SP), em 1958.
Posse de Jo?o Goulart na
Presid?ncia da Rep?blica,
em 7 de setembro de 1961.
Acervo Última Hora/Folhapress
A industrialização brasileira15
GGB_v3_PNLD2018_006a024_U1C01.indd 15 27/05/16 18:55

Só um economista imagina que um problema
de economia é estritamente econômico.”
Celso Furtado (1920-2004), economista brasileiro.
Fórmulas para o crescimento
A fórmula neoliberal baseava-se na suposição de que o mecanismo de preços deveria ser respeitado
como a determinante principal da economia. As medidas fiscais e monetárias, bem como a política de
comércio exterior, deveriam seguir os princípios ortodoxos estabelecidos pelos teóricos e praticantes da
política de banco central dos países industrializados. Os orçamentos governamentais deveriam ser equili-
brados e as emissões, severamente controladas. O capital estrangeiro deveria ser bem recebido e estimula-
do como ajuda indispensável para um país farto de capitais. As limitações impostas pelo governo ao mo-
vimento internacional do capital, do dinheiro e dos bens deveriam ser reduzidas ao mínimo. [...]
A segunda fórmula era a desenvolvimentista-nacionalista [...]. A nova estratégia deveria visar a uma
economia mista, na qual o setor privado receberia novos incentivos, na proporção de um determinado
número de prioridades de investimento. Ao mesmo tempo, o Estado interviria mais diretamente, por meio
das empresas estatais e das empresas de economia mista, no sentido de romper os pontos de estrangula-
mento e assegurar o investimento em áreas nas quais faltasse, ao setor privado, quer a vontade, quer os
recursos para se aventurar. Os defensores dessa fórmula reconheciam que o capital privado estrangeiro
poderia desempenhar um papel importante, mas insistiam em que só fosse aceito quando objeto de cui-
dadosa regulamentação pelas autoridades brasileiras.
[...]
A terceira fórmula era a do nacionalismo radical. Merece menos atenção que as outras duas, como fórmu-
la econômica, porque foi apresentada mais dentro de um espírito de polêmica política do que como estratégia
cuidadosamente pensada para o desenvolvimento. [...] Os nacionalistas radicais atribuíam o subdesenvolvi-
mento brasileiro a uma aliança natural de investidores particulares e governos capitalistas dentro do mundo
industrializado. Essa conspiração procurava limitar o Brasil eternamente a um papel subordinado, como ex-
portador de produtos primários, cujos preços eram mantidos em níveis mínimos, e importador de bens manu-
faturados, cujos preços eram mantidos em níveis exor-
bitantes, por organizações monopolistas.
SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Get?lio Vargas a Castelo Branco
(1930-1964). Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2010. p. 117-120.
Thomas Skidmore (1932-) ? norte-americano
e historiador brasilianista.
Outras leituras
Pr?dio do Banco Central do Brasil, em Bras?lia (DF),
em 2014. O papel do Banco Central ? fundamental
para o desempenho da economia. Ele ? o
respons?vel pela pol?tica monet?ria (varia??o das
taxas de juros) e por outras estrat?gias de
combate ? infla??o, como quantidade de
dinheiro em circula??o na economia, opera??es
de cr?dito e monitoramento das taxas de
c?mbio, entre outras a??es.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
Consulte a indicação do
site do Banco Central do
Brasil. Veja orientações na
seção Sugestões de leitura,
filmes e sites.
Capítulo 116
GGB_v3_PNLD2018_006a024_U1C01.indd 16 27/05/16 18:55

Pensando no Enem
Os textos a seguir relacionam-se a momentos distintos
da nossa hist?ria.
A integração regional é um instrumento fundamen-
tal para que um número cada vez maior de países possa
melhorar a sua inserção num mundo globalizado, já que
eleva o seu nível de competitividade, aumenta as trocas
comerciais, permite o aumento da produtividade, cria
condições para um maior crescimento econômico e fa-
vorece o aprofundamento dos processos democráticos.
A integração regional e a globalização surgem assim
como processos complementares e vantajosos.
?Declara??o de Porto?, VIII Cimeira Ibero-Americana, Porto, Portugal,
17 e 18 de outubro de 1998.
Um considerável número de mercadorias passou a
ser produzido no Brasil, substituindo o que não era pos-
sível ou era muito caro importar. Foi assim que
a crise econômica mundial e o encarecimento
das importações levaram o governo Vargas a
criar as bases para o crescimento industrial bra-
sileiro.
POMAR, W. Era Vargas – a modernização conservadora.
? correto afirmar que as pol?ticas econ?micas
mencionadas nos textos s?o:
a) opostas, pois, no primeiro texto, o centro das
preocupações são as exportações e, no segun-
do, as importações.
b) semelhantes, uma vez que ambos demonstram
uma tendência protecionista.
c) diferentes, porque, para o primeiro texto, a
questão central é a integração regional e, para
o segundo, a política de substituição de impor-
tações.
d) semelhantes, porque consideram a integração
regional necessária ao desenvolvimento eco-
nômico.
e) opostas, pois, para o primeiro texto, a globali-
zação impede o aprofundamento democrático
e, para o segundo, a globalização é geradora da
crise econômica.
Resolução
A alternativa correta ? a C. O primeiro texto destaca a
import?ncia da integra??o regional entre os pa?ses e a
globaliza??o como processos complementares e vanta-
josos, que criam condi??es para um crescimento econ?-
mico mais intenso e valoriza??o da democracia. J? o
segundo texto destaca a import?ncia da pol?tica de
substitui??o de importa??es para dinamizar o processo
de industrializa??o brasileira, no contexto da crise eco-
n?mica mundial que se iniciou em 1929.
Esta quest?o trabalha com a Compet?ncia de ?rea 2 ?
Compreender as transforma??es dos espa?os geogr?fi-
cos como produto das rela??es socioecon?micas e cultu-
rais de poder ? e Habilidade H7 ? Identificar os
significados hist?rico-geogr?ficos das rela??es de poder
entre as na??es.
Assembleia de metal?rgicos da CSN em
greve, em Volta Redonda (RJ), 1994.
Fundada em 1941, sua constru??o foi
financiada pelos Estados Unidos, ap?s
Get?lio Vargas ter amea?ado aproximar-se
dos pa?ses do Eixo nazifascista,
durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1993, a CSN foi privatizada.
ATENÇÃO!
N?o escreva neste livro!
Ricardo Azoury/Olhar Imagem
17A industrialização brasileira
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Dialogando
com as disciplinas
V
oc? j? parou para pensar em como tudo est? relacionado em nosso cotidiano? Se
formos pensar nas disciplinas que aprendemos na escola, todos os acontecimentos
do nosso dia a dia carregam consigo um pouco de cada uma delas. A divis?o do
conhecimento por disciplina permite um estudo mais aprofundado e espec?fico sobre
cada assunto. Mas devemos nos lembrar de que, na realidade, os conhecimentos n?o s?o
isolados; pelo contr?rio, eles se complementam e se relacionam. Ao realizar as atividades
desta se??o, observe como a Geografia interage com outras disciplinas. Quando essas
rela??es s?o estabelecidas, o aprendizado fica ainda mais interessante e significativo.
Os modernistas e o início da industrialização
em São Paulo
O Modernismo foi um movimento cultural que se consolidou em S?o Paulo na ?po-
ca em que o processo de industrializa??o brasileira avan?ava, causando grande reper-
cuss?o no cen?rio art?stico nacional.
Esse movimento foi fortemente influenciado pelo Modernismo europeu e incenti-
vava o enfoque nos elementos da cultura brasileira, a liberdade de estilo, a aproxima??o
com a linguagem oral. Entre os poetas, podemos destacar Oswald de Andrade, detentor
de um estilo nacionalista que buscava recuperar as origens primitivas do Brasil para
elaborar uma vis?o cr?tica da sociedade brasileira, que sofria grande influ?ncia da socie-
dade de consumo da Europa e dos Estados Unidos.
Tarsila do Amaral (1886-1973), outra not?ria artista modernista, integrou, com Oswald
de Andrade, o Movimento Antropof?gico, que tinha como objetivo ?devorar? a produ??o
art?stica e cultural europeia, oferecendo um novo significado a ela. O quadro Operários foi
pintado no ano de 1933, quando Tarsila esteve ligada politicamente ao comunismo.
Nesta se??o, a
Geografia dialoga
com a Literatura, a
Arte e a Hist?ria.
Oper‡rios. 1933. Tarsila do
Amaral. ?leo sobre tela,
150 cm x 205 cm. Acervo
Art?stico-Cultural dos
Pal?cios do Governo do
Estado de S?o Paulo.
Reprodução/Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, São Paulo, SP.
Capítulo 118
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A partir do s?culo XIX, a classe burguesa urbano-industrial cresceu. No Brasil, essa
classe era composta principalmente de pessoas que enriqueciam com o dinheiro advin-
do das ind?strias e das atividades agr?colas de exporta??o ? a maioria dos latifundi?rios
morava nas grandes cidades.
Leia trechos de poemas que tratam dessa nova sociedade que se formava, escritos
por M?rio de Andrade e Cassiano Ricardo, dois nomes que tamb?m integraram o movi-
mento modernista no Brasil:
1. Com base na observa??o da pintura de Tarsila do Amaral e considerando a sociedade brasileira da d?cada de 1920,
fa?a o que se pede.
a) Descreva as express?es dos oper?rios representados na pintura.
b) O que essa pintura revela sobre a situa??o da sociedade da ?poca?
c) Como s?o as rela??es de empregados e patr?es nas ind?strias atualmente? Fa?a um desenho ou escreva um
texto retratando essas rela??es.
2. Com base na leitura dos trechos dos poemas de M?rio de Andrade e de Cassiano Ricardo, responda:
a) Quais s?o as cr?ticas feitas nesses poemas?
b) Em sua opini?o, quais foram as vantagens e as desvantagens da industrializa??o? Relacione-as em uma tabela.
O poeta Menotti del Picchia sa?da a pianista Guiomar Novaes
(atr?s dele nessa imagem) no segundo dia da Semana de Arte
Moderna de 22, no Teatro Municipal de S?o Paulo (SP). Atr?s de
Guiomar est? Oswald de Andrade. Foto de fevereiro de 1922.
O poeta Menotti del Picchia sa?da a pianista Guiomar Novaes
Acervo Iconographia/Reminisc•ncias
Flechas contra o muro
Pra se poder viver
compra-se o mundo em que se vive
Como quem compra um objeto
secreto, mas visível.
Compram-se os seus problemas
sem solução
RICARDO, Cassiano. Poesias completas. Rio de Janeiro:
Livraria Jos? Olympio Editora, 1957.
Ode ao burgu•s
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel
O burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
É sempre um cauteloso pouco a pouco.
ANDRADE, M?rio de. Paulicéia
Desvairada. S?o Paulo:
Ciranda Cultural, 2016.
19A industrialização brasileira
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3 O período militar
Em 1? de abril de 1964, ap?s um golpe de Estado que
tirou Jo?o Goulart do poder, teve in?cio no pa?s o regime
militar, com uma estrutura de governo ditatorial. O Bra-
sil apresentava o 43? PIB do mundo capitalista e uma
d?vida externa de 3,7 bilh?es de d?lares. Em 1985, ao
t?rmino do regime, o Brasil apresentava o 9? PIB do
mundo capitalista e sua d?vida externa era de aproxi-
madamente 95 bilh?es de d?lares, ou seja, o pa?s cresceu
muito, mas ? custa de um pesado endividamento.
O parque industrial se desenvolveu de forma bas-
tante significativa, e a infraestrutura nos setores de
energia, transportes e telecomunica??es se modernizou.
No entanto, embora os indicadores econ?micos te-
nham evolu?do positivamente, a desigualdade social
aprofundou-se muito nesse per?odo, concentrando a
renda nos estratos mais ricos da sociedade. Segundo o
IBGE e o Banco Mundial, em 1960 os 20% mais ricos da
sociedade brasileira dispunham de 54% da renda na-
cional; em 1970 passaram a contar com 62% e, em 1989,
com 67,5%.
O trecho a seguir retrata uma consequ?ncia ime-
diata do modelo econ?mico adotado pelos governos
militares, que foi agravado pelo ?xodo rural iniciado na
d?cada de 1950.
As distorções do “milagre brasileiro”
Concomitante ao ?para?so de consumo? que se abria para a classe m?dia dos grandes centros urbanos,
onde proliferavam supermercados, shoppings e os outdoors de construtoras oferecendo in?meros lan?amentos
de apartamentos de luxo, crescia tamb?m a popula??o marginalizada e miser?vel. A popula??o favelada de
Porto Alegre elevou-se de  mil pessoas em  para  mil em ; a do Rio de Janeiro, de  mil em
 para , milh?o em ; e a de S?o Paulo, de  mil em  para mais de um milh?o em .
REZENDE FILHO, Cyro de Barros. Economia brasileira contemporânea. S?o Paulo: Contexto, 1999. p. 140. (Manuais).
Outras leituras
Reprodução/Arquivo da editora
Arquivo/Agência Estado
Consulte a indicação do filme Eles não
usam black-tie. Veja orientações na
seção Sugestões de leitura, filmes e sites.
Aglomerado de moradias
subnormais em S?o Paulo,
em 1972.
Essa frase, de apelo
nacionalista, foi utilizada
pelos militares para
intimidar os opositores
ao regime.
Capítulo 120
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Entre 1968 e 1973, per?odo conhecido como ?milagre
econ?mico?, a economia brasileira desenvolveu-se em
ritmo acelerado. No gr?fico a seguir ? poss?vel verificar
o crescimento anual do PIB brasileiro entre 1967 e 1975.
Esse ritmo de crescimento foi sustentado por in-
vestimentos governamentais que promoveram grande
expans?o na oferta de alguns servi?os prestados por
empresas estatais, como energia, transporte e teleco-
munica??es. No entanto, v?rias obras tinham necessi-
dade, rentabilidade ou efici?ncia question?veis, como
as rodovias Transamaz?nica e Perimetral Norte e o
acordo nuclear entre Brasil e Alemanha. O setor de te-
lecomunica??es tamb?m foi beneficiado na ?poca. Os
investimentos nesse setor foram feitos gra?as ? gran-
de capta??o de recursos no exterior, o que elevou a
d?vida externa, pois boa parte desse capital foi inves-
tida em setores pouco rent?veis da economia.
Fernando Solano/Agência Estado
(%)
16
14
12
10
8
6
4
2
0
196719
68
19
69
19701971197219
73
19
74
1975
4,2
9,8
9,5
10,4
11,3
11,9
14,0
8,2
5,2
Brasil: evolução anual do PIB
Banco de imagens/Arquivo da editora
Adaptado de: ESTAT?STICAS hist?ricas do Brasil: s?ries econ?micas,
demogr?ficas e sociais de 1550 a 1988. Rio de Janeiro: IBGE, 1990. p. 118-119.
Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 9 mar. 2016.
Outro aspecto importante para o crescimento eco-
n?mico no per?odo militar foi o dos investimentos ex-
ternos. O capital estrangeiro entrou em v?rios setores
da economia, principalmente na extra??o de minerais
met?licos (projetos Caraj?s, Trombetas e Jari), na
expans?o das ?reas agr?colas (monoculturas de
exporta??o), nas ind?strias qu?mica e farmac?u-
tica, e na fabrica??o de bens de capital (m?quinas
e equipamentos) utilizados pelas ind?strias de
bens de consumo.
Como o aumento dos pre?os dos produtos
(infla??o) n?o era integralmente repassado aos
sal?rios, a taxa de lucro dos empres?rios foi am-
pliada com a diminui??o do poder aquisitivo dos
trabalhadores. Aumentava-se, assim, a taxa de
reinvestimento dos lucros em setores que gera-
riam empregos ? principalmente para os traba-
lhadores qualificados ?, mas exclu?a os pobres, o
que deu continuidade ao processo hist?rico de concen-
tra??o da renda nacional.
Nesse contexto, as pessoas da classe m?dia que
tinham qualifica??o profissional viram seu poder de
compra ampliado, quer pela eleva??o dos sal?rios em
cargos que exigiam forma??o t?cnica e superior, quer
pela amplia??o do sistema de cr?dito banc?rio, permi-
tindo maior financiamento do consumo. Enquanto isso,
os trabalhadores sem qualifica??o tiveram seu poder
de compra diminu?do e ainda foram prejudicados com
a degrada??o dos servi?os p?blicos, sobretudo os de
educa??o e sa?de.
Constru??o da rodovia Transamaz?nica em Altamira (PA). Foto de 1972.
Essa rodovia foi constru?da numa ?poca em que n?o existia preocupa??o
com a sustentabilidade ambiental e sem planejamento eficiente para a
promo??o do crescimento econ?mico com justi?a social, que ? um dos
eixos do desenvolvimento sustent?vel.
21
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No final da d?cada de 1970, os Estados Unidos pro-
moveram a eleva??o das taxas de juros no mercado
internacional, reduzindo os investimentos destinados
aos pa?ses em desenvolvimento. Al?m de sofrer essa
redu??o, a economia brasileira teve de arcar com o pa-
gamento crescente dos juros da d?vida externa.
Diante dessa nova realidade, a sa?da imposta pelo
governo para obter recursos que permitissem honrar
os compromissos da d?vida pode ser sintetizada na fra-
se: ?Exportar é o que importa?. Por?m, como tornar
os produtos brasileiros internacionalmente compe-
titivos? Tanto em qualidade como em pre?o, os
fabricantes das mercadorias produzidas na ?poca
em um pa?s em desenvolvimento como o Brasil,
que quase n?o investia em tecnologia, enfrenta-
vam grandes obst?culos.
As solu??es encontradas foram desastrosas
para o mercado interno de consumo:
• redu??o do poder de compra dos assalariados, co-
nhecida como arrocho salarial;
• subs?dios fiscais para exporta??o (cobrava-se menos
imposto por um produto exportado do que por um
similar vendido no mercado interno);
• neglig?ncia com o meio ambiente, levando ao au-
mento de diversas formas de polui??o, eros?o e de
outras agress?es ao meio natural;
• desvaloriza??o cambial: a valoriza??o do d?lar em
rela??o ao cruzeiro (moeda da ?poca) facilitava as
exporta??es e dificultava as importa??es;
Ficou famosa a frase do ent?o ministro da
Fazenda Ant?nio Delfim Netto (foto de
1982), em resposta ? inquieta??o dos
trabalhadores ao ver seus sal?rios
arrochados: ?? necess?rio fazer o
bolo crescer para depois reparti-lo?.
O bolo (a economia) cresceu ? o
Brasil chegou a ser a 9
a
maior
economia do mundo capitalista
no in?cio da d?cada de 1980 (em
2015, segundo o Banco Mundial, o
Brasil era a 8
a
economia do mundo).
No entanto, a renda permanece
muito concentrada (em 2013, segundo
o Banco Mundial, os 20% mais pobres se
apropriavam de apenas 3,3% e os 20% mais
ricos, de 57,4% da renda nacional).
• diminui??o do poder aquisitivo das fam?lias para
combater o aumento dos pre?os.
Essas medidas, adotadas em conjunto, favoreceram
a venda de produtos no mercado externo, mas preju-
dicaram o mercado interno, reduzindo o poder de com-
pra do brasileiro. Assim se explica o aparente paradoxo:
a economia cresce, mas o povo empobrece.
Assembleia de grevistas na regi?o do ABC (Santo Andr?,
S?o Bernardo e S?o Caetano, na Grande S?o Paulo). Foto
de 1979. Nas primeiras greves do per?odo ditatorial, eles
reivindicavam aumento de sal?rios, garantia de emprego,
reconhecimento das comiss?es de f?brica e liberdades
democr?ticas. Para as autoridades, isso era ?coisa de
comunista? e o movimento foi duramente reprimido. Irmo Celso/Arquivo
da editora
Na busca de um maior superavit na balan?a comer-
cial, o governo aumentou os impostos de importa??o
n?o apenas para bens de consumo, como tamb?m para
os bens de capital e bens intermedi?rios. A consequ?ncia
dessa medida foi a redu??o da competitividade do parque
industrial brasileiro diante do exterior ao longo dos anos
1980. Os industriais n?o tinham como importar novas
m?quinas, pois eram caras, o que afetou a produtividade
e a qualidade dos produtos. Com isso, as ind?strias, com
raras exce??es, foram perdendo competitividade no mer-
cado internacional e as mercadorias comercializadas in-
ternamente tornaram-se caras e tecnologicamente de-
fasadas em rela??o ?s estrangeiras.
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22
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Os efeitos sociais dessa pol?tica econ?mica se agra-
varam com a crise mundial, que se iniciou em 1979. As
taxas de juros da d?vida externa atingiram, em 1982, o
recorde hist?rico de 14% ao ano. A partir de ent?o, a
economia brasileira passou por um per?odo em que se
alternavam anos de recess?o e outros de baixo cresci-
mento. Isso se arrastou por toda a d?cada de 1980 e
in?cio da de 1990, per?odo que se caracterizou pela cha-
mada ciranda financeira: o governo emitia t?tulos p?-
blicos para captar o dinheiro depositado pela popula??o
nos bancos. Como as taxas de juros oferecidas interna-
mente eram muito altas, muitos empres?rios deixavam
de investir no setor produtivo ? o que geraria empregos
e estimularia a economia aumentando o PIB ? para
investir no mercado financeiro. Na ?poca, essa ?ciran-
da? criava a necessidade de emiss?o de moeda em ex-
cesso, o que elevou os ?ndices de infla??o.
O per?odo dos governos militares no Brasil carac-
terizou-se pela apropria??o do poder p?blico por agen-
tes que desviaram os interesses do Estado para as ne-
cessidades empresariais. As car?ncias da popula??o
ficaram em segundo plano; as prioridades foram o
crescimento do PIB e o aumento do superavit na balan-
?a comercial. O objetivo de qualquer governo ? o de
Outras leituras
Depois da tempestade, vem o ÒmilagreÓ
Do ponto de vista da industrializa??o brasileira propriamente dita, o golpe de  n?o trouxe nenhuma
mudan?a nos rumos por ela tomada desde . Muito pelo contr?rio, o papel da ditadura militar foi o de
consolidar o modelo econ?mico implantado nos anos 1950, aperfei?oando-o. Logo, a primeira caracter?sti-
ca da industrializa??o brasileira dessa ?poca foi a perman?ncia das diretrizes estabelecidas pelo Plano de
Metas, mantendo-se o trip? inaugurado nos anos  a pleno vapor.
A hist?ria da economia e da industrializa??o brasileiras do p?s- pode ser dividida em tr?s per?odos:
a) 1962-1967 ? fase caracterizada como de crise e recess?o; b) 1968-1974 ? fase de retomada do crescimento
industrial, vulgarmente conhecida como ?milagre econ?mico brasileiro?, em virtude das elevadas taxas de
crescimento de nossa economia; c) de 1974 at? o presente (1992) ? fase em que o ?milagre? entrou em total
e completo decl?nio, sem que as v?rias sa?das tentadas tenham conseguido grande sucesso.
MENDON?A, S?nia. A industrialização brasileira. S?o Paulo: Moderna, 1997. p. 67-68. (Pol?mica).
aumentar a produ??o econ?mica. O problema ? saber
como atingi-lo sem comprometer os investimentos em
servi?os p?blicos, que possibilitam a melhoria da qua-
lidade de vida das pessoas.
Apesar do exposto, durante o per?odo do regime
militar, o processo de industrializa??o e de urbaniza??o
continuou avan?ando, resultando em significativa me-
lhora nos ?ndices de natalidade e mortalidade, que regis-
traram queda, al?m do aumento da expectativa de vida.
A interpreta??o desse fato deve levar em conta o intenso
?xodo rural, j? que nas cidades aumentou o acesso a sa-
neamento b?sico e atendimento m?dico-hospitalar, bem
como a rem?dios e programas de vacina??o em postos
de sa?de, e o fato de que muitos migrantes conseguiram
melhorar a qualidade de vida nos centros urbanos.
O fim do per?odo militar ocorreu em 1985, depois
de v?rias manifesta??es populares a favor das elei??es
diretas para presidente da Rep?blica. Os problemas
econ?micos herdados do regime militar foram agrava-
dos no governo que se seguiu, o de Jos? Sarney, e s?
foram enfrentados efetivamente nos anos 1990, como
estudaremos no pr?ximo cap?tulo.
Leia a seguir, em Outras leituras, uma s?ntese do
processo de industrializa??o durante o regime militar.
Orlando Brito/Arquivo da editora
Em 1984, a campanha por
elei??es diretas para presidente
contou com a realiza??o de
com?cios simult?neos em todas
as capitais e grandes cidades
brasileiras, reunindo milh?es de
pessoas. Na foto, vista do com?cio
em Belo Horizonte (MG).
Em 1984, a campanha por
23
GGB_v3_PNLD2018_006a024_U1C01.indd 23 27/05/16 18:55

Atividades
Compreendendo conteúdos
1. Qual foi a influência do ciclo do café no processo de industrialização brasileiro?
2. Analise resumidamente a política industrial do governo de Getúlio Vargas em seus dois períodos.
3. Sobre o Plano de Metas introduzido pelo governo de Juscelino Kubitschek:
a) Indique suas principais características.
b) Discuta as principais consequências desse plano para a economia brasileira.
4. Explique resumidamente o que foi o “milagre econômico” e a política industrial efetivada pelo regime militar.
Desenvolvendo habilidades
5. Como vimos, a industrialização promove uma série de
transformações na economia e na sociedade das regiões
onde as fábricas são criadas. Observe a pintura ao lado, de Tarsila do
Amaral, e escreva um pequeno texto destacando as mudanças que a
industrialização provoca na organização do espaço urbano.
6. Observe a fotografia abaixo. Ela retrata as condições de moradia de par-
cela da população urbana no início do século XX. Com base nela, elabore
um texto relatando as condições de vida do trabalhador urbano naquele
período. Para a composição do texto:
Utilize elementos da fotografia para exemplificar essas condições.
Considere a situação de subemprego a que muitas pessoas estavam
submetidas e o papel do poder público na realização de investimentos
em moradia popular.
Conclua, respondendo: a realidade mostrada na foto permanece até
os dias de hoje ou foi solucionada?
Reprodução/Cedida por Tarsila do Amaral Empreendimentos Culturais.
Augusto Malta/arquivo da editora
A Gare. 1925. Tarsila do Amaral. ?leo sobre
tela, 84,5 cm x 65 cm. Cole??o particular,
S?o Paulo, SP. Corti?o no Rio de Janeiro no
come?o do s?culo XX.
ATENÇÃO!
Não escreva neste livro!
Dialogando
com ARTE
24
GGB_v3_PNLD2018_006a024_U1C01.indd 24 27/05/16 18:55

Nelson Antoine/Fotoarena
25
CAPÍTULO2
A economia brasileira
ap—s a abertura pol’tica
Leil?o de concess?o para explora??o dos
aeroportos internacionais Ant?nio Carlos Jobim, o
Gale?o, no Rio de Janeiro (RJ), e Tancredo Neves,
Confins, em Belo Horizonte (MG), realizado na
Bolsa de Valores de S?o Paulo, em 2013.
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 25 27/05/16 18:53

N
o capítulo anterior, tratamos da industrialização e da política econômi-
ca até o fim do regime militar e vimos que as famílias e os empresários
tinham grande dificuldade de planejar suas ações futuras. A renda na-
cional se concentrava aceleradamente, diminuindo a qualidade de vida para as
camadas mais pobres da população e favorecendo a elite.
Neste capítulo, vamos estudar a política econômica brasileira desde o início
da abertura política até os dias atuais, conhecendo as consequências da inflação
e os fatores que permitiram obter sucesso em seu controle.
Veremos também as reformas estruturais que ampliaram a inserção da eco-
nomia brasileira no mercado mundial e a estrutura e distribuição do parque in-
dustrial, do comércio e dos serviços.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Dispon?vel em: <www.bcb.gov.br/htms/Museu-espacos/cedulabc.asp?idpai=CEDMOEBR>.
Acesso em: 9 mar. 2016.
De 1942 a 1994 o Brasil teve oito moedas diferentes. Em apenas oito anos, entre 1986 e 1994,
o Brasil teve cinco mudan?as de moeda.
Cruzeiro
1
o
/11/1942
Tiradentes
Cr$ 5 000,00
Cruzeiro
15/5/1970
Rep?blica
Cr$ 1,00
Cruzado Novo
16/1/1989
Machado de Assis
NCz$ 1,00
Cruzeiro Real
1
o
/8/1993
C?mara Cascudo
CR$ 50,00
Cruzeiro Novo
13/2/1967
Get?lio Vargas
NCr$ 0,01
Cruzado
28/2/1986
Rui Barbosa
Cz$ 10,00
Cruzeiro
16/3/1990
Carlos
Drummond
Cr$ 50,00
Real
1
o
/7/1994
Ef?gie da
Rep?blica
Reverso: Arara
R$ 10,00
Fotos: Reprodução/Casa da Moeda do Brasil/Ministério da Fazenda
Cédulas emitidas pelo Banco Central do Brasil — 1942-1994
Neste capítulo aparecem nomes
e fotos de sedes de empresas, de
fábricas e de linhas de produção.
Apenas mencionamos o nome da
empresa/marca com fins didáticos,
quando é estritamente necessário
para a compreensão do tema
tratado, porém com o devido
cuidado de não recomendar
qualquer tipo de produto ou
marca. Nos casos em que a
informação não é relevante, não
mencionamos o nome da
empresa/marca para não
caracterizar publicidade.
Capítulo 226
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 26 27/05/16 18:53

1 A abertura comercial, a privatização
e as concessões de serviços
Ao longo da d?cada de 1980, a ciranda financeira e
as altas taxas de infla??o, com a consequente perda do
poder de compra dos sal?rios, levaram a um per?odo
de estagna??o na produ??o industrial e ao baixo cres-
cimento econ?mico (de acordo com o Banco Mundial,
o PIB brasileiro cresceu em m?dia 2,7% nos anos 1980).
A necessidade de controlar a infla??o e ajustar as con-
tas externas ? fortemente comprometidas com o au-
mento do pre?o do petr?leo e das taxas de juros no
mercado internacional ? havia levado o governo do
general Jo?o Baptista Figueiredo (1979-1985), o ?ltimo
do regime militar, a se preocupar com ajustes de curto
prazo na pol?tica econ?mica. O mesmo ocorreu na ges-
t?o de Jos? Sarney (1985-1989), o primeiro presidente
da abertura pol?tica. Essa prioridade significou uma
d?cada inteira sem planejamento econ?mico de longo
prazo, com exce??o de alguns setores. Houve, nesse
per?odo, uma queda de 5% na participa??o da produ??o
industrial no PIB brasileiro.
Em rela??o ? pol?tica econ?mica e ao papel do Es-
tado, o governo Sarney desenvolveu um incipiente
processo de privatiza??o de empresas estatais, come-
?ando a retirar o Estado do setor produtivo para con-
centrar sua a??o na fiscaliza??o e na regulamenta??o.
Luis Antonio Costa/Ag•ncia Estado
Foram vendidas 17 empresas estatais, das quais as mais
importantes foram a Aracruz Celulose, a Cara?ba Metais
e a Eletrossider?rgica Brasileira.
No governo seguinte, de Fernando Collor de Mello
(1990-1992), o primeiro presidente eleito pela popula??o
ap?s o fim da ditadura, foi criado o Plano Collor, que, al?m
do confisco dos dep?sitos banc?rios em dinheiro (superio-
res a 50 mil cruzeiros*), se apoiava em outros tr?s pontos:
• diminui??o da participa??o do Estado no setor produ-
tivo por meio da privatiza??o de empresas estatais;
• elimina??o dos monop?lios do Estado em telecomu-
nica??es e petr?leo e fim da discrimina??o ao capital
estrangeiro;
• abertura da economia ao ingresso de produtos e ser-
vi?os importados por meio da redu??o e/ou elimina-
??o dos impostos de importa??o, reservas de merca-
do e cotas de importa??o.
Essas medidas tiveram continuidade durante os go-
vernos Itamar Franco (que sucedeu a Fernando Collor) e
Fernando Henrique Cardoso, como veremos adiante.
A abertura do mercado brasileiro aos bens de con-
sumo e de capital exerceu grande influ?ncia no proces-
so de industrializa??o do Brasil. A compra no exterior de
m?quinas e equipamentos industriais de ?ltima gera??o
possibilitou modernizar o parque industrial e aumentar
a produtividade, mas, por outro lado, acarretou o de-
semprego estrutural.
No setor de bens de consumo, a entrada de produtos
importados de pa?ses que aplicavam elevados subsídios
?s exporta??es e pagavam baix?ssimos sal?rios (com des-
taque para a China, nos setores de cal?ados, t?xteis e de
brinquedos) provocou a fal?ncia de muitas ind?strias na-
cionais, contribuindo para elevar ainda mais o desemprego.
Desemprego estrutural: tamb?m chamado de desemprego
tecnol?gico, ? provocado pelo desenvolvimento de novas tec-
nologias, como a robotiza??o e a informatiza??o, que reduzem
a necessidade de utiliza??o de m?o de obra.
Subsídio: benef?cio concedido pelo governo a pessoas, empre-
sas ou setores da economia, que pode se dar na forma de pa-
gamento da diferen?a entre o pre?o de custo (mais alto) e o de
mercado (mais baixo) de determinado bem, garantindo pre?os
que proporcionem ganhos aos produtores; pode se dar tamb?m
na forma de empr?stimos a juros abaixo dos praticados pelo
mercado ou ainda como redu??o ou isen??o de impostos.
* Cerca de R$ 8 700,47, em valores de fevereiro de 2016, usando o ?ndice Nacional de Pre?os ao Consumidor Amplo (IPCA)
como indexador.
Com incessantes remarca??es de pre?os, as pessoas
geralmente faziam suas compras assim que recebiam
o sal?rio, pois no dia seguinte o pre?o da maioria dos
produtos j? estaria mais alto (foto de 1988).
Consulte a indicação
dos sites do Ipea e do
Ministério do
Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior.
Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes
e sites.
A economia brasileira após a abertura política27
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 27 27/05/16 18:53

De outro lado, a concorr?ncia com
mercadorias importadas fez a
qualidade de muitos produtos
nacionais melhorar e provocou
significativa redu??o dos pre?os,
beneficiando os consumidores.
A abertura econ?mica propi-
ciou um aumento no n?mero de
empresas multinacionais e uma
diversifica??o de marcas, al?m de
uma dispers?o espacial das f?bri-
cas (por exemplo, at? ent?o exis-
tiam ind?strias automobil?sticas
apenas em S?o Paulo e Minas
Gerais), como pode ser observado
no mapa ao lado.
A privatiza??o de empresas
estatais e a concess?o de explo-
ra??o dos servi?os de transpor-
te, energia e telecomunica??es
a empresas privadas nacionais e
estrangeiras apresentaram aspectos positivos e ne-
gativos, dependendo da forma como foram realiza-
Organizado pelos autores com dados da ASSOCIA??O NACIONAL DOS
FABRICANTES DE VE?CULOS AUTOMOTORES (ANFAVEA). Dispon?vel em:
<www.anfavea.com.br>. Acesso em: 9 mar. 2016.
das as transfer?ncias e dos problemas relacionados
? administra??o e ? fiscaliza??o.
A maioria das empresas privatizadas, quando eram
estatais, dependia de recursos do governo e n?o pagava
diversos tipos de impostos. Ao privatiz?-las, os governos
federal, estaduais e municipais trocaram uma fonte de
preju?zos por uma maior arrecada??o de impostos. Por
exemplo, no setor sider?rgico, a ?nica estatal lucrativa
era a Usiminas, que, estrategicamente, foi a primeira a
ir a leil?o, para que os investidores acreditassem na dis-
posi??o de reforma estrutural do Estado brasileiro.
Na ind?stria automobil?stica, embora num primeiro
momento tenha havido grande redu??o no n?mero de
trabalhadores por unidade fabril, verificou-se signifi-
cativo aumento no n?mero de instala??es industriais,
com a entrada de novas f?bricas, que at? ent?o n?o
produziam no Brasil (Honda, Toyota, Renault, Peugeot,
entre outras), e novos investimentos de outras empre-
sas, que j? estavam instaladas antes da abertura ?s
importa??es, como a constru??o de uma nova f?brica
da Ford em Cama?ari (BA), mostrada na foto abaixo, e
da GM em Gravata? (RS).
Paulo Fridman/Pulsar Imagens
Motores em linha de
montagem da Ford em
Cama?ari (BA), em 2015. Entre
outros fatores, a dispers?o
espacial do parque industrial
pelo territ?rio foi possibilitada
pelos investimentos em
infraestrutura e incentivada
pelos benef?cios fiscais.
Brasil: principais centros da indústria automobilística – 2014
Banco de imagens/Arquivo da editora
Equador

OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Capricórnio
General Motors: Gravataí
Volkswagen, Nissan, Renault:
São José dos Pinhais
General Motors: São José dos Campos
e São Caetano do Sul
Ford, Volkswagen, Scania,
Mercedes-Benz: São Bernardo do Campo
Volkswagen: Taubaté
Volkswagen: Resende
Mercedes-Benz: Juiz de Fora
RJ
MG
Fiat: Betim
PR
SP
Ford: Horizonte
CE
BA
GO
AM
Peugeot, Citroën: Porto Real
RS
Mahindra Bramont:
Manaus
Agrale: Caxias do Sul
Volvo: Curitiba
Honda: Sumaré
Toyota: Indaiatuba
Hyundai: Anápolis
Mitsubishi: Catalão
Ford: Camaçari
Iveco: Sete Lagoas
Toyota: Sorocaba
55º O
Primeiro polo da indústria
automobilística no Brasil (ABC)
Centros automobilísticos
Estados com indústria
automobilística
0 495 990
km
Capítulo 228
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 28 27/05/16 18:53

Segundo a Associa??o Nacional dos Fabricantes de
Ve?culos Automotores (Anfavea), em 2014, al?m dos
autom?veis de passeio, a ind?stria automobil?stica bra-
sileira produziu 471 191 comerciais leves, 139 965 cami-
nh?es e 32 937 ?nibus, totalizando 3 146 386 ve?culos.
O aumento no volume de produ??o iniciado na d?cada
de 1990 foi acompanhado por uma redu??o no n?me-
ro de empregos, que se recuperou somente a partir de
2010. Isso se explica pela moderniza??o da linha de
produ??o e pelo fato de as montadoras que se instala-
ram recentemente j? empregarem tecnologia de pon-
ta. A abertura comercial obrigou as ind?strias a buscar
uma melhor rela??o qualidade-pre?o para seus produ-
tos. Observe os gr?ficos abaixo.
0
3 000 000
2 500 000
2 000 000
1 500 000
1 000 000
500 000
Unidades
604 499
1 149 940
1 298 437
1 979 545
2 682 924
2 502 293
1990 1995 2000 2005 2010 2014
0
150 000
120 000
90 000
60 000
30 000
117 396
104 614
89 134
94 206
117 654
125 977
Vagas
1990 1995 2000 2005 2010 2014
Brasil: produção de automóveis de passeio Brasil: número de empregos na indústria
automobilística
A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: ASSOCIA??O NACIONAL DOS FABRICANTES DE VE?CULOS AUTOMOTORES (ANFAVEA).
Dispon?vel em: <www.anfavea.com.br/anuario.html>. Acesso em: 9 mar. 2016.
O aumento no pre?o do ped?gio, do pulso
telef?nico ou da energia el?trica obedece ?s
condi??es estabelecidas nos contratos de
concess?o. Para aumentar os pre?os, as
empresas concession?rias devem cumprir
metas de investimento, comprovar
aumento de custos ou registrar em
contrato que o reajuste estar? atrelado a
algum ?ndice de infla??o. Em alguns casos,
at? o percentual de lucro que as empresas
podem obter est? estabelecido em contrato.
Na foto, pra?a de ped?gio na BR-060 entre
Bras?lia (DF) e Goi?nia (GO), 2015.
Minervino Junior/CB/D.A Press
Nos setores de transportes e telecomunica??es,
al?m de as empresas serem deficit?rias, os sistemas es-
tavam muito deficientes e o Estado tinha baixa capaci-
dade de investimento para recuper?-los. As rodovias
estavam malconservadas e uma linha telef?nica era
considerada um patrim?nio pessoal (tr?s anos antes da
privatiza??o do sistema Telebras), chegando a custar
5 mil reais (praticamente 5 mil d?lares) no mercado pa-
ralelo em 1995. Al?m disso, as tarifas p?blicas ? energia
el?trica, telefonia, ped?gios, etc. ? estavam muito defa-
sadas. Seu valor era estabelecido segundo conveni?ncias
pol?ticas e manipulado para que n?o pressionasse as
taxas de infla??o.
Com a privatiza??o e a concess?o de explora??o
dos servi?os p?blicos, esses setores receberam inves-
timentos privados, se expandiram e passaram a operar
em condi??es melhores que anteriormente, ? custa de
aumento nas tarifas.
29
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 29 27/05/16 18:53

Na d?cada de 1990, os governos eram acusados pe-
los partidos de oposi??o de vender o patrim?nio do Es-
tado e abandonar a infraestrutura nas m?os da iniciati-
va privada, com preju?zo para a popula??o. Daquela
?poca at? os dias atuais, o Estado continua legalmente
comandando todos os setores concedidos e privatizados
por interm?dio da a??o de ag?ncias reguladoras: Ag?n-
cia Nacional de Energia El?trica (Aneel), Ag?ncia Nacional
de Telecomunica??es (Anatel), Ag?ncia Nacional do Pe-
tr?leo, G?s Natural e Biocombust?veis (ANP), Ag?ncia
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), entre outras.
Por meio dessas ag?ncias, o governo brasileiro re-
gula e fiscaliza os servi?os e controla o valor das tarifas
praticadas em cada um dos setores.
O setor de energia el?trica constitui um dos casos de
m? gest?o, tanto por parte do governo quanto das empre-
sas concession?rias. Em 2001, foi imposto um racionamen-
to ? popula??o e, em 2009 e 2012, ocorreu um colapso no
abastecimento que deixou grande parte do pa?s sem ener-
gia el?trica por algumas horas (conhecido como ?apag?o?).
Ap?s as privatiza??es, as empresas de telefonia
promoveram uma grande expans?o no n?mero de
aparelhos fixos e m?veis no Brasil, garantindo acesso
quase universalizado desse servi?o ? popula??o ? ob-
serve os gr?ficos abaixo. Entretanto, essa expans?o
acelerada n?o foi acompanhada por melhorias e os
sistemas continuam com s?rios problemas t?cnicos e
de atendimento ao consumidor, prestando servi?os
com qualidade inferior ? de cong?neres dos pa?ses
desenvolvidos. N?o ? raro os sistemas entrarem em
pane e ocorrer desrespeito ?s normas legais de aten-
dimento ao cliente. Em raz?o disso, frequentemente,
as ag?ncias reguladoras lavram multas, ou mesmo
chegam a proibir a expans?o do atendimento.
No entanto, a indexa??o de algumas tarifas p?blicas
causa problemas ? popula??o e ao custo de produ??o
industrial. Como geralmente os sal?rios n?o s?o indexa-
dos (os reajustes s?o negociados por setor e sindicato),
n?o acompanham os reajustes das tarifas, que ano a ano
aumentam seu peso nos or?amentos familiares.
300
250
200
150
10 0
50
0
Milhões
18,8
64,7
68,3
43,4*
261,8
257,7**
242,2
4,6
1997 2 0 11 2013 2016
* O crescimento no uso de aparelhos m?veis reduziu a demanda por
aparelhos &#6684777;xos.
**Entre 2014 e 2016 a economia brasileira entrou em recess?o,
com ?ndices negativos de crescimento, juros, in&#6684780;a??o e taxas de
desemprego em alta.
Aparelhos &#6684777;xosAparelhos m?veis
150
120
90
60
30
0
Grupo de 100 pessoas
11,7
33,1
34,7
21,1
132,8
125,6
123,9
2,8
1997 2 0 11 2013 2016
Aparelhos &#6684777;xosAparelhos m?veis
Brasil: telefonia móvel e fixa – 2016 Brasil: telefones para cada 100 habitantes – 2016
Adaptado de: AG?NCIA NACIONAL DE TELECOMUNICA??ES (ANATEL). Dispon?vel em: <www.anatel.gov.br>. Acesso em: 9 mar. 2016.
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
Uma das principais cr?ticas ao processo de privati-
za??o e concess?o refere-se ao destino dado ao dinhei-
ro arrecadado pelo governo nos leil?es ? direcionado
ao pagamento de juros da d?vida interna, sem amorti-
za??o do montante principal ? e ? desnacionaliza??o
provocada por esse processo.
A forte expans?o no setor de telefonia, no per?odo de 1997 a 2016, demandou investimentos estimados em mais de
20 bilh?es de d?lares. Como havia interesse do setor privado em investir e o governo n?o possu?a recursos ou preferia
dar outro destino ao dinheiro, optou-se por privatizar o setor para atrair investimentos.
Capítulo 230
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 30 27/05/16 18:53

As privatiza??es e a abertura da economia brasi-
leira possibilitaram o ingresso do capital estrangeiro
em setores produtivos anteriormente dominados pelo
Estado e por empresas de capital privado nacional.
A entrada de capital estrangeiro no setor produtivo
fez a economia brasileira reduzir sua depend?ncia do
capital especulativo, o que a tornou mais s?lida e mais
bem estruturada, mas aumentou a sa?da de d?lares na
forma de remessa de lucros e pagamento de royalties
Cleo Velleda/Folhapress
Royalty: comiss?o entre propriet?rio e usu?rio de um
bem, servi?o, propriedade industrial ou produ??o inte-
lectual. Por exemplo, pagam-se royalties para utilizar
tecnologia desenvolvida por terceiros e materializada em
uma m?quina ou rem?dio, entre muitas outras situa??es.
Exportadores de mercadorias: pa?ses selecionados ? 2014
Posi??o/pa?s
Exporta??es
(em bilhões de dólares)
Exporta??es
(% do total mundial)
% das exporta??es
sobre o PIB
1. China 2 342 12,3 22,7
2. Estados Unidos 1 621 8,5 9,3
3. Alemanha 1 508 7,9 39,6
7. Coreia do Sul 573 3,0 40,6
15. M?xico 398 2,1 30,7
18. Espanha 325 1,7 23,5
19. ?ndia 322 1,7 15,7
25. Brasil 225 1,2 9,5
40. ?frica do Sul 91 0,5 26,0
48. Argentina 72 0,4 13,4
Mundo 19 002 100,0 ----------
Adaptado de: WORLD TRADE ORGANIZATION. International Trade Statistics 2015.
Dispon?vel em: <www.wto.org/english/res_e/statis_e/its2015_e/its15_toc_e.htm>. Acesso em: 9 mar. 2016.
Assim, a partir de 1990, os sucessivos
deficits p?blicos se transformaram em su-
peravit ? custa de maior desnacionaliza??o
da economia, o que aumentou o fluxo de
royalties e remessas de lucros. Em contrapar-
tida, a acelerada moderniza??o de alguns
setores da economia fez aumentar a com-
petitividade da nossa produ??o agr?cola e
industrial no mercado internacional.
?s matrizes das empresas que se instalaram no pa?s.
Para equilibrar a balan?a de pagamentos, as estrat?gias
principais s?o o incentivo ?s exporta??es, ao aumento
no fluxo de investimentos estrangeiros, ? internacio-
naliza??o de empresas brasileiras e outras.
Apesar do exposto, o Brasil ainda tem uma econo-
mia muito fechada do ponto de vista comercial quando
comparada ? de outros pa?ses, tanto os desenvolvidos
quanto alguns emergentes.
Observe, na tabela abaixo, que a participa??o bra-
sileira no com?rcio mundial ? inferior ? de pa?ses que
possuem um PIB menor, como Coreia do Sul e M?xico,
entre outros.
Leil?o de privatiza??o do sistema Telebras na
Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (RJ), em 1998.
At? esse ano, o sistema de telefonia brasileiro era
monop?lio do Estado; por?m, a partir da?, passou
a receber investimentos do setor privado, o que
ampliou bastante a disponibilidade de linhas
telef?nicas fixas e m?veis.
A economia brasileira após a abertura política31
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 31 27/05/16 18:54

• Ap?s a ren?ncia de Collor, assumiu seu vice-presidente, Itamar Franco, que comandou o
governo brasileiro de outubro de 1992 at? o final de 1994.
• Nos primeiros sete meses do mandato de Itamar Franco, as taxas de infla??o se mantive-
ram muito altas e o crescimento econ?mico, muito baixo.
SÍNTESE HISTÓRICA
Política econômica brasileira de 1992 a 2016
0
2 500
2 000
1 500
1 000
500
19801981198219831984198519861987198819891990199119921993199419951996199719981999200020 012002200320042005200620072008200920102 0 112012201320142015
IPCA anual (%)
242,2
1972,9
2 477,1
2 2,4 1 2,5 5,9 5,85,9
6,46
10,7
Brasil: inflação (índice mensal oficial – IPCA*/IBGE)
A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: IBGE. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br/series_estatisticas>. Acesso em: 9 mar. 2016.
* IPCA ? ?ndice de Pre?os ao Consumidor Amplo: ? o ?ndice oficial do governo federal para medi??o das metas inflacion?rias.
Tiago Calazans/JC Imagem
Manchete do
Jornal do
Commercio, de
Pernambuco, anunciando
o Plano Real, em 1? de
julho de 1994.
• O Plano Real foi lan?ado em mar?o de 1994 e se baseava na paridade entre a
nova moeda, o real, e o d?lar, com cota??o de R$ 1,00 = US$ 1,00.
• Para controlar o c?mbio, o governo elevou as taxas de juros.
• Essa eleva??o atraiu capitais especulativos do exterior e aumentou as reservas
de d?lares do Banco Central.
• No in?cio do Plano Real houve aumento de 28% no poder aquisitivo da popula-
??o de baixa renda.
• Entretanto, o Banco Central foi for?ado a manter os juros elevados devido:
a) ? falta de empenho do governo e ? conduta da oposi??o, contr?ria aos pro-
jetos de reforma enviados ao Congresso;
b) ao deficit comercial resultante da manuten??o da valoriza??o do real frente
?s moedas estrangeiras;
c) ? ocorr?ncia de crises externas que reduziram a entrada de d?lares na eco-
nomia brasileira.
• A partir de 1997, os ganhos de renda da popula??o de menor poder aquisitivo foram pra-
ticamente anulados pelo aumento dos ?ndices de desemprego e de infla??o n?o repassada
aos sal?rios (leia o texto e observe a tabela em Para saber mais, na p?gina 34, para enten-
der como a infla??o reduz o poder aquisitivo da popula??o de baixa renda).
• Ao longo do governo Luiz In?cio Lula da Silva (2002-2010) n?o houve mudan?as bruscas
quanto ? pol?tica econ?mica vigente. Destacou-se:
a) estabelecimento de metas para a infla??o;
b) responsabilidade fiscal com aumento do superavit prim?rio;
c) eleva??o nas taxas de juros do Banco Central at? abril de 2003, a partir de quando co-
me?ou a passar por lentas redu??es;
Capítulo 232
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 32 27/05/16 18:54

d) manuten??o do c?mbio flutuante;
e) garantia de cumprimento dos contratos.
• Al?m de, em linhas gerais, dar continuidade ? pol?tica econ?mica do governo Fernando
Henrique, o governo de Lula tomou medidas que:
a) cessaram as privatiza??es e concess?es de servi?os p?blicos;
b) aumentaram os superavits comerciais;
c) ampliaram os programas de transfer?ncia de renda ? popula??o carente;
d) elevaram as reservas internacionais, o que levou o pa?s a possuir reservas de moeda
estrangeira superiores ? d?vida externa;
e) elevaram a d?vida interna de R$ 684 bilh?es para R$ 1,9 trilh?o entre abril de 2002 e
outubro de 2012.
• Em 2011 foi empossada como presidente Dilma Rousseff, ex-ministra e sucessora de Lula.
• Ao longo dos governos Lula e Dilma, os investimentos em infraestrutura foram insuficien-
tes para sustentar um crescimento econ?mico mais acelerado.
• A necessidade de novos investimentos em transportes, energia e outros setores levou, em
2012, o governo Dilma a retomar a concess?o da administra??o de usinas, aeroportos,
portos, rodovias e ferrovias ? iniciativa privada.
• No segundo mandato a infla??o disparou, mesmo com a economia em recess?o, por v?rios
fatores, destacando-se:
a) a libera??o de reajustes de pre?os dos combust?veis, energia el?trica, tarifas de trans-
portes coletivos e outros, que estavam represados;
b) desequil?brio fiscal, porque o governo federal gastou mais do que arrecadou em impos-
tos e outras fontes de receita;
c) incentivos tribut?rios a setores selecionados, como a ind?stria automobil?stica, o que
provocou queda na arrecada??o de impostos.
• Em fevereiro de 2016 a infla??o anual atingiu o patamar de 10,5%, as taxas de juros estavam
em 14,25% ao ano, o desemprego aumentou para 7,5% da Popula??o Economicamente
Ativa (PEA) e a economia permanecia em recess?o.
Brasil: taxas médias anuais de crescimento do PIB
7
8
6
5
4
3
2
1
0
4,2
%
2,2
3,4
0,0
0,3
4,3
1,3
2,7
1,1
5,7
3,2
4,0
5,4
5,1
7,5
0,3
3,9
1,9
3,0
__
1
_
2
_
3
_
4
_
0,1
3,8
199719951996 19981999200020 012002200320042005 2 0 11201220132014201520062007200820092010
Adaptado de: BANCO CENTRAL DO BRASIL. Dispon?vel em: <www.bcb.gov.br>. Acesso em: 17 mar. 2016.
A. Robson/Arquivo da editora
Veja a indicação do livro
Economia brasileira,
de Antonio Correia de
Lacerda, na seção Sugestões
de leitura, filmes e sites.
A economia brasileira após a abertura política33
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 33 27/05/16 18:54

Como a inflação concentra renda
At? 1994, a economia brasileira apresentou ?ndices
bastante elevados de infla??o, mas esses ?ndices nunca
foram integralmente repassados aos sal?rios, havendo
forte concentra??o de renda. Por exemplo, se a infla??o
era de 50%, os sal?rios eram reajustados em 40%, redu-
zindo o poder aquisitivo dos trabalhadores e aumentando
a margem de lucro dos empres?rios.
Mesmo que o ?ndice de reajuste dos sal?rios fosse de
50%, continuaria havendo transfer?ncia ou concentra??o
de renda porque, em 1994, 80% dos trabalhadores brasi-
leiros recebiam at? tr?s sal?rios m?nimos mensais (71,6%
em 2008), e a maioria n?o tinha como investir e proteger
seu sal?rio no mercado financeiro para manter o poder
de compra do seu dinheiro.
V?rias entidades divulgam ?ndices de infla??o, como a
Funda??o Instituto de Pesquisas Econ?micas da Universi-
dade de S?o Paulo (Fipe/USP), o IBGE e a FGV, entre outras.
Cada uma adota uma metodologia de c?lculo pr?pria. Por
exemplo, pode-se medir a infla??o nos distribuidores ata-
cadistas ou no varejo para as diferentes classes de renda
mensal, e at? mesmo para as diferentes regi?es do pa?s.
O ?ndice de infla??o ? composto de muitas vari?veis
? alimenta??o, moradia, transporte, vestu?rio, educa??o,
sa?de, lazer, servi?os p?blicos; portanto, varia para as di-
ferentes faixas de renda. Vamos comparar o efeito da
infla??o para duas pessoas: uma com sal?rio mensal de
R$ 600 e outra de R$ 6 mil. Para simplificar a compara??o
e facilitar o entendimento, vamos considerar apenas o
efeito do item alimenta??o nessas duas faixas de renda.
A pessoa que ganha R$ 600 gasta, aproximadamente,
R$ 200, ou 33,3% do seu sal?rio, com alimenta??o. Quem
ganha R$ 6 mil pode gastar, por exemplo, quatro vezes
mais (R$ 800), e, mesmo assim, despenderia apenas 13,3%
da sua renda mensal. Se os gastos com alimenta??o so-
frerem um aumento de 50%, o ?ndice de infla??o ser? de
16,66% para quem ganha R$ 600 (ou seja, R$ 100 a mais
do que gastava: R$ 100/600 3 100 5 16,66%), mas apenas
de 6,66% para quem ganha R$ 6 mil (R$ 400/6 000 3 100
5 6,66%).
Como o governo divulgava um ?nico ?ndice de infla-
??o, v?lido para todas as faixas de renda em todo o terri-
t?rio nacional, sa?a perdendo quem ganhava menos.
Observe na tabela que de 1993 para 1995, com o lan-
?amento do Plano Real, o rendimento m?dio dos traba-
lhadores subiu de 742 para 983 reais. Isso significou um
aumento de 28% no poder aquisitivo.
Para saber mais
Rendimento m?dio mensal real do trabalho principal ? 1993-2014
Ano Pessoas com 15 anos ou mais de idade, com rendimento (R$)
1993 742
1995 983
1997 967
1999 886
2001 800
2003 834
2005 922
2007 1 019
2009 1 003
2011 1 241
2012 1 361
2013 1 516
2014 1 785
Adaptado de: IBGE. S?ries estat?sticas e s?ries hist?ricas; Pesquisa Nacional por Amostra de Domic?lios 2013. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 9 mar. 2016.
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A
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Capítulo 234
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 34 27/05/16 18:54

2 Estrutura e distribuição da indústria brasileira
Não sou especialista em Brasil, mas uma coisa estou
habilitado a dizer: não creiam que mão de obra barata
ainda seja uma vantagem.”
Peter Drucker (1909-2005), administrador que influenciou o meio
acad?mico e empresarial com suas teorias.
Em 2013, a atividade industrial era respons?vel por 28% do PIB brasileiro. Segundo o IBGE (Pesquisa Industrial
Anual ? Empresa), as atividades mais importantes nesse ano e respons?veis por quase 67% do total do valor da
transforma??o industrial do pa?s foram:
18%
fabricação de
produtos alimentícios
e bebidas
14%
derivados de petróleo e
biocombustíveis
9%
produtos químicos e
farmacêuticos
8%
metalurgia e
produtos de metal
2%
informática,
eletrônicos e
ópticos
9%
fabricação de
veículos
automotores
7%
máquinas/equipamentos
e materiais elétricos
Seguindo tend?ncia mundial, o parque industrial
se modernizou e ganhou impulso com a instala??o de
diversos parques tecnol?gicos (ou tecnopolos) espalha-
dos pelo pa?s, que estimulam a parceria entre as uni-
versidades, as institui??es de pesquisa e as empresas
privadas, buscando maior competitividade e desenvol-
vimento de produtos.
No Brasil, h? parques tecnol?gicos em todas as
regi?es, somando 94 espalhados pelo pa?s (em 2013
? 28 em opera??o, 28 em fase de implanta??o e 38 em
fase de projeto). Os principais est?o localizados em:
¥ Sudeste: S?o Paulo, Campinas e S?o Jos? dos Campos
(SP); Santa Rita do Sapuca? e Vi?osa (MG) e Rio de
Janeiro (RJ);
transforma??o industrial do pa?s foram:
18
Monticello/Shutterstock/Glow Images
Christophe Simon/Agência France-Presse
Fotovika/Shutterstock/Glow Images
Caroline Abou Safi/
Shutterstock/Glow Images
Creative Crop/Photodisc/
Getty Images
Didecs/Shutterstock/Glow Images
Christophe Simon/Agência France-Presse
Caroline Abou
Safi/Shutterstock/
Glow Images
%
derivados de petróleo e
biocombustíveis
Caroline Abou
Safi/Shutterstock/
Glow Images
Didecs/Shutterstock/Glow Images
Fotovika/Shutterstock/Glow Images
7%
máquinas/equipamentos
e materiais elétricos
Caroline Abou Safi/
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Creative Crop/Photodisc/
Getty Images
Adaptado de: IBGE. Pesquisa Industrial Anual ? Empresa 2013. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 10 mar. 2016.
A economia brasileira após a abertura política35
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• Nordeste: Recife (PE) ? veja imagem no fim da p?gina;
Fortaleza (CE); Campina Grande (PB) e Aracaju (SE);
• Sul: Porto Alegre (RS); Florian?polis (SC) e Cascavel (PR);
• Centro-Oeste: Bras?lia (DF);
• Norte: Manaus (AM) e Bel?m (PA).
Alguns aspectos positivos da din?mica atual da
ind?stria brasileira que se destacam:
• grande potencial de expans?o do mercado interno,
com desconcentra??o de produ??o e consumo;
• o aumento na produtividade;
• a melhora da qualidade dos produtos.
Vista a?rea do Porto Digital do Recife (PE), em 2014.
A associa??o entre pesquisa tecnol?gica e empresas
p?blicas e privadas atrai investimentos produtivos
em todos os setores da economia.
Veetmano Prem/Fotoarena
Carga tribut?ria: todos os impostos pagos pela popula??o aos
governos municipal, estadual e federal.
Barreira tarif?ria: cobran?a de elevados impostos sobre produ-
tos e servi?os importados.
Barreira n?o tarif?ria: restri??o ou proibi??o de entrada de de-
terminados produtos. Por exemplo, barreiras fitossanit?rias,
cl?usulas trabalhistas, ambientais e outras.
Adaptado de: BRASIL. Minist?rio do Desenvolvimento, Ind?stria e Com?rcio
Exterior (MDIC). Anu?rio Estat?stico 2012. Dispon?vel em:
<www.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 9 mar. 2016.
• elevada carga tributária;
• barreiras tarifárias e não tarifárias impostas por
outros pa?ses ? importa??o de produtos brasileiros.
Esses problemas explicam, em parte, a redu??o da
participa??o percentual do setor industrial na compo-
si??o do PIB a partir da metade da d?cada passada.
N?mero de empregos por g?nero de ind?strias
(mercado formal)
Discrimina??o 2006 2011
Ind?stria 7 875 585 11 161 199
Extrativa mineral 183 188 232 588
Constru??o civil 1 438 7132 810 712
Ind?strias de transforma??o 6 253 684 7 681 193
A abertura econ?mica do pa?s na d?cada de 1990
facilitou a entrada de muitos produtos importados, for-
?ando as empresas nacionais a se modernizar e incorpo-
rar novas tecnologias ao processo produtivo para con-
correr com as empresas estrangeiras. Como observamos
na tabela anterior, apesar da moderniza??o, continua
havendo aumento no contingente de trabalhadores na
ind?stria de todos os g?neros; por?m, vimos tamb?m
que esse aumento n?o acompanhou o ritmo de ingresso
de m?o de obra no mercado de trabalho.
Consulte a indicação do site da
Anprotec. Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes e sites.
A ind?stria ainda enfrenta, por?m, v?rios proble-
mas que aumentam os custos e dificultam a maior
participa??o no mercado externo, como:
• pre?o elevado da energia el?trica;
• flutua??o cambial: quando o d?lar est? alto frente
ao real favorece as exporta??es de produtos indus-
trializados, porque os exportadores recebem mais,
em reais, por unidade vendida. Por?m, encarece as
importa??es de m?quinas e equipamentos para as
ind?strias; quando o d?lar est? baixo, acontece o
contr?rio, encarece as exporta??es, mas barateia as
importa??es;
• problemas de log?stica, como defici?ncias e altos pre-
?os nos transportes;
• baixo investimento p?blico e privado em desenvol-
vimento tecnol?gico;
• insuficiente qualifica??o da for?a de trabalho;
36
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 36 27/05/16 18:54

Desconcentração da atividade industrial
Agroind?stria: empresa
rural que cultiva seus
produtos e tamb?m os
industrializa.
Em fun??o de fatores hist?ricos e de novos inves-
timentos em infraestrutura de energia, transportes
e telecomunica??es, entre outros, o parque industrial
brasileiro vem se desconcentrando e apresenta maior
dispers?o espacial dos estabelecimentos indus-
triais em regi?es historicamente marginalizadas.
Observe a tabela a seguir, que revela a redu??o rela-
tiva da participa??o do Sudeste e o aumento das de-
mais regi?es no valor da produ??o industrial. Depois,
observe no mapa abaixo a grande concentra??o do
parque industrial no Centro-Sul do pa?s e nas princi-
pais capitais nordestinas.
Distribui??o regional do valor da transforma??o industrial ? 1970-2013
Regi?o
Participa??o (%)
1970 1980 1993 2013
Sudeste 80,7 72,6 69,0 60,4
Sul 12,0 15,8 18,0 18,7
Nordeste 5,7 8,0 8,0 9,5
Norte e Centro-Oeste 1,6 3,6 5,0 11,4
Adaptado de: IBGE. Pesquisa industrial anual ? Empresa 2013. Dispon?vel em: <www.ibge.com.br>. Acesso em: 9 mar. 2016; ROSS, J. (Org.).
Geografia do Brasil. S?o Paulo: Edusp, 2011. p. 377. (Did?tica 3).
Desde o in?cio do s?culo XX at?
a d?cada de 1930, o eixo S?o Paulo-
-Rio de Janeiro abrangeu mais da
metade do valor da produ??o in-
dustrial brasileira; mas mesmo as-
sim a organiza??o espacial das ati-
vidades econ?micas era dispersa.
As atividades econ?micas regionais
progrediam de forma quase total-
mente aut?noma. As atividades da
regi?o Sudeste, onde se desenvol-
via o ciclo do caf?, quase n?o inter-
feriam nas atividades econ?micas
que se desenvolviam no Nordeste
(cana, tabaco, cacau e algod?o) ou
no Sul (carne, ind?stria t?xtil e pe-
quenas agroindústrias de origem
familiar) nem sofriam interfer?n-
cia dessas atividades. As ind?strias
de bens de consumo, a maioria li-
gada aos setores aliment?cio e t?x-
til, escoavam a maior parte da sua
produ??o apenas em escala regio-
nal. Somente um pequeno volume
era destinado a outras regi?es, n?o
havendo significativa competi??o
entre as empresas instaladas nas
diferentes regi?es do pa?s, consi-
deradas at? ent?o arquip?lagos
econ?micos regionais.
Embora haja grande concentração industrial no Sudeste
e no Sul do país, atualmente o parque industrial está se
dispersando e já há várias localidades interioranas nas
regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste que apresentam
mais de cem empresas industriais.
Trópico de
Capricórnio
Boa Vista
Macapá
Belém
São Luís
Teresina
Fortaleza
Natal
João
Pessoa
Recife
Maceió
Aracaju
Salvador
Palmas
Manaus
Porto Velho
Rio Branco
Cuiabá
GoiâniaBrasília
Campo
Grande
Belo
Horizonte
Vitória
Rio de
Janeiro
São
Paulo
Curitiba
Florianópolis
Porto Alegre
OCEANO
ATLÂNTICO
55º O

Indústria de transformação
Bens de produção (indústria de base)
Siderúrgica, metalúrgica, material
elétrico, telecomunicações, etc.
Bens intermediários
Equipamentos (ferramentas),
máquinas (mecânica), cimento, etc.
Bens de consumo (indústria leve)
Alimentar, têxtil, bebida, vestuário e
calçado, mobiliário, automóvel, etc.
Indústria extrativa
Produtos minerais, madeira e
borracha (seringueira)
Pesca industrial
Indústria da construção
Aeronáutica, aeroespacial,
náutica e bélica
Construção pesada
Hidrelétrica, aeroportos, túneis, etc.
Maior concentração industrial
Outras concentrações industriais
0 440 880
km
Equador
Brasil: distribui??o espacial da indœstria Ð 2010
Adaptado de: SIMIELLI, M. E. Geoatlas. 34. ed. S?o Paulo: ?tica, 2014.
Banco de imagens/Arquivo da editora
A economia brasileira após a abertura política37
GGB_v3_PNLD2018_025a047_U1C02.indd 37 27/05/16 18:54

A crise do caf? e o impulso ? industrializa??o, co-
mandado pelo Sudeste, alteraram esse quadro. Os mer-
cados regionais se integraram mais fortemente, co-
mandados pelo centro econ?mico mais din?mico do
pa?s, o eixo S?o Paulo-Rio de Janeiro, interligando os
arquip?lagos econ?micos regionais. A participa??o de
produtos industriais do Sudeste nas demais regi?es do
pa?s aumentou, o que levou muitas ind?strias, princi-
palmente nordestinas, ? fal?ncia.
Al?m de terem se iniciado historicamente com mais
for?a no Sudeste, as atividades industriais tenderam a
concentrar-se nessa regi?o por causa de dois outros
fatores b?sicos:
• a complementaridade industrial: as ind?strias de au-
tope?as tendem a se localizar pr?ximo ?s automobi-
l?sticas; as petroqu?micas, pr?ximo ?s refinarias; etc.;
• a concentra??o de investimentos p?blicos no setor
de infraestrutura industrial: detentores do poder
econ?mico pressionam os governantes a atender ?s
suas reivindica??es. O governo gasta menos concen-
trando investimentos em determinada regi?o, em
vez de distribu?-los pelo territ?rio nacional, sobretu-
do no in?cio do processo de industrializa??o, quando
os recursos eram mais escassos.
A primeira grande a??o governamental para disper-
sar o parque industrial aconteceu em 1968, com a cria??o
da Superintend?ncia da Zona Franca de Manaus (Sufra-
ma) e do polo industrial naquela cidade, o que promoveu
grande crescimento econ?mico. Em seguida, estabele-
ceram-se os Planos Nacionais de Desenvolvimento dos
governos M?dici (1969-1974) e Geisel (1974-1979), no fim
da d?cada de 1970 e in?cio da seguinte, e come?aram a
ser inauguradas as primeiras usinas hidrel?tricas nas
regi?es Norte e Nordeste: Tucuru?, no rio Tocantins (PA);
Sobradinho, no rio S?o Francisco (BA); e Boa Esperan?a,
no rio Parna?ba (PI). Quando o governo passou a atender
ao menos parte das necessidades de infraestrutura das
regi?es historicamente marginalizadas, come?ou a haver
um processo de dispers?o do parque industrial pelo ter-
rit?rio, n?o apenas em escala nacional, mas regional.
N?o s? as ind?strias se deslocaram, como tamb?m
a m?o de obra. Os donos das ind?strias passaram a
buscar m?o de obra mais barata e lugares onde os
sindicatos n?o eram t?o atuantes. Mesmo no estado
de S?o Paulo, o mais equipado do pa?s quanto ? infra-
estrutura de energia e transportes, historicamente
houve maior concentra??o de ind?strias na Regi?o
Metropolitana de S?o Paulo.
Atualmente, seguindo uma tend?ncia j? verificada
em pa?ses desenvolvidos, tem ocorrido um processo de
deslocamento das ind?strias em dire??o ?s cidades
m?dias em todas as regi?es do pa?s, como as que rece-
beram a instala??o dos parques tecnol?gicos, que vi-
mos na p?gina 36. O desenvolvimento da inform?tica
e a moderniza??o da infraestrutura de produ??o de
energia, transporte e telecomunica??o criaram condi-
??es de especializa??o produtiva por interm?dio da
integra??o regional. Nas regi?es buscam-se, atualmen-
te, a especializa??o em poucos setores da atividade
econ?mica e a aquisi??o, em outros mercados (do Bra-
sil ou do exterior), dos bens de consumo que atendam
ao cotidiano da popula??o.
Rio S?o Francisco, na divisa entre as cidades de
Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), em 2012. Os projetos
de agricultura irrigada instalados no Vale do S?o
Francisco tornaram essas cidades um grande polo
de atra??o de investimentos agroindustriais.
Leo Caldas/Pulsar Imagens
38
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Pensando no Enem
PIB por habitante
em 2004
13 000
9 739
6 000
4 000
Média
0 545
km
Adaptado de: CIATONNI, A. Géographie. L’espace mondial.
Paris: Hatier, 2008.
A partir do mapa apresentado, é possível inferir que nas
últimas décadas do século XX registraram-se processos
que resultaram em transformações na distribuição das
atividades econômicas e da população sobre o território
brasileiro, com reflexos no PIB por habitante. Assim,
a) as desigualdades econômicas existentes entre
regiões brasileiras desapareceram, tendo em vista a
modernização tecnológica e o crescimento vivido
pelo país.
b) os novos fluxos migratórios instaurados em direção
ao Norte e ao Centro-Oeste do país prejudicaram o
desenvolvimento socioeconômico dessas regiões, in-
capazes de atender ao crescimento da demanda por
postos de trabalho.
c) o Sudeste brasileiro deixou de ser a região com o
maior PIB industrial a partir do processo de descon-
centração espacial do setor, em direção a outras re-
giões do país.
d) o avanço da fronteira econômica sobre os estados da
região Norte e do Centro-Oeste resultou no desenvol-
vimento e na introdução de novas atividades econô-
micas, tanto nos setores primário e secundário, como
no terciário.
e) o Nordeste tem vivido, ao contrário do restante do país,
um período de retração econômica, como consequência
da falta de investimentos no setor industrial com base
na moderna tecnologia.
Resolução
A alternativa correta ? a D. A partir das d?cadas de
1960, com a constru??o de Bras?lia, e de 1970, com in-
vestimentos em infraestrutura produtiva, passou a ha-
ver maior crescimento econ?mico com instala??o de
ind?strias e projetos agroindustriais.
Mario Friedlander/Pulsar Imagens
Banco de imagens/Arquivo da editora
Vista a?rea de planta??o de milho e silos graneleiros em Sorriso (MT), 2014. A agroind?stria promove grande crescimento dos
setores de com?rcio e servi?os nos munic?pios da regi?o onde se instalam.
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39A economia brasileira após a abertura política
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3 Estrutura e distribuição espacial do comércio
e dos serviços
Desde o final do s?culo XIX as atividades terci?rias
(com?rcio e servi?os) concentram a maior participa??o
no PIB e no n?mero de empregos no pa?s, porque ?
nelas que circulam todos os bens produzidos nas ativi-
dades prim?rias e secund?rias e s?o prestados os di-
versos tipos de servi?os a pessoas e empresas de todos
os setores ? observe o gr?fico ao lado.
As empresas que exercem as atividades de com?r-
cio e servi?os possuem grande diversidade e comple-
xidade em termos de tamanho, qualidade, produtivi-
dade, n?mero de empregados, faturamento, etc.
No Brasil, segundo o Atlas Nacional de Comércio e
Serviços (IBGE, 2013), em 2011, 99% das empresas que
exerciam atividades terci?rias eram micro ou pequenas,
envolvendo diversos ramos de atividade que atuam em
pequena escala, como sal?es de beleza, oficinas de
costura, pequeno com?rcio, manuten??o de equipa-
mentos dom?sticos, entre outros. No total, as micro e
pequenas empresas ocuparam, naquele ano, 51,6% da
m?o de obra do setor, o que significa dizer que 1% das
empresas que exerciam atividades terci?rias eram de
m?dio e grande porte e ocupavam 48,4% da m?o de
obra. Na maioria das empresas que exercem atividades
terci?rias, como alguns com?rcios e presta??o de ser-
vi?os, vigora o uso intensivo de m?o de obra familiar e
contratada em atividades nas quais h? dificuldade de
substitui??o de pessoas por ?m?quinas?. Observe os
exemplos nas fotos desta p?gina.
16,4
Indústria (transfomação, extrativa,
eletricidade, gás e saneamento)
6,4
Construção
civil
5,2
Agropecuária
72,0
Comércio e serviços
Brasil: participação dos setores econômicos
no PIB – 2015 (em %)

A. Robson/Arquivo da editora
Zé Martinusso/Opção Brasil Imagens
Adaptado de: IBGE. Contas Nacionais Trimestrais: 4? Tri/2015.
Dispon?vel em: <www.ibge.gov. br>. Acesso em: 10 mar. 2016.
Manicures
trabalhando em sal?o
de beleza no Rio de
Janeiro, em 2014.
Marcos André/Opção Brasil Imagens
Trabalhador em f?brica de m?veis em Igrejinha (RS), 2015.
Capítulo 240
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Alguns setores de com?rcio e servi?os podem
ser automatizados, como a substitui??o de pessoas
por computadores, c?meras de monitoramento,
sistemas eletr?nicos, etc., o que reduz a quantidade
de empregos. Isso j? acontece, h? algum tempo, por
exemplo, em bancos e empresas de seguran?a, en-
tre outros (veja a foto a seguir).
Observe a tabela abaixo e perceba que, em 2011, 82,9%
das empresas brasileiras atuavam em com?rcio ou servi-
?os, empregando 63,7% do pessoal ocupado no Brasil.
Diego Herculano/Fotoarena
Brasil: Empresas e pessoal ocupado por setor ? 2011
Setores
N?meros de empresas
(em %)
Pessoal ocupado
Com?rcio 47,0 26,7
Servi?os 35,9 37,0
Constru??o civil 5,0 7,8
Demais 12,0 28,5
Total 100,0 100,0
Adaptado de: BRASIL. Minist?rio do Desenvolvimento, Ind?stria e Com?rcio Exterior. Atlas Nacional de Comércio e Serviços. 1. ed. Bras?lia: MDICE, IBGE, IPEA, 2013.
Dispon?vel em: <www.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 9 mar. 2016.
No Brasil, a expans?o dos caixas eletr?nicos ganhou impulso na d?cada de 1980. Atualmente, s?o amplamente utilizados n?o s? no
interior de ag?ncias banc?rias ? onde substituem banc?rios e reduzem a quantidade de m?o de obra ?, mas tamb?m est?o
espalhados por todo o pa?s, em mercados, postos de gasolina, shopping centers e outros tipos de estabelecimento. Na imagem, caixas
eletr?nicos dentro de ag?ncia banc?ria em Recife (PE), em 2015.
A economia brasileira após a abertura política41
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A distribui??o espacial das atividades terci?rias se-
gue o padr?o da distribui??o da popula??o pelo terri-
t?rio, com concentra??o espacial no Centro-Sul do
pa?s e nas regi?es de economia mais din?mica. Segun-
do o Atlas Nacional de Comércio e Serviços, em 2011, as
regi?es Sudeste e Sul concentravam:
• 81,1% da receita bruta de presta??o de servi?os;
• 81,3% do valor dos sal?rios, retiradas e outras remu-
nera??es;
• 60,3% do pessoal ocupado.
Ainda segundo o Atlas Nacional de Comércio e Ser-
viços, quanto ? receita bruta, observava-se, na estrutu-
ra do com?rcio brasileiro, predomin?ncia do com?rcio
por atacado nas regi?es Norte (47,7%), Sudeste (44,4%)
e Centro-Oeste (42,6%). O com?rcio varejista obteve
maior representa??o na regi?o Nordeste (48,2%). Na
regi?o Sul, o com?rcio por atacado (42,8%) e o varejista
(42,7%) obtiveram percentuais praticamente equiva-
lentes. No entanto, naquele ano, o com?rcio varejista
foi respons?vel pelo maior n?mero de pessoas ocupa-
das em todo o Brasil.
O rendimento m?dio do trabalho tamb?m apre-
sentava diferen?as em sua distribui??o espacial. A
regi?o Sudeste apresentava a maior m?dia, com 2,0
sal?rios m?nimos ? acima da m?dia brasileira, que
foi de 1,8 ?, enquanto as regi?es Norte e Sul situaram-
-se exatamente nessa m?dia (1,8) e as regi?es Nor-
deste e Centro-Oeste ficaram abaixo (1,4 e 1,7, res-
pectivamente).
? interessante destacar que algumas empresas de
presta??o de servi?os que n?o demandam presen?a
f?sica pr?xima ao cliente, como telecomunica??o e te-
leatendimento, embora apresentem pequena partici-
pa??o percentual no conjunto total das atividades
terci?rias, est?o se instalando em munic?pios de regi?es
distantes das quais se originaram.
O com?rcio atacadista de alimentos est? concentrado espacialmente nos m?dios e grandes centros urbanos e abastece tanto a
popula??o em geral como os varejistas espalhados por diversos bairros e outros munic?pios, onde s? h? com?rcio de pequeno e
m?dio portes. Na imagem, interior de com?rcio atacadista de alimentos na zona sul do Recife (PE), em 2014.
Edmar Melo/JC Imagem/Folhapress
Capítulo 242
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Atividades
Compreendendo conteúdos
1. Quais foram os aspectos positivos e os negativos da abertura da economia brasileira iniciada em 1990?
2. Por que o processo de industrializa??o brasileiro foi marcado pela concentra??o industrial na regi?o Sudeste?
3. Observe a imagem abaixo, leia sua legenda e depois responda.
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As maiores cidades do interior
paulista (como Campinas, S?o
Jos? dos Campos, Ribeir?o
Preto, Sorocaba e outras),
assim como a regi?o
polarizada por elas, possuem
forte poder de atra??o
industrial. Na foto, oper?rios
trabalhando na linha de
produ??o de colheitadeiras
agr?colas em Sorocaba (SP),
em 2013.
Quais fatores t?m motivado o recente processo de dispers?o do parque industrial brasileiro?
4. Por que o com?rcio e os servi?os seguem o padr?o de distribui??o da popula??o pelo territ?rio brasileiro?
Desenvolvendo habilidades
5. Observe a charge e reveja os gr?ficos da p?gina 29. Depois, escreva um texto argumentando a favor da ideia
central desta charge ou contra ela.
Paulo Fridman/Pulsar Imagens
6. Leia novamente o texto ?Como a infla??o concentra renda?, na p?gina 34, relacione-o ao gr?fico das taxas mensais
de infla??o (p?gina 32) e explique quais s?o as consequ?ncias da infla??o sobre:
a) o poder aquisitivo da popula??o;
b) a distribui??o da renda nacional entre as classes sociais.
© Bruno/Acervo do artista
Charges Bruno. Dispon?vel em:
<http://chargesbruno.blogspot.
de/2012_10_01_archive.html>.
Acesso em: 4 maio 2016.
A economia brasileira após a abertura política43
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Vestibulares de Norte a Sul
1. SE (Unesp-SP)
O processo de desconcentra??o industrial no estado de
S?o Paulo, iniciado na d?cada de 1970, alterou profunda-
mente seu mapa e territ?rio: a mancha metropolitana da
capital se expandiu em dire??o ao Vale do Para?ba, Soroca
-
ba e ?s regi?es de Campinas e Ribeir?o Preto, conglomera-
dos urbanos especializados se formaram ao longo de uma
densa malha rodovi?ria e as cidades m?dias assumiram a
lideran?a do mercado em seu entorno.
(Claudia Izique. Pesquisa FAPESP, julho de 2012.)
A transforma??o da ind?stria na metr?pole de S?o
Paulo pode ser entendida pela modifica??o do sistema
de produ??o, associada aos avan?os em transporte e
comunica??o. As empresas que participaram desse
processo procuravam
a) conseguir m?o de obra suficiente para suas ativi-
dades, j? que na metr?pole os trabalhadores n?o
aceitavam mais trabalhar nas f?bricas.
b) adquirir mat?ria-prima para seus produtos, visto
que os recursos naturais na metr?pole haviam se
esgotado.
c) obter novos mercados, j? que a influ?ncia dos produtos
importados no centro da metr?pole ? muito grande.
d) antecipar mercados, prevendo as futuras necessi-
dades das cidades m?dias em expans?o.
e) reduzir os custos da produ??o, sabendo que as no-
vas cidades ofereciam incentivos fiscais, terrenos e
m?o de obra mais baratos.
2. NE (UPE) Considere o texto a seguir:
Brasil
[?] o valor coincide com o que internacionalmente ? con-
siderado extrema pobreza. A ONU estabeleceu o rendimen-
to di?rio de 1,25 d?lar, o que, na cota??o de hoje, d? perto de
67 reais no m?s. Ent?o, ? simples: definimos o valor de 70
reais, pegamos o ?ltimo Censo do IBGE, fizemos as contas e
chegamos aos 16 milh?es de brasileiros. ? uma popula??o
extremamente fr?gil: 60% est? no Nordeste, 71% ? de negros,
metade na zona rural, apesar de s? 15% da popula??o viver
no campo, e 40% tem menos de 14 anos. ? entre crian?as e
adolescentes que se concentra a maior fragilidade.
Entrevista: Tereza Campelo, ministra do Desenvolvimento Social,
revista Carta Capital, 22 de junho de 2011.
Com base no texto, analise os itens seguintes:
I. O percentual atual de extrema pobreza no Brasil,
localizada em sua maior parte na regi?o Nordeste,
tem origem, dentre outros fatores, no atraso econ?-
mico hist?rico, relativo a essa regi?o, associado ao
contexto nacional, que foi intensificado pela impos-
sibilidade de desenvolver um parque industrial que
Testes
lhe permitisse acompanhar o avan?o da produ??o
industrial do pa?s, concentrado, sobretudo, na regi?o
Sudeste.
II. A evolu??o socioecon?mica do Brasil, em que pesem
as dimens?es territoriais do pa?s, foi marcada por pro-
cessos homog?neos que induziram a uma crescente
descentraliza??o regional de produ??o e da renda.
Isso intensificou significativamente as desigualdades
regionais, conformando um padr?o microrregional
que diferenciou, sobretudo, as regi?es Sul e Nordeste.
III. A configura??o territorial resultante das disparidades
econ?micas regionais no Brasil reafirma situa??es de
desigualdades entre empresas e regi?es, acentuando
atra??es locacionais, que possuem atributos vantajo-
sos, e excluindo da din?mica de mercado regional as
?reas consideradas polos produtores de tecnologia
moderna, a exemplo da regi?o Sudeste.
Apenas est? correto o que se afirma em
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) II e III.
e) III.
3. CO (UFG-GO) A atual organiza??o espacial do territ?rio
brasileiro cont?m disparidades regionais de diferentes
ordens. O governo brasileiro implementou, nas ?ltimas
d?cadas, v?rias estrat?gias e pol?ticas p?blicas, obje-
tivando super?-las. Mesmo assim, algumas dessas
disparidades persistiram e intensificaram-se. No que
se refere ? atividade industrial, verifica-se que
a) o processo de desconcentra??o espacial do setor
metal?rgico foi eficaz e conseguiu reduzir a con-
centra??o na regi?o Norte com a implanta??o da
Zona Franca de Manaus.
b) a forma??o das regi?es metropolitanas na regi?o
Centro-Oeste est? associada ao desenvolvimento
industrial promovido pelo projeto desenvolvimen-
tista de Juscelino Kubitschek.
c) a descentraliza??o industrial ocorre com maior fre-
qu?ncia para o interior dos estados do Sudeste e
Sul, desencadeando a chamada guerra fiscal.
d) na regi?o Norte essa atividade est? ligada ? implan-
ta??o de numerosos polos agroindustriais durante
os governos militares, visando promover a integra-
??o nacional.
e) as estrat?gias desenvolvidas na regi?o Nordeste es-
t?o focadas no setor farmac?utico e de cosm?ticos,
basea das no modelo de substitui??o de importa??es.
4. NE (Uespi) A partir da d?cada de 1950, verificou-se uma
intensifica??o no processo de industrializa??o em di-
versas regi?es do planeta. No caso de pa?ses latino-
-americanos, como, por exemplo, o Brasil, a Argentina
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Unidade 144
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e o M?xico, em que se baseou, fundamentalmente, a
industrializa??o?
a) Nos recursos minerais e no crescimento populacional.
b) Na farta m?o de obra barata e na baixa taxa de
crescimento vegetativo.
c) Na internacionaliza??o dos mercados, primeira-
mente, e nas elevadas taxas de reserva cambial.
d) Nas diversidades regionais e na renda per capita da
popula??o.
e) Na substitui??o das importa??es e, posteriormen-
te, na internacionaliza??o dos mercados.
5. SE (Unesp-SP) Analise a tabela.
Varia??o do percentual de posi??es de atendimento
das empresas de teleatendimento, por regi?o
brasileira, 2000-2011
Regi?o
Percentual de posi??es de
atendimento
2000 2011
Sudeste 71% 78,1%
Nordeste 5,3% 16%
Sul 16,4% 3,4%
Centro-Oeste 4,6% 2%
Norte 2,7% 0,5%
Brasil 100% 100%
(Marina Castro de Almeida. ?Em outros pontos da rede?. Estudos Geográficos,
janeiro/julho de 2014.)
A partir dos dados apresentados na tabela e conside-
rando as especificidades dos servi?os de teleatendimen-
to, ? correto afirmar que, no per?odo analisado, houve
a) redu??o na representatividade da regi?o Sudeste,
explicada pela baixa din?mica econ?mica e pela
parca disponibilidade de m?o de obra qualificada.
b) redu??o na representatividade da regi?o Sul, enten-
dida pelo colapso de suas redes informacionais e pelos
altos impostos cobrados pela administra??o p?blica.
c) aumento na representatividade da regi?o Nordeste,
associado ? disponibilidade de redes t?cnico-infor-
macionais e aos menores custos de opera??o.
d) aumento na representatividade da regi?o Centro-
-Oeste, devido ao incremento do agroneg?cio e ?
amplia??o dos servi?os terceirizados.
e) redu??o na representatividade da regi?o Norte, expli-
cada pela raridade de centros urbanos e pelo interes-
se privado em oferecer servi?os ligados ao campo.
6. CO (UFMS) Sobre a industrializa??o brasileira, assinale
as proposi??es verdadeiras.
I. A ind?stria de bens de consumo dur?veis, implanta-
da a partir do Plano de Metas de Juscelino Kubits-
chek, teve significativa participa??o de iniciativas
estrangeiras, com destaque do setor automobil?stico.
II. A implanta??o de uma industrializa??o, sem pr?via
reforma agr?ria, desembocou numa profunda crise
agr?ria, manifestada pela excessiva transfer?ncia
da popula??o do campo para a cidade.
III. As iniciativas estatais, iniciadas no governo de Ge-
t?lio Vargas, concentraram-se no setor de infraes-
trutura e ind?stria de base.
IV. Por causa da ?voca??o agr?cola? do Brasil, a nossa
industrializa??o n?o se completou; temos um par-
que industrial incompleto e em processo de suca-
teamento desde meados dos anos 1970.
V. A concentra??o das ind?strias mais din?micas na
regi?o Sul do pa?s fez com que as demais regi?es
ficassem subordinadas a ela.
Est?o corretas:
a) I, II, III.
b) I, II, III, IV.
c) I, II, IV, V.
d) II, III, IV, V.
e) I, III, V.
7. S (UEL-PR) A partir dos anos 1930, o Brasil intensificou
seu processo de industrializa??o e, assim, a ind?stria
superou a agropecu?ria em termos de participa??o no
PIB. At? os anos de 1980, o Estado atuou de forma de-
cisiva nesse processo.
Com base nos conhecimentos sobre a participa??o do
Estado no processo de industrializa??o brasileira entre
1930 e 1980, ? correto afirmar que o Estado brasileiro:
a) Investiu na chamada ind?stria de base, construiu
infraestrutura nos setores de energia, transporte e
comunica??o e foi respons?vel pela cria??o da le-
gisla??o trabalhista.
b) Priorizou o transporte ferrovi?rio, estatizou as em-
presas do setor de bens de consumo, adotou legis-
la??o trabalhista mais r?gida em rela??o ?quela que
vigorou na era Vargas.
c) Estatizou a ind?stria de bens de consumo dur?veis,
privatizou as empresas estatais de gera??o e distri-
bui??o de energia el?trica, petr?leo e g?s natural e
revogou a legisla??o trabalhista do per?odo Vargas.
d) Incentivou, por meio de privatiza??es, investimen-
tos no setor de infraestrutura de transportes, tais
como estradas e hidrovias, e abriu o mercado inter-
no ? importa??o, reduzindo barreiras alfandeg?rias.
e) Abriu, por meio de parcerias, o mercado interno ao in-
vestimento especulativo estrangeiro nas ?reas de se-
curidade social, telecomunica??es e finan?as, facilitan-
do a remessa de recursos financeiros para o exterior.
45Brasil: indústria, política econômica e serviços
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8. NE (Ufal) A partir da d?cada de 1970, dois fatos impor-
tantes ocorreram simultaneamente: in?cio da diminui-
??o da concentra??o industrial no Sudeste e o processo
de desconcentra??o industrial no Brasil. Dentre os mo-
tivos que podem explicar esses fatos citam-se:
a) o esgotamento dos recursos minerais no Sudeste e
o aumento das necessidades de exporta??o geradas
pela entrada do Brasil na Aladi.
b) a forte atua??o do Estado criando incentivos fiscais
para que ind?strias do Sudeste se instalassem em
outras regi?es e o desenvolvimento em ?mbito nacio-
nal de infraestrutura de transportes e comunica??es.
c) o aumento das necessidades de combust?veis f?s-
seis como o carv?o e o petr?leo, inexistentes no
Sudeste, e a forma??o do Mercosul, que representa
maiores exporta??es para o pa?s.
d) o decl?nio acentuado dos fluxos migrat?rios em di-
re??o ao Sudeste e a descoberta de importantes
recursos minerais em v?rios pontos do pa?s, como o
caso de Caraj?s.
e) a limita??o do espa?o do Sudeste para a instala??o de
novos parques industriais e a eleva??o generalizada dos
padr?es de renda e consumo da popula??o brasileira.
9. SE (UFMG) Nos ?ltimos anos, o Brasil experimentou
um amplo processo de privatiza??o da economia.
? incorreto afirmar que esse processo:
a) constituiu uma resposta do Estado brasileiro ? neces-
sidade de se tornar mais ?gil nas quest?es que lhe com-
petem e, tamb?m, ?s press?es neoliberais, que acom-
panham a tend?ncia internacionalmente imposta.
b) aumentou o ?ndice de desemprego no pa?s pelo fe-
chamento de postos de trabalho, uma das exig?n-
cias do capital privado para se tornar competitivo
em n?vel mundial.
c) fortaleceu a presen?a do Estado brasileiro dentro
das fronteiras pol?ticas nacionais em rela??o tanto
ao capital especulativo quanto ao produtivo, que
interferem na economia do pa?s.
d) contribuiu para um expressivo aumento da participa-
??o do capital estrangeiro na economia brasileira, no
setor produtivo e naqueles de presta??o de servi?os,
anteriormente considerados monop?lio do Estado.
10. SE (Unicamp-SP) O texto abaixo descreve alguns aspectos
da implanta??o da ind?stria automobil?stica no Brasil.
[...] as montadoras estrangeiras, a começar pelas eu-
ropeias, aceitaram o convite e instalaram suas fábricas
no Brasil, ao lado das empresas já em operação no país:
Quest›es
a Fábrica Nacional de Motores (FNM), produzindo ini-
cialmente alguns caminhões, e a Vemag (automóveis e
utilitários) [...], ambas de capital nacional. A Vemag foi
comprada pela Volkswagen [...], a FNM foi comprada pela
Alfa Romeo e posteriormente incorporada à Fiat.
Adaptado de: Retratos do Brasil. S?o Paulo, p. 262.
a) A partir de quando as grandes montadoras estran-
geiras vieram para o Brasil e onde se instalaram?
b) Quais as caracter?sticas da industrializa??o brasilei-
ra, a partir desse momento?
11. SE (UFRRJ) O mapa a seguir mostra a distribui??o dos
?shopping-centers? pelo Brasil.
Nœmero de shopping centers
27 15 8 6 3 21
Os centros comerciais s?o um elo importante na cadeia
de distribui??o de produtos e servi?os, incluindo dife-
rentes atividades de lazer. S?o tamb?m o resultado de
grandes investimentos imobili?rios, que modificam a
estrutura e o dinamismo das cidades.
A partir do mapa e da afirmativa,
a) justifique a maior concentra??o de ?shopping-cen
-
ters? na Regi?o Centro-Sul;
b) apresente duas modifica??es na organiza??o das
cidades que tenham resultado da constru??o/ins-
tala??o de um ?shopping-center?.
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Unidade 146
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Caiu no EnemCaiu no Enem
1. A partir dos anos 70, imp?e-se um movimento de descon-
centra??o da produ??o industrial, uma das manifesta??es
do desdobramento da divis?o territorial do trabalho no
Brasil. A produ??o industrial torna-se mais complexa, es-
tendendo-se, sobretudo, para novas ?reas do Sul e para
alguns pontos do Centro-Oeste, do Nordeste e do Norte.
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do
século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2002 (fragmento).
Um fator geográfico que contribui para o tipo de alte-
ração da configuração territorial descrito no texto é:
a) Obsolescência dos portos.
b) Estatização de empresas.
c) Eliminação de incentivos fiscais.
d) Ampliação de políticas protecionistas.
e) Desenvolvimento dos meios de comunicação.
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SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do
d) Ampliação de políticas protecionistas.
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do
século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2002 (fragmento).
d) Ampliação de políticas protecionistas.
e) Desenvolvimento dos meios de comunicação.
Em 1974, a Fiat foi a primeira montadora de autom?veis a se instalar fora do ABC paulista, dando in?cio ? dispers?o espacial
desse setor industrial pelo territ?rio brasileiro. Na imagem, vista a?rea da f?brica da Fiat na rodovia Fern?o Dias em Betim (MG),
em 2015. Para rever a distribui??o atual da ind?stria automobil?stica no Brasil, retome o mapa da p?gina 28.
Delfim Martins/Pulsar Imagens
2. Uma pesquisadora francesa produziu o seguinte tex-
to para caracterizar nosso país:
O Brasil, quinto pa?s do mundo em extens?o territorial,
? o mais vasto do hemisf?rio Sul. Ele faz parte essencial-
mente do mundo tropical, ? exce??o de seus estados
mais meridionais, ao sul de S?o Paulo. O Brasil disp?e de
vastos territ?rios subpovoados, como o da Amaz?nia,
conhece tamb?m um crescimento urbano extremamen-
te r?pido, ?ndices de pobreza que n?o diminuem e uma
das sociedades mais desiguais do mundo. Qualificado
de ?terra de contrastes?, o Brasil ? um pa?s moderno do
Terceiro Mundo, com todas as contradi??es que isso tem
por consequ?ncia.
([Adaptado de] DROULERS, Martine. Dictionnaire geopolitique des ?tats.
Organizado por Yves Lacoste. Paris: ?ditions Flamarion, 1995)
O Brasil é qualificado como uma “terra de contrastes”
por
a) fazer parte do mundo tropical, mas ter um crescimen-
to urbano semelhante ao dos países temperados.
b) não conseguir evitar seu rápido crescimento urba-
no, por ser um país com grande extensão de fron-
teiras terrestres e de costa.
c) possuir grandes diferenças sociais e regionais e ser
considerado um país moderno do Terceiro Mundo.
d) possuir vastos territórios subpovoados, apesar de
não ter recursos econômicos e tecnológicos para
explorá-los.
e) ter elevados índices de pobreza, por ser um país
com grande extensão territorial e predomínio de
atividades rurais.
47Brasil: indústria, política econômica e serviços
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Energia e
meio ambiente
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), entre 2010 e
2035 o consumo mundial de eletricidade deverá aumentar em um
terço. Nesse período, as emissões de CO
2
, um dos principais gases
responsáveis pelo efeito estufa, deverão crescer 20%. Os
combustíveis fósseis devem continuar respondendo por cerca de
80% da energia consumida no planeta, com destaque para a
China e a Índia, apesar de esses dois países investirem bastante
em fontes renováveis.
Já em outros países emergentes e nos desenvolvidos, a tendência
é a participação percentual dos combustíveis fósseis reduzir e a
de fontes renováveis e menos poluentes aumentar, com
crescimento no consumo de combustíveis derivados de cana-de-
-açúcar e de milho, energia eólica, solar e outras.
Quais são as consequências ambientais e socioeconômicas do
aumento da produção e do consumo de energia no planeta Terra?
A resposta para essa e outras questões vamos conhecer nos
próximos capítulos.
2UNIDADE
48
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Ashley Cooper/Corbis/Latinstock
CAPÍTULO3
Produção mundial
de energia
Entre as torres de transmiss?o podemos
observar o receptor de energia solar no deserto de
Mojave, na Calif?rnia (Estados Unidos), em 2014.
Ele capta a energia solar refletida por milhares de
espelhos localizados ao seu redor (veja ilustra??o
na p?gina 67). As fontes alternativas de energia
v?m ganhando espa?o na matriz mundial.
49
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Wen Zhenxiao/Xinhua/Agência France-Presse
O
início do século XXI vem sendo marcado por maiores investimentos dos
países no desenvolvimento de fontes menos poluentes de energia. Se-
gundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma), em 2015, os investimentos em energias renováveis somaram 286 bilhões
de dólares, correspondendo a mais do que o dobro dos valores investidos em
energias como carvão mineral e gás natural naquele ano. Desde 2004, estima-se
que foram investidos 2,3 trilhões de dólares em energias alternativas.
Em 2015, as fontes renováveis geraram 134 gigawatts, equivalendo a 54%
de toda a potência energética adicional produzida naquele ano. A produção de
energia limpa evitou a liberação de 1,5 gigatonelada de gás carbônico na at-
mosfera. Apesar disso, a sociedade atual ainda se baseia nos combustíveis
fósseis, energia que pode se esgotar e é altamente poluente.
Neste capítulo, vamos estudar as principais fontes de energia utilizadas
atualmente para entendermos algumas questões: qual é a importância estra-
tégica das fontes de energia para a economia, a sociedade e o ambiente? Qual
foi a importância do petróleo e do carvão mineral ao longo do século XX e qual
é o papel desses combustíveis no mundo atual? Por que o uso da biomassa vem
crescendo? Quais são as principais formas de obtenção de eletricidade e quais
suas vantagens e desvantagens? Qual é o papel das fontes alternativas e da
energia nuclear no mundo atual?
Biomassa: matéria orgânica
de origem vegetal ou ani-
mal (esterco, cana-de-açú-
car, lenha, plantas ou mes-
mo resíduos agrícolas, como
palha de milho ou bagaço
da cana, etc.) que possibilita
a obtenção de energia.
Barragem da usina
hidrel?trica de Tr?s
Gargantas, no rio Yang-Ts?,
prov?ncia de Hubei (China),
em 2013. Esse ? o mais
longo rio chin?s e a usina ?
a maior do mundo em
energia gerada.
Consulte a indicação
de leitura das obras
Energia alternativa:
solar, eólica, hidrelétrica
e de biocombustíveis e
Energia e meio
ambiente. Veja
orientações na seção
Sugestões de leitura,
filmes e sites.
Capítulo 350
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Banco de imagens/Arquivo da editora
1 Energia: evolução histórica e contexto atual
Segundo o Banco Mundial, em 2014, mais de dois bilh?es de pessoas que vivem em pa?ses em desenvolvimento n?o tinham
acesso ?s modernas fontes de energia e ainda utilizavam lenha para cozinhar.
Adaptado de: BRITISH PETROLEUM (BP). BP Statistical Review of World Energy 2015.
Dispon?vel em: <www.bp.com/en/global/corporate/energy-economics/statistical-
review-of-world-energy.html>. Acesso em: 12 abr. 2016.
Desde o surgimento das sociedades primitivas, a
obten??o e o uso de energia tiveram papel fundamen-
tal para o bem-estar das pessoas e o desenvolvimento
das atividades econ?micas.
? medida que ocorreram progressos t?cnicos, no-
vas fontes energ?ticas foram sendo descobertas e tor-
naram o trabalho humano mais eficiente. Desde a
Primeira Revolu??o Industrial, com o uso crescente de
m?quinas, a energia proveniente do esfor?o f?sico hu-
mano e animal vem se tornando menos necess?ria,
sendo substitu?da por energia gerada com a queima de
combustíveis fósseis, principalmente, mas tamb?m
pela movimenta??o da ?gua e do vento, entre outras.
Atualmente, h? diversas fontes de energia. H? aque-
las classificadas como renováveis (hidrel?trica, solar,
e?lica e outras), que se renovam na natureza, ou seja,
que continuam dispon?veis depois de utilizadas, e não
renováveis (petr?leo, carv?o mineral, etc.), que s?o limi-
tadas, pois demoram milh?es de anos para se formar.
A sociedade moderna emprega cada vez mais ener-
gia nas atividades industriais, agropecu?rias, de servi?os
e de com?rcio, al?m do consumo dom?stico. Observe no
mapa-m?ndi a seguir que, nos pa?ses desenvolvidos, o
consumo per capita de energia ? maior do que naqueles
em desenvolvimento.
Esse fato est? diretamente relacionado ao grau de
industrializa??o, ao desenvolvimento econ?mico e ?s
condi??es de vida da popula??o de cada regi?o.
Geralmente o consumo energ?tico residencial
nas na??es ricas ? mais alto porque o n?mero de
eletrodom?sticos (televisores, aparelhos de ar con-
dicionado, m?quinas de lavar, geladeiras, etc.) ?
maior. Al?m disso, nos pa?ses de latitudes elevadas
o consumo per capita tende a ser mais alto por uma
raz?o clim?tica: nas esta??es de temperatura mais
baixa, que se estendem por seis meses ou mais, o
uso de sistemas de aquecimento dom?stico e comer-
cial ? elevado.
Mundo: consumo per capita de energia – 2014
Consulte o site do Banco Mundial.
Veja orientações na seção Sugestões
de leitura, filmes e sites.
0 2
100
4
200
km
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ÍNDICO
Equador
Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
Círculo Polar Ártico
Círculo Polar Antártico
Meridiano de Greenwich
Sem dados
1,5
3,0
4,5
6,0
Toneladas equivalentes
de petr—leo (TEP)


OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
Produção mundial de energia51
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As fontes renov?veis de energia s?o obtidas pela
movimenta??o das ?guas e dos ventos, pelo calor do
Sol, da queima da lenha ou dos biocombustíveis, feitos
sobretudo de vegetais.
J? as fontes n?o renov?veis t?m origem nos com-
bust?veis f?sseis, como o petr?leo, o carv?o mineral e
o g?s natural, e recebem esse nome porque se originam
de restos de animais e vegetais soterrados com os ma-
teriais s?lidos que formam as rochas sedimentares.
Os combust?veis f?sseis
s?o a principal fonte de energia
usada atualmente no mundo,
com destaque para o petr?leo.
Veja os gr?ficos a seguir.
Observe nos gr?ficos que, entre 1973 e 2013, o con-
sumo mundial de energia mais do que duplicou, pas-
sando de 6,1 para 13,5 milh?es de toneladas equivalen-
tes de petr?leo (TEP). Veja tamb?m que a participa??o
percentual dos combust?veis f?sseis (petr?leo, carv?o
mineral e g?s natural) representava, em 1973, 87,5%,
sendo deste total 46,9% apenas de petr?leo; em 2013,
era de 81,4%, sendo 31,1% de petr?leo, o que revela uma
grande depend?ncia desses combust?veis para a gera-
??o de energia.
Essa situa??o ? preocupante, uma vez que essas
fontes n?o renov?veis s?o altamente poluentes e um
dia devem se esgotar. ? necess?rio um per?odo de tran-
si??o para nos adaptarmos ? produ??o e ? utiliza??o de
novos tipos de energia. Essa transi??o envolve reformas
e reestrutura??es, principalmente nos sistemas de
transporte (seja ele rodovi?rio, ferrovi?rio, hidrovi?rio,
seja a?reo) e na produ??o industrial, com a altera??o de
m?quinas e motores para que funcionem com outro
tipo de energia, assim como a readequa??o das usinas
termel?tricas (hoje acionadas predominantemente pe-
la combust?o de petr?leo, g?s natural ou carv?o mine-
ral) a uma nova fonte de energia primária.
Essas provid?ncias v?m sendo tomadas em di-
versos pa?ses, por?m em diferentes escalas, visando
diminuir a depend?ncia dos combust?veis f?sseis,
muitas vezes importados, e evitar os impactos am-
bientais decorrentes de seu uso. Apesar disso, novas
reservas de petr?leo continuam a ser exploradas.
Nas ?ltimas d?cadas, o desenvolvimento tecnol?-
gico e o aumento nos investimentos em prospec??o de
petr?leo resultaram, por exemplo, na descoberta de
grandes reservas desse recurso no Brasil, na camada
pr?-sal, que em 2015 produzia 800 mil barris de petr?-
leo por dia, cerca de um ter?o da produ??o nacional.
Observe a foto na pr?xima p?gina.
Mundo: oferta de energia (%) – 1973/2013
A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (IEA). Key World Energy Statistics 2015.
Dispon?vel em: <www.iea.org/publications/freepublications/publication/
KeyWorld_Statistics_2015.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
* Inclui energia geot?rmica, solar, e?lica, etc.
**TEP: toneladas equivalentes de petr?leo.
Consulte o site da
Agência Internacional de
Energia. Veja orientações na
seção Sugestões de leitura,
filmes e sites.
Total: 6 109 milhões de TEP** Total: 13 541 milhões de TEP**
1973 2013
46,2
Petróleo
24,5
Carvão mineral
16,0
Gás natural
1,8
Hidrelétrica
0,1
Outros*
0,9
Nuclear
31,1
Petróleo
28,9
Carvão mineral
21,4
Gás natural
10,5
Combustíveis
renováveis e
resíduos
10,2
Combustíveis
renováveis e
resíduos
2,4
Hidrelétrica
1,2
Outros*
4,8
Nuclear
Em 1973, ocorreu a primeira crise
mundial do petr?leo, quando o pre?o
desse combust?vel praticamente
quadruplicou em poucos meses.
Capítulo 352
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Consulte o site do Conselho
Mundial de Energia. Veja
orientações na seção Sugestões
de leitura, filmes e sites.
Em qualquer pa?s, a energia ? fundamental para a
economia e a geopol?tica, por isso ? um setor conside-
rado estrat?gico. A produ??o industrial, os sistemas de
transporte e de telecomunica??o, a sa?de, a educa??o,
o com?rcio, a agricultura, ou seja, todas as atividades
econ?micas dependem de energia.
Sobressaltos no setor energ?tico interferem na po-
si??o do pa?s no com?rcio mundial, j? que, na com-
posi??o dos custos de produ??o, a energia ? um fator
que pode tornar a mercadoria mais ou menos compe-
titiva. Por isso, o setor energ?tico geralmente ? contro-
lado pelo Estado, que atua diretamente na produ??o,
por meio de empresas estatais ou pela concess?o des-
sa produ??o a empresas privadas.
Os pa?ses almejam a autossuficiência energética
e baixos custos na produ??o de energia para n?o sujei-
tar as atividades econ?micas ?s oscila??es de pre?o das
fontes importadas. A busca por uma matriz energ?tica
diversificada constitui estrat?gia de planejamento ado-
tada por v?rias na??es para evitar desabastecimento
ou diminuir os impactos das crises econ?micas, como
aconteceu com os aumentos do pre?o do petr?leo em
1973, 1980, 1990 e 2007. At? recentemente, o pre?o era
o principal fator que influenciava a decis?o de optar
por determinada fonte de energia. Atualmente, por?m,
em muitos pa?ses, isso est? tamb?m associado ? busca
de fontes renov?veis e limpas.
Para atingir esses objetivos, ? necess?rio racionalizar
o uso de energia observando as estrat?gias que causam
menos impactos econ?micos, sociais e ambientais. Deve-
-se combater o desperd?cio de energia, aumentar a efi-
ci?ncia dos equipamentos (residenciais, industriais, de
servi?os, etc.), promover a reciclagem de materiais, valo-
rizar produtos e servi?os que consumam menos energia,
reorganizar a localiza??o e o transporte de pessoas e de
mercadorias e controlar as emiss?es de poluentes.
A busca pela maior efici?ncia energ?tica e pela mi-
tiga??o das mudanças climáticas globais, provocadas
pela intensifica??o do efeito estufa, tem levado os pa?-
ses a investir em fontes menos poluentes de energia,
como hidrel?trica, nuclear, e?lica, solar, geot?rmica e
de biomassa. A utiliza??o crescente de fontes renov?-
veis de energia ? uma das estrat?gias empregadas pa-
ra alcan?ar a sustentabilidade socioambiental.
Guga VW/Futura Press
Sa?da da Plataforma P-58 do porto de Rio Grande (RS), rumo ? costa do Esp?rito Santo,
em 2012. Foi instalada no complexo do Parque das Baleias, por??o capixaba da bacia
de Campos, e entrou em opera??o em mar?o de 2014.
Produção mundial de energia53
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2 Combustíveis fósseis
Petr—leo
O petr?leo ? um hidrocarboneto f?ssil de origem
org?nica encontrado em bacias sedimentares resultan-
tes do soterramento de antigos ambientes aqu?ticos.
Seus diversos subprodutos apresentam-se em todos
os estados de agrega??o: s?lido (asfalto, pl?sticos, en-
tre outros), l?quido (?leos lubrificantes, gasolina e ou-
tros combust?veis) e gasoso (g?s combust?vel).
O petr?leo ? l?quido e apresenta maior facilidade
de transporte do que o carv?o mineral, por isso passou
a ser consumido em quantidades crescentes. O incre-
mento do consumo foi acompanhado pelo surgimento
de centenas de companhias petrol?feras que atuam nas
quatro fases econ?micas de sua explora??o: extra??o,
transporte, refino e distribui??o.
Com a inven??o do motor a explos?o interna e seu
uso em ve?culos, o consumo mundial de petr?leo disparou.
As empresas do setor petrol?fero cresceram no mesmo
ritmo do consumo, principalmente nos Estados Unidos e
nos pa?ses da Europa. Algumas dessas empresas tornaram-
-se transnacionais e formaram cartéis e oligopólios em
escala mundial. Em 1928, as sete maiores empresas do
setor formaram um cartel, conhecido como ?sete irm?s?.
Para controlar o com?rcio e as demais atividades
petrol?feras, diversas empresas estatais, principalmen-
te a partir da d?cada de 1930, passaram a atuar direta-
mente nas quatro fases econ?micas de explora??o do
petr?leo, ou pelo menos em uma delas, segundo as
prioridades estabelecidas internamente. Entre os exem-
plos mais significativos est?o a Pemex (M?xico), a
PDVSA (Venezuela), a Indian Oil (?ndia) e a ENI (It?lia).
No Brasil, com a cria??o da Petrobras em 1953, a extra-
??o, o transporte e o refino deste recurso foram esta-
tizados. Em 1995, foi extinto o monop?lio da Petrobras,
uma empresa de capital aberto que tem o governo
federal como s?cio majorit?rio (28,7% das a??es, em
2015) e com o controle de sua estrutura administrativa;
toda a regulamenta??o do setor petrol?fero no Brasil
continua sob a responsabilidade do Estado.
Hidrocarboneto: composto qu?mico formado por hidro-
g?nio e carbono. Est? presente, entre outros, em com-
bust?veis como o petr?leo e o g?s natural.
Cartel: conjunto de empresas que atuam no mesmo se-
tor econ?mico e estabelecem acordos visando ? amplia-
??o de suas margens de lucro (dividem mercado consu-
midor e combinam pre?o para n?o concorrerem entre si,
entre outras estrat?gias que prejudicam o mercado).
Oligop—lio: conjunto de empresas que dominam deter-
minado setor da economia ou produto colocado no mer-
cado. Em geral, imp?em pre?os abusivos e eliminam a
possibilidade de concorr?ncia, por meio da aquisi??o de
empresas menores.
Consulte o site da Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Veja orientações na seção Sugestões de
leitura, filmes e sites.
Luke MacGregor/
Bloomberg/Getty Images
A utiliza??o do petr?leo como fonte de energia iniciou-se em
1859, na Pensilv?nia (Estados Unidos), quando Edwin Drake, um
perfurador de po?os, encontrou petr?leo a apenas 21 metros de
profundidade e passou a comercializ?-lo para ser utilizado na
ilumina??o p?blica, nas ind?strias e pelas companhias de trem,
em substitui??o ao carv?o usado nas m?quinas a vapor.
Atualmente, o grande volume de petr?leo comercializado, que ?
transportado sobretudo pelos oceanos, levou ? constru??o de
navios cada vez maiores. Na foto, tubula??o utilizada para
carregar e descarregar petr?leo nos navios, com petroleiro ao
fundo, no mar Mediterr?neo, pr?ximo a Gibraltar (territ?rio
ultramarino do Reino Unido), em 2016.
A apresentação das empresas que ocorre nesta página tem
finalidade didática, sem intenção de recomendar produtos ou
induzir os alunos a consumi-los. Ela está contextualizada e sua
omissão pode comprometer o entendimento do tema abordado.
54
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Visando desmobilizar o poder das ?sete irm?s?, foi
fundada em 1960 a Organiza??o dos Pa?ses Exportado-
res de Petr?leo (Opep), composta de Ir?, Iraque, Kuwait,
Ar?bia Saudita e Venezuela. Em mar?o de 2016, esse
cartel era composto de 13 pa?ses-membros: al?m dos
fundadores, integravam tamb?m a organiza??o os Emi-
rados ?rabes Unidos, Catar, Arg?lia, Nig?ria, L?bia, An-
gola, Equador e Indon?sia.
Em 1973, os pa?ses da Opep promoveram um dr?s-
tico aumento no pre?o do barril (159 litros) ? que passou
de 2,70 para 11,20 d?lares ?, aproveitando-se de uma
situa??o pol?tica criada pela guerra do Yom Kippur
(quando Egito, S?ria e outros pa?ses atacaram Israel,
dando in?cio ao quarto conflito armado entre ?rabes e
israelenses). Esse foi o chamado ?primeiro choque do
petr?leo?, que provocou crise econ?mica em muitos
pa?ses. Boa parte dos d?lares que movimentavam o
com?rcio internacional foi para o Oriente M?dio, onde
se localizam as maiores reservas e os maiores expor-
tadores do produto.
Nos anos de 1979 e 1980, com a ocorr?ncia da re-
volu??o isl?mica no Ir? e a eclos?o da guerra com o Ira-
que, os pa?ses importadores recearam a possibilidade
de ingresso de outras na??es ?rabes no conflito. Se
isso acontecesse, a oferta mundial de petr?leo estaria
comprometida, o que levou muitos pa?ses a comprar o
produto para aumentar seus estoques estrat?gicos.
Com esse brusco aumento da procura, a Opep elevou
o pre?o do barril a 34 d?lares (como vimos, em 1973, o
pre?o era de apenas 2,70 d?lares).
Essas bruscas eleva??es do pre?o do petr?leo
agravaram a crise econ?mica do mundo desenvolvido,
que j? se arrastava desde o fim da d?cada de 1960.
Essa crise, por?m, atingiu de forma mais severa os
pa?ses importadores de petr?leo, notadamente os
mais pobres, que tiveram sua balan?a comercial se-
riamente comprometida. Para enfrentar esse problema
e diminuir a depend?ncia energ?tica, muitos pa?ses
importadores estabeleceram duas estrat?gias com-
plementares: aumentar a produ??o interna e substituir
o petr?leo por outras fontes de energia.
No mesmo per?odo, v?rios pa?ses produtores de pe-
tr?leo que n?o integravam a Opep ? principalmente os
da antiga Uni?o Sovi?tica (com destaque para a Federa-
??o Russa), o M?xico e a Noruega ? incrementaram sua
produ??o e tornaram-se grandes exportadores. A ent?o
Uni?o Sovi?tica foi extrair o produto na Sib?ria; os Esta-
dos Unidos, no Alasca; e o M?xico, o Brasil e os pa?ses do
mar do Norte, em suas plataformas continentais.
Com a amplia??o da produ??o mundial e a substi-
tui??o do petr?leo por outras fontes de energia, a ofer-
ta aumentou e a procura diminuiu. Em 1986, a cota??o
do barril caiu para 12 d?lares. Essa queda nos pre?os
p?s em d?vida a viabilidade econ?mica de muitas fon-
tes alternativas, j? que a cria??o de novos modelos
energ?ticos previa constantes eleva??es no pre?o do
petr?leo. Al?m disso, tornou pouco competitiva, e ?s
vezes at? invi?vel, sua extra??o em ?guas profundas.
Com a queda vertiginosa do pre?o do barril de petr?leo,
algumas fontes alternativas ? como o etanol, no caso
brasileiro ? tornaram-se impratic?veis economicamen-
te no contexto daquela ?poca, quando ainda n?o havia
preocupa??o em diminuir as emiss?es de CO
2
.
A partir de 1986, disputas internas na Opep dificul-
taram estabelecer um acordo de pre?os e cotas de pro-
du??o entre os pa?ses-membros. Os Estados Unidos
conseguiram aprofundar a fragiliza??o da organiza??o
por meio de favorecimentos comerciais ? Ar?bia Saudi-
ta e ao Kuwait, que passaram a aumentar suas produ-
??es, causando s?rios problemas internos ? Organiza??o.
Qian Yi/Xinhua Press/Corbis/Latinstock
Desde 1973, as reuni?es da Opep
s?o acompanhadas pelos pa?ses
importadores de petr?leo. Na
foto, encontro da Organiza??o
em Viena (?ustria), em 2015.
Produção mundial de energia55
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 55 27/05/16 18:53

Estados Unidos
Venezuela
Irã
Arábia Saudita
Kuwait
Iraque
Emirados
Árabes Unidos
Rússia
Líbia
Nigéria
Casaquistão
Catar
China
Brasil
Bilhões
Mundo: 1 492 880
milhões de barris
0 50 100 150 200 250 300
15,3
24,6
25,2
30,0
36,5
37,1
48,4
80,0
97,8
101,5
143,1
157,5
266,6
300,0
Em dezembro de 1990, o Iraque, economicamente
abalado em virtude dos gastos acumulados durante
oito anos de guerra com o Ir?, invadiu o Kuwait e amea?ou
fazer o mesmo com a Ar?bia Saudita, sob o pretexto
de disputa territorial. Na verdade, esses pa?ses estavam
extrapolando as cotas de produ??o de petr?leo esta-
belecidas pela Opep e for?ando uma queda no pre?o
do barril no mercado mundial.
A fim de defender seus interesses comerciais, os
Estados Unidos, liderando uma coaliz?o de v?rios pa?ses
e apoiados pela ONU, al?m de v?rias na??es ?rabes,
intervieram imediatamente no conflito, enviando tro-
pas ao Oriente M?dio. Isso obrigou o Iraque a se retirar
do territ?rio do Kuwait em janeiro de 1991. Durante o
conflito, conhecido como Guerra do Golfo, o barril de
petr?leo chegou a custar quase 40 d?lares; com o seu
t?rmino, o pre?o voltou a cair, chegando a 20 d?lares.
No gr?fico abaixo, pode-se observar a oscila??o do pre-
?o desse recurso natural.
Mundo: evolução do preço do petróleo
(tipo Brent*) – 1950-2015
Mundo: principais reservas de petróleo
(bilhões de barris) – 2014
Adaptado de: BRITISH PETROLEUM (BP). Statistical Review of World Energy 2015.
Dispon?vel em: <www.bp.com/content/dam/bp/pdf/energy-economics/
statistical-review-2015/bp-statistical-review-of-world-energy-2015-full-
report.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
* O petr?leo tipo Brent ? o mais comercializado no mundo. ** Proje??o.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10 0
110
120
Guerra do
Yom Kippur
Guerra entre
Irã e Iraque
Invasão
militar do
Iraque no
Kuwait
Invasão
militar dos
Estados Unidos
no Iraque
Primavera
Árabe
Preço médio anual do barril (em dólares)
1950-591960-691970-791980-891990-992000-09
20102 0 11201220132014
2015**
US$ 2012
Em 2003, contrariando resolu??o da ONU, os Esta-
dos Unidos invadiram militarmente o Iraque, derruba-
ram o regime de Saddam Hussein (1937-2006) e passa-
ram a controlar as reservas petrol?feras do pa?s, uma
das maiores do mundo.
No in?cio de 2004, o pre?o do barril do petr?leo
estava em torno de 30 d?lares, mas, com os problemas
enfrentados pelas for?as de ocupa??o, chegou a 93
d?lares no in?cio de 2008.
Em janeiro de 2012, seguindo uma tend?ncia de
alta no pre?o internacional das mat?rias-primas, esta-
va cotado em 109 d?lares.
J? em 2015 o produto alcan?ou valores relativa-
mente baixos, mantendo-se a tend?ncia de queda no
in?cio de 2016. Isso se deu em raz?o de uma conjuntu-
ra de fatores, como a crise diplom?tica entre o Ir? e a
Ar?bia Saudita, o menor desempenho econ?mico da
China e o aumento das reservas de derivados de pe-
tr?leo dos Estados Unidos.
Adaptado de: ORGANIZATION OF THE PETROLEUM EXPORTING COUNTRIES
(OPEC). Annual Statistical Bulletin 2015. Dispon?vel em: <www.opec.org/opec_
web/static_files_project/media/downloads/publications/ASB2015.pdf>.
Acesso em: 2 abr. 2016.
Observe que ocorrem grandes
varia??es na cota??o do pre?o do barril
de petr?leo; de 1970 a 2014 houve
oscila??o de aproximadamente 11
d?lares a 110 d?lares em sua cota??o
m?dia anual no mercado mundial.
Capítulo 356
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 56 27/05/16 18:53

A Opep destaca-se no mercado mundial de energia.
Em 2014, os pa?ses-membros da organiza??o eram res-
pons?veis por 42% da produ??o mundial de petr?leo e
detinham 81% das reservas comprovadas.
Observando a tabela abaixo, o mapa acima e os
gr?ficos da p?gina 56, podemos dividir os pa?ses em
dois subgrupos: exportadores e importadores.
No primeiro est?o os detentores de grandes re-
servas de petr?leo de boa qualidade ? portanto, de
excedentes export?veis (Ar?bia Saudita e R?ssia).
No segundo est?o os Estados Unidos, a China,
entre outros, que s?o grandes consumidores e depen-
dem de importa??es para o abastecimento de seu
mercado interno.
Mundo: maiores exportadores e importadores de petr?leo ? 2014
Exportadores Milh?es de barris por dia Importadores Milh?es de barris por dia
Ar?bia Saudita 7,2 Estados Unidos 7,4
R?ssia 4,5 China 6,2
Emirados ?rabes Unidos 2,5 Coreia do Sul 2,5
Iraque 2,5 Alemanha 1,8
Nig?ria 2,1 ?ndia 3,8
Canad? 2,3 Fran?a 1,1
Kuwait 2,0 It?lia 1,1
Venezuela 2,0 Reino Unido 1,0
Angola 1,6 Espanha 1,2
Noruega 1,2 Pa?ses Baixos 1,0
M?xico 1,2 Taiwan 0,8
Ir? 1,1 Jap?o 3,2
Demais pa?ses 9,9 Demais pa?ses 9,8
Total mundial exportado* 40,1 Total mundial importado 40,9
Adaptado de: ORGANIZATION OF THE PETROLEUM EXPORTING COUNTRIES (OPEC). Annual Statistical Bulletin 2015. Dispon?vel em: <www.opec.org/opec_web/
static_files_project/media/downloads/publications/ASB2015.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
* Os valores dos totais mundiais est?o diferentes, mas constam desta maneira no relat?rio da Opep.
Adaptado de: ORGANIZATION OF THE PETROLEUM EXPORTING COUNTRIES (OPEC). Annual Statistical Bulletin 2015. Dispon?vel em: <www.opec.org/opec_web/
static_files_project/media/downloads/publications/ASB2015.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
Embora os Estados Unidos fossem, em 2014, o terceiro produtor mundial de petr?leo, ocupavam a primeira posi??o entre os
importadores; a China era o quarto maior produtor, mas era o segundo maior importador. O Jap?o, quarto maior importador, n?o
? produtor de petr?leo, comprava praticamente 100% de seu consumo.
Banco de imagens/Arquivo da editora
Mundo: principais produtores de petróleo (%) – 2014
Equador


Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
Círculo Polar Ártico
Círculo Polar Antártico
Total mundial: 73,4 milhões de
barris por dia.
% de produção de
petróleo em relação
ao total mundial
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ÍNDICO
Meridiano de Greenwich
0 2
490
4
980
km
ESTADOS
UNIDOS
MÉXICO
VENEZUELA
BRASIL
RÚSSIA
IRAQUE
IRÃ
CHINA
KUWAIT
ARÁBIA
SAUDITA
3,3
3,7
13,9
4,2
3,1
11,8
13,2
EMIRADOS
ÁRABES
UNIDOS
4,2
3,8
3,9 5,7
3,1
Produção mundial de energia57
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 57 27/05/16 18:53

Pensando no Enem
1. Um dos insumos energéticos que volta a ser consi-
derado como opção para o fornecimento de petróleo é
o aproveitamento das reservas de folhelhos pirobetu-
minosos, mais conhecidos como xistos pirobetumino-
sos. As ações iniciais para a exploração de xistos pirobe-
tuminosos são anteriores à exploração de petróleo,
porém as dificuldades inerentes aos diversos processos,
notadamente os altos custos de mineração e de recupe-
ração de solos minerados, contribuíram para impedir
que essa atividade se expandisse.
O Brasil detém a segunda maior reserva mundial de
xisto. O xisto é mais leve que os óleos derivados de pe-
tróleo, seu uso não implica investimento na troca de
equipamentos e ainda reduz a emissão de particulados
pesados, que causam fumaça e fuligem. Por ser fluido
em temperatura ambiente, é mais facilmente manu-
seado e armazenado.
Internet: <www2.petrobras.com.br>. (Com adapta??es.)
A substituição de alguns óleos derivados de petróleo pelo
óleo derivado do xisto pode ser conveniente por motivos
a) ambientais: a exploração do xisto ocasiona pouca in-
terferência no solo e no subsolo.
b) técnicos: a fluidez do xisto facilita o processo de pro-
dução de óleo, embora seu uso demande troca de equi-
pamentos.
c) econômicos: é baixo o custo da mineração e da produ-
ção de xisto.
d) políticos: a importação de xisto, para atender o merca-
do interno, ampliará alianças com outros países.
e) estratégicos: a entrada do xisto no mercado é oportu-
na diante da possibilidade de aumento dos preços do
petróleo.
Resolução
A alternativa correta ? a E. A grande volatilidade dos
pre?os do barril de petr?leo que ocorre desde a d?cada
de 1970 aos dias atuais leva muitos pa?ses a buscar es-
trat?gias de diversifica??o da matriz energ?tica.
Essa quest?o trabalha a Compet?ncia de ?rea 6 ? Com-
preender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas
intera??es no espa?o em diferentes contextos hist?ricos
e geogr?ficos ? e a Habilidade 29 ? Reconhecer a fun??o
dos recursos naturais na produ??o do espa?o geogr?fico,
relacionando-os com as mudan?as provocadas pelas
a??es humanas.
ATENÇÃO!
N?o escreva neste livro!
2. A Idade da Pedra chegou ao fim, não porque faltas-
sem pedras; a era do petróleo chegará igualmente ao
fim, mas não por falta de petróleo.
Xeque Yamani, ex-ministro do petr?leo da Ar?bia Saudita. O Estado de S. Paulo,
20 ago. 2001.
Considerando as características que envolvem a utilização
das matérias-primas citadas no texto em diferentes con-
textos histórico-geográficos, é correto afirmar que, de acor-
do com o autor, a exemplo do que aconteceu na Idade da
Pedra, o fim da era do petróleo estaria relacionado:
a) à redução e esgotamento das reservas de petróleo.
b) ao desenvolvimento tecnológico e à utilização de novas
fontes de energia.
c) ao desenvolvimento dos transportes e consequente
aumento do consumo de energia.
d) ao excesso de produção e consequente desvalorização
do barril de petróleo.
e) à diminuição das ações humanas sobre o meio ambiente.
Resolução
A alternativa correta ? a B. De acordo com as tend?ncias
atuais que j? se verificam em pa?ses desenvolvidos e em
alguns emergentes, a produ??o e o consumo de energia
visam ? autossufici?ncia e ? redu??o dos custos e dos
impactos ambientais. Em longo prazo, essa estrat?gia
tende a reduzir a participa??o percentual dos combust?-
veis f?sseis na matriz energ?tica mundial, levando ? per-
da da hegemonia do petr?leo antes do esgotamento de
suas reservas.
Essa quest?o trabalha a Compet?ncia de ?rea 4 ? En-
tender as transforma??es t?cnicas e tecnol?gicas e seu
impacto nos processos de produ??o, no desenvolvi-
mento do conhecimento e na vida social ? e as Habili-
dades 17 e 18 ? Analisar fatores que explicam o impac-
to das novas tecnologias no processo de territorializa??o
da produ??o; Analisar diferentes processos de produ-
??o ou circula??o de riquezas e suas implica??es socio-
espaciais.
Filipe Rocha/Arquivo da editora
Capítulo 358
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 58 27/05/16 18:53

Carvão mineral e gás natural
O g?s natural e o carv?o mineral ocupavam, em 2013,
respectivamente, a segunda e a quarta posi??es no con-
sumo mundial de energia: o g?s natural supria cerca de
15% da necessidade de energia mundial, e o carv?o mi-
neral, pouco mais de 11%. Isso significa que aproximada-
mente um quarto da energia el?trica produzida no pla-
neta era obtida de usinas que utilizavam carv?o mineral
ou g?s natural como fonte prim?ria de energia.
Explora??o de carv?o mineral na prov?ncia de
Jiangsu (China), em 2016. A China ? uma grande
consumidora desse recurso energ?tico.
Imaginechina/Corbis/Latinstock
Mundo: reservas conhecidas e vida ?til estimada dos combust?veis f?sseis ? 2014
Combust?vel f?ssil Reserva mundial conhecida Vida ?til estimada (anos)
Carv?o 891,5 bilh?es de toneladas 110,0
Petr?leo 1 700,1 bilh?es de barris 52,5
G?s natural 187,1 trilh?es de metros c?bicos 54,1
Adaptado de: BRITISH PETROLEUM (BP). Statistical Review of World Energy 2015. Dispon?vel em: <www.bp.com/content/dam/bp/pdf/energy-economics/
statistical-review-2015/bp-statistical-review-of-world-energy-2015-full-report.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
O uso do carv?o mineral, por?m, acarreta s?rios
impactos ambientais, pois sua estrutura molecular
cont?m enormes quantidades de carbono e enxofre
que, ap?s a queima, s?o lan?ados na atmosfera na
forma de g?s carb?nico (CO
2
), componente que agra-
va o efeito estufa, e de di?xido de enxofre (SO
2
), que
contribui para a forma??o da chuva ?cida.
O carv?o mineral ? uma rocha metam?rfica de
origem sedimentar e org?nica, portanto n?o deve ser
confundido com o vegetal, obtido da madeira carboni-
zada em fornos. No que se refere ? sua utiliza??o pr?-
tica, o carv?o mineral ? muito mais eficiente, pois pos-
sui grande poder calor?fero e sua queima libera muito
mais energia que a do carv?o vegetal, sendo bastante
empregado nas sider?rgicas e na produ??o de energia
em usinas termel?tricas.
Al?m de constituir fonte de energia, o carv?o mi-
neral ? importante mat?ria-prima da ind?stria de pro-
dutos qu?micos org?nicos, como piche, asfalto, coran-
tes, pl?sticos, inseticidas, tintas, n?ilon, entre outros.
J? o g?s natural, al?m de ser mais barato e facilmente
transport?vel por meio de dutos, apresenta uma queima
pouco poluente em compara??o ao carv?o mineral e ao
petr?leo. Desde o in?cio desta d?cada, desenvolveu-se
tecnologia para sua explora??o no xisto betuminoso;
principalmente nos Estados Unidos, essa explora??o re-
cebeu grandes investimentos at? o in?cio de 2016, quando
a queda no pre?o do barril de petr?leo tornou sua explo-
ra??o economicamente invi?vel.
Trata-se de uma fonte de energia muito vers?til, pois
pode ser utilizada na gera??o de energia el?trica (em
usinas t?rmicas), nas m?quinas e altos-fornos industriais,
nos motores de ve?culos, nos fog?es, no
aquecimento de ?gua e de ambientes, entre
outros. Em raz?o disso, vem sendo cada vez
mais empregado nos transportes, na terme-
letricidade e na produ??o industrial.
Desde a d?cada de 1980, o consumo de
g?s natural vem apresentando forte expan-
s?o. Segundo a Ag?ncia Internacional de
Energia, entre 1973 e 2013 a produ??o mun-
dial mais do que dobrou, passando de 1,2 bi-
lh?o para 3,5 bilh?es de metros c?bicos.
Entre as fontes de recursos energ?ticos f?sseis, o
carv?o mineral ? a mais abundante, principalmente nos
pa?ses do hemisf?rio norte. Al?m disso, segundo estima
-
tivas, quando o petr?leo se esgotar, as reservas de carv?o
ainda ter?o uma vida ?til muito longa. Isso o torna hoje
o substituto imediato do petr?leo em situa??o de crise
e aumento de pre?o.
Observe a tabela abaixo.
Produção mundial de energia59
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 59 27/05/16 18:53

Mundo: reservas de
gás natural
(%) – 2014
Mundo: produção
de gás natural
(%) – 2014
Total mundial: 3 460,6 bilhões m
5,2
18,2
21,4
16,7
5,1
5,0
4,7
3,9
3,1
3,1
37,0
Estados
Unidos
Irã
17,4
Rússia
Canadá
Estados
Unidos
Irã
China
Catar
Rússia
Noruega
Arábia
Saudita
Outros
13,1
Catar
9,3
Turcomenistão
3,0
Venezuela
4,4
Árabia
Saudita
3,3
Emirados
Árabes
Unidos
26,1
Outros
Total mundial:
187,1 trilhões
de m
3
3
Adaptados de: BRITISH PETROLEUM (BP).
Statistical Review of World Energy 2015.
Dispon?vel em: <www.bp.com/content/
dam/bp/pdf/energy-economics/
statistical-review-2015/bp-statistical-
review-of-world-energy-2015-
full-report.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
* TEP: toneladas equivalentes de petr?leo.
Explora??o de g?s natural em Colorado (Estados Unidos), em 2014. O pa?s, apesar
de ser o quinto colocado em reservas de g?s natural, ? o maior produto do mundo
desse recurso.
* TEP: toneladas equivalentes de petr?leo.
Mundo: produção de
carvão mineral
(%) – 2014
Mundo: reservas de
carvão mineral
(%) – 2014
Total mundial:
3 933,5 milhões
de TEP*
Total mundial: 891 531 milhões de toneladas
26,6
46,9
12,9
7,2
7,1
6,2
4,3
3,8
11,6
Estados
Unidos
17,6
Rússia
12,8
China
China
Estados
UnidosIndonésia
Austrália
Índia
Rússia
África do Sul
Outros
8,6
Austrália
19,7
Outros
6,8
Índia
4,5
Alemanha
3,4
África do Sul
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
Matthew Staver/Bloomberg/Getty Images
Entre as fontes utilizadas em
usinas termel?tricas, o g?s natural
saltou do quarto para o segundo
lugar, ficando atr?s apenas do car-
v?o mineral.
60
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 60 27/05/16 18:54

3 Combustível renovável
Biomassa
Biomassa ? qualquer tipo de mat?ria org?nica n?o
f?ssil, vegetal ou animal, que possibilite a obten??o
de energia. Alguns exemplos dessa categoria s?o a
cana-de-a??car, a beterraba e o milho (dos quais se
obt?m o etanol); o lixo org?nico (cuja decomposi??o
nos aterros produz biog?s); a lenha; o carv?o vegetal;
e a soja, o dend?, a mamona, o algod?o e o trigo, entre
outros, cujos ?leos vegetais podem ser transformados
em biodiesel.
A utiliza??o de biomassa como fonte de energia ?
muito antiga, remonta ao tempo em que o ser humano
controlou o fogo e come?ou a queimar lenha para se
aquecer e cozinhar os alimentos.
Hoje em dia ela ? considerada uma das principais
alternativas na busca por maior diversifica??o na ma-
triz energ?tica, visando reduzir a depend?ncia dos com-
bust?veis f?sseis. O etanol e o biodiesel s?o combust?-
veis n?o t?xicos e biodegrad?veis, cuja queima, ao
substituir os derivados de petr?leo, reduz de 40% a 60%
a emiss?o de gases que intensificam o efeito estufa.
Al?m disso, por serem isentos de enxofre em sua com-
posi??o, n?o causam chuva ?cida.
As evid?ncias das mudan?as clim?ticas globais
t?m levado muitos pa?ses a acelerar a busca por fon-
tes de energias renov?veis e menos poluentes, cujo
consumo est? em expans?o em escala mundial. A
produ??o de biocombust?veis vem apresentando
grande possibilidade de crescimen-
to econ?mico e gera??o de empre-
gos na agricultura e nas usinas, com
efeito multiplicador nos demais
setores que integram sua cadeia
produtiva (m?quinas, equipamentos,
fertilizantes, setores de servi?os,
com?rcio e transporte).
A expans?o da produ??o e da
oferta dos biocombust?veis ainda
depende muito do pre?o do barril de
petr?leo, que, como vimos, sofre
grandes oscila??es em fun??o da
ocorr?ncia de conflitos nos pa?ses
exportadores e das crises econ?mi-
cas. Quando aumenta o pre?o do
barril de petr?leo, h? tend?ncia de
Usina de ?lcool em Valpara?so (SP), em 2014. O Brasil se destaca na produ??o de
biocombust?veis no cen?rio mundial e, com isso, tende a emitir menor quantidade
de gases estufa na atmosfera.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
busca de fontes mais baratas, e os biocombust?veis
ganham competitividade; ao contr?rio, nas ?pocas em
que cai o pre?o do barril de petr?leo, os biocombust?veis
perdem mercado.
Por?m, independentemente das oscila??es no pre-
?o do petr?leo, o setor de biocombust?veis e toda a sua
cadeia produtiva t?m recebido incentivo governamen-
tal em alguns pa?ses, como Estados Unidos, Brasil, Ale-
manha e Fran?a, embora sua produ??o e consumo
sejam mais caros do que a utiliza??o de ?leo diesel e
gasolina. Isso ocorre em raz?o das vantagens que ele
oferece em termos sociais, estrat?gicos e ambientais,
como a gera??o de empregos, a seguran?a energ?tica,
a redu??o na emiss?o de poluentes e o decl?nio no vo-
lume das importa??es, o que melhora o resultado da
balan?a comercial.
Em muitos pa?ses, a legisla??o obriga a mistura de
?lcool e biodiesel na gasolina e no ?leo diesel (derivados
de petr?leo). O Programa das Na??es Unidas para o
Meio Ambiente (Pnuma) mant?m a Parceria de Com-
bust?veis e Ve?culos Ecol?gicos, que visa estimular pes-
quisas e a??es para diminuir os efeitos nocivos dos
combust?veis e ve?culos no meio ambiente e na sa?de
humana. Segundo essa institui??o, nos pa?ses da Euro-
pa, at? 2020, 10% dos combust?veis usados no setor de
transportes dever?o ser de origem agr?cola, percentual
que j? ? adotado na Col?mbia, Venezuela e Tail?ndia.
Na China, ? obrigat?ria a mistura de 10% nas cinco pro-
v?ncias com maior volume de transporte de carga e pes-
soas. No Brasil, em 2016, misturava-se 27% de ?lcool ?
gasolina e 7% de biodiesel ao diesel de petr?leo.
Produção mundial de energia61
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 61 27/05/16 18:54

Mundo: consumo de biocombustíveis – 2000-2012
Adaptado de: FOOD AND
AGRICULTURE ORGANIZATION OF
THE UNITED NATIONS (FAO).
Statistical Pocketbook 2015. World
Food and Agriculture. Dispon?vel
em: <www.fao.org/3/a-i4691e.
pdf>. Acesso em: 12 abr. 2016.
0
500
1 000
1 500
2000 2005 2010
Mil terajoules
Biodiesel
Biogases
Etanol
Outros
biocombustíveis
líquidos
A. Robson/Arquivo da editora
Essas exig?ncias visam ? redu??o nos ?ndices de po-
lui??o atmosf?rica, sobretudo nos centros urbanos, entre-
tanto geraram uma grande demanda por mat?ria-prima
agr?cola. Em consequ?ncia desse aumento da demanda,
surgiram problemas como intensifica??o do desmatamen-
to, perda da biodiversidade, esgotamento do solo e maior
uso de recursos h?dricos. A alta no pre?o de alguns cereais
? como o milho ? ? outra consequ?ncia negativa do culti-
vo de vegetais para a produ??o de biocombust?veis, o que
pode colocar em risco a segurança alimentar.
Como o milho ? utilizado na alimenta??o de gado e
aves e constitui mat?ria-prima para produ??o de diversos
tipos de alimento industrializado, h? receio de aumento
de pre?os nos alimentos, principalmente carne bovina,
su?na e de aves, leite e seus derivados, ovos, farinha ? ma-
t?ria-prima para p?o, macarr?o, bolachas, etc. ? e outros.
Desde o in?cio do s?culo XXI, institui??es como a
ONU vem divulgando estudos que expressam preocu-
pa??es sobre o aumento no consumo de biocombust?-
veis em escala mundial. Algumas das quest?es levan-
tadas s?o:
• A produ??o de biocombust?veis poder? comprometer
a disponibilidade e elevar o pre?o dos alimentos agra-
vando a subnutri??o e a fome pelo mundo?
• Haver? maior degrada??o dos biomas em consequ?n-
cia da expans?o da ?rea cultivada?
• Quais s?o as consequ?ncias socioecon?micas para
os pequenos produtores agr?colas?
Se a produ??o de biocombust?veis for planejada pa-
ra contemplar o desenvolvimento sustent?vel, poder?
trazer uma maior propor??o de resultados positivos.
Para isso, ? necess?rio ponderar os benef?cios resultan-
tes da redu??o na emiss?o de gases poluentes junta-
mente com a necessidade de preserva??o dos biomas e
da gera??o de empregos e renda, numa perspectiva de
sustentabilidade ambiental e socioecon?mica.
Henning Kaiser/dpa/
Corbis/Latinstock
Cultivo de milho destinado ? produ??o de ra??o
animal e etanol, em Kerpen (Alemanha), em 2015.
62
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 62 27/05/16 18:54

4 Energia elétrica
A energia el?trica ? produzida principalmente em
usinas termel?tricas, hidrel?tricas e termonucleares.
Em quaisquer dessas usinas, ela ? gerada pelo aciona-
mento de uma turbina, que consiste essencialmente
em um conjunto cil?ndrico de a?o que gira em torno de
seu eixo no interior de um recept?culo imantado. Na
turbina, portanto, a energia cin?tica (de movimento) ?
transformada em energia el?trica. Nos diferentes tipos
de usina, o que difere ? a energia prim?ria utilizada
para mover as turbinas, como veremos a seguir.
Observe os gr?ficos. A composi??o da matriz mun-
dial de produ??o de energia el?trica passou por mo-
difica??es significativas no per?odo de 1973 a 2013.
Houve forte redu??o da participa??o da gera??o por
derivados de petr?leo (de 24,8% para 4,4%) e da hidre-
letricidade (de 20,9% para 16,3%).
Essas redu??es foram compensadas pelo aumento
na participa??o das termel?tricas movidas a g?s natu-
ral, das usinas nucleares e das energias limpas, como a
solar, a e?lica e a de biomassa.
Dialogando
com FÍSICA
Hidreletricidade
Os rios que apresentam declividade acentuada em
seu curso em geral possuem potencial hidrelétrico,
principalmente se seu suprimento de ?gua for garan-
tido por clima ou hidrografia favor?veis.
Para gerar eletricidade a partir da ?gua dos rios,
? necess?rio que haja desn?veis onde barragens pos-
sam ser constru?das de maneira que uma represa
seja criada. Trata-se de uma forma considerada n?o
poluente, relativamente barata e renov?vel de ob-
ten??o de energia, embora o alagamento de grandes
?reas, por causa da constru??o das barragens e do
represamento da ?gua, cause profundos impactos
socioambientais.
Observe nas ilustra??es a seguir que, em terrenos
mais planos, ocorre inunda??o de extensas ?reas. J?
em terrenos que possuem desn?vel mais acentuado a
superf?cie inundada ? menor. A energia tende a ser
produzida com maior efici?ncia quanto maior for a
diferen?a de altura obtida entre o n?vel de ?gua e a
turbina. Em terrenos com maior declividade ? poss?vel
obter maiores desn?veis, com menor superf?cie de
?gua represada.
Embora gere energia el?trica mais limpa e barata
do que outras fontes e melhore o abastecimento de
?gua, a constru??o de uma hidrel?trica gera, neces-
sariamente, impactos, como o desalojamento de po-
pula??es, o alagamento de vegeta??o nativa ou de
?reas agr?colas, al?m da altera??o na vaz?o dos rios,
entre outros impactos socioambientais. Por isso, deve
ser precedida de minucioso estudo das consequ?ncias
ambientais, sociais e arqueol?gicas, para mensurar a
viabilidade t?cnica, social, ambiental e econ?mica do
represamento.
* Inclui energia
geot?rmica, solar,
e?lica, de
combust?veis
renov?veis e detritos.
** Um terawatt-hora
(1 TWh) corresponde
a um trilh?o de
watts-hora.
Mundo: geração de energia elétrica por fonte (%) – 1973/2013
Total: 23 322 TWh**
2013
4,4
Petróleo
41,3
Carvão mineral
21,7
Gás natural
16,3
Hidrelétrica
5,7
Outros*
10,6
Nuclear
geot?rmica, solar,
renov?veis e detritos.
** Um terawatt-hora
1973
Total: 6131 TWh**
24,8
Petróleo
38,3
Carvão mineral
12,1
Gás natural
20,9
Hidrelétrica
0,6
Outros*
3,3
Nuclear
Adaptado de: INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (IEA). Key World Energy Statistics 2015. Dispon?vel em: <www.iea.org/
publications/freepublications/publication/KeyWorld_Statistics_2015.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
A. Robson/Arquivo da editora
Produção mundial de energia63
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 63 27/05/16 18:54

Na pr?tica, a produ??o de energia hidrel?trica
depende da energia solar, pois a ?gua, em seu ciclo,
? transportada para compartimentos mais elevados
do relevo pela evapora??o e posterior precipita??o.
Por isso, os pa?ses de relevo ondulado, grande exten-
s?o territorial (portanto, maior ?rea de insola??o) e
muitos rios, em geral, apresentam grande potencial
hidr?ulico. ? o caso do Brasil, do Canad?, dos Estados
Unidos, da China, da R?ssia e da ?ndia.
Observe, na tabela abaixo, que o Brasil ocupa po-
si??o importante na produ??o total de energia hidrel?-
trica em escala global, destacando-se tamb?m entre
os pa?ses que possuem maior participa??o da hidrele-
tricidade no total da energia el?trica gerada.
Topografia e represamento

Organizado pelos autores.
Mundo: produ??o total de energia hidrel?trica ? 2013
Maiores produtores Gera??o (TWh)* % da gera??o mundial
% da hidreletricidade no total da
eletricidade gerada no pa?s
China 920 23,8 16,9
Canad? 392 10,1 60,1
Brasil 391 10,1 68,6
Estados Unidos 290 7,5 6,7
R?ssia 183 4,7 17,3
?ndia 142 3,7 11,9
Noruega 129 3,3 96,1
Jap?o 85 2,2 8,1
Venezuela 84 2,2 67,8
Fran?a 76 2,0 13,2
Demais pa?ses 1 182 30,4 15,6
Total mundial 3 874 100,0 16,6
Adaptado de: INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (IEA). Key World Energy Statistics 2015. Dispon?vel em: <www.iea.org/publications/freepublications/publication/
KeyWorld_Statistics_2015.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
* 1 TWh equivale a um trilh?o de watts-hora.
Sattu/Arquivo da editora
nível da água
nível da água
turbina
turbina
potencial
hidrelétrico
potencial
hidrelétrico
desnível
do terreno
desnível
do terreno
barragem
barragem
área inundada
área inundada
Representa??o sem escala.
Capítulo 364
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Termeletricidade
A obten??o de energia nas usinas termel?tricas
envolve maiores custos e impactos ambientais, mas a
constru??o de uma usina desse tipo requer investimen-
tos financeiros menores do que a de uma hidrel?trica.
O que faz a turbina de uma usina termel?trica girar ?
a press?o do vapor de ?gua obtido pela queima de car-
v?o mineral, g?s, petr?leo ou biomassa, que aquecem
uma caldeira contendo ?gua.
Enquanto a fonte prim?ria de energia das usinas
hidrel?tricas ? a ?gua, dispon?vel no local onde ? insta-
lada, a das termel?tricas tem de ser extra?da e trans-
portada (e por vezes importada), o que encarece o
produto final: a energia el?trica. Sua vantagem em
rela??o ? hidreletricidade ? que a localiza??o da usina
? determinada pelo mercado consumidor, e n?o pelo
relevo e a hidrografia.
Energia atômica
Desde o in?cio deste s?culo, em raz?o do agrava-
mento das mudan?as clim?ticas globais, a utiliza??o
da usinas at?micas para obten??o de energia el?tri-
ca voltou ? agenda internacional como importante
alternativa ? queima de combust?veis f?sseis.
Em 2013, as usinas nucleares foram respons?veis
pela gera??o de pouco mais de 10% de toda a energia
el?trica no mundo.
Assim como nas termel?tricas, o que movimenta
a turbina de uma usina nuclear ? o vapor de ?gua.
Mundo: produ??o total de energia el?trica de origem nuclear ? 2013
Maiores produtores Gera??o (TWh)* % da gera??o mundial
% da energia nuclear no total da
eletricidade produzida no pa?s
Estados Unidos 822 33,2 19,2
Fran?a 424 17,1 74,7
R?ssia 173 7,0 16,3
Coreia do Sul 139 5,6 25,8
China 112 4,5 2,1
Canad? 103 4,2 15,8
Alemanha 97 3,9 15,5
Ucr?nia 83 3,3 43,0
Reino Unido 71 2,9 19,8
Su?cia 66 2,7 43,4
Demais pa?ses** 388 15,6 7,9
Total mundial 2 478 100,0 10,6
Adaptado de: INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (IEA). Key World Energy Statistics 2015. Dispon?vel em: <www.iea.org/publications/freepublications/publication/
KeyWorld_Statistics_2015.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
* 1 TWh equivale a um trilh?o de watts-hora. ** Somente pa?ses em que h? gera??o de energia nuclear.
Termel?trica em Yakutsk (R?ssia), 2016. Essa usina utiliza o g?s
natural como fonte prim?ria de energia.
A diferen?a ? que, no caso das usinas at?micas, o
aquecimento da ?gua ? feito mediante fiss?o nuclear,
realizada a partir da quebra de ?tomos de ur?nio.
Em v?rios pa?ses, destaca-se a produ??o de
energia el?trica em usinas nucleares, apesar do al-
to custo de instala??o, funcionamento e conserva-
??o. Em muitos deles, esgotaram-se as possibilida-
des de produ??o hidrel?trica e h? car?ncia de
reservas de combust?veis f?sseis para a produ??o
de energia em centrais termel?tricas. Observe os
dados da tabela.
Andrey Rudakov/Bloomberg/Getty Images
Produção mundial de energia65
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 65 27/05/16 18:54

Outras leituras
O reator nuclear
De forma simplificada, um reator nuclear ? um equipamento em que se processa uma rea??o de fiss?o
nuclear, assim como um reator qu?mico ? um equipamento no qual se processa uma rea??o qu?mica.
Para gerar energia el?trica, um reator nuclear funciona como uma central t?rmica, no qual a fonte de
calor ? o ur?nio-, em vez de ?leo combust?vel ou carv?o. ?, portanto, uma central t?rmica nuclear.
Ilustrações: Sattu/Arquivo da editora
torre de
transmissão
torre de
transmissão
tanque de água
de alimentação
vaso de contenção
gerador de vapor
pressurizador
o vapor move
a turbina
reator
gerador
elétrico
vaso de
pressão
barras de
controle
vapor
turbina
a reação
nuclear
produz
calor
que
aquece
a água água
água para
resfriamento
bomba
condensador
água quente sob pressão
material
radiativo
combustível
Esquema de funcionamento de uma central térmica nuclear
A grande vantagem de uma central t?rmica nuclear ? a
enorme quantidade de energia que pode ser gerada
(pot?ncia), a partir de pouco volume de material (is?topo
235 do ur?nio).
COMISS?O NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR (CNEM). Dispon?vel em:
<www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/
apostila-educativa-aplicacoes.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2016.
Apesar de as usinas nucleares apresentarem diver-
sas vantagens em rela??o aos outros tipos de usina, a
opini?o p?blica mundial tem exercido forte press?o
contr?ria ? instala??o de novas centrais.
As usinas at?micas s?o potencialmente mais pe-
rigosas por utilizarem fontes prim?rias radiativas e
demandarem um alto custo para a destina??o final dos
seus rejeitos ? o lixo at?mico.
Em caso de acidentes (como o de Three Mile Island,
nos Estados Unidos, em 1979; o de Chernobyl, na ex-
-Uni?o Sovi?tica, atual Ucr?nia, em 1986; e o de Fukushi-
ma, no Jap?o, em 2011, causado por terremoto seguido
de tsunami), a radiatividade leva anos ou mesmo d?ca-
das para se dissipar. Nos Estados Unidos, por exemplo
? pa?s respons?vel por mais de 30% da gera??o mundial
de energia el?trica em centrais nucleares ?, n?o se cons-
troem novas usinas desde o acidente de 1979.
Diversas outras formas de obten??o de energia el?-
trica v?m sendo pesquisadas por v?rios pa?ses, como a
energia solar, a geot?rmica, a e?lica, a varia??o das ma-
r?s, a fus?o nuclear (de ?tomos de hidrog?nio), etc., mas
a instala??o dessas usinas e a produ??o em larga escala
ainda dependem da redu??o dos custos. Leia o texto do
boxe a seguir e veja o infogr?fico das p?ginas 68 e 69.
óleo
700 kg
carvão
1 200 kg
urânio
10 g
Equivalência de diferentes materiais utilizados
em usinas de geração de eletricidade Representa??es sem escala.
Representa??es sem escala.
Capítulo 366
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 66 27/05/16 18:54

Energia solar
A energia solar ? utilizada na
gera??o de eletricidade e no
aquecimento da ?gua, ou seja,
como fonte de luz e de calor. Tra-
ta-se de uma op??o para atender
a popula??o rural sem acesso ?
rede de energia el?trica.
Nas cidades, seu uso vem se
intensificando em resid?ncias,
hot?is, hospitais, clubes e outros,
que buscam redu??o dos custos
da eletricidade. Sua capta??o ?
realizada por coletores para o
aquecimento e por c?lulas foto-
voltaicas para converter a ener-
gia solar em eletricidade. Obser-
ve o esquema ao lado.
Para saber mais
1 Um receptor instalado no alto de
uma torre recebe os raios solares
refletidos por meio de milhares de
espelhos instalados ? sua volta.
2 O receptor aquece
um fluxo cont?nuo de
sal l?quido e o estoca
em um reservat?rio,
mantendo-o aquecido
por v?rias horas.
gerador
receptor
espelho
reservatório
de sal quente
reservatório
de sal frio
sal liquefeito aquecido
turbina
4 O sal liquefeito ? devolvido ao
reservat?rio, onde esfria, e ? devolvido
ao receptor, reiniciando o processo.
3 Para gerar energia, o sal
liquefeito aquecido ?
conduzido a um gerador.
O vapor produzido
movimenta uma turbina e
produz eletricidade.
sal liquefeito
Sattu/Arquivo da editora
Energia geotérmica e maremotriz
O grau geot?rmico corresponde ao n?mero de metros
necess?rios, no interior da crosta terrestre, para que a
temperatura aumente um grau cent?grado (
o
C). Esse gra-
diente depende de v?rios fatores, mas na camada superior
da crosta terrestre a temperatura aumenta, em m?dia,
1
o
C a cada 30 metros de profundidade.
Em alguns pa?ses, com destaque ao Jap?o, Nova Ze-
l?ndia, It?lia e Canad?, h? regi?es em que a ?gua sai da
Terra em estado de vapor, com temperaturas muito ele-
vadas, possibilitando canaliz?-lo para movimentar as
turbinas de uma usina termel?trica e gerar eletricidade.
Tamb?m ? poss?vel gerar eletricidade aproveitando o
movimento das mar?s, das correntes mar?timas e das on-
das. Embora a energia do mar seja inesgot?vel, renov?vel
e n?o poluente, as tecnologias dispon?veis para seu apro-
veitamento ainda n?o proporcionaram condi??es de ex-
plora??o com pre?o competitivo.
Adaptado de: MYBELOJARDIM.
Portal de mudan?as, transforma??es, inova??es
e lideran?a. Dispon?vel em: <http://
mybelojardim.com/torres-de-energia-solar-
concentrada/>. Acesso em: 2 abr. 2016.
Vista a?rea da usina geot?rmica pr?xima a Nair?bi (Qu?nia),
2014. Esse tipo de energia ? considerado menos poluente do
que a queima de combust?veis f?sseis.
Noor Khamis/Reuters/Latinstock
Esquema de funcionamento de uma usina solar
Representa??o sem escala.
Produção mundial de energia67
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Ilustrações: Rubens Paiva/Arquivo da editora
A energia e?lica ? obtida a partir do movimento dos
ventos e das massas de ar, que por sua vez resultam das
diferen?as de temperatura existentes na superf?cie do pla-
neta. ? uma forma limpa e renov?vel de obten??o de ener-
gia, dispon?vel em muitos lugares.
NA TERRA NA COSTA EM ALTO-MAR
1 14 609
65 879
39 165
22 987
22 465
12 440
9 2859 694
8 663
5 939
China
Estados Unidos
Alemanha
Espanha
Índia
Reino Unido
França
Canadá
Itália
Brasil
Megawatt
Total mundial: 369 597 MW
Demais países: 58 471 MW
Países
Problemas socioambientais
Embora n?o sejam poluentes, as
turbinas e?licas tamb?m provocam
impactos: as h?lices emitem ru?dos
de baixa frequ?ncia que
incomodam os moradores locais,
animais, turistas e outros; quando
instaladas em rotas de voo e de
migra??o de p?ssaros, podem
causar interfer?ncias e matar
muitas aves.
Colhendo vento
A energia dos ventos ? captada pelas turbinas
e?licas, tamb?m chamadas aerogeradores. Cada
turbina cont?m h?lices de at? tr?s p?s, feitas de
materiais muito leves, como as fibras de vidro e de
carbono, e chegam a ter 40 metros de extens?o.
Entre a hélice 1 e o gerador, h? dois eixos
interligados: o eixo principal 2, que, por estar
conectado ? h?lice, gira devagar ? entre vinte e trinta
rota??es por minuto ?, e o eixo do gerador
3, que,
em virtude de um conjunto de engrenagens, atinge
mais de mil rota??es por minuto.
A rota??o mec?nica realizada no gerador
4 produz
energia el?trica. Isso ocorre porque dentro do
gerador h? uma bobina met?lica (de cobre, em
geral) em contato com um ?m? que, por indu??o,
produz eletricidade.
O controlador
5 ? um componente muito
importante na unidade e?lica. Ele permite mudar a
posi??o das p?s e da turbina toda, de acordo com a
velocidade e a dire??o do vento. Al?m disso, o
controlador liga o gerador sempre que o
anemômetro 6
registra a velocidade m?nima do
vento (pouco mais de 10 quil?metros por hora) e
tamb?m aciona o freio quando os ventos est?o
fortes demais (acima de 95 quil?metros por hora).
O sensor de direção
7 do vento ? uma pe?a
conectada ao controlador e tem a fun??o de
inform?-lo quando o vento come?a a bater de lado,
levando-o a girar a turbina inteira para
que ela se coloque de frente para o vento.
INFOGRÁFICO
Energia eólica
Mundo: países com maior capacidade de geração
de energia eólica – 2014
Adaptado de: GLOBAL WINDENERGY COUNCIL. Global Wind Report 2014. Dispon?vel em: <www.gwec.net/
wp-content/uploads/2015/03/GWEC_Global_Wind_2014_Report_LR.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
A. Robson/Arquivo da editora
Representa??es sem escala.
Capítulo 368
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 68 27/05/16 18:54

transmissão
de energia
pá da hélice
giro da pá
NO BRASIL
As usinas e?licas s?o vi?veis em regi?es onde a velocidade
m?dia dos ventos ? superior a 6 metros por segundo. O maior
potencial e?lico dispon?vel e instalado no pa?s est? localizado
na regi?o Nordeste.
REDE DE
DISTRIBUIÇÃO
As unidades e?licas t?m
uma central de
transmiss?o onde se
concentram os fios que
saem das turbinas e
geradores. Da? a energia
parte direto para a rede
el?trica (rede de
alta-tens?o, subesta??o
transformadora, rede
geral e usu?rio final).
Adaptado de: AG?NCIA NACIONAL DE ENERGIA
EL?TRICA (ANEEL). Atlas de energia el?trica no
Brasil. 3. ed. Dispon?vel em: <www2.aneel.
gov.br/arquivos/PDF/atlas3ed.pdf>.
Acesso em: 2 abr. 2016.
Turbinas
Transformador
Rede de alta-tens?o
Subesta??o
Rede
Usu?rio
3
5
7
6
1
2
4
Adaptado de: GLOBAL
WINDENERGY COUNCIL.
Global Wind Report 2014.
Dispon?vel em:
<www.gwec.net/wp-content/
uploads/2015/03/GWEC_
Global_Wind_2014_Report_
LR.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2016.
Brasil: capacidade instalada – 2005-2014
Brasil: capacidade instalada e acumulada (MW) ? 2014
Estado
Capacidade
instalada
Capacidade acumulada
no fim de 2014
Bahia 342,8 931,4v
Cear? 572,2 1 233,2
Para?ba - 69,0
Pernambuco 79,9 104,7
Piau? 70,0 88,0
Paran? - 2,5
Rio de Janeiro - 28,1
Rio Grande do Norte 751,6 2 092,0
Rio Grande do Sul 645,9 1 118,8
Santa Catarina - 236,4
Sergipe - 34,5
Total 2 472,4 5 938,5
Adaptado de: GLOBAL WINDENERGY COUNCIL. Global Wind Report 2014.
Dispon?vel em: <www.gwec.net/wp-content/uploads/2015/03/
GWEC_Global_Wind_2014_Report_LR.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2016.
0
5 000
4 000
3 000
2 000
1 000
6 000
2005200620072008200920102 0 112
012
20132
014
29
237247341
606
927
1 431
2 508
3 466
5 939
Megawatt
A. Robson/Arquivo da editora
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Capítulo 370
Dialogando
com as disciplinas
Energia, uma transformação constante
A montanha-russa, um brinquedo que muitos adoram e que outros por medo nem
chegam perto, mostra o funcionamento de um dos fenômenos mais fascinantes que
ocorrem a cada instante em todo o universo e é responsável pela vida: a transformação da
energia. O texto a seguir explica como isso acontece.
Nesta se??o, a
Geografia dialoga
com a F?sica e a
Matem?tica.
Começa o passeio e o pequeno vagão é lentamente puxado até o ponto mais alto da montanha-russa.
Quanto mais alto for esse ponto, maior será a energia do carro – no caso, trata-se da energia potencial, que ao
se transformar em energia cinética durante a descida aumentará progressivamente a velocidade do vagão.
Qualquer objeto levantando do solo contém energia potencial, criada pela força da gravidade. [...] Em Fí-
sica clássica, energia potencial e energia cinética são as duas faces da energia mecânica. [...] Durante o trajeto,
a energia mecânica do vagão é também utilizada de forma inteligente – ela serve para mover uma série de
geradores que fornecem eletricidade às lâmpadas que iluminam a montanha-russa. A energia excedente é
canalizada para os acumuladores (baterias), onde é convertida em energia química. Esta poderá ser novamen-
te transformada em eletricidade, sempre que necessário. A única força capaz de deter o trem é o atrito.
Na ausência total de atrito, os passageiros embarcariam numa viagem sem fim [...].
TABORDA, A. C.; ZERO, K. A ci?ncia vai ao parque. Superinteressante online. Dispon?vel em: <http://super.abril.com.br/
comportamento/a-ciencia-vai-ao-parque>. Acesso em: 14 abr. 2016.
Energia (do grego energeia, ‘atividade’) é usualmente definida como a capacidade de realizar trabalho me-
cânico, deslocando, por exemplo, um objeto de uma posição para outra por meio da aplicação de uma força.
[...] Uma definição mais geral de energia é: capacidade de produzir transformações num sistema. [...]
pode envolver transformações mecânicas ou transformações físicas, químicas e biológicas. [...] Após passar
por várias transformações, a energia [...] acaba por se transformar em calor [...].
GOLDEMBERG, J. (Coord.). Energia e desenvolvimento sustentável. S?o Paulo: Bl?cher, 2010.
p. 6. (S?rie Sustentabilidade).
Mas o que é energia? E, se o trem for parado pela força de atrito, o que acontecerá com sua energia?
O texto a seguir define esse conceito e dá uma pista para responder à segunda questão.
Isaac74/Shutterstock
Aguardar crédito
p. 6. (S?rie Sustentabilidade).
Isaac74/Shutterstock
Aguardar crédito
Parque de
divers?es em
Castelnuovo
Del Garda
(It?lia), em 2015.
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71Produção mundial de energia
Com base no que você estudou neste capítulo e nos seus conhecimentos sobre con-
versão de energia, responda às questões:
1. Em termos de transformação energética, quais são as semelhanças e diferenças
entre a descida de um vagão na montanha-russa e o movimento das águas em uma
usina hidrelétrica?
2. Em épocas de estiagem prolongada, é comum ocorrer uma redução do nível da água
nos reservatórios das usinas hidrelétricas, o que pode comprometer o abastecimen-
to de energia elétrica das cidades.
a) Que tipo de energia o represamento das águas oferece?
b) Os moinhos movidos pela água funcionam de forma similar às represas. Em que
posição você colocaria as pás de um moinho: no começo da queda de água, no
meio ou na parte mais baixa? Justifique.
3. Todos os corpos em movimento estão sujeitos às forças de atrito (com o ar, a água ou
outros objetos), que, aos poucos, vão reduzindo sua velocidade e, portanto, sua energia
cinética. Como você explica a energia perdida nesses movimentos? Ela desaparece?
4. Ao ligarmos um ventilador, buscamos a conversão da energia elétrica da rede domés
-
tica em energia mecânica, que faz as pás girarem. No entanto, duas outras formas
de energia são bastante perceptíveis nesse processo. Faça a experiência de observar
um ventilador em funcionamento e descubra quais são.
5. A possibilidade de converter uma forma de energia em outra teve como consequên-
cia um aumento no consumo energético per capita ao longo da história da humani-
dade, como indica o gráfico a
seguir.
Compare o consumo de energia
do homem industrial com o do
homem tecnológico para res-
ponder às questões:
a) Proporcionalmente, qual foi
o setor que teve maior au-
mento?
b) Que tipo de transformação
energética você associaria a
esses aumentos no período
do homem industrial e do
homem tecnológico?
Adaptado de: GOLDEMBERG, Jos?.
Desenvolvimento e energia. S?o Paulo:
USP/Secretaria de Estado do Meio
Ambiente. Dispon?vel em: <http://
efisica.if.usp.br/divulgacao/
oqueefisica/goldembergt.php>.
Acesso em: 14 abr. 2016.
Banco de imagens/Arquivo da editora
notkoo/Shutterstock
0 50
Homem
tecnológico
100 150 200
Consumo diário per capita (mil kcal)
Energia total consumida per capita (mil kcal)
Alimentação
230 x 10
3
77 x 10
3
20 x 10
3
12 x 10
3
6 x 10
3
2 x 10
3
Homem primitivo: 1 milhão de anos atrás.
Homem caçador: 100 mil anos atrás.
Homem agrícola primitivo: 7 mil anos atrás.
Homem agrícola avançado: 1400 d.C.
Homem industrial: Inglaterra, 1875.
Homem tecnológico: Estados Unidos, 1970.
Moradia e
comércio
Indústria e
agricultura Transporte
Homem
industrial
Homem
agrícola
avançado
Homem
agrícola
primitivo
Homem
caçador
Homem
primitivo
Consumo energético per capita

GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 71 27/05/16 18:54

5 Energia e ambiente
Combust?veis f?sseis s?o usados predominante-
mente nos sistemas de transporte, na produ??o indus-
trial e na termeletricidade, cuja queima ? altamente
poluente, com indesej?veis consequ?ncias para a sa?-
de, al?m de acentuar o efeito estufa e causar outros
s?rios problemas ambientais, como as chuvas ?cidas e
a intensifica??o das ilhas de calor.
A hidreletricidade, a fiss?o nuclear e as formas de
produ??o energ?tica nas quais s?o empregados diver-
sos tipos de biomassa tamb?m acarretam, em maior
ou menor grau, impactos ambientais.
Somente algumas fontes alternativas, como a ener-
gia solar, a e?lica, a geot?rmica e a da varia??o das
mar?s, causam poucos impactos ambientais. No en-
tanto, seu aproveitamento, embora crescente em v?-
rios pa?ses, ? restrito a locais que apresentam condi??es
favor?veis. At? o momento, a escala de utiliza??o ?
pequena, por causa do alto custo de instala??o das
unidades captadoras e transformadoras. Segundo a
Ag?ncia Internacional de Energia, a participa??o dessas
fontes no consumo mundial, embora ainda baixo, au-
mentou de 0,1% para 1,2% entre 1973 e 2013.
O consumo de energia nos pa?ses desenvolvidos,
embora seja elevado, est? praticamente estabilizado.
Quando h? aumento, ocorre no mesmo ritmo do cres-
cimento populacional, ou seja, com ?ndices inferiores
a 1% ao ano. Al?m disso, segundo estimativas da Ag?n-
cia Internacional de Energia, o aumento esperado ten-
de a ser anulado pela efici?ncia energ?tica cada vez
maior dos aparelhos dom?sticos, pelo consumo cada
vez menor de combust?vel f?ssil nos autom?veis e m?-
quinas industriais e pelo crescente volume de recicla-
gem de materiais, entre outras medidas que provocam
economia de energia.
J? nos pa?ses em desenvolvimento, especialmente
naqueles de economia emergente, observa-se expres-
sivo aumento do consumo de energia. Isso se d? sobre-
tudo em raz?o do crescimento econ?mico, que leva ?
amplia??o na produ??o e ao maior acesso da popula??o
a bens de consumo, como autom?veis, eletr?nicos e
eletrodom?sticos.
O maior incremento recente na participa??o percen-
tual do consumo mundial de energia ocorreu na China e
em outros pa?ses emergentes, onde a produ??o industrial
vem crescendo em ritmo acelerado. Segundo estimativas,
entre 2015 e 2020, os pa?ses em desenvolvimento, sobre-
tudo os emergentes, estar?o, em termos absolutos, con-
sumindo mais energia do que os desenvolvidos.
1973
Total: 4 667 milhões de TEP** Total: 9 301 TEP**
2013
60,3
OCDE
0,7
Oriente Médio 13,6
Europa e Eurásia
não OCDE
7,9
China
6,3
Ásia*
3,6
Américas
3,7
África
3,9
Abastecimento
aéreo e marítimo
internacional
39,1
OCDE
4,9
Oriente Médio7,6
Europa e Eurásia
não OCDE
21,0
China
12,6
Ásia*
5,0
Américas6,0
África
3,8
Abastecimento
aéreo e marítimo
internacional
Mundo: consumo de energia primária por região (%) – 1973/2013
A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (IEA). Key World Energy Statistics 2015. Dispon?vel em: <www.iea.org/
publications/freepublications/publication/KeyWorld_Statistics_2015.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
* Exceto a China. ** TEP: toneladas equivalentes de petr?leo.
Capítulo 372
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 72 27/05/16 18:54

Atividades
Compreendendo conteúdos
1. Por que o setor energ?tico ? considerado estrat?gico?
2. Por que, a partir da d?cada de 1930, come?aram a surgir empresas petrol?feras estatais em diversos pa?ses?
3. Cite as vantagens da hidreletricidade em compara??o com as fontes termel?tricas e termonucleares na obten??o
de energia el?trica.
4. Quais s?o as vantagens e poss?veis desvantagens da expans?o do consumo mundial de biocombust?veis?
Desenvolvendo habilidades
5. Observe novamente os gr?ficos da p?gina anterior e explique por que existem tantas desigualdades no consumo
de energia entre os diversos pa?ses e regi?es do mundo.
6. Leia os textos a seguir, que apresentam opini?es diferentes sobre as vantagens e desvantagens da obten??o de
energia el?trica em usinas nucleares. Em seguida, elabore no caderno uma disserta??o expressando sua opini?o
sobre o tema.
A liberação da energia atômica mudou tudo,
menos nossa maneira de pensar.”
Albert Einstein (1879-1955), f?sico alem?o.
A
ATENÇÃO!
Não escreva no seu livro!
Por que energia nuclear?
A utiliza??o da energia nuclear vem crescendo a cada dia. A gera??o nucleoel?trica ? uma das alternativas menos
poluentes; permite a obten??o de muita energia em um espa?o f?sico relativamente pequeno e a instala??o de usinas
perto dos centros consumidores, reduzindo o custo de distribui??o.
Outras fontes de energia, como solar ou e?lica, s?o de explora??o cara e capacidade limitada, ainda sem utiliza??o em
escala industrial. Os recursos hidr?ulicos tamb?m apresentam limita??es, al?m de provocar grandes impactos ambientais.
Por isso, a energia nuclear torna-se mais uma op??o para atender com efic?cia ? demanda energ?tica no mun-
do moderno.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Instituto de F?sica. Dispon?vel em: <www.cesarzen.com/FIS1057Lista12.pdf>.
Acesso em: 2 abr. 2016.
Energia nuclear
A energia nuclear ? talvez aquela que mais tem chamado aten??o quanto aos seus impactos ambientais e ? sa?de
humana. S?o tr?s os principais problemas ambientais dessa fonte de energia. O primeiro ? a manipula??o de material
radioativo no processo de produ??o de combust?vel nuclear e nos reatores nucleares, com riscos de vazamentos e
acidentes. O segundo problema est? relacionado com a possibilidade de desvios clandestinos de material nuclear para
utiliza??o em armamentos, por exemplo, acentuando riscos de prolifera??o nuclear. Finalmente existe o grave problema
de armazenamento dos rejeitos radioativos das usinas. J? houve substancial progresso no desenvolvimento de tecnologias
que diminuem praticamente os riscos de contamina??o radiativa por acidente com reatores nucleares, aumentando
consideravelmente o n?vel de seguran?a desse tipo de usina, mas ainda n?o se apresentam solu??es satisfat?rias e
aceit?veis para o problema do lixo at?mico.
JANNUZZI, Gilberto de Martino. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci?ncia (SBPC). Energia: crise e planejamento.
Revista ComCiência. Dispon?vel em: <www.comciencia.br/reportagens/energiaeletrica/energia12.htm>.
Acesso em: 2 abr. 2016.
73Produção mundial de energia
GGB_v3_PNLD2018_048a073_U2C03.indd 73 27/05/16 18:54

Luca Atalla/Pulsar Imagens
74
CAPÍTULO4
Produção brasileira
de energia
Plataforma de petr?leo no Rio de Janeiro (RJ),
em 2015. No Brasil existe extra??o de petr?leo
em terra e no oceano, tanto perto da costa
quanto em alto-mar.
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 74 27/05/16 18:56

O
crescimento populacional, o desenvolvimento de novas tecnologias e a
elevação do padrão de consumo levaram à maior demanda por energia
e à consequente necessidade de aumentar sua produção mundial. Isso
agravou alguns impactos ambientais, como poluição, chuva ácida, mudanças
climáticas globais, desmatamento e deslocamento ou extinção de diversas
espécies de seres vivos.
Essas questões geraram uma maior discussão sobre a imperativa busca de
novas fontes de energia que atendam tanto às necessidades econômicas quan-
to às sociais e ambientais.
Neste capítulo, aprofundaremos os conhecimentos sobre a questão ener-
gética no Brasil. Entre diversos pontos, veremos que o país se destaca no ce-
nário mundial por apresentar importante participação nas fontes renováveis
em sua matriz energética.
Complexo e?lico em S?o Bento do Norte (RN),
em 2015. A produ??o brasileira de energia
e?lica vem crescendo a cada ano, como
estudaremos neste cap?tulo.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
Acesse o site do
Ministério de Minas e
Energia. Veja orientações
na seção Sugestões de
leitura, filmes e sites.
75Produção brasileira de energia
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 75 27/05/16 18:56

1 Panorama do setor energético no Brasil
O potencial energ?tico no Brasil ? privilegiado, se
comparado ao de muitos outros pa?ses. A utiliza??o de
fontes renov?veis, como o aproveitamento hidrel?trico,
e a obten??o de energia a partir da biomassa s?o ex-
pressivas. J? a produ??o de petr?leo e g?s natural, fon-
tes n?o renov?veis, tem aumentado gradualmente.
Observe o gr?fico 1.
Desde o in?cio da d?cada de 1980, a tend?ncia ? a
redu??o da depend?ncia externa de energia no Brasil,
apesar do crescimento do consumo, principalmente
depois de fins dos anos 1990. Observe o gr?fico 2.
Em 2014, o Brasil importou 12,7% do total da ener-
gia consumida no pa?s. As principais importa??es
foram de petr?leo, carv?o mineral e g?s natural. Para
que o Brasil atinja a autossufici?ncia energ?tica, s?o
necess?rios investimentos na produ??o, na transmis-
s?o e na distribui??o de energia, al?m de modernizar
a produ??o industrial e os sistemas de transporte ?
urbano e de cargas ? visando ? diminui??o de consu-
mo de energia nesses setores.
Como vimos, quase 40% do consumo total da ener-
gia gerada no Brasil prov?m de fontes renov?veis: hi-
dr?ulica, lenha, carv?o vegetal, produtos da cana-de-
-a??car, al?m de outras, como g?s obtido em aterros
sanit?rios, subprodutos de planta??es diversas, etc.
? o que se observa nos gr?ficos 3 e 4.
39,4
60,6
9,5
90,5
13,8
86,2
Brasil OCDE
Mundo
0
20
40
60
80
10 0
Renovável
Não renovável
0
250
200
150
10 0
50
300
350
19741978198219861990199419982002200620102014
Dependência externa de energia
Produção de energia
10 TEP
6
15,9
Produtos da
cana-de-açucar
16,1
Outras
6,3
Lenha
17,2
Hidráulica
44,5
Petróleo e
derivados
11,1
Residencial
3,9
Comercial
1,8
Público
5,0
Agropecuário
38,8
Transportes
39,4
Industrial
1. Mundo, OCDE e Brasil: estrutura da oferta
interna de energia (%) – 2013*
3. Brasil: consumo de energia segundo a fonte
(%) – 2014
4. Brasil: consumo de energia por setor (%) – 2014
2. Brasil: dependência externa de energia –
1974-2014
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: EMPRESA DE PESQUISA ENERG?TICA (EPE). Balan?o Energ?tico
Nacional 2015: ano-base 2014. Dispon?vel em: <https://ben.epe.gov.br/
downloads/Relatorio_Final_BEN_2015.pdf>; INTERNATIONAL ENERGY AGENCY
(IEA). Key World Energy Statistics 2015. Dispon?vel em: <www.iea.org/
publications/freepublications/publication/KeyWorld_Statistics_2015.pdf>.
Acessos em: 10 abr. 2016
Adaptado de: EMPRESA DE PESQUISA ENERG?TICA (EPE). Balan?o Energ?tico
Nacional 2015: ano-base 2014. Dispon?vel em: <https://ben.epe.gov.br/
downloads/Relatorio_Final_BEN_2015.pdf>.
Acesso em: 10 abr. 2016.
Adaptado de: EMPRESA DE PESQUISA ENERG?TICA (EPE). Balan?o Energ?tico
Nacional 2015: ano-base 2014. Dispon?vel em: <https://ben.epe.gov.br/
downloads/Relatorio_Final_BEN_2015.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.
Adaptado de: EMPRESA DE PESQUISA ENERG?TICA (EPE). Balan?o Energ?tico
Nacional 2015: ano-base 2014. Dispon?vel em: <https://ben.epe.gov.br/
downloads/Relatorio_Final_BEN_2015.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016. * Os dados do Brasil s?o de 2014 e os demais, de 2013.
Capítulo 476
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 76 27/05/16 18:56

2 Combustíveis fósseis
Petróleo e gás natural
Somente em 1938, dez anos ap?s a forma??o do
cartel das ?sete irm?s?, foi perfurado o primeiro po?o
de petr?leo em territ?rio brasileiro.
A perfura??o aconteceu em Lobato, bairro da pe-
riferia de Salvador (BA), na bacia sedimentar do Re-
c?ncavo. Esse fato motivou o governo a criar o Con-
selho Nacional de Petr?leo (CNP) para planejar,
organizar e fiscalizar o setor petrol?fero.
Em 1953, apoiado por um grande movimento po-
pular, o ent?o presidente Get?lio Vargas criou a Petro-
bras e instituiu o monop?lio estatal na extra??o, no
transporte e no refino de petr?leo no Brasil. Com o
slogan ?O petr?leo ? nosso?, havia no pa?s um movi-
mento de cunho nacionalista que questionava o dom?-
nio estrangeiro no setor.
Em virtude da crise do petr?leo de 1973, foi ne-
cess?rio aumentar a produ??o nacional para diminuir
a quantidade do recurso importado.
Naquela ?poca, o Brasil produzia apenas 14% do
petr?leo que consumia, o que tornava o pa?s bastan-
te dependente das na??es exportadoras, e sua eco-
nomia ficava altamente vulner?vel ?s oscila??es in-
ternacionais do pre?o do barril.
Brasil: oferta interna de energia (por fonte)
– 1970-2014
Com a crise, o governo brasileiro acabou firmando
contratos de risco com grupos privados, autorizando
que tamb?m realizassem prospec??es no territ?rio
nacional. Inicialmente foram selecionadas e abertas
para explora??o dez ?reas nas quais poderia haver
petr?leo. Caso a empresa incumbida da prospec??o
encontrasse o recurso, os investimentos feitos seriam
reembolsados e ela se tornaria s?cia da Petrobras na-
quela ?rea. Caso n?o encontrasse, a empresa arcaria
com os preju?zos da prospec??o. Com a promulga??o
da Constitui??o de 1988, esses contratos foram proi-
bidos, e a Petrobras voltou a exercer o monop?lio de
extra??o at? 1995.
Al?m disso, nas d?cadas de 1970 e 1980, o governo
passou a incentivar, por meio de vultosos empr?stimos
a juros subsidiados, ind?strias que substitu?ssem o pe-
tr?leo por energia el?trica. A participa??o percentual
do petr?leo na matriz energ?tica nacional diminuiu de
1979 a 1984, mas depois voltou a apresentar crescimen-
to (veja o gr?fico nesta p?gina). Em 2006, a produ??o
brasileira de petr?leo (1,8 milh?o de barris por dia, na-
quele ano) passou a abastecer 100% das necessidades
nacionais de consumo ? em 2015, a produ??o di?ria
m?dia foi de 2,5 milh?es de barris.
A revis?o constitucional de 1995 fez romper o mo-
nop?lio da Petrobras na extra??o, no transporte, no
refino e na importa??o de petr?leo e seus derivados.
O Estado passou a ter o direito de realizar leil?es e de
contratar empresas privadas ou estatais, nacionais ou
estrangeiras, que quisessem atuar no setor.
Em 1997, foi criada a Ag?ncia Nacional do Petr?leo
(ANP), uma autarquia vinculada ao Minist?rio de Mi-
nas e Energia com a atribui??o de regular, contratar e
fiscalizar as atividades ligadas ao petr?leo e ao g?s
natural no Brasil. Licita??es, explora??o, importa??o,
exporta??o, transporte, refino, pol?tica de pre?os, rea-
justes e controle de qualidade, entre outras atribui-
??es, passaram a ser conduzidas pela ANP, cujo presi-
dente ? indicado pelo ministro de Minas e Energia e
empossado ap?s seu nome ser aprovado pelo Con-
gresso Nacional.
Observe o mapa da pr?xima p?gina. Para econo-
mizar em gastos com o transporte, o petr?leo ? refina-
do preferencialmente junto aos centros industriais
pr?ximos aos grandes polos consumidores. Isso explica


0
250
200
150
10 0
50
300
350
197019741978198219861990199419982002200620102014
Derivados da
cana-de-açúcar
Carvão mineral
Lenha e carvão vegetal
Hidráulica e eletricidade
Outros
Petróleo e derivados
10 TEP
6
Adaptado de: EMPRESA DE PESQUISA ENERG?TICA (EPE). Balan?o Energ?tico
Nacional 2015: ano-base 2014. Dispon?vel em: <https://ben.epe.gov.br/
downloads/Relatorio_Final_BEN_2015.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.
A. Robson/Arquivo da editora
Produção brasileira de energia77
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 77 27/05/16 18:56

a concentra??o de refinarias no Centro-Sul (mais de
80% da capacidade de refino do pa?s, que em 2014 era
de dois milh?es e duzentos mil barris por dia). Embora
abrigue importantes centros industriais, at? o in?cio de
2016, no Nordeste, havia uma ?nica grande refinaria,
localizada na regi?o metropolitana de Salvador (BA).
* Uma das refinarias brasileiras,
localizada no estado do Paran? (Six),
produz apenas xisto. As duas
refinarias localizadas no exterior
n?o estavam operando naquele ano.
-20
10 0
80
60
40
20
0
120
140
197419761978 19821980 1984198619881990199219941996199820002002200420062008201020122014
Dependência externa
Produção de petróleo
10 TEP
6
Brasil: dependência externa de petróleo – 1974-2014
Adaptado de: EMPRESA DE PESQUISA ENERG?TICA (EPE). Balan?o Energ?tico Nacional 2015: ano-base 2014.
Dispon?vel em: <https://ben.epe.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2015.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.
A. Robson/Arquivo da editora
Naquele ano, por?m, a Petrobras estava construindo
uma em Suape (PE) e ampliando a capacidade de outra
menor no Polo Industrial de Guamar? (RN).
Em 2015, a Petrobras tinha dezessete refinarias,
quinze delas localizadas no Brasil (veja o mapa abaixo),
uma nos Estados Unidos e uma no Jap?o.
O aumento da produ??o interna nas
?ltimas d?cadas se deve ? descoberta de
uma importante bacia petrol?fera em
alto-mar na plataforma continental de
Campos, no litoral norte do estado do
Rio de Janeiro, que come?ou a ser explo-
rada em 1976.
No continente, destaca-se a extra??o
em Mossor? (RN), seguida do Rec?ncavo
Baiano. Recentemente, foi descoberta uma
pequena jazida continental em Urucu
(AM), a sudoeste de Manaus, onde h? gran-
des reservas de g?s natural. O g?s se tornou
importante fonte de energia para o parque
industrial da Zona Franca de Manaus.
Brasil: refinarias de petróleo – 2015*
Banco de imagens/Arquivo da editora
Adaptado de: PETROBRAS. Dispon?vel em: <www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/
principais-operacoes/>. Acesso em: 10 abr. 2016.
Equador
Trópico de Capricórnio

OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
50° O
0 410 820
km
Replan
(Paulínia)
415
Rlam
(São Francisco
do Conde)
323
Reduc
(Duque de Caxias)
239
Lubnor
(Fortaleza)
8
Clara Camarão
(Guamaré)
35
Abreu e Lima
(Ipojuca)
230
Revap
(São José dos Campos)
252
Regap
(Betim)
150
Refap
(Canoas)
201
Repar
(Araucária)
207
RBPC
(Cubatão)
178
Recap
(Mauá)
53
Reman
(Manaus)
46
Comperj
(Itaboraí)
165
RR
AM
RO
AC
PA
AP
PI
CE
MA
TO
GO
BA
MG
ES
RJ
RN
PB
PE
SE
AL
SP
PR
SC
RS
MS
MT
DF
Refinarias da Petrobras
Capacidade instalada
(mil barris/dia)
46
VENEZUELA
COLÔMBIA
PERU
Guiana Francesa (FRA)
SURINAME
GUIANA
PARAGUAI
CHILE
URUGUAI
ARGENTINA
BOLÍVIA
Acesse os sites da ANP
– Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis e do
Instituto Socioambiental.
Veja orientações na seção
Sugestões de leitura,
filmes e sites.
Capítulo 478
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 78 27/05/16 18:56

Em 2008, dirigentes da Petrobras anunciaram a des-
coberta de enormes reservas de petr?leo e g?s natural a
mais de 5 quil?metros de profundidade e a 300 quil?me-
tros da costa, na camada pr?-sal da bacia de Santos (SP).
Segundo estimativas, essa camada pode conter mais de
30 bilh?es de barris, atribuindo ao pa?s a posi??o de de-
tentor de uma das maiores reservas mundiais de petr?leo
de boa qualidade. A expectativa ? de que as descobertas
na bacia de Santos insiram o Brasil no mesmo patamar
dos grandes produtores mundiais. Veja o mapa abaixo.
Brasil: poços e terminais de petróleo e gás natural – 2015
Equador

50º O
Trópico de Capricórnio
0 400 800
km
AM
RR
RO
AP
AC
PA MA
RN
CE
PI
PB
PE
AL
SE
BA
MT
TO
MG
GO
DF
MS
ES
RJSP
PR
SC
RS
Tramandaí
Florianópolis
Itajaí
São Francisco do Sul
Guaramirim
Araucária
Maringá
Sarandi
Paranaguá
São Caetano do Sul
São Sebastião
Angra dos Reis
Rio de Janeiro
São Mateus
Linhares
Vitória
Vila Velha
Macaé
Paulínia
Betim
Itabuna
Ladário
Jequié
Madre de Deus
Candeias
Carmópolis
Maceió
Cabedelo
Natal
Guamaré
São Luís
Belém
Coari
Ipojuca
(Suape)
Uberlândia
Brasília
Montes
Claros
Senador
Canedo
Uberaba
Guararema
Ribeirão
Preto Volta Redonda
Santos
Rio Grande
Triunfo
Canoas
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Terminais terrestres
(Capacidade em m
3
)
2 117 a 18 153
18 154 a 42 925
42 926 a 91 419
91 420 a 222 592
222 593 a 1 039 521
Terminais aquaviários
(Capacidade em m
3
)
8 052 a 79 826
79 827 a 218 650
218 651 a 466 622
466 623 a 978 066
978 067 a 2 011 671
Oleoduto
Gasoduto
Gasoduto em construção
Gasoduto/Oleoduto
Poços produtores
comerciais
Área do pré-sal
VENEZUELA
COLÔMBIA
PERU
Guiana Francesa (FRA)
SURINAME
GUIANA
PARAGUAI
URUGUAI
CHILE
ARGENTINA
BOLÍVIA
Observe no gr?fico da p?gina
anterior que, at? por volta de
1999, o Brasil apresentou
grande depend?ncia do
petr?leo externo, em raz?o do
aumento do consumo, apesar
da crescente produ??o.
Aproximadamente em 2000, a
depend?ncia reduziu por causa
do crescimento da produ??o
interna. Na foto a maior
plataforma de petr?leo
semissubmers?vel constru?da
no Brasil, a P-55, sendo
conduzida do porto de Rio
Grande (RS) em dire??o ? bacia
de Campos (RJ), em 2013.
Entrou em opera??o em 2014,
ancorada a 1,8 mil metros
de profundidade.
Adaptado de: PETROBRAS. Exploração e
produção de petróleo e gás. Dispon?vel
em: <www.petrobras.com.br/pt/
nossas-atividades/areas-de-atuacao/
exploracao-e-producao-de-petroleo-
e-gas/>. Acesso em: 14 abr. 2016.
Banco de imagens/Arquivo da editora
Guga VW/Futura Press
Produção brasileira de energia79
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 79 27/05/16 18:56

68,0
Produ•‹o total:
822 930 mil barris
16,0
7,0
2,52,0 1,52,01,0
Rio de
Janeiro
EspíritoSanto
AmazonasSão Paulo
Rio Grandedo Norte
Bahia
Sergipe
Outros
0
10
20
30
40
50
60
70
80
5
91
95
1970
2014
9
Extração em terra
Extração no mar
(plataforma continental)
Camada pré-sal – 2014
Adaptado de: AG?NCIA NACIONAL DO PETR?LEO, G?S NATURAL E BIOCOMBUST?VEIS (ANP).
Round 9: Nona rodada de negocia??es. Superintend?ncia de Defini??o de Blocos. Dispon?vel em:
<www.brasil-rounds.gov.br/arquivos/Seminario_Tecnico_R9/Espirito_Santo(portugues).pdf>.;
PETROBRAS. Fatos e dados. Dispon?vel em: <www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/
mais-uma-conquista-no-pre-sal-500-mil-barris-por-dia.htm>.
Acessos em: 16 maio 2016.
Banco de imagens/Arquivo da editora
Brasil: extração de petróleo bruto (%) –
1970/2014
Adaptado de: AG?NCIA NACIONAL DO PETR?LEO, G?S NATURAL E
BIOCOMBUST?VEIS (ANP). Anu?rio Estat?stico Brasileiro do Petr?leo, G?s Natural
e Biocombust?veis 2015. Dispon?vel em: <www.anp.gov.br/?pg=76798&m
=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&1460456023552>.
Acesso em: 10 abr. 2016.
Estados selecionados: produção de
petróleo (%) – 2014
Adaptado de: AG?NCIA NACIONAL DO PETR?LEO, G?S NATURAL
E BIOCOMBUST?VEIS (ANP). Anu?rio Estat?stico Brasileiro do Petr?leo,
G?s Natural e Biocombust?veis 2015. Dispon?vel em: <www.anp.gov.
br/?pg=76798&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&1460456023552>.
Acesso em: 10 abr. 2016.
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
Embora a extra??o do petr?leo na plataforma
continental seja mais cara do que no continente, no
Brasil predomina a produ??o na plataforma, sob as
?guas do oceano Atl?ntico.
O forte crescimento da produ??o no pr?-sal ele-
vou a produ??o brasileira de petr?leo, colocando o
pa?s na 13
a
posi??o mundial de na??es produtoras
desse recurso. O Rio de Janeiro se destaca como o
estado de maior produ??o (bacia de Campos).
Veja os gr?ficos abaixo.
A camada pr?-sal ?
uma forma??o
geol?gica de
aproximadamente 150
milh?es de anos, que
se constituiu com a
separa??o dos
continentes africano e
sul-americano ao
longo das bacias de
Santos, Campos e
Esp?rito Santo, abaixo
de uma camada de sal.
As maiores reservas
petrol?feras conhecidas
em ?rea pr?-sal no
mundo ocorrem no
litoral brasileiro, onde
passaram a ser
conhecidas como
?petr?leo
do pr?-sal?.
MG
SP
Florim
B?zios
Libra
Cango?
Pero?
Canapu
Caramba
BACIA DE
SANTOS
BACIA DE
CAMPOS
BACIA DO
ESP?RITO SANTO
ES
RJ
Trópico de
Capricórnio
OCEANO
ATLÂNTICO
Entorno de Iara
Nordeste de Tupi
Iara
Iracema
Camarupim
Baleia Azul
Baleia Franca
Nautilus
BMC-33
Tracaj?
Brava
Carimb?
Golfinho
Carap?
Sagit?rio
Lula
Sapinho?
Lapa
Carcar?
Sul de Lula
J?piter
Sul de Guar?
Vit?ria
S?o Paulo
Rio de Janeiro
Belo
Horizonte
42º O
Belo
0 140 280
km
Blocos do pr?-sal
Limite das bacias
Perfil esquem?ticoLocaliza??o da camada pr?-sal
Leito do
oceano
cerca de 2 km
de 7 km a 8 km
Camada
p?s-sal
Camada
pr?-sal
Sal
G?s
Petr?leo
Capítulo 480
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 80 27/05/16 18:56

34,8
Produ•‹o total:
31 894,9 milhões m
14,914,7
13,1
9,7
8,0
3,3
1,5
Rio de
Janeiro
EspíritoSanto
AmazonasSão Paulo
Rio Grandedo Norte
Bahia
Sergipe
Outros
0
5
10
15
20
25
30
35
40
3
Brasil: produção de gás natural (%) – 2012
Adaptado de: AG?NCIA NACIONAL DO PETR?LEO, G?S NATURAL E
BIOCOMBUST?VEIS (ANP). Anu?rio Estat?stico Brasileiro do Petr?leo, G?s
Natural e Biocombust?veis 2015. Dispon?vel em: <www.anp.gov.br/
?pg=76798&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&1460456023552>.
Acesso em: 10 abr. 2016.
Brasil: jazidas de carvão mineral
SP
PR
MS
SC
RS
Curitiba
OCEANO
ATLÂNTICO
55º O
Trópico de Capricórnio
Candiota
Criciúma
Lauro Müller
Florianópolis
Porto Alegre
0 160 320
km
Área de ocorrência
de jazidas de
carvão mineral
Maiores
concentrações
Organizado pelos autores com base em: TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra.
S?o Paulo: Ibep Nacional, 2001. p. 474.; ROSS, J. L. S. (Org.). Geografia do Brasil.
6. ed. S?o Paulo: Edusp, 2011. p. 53.
A. Robson/Arquivo da editora
Banco de imagens/Arquivo da editora
Ale Ruaro/Pulsar Imagens
O g?s natural ? a fonte de energia que vem apre-
sentando as maiores taxas de crescimento na partici-
pa??o da matriz energ?tica brasileira. Entre 1998 e 2014,
passou de 3,7% para 7,1% do total de energia consumida
no pa?s. O Rio de Janeiro ? o maior produtor, seguido
do Esp?rito Santo e do Amazonas, e h? uma parcela
vari?vel que ? importada, principalmente da Bol?via.
Carv‹o mineral
A queima do carv?o mineral enriquecido aquece os
altos-fornos onde ocorre a depura??o do min?rio de ferro.
Nessa etapa se produz o ferro-gusa, mat?ria-prima a par-
tir da qual se fabricam o ferro fundido e o a?o.
At? 1990, as companhias sider?rgicas brasileiras eram
legalmente obrigadas a utilizar uma mistura de 50% de
carv?o nacional com 50% de carv?o importado. Com
a revoga??o dessa obriga??o, as empresas passaram
a consumir somente o carv?o importado, cuja qua-
lidade ? superior, e desde 2010 n?o h? mais produ??o
nacional de carv?o metal?rgico.
Embora existam jazidas de carv?o mineral em
outros estados da federa??o, elas s?o pouco expressi-
vas. Apenas em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e
Paran?, as camadas de carv?o apresentam viabilidade
econ?mica para explora??o. Observe o mapa ao lado.
A oferta de energia el?trica por carv?o mineral
e derivados no Brasil representa apenas pouco mais
de 3% do total. Em 2014, 56% do carv?o vapor (usado
em usinas termel?tricas) e 100% do carv?o metal?r-
gico consumidos no pa?s eram importados. Da pro-
du??o nacional, 33% s?o consumidos em usinas
termel?tricas, e o restante em ind?strias sider?rgi-
cas, de celulose, cer?mica, cimento e carboqu?micas.
A regi?o Sul do Brasil responde por 100% da pro-
du??o nacional desse recurso energ?tico, sendo Rio
Grande do Sul e Santa Catarina os maiores produ-
tores, respectivamente, com 61% e 39% da produ??o
em 2014.
Na foto, Usina Termel?trica
Presidente M?dici, em Candiota
(RS), em 2014. A jazida de
Candiota ? considerada a maior
do pa?s, mas seu carv?o tem
baixo potencial calor?fico e n?o
compensa benefici?-lo e
transport?-lo a longas
dist?ncias. ? utilizado somente
em usinas termel?tricas locais.
Os dados do mapa desta página não possuem data nas
publicações originais.
81
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 81 27/05/16 18:56

O transporte de cargas no Brasil
Como se pode observar no gr?fico desta p?gina, na matriz brasileira de transportes de cargas predomina o modal
rodovi?rio. Quando comparado com os modais ferrovi?rio e hidrovi?rio, o rodovi?rio ? o que mais consome energia
para transportar a mesma quantidade de carga em determinada dist?ncia.
Esse maior consumo de energia se reflete em maiores custos para o frete ? prejudicando a atividade econ?mica e
a sociedade em geral ?, maior emiss?o de poluentes, maior risco de acidentes e maiores congestionamentos nas es-
tradas, zonas portu?rias e nos centros urbanos. Observe a ilustra??o da p?gina seguinte, que mostra a compara??o
entre a capacidade de carga por modal de transporte.
Segundo o Minist?rio dos Transportes, em 2014, o Brasil apresentava 1,7 milh?o de quil?metros de rodovias, dos
quais somente 221 820 quil?metros eram pavimentados, contra 28 190 quil?metros de ferrovias e 22 037 quil?metros
de hidrovias. Como o pa?s tem dimens?es continentais, o modelo de transporte de cargas seria mais eficiente nas
esferas econ?mica e ambiental se tivesse priorizado os sistemas ferrovi?rio e hidrovi?rio-mar?timo, que consomem
menos energia.
A op??o pol?tica pelo sistema rodovi?rio se iniciou na segunda metade da d?cada de 1920, ao longo do man-
dato de Washington Lu?s, cujo slogan de governo era: ?Governar ? abrir estradas?. Ainda no s?culo XX, Get?lio
Vargas, promovendo a integra??o das regi?es brasileiras, Juscelino Kubitschek, com seu Plano de Metas e a cons-
tru??o de Bras?lia, e os presidentes militares do per?odo da ditadura, com o programa de integra??o do Norte e
Centro-Oeste ?s demais regi?es, tamb?m priorizaram o transporte rodovi?rio. Isso por causa de uma associa??o
de fatores: ? mais r?pido e barato construir uma rodovia do que uma ferrovia; o setor rodovi?rio e as ind?strias
automobil?sticas s?o grandes geradoras de empregos diretos e indiretos, e, historicamente, houve press?o pol?ti-
ca de empresas multinacionais, falta de planejamento estrat?gico de m?dio e longo prazos e, at? 1973, baixos
pre?os do barril de petr?leo.
Somente a partir do final do regime militar (principalmente ap?s 1996, com o in?cio do processo de privatiza??o e
concess‹o de explora??o de portos, rodovias e ferrovias), os investimentos come?aram a ser distribu?dos de maneira
mais equilibrada entre os v?rios modos de transporte.
Assim como a energia el?trica e o petr?leo, os transportes terrestres e aqu?ticos s?o fiscalizados e regulamentados
por ag?ncias: em 2001, foram criadas a Ag?ncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Ag?ncia Nacional de
Transportes Aquavi?rios (Antaq).
As rodovias apresentam a vantagem da mobilidade, o que n?o se verifica nas ferrovias ? por dependerem de esta-
??es − nem nas hidrovias ? que precisam de portos, onde h? um limite no n?mero de embarca??es que podem atracar.
Al?m disso, o sistema rodovi?rio ? insubstitu?vel em tra-
jetos de curta dist?ncia, pois ? economicamente invi?vel
a constru??o de esta??es ferrovi?rias e portos muito pr?-
ximos uns dos outros.
A estrutura??o de uma malha de transportes efi-
ciente envolve a associa??o entre os modais de trans-
porte utilizados para deslocar as cargas a longas dist?n-
cias, conhecida como sistema intermodal ou multimodal.
Nesse sistema, a carga ? transportada por caminh?es
em viagens de curta dist?ncia at? a esta??o ou o porto,
e passa a ser transportada por trens ou navios em via-
gens de grandes dist?ncias.
Para saber mais
Brasil: modal de transportes de cargas e
passageiros (%) – 2013
61,1
4,2
13,6
20,7
0,4
Ferroviário
Aquaviário
Dutoviário
Aeroviário
Rodoviário
Adaptado de: CONFEDERA??O
NACIONAL DO TRANSPORTE.
Boletim estatístico:
jan. 2016. Dispon?vel em:
<www.cnt.org.br/Boletim/
boletim-estatistico-cnt>.
Acesso em: 10 abr. 2016.
Concess‹o: no caso da infraestrutu-
ra e dos servi?os p?blicos (como
telefonia, rodovias, etc.), concede-se
o direito de explora??o por parte de
empresas privadas.
A. Robson/Arquivo da editora
Acesse o site da ANTT – Agência
Nacional de Transportes Terrestres. Veja
orienta??es na se??o Sugestões de leitura,
filmes e sites.
Capítulo 482
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 82 27/05/16 18:56

Equivalência em unidades
1 barcaça
15 vagões
58 carretas
~
Capacidade de carga
Barcaça
1 500 t Vagão
100 t
Carreta
26 t
Comboio
de 12 barcaças
18 000 t
Composição com 60 vagões
6 000 t
Comparativo entre os modais de transporte
Cassiano Röda/Arquivo da editora
Adaptado de: AG?NCIA NACIONAL DE ?GUAS (ANA). A navegação interior e os usos múltiplos da água. Dispon?vel em: <http://arquivos.ana.gov.
br/planejamento/planos/pnrh/VF%20Navegacao.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.
Brasil: transportes multimodal Ð 2012
Boa Vista
Manaus
Porto Velho
Rio Branco
Belém
Macapá
São Luís
Fortaleza
Teresina
Cuiabá
Campo Grande
Natal
João Pessoa
Recife
Maceió
Aracaju
Salvador
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Vitória
Rio de Janeiro
Curitiba
Florianópolis
Porto Alegre
Goiânia
Brasília
Palmas
Equador

55º O
Trópico de Capricórnio
Asfaltadas
Implantadas (sem pavimentação)
Projeto e construção
Rodovias
Implantadas
Projeto e construção
Ferrovias
Navega??o fluvial
Trechos navegáveis
Capitais
Portos
0 300 600
km
São
Paulo
Belo
Horizonte
Adaptado de: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed. S?o Paulo: ?tica, 2013. p. 128.
Banco de imagens/Arquivo da editora
Produção brasileira de energia83
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 83 27/05/16 18:56

3 Combustíveis renováveis
Como vimos no Cap?tulo 3, os biocombust?veis s?o
derivados de biomassa, como cana-de-a??car, oleagi-
nosas, madeira e outras mat?rias org?nicas. Os mais
comuns s?o o etanol (?lcool de cana, no caso brasileiro)
e o biodiesel (oleaginosas), que podem ser usados puros
ou adicionados aos derivados de petr?leo, como gaso-
lina e ?leo diesel.
Os biocombust?veis apresentam vantagens em re-
la??o aos combust?veis f?sseis no que diz respeito ?
sustentabilidade econ?mica, social e ambiental. O au-
mento de sua produ??o reduz o consumo de derivados
de petr?leo e consequentemente a polui??o atmosf?-
rica, gera novos empregos em toda a cadeia produtiva,
promove a fixa??o de fam?lias no campo, aumenta a
participa??o de fontes renov?veis na matriz energ?tica
brasileira e ainda pode se tornar importante produto
da pauta de exporta??es do pa?s.
O crescimento da demanda por biocombust?veis
no mercado mundial e a expans?o da ?rea cultivada
no Brasil e em outros pa?ses, entretanto, geraram
preocupa??o. Especula-se que, com o aumento das
?reas de monocultura de vegetais para a produ??o
de biocombust?veis, haveria diminui??o do cultivo
de alimentos e o consequente aumento nos pre?os.
Al?m disso, critica-se o fato de ocorrer maior desma-
tamento de vegeta??o nativa, o que traria grandes
preju?zos socioambientais.
Em 2014, a biomassa (principalmente derivados da cana-de-a??car
e lenha) foi a segunda fonte de energia mais consumida no Brasil,
com participa??o de 22,2% na nossa matriz energ?tica, superada
apenas por petr?leo e derivados, com 44,5%. O Brasil apresenta
condi??es muito favor?veis para a produ??o de etanol e biodiesel,
pois tem grande extens?o de ?reas agricult?veis, com solo e
clima favor?veis ao cultivo de oleaginosas e cana. Na foto, cultivo
de cana-de-a??car em Jos? Bonif?cio (SP), em 2016.
O Brasil apresenta um enorme estoque de ?reas
desmatadas e improdutivas, principalmente
pastagens abandonadas, que podem ser utilizadas
para a produ??o de energia sem comprometer o
abastecimento alimentar ou o meio ambiente.
Na foto, solo descoberto em primeiro plano no
munic?pio de Barra Mansa (RJ), em 2016.
Marcos André/Opção Brasil Imagens
Thomaz Vita Neto/Pulsar Imagens
Biodiesel
O Brasil cultiva v?rias esp?cies de plantas oleagino-
sas que podem ser usadas na produ??o de biodiesel,
com destaque para mamona, palma (dend?), girassol,
baba?u, soja e algod?o, al?m de ser o segundo maior
produtor mundial de etanol. Nos Estados Unidos − maior
produtor mundial desse combust?vel ? utiliza-se o milho
na produ??o a um custo superior ao da cana no Brasil.
84
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 84 27/05/16 18:56

A utiliza??o de biodiesel no mercado brasileiro foi re-
gulamentada pela lei n. 11.097, de 2005, que instituiu a
obrigatoriedade da mistura do produto ao diesel de petr?-
leo em percentuais crescentes que deveriam atingir 5% em
2013, meta alcan?ada j? em 2009. Em julho de 2014 foi
determinado o aumento da mistura de biodiesel ao diesel
para 6%, e, em novembro daquele ano, para 7%. Em mar?o
de 2016, foi sancionada nova lei que elevou a mistura para
8% a partir daquela data e para 10% at? mar?o de 2019.
Depois da promulga??o dessa lei, a produ??o de
biodiesel tem aumentado em ritmo muito acelerado,
como mostra o gr?fico abaixo.
Brasil: evolução da produção de biodiesel (B100*) – 2005-2014
0,0
0,1
0,4
1,2
1,6
2,4
2,7 2,7
2,9
3,4
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2 0 112012 2013 2014
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Milhões m
3
Adaptado de: AG?NCIA NACIONAL DO PETR?LEO, G?S NATURAL E BIOCOMBUST?VEIS (ANP). Anu?rio Estat?stico Brasileiro
do Petr?leo, G?s Natural e Biocombust?veis 2015. Dispon?vel em: <www.anp.gov.br/?pg=76798&m=&t1=&t2=&t3
=&t4=&ar=&ps=&1460456023552>. Acesso em: 10 abr. 2016.
Tamb?m foi criado o Selo Combust?vel Social, um
programa de transfer?ncia de renda para a agricultura
familiar dedicada ao biodiesel, e introduzido um siste-
ma de incentivos fiscais e subs?dios para a produ??o
desse combust?vel realizada com mat?ria-prima culti-
vada em pequenas propriedades familiares do Norte e
Nordeste, principalmente na regi?o do Semi?rido.
Entretanto, at? 2014, ainda era limitada a possibi-
lidade de a produ??o de biodiesel colaborar para a me-
lhoria das condi??es de vida dos agricultores familiares.
Naquele ano, 76,9% do biodiesel produzido no Brasil foi
obtido da soja e 19,8% da gordura animal.
Al?m de abastecer o mercado interno, parte da
produ??o nacional de biodiesel ? exportada, principal-
mente para a Uni?o Europeia.
Etanol (álcool)
O Programa Nacional do ?lcool (Pro?lcool) foi criado
em 1974 como uma tentativa de amenizar a depend?n-
cia do Brasil em rela??o ao petr?leo. Naquela ?poca, o
objetivo era conter a vulnerabilidade do pa?s em rela??o
?s altas de pre?o do produto. Mais tarde, a partir de fins
do s?culo XX, o ?lcool combust?vel passou a ganhar des-
taque tamb?m por conta de seus benef?cios ambientais.
Combust?vel Social, criado a partir do decreto n. 5.297, de 2004.
SAF/MDA
O Pro?lcool levou a altera??es na organiza??o es-
pacial do campo, trazendo no in?cio grandes preju?zos
aos pequenos e m?dios produtores, que ficaram ? mer-
c? dos grandes usineiros, que compravam a cana a
pre?os baix?ssimos para benefici?-la. Nas regi?es em
que foi implantado o Pro?lcool, os problemas relacio-
nados ? concentra??o de terras se agravaram: aumen-
to do n?mero de trabalhadores diaristas, incentivo ?
monocultura e ?xodo rural.
A. Robson/Arquivo da editora
* A mistura de biodiesel ao ?leo
diesel recebe denomina??es que
indicam o percentual utilizado. Por
exemplo, a mistura de 2% ? chama-
da B2, e assim sucessivamente, at?
o biodiesel puro ? B100.
Produção brasileira de energia85
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 85 27/05/16 18:56

Embora o etanol seja uma fonte de energia eficien-
te, o programa foi implantado, em escala nacional, em
uma ?poca em que a produ??o e o consumo apresen-
tavam custos maiores do que os da produ??o da gaso-
lina ? por isso houve a necessidade de subs?dios.
A partir de 1989, o governo diminuiu os subs?dios para
a produ??o e o consumo de ?lcool combust?vel, e o setor
entrou em crise. A falta de ?lcool no mercado levou ? con-
sequente perda de confian?a dos consumidores, que dei-
xaram de comprar ve?culos com motor a ?lcool (em 2002,
menos de 1% dos ve?culos fabricados eram movidos a ?l-
cool, enquanto em 1982 esse percentual chegou a 90%).
Ap?s o grande desenvolvimento tecnol?gico obti-
do no setor e os diversos aumentos no pre?o do barril
de petr?leo a partir de 1997, o ?lcool tornou-se econo-
micamente vi?vel. Depois de 2003, com o lan?amento
de ve?culos bicombust?veis, ou flex, que funcionam
tanto com etanol como com gasolina, ou com ambos
misturados, houve novo impulso ? produ??o desse bio-
combust?vel no pa?s. A adi??o de etanol ? gasolina tam-
b?m levou a uma maior demanda do produto. Observe,
no gr?fico abaixo, os enormes saltos na produ??o de
etanol nos ?ltimos anos.
Atualmente, por determina??o do Conselho Inter-
ministerial do A??car e do ?lcool (Cima), o etanol ?
misturado ? gasolina na propor??o de 20% a 27%, o que
garante a manuten??o de sua produ??o. Se esse pro-
cedimento n?o fosse adotado, a qualidade do ar nos
grandes centros urbanos pioraria muito, porque essa
mistura reduz a emiss?o de gases poluentes e elimina
a necessidade de adicionar chumbo (usado como mo-
derador de explos?o) ? gasolina.
0
25
20
15
10
5
30
Mil m
3
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2 0 11 2012 2013 2014
Adaptado de: AG?NCIA NACIONAL DO PETR?LEO, G?S NATURAL E BIOCOMBUST?VEIS (ANP). Anu?rio Estat?stico Brasileiro do Petr?leo, G?s Natural e
Biocombust?veis 2015. Dispon?vel em: <www.anp.gov.br/?pg=76798&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&1460456023552>. Acesso em: 10 abr. 2016.
Brasil: produção de álcool combustível – 2005-2014
A. RobsonArquivo da editora
Eduardo Zappia/
Pulsar Imagens
A produ??o de ve?culos bicombust?veis
contribuiu muito para o aumento do
consumo de ?lcool. Em 2015, 89% dos carros
zero-quil?metro vendidos no mercado
nacional eram flex. Na foto, linha de
montagem em ind?stria automobil?stica
localizada em Resende (RJ), em 2015.
86
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 86 27/05/16 18:56

Pensando no Enem
Filipe Rocha/
Arquivo da editora
1. O potencial brasileiro para gerar energia a partir da
biomassa n?o se limita a uma amplia??o do Pro?l-
cool. O pa?s pode substituir o ?leo diesel de petr?leo
por grande variedade de ?leos vegetais e explorar a
alta produtividade das florestas tropicais plantadas.
Al?m da produ??o de celulose, a utiliza??o da bio-
massa permite a gera??o de energia el?trica por
meio de termel?tricas a lenha, carv?o vegetal ou
g?s de madeira, com elevado rendimento e baixo
custo. Cerca de 30% do territ?rio brasileiro ? consti-
tu?do por terras impr?prias para a agricultura, mas
aptas ? explora??o florestal. A utiliza??o de metade
dessa ?rea, ou seja, de 120 milh?es de hectares, para
a forma??o de florestas energ?ticas, permitiria pro-
du??o sustentada do equivalente a cerca de 5 bilh?es
de barris de petr?leo por ano, mais que o dobro do
que produz a Ar?bia Saudita atualmente.
VIDAL, Jos? Walter Bautista. Desafios internacionais para o s?culo XXI.
Semin?rio da Comiss?o de Rela??es Exteriores e de Defesa Nacional
da C?mara dos Deputados, ago. 2002. (Adaptado).
Para o Brasil, as vantagens da produ??o de energia a
partir da biomassa incluem:
a) implanta??o de florestas energ?ticas em todas as
regi?es brasileiras com igual custo ambiental e
econ?mico.
b) substitui??o integral, por biodiesel, de todos os com-
bust?veis f?sseis derivados do petr?leo.
c) forma??o de florestas energ?ticas em terras impr?-
prias para a agricultura.
d) importa??o de biodiesel de pa?ses tropicais, em que
a produtividade das florestas seja mais alta.
e) regenera??o das florestas nativas em biomas mo-
dificados pelo homem, como o Cerrado e a Mata
Atl?ntica.
Resolução
A alternativa correta ? a C. Segundo o enunciado, ?Cer-
ca de 30% do territ?rio brasileiro ? constitu?do por ter-
ras impr?prias para a agricultura, mas aptas ? explora-
??o florestal?.
2. A Lei Federal n. 11.097/2005 disp?e sobre a introdu??o
do biodiesel na matriz energ?tica brasileira e fixa em
5% [em 2016 estava em 8%], em volume, o percentual
m?nimo obrigat?rio a ser adicionado ao ?leo diesel
vendido ao consumidor. De acordo com essa lei, bio-
combust?vel ? ?derivado de biomassa renov?vel para
uso em motores a combust?o interna com igni??o por
compress?o ou, conforme regulamento, para gera??o
de outro tipo de energia que possa substituir parcial
ou totalmente combust?veis de origem f?ssil?.
A introdu??o de biocombust?veis na matriz energ?-
tica brasileira:
a) colabora na redu??o dos efeitos da degrada??o am-
biental global produzida pelo uso de combust?veis
f?sseis, como os derivados do petr?leo.
b) provoca uma redu??o de 5% na quantidade de car-
bono emitido pelos ve?culos automotores e colabo-
ra no controle do desmatamento.
c) incentiva o setor econ?mico brasileiro a se adaptar
ao uso de uma fonte de energia derivada de uma
biomassa inesgot?vel.
d) aponta para pequena possibilidade de expans?o do
uso de biocombust?veis, fixado, por lei, em 5% do
consumo de derivados do petr?leo.
e) diversifica o uso de fontes alternativas de energia
que reduzem os impactos da produ??o do etanol
por meio da monocultura da cana-de-a??car.
Resolução
A alternativa correta ? a A. A mistura de biodiesel ao
?leo diesel, derivado de petr?leo, favorece a redu??o na
emiss?o de gases estufa na atmosfera, colaborando
para o combate aos efeitos do aquecimento global.
Essas quest?es trabalham a Compet?ncia 6 ? Compreen-
der a sociedade e a natureza, reconhecendo suas inte-
ra??es no espa?o em diferentes contextos hist?ricos e
geogr?ficos e as Habilidades 27 e 28 ? Analisar de ma-
neira cr?tica as intera??es da sociedade com o meio f?-
sico, levando em considera??o aspectos hist?ricos e/ou
geogr?ficos; e Relacionar o uso das tecnologias com os
impactos socioambientais em diferentes contextos
hist?rico-geogr?ficos.
ATENÇÃO!
N?o escreva neste livro!
87Produção brasileira de energia
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4 Energia elŽtrica
Produção de energia e
regulação estatal
Segundo o Banco de informa??es de gera??o da
Aneel, no primeiro trimestre de 2016 o Brasil apresen-
tava 4 494 usinas para produ??o de energia el?trica em
opera??o, com capacidade de 142 461 megawatts (MW).
Desse total, 1 215 eram hidrel?tricas de diversos tama-
nhos, 2 885 eram t?rmicas que utilizavam g?s natural,
biomassa, ?leo diesel e carv?o mineral, 354 eram e?li-
cas, 38 eram solares e duas, nucleares.
Desde o in?cio desta d?cada o Brasil est? passando
por um lento, mas cont?nuo crescimento da produ??o
de energia e?lica, com destaque para o Cear? e o Rio
Grande do Sul; no in?cio de 2016, as usinas e?licas do
Brasil respondiam por 6,0% (8 643 megawatts) da
eletricidade produzida no pa?s.
Entretanto, o uso de fontes de energia limpa e reno-
v?vel tende a crescer: no in?cio daquele ano, havia 128
usinas e?licas em constru??o no Nordeste e no Sul do
pa?s ? com pot?ncia total de 3 014 MW, e 249 projetos,
com capacidade de 5 959 MW, j? outorgados e aguar-
dando o in?cio das obras.
As usinas hidrel?tricas, que t?m a maior capacidade
instalada de produ??o no pa?s, produzem energia mais
barata e com menos impactos ambientais, quando com-
paradas ?s usinas termel?tricas e termonucleares.
Segundo o Minist?rio de Minas e Energia, o poten-
cial hidrel?trico brasileiro ? estimado em mais de
243 mil MW, e a capacidade total instalada de gera??o
alcan?ou, em 2014, 133 914 MW, ou seja, cerca de 55%
do potencial dispon?vel.
At? o fim da d?cada de 1980, as hidrel?tricas pro-
duziam aproximadamente 90% da eletricidade consu-
mida no pa?s, mas em 2014 essa participa??o tinha
recuado para cerca de 65%, principalmente por causa
da constru??o de usinas termel?tricas movidas a g?s
natural e biomassa.
Observe no gr?fico da pr?xima p?gina as fontes
utilizadas para a produ??o de energia el?trica no Brasil.
Parque e?lico em Caetit? (BA),
em 2015. Embora a oferta de energia
e?lica seja reduzida, esse percentual
vem aumentando consideravelmente
todos os anos.
Eduardo Zappia/Pulsar Imagens
88
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O maior potencial hidrel?trico brasileiro est? na
bacia do rio Paran?, da qual, em 2015, cerca de 70% da
disponibilidade j? havia sido aproveitada. J? nas bacias
do Amazonas, somente 1% ? aproveitado. Em Rond?nia,
no rio Madeira, duas usinas de m?dio porte estavam
em constru??o em 2016: Santo Ant?nio (licitada em
2007) e Jirau (licitada em 2008), cada uma com cerca
de 3 mil MW de pot?ncia. Nesse mesmo ano estava
sendo constru?da a usina de Belo Monte, no rio Xingu,
a maior delas, com pot?ncia de 11 233 MW (cerca de 2/3
da capacidade de Itaipu).
O setor el?trico brasileiro (envolvendo gera??o,
transmiss?o e distribui??o de eletricidade), que era
quase totalmente controlado por empresas estatais
federais e estaduais, come?ou a ser privatizado a par-
tir de 1995. Naquele ano, o Governo Federal iniciou a
privatiza??o de parte das empresas controladas pela
Eletrobras por interm?dio do Programa Nacional de
Desestatiza??o, criado em 1990. Em 1996 foi criada a
Ag?ncia Nacional de Energia El?trica (Aneel), ?rg?o re-
gulador e fiscalizador do setor. Ap?s o processo de pri-
vatiza??o, as empresas de energia el?trica, incluindo
algumas estatais n?o privatizadas, como a Cemig (cujo
s?cio majorit?rio ? o governo de Minas Gerais), compe-
tem entre si para vender a energia produzida, que ?
6,9
Derivados de
petróleo
13,0
Gás natural
7,3
Biomasa
2,5
Nuclear
3,2
Carvão e
derivados
2,0
Eólica**
65,1
Hidráulica*
Brasil: oferta de energia elétrica, segundo
a fonte (%) – 2014
Adaptado de: EMPRESA DE PESQUISA ENERG?TICA (EPE). Balan?o Energ?tico
Nacional 2015: ano-base 2014. Dispon?vel em: <https://ben.epe.gov.br/
downloads/Relatorio_Final_BEN_2015.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.
* Inclui a energia hidrel?trica importada.
** O relat?rio da EPE e o Banco de informa??es da Aneel apresentam discrep?ncia
em rela??o aos dados de energia e?lica, mas ambos s?o fontes fidedignas.
A. Robson/Arquivo da editora
transmitida por um sistema de alta-tens?o para em-
presas que atuam exclusivamente na distribui??o aos
consumidores finais: resid?ncias, empresas, com?rcio
e outras institui??es.
Equador

OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
50° O
Trópico de Capricórnio
0 420 840
km
1
000 000
5
000 000
10
000 000
20
000 000
Capacidade
instalada (kW)
AM
RR
AP
RO
AC
PA
MA
PI
TO
GO
DF
MT
MS
MG
ES
RJ
SP
PR
SC
RS
CE
RN
PB
PE
AL
SE
BA
Brasil: capacidade hidrelétrica instalada, por unidade federativa* – 2016
Banco de imagens/Arquivo da editora
Adaptado de: AG?NCIA NACIONAL DE
ENERGIA EL?TRICA (Aneel). Banco de
informa??es de gera??o. Dispon?vel em:
<www2.aneel.gov.br/aplicacoes/Resumo
Estadual/ResumoEstadual.cfm>.
Acesso em: 14 abr. 2016.
* Usinas de divisa computadas em ambos
os estados.
Acesse o site da Aneel –
Agência Nacional de Energia
Elétrica. Veja orientações na
seção Sugestões de leitura,
filmes e sites.
Produção brasileira de energia89
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 89 27/05/16 18:56

Crise de energia em 2001 e
“apagões” em 2009, 2012 e 2013
Desde a segunda metade da d?cada de 1980, o Bra-
sil investiu muito pouco na constru??o de novas hidrel?-
tricas e, a partir de 1994, com o Plano Real e os diversos
programas de transfer?ncia de renda, o consumo resi-
dencial e industrial de energia foi ampliado. Al?m disso,
nos ?ltimos anos do s?culo XX e in?cio do XXI, houve uma
sequ?ncia de ver?es com chuvas em volume inferior ?
m?dia da esta??o, o que fez baixar significativamente o
n?vel dos reservat?rios de ?gua, particularmente no
Sudeste, comprometendo o abastecimento. Por isso, foi
lan?ado um programa de economia for?ada de energia,
com exce??o das regi?es Norte e Sul, em que o forneci-
mento n?o estava comprometido.
Verificou-se que, al?m da car?ncia de investimen-
tos em gera??o, o setor de energia el?trica no pa?s n?o
apresentava linhas de transmiss?o unificando o terri-
t?rio nacional. Caso existisse uma rede com densidade
adequada, em 2001 o governo poderia ter evitado a
interrup??o na distribui??o de energia el?trica condu-
zindo energia das usinas das regi?es Sul e Norte para
as regi?es Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. Ap?s a
crise, o setor passou a receber investimentos, e atual-
mente o sistema ? interligado em todo o territ?rio.
Observe o mapa a seguir; ele mostra a interliga??o en-
tre os sistemas produtores, formando o Sistema Inte-
grado Nacional (SIN), que abrange todas as regi?es.
Somente a regi?o Norte n?o est? inteiramente integra-
da. Como os per?odos de estiagem e de chuvas apre-
sentam diferentes regimes entre as regi?es do pa?s,
essa interliga??o permite que uma regi?o em que as
represas estejam cheias e se produz mais energia pos-
sa direcionar o excedente para outra em que os reser-
vat?rios estejam mais vazios.
AM
RR
RO
AP
AC
PA
MA
RNCE
PI PB
PE
AL
SE
BAMT
MG
GO
TO
DF
MS ES
RJ
SP
PR
SC
RS
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
Florianópolis
Porto Alegre
Porto
Velho
Manaus
Macapá
Belém São Luís
Teresina
Fortaleza
Maceió
Recife
Aracaju
Salvador
Palmas
Brasília
Vitória
Cuiabá
Campo
Grande
João
Pessoa
Boa
Vista
Rio
Branco
Goiânia
Natal
Belo
Horizonte
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Equador
50º O

Trópico de Capricórnio
VENEZUELA
COLÔMBIA
PERU
Guiana Francesa (FRA)
SURINAME
GUIANA
PARAGUAI
URUGUAI
CHILE
ARGENTINA
BOLÍVIA
0 350 700
km
Existentes
Futuras
Linhas de transmissão
Brasil: sistema de transmissão de energia elétrica – 2013
Adaptado de: EMPRESA DE PESQUISA ENERG?TICA (EPE). Dispon?vel em: <www.brasil.gov.br/infraestrutura/2011/12/
sistemas-isolados/sistema-de-transmissao/view>. Acesso em: 14 abr. 2016.
Banco de imagens/Arquivo da editora
Capítulo 490
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Em 2009, 2012 e 2013 ocorreram outros proble-
mas graves de transmiss?o que atingiram o forne-
cimento de energia el?trica e deixaram v?rias uni-
dades da Federa??o brasileira completamente no
escuro por diversas horas. Em 2015, a crise h?drica
que atingiu a regi?o Centro-Sul do pa?s tamb?m le-
vou a cortes de energia el?trica em pelo menos dez
estados brasileiros.
Fernando Amorim/Ag. A Tarde/Futura Press
Diversificação da matriz energética
A utiliza??o de gasodutos barateia
o transporte e permite melhor
distribui??o geogr?fica das usinas
termel?tricas. Na foto, trabalho de
manuten??o em gasoduto
localizado em S?o Jos? dos Campos
(SP), em 2015.
Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress
Tr?nsito em

Salvador (BA)
durante um blecaute
que atingiu sete
estados nordestinos
em 28 de agosto
de 2013.
A instala??o de termel?tricas visa diversificar a
matriz energ?tica brasileira e evitar novas crises. As
usinas hidrel?tricas, que produzem energia mais ba-
rata e relativamente menos poluente, permanecem
priorit?rias no abastecimento, mas as termel?tricas
podem ser acionadas em per?odos de pico no consu-
mo ou quando ? necess?rio preservar o n?vel de ?gua
nas represas.
91
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Depois da crise de 2001, a Aneel e outros ?rg?os
governamentais passaram, entre outras medidas, a
incentivar a instala??o de usinas termel?tricas, princi-
palmente pr?ximo a gasodutos.
Observe a localiza??o dos principais gasodutos no
mapa abaixo.
A op??o pela diversifica??o da matriz energ?tica que
priorizava as usinas meno-
res difere bastante da pol?-
tica adotada durante a d?-
cada de 1970 e in?cio da de
1980, quando foi dado um
grande impulso ao setor
energ?tico por meio da
constru??o de grandes usi-
nas. Depois das crises do
petr?leo de 1973 e 1979, a
produ??o de hidreletricida-
de passou a receber nume-
rosos investimentos, por se
tratar de uma fonte alterna-
tiva ao petr?leo.
Na d?cada de 1970, o go-
verno estabeleceu como
prioridade a constru??o de
usinas com grandes represas,
pois ? ?poca n?o era exigida a
aprova??o dos projetos pelos
?rg?os ambientais, o que passou a existir somente a
partir de 1986. ? o caso de Itaipu, a maior usina hidrel?-
trica brasileira, no rio Paran? (localizada na fronteira do
Paran? com o Paraguai). No Norte, as principais usinas
s?o Tucuru?, no rio Tocantins, e Balbina, no rio Uatum?,
ao norte de Manaus. No Nordeste, merecem destaque
Sobradinho e Xing?, no rio S?o Francisco.
Usina termel?trica em
Tubar?o (SC), em 2015. Em
raz?o da intensa crise h?drica
nos anos de 2014 e 2015,
muitas termel?tricas
passaram a ser usadas para
garantir o abastecimento
el?trico. Isso provocou
a eleva??o no pre?o da
energia el?trica, al?m
da maior emiss?o de
gases de efeito estufa.
Banco de imagens/Arquivo da editora
Adaptado de: PETROBRAS. Dispon?vel em: <www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/
principais-operacoes/>. Acesso em: 10 abr. 2016.
Cesar Diniz/Pulsar Imagens
Equador

OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
50° O
VENEZUELA
COLÔMBIA
PERU
Guiana Francesa (FRA)
SURINAME
GUIANA
PARAGUAI
URUGUAI
CHILE
ARGENTINA
BOLÍVIA
Trópico de Capricórnio
0 375 750
km
Principais
gasodutos
AMAZONAS
RORAIMA
AMAPÁ
RONDÔNIA
ACRE
PARÁ
MARANHÃO
PIAUÍ
TOCANTINS
GOIÁS
DF
M ATO
GROSSO
MATO GROSSO
DO SUL
MINAS
GERAIS
ESPÍRITO SANTO
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
PARANÁ
SANTA CATARINA
RIO GRANDE
DO SUL
CEARÁ RIO GRANDE
DO NORTE
PARAÍBA
PERNAMBUCO
ALAGOAS
SERGIPE
BAHIA
Brasil: principais gasodutos Ð 2015

92
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As grandes obras de constru??o de hidrel?tricas s?o
pol?micas e algumas apresentam aspectos t?cnicos ques-
tion?veis. Usinas com o potencial de Itaipu, Tucuru? e So-
bradinho exigem a constru??o de enormes represas, que
causam danos sociais e ambientais irrevers?veis: extin??o
de esp?cies end?micas (que s?o nativas dessa ?rea), inun-
da??o de s?tios arqueol?gicos, altera??o da din?mica de
eros?o e sedimenta??o do solo, desalojamento de popu-
la??es que vivem em cidades, em reservas ind?genas ou
em comunidades quilombolas, entre outros danos.
Veja na tabela a seguir as diferen?as entre ?rea
inundada e pot?ncia final de algumas das principais
usinas hidrel?tricas do Brasil. Observe que a usina de
Paulo Afonso, localizada na divisa da Bahia com Per-
nambuco, apresenta a melhor rela??o entre ?rea inun-
dada e pot?ncia final. Isso se explica pelo acentuado
desn?vel do relevo do planalto da Borborema. J? a pior
rela??o ? a da usina de Balbina, localizada na plan?cie
Amaz?nica, cuja energia gerada abastece apenas 50%
da necessidade de consumo de Manaus.
Brasil: área inundada e potência final de algumas das principais usinas hidrelétricas
Usina/Unidade da federação Rio Área inundada (km
2
) Potência final (kW)
Itaipu (PR)* Paran? 1 350 7 000 000
Tucuru? I e II (PA) Tocantins 2 430 8 535 000
Paulo Afonso IV (BA) S?o Francisco 4 2 462 400
Ilha Solteira (SP) Paran? 1 197 3 444 000
Itumbiara (MG) Parana?ba 797 2 082 000
Xing? (AL/SE) S?o Francisco 60 1 162 000
Porto Primavera (MS) Paran? 2 140 1 540 000
Furnas (MG) Grande 1 443 1 216 000
Sobradinho (BA) S?o Francisco 4 200 1 050 300
Balbina (AM) Uatum? 2 524 250 000
Adaptado de: IBGE. Anu?rio Estat?stico do Brasil 2006. Rio de Janeiro, 2006. p. 1-34 a 1-36; AG?NCIA NACIONAL DE ENERGIA EL?TRICA (Aneel).
Banco de informa??es de gera??o. Dispon?vel em: <www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/GeracaoTipoFase.asp?tipo=1&fase=3>.
Acesso em: 10 abr. 2016.
* Somente a parte pertencente ao Brasil. A produ??o total ? 14 000 MW. Os demais 7 000 MW pertencem ao Paraguai.
O prov?vel esgotamento das pos-
sibilidades de constru??o de grandes
usinas hidrel?tricas na regi?o Sudeste
e os investimentos feitos no Sistema
Interligado Nacional (SIN) levaram ?
descentraliza??o da gera??o de ener-
gia para regi?es que estiveram mar-
ginalizadas ao longo do s?culo XX.
Esse fato tem favorecido o investi-
mento em novas fontes de energia
(leia o texto a seguir) e o desenvolvi-
mento das atividades econ?micas em
regi?es historicamente desprovidas
de infraestrutura b?sica. Como vimos
no Cap?tulo 2, est? ocorrendo uma
desconcentra??o do parque indus-
trial, principalmente em dire??o ?s
regi?es Sul, Nordeste e Norte.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
?s margens do rio Paran?, est? localizada a usina de Itaipu. Para a
gera??o de energia, destacam-se tamb?m os rios Grande, Paranapanema,
Igua?u e Tiet?. Eles drenam a regi?o em que foi iniciado o processo de
industrializa??o brasileira e que, al?m da demanda mais elevada,
conseguiu exercer maior press?o pol?tica na aloca??o de recursos
investidos em infraestrutura. Na foto, vista a?rea da usina de Itaipu no
rio Paran?, em Foz do Igua?u (PR), em 2015.
N?o colocamos data nesta tabela,
pois cada usina iniciou suas opera??es
em uma data diferente.
Produção brasileira de energia93
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 93 27/05/16 18:56

O programa nuclear
O programa nuclear brasileiro teve in?cio em 1969, quando o Brasil adquiriu a usina de Angra I de uma empresa
estadunidense, com capacidade de produ??o de 626 MW (5% da capacidade de Itaipu), sem que essa aquisi??o fos-
se acompanhada de transfer?ncia de tecnologia. A usina foi instalada na praia de Itaorna (?pedra podre?, em tupi-
-guarani), em Angra dos Reis, sobre uma falha geol?gica, ou seja, uma ?rea potencialmente sujeita a movimentos
tect?nicos (o que o top?nimo criado pelos ind?genas j? alertava). Foi apelidada de ?vaga-lume?, tal a incid?ncia de
problemas t?cnicos que desde sua inaugura??o obrigaram a sucessivos desligamentos. Sua constru??o se iniciou em
1972, mas o fornecimento de eletricidade s? teve in?cio treze anos depois, em 1985. Meses mais tarde, entretanto, foi
interditada, e s? voltou a funcionar em 1987, sempre de forma intermitente. Somente a partir de 1995 seu funciona-
mento se regularizou.
Em 1975, o Brasil assinou um acordo nuclear com a Alemanha por interm?dio de uma empresa local. Inicialmente
foi prevista a constru??o de oito usinas, com transfer?ncia de tecnologia. Ap?s consumir bilh?es de d?lares em compra
e armazenagem de equipamentos, transfer?ncia de tecnologia, sal?rios e outras despesas fixas, uma dessas usinas,
Angra II, que deveria come?ar a funcionar em 1983, s? ficou pronta em 2001, com capacidade de produ??o de 1 350 MW.
A constru??o de Angra III, que dever? ter 1 405 MW de pot?ncia, foi paralisada durante muitos anos, mas as obras foram
retomadas e estima-se que a usina entre em opera??o comercial no final de 2018. Em 2014, a participa??o das usinas
Angra I e II na produ??o nacional de energia el?trica representava apenas 2,5% do total. No entanto, o estado do Rio de
Janeiro ? altamente dependente do fornecimento dessas usinas.
Com a crise de abastecimento de energia enfrentada em 2001, a redu??o do custo de produ??o de energia em
usinas termonucleares e os compromissos assumidos pelo pa?s no Acordo de Kyoto, o governo brasileiro incluiu a ex-
pans?o do parque nuclear em suas estrat?gias de investimento, mas sem defini??o de novas usinas.
Para saber mais
Mauricio Simonetti/Pulsar Imagens
As usinas de Angra I (? esquerda),
Angra II (? direita) e Angra III (ao fundo),
em Angra dos Reis (RJ), em foto de 2015.
Acesse os sites da Comissão Nacional de
Energia Nuclear e das Indústrias Nucleares
no Brasil. Veja orienta??es na se??o
Sugestões de leitura, filmes e sites.
Capítulo 494
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 94 27/05/16 18:57

Atividades
Compreendendo conteúdos
1. Por que foram criadas as ag?ncias reguladoras (ANP, Aneel, ANTT, Antaq)?
2. Quais foram as estrat?gias utilizadas pelo governo brasileiro para enfrentar as crises de petr?leo de 1973 e de 1979?
3. Comente a participa??o da termeletricidade na matriz energ?tica brasileira.
4. Relacione os aspectos ambientais e socioecon?micos referentes ao consumo de etanol e de biodiesel como
combust?vel.
5. Quais as consequ?ncias da implanta??o do sistema rodovi?rio como principal meio de transporte de cargas e passa-
geiros no Brasil?
Desenvolvendo habilidades
6. Observe os gr?ficos a seguir e responda ?s quest?es.
0
10
12
8
6
4
2
14
16
18
20
199219931994 19961995 199719981999200020 012002200320042005200620072008200920102 0 112012
Hidráulica e eletricidade
Derivados de cana-de-açúcar
Lenha e carvão vegetal
Outras fontes primárias renováveis
0
10
20
30
40
50
199719981999200020 012002200320042005200620072008200920102 0 112012
Petróleo e derivados
Carvão mineral e derivados
Gás natural
Urânio e derivados
a) Quais s?o as fontes renov?-
veis que apresentaram
maior participa??o no total
de energia ofertada no Bra-
sil nas ?ltimas d?cadas?
b) Quais fontes n?o renov?-
veis apresentaram menor
participa??o?
c) Como voc? explica essa mu-
dan?a nas participa??es das
fontes renov?veis e n?o re-
nov?veis no total de energia
ofertada no Brasil nas ?lti-
mas d?cadas? Voc? diria
que est? ocorrendo uma
substitui??o?
Brasil: participação das fontes renováveis no total de energia
produzida (%) – 1992-2012
Brasil: participação das fontes não renováveis no total de energia
produzida (%) – 1997-2012
Adaptado de: IBGE. Indicadores de desenvolvimento sustent?vel 2015. Dispon?vel em: <http://biblioteca.
ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94254.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.
Adaptado de: IBGE. Indicadores de
desenvolvimento sustent?vel 2015.
Dispon?vel em: <http://biblioteca.ibge.gov.
br/visualizacao/livros/liv94254.pdf>.
Acesso em: 10 abr. 2016.
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
ATENÇÃO!
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Produção brasileira de energia95
GGB_v3_PNLD2018_074a095_U2C04.indd 95 27/05/16 18:57

Vestibulares de Norte a Sul
1. S (UEM-PR) Sobre fontes de energia e consumo ener-
g?tico global assinale o que estiver correto.
01) A ind?stria automobil?stica confirmou a supre-
macia do uso do petr?leo no s?culo XX. A maior
produ??o mundial do petr?leo concentra-se no
hemisf?rio sul.
02) A produ??o de carv?o mineral encontra-se prin-
cipalmente no hemisf?rio norte, com alguma
produ??o na Austr?lia e na ?frica do Sul.
04) O g?s natural dever? ter maior participa??o como
fonte de energia, por suas vantagens econ?micas
e ambientais.
08) A crise que atinge algumas fontes de energias
convencionais e a preocupa??o ambiental abriram
caminhos para fontes alternativas como a bio-
massa, a energia e?lica, a energia solar, a energia
mareomotriz e a geot?rmica.
16) A maior parte da eletricidade consumida no mun-
do ? produzida em usinas hidrel?tricas.
2. SE (Fatec-SP) As fontes de energia que utilizamos s?o
chamadas de renov?veis e n?o renov?veis. As renov?veis
s?o aquelas que podem ser obtidas por fontes naturais
capazes de se recompor com facilidade em pouco tem-
po, dependendo do material do combust?vel.
As n?o renov?veis s?o praticamente imposs?veis de se
regenerarem em rela??o ? escala de tempo humana.
Elas utilizam-se de recursos naturais existentes em
quantidades fixas ou que s?o consumidos mais rapi-
damente do que a natureza pode produzi-los.
A seguir, temos algumas formas de energia e suas res-
pectivas fontes.
Formas de energia Fontes
Solar Sol
Eólica Ventos
Hidráulica (usina
hidrelétrica)
Rios e represas de água
doce
Nuclear Urânio
Térmica
Combustíveis fósseis e
carvão mineral
Maremotriz Marés e ondas do oceano
Assinale a alternativa que apresenta somente as for-
mas de energias renov?veis.
a) solar, t?rmica e nuclear.
Testes
b) maremotriz, solar e t?rmica.
c) hidr?ulica, maremotriz e solar.
d) e?lica, nuclear e maremotriz.
e) hidr?ulica, t?rmica e nuclear.
3. NE (UFPB) Os recursos energ?ticos utilizados atual-
mente podem ser classificados de v?rias formas, sen-
do usual a distin??o baseada na possibilidade de reno-
va??o desses recursos (renov?veis e n?o renov?veis),
numa escala de tempo compat?vel com a expectativa
de vida do ser humano.
Considerando o exposto e o conhecimento sobre o
tema abordado, ? correto afirmar:
a) O petr?leo ? uma fonte de energia renov?vel, pois
novas descobertas, a exemplo do petr?leo extra?do
do pr?-sal, comprovam que ? um recurso perma-
nente e inesgot?vel.
b) O carv?o mineral ? uma fonte de energia renov?vel,
pois a utiliza??o de lenha para sua produ??o pode
ser suprida atrav?s de projetos de reflorestamento.
c) O g?s natural ? uma fonte de energia renov?vel,
pois ? produzido concomitantemente ao petr?leo,
atrav?s de processos geol?gicos de dura??o redu-
zida, semelhantes ? escala de tempo humana.
d) A biomassa ? uma fonte de energia renov?vel, pois
? produzida a partir do refino do petr?leo, que ? um
recurso n?o renov?vel, mas pode ser reciclado.
e) A energia e?lica ? uma fonte de energia renov?vel,
pois ? produzida a partir do movimento do ar, o que
a torna inesgot?vel.
4. NE (UFPE)
“Os recursos energéticos constituem um importante
subsídio à expansão do capital, integrando o capital constante
circulante. Nesse sentido, constituem ingredientes centrais
da geoeconomia e da geopolítica do capitalismo
contemporâneo. O petróleo representa papel proeminente
dentro dessa matriz energética mundial, estando sempre em
questão a ampliação do consumo e a capacidade de suporte
das reservas petrolíferas existentes. A localização das suas
principais reservas e estruturas de escoamento em áreas de
instabilidade política, bem como o fator concorrencial
desafiam pesquisas e estudos acerca do descobrimento e ou
desenvolvimento de outras fontes alternativas de energia”.
LINS, Hoyêdo N. Geoeconomia e geopolítica dos recursos energéticos na
primeira década do século XXI.
Sobre as quest?es tratadas no texto, ? correto afir-
mar que:
as principais reservas de petr?leo se encontram
localizadas no Oriente M?dio, em especial no Golfo
P?rsico. Esse fato vincula a Guerra do Golfo em 1990
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com a energia, a geoeconomia, a geopol?tica e a
guerra no cen?rio mundial.
a atualidade registra mudan?as na espacialidade
da acumula??o de riqueza global, especialmente
com o desempenho econ?mico da ?ndia e da China;
isso repercute no aumento e na intensifica??o de
consumo de recursos energ?ticos.
o petr?leo brasileiro da camada ?pr?-sal?, fonte de
intensas pesquisas geol?gicas, foi originado de ma-
teriais org?nicos depositados no subsolo oce?nico,
em terrenos magm?ticos, ricos em hidrocarbone-
tos. Essa reserva de petr?leo vai tornar o pa?s au-
tossuficiente em petr?leo e g?s natural.
a justificativa para o predom?nio da matriz energ?-
tica contempor?nea remete ao fato de que ela n?o
exige uma ampla e complexa infraestrutura, tam-
pouco articula??es de interesses diversos.
a R?ssia exerce historicamente grande controle sobre
as rotas de exporta??o dos recursos energ?ticos pro-
duzidos na Eur?sia (Regi?o do C?ucaso e ?sia Cen-
tral), uma vez que partes do seu territ?rio funcionam
como corredores em rela??o a ex-rep?blicas sovi?ti-
cas, tradicionais espa?os de influ?ncia russa.
5. NE (Uern) Segundo dados do Banco Mundial, 1 estadu-
nidense consome tanta energia quanto 2 europeus, 55
indianos e 900 nepaleses. Em outubro de 2011, a popu-
la??o mundial chegou ? casa dos 7 bilh?es de habitantes.
Caso a popula??o mundial continue crescendo pode-se
a) adotar o modelo de consumo do mundo desenvolvido,
porque ? totalmente voltado para a sustentabilidade.
b) causar preocupa??o, porque a press?o sobre os re-
cursos naturais ser? muito alta, principalmente por
parte das na??es desenvolvidas.
c) adotar uma postura consumista, j? que cada vez
mais preocupa-se com as quest?es ambientais.
d) continuar consumindo, porque os produtos s?o
biodegrad?veis, n?o oferecendo nenhum risco para
o ambiente.
6. NE (Uespi)
“O Brasil prepara parceria com a China para fabricar
biocombustíveis na África, a exemplo do que já faz com os
Estados Unidos e a Europa, e a produção deve ser totalmente
voltada para o mercado chinês, afirma o diretor do
Departamento de Energia do Ministério de Relações
Exteriores, André Lago”.
Folha de S.Paulo, edi??o on-line de 23/8/2010.
Sobre o tema dos biocombust?veis, ? correto afirmar que:
1. a produ??o de biocombust?veis, de certa maneira,
tem contribu?do para a diminui??o da produ??o de
alimentos no mundo.
2. os biocombust?veis s?o utilizados em ve?culos, co-
mo, por exemplo, carros e caminh?es, integral-
mente ou misturados com os chamados combus-
t?veis f?sseis.
3. o emprego do biodiesel, apesar de apresentar baixos
?ndices de polui??o do ar, deixa a economia dos pa?-
ses, sobretudo os subdesenvolvidos, mais depen-
dentes dos produtores de petr?leo.
4. os biocombust?veis, produzidos em larga escala e
com emprego de tecnologia moderna, geram um
custo de produ??o muito mais elevado do que os
derivados de petr?leo.
5. a utiliza??o de biocombust?veis apresenta a vanta-
gem de ser uma fonte de energia renov?vel, ao
contr?rio dos combust?veis f?sseis, a exemplo do
carv?o mineral, do ?leo diesel e da gasolina.
Est?o corretas apenas:
a) 1 e 2.
b) 3 e 5.
c) 1, 2 e 5.
d) 1, 3 e 4.
e) 2, 3, 4 e 5.
7. NE (UFPE) Ao longo de sua hist?ria, o homem utilizou
diferentes fontes de energia: a dos pr?prios m?sculos,
o fogo, a tra??o animal e tantas outras formas. Foi a
partir do s?culo XVIII que ele passou a usar as chama-
das fontes de energia modernas. Com rela??o a esse
assunto, analise as proposi??es a seguir.
O carv?o mineral foi a fonte de energia que exerceu
importante papel na Primeira Revolu??o Industrial,
mantendo-se como fonte de energia b?sica at? a
primeira metade do s?culo XX, quando foi suplan-
tado pelo petr?leo.
Para muitos estudiosos, uma fonte alternativa de
energia para o s?culo XXI, abundante nas ?reas de
clima tropical e subtropical, ? a hulha.
A descoberta recente, pela Petrobras, de grandes
reservas de petr?leo e g?s natural, no campo de
Tupi, na bacia de Santos, poder?, segundo o Gover-
no brasileiro, tornar o pa?s um grande exportador
de petr?leo. Contudo, essa reserva localiza-se em
uma profundidade ainda n?o explorada economi-
camente pela empresa.
A regi?o da Bretanha, na Fran?a, em fun??o da pou-
ca amplitude das mar?s, faz uso de uma fonte de
energia renov?vel, representada pelos ventos.
Al?m da cana-de-a??car, outras fontes da bio-
massa tropical podem ser utilizadas para a pro-
du??o de combust?veis para motores, a exemplo
do dend?, da mamona, do baba?u, da celulose,
entre outros.
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8. SE (Fatec-SP) Um ano depois do terremoto seguido de
tsunami que atingiu o Jap?o em 11 de mar?o de 2011,
causando o comprometimento da usina de Fukushima,
a energia nuclear voltou a ser debatida pelos cientistas,
ecologistas e pela sociedade civil que v?m destacando
vantagens e desvantagens deste tipo de energia.
Sobre a energia nuclear ? correto afirmar que
a) requer grandes espa?os e estoques para seu fun-
cionamento, mas sua tecnologia ? barata e acess?-
vel a todos os pa?ses.
b) provoca grandes impactos sobre a biosfera e ne-
cessita de grandes estoques de combust?vel para
produzir energia.
c) ? considerada energia limpa e renov?vel, mas de-
pende da sazonalidade clim?tica e dos efeitos de
fen?menos tect?nicos.
d) apresenta m?nima interfer?ncia no efeito estufa,
mas um de seus maiores problemas ? o destino
final do lixo nuclear.
e) consome o ur?nio, que ? considerado abundante
em todos os continentes, mas produz gases de en-
xofre e particulados.
9. NE (UEPB)
O acidente nuclear do Jap‹o
Existem hoje cerca de 450 reatores nucleares, que
produzem aproximadamente 15% da energia el?trica
mundial. A maioria deles est? nos Estados Unidos, na Fran?a,
no Jap?o e nos pa?ses da ex-Uni?o Sovi?tica. Somente no
Jap?o h? 55 deles. A ?idade de ouro? da energia nuclear foi a
d?cada de 1970, em que cerca de 30 reatores novos eram
postos em funcionamento por ano. A partir da d?cada de
1980, a energia nuclear estagnou ap?s os acidentes nucleares
de Three Mile lsland, nos Estados Unidos, em 1979, e de
Chernobyl, na Ucr?nia, em 1986. Uma das  raz?es para essa
estagna??o foi o aumento do custo dos reatores, provocado
pela necessidade de melhorar a sua seguran?a. [...] Temos
agora o terceiro grande acidente nuclear, desta vez no Jap?o [...]
Jos? Goldemberg. O Estado de S. Paulo, 21 de mar?o de 2011.
Dispon?vel em: <www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110321/
not_ imp694870,0.php>.
A partir do hist?rico de problemas j? causados pelo
uso de energia nuclear e mais precisamente com o
referido acidente podemos concluir que
I. a pol?mica acerca das vantagens e desvantagens,
bem como dos riscos de se utilizar reatores nu-
cleares, que estava um tanto esquecida, certa-
mente voltar? a ser tema de preocupa??o e dis-
cuss?o da comunidade internacional.
II. a energia nuclear n?o ? totalmente segura, como
afirmavam seus defensores, e mesmo com os
investimentos na seguran?a, ? imposs?vel prever
toda e qualquer esp?cie de acidente com reatores.
III. a pol?tica nuclear em nada deve ser alterada, pois
o aquecimento global justifica sua utiliza??o e
amplia??o, visto ser menos danosa ao ambiente
do que a queima de carv?o e petr?leo, a qual pro-
duz di?xido de carbono, o vil?o do efeito estufa.
IV. a reavalia??o na escolha da matriz energ?tica ?
importante para os pa?ses que disp?em de outras
op??es menos perigosas que a energia nuclear
para a produ??o de eletricidade, tais como as
energias renov?veis, a exemplo da hidrel?trica, da
e?lica e da energia de biomassa.
Est?(?o) correta(s) apenas a(s) proposi??o(?es): 
a) II e IV
b) III
c) IV
d) I, II e IV
e) III e IV
10. SE (IFSP) Fala-se muito atualmente em gera??o de
energias alternativas para combater a crise ambiental
planet?ria. Buscam-se ent?o energias ?limpas?, isto ?,
energias renov?veis, menos poluidoras e menos ge-
radoras de impactos socioambientais.
Dentre essas energias alternativas consideradas mais
?limpas? podem-se considerar
a) petrol?fera e geot?rmica.
b) e?lica e termonuclear.
c) hidroeletricidade e carv?o vegetal.
d) g?s natural e carv?o mineral.
e) solar e maremotriz (ondas do mar).
11. SE (UFSJ-MG) Sobre as fontes de energia, ? INCORRE-
TO afirmar que
a) a energia nuclear possui a vantagem de n?o liberar
gases que potencializam o efeito estufa, uma vez
que o vapor que movimenta as turbinas ? vapor
d??gua.
b) as termoel?tricas produzem energia a partir da
queima de combust?veis f?sseis, como carv?o e
petr?leo, e, consequentemente, s?o respons?veis
pela libera??o de g?s carb?nico na atmosfera.
c) a produ??o de energia solar ? favorecida em baixas
latitudes, como no Brasil; contudo, essa fonte de
energia ainda ? pouco aproveitada.  
d) a hidroeletricidade ? a fonte de energia mais utili-
zada no mundo em fun??o de ser a mais barata e
por ser uma energia limpa.
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Marco Vergotti Reprodução/Vestibular UFSM 2013
Fonte: TERRA, Lygia; ARA?JO, Regina; GUIMAR?ES, Raul Borges. Conexões: Estudos de Geografia Geral e do Brasil.
1. ed. S?o Paulo: Moderna, 2010. V. 2. p. 117. (adaptado)
12. S (UFSM-RS) Campanha popular “Viva o Rio Madeira Vivo”.
Constitui(em) argumento(s) contrário(s) à construção
das usinas hidrelétricas e da hidrovia do Rio Madeira:
I. As hidrelétricas colocariam em risco um dos redutos
de grande biodiversidade do planeta: o Corredor
Ecológico do Vale do Guaporé.
II. As usinas hidrelétricas do Rio Madeira, Santo Antô-
nio e Jirau não seriam apenas grandes projetos de
engenharia e arquitetura moderna; constituem
parte de um grande projeto para o desenvolvimen-
to sustentável da região, para a integração nacional
e melhoria de vida da população.
III. Com a ideia de que, além da hidrovia, outros proje-
tos de infraestrutura e de transporte foram plane-
jados, como a pavimentação da rodovia Cuiabá-
-Santarém, a consequência seria a expansão da
fronteira agrícola sobre a Floresta Amazônica.
Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas I e III.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.
13. NE (Uern)
Japão vive pior acidente nuclear desde
Chernobyl
População próxima ao local receberá doses de iodo, um
elemento útil para prevenir câncer de tireoide.
O acidente na usina nuclear de Fukushima, no Jap?o,
? o pior do pa?s desde a cat?strofe de Chernobyl, na
Ucr?nia, em 1986. A falha no sistema de refrigera??o do
reator 1 da usina Daiichi, em fun??o do terremoto e do
tsunami que atingiram o pa?s nessa sexta-feira, foi
classificado pelas autoridades como categoria 4. De
acordo com a Escala Internacional de Sucessos Nucleares
(INES), isso equivale a um ?acidente com consequ?ncias
de alcance local?, informa o jornal El Pais, nesse s?bado.
Na classifica??o, 7 ? a categoria m?xima.
Apenas em duas ocasi?es foram registrados acidentes
piores, de acordo com a classifica??o da INES: Chernobyl
(n?vel 7, ?acidente grave?) e a fus?o do n?cleo de um reator
da central americana Three Mile Island, em 1979 (n?vel 5,
?acidente com consequ?ncias de maior alcance?).
Segundo a ag?ncia de not?cias japonesa Jiji, tr?s
trabalhadores sofreram de exposi??o radioativa perto da
usina de Fukushima. Para conter as consequ?ncias do
acidente, o governo japon?s tenta um m?todo sem
precedentes, segundo informou o porta-voz, Yukio Edano.
Trata-se de um resfriamento do reator com ?gua do mar,
misturada com ?cido b?rico.
Reprodução/Vestibular UERN 2012
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Al?m disso, a popula??o pr?xima ao local receber?
doses de iodo, um elemento ?til para prevenir c?ncer de
tireoide. Ap?s o desastre de Chernobyl, milhares de casos
de c?ncer de tireoide foram registrados em crian?as e
adolescentes, expostos no momento do acidente. Mais
casos s?o esperados.
<http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/japao-vive-pior-
acidente-nuclear-desde-chernobyl>
Por situa??es como essas descritas na not?cia ? que o mundo
tem vivido um momento de avers?o ? energia nuclear. A Su?cia
decidiu, em plebiscito, fechar todas as suas usinas at? 2010, sem
contar que o mesmo foi decidido na Austr?lia e It?lia. A
Alemanha dever? fechar todas as suas usinas at? 2021.
James e Mendes, 2010: 216.
No contexto dos textos, considerando a matriz ener-
g?tica brasileira assinale a alternativa correta.
a) No Brasil, existe uma necessidade urgente de am-
plia??o da produ??o de energia el?trica e a fiss?o
nuclear ? a alternativa mais vi?vel para atender a
essa demanda devido ?s limita??es do territ?rio.
b) O complexo produtor de energia nuclear de Angra
dos Reis ? paradigma para todos os estados brasi-
leiros, haja vista que a energia nuclear ? o principal
potencial energ?tico do pa?s depois do hidrel?trico,
estando este em fase final de uso do potencial total
do territ?rio nacional.
c) O programa de energia nuclear brasileiro deve sofrer
um retrocesso nos pr?ximos anos, fato que ser?
viabilizado pelo grande potencial hidrel?trico e e?-
lico, ainda n?o utilizado no pa?s.
d) O governo brasileiro deve aproveitar a desvaloriza-
??o da energia nuclear no mundo e a baixa dos
custos para criar no pa?s uma grande matriz ener-
g?tica nuclear, a fim de assegurar o crescimento da
economia nacional.
14. SE (FGV-SP) A energia e?lica passou a ser utilizada de
forma sistem?tica para produ??o de eletricidade a
partir da d?cada de 1970, na Europa e depois nos Es-
tados Unidos. No Brasil, essa energia
a) apresenta um forte potencial no litoral nordestino.
b) ? largamente concentrada na Amaz?nia.
c) representa cerca de 10% da matriz energ?tica.
d) tem maior produ??o concentrada no Sudeste.
e) concorre diretamente com fontes tradicionais como
o carv?o.
15. N (Uepa) O uso de energia e de tecnologias modernas
de uso final levou a mudan?as qualitativas na vida hu-
mana, proporcionando tanto o aumento da produtivi-
dade econ?mica quanto do bem-estar da popula??o.
No entanto, para que tal se concretize tem que ser ob-
servado de que forma o homem se apropria dos recursos
naturais geradores de energia para que essa apropria??o
n?o se transforme em um ato de viol?ncia socioambien-
tal. Nesse contexto ? verdadeiro afirmar que:
a) no Brasil s?o modestos os recursos naturais que po-
dem ser apropriados para o fornecimento de energia,
principalmente a ?gua, por isso a matriz energ?tica
brasileira ? a termoeletricidade, considerada uma
forma limpa e n?o agressora ao meio ambiente.
b) historicamente, o Brasil procurou depender de re-
cursos energ?ticos n?o agressivos ao meio ambien-
te, a exemplo do ur?nio que ? beneficiado para fins
de produ??o de energia at?mica de uso dom?stico.
Este tipo de energia ? produzido nas Usinas de An-
gra I e II no Rio de Janeiro.
c) o uso de combust?veis f?sseis no fornecimento de ener-
gia, a exemplo do Petr?leo, tem aumentado no pa?s
devido principalmente ao crescimento da frota de car-
ros e ? diminui??o significativa da produ??o lde etanol
obtido da cana-de-a??car. Este ?ltimo fato tem estrei-
ta rela??o com a dizima??o de canaviais no Nordeste
brasileiro devido ? propaga??o de pragas agr?colas.
d) a regi?o Amaz?nica vive atualmente a emin?ncia
da constru??o da Usina Hidrel?trica de Belo Monte,
no Rio Xingu. Impactos ambientais s?o de v?rias
ordens e t?m sido motivo de muitas discuss?es, a
exemplo da redu??o da vaz?o do rio, do processo
de desterritorializa??o de v?rios grupos ind?genas
e de perdas de parte da floresta e de sua biodiver-
sidade. Se o cen?rio da Hidrel?trica de Tucuru? agre-
gou viola??es de direito e desastres ambientais, em
Belo Monte n?o ser? diferente.
e) apesar de ser comum a presen?a de problemas am-
bientais e sociais em constru??es de hidrel?tricas,
a de Tucuru? (Rio Tocantins) representou uma exce
-
??o, pois raros foram os problemas causados com
a sua constru??o. O ?nico a acontecer esteve ligado
? sa?de das mulheres, uma vez que sua constru??o
estimulou a imigra??o, a urbaniza??o da regi?o, e
o n?vel de doen ?as sexualmente transmiss?veis au-
mentaram, especialmente a Aids.
16. SE (Aman-RJ) Sobre as fontes de energia e polui??o
ambiental, podemos afirmar que:
I. As usinas hidrel?tricas utilizam um recurso natural re-
nov?vel, portanto n?o provocam impactos ambientais
que causam, por exemplo, preju?zos ? flora e ? fauna.
II. Uma importante vantagem da produ??o de energia
nuclear ? a de que suas usinas, mantendo seu fun-
cionamento normal, n?o lan?am part?culas poluen-
tes na atmosfera.
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III. A queima de combust?veis f?sseis, como o carv?o
mineral, provoca a chuva ?cida, polui o ar e destr?i
vegeta??o, dentre outros impactos.
IV. A energia e?lica ? uma fonte de energia ilimitada
nos lugares que apresentam as condi??es adequa-
das, mas emite poluentes no ar durante a opera??o.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirma-
tivas corretas:
a) I e II
b) I, II e IV
c) I, III e IV
d) II e III
e) III e IV
17. SE (Fuvest-SP) A quest?o energ?tica contempor?nea,
especialmente no que se refere ao uso de combust?veis
f?sseis, pode ser olhada sob uma perspectiva mais ampla.
A vida na Terra tem alguns bilh?es de anos. Nossa esp?-
cie, que surgiu h? cerca de 150 mil anos, produz ferramen-
tas h? cerca de 40 mil anos, usa carv?o mineral h? cerca
de 300 anos e petr?leo h? cerca de 100 anos. Esses recur-
sos energ?ticos, devido ? longa deposi??o de organismos,
encontram-se em diversas regi?es, algumas delas hoje
des?rticas. O consumo combinado atual desses combus-
t?veis, sobretudo na ind?stria e nos transportes, equiva-
le a uma queima da ordem de 100 milh?es de barris de
petr?leo por dia, fato que preocupa pelo aumento, na
atmosfera, de gases respons?veis pelo efeito estufa.
Da leitura desse texto, ? correto afirmar que
a) h? regi?es des?rticas que podem j? ter sido ocea-
nos, das quais extra?mos hoje o que a? foi produzido
muito antes da exist?ncia humana.
b) sendo os combust?veis f?sseis gerados em processo
cont?nuo, os mesmos poderiam ser utilizados inde-
finidamente, n?o fosse o aumento do efeito estufa.
c) o consumo atual de combust?veis f?sseis na ind?stria
e nos transportes ? reposto pela deposi??o di?ria de
biomassa f?ssil.
d) os seres humanos, nos ?ltimos 100 anos, s?o res-
pons?veis por boa parte da gera??o de combust?-
veis f?sseis, a partir da biomassa dispon?vel.
e) o que era carv?o mineral, em passado remoto,
transformou-se em petr?leo nos per?odos recentes.
18. SE (UFJF-MG) A economia mundial ? fortemente de-
pendente de fontes de energia n?o renov?veis.
a) Cerca de 80% de toda a energia do planeta vem das
reservas de:
b) A explora??o e o uso de fontes n?o renov?veis pro-
vocam grandes danos ao meio ambiente. Cite e
Quest›es
explique um impacto provocado pelo uso de fontes
n?o renov?veis de energia.
c) As fontes renov?veis de energia tamb?m t?m limi-
ta??es na sua explora??o. Cite e explique por que
uma das fontes alternativas de energia n?o pode
ser utilizada em todos os lugares.
19. SE (Unesp-SP)
Em 2004, o Governo Federal lan?ou o Programa de
Incentivo ?s Fontes Alternativas de Energia El?trica (Proinfa),
que tem por objetivo promover a diversifica??o da matriz
energ?tica brasileira, buscando alternativas ?s usinas
hidrel?tricas com grandes reservat?rios e ?s termonucleares,
para aumentar a seguran?a no abastecimento de energia
el?trica, al?m de permitir a valoriza??o das caracter?sticas
e potencialidades regionais e locais.
Adaptado de: <www.mme.gov.br>. Acesso em: 11 ago. 2014.
Indique duas fontes alternativas de energia el?tri-
ca que podem ser encontradas no territ?rio brasi-
leiro e mencione dois benef?cios oferecidos pelo
uso delas.
20. NE (UFBA)
O Brasil, por sua grandeza territorial, possui uma
diversidade geogr?fica e clim?tica significativa. A
latitude, o relevo, as bacias hidrogr?ficas, as caracter?sticas
do solo, entre outros fatores, criam uma s?rie de
possibilidades, entre outras coisas, para o planejamento
energ?tico da matriz brasileira. Sendo bem exploradas,
essas caracter?sticas singulares podem fazer do Brasil
um pa?s independente das energias f?sseis a longo
prazo. Atrav?s do investimento tecnol?gico e em
infraestrutura, ? poss?vel utilizarmos fontes renov?veis
como a biomassa (etanol e biodiesel), e?lica, solar
e hidrel?trica.
[...] Finalmente, a natureza oferece as condi??es ou cria
as dificuldades que, na verdade, podem ser oportunidades
para o crescimento e desenvolvimento do pa?s.
WALTZ, 2010, p. 31.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a ma-
triz energ?tica brasileira, uma das mais equilibradas
entre as grandes na??es,
a) justifique a recente expans?o hidrel?trica da Regi?o
Norte e cite dois exemplos do atual aproveitamen-
to da Bacia Amaz?nica;
b) destaque duas características naturais do Nordes-
te brasileiro, que podem ser aproveitadas para ge-
ra??o de energia alternativa e limpa;
c) indique duas características ambientais da Bacia
Hidrogr?fica do Paran?.
101Energia e meio ambiente
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Caiu no Enem
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A foto mostra um trecho da represa de Sobradinho (BA),
a maior do rio S?o Francisco, em 2015. Em 2016 a seca que vem ocorrendo
na regi?o completou tr?s anos, fazendo com que cidad es inteiras que estavam
encobertas pelas ?guas da represa h? d?cadas voltassem ? tona.
1. Suponha que você seja um consultor e foi contratado
para assessorar a implantação de uma matriz energé-
tica em um pequeno país com as seguintes caracte-
rísticas: região plana, chuvosa e com ventos constan-
tes, dispondo de poucos recursos hídricos e sem
reservatórios de combustíveis fósseis.
De acordo com as características desse país, a matriz
energética de menor impacto e risco ambientais é a
baseada na energia
a) dos biocombustíveis, pois tem menos impacto am-
biental e maior disponibilidade.
b) solar, pelo seu baixo custo e pelas características do
país favoráveis à sua implantação.
c) nuclear, por ter menos risco ambiental a ser ade-
quada a locais com menor extensão territorial.
d) hidráulica, devido ao relevo, à extensão territorial
do país e aos recursos naturais disponíveis.
e) eólica, pelas características do país e por não gerar
gases do efeito estufa nem resíduos de operação.
2.
SOBRADINHO
O homem chega, j? desfaz a natureza
Tira gente, p?e represa, diz que tudo vai mudar
O S?o Francisco l? pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que
dizia que o Sert?o ia alagar.
S? E GUARABYRA. Disco Pirão de peixe com pimenta.
Som Livre, 1977 (adaptado).
O trecho da música faz referência a uma importante
obra na região do rio São Francisco. Uma consequência
socioespacial dessa construção foi
a) a migração forçada da população ribeirinha.
b) o rebaixamento do nível do lençol freático local.
c) a preservação da memória histórica da região.
d) a ampliação das áreas de clima árido.
e) a redução das áreas de agricultura irrigada.
3. A usina hidrel?trica de Belo Monte ser? constru?da no rio
Xingu, no munic?pio de Vit?ria de Xingu, no Par?. A usina
ser? a terceira maior do mundo e a maior totalmente bra-
sileira, com capacidade de 11,2 mil megawatts. Os ?ndios
do Xingu tomam a paisagem com seus cocares, arcos e
flechas. Em Altamira, no Par?, agricultores fecharam estra-
das de uma regi?o que ser? inundada pelas ?guas da usina.
BACOCCINA, D. QUEIROZ, G.: BORGES, R. Fim do leil?o, come?o da confus?o.
Istoé Dinheiro. Ano 13, n
o
655, 28 abri 2010 (adaptado).
Os impasses, resistências e desafios associados à cons-
trução da Usina Hidrelétrica de Belo Monte estão re-
lacionados
a) ao potencial hidrelétrico dos rios no norte e nordes-
te quando comparados às bacias hidrográficas das
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.
b) à necessidade de equilibrar e compatibilizar o in-
vestimento no crescimento do país com os esforços
para a conservação ambiental.
c) à grande quantidade de recursos disponíveis para
as obras e à escassez dos recursos direcionados pa-
ra o pagamento pela desapropriação das terras.
d) ao direito histórico dos indígenas à posse dessas
terras e à ausência de reconhecimento desse direi-
to por parte das empreiteiras.
e) ao aproveitamento da mão de obra especializada
disponível na região Norte e o interesse das constru-
toras na vinda de profissionais do Sudeste do país.
Unidade 2102
GGB_v3_PNLD2018_096a103_U2Vestibulares.indd 102 27/05/16 18:57

Fernando Vivas/Folhapress
c) construção de usinas hidrelétricas sobre os rios To-
cantins, Xingu e Madeira.
d) instalação de cabos para a formação de uma rede
informatizada de comunicação.
e) formação de uma infraestrutura de torres que per-
mitem a comunicação móvel na região.
6. A soma do tempo gasto por todos os navios de carga na
espera para atracar no porto de Santos ? igual a 11 anos
? isso, contando somente o intervalo de janeiro a ou-
tubro de 2011. O problema n?o foi registrado somente
neste ano. Desde 2006 a perda de tempo supera uma
d?cada.
Folha de S.Paulo, 25 dez. 2011 (adaptado).
A situação descrita gera consequências em cadeia,
tanto para a produção quanto para o transporte.
No que se refere à territorialização da produção no
Brasil contemporâneo, uma dessas consequências
é a
a) realocação das exportações para o modal aéreo em
função da rapidez.
b) dispersão dos serviços financeiros em função da
busca de novos pontos de importação.
c) redução da exportação de gêneros agrícolas em
função da dificuldade para o escoamento.
d) priorização do comércio com países vizinhos em
função da existência de fronteiras terrestres.
e) estagnação da indústria de alta tecnologia em fun-
ção da concentração de investimentos na infraes-
trutura de circulação.
4. Empresa vai fornecer 230 turbinas para o segundo com-
plexo de energia ? base de ventos, no sudeste da Bahia.
O Complexo E?lico Alto Sert?o, em 2014, ter? capacida-
de para gerar 375MW (megawatts), total suficiente pa-
ra abastecer uma cidade de 3 milh?es de habitantes.
MATOS, C. ?GE busca bons ventos e fecha contrato de R$820mi na Bahia?.
Folha de S.Paulo, 2 dez. 2012.
A opção tecnológica retratada na notícia proporciona
a seguinte consequência para o sistema energético
brasileiro:
a) Redução da utilização elétrica.
b) Ampliação do uso bioenergético.
c) Expansão de fontes renováveis.
d) Contenção da demanda urbano-industrial.
e) Intensificação da dependência geotérmica.
5. Nos ?ltimos dec?nios, o territ?rio conhece grandes mu-
dan?as em fun??o de acr?scimos t?cnicos que renovam
a sua materialidade, como resultado e condi??o, ao
mesmo tempo, dos processos econ?micos e sociais em
curso.
SANTOS, M.; SILVEIRA; M. L. O Brasil: territ?rio e sociedade do s?culo XXI.
Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado).
A partir da última década, verifica-se a ocorrência no
Brasil de alterações significativas no território, ocasio-
nando impactos sociais, culturais e econômicos sobre
comunidades locais, e com maior intensidade, na Ama-
zônia Legal, com a
a) reforma e ampliação de aeroportos nas capitais
dos estados.
b) ampliação de estádios de futebol para a realização
de eventos esportivos.
103Energia e meio ambiente
GGB_v3_PNLD2018_096a103_U2Vestibulares.indd 103 27/05/16 18:57

UNIDADE3
104
Popula•‹o
104
Para analisar as condições de vida de um povo é preciso
conhecer seus indicadores sociais, econômicos, culturais e
políticos. Alguns deles revelam desigualdades entre
grupos sociais – característica que, de forma mais ou
menos intensa, atinge todas as nações do planeta.
Nesta Unidade vamos refletir sobre diversos temas ligados
às condições de vida e às dinâmicas das populações do
Brasil e do mundo. Os direitos humanos são universais? Os
estudos com base nos indicadores sociais tendem a
melhorar ou piorar a vida da população? A resposta para
essas e outras perguntas poderão ser encontradas nos
próximos capítulos.
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 104 27/05/16 18:57

Constela??o do Cruzeiro do Sul.
David Madison/Moment Mobile/Getty Images
Características da
população mundial
CAPÍTULO5
Rua em Istambul (Turquia), em 2015.
Essa aglomera??o urbana ? uma das
mais populosas do mundo.
105
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 105 27/05/16 18:57

A
din?mica da popula??o varia bastante entre os pa?ses. Nas economias
desenvolvidas o crescimento demogr?fico ? inexpressivo, sendo at?
mesmo negativo em alguns locais. Nos pa?ses em desenvolvimento e
emergentes ocorrem as mais variadas situa­
??es: em algumas na??es, o elevado cresci­
mento populacional compromete a busca do
desenvolvimento sustent?vel; em outras, a
popula??o tende a se estabilizar nas pr?xi­
mas d?cadas, como ? o caso do Brasil.
Estudaremos neste cap?tulo as teorias
sobre o crescimento populacional e sua in­
flu?ncia no desenvolvimento dos pa?ses,
al?m de alguns conceitos importantes para
o entendimento do tema, como popula??o,
povo, etnia e direitos humanos.
Segundo o Fundo de Popula??o das Na­
??es Unidas (UNFPA), em 2015, o planeta
Terra era habitado por 7,3 bilh?es de pes­
soas, distribu?das de maneira distinta pelos
pa?ses e pelas regi?es.
Observe no mapa abaixo que existem re­
gi?es com elevada concentra??o de habitan­
tes e outras em que a ocupa??o humana ?
esparsa.
Equador


Trópico de Câncer
Círculo Polar Antártico
Trópico de Capricórnio
Meridiano de Greenwich
Círculo Polar Ártico
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
0 2
120
4
240
km
Desabitado
2
25
50
150
300
Habitantes por km
2
Adaptado de: SUTTON, Christopher J. Student Atlas of World Geography. 8
th
ed.
[s.I.]: McGraw-Hill/Duskin, 2014. p. 28.
* Densidade demogr?fica corresponde ao n?mero de habitantes por quil?metro quadrado. Esse n?mero, embora revele ?reas de maior ou menor concentra??o
populacional, n?o indica as caracter?sticas socioecon?micas e outros aspectos que permitiriam avaliar as condi??es de vida da popula??o.
Portal de mapas/Arquivo da editora
Filipe Rocha/Arquivo da editora
Mundo: densidade demográfica*
Os dados do mapa desta
página não possuem data
na publicação original.
Capítulo 5106
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 106 27/05/16 18:57

1 População mundial
Em 2015, segundo o Banco Mundial,
aproximadamente 15% da popula??o
vivia em condi??es de pobreza extrema.
A maior parte estava em pa?ses em de-
senvolvimento da ?frica subsaariana e
da ?sia meridional. Cerca de 30% traba-
lhavam na agropecu?ria, silvicultura
ou pesca e 1,3 bilh?o de pessoas (18,8%)
com 15 anos de idade ou mais eram con-
sideradas analfabetas, segundo o Rela-
t?rio de Desenvolvimento Humano 2015,
publicado pelo Pnud. Nos pa?ses de de-
senvolvimento humano muito elevado,
82,5% dos cidad?os tinham acesso ? in-
ternet, enquanto na Am?rica Latina e no
Caribe esse n?mero ca?a para 50%; na
?frica subsaariana esse ?ndice era de
19,3% e no Sul e Sudeste
Asi?tico somente 17,6% da
popula??o tinha acesso ?
rede mundial de comuni-
ca??o em 2014.
No entanto, muitos pa?ses apresentaram um
expressivo crescimento econ?mico e as condi??es
de vida de suas popula??es melhorou, principalmen-
te durante a segunda metade do s?culo XX e in?cio
do s?culo XXI.
De acordo com o Banco Mundial, em 1990 cerca de
1,9 bilh?o de pessoas viviam em condi??es de pobreza
extrema (com menos de US$ 1,25
1
por dia). Esse n?me-
ro foi reduzido quase pela metade, apesar do cresci-
mento populacional do per?odo (veja o gr?fico acima).
A. Robson/Arquivo da editora
939
86
71
53
27137
620
1 923
836
311290
403
1990
2015
Leste da ?sia e
Pac?fico
Europa e
?sia central
Am?rica Latina e
Caribe
Oriente M?dio enorte da ?frica
Sul da ?sia
Total
mundial
?frica subsaariana
Nœmero de pobres (milh›es)
1 000 2000
1500
1000
500
0
800
600
400
200
0
Mundo: pessoas vivendo abaixo da linha internacional de
pobreza extrema (menos de US$ 1,25 por dia) – 1990-2015
Adaptado de: WORLD BANK. World Development Indicators 2015. p. 35. Dispon?vel em: <http://data.
worldbank.org/news/release-of-world-development-indicators-2015>. Acesso em: 8 mar. 2016.
1 No final de 2015 o Banco Mundial atualizou a linha internacional da pobreza extrema para 1,90 d?lar por dia.
As disparidades n?o s?o apenas essas. No per?odo
de 2010 a 2015, segundo o UNFPA, nos pa?ses desenvol-
vidos a esperan?a de vida m?dia era de 76 anos para os
homens e 82 anos para as mulheres; na Am?rica Latina
e Caribe, 71 e 78; e, na ?frica subsaariana, 56 e 58 anos.
Tais diferen?as se explicam pela defici?ncia ou,
muitas vezes, pela completa falta de acesso ? ?gua
pot?vel; ? coleta e ao tratamento de esgoto; ? alimen-
ta??o, educa??o e condi??es de habita??o adequadas
e, principalmente, a bons programas de sa?de destina-
dos ? popula??o, incluindo campanhas de vacina??o,
hospitais e maternidades de qualidade, entre outros.
Observe, na tabela abaixo, a esperan?a de vida ao
nascer em alguns pa?ses selecionados.
Silvicultura: cultivo de ?r-
vores para obten??o de
madeira ou recupera??o
de ?reas desmatadas.
Pa?ses selecionados: esperan?a de vida ao nascer ? 2010-2015
Pa?s Homens Mulheres Pa?s Homens Mulheres
Japão 80 86 Arábia Saudita 73 77
Itália 80 85 Brasil 70 78
Alemanha 78 83 Egito 69 73
Estados Unidos 76 81 Haiti 60 64
México 74 79 Moçambique 53 56
Argentina 72 80 Guiné-Bissau 53 57
Adaptado de: FUNDO DE POPULA??O DAS NA??ES UNIDAS (UNFPA). Situa??o da popula??o mundial 2015. In: Abrigo da tempestade: uma agenda transformadora
para mulheres e meninas em um mundo propenso a crises. Dispon?vel em: <www.unfpa.org.br/Arquivos/swop2015.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2016.
Características da população mundial107
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 107 27/05/16 18:57

2 Conceitos básicos
População e povo
Popula??o ? o conjunto de pessoas que reside
em determinada ?rea, que pode ser um bairro,
um munic?pio, um estado, um pa?s ou at? mesmo
o planeta todo. Como se pode observar no gr?fi-
co ao lado e no mapa da p?gina 110, ela pode ser
caracterizada de acordo com v?rios aspectos, co-
mo g?nero, faixa et?ria, religi?o, etnia, local de
moradia e atividade econ?mica praticada. As con-
di??es de vida e o comportamento da popula??o,
no entanto, s?o retratados por meio de indicado-
res sociais: taxas de natalidade e mortalidade,
expectativa de vida, ?ndices de analfabetismo,
participa??o na renda, etc.
No Brasil, popula??o e povo s?o conceitos que t?m
distinção jurídica:
• popula??o brasileira ? o conjunto de todos os habi-
tantes do pa?s; engloba, por exemplo, estrangeiros
residentes, com direitos assegurados por tratados
internacionais e na pr?pria Constitui??o Federal;
• povo brasileiro ? composto de habitantes natos e
estrangeiros naturalizados que, de forma regulamen-
tada, t?m direitos e deveres de participa??o na vida
pol?tica do pa?s.
Quando nos referimos ? popula??o de um pa?s,
tamb?m podemos considerar os conceitos de po-
puloso e povoado, que devem ser interpretados
com aten??o.
Um pa?s n?o oferece melhores ou piores condi-
??es de vida aos seus cidad?os simplesmente pelo
fato de ser pouco ou muito povoado. Os Pa?ses Baixos,
apesar de terem elevada popula??o relativa (aproxi-
madamente 400 habitantes por quil?metro quadra-
do, em 2015), apresentam uma estrutura econ?mica
e de servi?os p?blicos que atende ?s necessidades
dos seus cidad?os. J? o Brasil, com uma baixa popu-
la??o relativa (24 habitantes por quil?metro quadrado),
apresenta muitos problemas na ?rea social por causa
da car?ncia de empregos com sal?rios dignos, de ser-
vi?os p?blicos e de habita??es adequadas, etc. O que
conta ? a an?lise das condi??es de vida da popula??o
e do acesso aos direitos humanos universais estabe-
lecidos pela ONU, e n?o apenas a an?lise dos n?me-
ros demogr?ficos.
Os dados do gráfico desta página não
possuem data na publicação original.
Como voc? j? viu, a popula??o pode ser classificada de acordo com o g?nero (feminino e masculino), faixa et?ria (crian?as, jovens,
adultos, idosos), etnia ou cor e ra?a, como utiliza o IBGE, local de moradia (urbana e rural), atividade econ?mica, entre outros. Na
foto, jovens conversam em banco de pra?a pr?ximo ?s muralhas, constru?das no s?culo XVII, em Cartagena (Col?mbia), 2014.
1500
1200
900
600
300
0
1 302
427
339
267 260
202189
171128117
Chinês
Espanhol
InglêsÁrabe
Hindi
Português
Bengali
Russo
Japonês
Paquistanês
Milh›es de pessoas
Mundo: idiomas mais falados (milhões de pessoas)
Adaptado de: LEWIS, M. P.; GARY F. S.; CHARLES D. F. (Ed.). Ethnologue: Languages of
the World. 19
th
ed. Dallas/Texas, 2016. Dispon?vel em: <www.ethnologue.com/
statistics/size>. Acesso em: 31 mar. 2016.
A. Robson/Arquivo da editora
Kaveh Kazemi/Getty Image
Capítulo 5108
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 108 27/05/16 18:58

INFOGRÁFICO
Populoso e povoado
População
absoluta:
número total
de habitantes.
População
relativa:
número de
habitantes por
quilômetro
quadrado.
Um país é
considerado
populoso
quando
o número
absoluto de
habitantes é alto.
Um país é
considerado
povoado quando o

número de habitantes

por quilômetro

quadrado é elevado.
O
s pa?ses se diferem muito em
n?mero de habitantes e em
extens?o territorial, apre­
sentando densidades demogr?ficas
variadas.
Veja a seguir alguns concei­
tos que tratam dessa rela??o.
Brasil: densidade demogr‡fica Ð 2010*
O Brasil ? o quinto pa?s
mais populoso do planeta,
com cerca de 205 milh?es
de habitantes (em mar?o
de 2016, segundo o IBGE),
no entanto, ? considerado
um pa?s pouco povoado,
pois tem aproximadamente
24 habitantes por
quil?metro quadrado.
* Este mapa n?o representa todas as conven??es cartogr?ficas, como coordenadas, limites com o continente e oceano, para poder compor o infogr?fico de forma mais
integrada aos demais elementos.
s pa?ses se diferem muito em
n?mero de habitantes e em
extens?o territorial, apre­
sentando densidades demogr?ficas
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
O Brasil ? o quinto pa?s
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta, mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
mais populoso do planeta,
com cerca de 205 milh?es
com cerca de 205 milh?es com cerca de 205 milh?es
com cerca de 205 milh?es
com cerca de 205 milh?es
com cerca de 205 milh?es
com cerca de 205 milh?es
com cerca de 205 milh?es
com cerca de 205 milh?es
com cerca de 205 milh?es
com cerca de 205 milh?es
de habitantes (em mar?o
de habitantes (em mar?o
de habitantes (em mar?o
de habitantes (em mar?o
de habitantes (em mar?o de habitantes (em mar?o
de habitantes (em mar?o
de habitantes (em mar?o de habitantes (em mar?o
de habitantes (em mar?o de habitantes (em mar?o
de habitantes (em mar?o
de habitantes (em mar?o
de habitantes (em mar?o
de 2016, segundo o IBGE), de 2016, segundo o IBGE),
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado
no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado no entanto, ? considerado
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado, um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
um pa?s pouco povoado,
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente
pois tem aproximadamente pois tem aproximadamente
24 habitantes por 24 habitantes por
24 habitantes por
24 habitantes por
24 habitantes por
24 habitantes por
24 habitantes por 24 habitantes por
24 habitantes por 24 habitantes por
quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.
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quil?metro quadrado.
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quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.
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quil?metro quadrado.quil?metro quadrado.quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.quil?metro quadrado.quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.
quil?metro quadrado.quil?metro quadrado.
RR
AM
RO
AC
PA
AP
PI
CEMA
TO
GO
MG
ES
RJ
RN
PB
PE
SE
AL
SP
PR
SC
RS
MS
MT
DF
BA
Boa Vista
Manaus
Porto Velho
Rio Branco
Belém
Macapá
São Luís
Fortaleza
Teresina
Cuiabá
Campo Grande
Natal
João
Pessoa
Recife
Maceió
Aracaju
Salvador
Vitória
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
Florianópolis
Porto Alegre
Belo
Horizonte
Goiânia
Brasília
Palmas
RR
AM
RO
AC
PA
AP
PI
CEMA
TO
GO
MG
ES
RJ
RN
PB
PE
SE
AL
SP
PR
SC
RS
MS
MT
DF
BA
Boa Vista
Manaus
Porto Velho
Rio Branco
Belém
Macapá
São Luís
Fortaleza
Teresina
Cuiabá
Campo Grande
Natal
João
Pessoa
Recife
Maceió
Aracaju
Salvador
Vitória
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
Florianópolis
Porto Alegre
Belo
Horizonte
Goiânia
Brasília
Palmas
1
10
25
100
Habitantes por km
2
0 385 770
km
Adaptado de: IBGE. Atlas geográfico escolar.
6. ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 114.
Banco de imagens/Arquivo da editora
Características da população mundial109
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 109 27/05/16 18:58

Direitos humanos universais
O texto da p?gina seguinte, que trata da impor-
t?ncia dos direitos humanos fundamentais, foi escrito,
em 1998, pelo jurista Dalmo de Abreu Dallari, quando
se comemoravam os cinquenta anos da Declara??o
Universal dos Direitos Humanos.
Observe as fotografias. A humanidade ? consti-
tu?da de pessoas de diversas etnias e modos de vida,
al?m de diferentes condi??es sociais, econ?micas,
culturais e psicol?gicas.
Todos, no entanto, devem ter os direitos huma-
nos estabelecidos pela ONU garantidos.
Nazar Furyk/Demotix/Corbis/Latinstock
Equador


Trópico de Câncer
Círculo Polar Antártico
Trópico de Capricórnio
Meridiano de Greenwich
Círculo Polar Ártico
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
R
0 2
250
4
500
km
AMÉRICA
ÁFRICA
OCEANIA
EUROPA
ÁSIA
ANTÁRTIDA
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
Religiões
Católica romana
Protestante
Católica ortodoxa
Islâmica
Xintoísta e budista
Budista, taoísta
e confucionista
Hinduísta
Budista
Judaica
Locais
Lugares desabitados
R
Mundo: religi›es Ð 2013
Adaptado de: STUDENT Atlas. Massachusetts: Merriam-Webster, 2014. p. 35.
Celebra??o judaica em Uman (Ucr?nia), em
2015. Todos os anos, milhares de judeus de
diversos pa?ses se re?nem nesta cidade para
festejar o ano novo judeu.
Celebra??o religiosa vodu na floresta de
Kpasse em Ouid? (Benin), em 2015. Realizada
anualmente, a cerm?nia atrai milhares de
devotos e de turistas.
Stefan Heunis/Agência France-Presse
Portal de mapas/Arquivo da editora
Capítulo 5110
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 110 27/05/16 18:58

O que são direitos humanos
Direitos humanos: noção e significado
Para entendermos com facilidade o que signifi
-
ca direitos humanos, basta dizer que tais direitos
correspondem às necessidades essenciais da pessoa
humana. Trata-se daquelas necessidades que são
iguais para todos os seres humanos e que devem ser
atendidas para que a pessoa possa viver com a dig-
nidade que deve ser assegurada a todas as pessoas.
Assim, por exemplo, a vida é um direito humano
fundamental, porque sem ela a pessoa não existe.
Então a preservação da vida é uma necessidade de
todas as pessoas humanas. Mas, observando como
são e como vivem os seres humanos, vamos perce-
bendo a existência de outras necessidades que são
também fundamentais, como a alimentação, a saú-
de, a moradia, a educação, e tantas outras coisas.
Pessoas com valor igual, mas indivíduos e
culturas diferentes
Não é difícil reconhecer que todas as pessoas
humanas têm aquelas necessidades e por esse mo-
tivo, como todas são iguais – uma não vale mais do
que a outra, uma não vale menos do que a outra –,
reconhecemos também que todos devem ter a pos-
sibilidade de satisfazer aquelas necessidades.
Um ponto deve ficar claro, desde logo: a afirmação
da igualdade de todos os seres humanos não quer
dizer igualdade física nem intelectual nem psicológi-
ca. Cada pessoa humana tem sua individualidade, sua
personalidade, seu modo próprio de ver e de sentir as
coisas. Assim, também os grupos sociais têm sua cul-
tura própria, que é resultado de condições naturais e
sociais. Um grupo humano que sempre viveu perto
do mar será diferente daquele que vive, tradicional-
mente, na mata, na montanha ou numa região de
planícies. Do mesmo modo, os costumes e as relações
sociais da população de uma grande metrópole não
serão os mesmos da população de uma cidadezinha
pobre do interior, distante e isolada dos grandes cen-
tros. Da mesma forma, ainda, a cultura de uma popu-
lação predominantemente católica será diferente da
cultura de uma população muçulmana ou budista.
Em tal sentido as pessoas são diferentes, mas
continuam todas iguais como seres humanos, tendo
as mesmas necessidades e faculdades essenciais.
Disso decorre a existência de direitos fundamentais,
que são iguais para todos.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos humanos e cidadania. S?o Paulo:
Moderna, 1998. p. 7-8. (Pol?mica).
Outras leituras
Nação e etnia
O texto de Dalmo Dallari nos remete ao conceito
de na??o, importante nos estudos da geografia da po-
pula??o. Esse conceito ser? aqui utilizado, em seu sen-
tido antropológico, como sin?nimo de etnia, definindo
um grupo de pessoas que apresenta uma hist?ria co-
O Brasil ? composto de diversas na??es ind?genas
minorit?rias ? os kaiap?, os munduruku, os kadiw?u, os
guarani, al?m de outras 215 etnias (sem contar os mais de
oitenta povos isolados sobre os quais a Funai afirma ainda
n?o haver informa??es objetivas). Em sentido
antropol?gico, muitas vezes a palavra povo tamb?m ?
utilizada como sin?nimo de na??o e etnia, da? falar em
povo kaiap?, povo guarani, etc. A Funai, por exemplo, utiliza
a express?o ?povos ind?genas? em seus textos e em suas
atividades. Na foto, adolescentes da etnia aparai durante
uma festa na aldeia Bona, em Laranjal do Jari (AP), em 2015.
Renato Soares/Pulsar Imagens
mum e vivencia um padr?o cultural que lhe assegura
uma identidade coletiva. Assim, a popula??o de um
pa?s pode conter v?rias na??es ou etnias, como ? bas-
tante evidente na R?ssia, na ?ndia, na China e na Indo-
n?sia. Podemos dizer, portanto, que h? pa?ses multina-
cionais ou multi?tnicos.
? importante destacar que na popula??o de
um pa?s, mesmo que as pessoas tenham ideais
comuns e formem realmente uma na??o, existe
a necessidade da a??o do Estado para interme-
diar os conflitos de interesses.
Características da população mundial111
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 111 27/05/16 18:58

Compreendendo os indicadores
Quanto mais acentuadas são as diferenças sociais e
a concentração de renda, maior é a distância entre a média
dos indicadores socioeconômicos da população e a reali-
dade em que vive a maioria dos cidadãos.
No Brasil, como mostra o gráfico abaixo, o número de
filhos por mulher varia bastante em relação às faixas de
alfabetização, em todas as regiões. Portanto, diante de
uma tabela, gráfico, texto ou mapa contendo quaisquer
indicadores sociais, temos de considerar como está distri-
buída a renda, e, com isso, quais são as condições de vida
da população do país, para podermos avaliar a confiabili-
dade da média obtida.
O senhor... mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo,
é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram
terminadas – mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou.
Isso que me alegra montão.”
Jo?o Guimar?es Rosa (1908-1967), escritor brasileiro.
Para saber mais
A. Robson/Arquivo da editora
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
N?mero m?dio de filhos por mulher
NorteBrasil
Sem instrução e Ensino Fundamental incompleto
Ensino Médio completo e Ensino Superior incompleto
Ensino Fundamental completo e Ensino Médio incompleto
Ensino Superior completo
Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Brasil: fecundidade por nível de instrução das mulheres – 2010
Adaptado de: BORGES, Gabriel M.; ERVATTI, Leila R.; JARDIM, Antonio de P. (Org.). Estudos & An?lises.
Informa??o demogr?fica e socioecon?mica 3. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. p. 36.
O sufr?gio universal, ou seja, o direito ao voto
garantido a todos os indiv?duos intelectualmente
maduros, ? um direito conquistado no Brasil em
1932. No entanto, em diversos pa?ses esse direito
? bastante recente e em outros ainda n?o foi
conquistado. Esse ? tamb?m um indicador de
igualdade de g?neros, que pode revelar como ?
o acesso das mulheres ao mercado de trabalho,
? educa??o, ? sa?de, entre outros. Todos esses
fatores influenciam diretamente a igualdade
social e devem ser observados quando s?o
analisadas as m?dias dos indicadores sociais.
Na foto, mulheres mostram seus t?tulos de
eleitoras em Abuja (Nig?ria), 2015 .
Stringer/Agência France-Presse
Capítulo 5112
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 112 27/05/16 18:58

3 Questão de gênero
Em muitos pa?ses ainda existe forte discrimina??o
de g?nero, isto ?, ?s mulheres n?o s?o oferecidas as
mesmas condi??es de vida e oportunidades que s?o
aos homens em rela??o a educa??o, seguran?a, atua-
??o no mercado de trabalho e participa??o pol?tica.
Nos pa?ses desenvolvidos, como nos da Europa
ocidental, nos Estados Unidos e na Austr?lia, tem
havido grande avan?o na redu??o das desigualdades
de g?nero, e as mulheres obtiveram muitas conquis-
tas, decorrentes de mais de um s?culo de lutas, mo-
biliza??es e manifesta??es.
Embora em n?vel menor, o avan?o tamb?m vem
ocorrendo em pa?ses emergentes como Brasil, Ar-
gentina, Chile e ?frica do Sul. Entretanto, em alguns
outros emergentes e em muitos pa?ses em desen-
volvimento, principalmente na ?frica subsaariana e
no Oriente M?dio, as mulheres ainda sofrem grande
discrimina??o e apresentam taxas de escolariza??o,
participa??o pol?tica e condi??es de emprego bem
inferiores ?s da popula??o masculina, al?m de serem
submetidas a frequentes maus-tratos.
A participa??o das mulheres no mercado de traba-
lho e no sistema de educa??o ? uma das condi??es mais
importantes para a busca do desenvolvimento susten-
t?vel e do terceiro item dos Objetivos do Milênio esta-
belecidos pela ONU: promover a igualdade entre g?ne-
ros e a autonomia das mulheres.
Observe o mapa abaixo e depois leia o texto da
pr?xima p?gina, que demonstra a rela??o entre a cul-
tura e a desigualdade de g?nero.
Pesquisadora trabalhando em ind?stria da
computa??o em Benha (Egito), em 2013. Nas
sociedades em que educa??o, trabalho e renda de
homens e mulheres ocorrem em igualdade de
condi??es, todos os demais indicadores
socioecon?micos melhoram. Isso acontece porque,
com poucas exce??es, cerca de 50% da popula??o ? do
sexo feminino e, portanto, quando essa metade da
popula??o passa a participar da vida social e
econ?mica em igualdade de condi??es h? crescimento
econ?mico e desenvolvimento social.
C
ID
A
D
A
N
IA
: P
AR
I
D
ADE
D
E
G
Ê
N
E
R
O
Mohamed Abd El Ghany/Reuters/Latinstock
Equador


Trópico de Câncer
Círculo Polar Antártico
Trópico de Capricórnio
Meridiano de Greenwich
Círculo Polar Ártico
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
OCEANO
ÍNDICO
0 2
250
4
500
km
1,01
0,98
0,95
0,89
0,86
0,83
0,81
0,77
Sem dados
Altamente desigual
Altamente igualit‡ria
Mundo: índice de paridade de gênero – 2014
Adaptado de: UNDP. Human Development Report 2015. New York: United
Nations Development Programme, 2015. p. 220-223.
Portal de mapas/Arquivo da editora
Características da população mundial113
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 113 27/05/16 18:58

Outras leituras
Cultura, gênero e direitos humanos
[...] A cultura ? padr?es herdados de significados
compartilhados e de entendimentos comuns ? in-
fluencia o modo como as pessoas regem suas vidas e
oferece uma lente por meio da qual podem interpre-
tar sua sociedade. As culturas afetam a forma como
as pessoas pensam e agem, mas n?o produzem uni-
formidade de pensamento ou de comportamento.
As culturas devem ser vistas em seu contexto
mais amplo: elas influenciam e s?o influenciadas por
circunst?ncias externas e, em resposta a elas, se mo-
dificam. As culturas n?o s?o est?ticas; as pessoas est?o
continuamente envolvidas em remodel?-las, embora
alguns aspectos da cultura continuem a influenciar
escolhas e estilos de vida por per?odos muito longos.
Os costumes, normas, comportamentos e atitu-
des culturais s?o t?o variados quanto amb?guos e
din?micos. ? arriscado generalizar e ? particular-
mente perigoso julgar uma cultura pelas normas e
valores de outra. Tal simplifica??o excessiva pode
levar ? presun??o de que todo membro de uma cul-
tura pensa de forma id?ntica. Isso n?o somente se
trata de uma percep??o equivocada, mas ignora um
dos acionadores da mudan?a cultural, que s?o as
m?ltiplas express?es da resist?ncia interna, a partir
das quais as transi??es emergem. O movimento em
dire??o ? igualdade de g?nero ? um bom exemplo
desse processo em funcionamento.
[...] Contudo, a desigualdade de g?nero continua
disseminada e arraigada em muitas culturas. As mu-
lheres e as meninas constituem / do bilh?o de
pessoas mais pobres do mundo: as mulheres s?o /
dos  milh?es de adultos em todo o mundo que n?o
sabem ler, e as meninas representam % dos 
milh?es de crian?as que n?o v?o para a escola. Algu-
mas normas e tradi??es culturais e sociais perpetuam
a viol?ncia associada ao g?nero, e tanto os homens
como as mulheres podem aprender a fazer ?vista
grossa? ou aceitar a situa??o. De fato, as mulheres
podem defender as estruturas que as oprimem.
O poder opera dentro das culturas por meio da
coer??o que pode ser vis?vel, oculta nas estruturas
do governo e da legisla??o, ou estar enraizada nas
percep??es que as pessoas t?m delas mesmas. As
rela??es de poder s?o, portanto, o cimento que liga
e molda a din?mica de g?nero e fundamenta o ra-
cioc?nio e a maneira como as culturas interagem e
se manifestam. Pr?ticas como o casamento de crian-
?as (que ? uma das principais causas da f?stula obs-
t?trica e da mortalidade materna) e a mutila??o ou
excis?o genital feminina (que tem consequ?ncias
grav?ssimas para a sa?de) continuam a existir em
muitos pa?ses apesar de haver leis proibindo-as. [...]
Os avan?os na igualdade de g?nero nunca vieram
sem um embate cultural. As mulheres da Am?rica
Latina, por exemplo, tiveram sucesso ao dar visibi-
lidade ? viol?ncia associada ao g?nero e assegurar
uma legisla??o adequada, contudo sua aplica??o
continua a ser um problema.
FUNDO DE POPULA??O DAS NA??ES UNIDAS (UNFPA). Relat?rio sobre a
situa??o da popula??o mundial 2008. Dispon?vel em: <www.unfpa.org.br/
Arquivos/swop2008.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2016.
Manifesta??o feminista pela diversidade e contra o
patriarcado em Barcelona (Espanha), no Dia Internacional da
Mulher, em 2016. Muitos avan?os na paridade de g?neros
s?o atribu?dos ? luta das mulheres no mundo todo.
Consulte a indicação dos endereços eletrônicos
da ONU Mulheres e dos Direitos das mulheres na
mídia mundial. Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes e sites.
Matthias Oesterle/ZUMA Press/Corbis/Latinstock
Capítulo 5114
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 114 27/05/16 18:58

4 Crescimento demográfico
Segundo a ONU, do in?cio dos
anos 1970 at? 2015, o crescimento
da popula??o mundial caiu de 2,1%
para 1,2% ao ano, o percentual de
mulheres em idade reprodutiva que
utilizam algum m?todo anticoncep-
cional aumentou de 10 para 64 e o
n?mero m?dio de filhos por mulher
(taxa de fecundidade) caiu de 6 pa-
ra 2,5. Ainda assim, esse ritmo con-
tinua elevado e, caso se mantenha,
a popula??o do planeta saltar? de
mais de 7,3 bilh?es, em 2015, para
9,7 bilh?es em 2050.
Os pa?ses em desenvolvimento
abrigavam 6,1 bilh?es de pessoas
em 2015 e, em 2050, dever?o ter
7,9 bilh?es. J? nos pa?ses desenvol-
vidos o crescimento nesse mesmo per?odo ser? bem
menor, com a popula??o absoluta aumentando de
1,25 para 1,28 bilh?o de pessoas e, caso n?o se conside-
rasse o ingresso de imigrantes, haveria redu??o para
1,15 bilh?o de habitantes.
Os dez pa?ses mais populosos ? 2015
Pa?s Milh?es de pessoas
China 1 376
?ndia 1 311
Estados Unidos 322
Indon?sia 258
Brasil 208
Paquist?o 189
Nig?ria 182
Bangladesh 161
R?ssia 143
M?xico 127
Adaptado de: UNITED NATIONS (UN). World Population Prospects 2015. Dispon?vel em: <http://esa.un.org/
unpd/wpp/publications/files/key_findings_wpp_2015.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2016.
FILIPINAS
107
700 000
INDONÉSIA
253
600 000
TAILÂNDIA
67
700 000
VIETNÃ
93
400 000
JAPÃO
127
100 000
BANGLADESH
166
300 000
PAQUISTÃO
196
200 000
RÚSSIA
142
500 000
TURQUIA
81
600 000
ITÁLIA
61
700 000
UCRÂNIA
44
300 000
ALEMANHA
81
000 000
FRANÇA
66
300 000
REINO UNIDO
63
700 000
ESTADOS UNIDOS
318
900 000
MÉXICO
120
300 000
BRASIL
202
700 000
NIGÉRIA
177
200 000
ETIÓPIA
96
600 000
EGITO
86
900 000
ÍNDIA
1
236 300 000
CHINA
1
355 700 000
De 0 a 0,9
Menor do que 0
(população em declínio)
Maior do que 3
De 2 a 2,9
De 1 a 1,9
Percentual de crescimento
Um milhão de
habitantes
População total
Mundo: crescimento populacional – 2014
Adaptado de: NATIONAL Geographic. Family Reference Atlas of the World. 40
th
ed. Washington, D.C., 2016. p. 49.
Na China e na ?ndia, ambos com mais de 1,3 bilh?o de
habitantes em 2015, vivem 36% da popula??o mundial. J?
a propor??o das pessoas que vivem nos pa?ses desenvol-
vidos diminuir? de 17%, em 2015, para 14%, em 2050, por
causa da redu??o em seu ritmo de crescimento vegetativo.
Banco de imagens/Arquivo da editora
Características da população mundial115
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 115 27/05/16 18:58

Veja no gr?fico ao lado uma proje-
??o para o crescimento da popula??o
mundial e perceba o grande aumento
na participa??o da popula??o da ?frica
no total mundial ao longo do per?odo
de 1950 at? 2100.
O crescimento demogr?fico de uma determinada
?rea (seja bairro, cidade, estado, pa?s, grupo de pa?ses,
continente) est? ligado a dois fatores: ao crescimento
natural e ao saldo migratório. O primeiro, tamb?m de-
nominado crescimento vegetativo, corresponde ? di-
feren?a entre nascimentos (natalidade) e ?bitos (mor-
talidade) verificada em uma popula??o; o segundo
corresponde ? diferen?a entre a entrada e a sa?da de
pessoas da ?rea considerada. Tendo como refer?ncia
essas duas taxas, o crescimento populacional poder?
ser positivo ou negativo.
Teorias demográficas
Muitas teorias foram elaboradas para se entender
e analisar a din?mica e as condi??es de vida da popula??o
mundial e compreender a influ?ncia dessa din?mica no
desenvolvimento dos pa?ses. A seguir, vamos estudar
tr?s delas, a teoria malthusiana, formulada no fim do
s?culo XVIII, a neomalthusiana e a reformista, que datam
do p?s-Segunda Guerra Mundial.
Malthusiana
A partir do s?culo XVIII, com o desenvolvimento
do capitalismo, o crescimento populacional passou a
ser encarado como um fator positivo, uma vez que,
quanto mais pessoas, mais consumidores. Nessa ?po-
ca, foi publicada a primeira teoria demogr?fica de
grande repercuss?o, formulada pelo economista in-
gl?s Thomas Robert Malthus (1766-1834), que ser?
analisada a seguir.
Imaginechina/Corbis/Latinstock
Enfermeiras cuidam de
beb?s rec?m-nascidos em
maternidade na prov?ncia
de Hubei (China), em 2016.
A China tem a maior
popula??o do mundo.
Mundo: estimativa do crescimento populacional – 1950-2100
Banco de imagens/Arquivo da editora
Bilh›es de habitantes
5,5
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1950 -
-
1960 -
-
1970 -
-
1980 -
-
1990 -
-
2000 -
-
2010 -
-
2020 -
-
2030 -
-
2040 -
-
2050 -
-
2060 -
-
2070 -
-
2080 -
-
2090 -
-
2100 -

Adaptado de: ONU. World Population Prospects:
the 2012 Revision. In: Population Division.
Dispon?vel em: <http://un.org/esa/population>.
Acesso em: 12 mar. 2016.
Ásia
África
América Latina e Caribe
Europa
América do Norte
Oceania
Capítulo 5116
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 116 27/05/16 18:59

Em 1798, Malthus publicou sua obra Ensaio sobre a
população, na qual desenvolveu uma teoria demogr?-
fica que se apoiava basicamente em dois postulados:
• Se n?o ocorressem guerras, epidemias, desastres na-
turais, entre outros eventos, a popula??o tenderia a
duplicar a cada 25 anos. Cresceria, portanto, em pro-
gress?o geom?trica (2, 4, 8, 16, 32...) e constituiria um
fator vari?vel, que aumentaria sem parar.
• O crescimento da produ??o de alimentos ocorreria ape-
nas em progress?o aritm?tica (2, 4, 6, 8, 10...) e possuiria
certo limite de produ??o, por depender de um fator
fixo: a pr?pria extens?o territorial dos continentes.
Ao considerar esses dois postulados, Malthus con-
cluiu que o ritmo de crescimento populacional seria mais
acelerado do que o da produ??o de alimentos. Previu
tamb?m que um dia as possibilidades de aumento da
?rea cultivada estariam esgotadas, pois todos os conti-
nentes estariam plenamente ocupados pela agropecu-
?ria e, no entanto, a popula??o mundial ainda continu-
aria crescendo. A consequ?ncia disso seria a falta de
alimentos e, para evitar esse flagelo, Malthus propunha
que as pessoas s? tivessem filhos se possu?ssem terras
cultiv?veis para poder aliment?-los.
Atualmente, verifica-se que suas previs?es n?o se
concretizaram: o ritmo de crescimento da popula??o
do planeta desacelerou e a produ??o de alimentos au-
mentou em virtude da eleva??o da produtividade
(quantidade produzida por ?rea) obtida com o desen-
volvimento tecnol?gico.
Essa teoria, quando foi elaborada, parecia muito con-
sistente. Os erros de previs?o est?o ligados principalmen-
te ?s limita??es tecnol?gicas da ?poca para a coleta de
dados, j? que Malthus chegou ?s suas conclus?es partin-
do da observa??o do comportamento demogr?fico em
uma determinada regi?o, com popula??o predominan-
temente rural, e o considerou v?lido para todo o planeta
no decorrer da Hist?ria. N?o previu os efeitos decorren-
tes da urbaniza??o na evolu??o demogr?fica e do pro-
gresso tecnol?gico aplicado ? agricultura.
Desde que Malthus apresentou sua teoria, s?o co-
muns os discursos que relacionam de forma simplista
a ocorr?ncia da fome no mundo ao crescimento popu-
lacional. Observe a fotografia a seguir.
Catadores de lixo em Luzi?nia (GO), em 2014. A absoluta falta de renda degrada a
condi??o humana. Algumas propostas que v?m sendo introduzidas nas esferas
federal, estaduais e municipais como resposta a esse problema s?o programas
assistenciais, como os de renda m?nima, fornecimento de merenda e transporte
escolar, aposentadoria rural, habita??o e sa?de, seguro-desemprego e outros, que
garantem melhores condi??es de vida aos mais pobres e aos desempregados.
Pedro Ladeira/Folhapress
117
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 117 27/05/16 18:59

Neomalthusiana
Em 1945, com o t?rmino da Segunda Guerra, foi
realizada a Confer?ncia de S?o Francisco (Estados Uni-
dos), na qual foram discutidas estrat?gias de desenvol-
vimento para evitar a eclos?o de um novo conflito
militar em escala mundial. Havia apenas um ponto de
consenso entre os participantes: a paz depende da har-
monia entre os povos e, portanto, da diminui??o das
desigualdades econ?micas.
Para explicar a situa??o de desigualdade entre os
pa?ses, estudiosos identificaram na heran?a colonial e
na desigualdade das rela??es comerciais a g?nese da
quest?o. Por isso, passaram a propor amplas reformas
nas rela??es econ?micas, em escala planet?ria. Nesse
contexto hist?rico, foi formulada a teoria demogr?fica
neomalthusiana, uma tentativa de explicar a ocorr?n-
cia da fome e do atraso no desenvolvimento em muitos
pa?ses. Essa teoria era defendida por setores das socie-
dades e dos governos dos pa?ses desenvolvidos e por
alguns setores dos pa?ses em desenvolvimento, com o
objetivo de se esquivarem das quest?es socioecon?-
micas centrais daquela ?poca.
Essa teoria pregava que uma numerosa popula??o
jovem, resultante das elevadas taxas de natalidade que
eram constatadas em quase todos os pa?ses pobres,
necessitaria de grandes investimentos sociais em edu-
ca??o e sa?de. Com isso, sobrariam menos recursos
para ser investidos em infraestrutura e nos setores
agr?cola e industrial. Ainda segundo os neomalthusia-
nos, quanto maior o n?mero de habitantes de um pa?s,
menor a renda per capita e a disponibilidade de capital
a ser utilizado pelos agentes econ?micos.
Verifica-se que essa teoria, embora com postula-
dos diferentes daqueles utilizados por Malthus, chega
? mesma conclus?o: o crescimento populacional ? o
respons?vel pela ocorr?ncia da pobreza. Seus defen-
sores passaram a propor, ent?o, programas de contro-
le de natalidade nos pa?ses em desenvolvimento me-
diante a dissemina??o de m?todos anticoncepcionais.
Tratava-se de uma tentativa de enfrentar problemas
socioecon?micos com programas de controle da na-
talidade e de acobertar os efeitos danosos dos baixos
sal?rios e das p?ssimas condi??es de vida que vigoram
naqueles pa?ses.
Al?m disso, era muito simplista afirmar que, na-
quela ?poca, os pa?ses subdesenvolvidos desperdi?a-
vam em investimentos sociais um dinheiro que deveria
ser destinado ao setor produtivo.
Uma popula??o jovem numerosa s? se torna empecilho ao crescimento das atividades econ?micas nos pa?ses em desenvolvimento
quando n?o s?o realizados investimentos sociais, principalmente em educa??o e sa?de. Mais pessoas com acesso a educa??o e com
renda alta significa um maior mercado consumidor, o que estimula o desenvolvimento econ?mico. Esse ? um dos motores do
elevado crescimento econ?mico chin?s desde 1980. Na foto, adolescentes aguardam o in?cio da aula em Bangui (Rep?blica
Democr?tica do Congo), em 2014.
Thomas Koehler/Photothek/Getty Images
Capítulo 5118
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 118 27/05/16 18:59

Subemprego: todo tipo de trabalho e prestação de
serviços remunerados, como o de vendedores am-
bulantes, guardadores de carros, trabalhadores
domésticos sem registro em carteira, boias-frias,
etc., que compõe a economia informal, aquela que
não aparece nas cifras oficiais, pois não conta com
nenhum tipo de registro e não recolhe impostos.
A situação de alguns países, como a Alemanha (on-
de foi introduzido o primeiro sistema educacional do
mundo, no início do século XIX), o Japão (onde a contri-
buição da educação foi decisiva para a rápida recupera-
ção após a Segunda Guerra) e, mais recentemente, a
Coreia do Sul (que atualmente é considerada um país
desenvolvido), entre outros, evidencia que investimentos
sociais, especialmente em educação, são um poderoso
motor do desenvolvimento econômico.
Reformista
Na mesma Conferência de São Francisco, represen-
tantes dos países então chamados subdesenvolvidos
elaboraram a teoria reformista, que chega a uma conclu-
são inversa à das duas teorias mencionadas: uma popu-
lação jovem numerosa, em virtude de elevadas taxas de
natalidade, não seria a causa, mas a consequência
do subdesenvolvimento.
Em países com elevado desenvolvimento humano
o controle da natalidade ocorreu de maneira simultânea
à melhoria das condições de vida. Além disso, o planeja-
mento familiar foi transmitido espontaneamente de
uma geração a outra, à medida que foram se alterando
os modos de vida e os projetos pessoais dos membros
das famílias. Ao longo do tempo, as famílias do século
XX passaram a ter menos filhos.
A falta de investimentos em educação gera um
imenso contingente de mão de obra de baixa qualifi-
cação. Esses jovens e adultos tentam, sem sucesso,
ingressar no mercado de trabalho e, como não conse-
guem vagas, passam a sobreviver do subemprego. Tal
realidade tende a rebaixar o nível médio de produtivi-
dade por trabalhador, assim como os salários dos que
estão empregados, além de empobrecer enormes par-
celas da população desses países. Para que a dinâmica
demográfica entre em equilíbrio, é necessário enfren-
tar as questões sociais e econômicas.
Fam?lias passeiam em parque de
Nova D?lhi (?ndia), em 2013.
O acesso ao lazer tamb?m ? um
importante fator para melhora nas
condi??es de vida da popula??o.
Christian Heeb/JAI/Corbis/Latinstock
119
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Os defensores da corrente reformista afirmam que
a tend?ncia de controle espont?neo da natalidade ?
facilmente verific?vel ao se comparar a taxa entre as
fam?lias pobres e as de maior poder aquisitivo (veja o
gr?fico abaixo). ? medida que as fam?lias melhoram
suas condi??es de vida ? educa??o, assist?ncia m?dica,
acesso ? informa??o, etc. ?, tendem a ter menos filhos.
O cotidiano de milh?es de fam?lias, principalmen-
te nos pa?ses em desenvolvimento, transcorre em
condi??es de extrema pobreza e a maioria n?o tem
consci?ncia das determina??es econ?micas e sociais
?s quais est? submetida, vivendo de subempregos,
em submoradias, subalimentada e sem acesso a in-
forma??es e servi?os de planejamento familiar.
A teoria reformista ? a mais abrangente das tr?s,
por analisar os problemas econ?micos, sociais e
demogr?ficos de forma integrada, partindo de situa-
??es concretas do cotidiano das pessoas. Os investi-
mentos em educa??o s?o fundamentais para a melhoria
de todos os indicadores sociais.
No mundo inteiro, quanto maior a escolaridade
e a qualidade de vida da mulher, menores tendem a
ser o n?mero de filhos e a taxa de mortalidade in-
fantil. Observe o gr?fico.
6
5
4
3
2
1
0
1,7
3,5
2,22,2
2,0
5,2
Pa?ses mais
desenvolvidos
?sia e Pac?&#6684777;co
?frica subsaariana
Pa?ses ?rabes
(inclui o norte
da ?frica) Leste europeu e
?sia central
Am?rica Latina e
Caribe
N?mero m?dio de &#6684777;lhos por mulher
M?dia mundial: 2,5
Mundo: taxa de fecundidade, por região – 2010-2015
Adaptado de: FUNDO DE POPULA??O DAS NA??ES UNIDAS (UNFPA). Situa??o da popula??o mundial 2015.
In: Abrigo da tempestade: uma agenda transformadora para mulheres e meninas em um mundo propenso a crises.
Dispon?vel em: <www.unfpa.org.br/Arquivos/swop2015.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2016.
Submoradias no morro da
Mineira, no Rio de Janeiro
(RJ), em 2015. A falta de
saneamento b?sico e
outras necessidades de
infraestrutura dificultam a
melhoria nos indicadores
socioecon?micos.
A. Robson/Arquivo da editora
Eduardo Zappia/Pulsar Imagens
Acesse o
site da
UNFPA – Fundo de
População das Nações
Unidas. Consulte a
seção Sugestões de
leituras, filmes e sites.
120
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 120 27/05/16 18:59

5 Reposi•‹o da popula•‹o
Segundo a ONU, a taxa m?dia de fecundidade ne-
cess?ria para a reposi??o da popula??o sem que haja
decr?scimo ? de 2,1 filhos por mulher.
Os n?meros da tabela a seguir mostram que,
enquanto em muitos pa?ses a taxa supera esse valor,
em outros ela ? inferior. Nesses pa?ses a natalidade
e a entrada de imigrantes s?o incentivadas, ou suas
popula??es tendem a diminuir.
Caso a proje??o da ONU se mantenha, entre 2010
e 2050 a popula??o de 31 pa?ses pobres (N?ger, Afega-
nist?o e outros) vai duplicar ou aumentar ainda mais,
enquanto em 45 pa?ses desenvolvidos ou emergentes
(Alemanha, R?ssia e outros), a popula??o vai decrescer
no mesmo per?odo.
Alunos assistem aula em uma
escola isl?mica, em Bosso
(N?ger), em 2015. Observe na
tabela abaixo que no N?ger a
taxa de fecundidade, entre 2010
e 2015, era bastante alta, com
m?dia de 7,6 filhos por mulher,
e que o crescimento da
popula??o tamb?m ? elevado,
4% ao ano.
Pa?ses selecionados: taxas de crescimento da popula??o e de fecundidade ? 2010-2015
Pa?s
Crescimento da popula??o
(% ao ano)
Fecundidade
(média de filhos por mulher)
Om? 8,4 2,9
N?ger 4,0 7,6
Ar?bia Saudita 2,3 2,9
?ndia 1,3 2,5
Estados Unidos 0,8 1,9
Brasil 0,9 1,8
China 0,5 1,6
Pa?ses Baixos 0,3 1,8
R?ssia 0,0 1,7
Jap?o ? 0,1 1,4
Espanha ? 0,2 1,3
Rom?nia ? 0,8 1,5
Adaptado de: FUNDO DE POPULA??O DAS NA??ES UNIDAS (UNFPA). Situa??o da popula??o mundial 2015. In: Abrigo da tempestade:
uma agenda transformadora para mulheres e meninas em um mundo propenso a crises. Dispon?vel em: <www.unfpa.org.br/Arquivos/swop2015.pdf>.
Acesso em: 8 mar. 2016.
Atualmente, o que se verifica na m?dia mundial ?
uma queda dos ?ndices de natalidade e mortalidade, em-
bora em alguns pa?ses as taxas ainda se mantenham mui-
to elevadas. O ?xodo rural (sa?da de pessoas do campo
para se fixarem nas cidades) e suas consequ?ncias no
comportamento demogr?fico de uma popula??o cres-
centemente urbana auxiliam a explicar essa queda.
Veja no infogr?fico das pr?ximas p?ginas algumas
consequ?ncias do ?xodo rural no comportamento de-
mogr?fico de uma popula??o urbana.
Issouf Sanogo/Agência France-Presse
Características da população mundial121
GGB_v3_PNLD2018_104a125_U3C05.indd 121 27/05/16 18:59

INFOGRÁFICO
A vida nas cidades
Taxa de fecundidade mais baixa
No meio urbano, aumenta o percentual
de mulheres que trabalham fora de casa
e que desenvolvem uma carreira
profissional. Essas mulheres podem optar
por priorizar suas carreiras e adiar a
maternidade, ou, ainda, por não ter filhos.
Custo de vida mais alto
Nas cidades o custo de vida é mais alto,
pois inclui gastos maiores com
alimentação, moradia, transporte,
educação, etc.
Mulher trabalha em linha
de produ??o de celulares em
Brazzaville (Congo), em 2015.
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Jovens caminham em
dire??o ? escola em Quito
(Equador), em 2015.
Nas últimas décadas, em função da crescente urbanização em todo o mundo, de
maneira geral, houve grande queda dos índices de natalidade e de mortalidade das
populações. Alguns aspectos que contribuíram para essa queda podem ser vistos a seguir.
Paisagem de Kuala Lumpur
(Mal?sia), em 2016.
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Capítulo 5122
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Planejamento familiar
Com a urbanização, as pessoas
passaram a ter mais informação
e acesso a pílulas
anticoncepcionais e outros
métodos contraceptivos, o que
permitiu a realização de um
planejamento familiar. Mulheres gr?vidas
aguardam em fila para
realiza??o de exame
pr?-natal em Amritsar
(?ndia), em 2013.
Alguns met?dos
anticoncepcionais.
Idosa realizando exames
oftalmol?gicos em
Genebra (Su??a), em 2015.
anticoncepcionais.
Elevada expectativa de vida ao nascer
Com a urbanização, principalmente nos países
em desenvolvimento, as taxas de mortalidade
tendem a ser mais baixas, pois as pessoas têm
mais acesso a saneamento básico, hospitais,
farmácias e postos de saúde, fazendo com
que a expectativa de vida seja maior do
que no campo.

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Características da população mundial123
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Pensando no Enem
1. Um fen?meno importante que vem ocorrendo nas
?ltimas quatro d?cadas ? o baixo crescimento popu-
lacional na Europa, principalmente em alguns pa?ses
como Alemanha e ?ustria, onde houve uma brusca
queda na taxa de natalidade. Esse fen?meno ? espe-
cialmente preocupante pelo fato de a maioria desses
pa?ses j? ter chegado a um ?ndice inferior ao ?n?vel
de renova??o da popula??o?, estimado em , filhos
por mulher. A diminui??o da natalidade europeia
tem v?rias causas, algumas de car?ter demogr?fico,
outras de car?ter cultural e socioecon?mico.
OLIVEIRA, P. S. Introdução à sociologia. S?o Paulo: ?tica, 2004. (adaptado).
As tendências populacionais nesses países estão relacio-
nadas a uma transformação:
a) na estrutura familiar dessas sociedades, impactada por
mudanças nos projetos de vida das novas gerações.
b) no comportamento das mulheres mais jovens, que têm
imposto seus planos de maternidade aos homens.
c) no número de casamentos, que cresceu nos últimos
anos, reforçando a estrutura familiar tradicional.
d) no fornecimento de pensões de aposentadoria, em
queda diante de uma população de maioria jovem.
e) na taxa de mortalidade infantil europeia, em contínua
ascensão, decorrente de pandemias na primeira infância.
Resolução
A alternativa correta ? a A. A redu??o das taxas de ferti-
lidade em v?rios pa?ses da Europa e de outros continen-
tes est? relacionada a uma s?rie de fatores, entre os
quais se destacam o custo de cria??o dos filhos e a maior
participa??o das mulheres no mercado de trabalho.
2. Qual dos
slogans a seguir poderia
ser utilizado para defender o pon-
to de vista dos reformistas?
a) “Controle populacional já, ou país
não resistirá.”
b) “Com saúde e educação, o plane-
jamento familiar virá por opção!”
c) “População controlada, país rico!”
d) “Basta mais gente, que o país vai
pra frente!”
e) “População menor, educação
melhor!”
ATENÇÃO!
N?o escreva neste livro!
Resolução
A alternativa correta ? a B. A teoria reformista afirma
que a melhoria nas condi??es de vida da popula??o pro-
move redu??o no n?mero de filhos por mulher porque,
entre outros fatores, os avan?os obtidos na escolaridade
e no acesso ao sistema de sa?de permitem melhor pla-
nejamento familiar e redu??o no n?mero de gravidezes
n?o planejadas.
3. Qual dos
slogans a seguir poderia ser utilizado para
defender o ponto de vista neomalthusiano?
a) “Controle populacional – nosso passaporte para o de-
senvolvimento”
b) “Sem reformas sociais o país se reproduz e não produz”
c) “População abundante, país forte!”
d) “O crescimento gera fraternidade e riqueza para
todos”
e) “Justiça social, sinônimo de desenvolvimento”
Resolução
A alternativa correta ? a A. A teoria neomalthusiana pro-
p?e o controle da natalidade como fator de redu??o da
pobreza. De acordo com a teoria, a redu??o no n?mero
de filhos por mulher favorece o acesso da popula??o aos
servi?os b?sicos de educa??o e de sa?de e melhores con-
di??es de consumo de bens para as fam?lias.
Essas quest?es trabalham a Compet?ncia de ?rea 5 ?
Utilizar os conhecimentos hist?ricos para compreender
e valorizar os fundamentos da cidadania e da democra-
cia, favorecendo uma atua??o consciente do indiv?duo
na sociedade ? e Habilidade 25 ? Identificar estrat?gias
que promovam formas de inclus?o social.
Jovens caminhando no retorno da
escola em Acari (RN), 2014. O acesso ?
educa??o ? uma das principais
estrat?gias que promovem a inclus?o
social, tema intimamente ligado ?s
quest?es do Enem desta se??o.
Cassandra Cury/Pulsar Imagens
Capítulo 5124
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Atividades
ATENÇÃO!
Não escreva neste livro!
Compreendendo conteúdos
1. Explique a diferen?a entre popula??o, povo e etnia.
2. Por que os indicadores demogr?ficos n?o refletem as condi??es de vida da popula??o?
3. Que fatores influenciam o crescimento populacional?
4. Por que, com a urbaniza??o, h? uma queda nos ?ndices de natalidade e mortalidade?
5. Sobre as teorias demogr?ficas:
a) Compare a teoria de Malthus com a neomalthusiana, citando os pontos convergentes e divergentes.
b) Fa?a uma s?ntese da teoria reformista.
Desenvolvendo habilidades
6. Reveja o mapa da p?gina 106 para resolver as atividades a seguir.
a) Qual ? o tema do mapa? Descreva brevemente o fato geogr?fico representado.
b) O indicador representado no mapa revela as condi??es de vida da popula??o mundial?
c) Escreva um texto no caderno dissertando sobre exemplos de pa?ses e regi?es cuja situa??o socioecon?mica
ilustre sua resposta anterior.
7. Releia o texto ?Cultura, g?nero e direitos humanos?, da p?gina 114, e responda ?s quest?es propostas.
a) O que ? cultura?
b) Por que ? poss?vel afirmar que a cultura de um povo ? sempre din?mica? D? exemplos.
c) Voc? concorda com a frase: ?Os avan?os na igualdade de g?nero nunca vieram sem um embate cultural.?? Explique.
Marc Dozier/Corbis/Latinstock
125
Abertura da cerim?nia tradicional de
Kinavai em Kokopo (Papua-Nova Guin?),
em 2013. A diversidade cultural deve ser
valorizada para que a mem?ria dos
distintos povos seja preservada.
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Chris Ratcliffe/Getty Images
126
CAPÍTULO6
Fluxos migratórios
e estrutura da
população
Vista parcial do bairro de Chinatown, em
Londres (Reino Unido), em 2015, quando o
presidente chin?s visitou o pa?s.
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O
deslocamento de pessoas dos países pobres e emergentes em direção
aos desenvolvidos corresponde a uma pequena parcela do total de
migrantes do planeta. A maior parte da migração ocorre dentro do pró-
prio país de origem do migrante.
Quando o lugar de origem é pobre, o deslocamento tende a melhorar o
rendimento e as condições de vida da família migrante. Em contrapartida,
o deslocamento pode ocasionar que o migrante seja hostilizado pelos ha-
bitantes do novo lugar de residência, ou ainda, em caso de perda de empre-
go ou de adoecer, que o migrante sofra a falta de apoio familiar ou de amigos.
Você já pensou sobre o que leva uma pessoa ou uma família a migrar?
Todos os deslocamentos de pessoas ocorrem livremente? Qual é a impor-
tância do estudo da estrutura da população de um território para seu pla-
nejamento socioeconômico? Ao longo do capítulo, estudaremos esses e
outros assuntos relacionados ao tema.
Campo de refugiados em Tessal?nica (Gr?cia), em 2016. Migrantes s?rios, iraquianos e de
outras nacionalidades aguardam autoriza??o para se deslocarem pelos Estados da Europa,
ap?s fugirem de zonas de conflito armado em seus pa?ses de origem.
Ververidis Vasilis/Shutterstock
127Fluxos migratórios e estrutura da população
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1 Movimentos populacionais
O deslocamento de pessoas entre pa?ses, regi?es
e cidades ? um fen?meno antigo, amplo e complexo,
envolve as mais variadas classes sociais e culturas. Os
motivos que levam a tais deslocamentos s?o diversos
e apresentam consequ?ncias positivas e negativas,
dependendo das condi??es e dos contextos socioeco-
n?micos, culturais e ambientais em que ocorrem.
Existem causas religiosas, naturais, pol?tico-ideo-
l?gicas, psicol?gicas, al?m dos conflitos b?licos, entre
outras, associadas a esses movimentos populacionais.
O que se verifica ao longo da Hist?ria ? que predomi-
nam os fatores de ordem econ?mica. Nas ?reas de re-
pulsão populacional, muitas vezes observam-se cres-
cente desemprego, subemprego e baixos sal?rios; j?
nas ?reas de atração populacional, vislumbram-se
melhores perspectivas de trabalho e sal?rio e, portan-
to, melhores condi??es de vida. ? o caso da emigra??o
em dire??o aos pa?ses-membros da Organiza??o para
Coopera??o e Desenvolvimento Econ?mico (OCDE),
com destaque para os Estados Unidos, Canad?, Jap?o,
alguns pa?ses da Europa ocidental e Austr?lia. Observe
o infogr?fico das p?ginas 130 e 131.
Os movimentos populacionais s?o geralmente
classificados em:
• voluntário ? quando o movimento ? livre;
• forçado ? como nos casos de escravid?o e de perse-
gui??o religiosa, ?tnica ou pol?tica;
• controlado ? quando o Estado controla num?rica ou
ideologicamente a entrada e/ou sa?da de migrantes.
Qualquer deslocamento de pessoas acarreta con-
sequ?ncias demogr?ficas, como o aumento no n?me-
ro de habitantes nas ?reas de atra??o e a diminui??o
nas de repuls?o. H? ainda as influ?ncias em rela??o ?
l?ngua, ? religi?o, ? culin?ria, ? arquitetura, ?s artes e
tradi??es em geral, que costumam ser positivas, pois
os movimentos migrat?rios promovem a troca e o
enriquecimento cultural por causa dos diferentes va-
lores em contato.
Não somos generosos.
Somos humanitários.”
David Blunkett (1947-), Ministro do Interior da Gr?-Bretanha em
2012, referindo-se ao fato de seu pa?s dar asilo a imigrantes.
Em 2015, segundo dados da ONU, cerca de 244 mi-
lh?es de pessoas residiam fora de seu pa?s de origem,
o que superava o total da popula??o brasileira daquele
ano (204 milh?es) e equivalia a cerca de 3% da popula-
??o mundial, percentual que duplicou desde 1970.
Fam?lia do Suriname caminha pela pra?a Dam, em Amsterd? (Pa?ses Baixos), em 2014. Esse munic?pio abriga migrantes de v?rios
pa?ses, e, por isso, ? considerado um dos mais multiculturais do mundo.
TonyV3112/Shutterstock
Capítulo 6128
GGB_v3_PNLD2018_126a139_U3C06.indd 128 27/05/16 18:57

A maioria dos migrantes internacionais tem origem
nos pa?ses de renda m?dia (157 milh?es em 2015) e a
maior parte deles passa a viver em pa?ses de renda ele-
vada. Segundo o International Migration Report 2015, a
Europa ? a maior receptora de imigrantes (76 milh?es),
seguida pela ?sia (75 milh?es) e pela Am?rica do Norte
(54 milh?es). Por pa?ses, como veremos, o que mais re-
cebe imigrantes s?o os Estados Unidos (47 milh?es).
Em muitos casos, os emigrantes s?o respons?veis
por importante ingresso de capital em seus pa?ses de
origem. Em 2014, eles repatriaram cerca de US$ 436
bilh?es, com a inten??o de ajudar suas fam?lias ou de
ter poupan?a que lhes permitisse regressar no futuro;
por outro lado, os pa?ses de onde saem os emigrantes
enfrentam a perda de trabalhadores, muitos deles qua-
lificados, que poderiam contribuir para o crescimento
econ?mico e para a melhoria das condi??es de vida da
popula??o local.
No fim de 2014, havia no mundo 59,5 milh?es de
pessoas deslocadas de seu lugar de origem por perse-
gui??o e 38,2 milh?es refugiadas em seu pr?prio pa?s
de origem. Os pa?ses que mais originaram refugiados
no ano de 2014 foram a S?ria (3,9 milh?es), o Afeganis-
t?o (2,6 milh?es) e a Som?lia (1,1 milh?o).
Assista aos filmes
Bem-vindo e Jean Charles.
Consulte também os sites
do Alto Comissariado das
Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR) e da
Organização Internacional
para as Migrações. Veja
orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes
e sites.
Fam?lia de refugiados somalis
no campo de Dadaab (Qu?nia),
que abriga mais de 350 mil
pessoas. Foto de 2014.
Segundo o Estatuto do Refugiado, ela-
borado durante uma conven??o da ONU
realizada em 1951, ?Um refugiado ou uma
refugiada ? toda pessoa que, por causa de
fundados temores de persegui??o devido ?
sua ra?a, religi?o, nacionalidade, associa??o
a determinado grupo social ou opini?o po-
l?tica, encontra-se fora de seu pa?s de ori-
gem e que, por causa dos ditos temores,
n?o pode ou n?o quer regressar ao mesmo?.
Veja o gr?fico ao lado.
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0
Síria
Afeganistão
Somália
Sudão
Sudão do Sul
Rep. Dem.
do Congo
Mianmar
Rep. Centro-
-Africana
Iraque
Eritreia
Milh›es de pessoas
Principais países de origem dos refugiados – fim de 2014
Edwina Pickles/Fairfax Media/Getty Images
A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: LA AGENCIA DE LA ONU PARA LOS
REFUGIADOS (ACNUR). Tendencias globales:
desplazamiento forzado en 2014. Dispon?vel
em: <www.acnur.org/t3/fileadmin/
Documentos/Publicaciones/2015/10072.
pdf?view=1>. Acesso em: 11 mar. 2016.
Fluxos migratórios e estrutura da população 129
GGB_v3_PNLD2018_126a139_U3C06.indd 129 27/05/16 18:57

INFOGRÁFICO
Indo e vindo
MIGRA??O
INTERNACIONAL – 2013
232
MILH?ES DE
PESSOAS
MIGRA??O
INTERNA – 2009
740
MILH?ES DE
PESSOAS
A tend?ncia de crescimento demogr?fico acelerado
em pa?ses pobres e a redu??o no ritmo de crescimento
populacional nos pa?ses desenvolvidos e em muitos em
desenvolvimento devem aumentar o fluxo de migran-
tes em busca de melhores condi??es de vida.
Mundo: principais rotas migratórias – 2015
Nicolas Economou/Shutterstock
Adaptado de: L?NNBACK, Lars. Integrating Migration into the post-2015
United Nations Development Agenda. Bangkok/Washington, D.C.:
International Organization for Migration/Migration Policy Institute, 2014. p. 3.
Adaptado de: UNITED NATIONS (UN). International Migration
Report 2015: Highlights. Dispon?vel em: <www.un.org/en/
development/desa/population/migration/data/estimates2/
estimates15.shtml>. Acesso em: 15 mar. 2016.
Vista a?rea de refugiados
s?rios aportando no litoral
da Gr?cia, em 2015.
46,6
11,6 10,212,0
8,5 8,1 7,8
7,8 6,8 5,9
Estados Unidos
Rússia
Reino
Unido
Alemanha Arábia
Saudita
Emirados
Árabes
Unidos
Canadá
França Austrália Espanha
Adaptado de: UNITED NATIONS (UN). International Migration Report 2015:
Highlights. Dispon?vel em: <www.un.org/en/development/desa/population/
migration/publications/migrationreport/docs/MigrationReport2015_
Highlights.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2016.
Países com maior número de imigrantes
(milhões) – 2015
17 milhões
Ásia
Ásia Ásia
África
África
África
Europa
Europa
Europa
Europa
Europa
Europa
Ásia
ALC AA-S
AA-S
Ásia
AA-S
20 milhões
62 milhões
18 milhões
40 milhões
8 milhões
8 milhões
26 milhões
9 milhões
G

fic
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a
África
América Latina e
Caribe (ALC)
Europa
Oceania
Ásia
América Anglo-
-saxônica (AA-S)
Região de origemRegião de destino
130
GGB_v3_PNLD2018_126a139_U3C06.indd 130 27/05/16 18:57

Renda do país de origem e do país de destino
Atualmente, os dois principais movimentos migrat?-
rios internacionais ocorrem de pa?ses em desenvolvimen-
to para outros pa?ses em desenvolvimento, em geral da
mesma regi?o, e de pa?ses em desenvolvimento para pa?-
ses desenvolvidos.
Os migrantes que se deslocam de pa?ses em desenvol-
vimento, principalmente dos mais pobres, para os desen-
volvidos t?m rendimento maior do que a m?dia vigente
em seu pa?s de origem. J? os que migram de um pa?s de-
senvolvido para outro tamb?m aumentam seu rendimen-
to anual, mas a diferen?a percentual nos ganhos ? bem
menor. Os pa?ses de m?dia renda s?o os principais locais
de origem dos migrantes. Os pa?ses da OCDE s?o os que
mais recebem os fluxos migrat?rios, mas outros pa?ses
de alta renda e mesmo os de m?dia renda tamb?m apre-
sentam dados relevantes.
No Brasil
Dados do IBGE, de 2014, revelaram que os maiores
percentuais de popula??o n?o natural, em rela??o ?
popula??o total, foram encontrados nas regi?es Cen-
tro-Oeste e Norte do pa?s, destacando-se Rond?nia,
Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goi?s e
Distrito Federal. Essa distribui??o espacial dos migran-
tes indica que h? forte atra??o nos munic?pios locali-
zados em ?reas de expans?o recente das fronteiras
agropecu?rias e de instala??o de outras atividades
econ?micas, secund?rias e terci?rias.
Atualmente, os dois principais movimentos migrat?-
rios internacionais ocorrem de pa?ses em desenvolvimen-
to para outros pa?ses em desenvolvimento, em geral da
Fonte: IBGE. S?ntese de Indicadores Sociais 2015: uma an?lise das condi??es de
vida da popula??o brasileira. Dispon?vel em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/
biblioteca-catalogo? view=detalhes&id=295011>.
Acesso em: 14 mar. 2016.
Brasil: percentual de migrantes, por unida
de
da federação – 2000-2014
Tr
ó
p
i
c
o
d
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C
a
p
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Equador
50º O

OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
AC
AM
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MT
MS
RS
SC
PR
SP
RJ
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MG
DF
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RN
PB
PE
AL
SE
PI
TO
RR
PA
AP
0
550
1
100
km
10
20
40
Porcentagem
de migrantes
Mapas: Banco de imagens/Arquivo da editora
A. Robson/Arquivo da editoraA. Robson/Arquivo da editora
Mundo: origem e destino dos migrantes (por faixa de renda) – 2000-2015
2010 201520052000
250
200
150
10 0
50
0
Origem* (milhões de migrantes)
Renda média
Alta renda: exceto OCDE
Alta renda: OCDE
Renda baixa
*Valores residuais desconhecidos foram distribu?dos proporcionalmente ao tamanho dos grupos de
acordo com os dados internacionais de migrantres dispon?veis.
2010 201520052000
250
200
150
10 0
50
0
Destino** (milhões de migrantes)
Renda média
Alta renda: exceto OCDE
Alta renda: OCDE
Renda baixa
**A classifica??o dos pa?ses por faixa de renda foi elaborada com base na Renda Nacional Bruta (RNB)
per capita, em d?lares estadunidenses, calculada pelo Banco Mundial.
Adaptado de: UNITED NATIONS (UN). International Migration Report 2015: Highlights. Dispon?vel em: <www.un.org/en/development/desa/
population/migration/publications/migrationreport/docs/MigrationReport2015_Highlights.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2016.


OCEANO
PACÍFICO
Equador
Trópico de Câncer
Meridiano de Greenwich
Trópico de Capricórnio
Círculo Polar Antártico
Círculo Polar Ártico
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
0 2
850
5
700
km
% do total nacional
10
20
40
60
Sem dados
Mundo: percentual de
migrantes em relação ao
total nacional – 2015
Adaptado de: UNITED NATIONS (UN).
International Migration Report 2015:
Highlights. Dispon?vel em: <www.un.
org/en/development/desa/population/
migration/publications/migrationreport/
docs/MigrationReport2015_
Highlights.pdf>. Acesso em:
11 mar. 2016.
131
GGB_v3_PNLD2018_126a139_U3C06.indd 131 27/05/16 18:57

Pensando no Enem
1. As migra??es transnacionais, intensificadas e gene-
ralizadas nas ?ltimas d?cadas do s?culo XX, expres-
sam aspectos particularmente importantes da pro-
blem?tica racial, visto como dilema tamb?m
mundial. Deslocam-se indiv?duos, fam?lias e coleti-
vidades para lugares pr?ximos e distantes, envolven-
do mudan?as mais ou menos dr?sticas nas condi??es
de vida e trabalho, em padr?es e valores sociocultu-
rais. Deslocam-se para sociedades semelhantes ou
radicalmente distintas, algumas vezes compreen-
dendo culturas ou mesmo civiliza??es totalmente
diversas.
IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civiliza??o Brasileira, 1996.
A mobilidade populacional da segunda metade do s?cu-
lo XX teve um papel importante na forma??o social e
econ?mica de diversos estados nacionais. Uma raz?o
para os movimentos migrat?rios nas ?ltimas d?cadas e
uma pol?tica migrat?ria atual dos pa?ses desenvolvidos
s?o:
a) a busca de oportunidades de trabalho e o aumento de
barreiras contra a imigra??o.
b) a necessidade de qualifica??o profissional e a abertu-
ra das fronteiras para os imigrantes.
c) o desenvolvimento de projetos de pesquisa e o acau-
telamento dos bens dos imigrantes.
d) a expans?o da fronteira agr?cola e a expuls?o dos imi-
grantes qualificados.
e) a fuga decorrente de conflitos pol?ticos e o fortaleci-
mento de pol?ticas sociais.
Resolução
A alternativa correta ? a letra A. O principal fator de
deslocamento populacional ? o econ?mico, levando
pessoas e fam?lias a buscarem melhores condi??es de
vida e trabalho no novo local. Em muitos pa?ses desen-
volvidos, foram criadas fortes barreiras ao ingresso de
migrantes clandestinos, como a constru??o de muro na
fronteira entre os Estados Unidos e o M?xico e o con-
trole de embarca??es clandestinas no mar Mediterr?-
neo, entre outros.
2. De acordo com reportagem sobre resultados recentes
de estudos populacionais,
[...] a popula??o mundial dever? ser de 9,3 bilh?es de
pessoas em 2050. Ou seja, ser? 50% maior que os 6,1 bilh?es
de meados do ano 2000. [...] Essas s?o as principais conclu-
s?es do relat?rio Perspectivas da Popula??o Mundial - Re-
vis?o 2000, preparado pela Organiza??o das Na??es Unidas
(ONU). [...] Apenas seis pa?ses respondem por quase meta-
de desse aumento: ?ndia (21%), China (12%), Paquist?o (5%),
Nig?ria (4%), Bangladesh (4%) e Indon?sia (3%).
Esses elevados n?veis de expans?o contrastam com os
dos pa?ses mais desenvolvidos. Em 2000, por exemplo,
a popula??o da Uni?o Europeia teve um aumento de 343
mil pessoas, enquanto a ?ndia alcan?ou este mesmo
crescimento na primeira semana de 2001. [...] Os Estados
Unidos ser?o uma exce??o do grupo dos pa?ses desen-
volvidos. O pa?s se tornar? o ?nico desenvolvido entre
os 20 mais populosos do mundo.
O ESTADO de S.Paulo. S?o Paulo: 3 mar. 2001.
Considerando as causas determinantes de crescimento
populacional, pode-se afirmar que:
a) na Europa, altas taxas de crescimento vegetativo ex-
plicam o seu crescimento populacional em 2000.
b) nos pa?ses citados, baixas taxas de mortalidade infan-
til e aumento da expectativa de vida s?o as respons?-
veis pela tend?ncia de crescimento populacional.
c) nos Estados Unidos, a atra??o migrat?ria representa
um importante fator que poder? coloc?-lo entre os
pa?ses mais populosos do mundo.
d) nos pa?ses citados, altos ?ndices de desenvolvimento
humano explicam suas altas taxas de natalidade.
Resolução
A alternativa correta ? a C. Na Europa, o crescimento ve-
getativo ? baixo; nos pa?ses citados no primeiro par?gra-
fo a mortalidade infantil ? alta e os IDHs s?o baixo e m?-
dio; os Estados Unidos recebem centenas de milhares de
imigrantes, anualmente, o que explica seu elevado rit-
mo de crescimento populacional.
Essas quest?es trabalham a Compet?ncia de ?rea 2 ? Com-
preender as transforma??es dos espa?os geogr?ficos como
produto das rela??es socioecon?micas e culturais de poder
? e a Habilidade 8 ? Analisar a a??o dos estados nacionais
no que se refere ? din?mica dos fluxos populacionais e no
enfrentamento de problemas de ordem econ?mico-social.
ATENÇÃO!
N?o escreva neste livro!
Acesse o site do Memorial
do Imigrante. Veja orienta??es
na se??o Sugestões de leitura,
filmes e sites.
Capítulo 6132
GGB_v3_PNLD2018_126a139_U3C06.indd 132 27/05/16 18:57

mulheres
homens
Países menos desenvolvidos
População (milhões)
10 0+
95 a 99
90 a 94
85 a 89
80 a 84
0 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 24
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 a 69
70 a 74
75 a 79
25 a 29
00 1010 3030 5050 7070
Grupos de
idade
mulheres
homens
Países mais desenvolvidos
População (milhões)
10 0+
95 a 99
90 a 94
85 a 89
80 a 84
0 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 24
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 a 69
70 a 74
75 a 79
25 a 29
00 1010 3030 5050 7070
Grupos de
idade
2 Estrutura da população
A estrutura da popula??o mundial deve ser anali-
sada considerando-se seus diversos aspectos. A distri-
bui??o por sexo, n?mero, idade, ocupa??o, renda, edu-
ca??o, sa?de e outros indicadores que expressam os
aspectos quantitativos e qualitativos da organiza??o
social s?o importantes para a??es de planejamento de
investimentos, tanto governamental quanto privado.
Para fins did?ticos, vamos dividir o estudo da es-
trutura da popula??o em quatro categorias, que nos
mostram informa??es sobre demografia, atividade
econ?mica e qualidade de vida.
• n?mero, sexo e faixa et?ria dos habitantes: esses
dados, obtidos pelo censo demogr?fico, s?o expres-
sos por um gr?fico chamado pirâmide etária;
• distribui??o da população economicamente ativa
(PEA) nos setores de atividades econ?micas (prim?-
rias, secund?rias e terci?rias);
• distribui??o da renda e do consumo;
• crescimento econ?mico e desenvolvimento social.
Pirâmide etária
A pir?mide et?ria, ou pir?mide de idades, ? um gr?fi-
co que mostra o n?mero de habitantes (em n?meros
absolutos ou relativos) e sua distribui??o por sexo e idade.
Pode retratar dados da popula??o mundial, de um pa?s,
estado ou munic?pio. Sua simples visualiza??o permite
inferir informa??es referentes ? natalidade e ? expecta-
tiva de vida da popula??o. Observe o esquema a seguir.
Pirâmides etárias – 2015
Estrutura etária e desenvolvimento econômico
Se a pirâmide apresenta um aspecto triangular, o
percentual de jovens no conjunto da população é alto.
A base larga indica que a taxa de natalidade é alta. O topo
estreito indica uma pequena participação percentual de
idosos no conjunto total da população e, portanto, que a
expectativa de vida é baixa. Alta taxa de natalidade e baixa
expectativa de vida caracterizam países com menor nível
de desenvolvimento.
Ao contrário, se a pirâmide não apresentar grande
diferença da base ao topo, pode-se concluir que a
população recenseada apresenta baixa taxa de
natalidade e alta expectativa de vida, características de
países com maior nível de desenvolvimento, ou seja,
economias desenvolvidas e algumas emergentes.
A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: UNITED STATES CENSUS BUREAU. Dispon?vel em: <www.census.gov/population/international/data/idb/
region.php?N=%20Results%20&T=12&A=aggregate&RT=0&Y=2015&R=104&C=>. Acesso em : 11 mar. 2016.
Fluxos migratórios e estrutura da população 133
GGB_v3_PNLD2018_126a139_U3C06.indd 133 27/05/16 18:57

At? a d?cada de 1960, era poss?vel classificar o n?vel
de desenvolvimento de um pa?s observando-se apenas
sua pir?mide et?ria. Os pa?ses em desenvolvimento ?
com poucas exce??es, como a Argentina e o Uruguai
? apresentavam altas taxas de natalidade e baixa ex-
pectativa de vida, caracterizando uma pir?mide com
aspecto triangular. No entanto, com o intenso proces-
so de urbaniza??o e melhores resultados do planeja-
mento familiar, muitos pa?ses em desenvolvimento ?
como o Brasil ? passaram a apresentar alta redu??o das
taxas de natalidade e significativo aumento na espe-
ran?a de vida.
Desse modo, n?o se pode mais caracterizar as con-
di??es de desenvolvimento de um pa?s apenas pela
an?lise de sua pir?mide et?ria. Essa classifica??o exige
um estudo mais complexo, que considere v?rios indi-
cadores sociais e econ?micos, como vem sendo feito
pela ONU desde 1990, com o Índice de Desenvolvimen-
to Humano (vamos estudar o IDH da popula??o brasi-
leira no Cap?tulo 8).
Ao observar uma pir?mide et?ria, ? necess?rio
considerar, ainda, a hist?ria da popula??o recenseada,
para conhecer a causa de alguma configura??o inco-
mum no gr?fico. Veja o exemplo na pir?mide da R?ssia
a seguir. Esse pa?s, durante a Segunda Guerra Mundial
(1939 a 1945), sofreu muitas baixas de jovens com ida-
de aproximada de vinte anos. Ademais, sua natalidade
foi pequena nesse per?odo. ? poss?vel observar tudo
mulheres
homens
Popula•‹o (milh›es)
10 0+
95 a 99
90 a 94
85 a 89
80 a 84
0 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 24
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 a 69
70 a 74
75 a 79
25 a 29
003 36 6912 9
Grupos de
idade
12
Rússia: pirâmide etária – 2015
A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: UNITED STATES CENSUS
BUREAU. Dispon?vel em:
<www.census.gov/population/
international/data/idb/region.php?N=%20
Results%20&T=12&A=separate&RT=0&Y=
2015&R=101&C=RS>. Acesso em: 11 mar. 2016.
isso na irregularidade das barras da pir?mide et?ria e,
sobretudo, na diferen?a entre o n?mero de homens e
de mulheres.
População economicamente
ativa
As atividades secundárias (industriais e de cons-
tru??o civil) e terciárias (com?rcio, servi?os e adminis-
tra??o p?blica) tradicionalmente s?o classificadas como
urbanas e as atividades primárias (agr?colas, garimpo,
pesca artesanal), como rurais.
A moderniza??o da produ??o agr?cola, dos sistemas
de transporte e de telecomunica??o, verificada atual-
mente em diversas regi?es, favoreceu a industrializa??o
e a oferta de servi?os no campo.
Nas agroind?strias, as atividades secund?rias (ope-
ra??o e manuten??o das m?quinas) e terci?rias (infor-
m?tica, marketing, etc., muitas vezes realizadas em
escrit?rios localizados nas cidades) t?m empregado
maior n?mero de pessoas do que as prim?rias (prepa-
ro do solo, plantio e colheita).
Tamb?m o setor industrial passou por muitas
transforma??es ao longo das ?ltimas d?cadas. At? o
fim dos anos 1970 e come?o dos 1980, a maioria dos
funcion?rios das ind?strias trabalhava na linha de
montagem, operando e cuidando da manuten??o das
m?quinas, embalando produtos e realizando diversas
outras atividades mec?nicas e repetitivas.
Atualmente, nas ind?strias de alta tecnologia, a
linha de montagem tem elevados ?ndices de roboti-
za??o e informatiza??o e, por isso, utilizam um n?me-
ro reduzido de trabalhadores.
J? as atividades administrativas, jur?dicas, de pu-
blicidade, vendas, alimenta??o, seguran?a, limpeza e
v?rias outras empregam um n?mero crescente de
m?o de obra. Assim, a maioria dos empregados das
ind?strias de alta tecnologia est?, na realidade, pres-
tando servi?os.
Acesse o site da revista eletrônica
ComCiência e conheça diversos
artigos sobre o mercado de trabalho e
a população negra no Brasil. Veja
orientações na seção Sugestões de
leitura, filmes e sites.
Capítulo 6134
GGB_v3_PNLD2018_126a139_U3C06.indd 134 27/05/16 18:57

Em raz?o da crescente inter-rela??o das atividades
econ?micas, as estat?sticas que mostram a distribui??o
da PEA nos tr?s setores da economia (prim?rio, secun-
d?rio e terci?rio), ainda muito utilizadas, j? n?o d?o
conta de analisar a complexidade da realidade atual.
Considerando essas mudan?as, muitos institutos de
pesquisa que coletam dados em escala mundial agru-
pam as atividades econ?micas em tr?s setores: agro-
pecu?ria, ind?stria e servi?os, como podemos observar
na tabela a seguir.
A observa??o dos dados da tabela permite chegar
a algumas conclus?es sobre a economia dos pa?ses,
se desconsiderarmos, apenas para esta an?lise, as im
-
porta??es e exporta??es de g?neros agropecu?rios.
Se o n?mero de trabalhadores na agropecu?ria for
elevado, correspondendo, por exemplo, a 25% da PEA,
isso indica que a produtividade do setor ? baixa, j?
que provavelmente um quarto dos trabalhadores
abastece a si mesmo e aos outros 75% alocados em
outras atividades. A rela??o na PEA ?, nesse caso, de
um trabalhador agr?cola para tr?s em outros setores.
De outro lado, se o n?mero de trabalhadores for
baixo, por exemplo, 5%, a produtividade no setor ser?
alta, j? que eles abastecem a si mesmos e aos outros
95%; a rela??o ? de um trabalhador agr?cola para cada
19 em outros setores. Pode-se afirmar que esse pa?s apre-
senta uma atividade agropecu?ria com elevada utiliza-
??o de fertilizantes, sistemas de irriga??o e mecaniza??o.
Oper?ria em linha de produ??o bastante automatizada de envase de ?leo de soja em Maring? (PR), 2013.
Pa?ses selecionados: distribui??o da PEA nos setores de atividade
Pa?s
PEA total (milhões de
pessoas) ? 2015
Setor (%) ? 2005-2014*
agropecu?rio industrial de servi?os
Reino Unido 32,9 1,3 15,2 83,5
Estados Unidos 156,4 0,7 20,3 79,0
Alemanha 45,0 1,6 24,6 73,8
Jap?o 64,3 2,9 26,2 70,9
Ar?bia Saudita 11,7 6,7 21,4 71,9
Brasil 110,2 15,7 13,3 71,0
Filipinas 41,8 30,0 16,0 54,0
China 1 004,0 33,6 30,3 36,1
?ndia 502,0 49,0 20,0 31,0
Eti?pia 49,3 85,0 5,0 10,0
Adaptado de: CIA. The World Factbook. Dispon?vel em: <www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/docs/notesanddefs.html?fieldkey=2048&term=
Labor%20force%20-%20by%20occupation>. Acesso em: 11 mar. 2016.
* A data dos dados da PEA por setores de atividade varia, mas aqueles s?o os ?ltimos dispon?veis em mar?o de 2016.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
Fluxos migratórios e estrutura da população 135
GGB_v3_PNLD2018_126a139_U3C06.indd 135 27/05/16 18:57

Distribuição da renda
N?o basta consultar a pir?mide et?ria e saber quan-
tas crian?as atingir?o a idade escolar no pr?ximo ano
para planejar o n?mero de vagas nas escolas da rede
p?blica. Tamb?m ? necess?rio saber como ser? a distri-
bui??o dessas crian?as nas redes p?blica e privada, o que
envolve a an?lise n?o apenas da qualidade do ensino
oferecido pelo Estado, mas tamb?m das condi??es eco-
n?micas dos estudantes e do suporte que deve ser ofe-
recido ? material escolar, merenda, transporte e outros.
Assim, se o governo ignora a distribui??o da renda
nacional durante o planejamento da educa??o, da sa?-
de, da habita??o ou do transporte, por exemplo, as
pol?ticas p?blicas tendem a fracassar. Da parte da ini-
ciativa privada, ao planejar o atendimento das deman-
das do mercado, ? preciso considerar n?o apenas o
n?mero, o sexo e a idade dos consumidores, mas so-
bretudo seu poder aquisitivo.
A an?lise dos indicadores de distribui??o de renda
mostra que nos pa?ses em desenvolvimento e em al-
guns emergentes h? grande concentra??o do rendi-
mento nacional bruto em m?os de pequena parcela da
popula??o, enquanto nos desenvolvidos ela est? mais
bem distribu?da. O que ocasiona isso?
Al?m dos baixos sal?rios que vigoram nos pa?ses
pobres e em alguns emergentes e da dificuldade de
acesso ? propriedade regular (urbana ou rural), h? ba-
sicamente dois fatores que explicam a concentra??o
de renda: o sistema tributário ? os impostos pesam
mais para os mais pobres ? e a inflação ? quase sempre
n?o repassada integralmente aos sal?rios, como vimos
no Cap?tulo 2.
Observe nos pr?ximos gr?ficos como est? distri-
bu?da a carga tribut?ria nas tr?s esferas do governo
brasileiro (municipal, estadual e federal) e a compa-
ra??o desta com a carga de outros pa?ses.
A. Robson/Arquivo da editora
35
30
25
20
15
10
5
0
% do PIB
2005 2008 2 011 2014
União Estados Municípios Total
23,4 23,4 23,4 22,9
8,6 8,5 8,2 8,5
1,6 1,7 1,8 2,1
33,6 33,6 33,4 33,5
Brasil: carga tribut‡ria bruta Ð 2005-2014
Adaptado de: RECEITA FEDERAL. Carga
tribut?ria no Brasil 2014: an?lise por
tributos e bases de incid?ncia.
Dispon?vel em: <http://idg.receita.
fazenda.gov.br/dados/receitadata/
estudos-e-tributarios-e-aduaneiros/
estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-
no-brasil/29-10-2015-carga-tributaria-
2014>. Acesso em: 14 mar. 2016.
Observe que houve maior

concentra??o de recursos nos

cofres da Uni?o (governo federal).

A carga tribut?ria brasileira, al?m
de ser uma das mais elevadas do

mundo, como voc? ver? no gr?fico
da p?gina 137, est? mal distribu?da

entre as tr?s esferas de governo, e

os servi?os p?blicos continuam

insuficientes quantitativa e

qualitativamente.
A moderniza??o da agropecu?ria ? induzida por v?rios
fatores: processo de industrializa??o-urbaniza??o,
competitividade no setor de exporta??o, concorr?ncia de
produtos importados, necessidade de preserva??o das
condi??es ecol?gicas e de utiliza??o racional dos recursos
naturais (desenvolvimento sustent?vel). Na foto, colheita
mecanizada em Kalush (Ucr?nia), em 2015.
smereka/Shutterstock
Capítulo 6136
GGB_v3_PNLD2018_126a139_U3C06.indd 136 27/05/16 18:57

Outro fator preponderante ? que, nos pa?ses em
desenvolvimento, os serviços públicos em geral s?o
muito prec?rios, prevalecendo um mecanismo perver-
so de reprodu??o da pobreza. Filhos de trabalhadores
de baixa renda dificilmente t?m acesso a sistemas efi-
cientes de educa??o, constituindo, na maioria dos ca-
sos, m?o de obra sem qualifica??o. A consequ?ncia ?
que essas pessoas s?o mal remuneradas, o que dificul-
ta o rompimento do c?rculo vicioso da pobreza.
Atualmente, com a globaliza??o da eco-
nomia, a situa??o dos trabalhadores assala-
riados tem se deteriorado ainda mais. A aber-
tura de filiais de empresas em pa?ses em
desenvolvimento, ou a transfer?ncia delas
para esses locais, onde os sal?rios s?o mais
baixos e a legislação trabalhista ? mais flex?-
vel, ocorre em detrimento dos trabalhadores.
Em muitos desses pa?ses os assalariados t?m
uma participa??o menor na renda nacional e
podem ser demitidos sem muitos encargos
para as empresas.
Acrescente-se a isso o desemprego estrutu-
ral, ou seja, a redu??o de postos de trabalho em
virtude das novas formas de organiza??o da
produ??o. Essa ? uma tend?ncia verificada es-
pecialmente em pa?ses cujas empresas investem
em informatiza??o e rob?tica, o que fragiliza a
a??o dos sindicatos e diminui a for?a dos em-
pregados em processos de negocia??o salarial.
A. Robson/Arquivo da editora
Brasil e alguns países da OCDE: carga tributária – 2013
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0
% do PIB
Dinamarca
França
Finlândia
Suécia
Itália
Áustria
Noruega
Luxemburgo
Hungria
EslovêniaAlemanha
Islândia
Média OCDE*
Rep. Tcheca
Brasil
Grécia
Portugal
Reino Unido
Espanha
Canadá
Israel
48,6
44,0
42,842,642,5
40,8
39,338,9
36,836,7
35,535,0
34,1
33,733,533,432,932,6
30,630,5
45,0
Adaptado de: RECEITA FEDERAL. Carga tribut?ria no Brasil 2014: an?lise por tributos e bases de incid?ncia.
Dispon?vel em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/estudos-e-tributarios-e-aduaneiros/
estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-no-brasil/29-10-2015-carga-tributaria-2014>. Acesso em: 14 mar. 2016.
* M?dia dos pa?ses da OCDE que constam no gr?fico.
Paisagem urbana com boa infraestrutura em Copenhague (Dinamarca),
em 2014.
que essas pessoas s?o mal remuneradas, o que dificul-
Atlantide Phototravel/Corbis/Latinstock
Em raz?o de sua import?ncia, o assunto tem domi-
nado as ?ltimas discuss?es em encontros do G-20, do
F?rum Econ?mico Mundial (reuni?o de lideran?as em-
presariais, pol?ticas, sindicais e cient?ficas que ocorre
anualmente na cidade de Davos, na Su??a) e de v?rias
c?pulas ligadas ? ONU, que influenciam as diretrizes
econ?micas, os financiamentos gerenciados pelo FMI e
pelo Banco Mundial e as determina??es da OMC.
Fluxos migratórios e estrutura da população 137
GGB_v3_PNLD2018_126a139_U3C06.indd 137 27/05/16 18:57

Crescimento econômico e
desenvolvimento social
O grande crescimento do PIB mundial ocorrido
nas ?ltimas d?cadas ? resultado do desenvolvimento
de novas tecnologias aplicadas ? produ??o agr?cola e
industrial e ?s atividades terci?rias. Apesar de a evo-
lu??o da popula??o mundial ter se mantido constan-
te, o crescimento do PIB apresentou grandes varia-
??es anuais, como se observa no gr?fico abaixo ?
direita. Embora em alguns anos esse indicador apre-
sente um crescimento superior ao da popula??o, o
aumento da renda mundial pouco beneficia os habi-
tantes das regi?es e dos pa?ses mais pobres do pla-
neta, assim como n?o beneficia por igual a popula??o
dos pa?ses mais ricos.
Entre outubro de 2008 e o fim de 2009 ? per?odo
cr?tico da crise econ?mica dos Estados Unidos, que pos-
teriormente atingiu diversas na??es ?, houve recess?o
em alguns pa?ses e o ritmo de crescimento se desace-
lerou em outros. Em escala mundial, ocorreu a queda
do PIB e o aumento nos ?ndices de desemprego, mas
no fim de 2009 a economia mundial j? demonstrava
sinais de recupera??o.
140
150
160
170
180
190
200
210
220 6,6
6,4
6,2
6,0
5,8
5,6
5,4
5,2
5,0
4,8
Desemprego (milhões) Taxa de desemprego (%)
Taxa de desemprego
Desemprego
total
20042005200620072008200920102 0 1120122013201420152016201720182003
8
6
4
2
0
2
Economias desenvolvidas
Economias em desenvolvimento
Economias em transição
Mundo
4
6
8
10
12
%
20072008200920102 0 11201220132014201520162017
_
_
_
_
Mundo: tendências e projeções do desemprego
– 2003-2018*
Mundo: crescimento do PIB e projeções –
2007-2017**
Adaptado de: INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION (ILO).
Global Employment Trends 2014: the Risk of a Jobless Recovery. Dispon?vel em:
<www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---dgreports/---dcomm/---
publ/documents/publication/wcms_233953.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2016.
* Os dados de 2013 s?o estimativas preliminares; os de 2014 a 2018 s?o proje??es.
O gr?fico mostra os valores do passado e as proje??es para o desemprego global.
Adaptado de: UNITED NATIONS (UN). World Economic Situation Prospects 2016.
Dispon?vel em: <www.un.org/en/development/desa/policy/wesp/wesp
_current/2016wesp_ch1_en.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2016.
** Os dados de 2015 s?o estimados; os dados de 2016 e de 2017 foram projetados.
A partir da d?cada de 1970, mais e mais governos pas-
saram a vincular as quest?es ambientais ? an?lise dos
problemas sociais, o que amplia a abordagem das teorias
demogr?ficas estudadas no cap?tulo anterior. No enfoque
encaminhado pela ONU, popula??o, meio ambiente e
desenvolvimento devem ser analisados conjuntamente
por serem vari?veis cada vez mais interdependentes.
Durante a Confer?ncia das Na??es Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 (foto), houve
um consenso de que tais quest?es est?o intimamente vinculadas.
Esse foi o encaminhamento ratificado na Confer?ncia Mundial
sobre Popula??o e Desenvolvimento, realizada no Cairo em 1994, e
na C?pula do Mil?nio, em 2000. Em 2000, foram estabelecidas oito
metas ? os objetivos de desenvolvimento do mil?nio ?, que
deveriam ser atingidas at? 2015, mas nem todas foram alcan?adas
igualmente em todos os pa?ses e regi?es do mundo.
Luciana Whitaker/Folhapress
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
Capítulo 6138
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Atividades
Compreendendo conteúdos
1. Explique quais s?o as principais causas e os principais efeitos dos movimentos populacionais.
2. Observando novamente o infogr?fico das p?ginas 130 e 131 e as fotos abaixo, como voc? justificaria as principais
rotas migrat?rias no mundo atual, considerando os pa?ses que acolhem imigrantes e as regi?es de partida?
ATENÇÃO!
Não escreva neste livro!
Aeroporto de Mogad?scio
(Som?lia), em 2016.
A Som?lia ? considerada
um pa?s de repuls?o,
dentro do fluxo
migrat?rio mundial.
Aeroporto de Val?ncia
(Espanha), em 2015.
Os pa?ses da Uni?o Europeia
s?o considerados polos de
atra??o populacional.
Mohamed Abdiwahab/Agência France-Presse
Rob Wilson/Shutterstock
3. De que maneira as informa??es das pir?mides et?rias e da distribui??o da renda podem auxiliar no planejamento e
na introdu??o de pol?ticas p?blicas? D? um exemplo.
4. Explique de que maneira o sistema tribut?rio pode ser utilizado como mecanismo de distribui??o da renda nacional.
Desenvolvendo habilidades
5. Releia a ep?grafe desse cap?tulo e redija um texto dissertativo considerando sua ideia principal e a import?ncia do
respeito aos direitos humanos, com destaque ao direito ? nacionalidade.
6. Observe novamente o esquema da p?gina 133 e responda ?s quest?es.
a) O que se pode concluir ao comparar a base e o topo das duas pir?mides?
b) Em qual pir?mide h? maior percentual de popula??o adulta, que concentra a PEA dos pa?ses? Que consequ?ncias
econ?micas isso pode acarretar?
Fluxos migratórios e estrutura da população 139
GGB_v3_PNLD2018_126a139_U3C06.indd 139 27/05/16 18:57

Palê Zuppani/Pulsar Imagens CAPÍTULO
7
Formação e
diversidade cultural
da população brasileira
Pessoas caminham pelo
calçadão da rua Jerônimo
Coelho, no centro comercial
de Florianópolis (SC),
em . 140
GGB_v3_PNLD2018_140a155_U3C07.indd 140 27/05/16 19:09

A
população do Brasil foi formada, após a conquista portuguesa, prin-
cipalmente de povos nativos ou indígenas, africanos e europeus. Nes-
se período a maior parte dos africanos tinha origem etnolinguística
banto e iorubá, enquanto os europeus eram oriundos especialmente de Por-
tugal, mas, em menor número, também da França, dos Países Baixos, do
Reino Unido, entre outros.
Desde meados do século XIX até os dias atuais, a população brasileira
teve influência de variados povos que imigraram para o país em busca de
melhores condições de vida, em épocas diferentes. São exemplos os euro-
peus, como italianos, espanhóis, alemães e poloneses; os asiáticos vindos
do Japão, da Coreia do Sul e de países do Oriente Médio; os latino-americanos
vindos principalmente da Bolívia, do Chile e do Haiti; além dos africanos de
distintas nacionalidades, como moçambicanos, guineenses, angolanos e
cabo-verdianos.
Neste capítulo, vamos estudar a formação e a diversidade étnico-cultural
da população brasileira, os principais períodos de movimentação populacional
e as correntes migratórias internas e internacionais.
Conheça o livro
História dos índios no
Brasil e os sites da
Fundação Nacional do
Índio (Funai) e do
Museu do Índio. Veja
orientações na seção
Sugestões de leitura,
filmes e sites.
Paulo Santos/Reuters/Latinstock
Prociss?o do C?rio de Nazar?,
em Bel?m (PA), 2012.
141F o r m a ç ã o e d i v e r s i d a d e c u lt u r a l d a p o p u l a ç ã o b r a s il e i r a
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1 Primeiros habitantes
A quantidade de indígenas que ocupava o que ? hoje
o territ?rio brasileiro antes da chegada dos portugueses
ainda n?o ? consenso entre os pesquisadores. O historia-
dor Ronaldo Vainfas afirma, no livro Brasil: 500 anos de
povoamento, que as estimativas variam entre 1 milh?o e
6,8 milh?es de nativos, pertencentes a v?rias etnias. As
etnias com maiores popula??es, e que ocupavam as maio-
res extens?es territoriais, eram a J? e a Tupi-Guarani.
? inquestion?vel, entretanto, que, de 1500 aos dias
atuais, os ind?genas sofreram intenso genocídio. As
causas principais s?o: doen?as trazidas pelos europeus
e para as quais os nativos n?o tinham imunidade e as
guerras contra os colonizadores. Havia ainda as guerras
entre diferentes na??es ind?genas, que se intensificavam
quando alguns grupos fugiam das regi?es ocupadas pe-
los europeus em dire??o a terras de outros povos, ou
quando alguns grupos se aliavam militarmente a portu-
gueses, franceses e holandeses para lutar contra na??es
inimigas. Muitos povos tamb?m sofreram etnocídio,
pois passaram a adotar h?bitos dos colonizadores, co-
mo falar outra l?ngua, professar uma nova religi?o e
alterar o pr?prio modo de vida, como a vestimenta e
a alimenta??o.
De acordo com a Funai e o Censo demogr?fico do
IBGE, em 2010, a popula??o de origem ind?gena estava
reduzida a 817 mil indiv?duos (0,4% da popula??o total
do pa?s), distribu?dos entre 505 terras ind?genas e algu-
mas ?reas urbanas, concentrados principalmente nas
regi?es Norte e Centro-Oeste. Essas estimativas reve-
laram tamb?m que h? 69 refer?ncias de grupos isola-
dos, isto ?, que n?o estabeleceram contato com a so-
ciedade brasileira.
Somente a partir da metade do s?culo passado
verificou-se uma tend?ncia de aumento desse contin-
gente, principalmente em raz?o da demarca??o de
terras ind?genas, que em 2015 ocupavam 12,5% do
territ?rio brasileiro.
A Constitui??o Federal assegura aos ind?genas o
direito ? terra: ?Art. 231. S?o reconhecidos aos ?ndios
sua organiza??o social, costumes, l?nguas, cren?as e
tradi??es, e os direitos origin?rios sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, competindo ? Uni?o demar-
c?-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens?.
Edson Sato/Pulsar Imagens
Em 2010, 39% dos ind?genas viviam em ?reas urbanas e 61%, na zona rural. A taxa de crescimento da popula??o ind?gena, de 3,5% ao
ano, era bem superior ? m?dia da popula??o n?o ind?gena, de 0,8%. Entre as 305 etnias existentes no pa?s, os yanomami ocupavam a
terra ind?gena mais populosa, com 25,7 mil habitantes, distribu?dos entre os estados do Amazonas e de Roraima. A etnia tikuna (AM)
? a mais numerosa, com 46 mil pessoas distribu?das por v?rias terras esparsas, seguida pelos guarani kaiow? (MS), com 43 mil
membros. Os grupos ind?genas isolados n?o foram contabilizados no Censo 2010 em raz?o da pol?tica de preserva??o cultural. Na
foto, mulheres yanomami descascam mandioca na aldeia Demini, em Barcelos (AM), em 2012.
Genocídio: segundo a ONU, o termo genoc?dio n?o exis-
tia antes de 1944; foi criado para designar crimes que
t?m como objetivo a elimina??o da exist?ncia f?sica de
grupos nacionais, ?tnicos, raciais e/ou religiosos.
Etnocídio: destrui??o da cultura de um povo.C a p í t u l o 7
142
GGB_v3_PNLD2018_140a155_U3C07.indd 142 27/05/16 19:09

Outras leituras
O Censo 2010 investigou pela primeira vez o n?-
mero de etnias ind?genas (comunidades definidas por
afinidades lingu?sticas, culturais e sociais). Foram en-
contradas cerca de 305 etnias, das quais a maior ? a
tikuna, com 6,8% da popula??o ind?gena. Tamb?m
foram identificadas 274 l?nguas ind?genas. Dos ind?-
genas com 5 anos ou mais de idade, 37,4% falavam
uma l?ngua ind?gena e 76,9% falavam portugu?s.
Mesmo com uma taxa de alfabetiza??o mais alta
que em 2000, a popula??o ind?gena ainda tem n?vel
educacional mais baixo que o da popula??o n?o ind?-
gena, especialmente na ?rea rural. Nas terras ind?ge-
nas, nos grupos et?rios acima dos 50 anos, a taxa de
analfabetismo ? superior ? de alfabetiza??o. [...]
Entre as crian?as ind?genas nas ?reas urbanas, as
taxas s?o pr?ximas ?s da popula??o em geral, ambas
acima dos 90%.
A an?lise de rendimentos comprovou a necessi-
dade de se ter um olhar diferenciado sobre os ind?ge-
nas: 52,9% deles n?o tinham qualquer tipo de rendi-
mento, propor??o ainda maior nas ?reas rurais (65,7%);
por?m, v?rios fatores dificultam a obten??o de infor-
ma??es sobre o rendimento dos trabalhadores ind?-
genas: muitos trabalhos s?o feitos coletivamente,
lazer e trabalho n?o s?o facilmente separ?veis e a
rela??o com a terra tem enorme significado, sem a
no??o de propriedade privada.
Em 2010, 83,0% das pessoas ind?genas de 10 anos
ou mais de idade recebiam at? um sal?rio m?nimo ou
n?o tinham rendimentos, sendo o maior percentual
encontrado na regi?o Norte (92,6%), onde 25,7% ga-
nhavam at? um sal?rio m?nimo e 66,9% eram sem
rendimento. Em todo o pa?s, 1,5% da popula??o ind?-
gena com 10 anos ou mais de idade ganhava mais de
cinco sal?rios m?nimos, percentual que ca?a para 0,2%
nas terras ind?genas.
Somente 12,6% dos domic?lios eram do tipo ?oca
ou maloca?, enquanto, no restante, predominava o
tipo ?casa?. Mesmo nas terras ind?genas, ocas e malo-
cas n?o eram muito comuns: em apenas 2,9% das
terras, todos os domic?lios eram desse tipo e, em 58,7%
das terras, elas n?o foram observadas.
PORTAL BRASIL. Dispon?vel em: <www.brasil.gov.br/governo/2012/08/
brasil-tem-quase-900-mil-indios-de-305-etnias-e-274-idiomas>.
Acesso em: 15 mar. 2016.
Povos indígenas: condições
de vida
A cria??o de parques e terras indígenas, onde ficam
asseguradas as condi??es de vida em comunidade dos
povos nativos, constitui o reconhecimento do direito
de exist?ncia de culturas distintas, com valores e cos-
tumes pr?prios. O princ?pio que embasa a demarca??o
dessas terras ? o fato de que os ind?genas foram os
primeiros habitantes desse territ?rio.
Esse tipo de garantia ? importante por causa da
vis?o de mundo de diversas na??es ind?genas. A terra
? considerada a base do grupo por ser o lugar onde
reproduzem a cultura, desenvolvem sua organiza??o
social e onde jazem seus ancestrais. Observe o mapa
ao lado e leia o texto a seguir.
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo
Escola ind?gena sater?-mau?, em Manaus (AM), 2014.
Adaptado de: FUNAI. Povos indígenas. Dispon?vel em: <http://mapas2.funai.
gov.br/portal_mapas/pdf/terra_indigena.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2016.
Brasil: terras indígenas – 2013
RR
AM
RO
AC
PA
AP
PI
CE
MA
TO
GO
BA
MG
ES
RJ
RN
PB
PE
SE
AL
SP
PR
SC
RS
MS
MT
DF
Equador
Trópico de Capricórnio

55° OVENEZUELA
COLÔMBIA
PERU
Guiana
Francesa (FRA)
SURINAME
GUIANA
PARAGUAI
URUGUAI
CHILE
ARGENTINA
BOLÍVIA
0 580 1
160
km
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Banco de imagens/Arquivo da editoraFormação e diversidade cultural da população brasileira
143
GGB_v3_PNLD2018_140a155_U3C07.indd 143 27/05/16 19:09

2 Formação da população brasileira
Desde o s?culo XVI, in?cio da coloniza??o, os por-
tugueses foram se fixando no Brasil.
Entre 1532 e 1850, os africanos foram trazidos
for?adamente para esse territ?rio, escravizados. De-
pois de 1870, a imigra??o de europeus, asi?ticos e
latino-americanos foi ampliada e, com isso, o pa?s foi
sendo povoado e novas fam?lias se formaram.
Os descendentes de todos esses povos com-
p?em a popula??o brasileira atual. Leia o texto a
seguir.
Outras leituras
O povo brasileiro
Surgimos da conflu?ncia, do entrechoque e do
caldeamento do invasor portugu?s com ?ndios sil-
v?colas e campineiros e com negros africanos, uns
e outros aliciados como escravos.
Nessa conflu?ncia, que se d? sob a reg?ncia dos
portugueses, matrizes raciais d?spares, tradi??es cul-
turais distintas, forma??es sociais defasadas se en-
frentam e se fundem para dar lugar a um povo novo
(Ribeiro, 1970), num novo modelo de estrutura??o
societ?ria. Novo porque surge como uma etnia na-
cional, diferenciada culturalmente de suas matrizes
formadoras, fortemente mesti?ada, dinamizada por
uma cultura sincr?tica e singularizada pela redefini-
??o de tra?os culturais dela oriundos. Tamb?m novo
porque se v? a si mesmo e ? visto como uma gente
nova, um novo g?nero humano diferente de quantos
existam. Povo novo, ainda, porque ? um novo mode-
lo de estrutura??o societ?ria, que inaugura uma for-
ma singular de organiza??o socioecon?mica, funda-
da num tipo renovado de escravismo e numa servid?o
continuada ao mercado mundial. Novo, inclusive,
pela inveross?mil alegria e espantosa vontade de fe-
licidade, num povo t?o sacrificado, que alenta e co-
move a todos os brasileiros. [...]
Essa unidade ?tnica b?sica n?o significa, por?m,
nenhuma uniformidade, mesmo porque atuaram
sobre ela tr?s for?as diversificadoras. A ecol?gica, fa-
zendo surgir paisagens humanas distintas onde as
condi??es do meio ambiente obrigaram a adapta??es
regionais. A econ?mica, criando formas diferenciadas
de produ??o, que conduziram a especializa??es fun-
cionais e aos seus correspondentes g?neros de vida.
E, por ?ltimo, a imigra??o, que introduziu, nesse mag-
ma, novos contingentes humanos, principalmente
europeus, ?rabes e japoneses. Mas j? o encontrando
formado e capaz de absorv?-los e abrasileir?-los, ape-
nas estrangeirou alguns brasileiros ao gerar diferen-
cia??es nas ?reas ou nos estratos sociais onde os
imigrantes mais se concentram.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a forma??o e o sentido do Brasil. S?o
Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 9-21.
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá...”
Gon?alves Dias (1823-1864), poeta, advogado e jornalista maranhense.
Memorial da Imigra??o
Japonesa em Assa? (PR), em
2015. Boa parte dos
migrantes japoneses se
instalou no interior de S?o
Paulo e no norte do Paran?.
Ernesto Reghran/Pulsar ImagensC a p í t u l o 7
144
GGB_v3_PNLD2018_140a155_U3C07.indd 144 27/05/16 19:09

Como a população brasileira
se identifica
Segundo o IBGE, como ? poss?vel observar nos gr?-
ficos a seguir, o percentual de pessoas que se conside-
ram brancas t?m ca?do e o n?mero das que se conside-
ram pretas caiu de 1950 a 1980 e voltou a aumentar em
2010. J? a autoidentifica??o como parda est? crescendo
desde a d?cada de 1950. Isso pode indicar que o pro-
cesso de aceita??o e de valoriza??o da identidade afro-
descendente da popula??o brasileira tem se ampliado
nas ?ltimas d?cadas.
Os dados dos gr?ficos s?o levantados pelo IBGE e
refletem a forma como as pessoas se identificam.
Nem sempre os pardos se declararam como tal,
havendo muitos que se declaravam como brancos.
Al?m disso, como voc? viu na p?gina 143, o Censo 2010
foi o primeiro a oferecer a op??o ?ind?gena? como au-
toidentificador. Existem ainda muitas pessoas que,
por particularidades culturais, n?o se identificam com
nenhuma das cinco op??es oferecidas para enquadra-
mento da resposta (branca, preta, amarela, parda
e ind?gena).
A esp?cie humana ? ?nica: n?o existem ra?as.
O conceito de ra?a (al?m do de cor, que seria express?o
fenot?pica de um indiv?duo), como aparece nas pesqui-
sas, mapas e relat?rios do IBGE, n?o tem embasamen-
to biol?gico, mas sim hist?rico. O texto a seguir explica
o uso de alguns conceitos importantes acerca desse
tema, como ra?a, cor e racismo.
População residente
1950 1980 2010 2014
61,7 11,0
26,5
0,2
0,6
54,7 5,9
38,5
0,3
0,6
47,7 7,6
43,1
0,1
0,4
1,1
45,5 8,6
45,0
0,9
Branca Preta Parda Amarela Indígena
Indígena
+ Amarela
Sem declaração
Brasil: cor e raça (%) – 1950-2014*
Adaptado de: IBGE. Anu?rio estat?stico do Brasil 1998. Rio de Janeiro, 1999. v. 58; IBGE. Censo demogr?fico 2010. Dispon?vel em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/periodicos/95/cd_2010_indigenas_universo.pdf>; IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domic?lios 2014. Dispon?vel em <www.ibge.gov.br/home/
estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2014/>. Acesso em: 20 mar. 2016.
* A Pnad contabilizou a popula??o ind?gena somente em 2010. Em 2014 n?o apresentou dados separados sobre as popula??es amarela e ind?gena, agrupando-as em
um t?pico que perfaz um total de 0,9% da popula??o total.
Fam?lias em momento
de lazer no Parque
Municipal Am?rico
Renn? Guianetti em
Belo Horizonte
(Minas Gerais),
2014.
Rubens Chaves/Pulsar Imagens
A. Robson/Arquivo da editoraFormação e diversidade cultural da população brasileira
145
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Outras leituras
Renato S. Cerqueira/Futura Press
Raça, cor e racismo: algumas conceituações necessárias
Raça é, antes de tudo, um artifício teórico. Reco-
nhecer seu estatuto como construção social signi-
fica, primeiramente, entender que a noção de raça
foi historicamente adotada como ferramenta de
exclusão e hierarquização de povos e culturas, tendo
sido mobilizada por setores da elite para legitimar
ações escravistas, eugênicas e colonialistas. Depois,
com a emergência dos movimentos sociais, raça foi
retomada como instrumento de luta política – uma
bandeira pelo reconhecimento de direitos e de re-
distribuição de recursos. Hoje, falar de raça não sig-
nifica evocar sua histórica e infeliz definição, muito
menos fazer apologia de seus maus usos, e sim re-
conhecer sua importância como conceito analítico
para iluminar desigualdades, valorizar identidades,
enfrentar o racismo e promover transformações na
sociedade. [...]
A percepção racial torna-se altamente influen-
ciada pelo contexto sociocultural e econômico em
que se encontram os sujeitos: ser branco ou negro
não é – e nunca foi – um produto objetivamente
apreendido pela aferição de medidas, como a con-
centração de melanina na pele, a análise da origem
biogeográfica do material genético ou a
descrição de traços fenotípicos caucasia-
nos ou negroides. [...]
Por entender que raça é dotada de uma reali-
dade social e culturalmente construída, a noção de
cor também deve ser problematizada. Em seu sen-
tido usual, a cor é empregada para designar a clas-
sificação racial dos sujeitos sem, no entanto, se
comprometer com a “raça” em si. [...] Analisar o que
significa pertencer a uma cor “branca”, “preta” ou
“amarela” remete a uma ideologia que opera por
trás dessas categorias, conferindo-lhes sentido;
logo, o conceito de cor inevitavelmente evoca a
noção de raça. Daí decorre que cor é raça. [...] se a
noção de cor é, no fundo, um sinônimo de raça, por
que continuar operando com a primeira? Porque
cor é uma categoria nativa, tradicionalmente uti-
lizada para diferenciar cidadãos livres de escravos,
colonizadores europeus de povos nativos, imigran-
tes asiáticos de negros descendentes de povos tra-
zidos da África, etc. Em suma, porque foi o principal
conceito utilizado nas relações raciais do Brasil
para classificar pessoas [...].
C
ID
A
D
A
N
IA
: C
o
m
b
Ate A
o
r
A
C
Is
m
o
Manifesta??o do Orgulho Crespo na avenida
Paulista, na regi?o central de S?o Paulo (SP),
em 2015. Al?m de incentivar a autoestima
da popula??o e a valoriza??o da identidade
negra, a marcha ? contra a discrimina??o e
o racismo.C a p í t u l o 7
146
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Por vezes, teóricos defendem a substituição do
conceito de raça ou de cor pelo de etnia. Essa pre-
ferência estaria amparada na noção de que o termo
“etnia” transmitiria uma ideia de pertencimento
ancestral, remetendo a origem e interesses comuns
[...]. Dentro dessa perspectiva, etnia poderia abran-
ger os variados grupos indígenas que habitam nos-
so país, mas não se mostraria suficiente como con-
ceito para abarcar as relações raciais que envolvem,
por exemplo, as populações branca e negra. Devido
a razões históricas, brancos e negros compartilha-
ram diversas características culturais em um ter-
ritório que, embora fosse o mesmo, sempre esteve
atravessado de hierarquias sociais, para as quais o
conceito de raça é pródigo em enumerar, discutir
e problematizar.
Além dessas reflexões, é fundamental que o
conceito de racismo também seja explorado em
alguns detalhes. Entende-se o racismo como um
fenômeno social dotado de três principais dimen-
sões: em primeiro lugar, racismo é uma corrente
teórica, defendida historicamente pelos partidá-
rios da eugenia, para justificar desigualdades en-
tre os povos ao atribuir um espectro hierárquico
de moral e valores que seriam explicados por suas
supostas “naturezas”. Para tanto, o racismo, para
efetivar suas práticas de dominação, criou primei-
ramente o seu objeto – a raça como ferramenta
de opressão.
Segundo, racismo também é um conjunto de
preconceitos, discriminações e violências dirigidas
às pessoas em razão de suas diferenças étnico-ra-
ciais; este, o sentido mais corriqueiro de racismo,
está presente nas ofensas, injúrias e violências
orientadas por concepções prévias calcadas no pre-
conceito racial.
Por fim, o terceiro sentido de racismo diz respei-
to a uma questão estrutural acerca das desigualda-
des entre as raças, resultante das formas historica-
mente injustas de tratar os diferentes povos; ao se
constatar, a título de ilustração, que a população
negra alcança piores níveis de escolaridade, pode-se
concluir que há racismo na área educacional, haja
vista que existe uma situação estrutural que produz
e sustenta essa disparidade.
MACHADO, T. de S.; OLIVEIRA, A. S. de.; SENKEVICS, A. S. A cor ou ra?a nas
estat?sticas educacionais: uma an?lise dos instrumentos de pesquisa
do Inep. In: Série Documental: textos para discuss?o 41. Bras?lia: MEC/
Inep, 2016. p. 8-12.
Conheça o livro África e Brasil
africano. Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes e sites.F o r m a ç ã o e d i v e r s i d a d e c u lt u r a l d a p o p u l a ç ã o b r a s il e i r a
147
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3 Imigração internacional
Como a Coroa portuguesa n?o fazia registros oficiais
do tr?fico de escravizados, n?o existem dados precisos do
n?mero de africanos que ingressaram no Brasil, quais fo-
ram os anos de maior fluxo, por qual porto entraram e de
que lugar da ?frica vieram. O Atlas da pol?tica externa
brasileira, no entanto, traz uma boa hip?tese desses dados.
Segundo as estimativas expostas no livro Brasil:
500 anos de povoamento, ingressaram no pa?s pelo
menos 4 milh?es de africanos entre 1550 e 1850, a maio-
ria proveniente do golfo de Benin e das regi?es que
atualmente compreendem os territ?rios de Angola (ao
sul do continente, costa ocidental) e Mo?ambique (tam-
b?m ao sul, costa oriental).
Observe, nos gr?ficos abaixo, que a participa??o
brasileira no total de escravizados por destino mundial
? muito grande, o mesmo ocorrendo com Rio de Janeiro
e S?o Paulo em rela??o ? quantidade de escravizados
para o Brasil.
Consulte a indicação do filme Quilombo e
do site da revista ComCiência. Veja orientações
na seção Sugestões de leitura, filmes e sites.
Entre as correntes imigrat?rias livres especificadas
no gr?fico da pr?xima p?gina, a mais importante foi a
portuguesa, que se estendeu at? os anos 1980 e voltou
a acontecer depois da crise econ?mica mundial de
2008/2009, com a vinda de profissionais qualificados
em busca de emprego. Al?m de serem numericamente
mais significativos, os imigrantes portugueses espa-
lharam-se por todo o territ?rio nacional.
At? 1883, a segunda maior corrente de imigrantes
livres foi a italiana; a terceira, a alem?; e a quarta, a
espanhola. A partir de 1850, a expans?o dos cafezais
pelo Sudeste e a necessidade de efetiva coloniza??o da
regi?o Sul levaram o governo brasileiro a criar medidas
de incentivo ? vinda de imigrantes europeus para subs-
tituir a m?o de obra escravizada. Algumas das medidas
adotadas e divulgadas na Europa foram o financiamen-
to da passagem e a suposta garantia de emprego, com
moradia, alimenta??o e pagamento anual de sal?rios.
Embora atraente, essa propaganda governamental
revelou-se enganosa e escondia uma realidade perver-
sa: a escravid?o por d?vida. A sa?da do imigrante da
fazenda somente seria permitida quando a d?vida fos-
se quitada. Como n?o tinha condi??es de pagar o que
devia, ele ficava aprisionado no latif?ndio, vigiado por
capangas. Essa pr?tica, de escravid?o por d?vida, ? co-
mum at? hoje em v?rios estados do Brasil, sobretudo
na regi?o Norte.
Total mundial
Brasil
Rio Janeiro e São Paulo
1550 1650 1750 1850
1550 1650 1750 1850
1550 1650 1750 1850
100 000
75 000
50 000
25 000
100 000
75 000
50 000
25 000
100 000
75 000
50 000
25 000
Mortos na travessia
Desembarcados
Embarcados
África-Brasil: quantidade de escravizados
por destino – 1500-1850
Adaptado de: MILLANI, C. R. S. et al. Atlas da pol?tica externa brasileira. Ciudad
Aut?noma de Buenos Aires: Clasco; Rio de Janeiro: Eduerj, 2014. p. 25.
O imigrante, ao fim de um período de trabalho duro nas
lavouras de café, quando deveria receber seu pagamento, era
informado de que seu salário não fora suficiente para pagar
moradia e alimentos consumidos ao longo do ano. Muitas
vezes, o salário não dava sequer para pagar as despesas de
transporte – que, segundo a propaganda do governo, seria
gratuito. Na foto, imigrantes italianos trabalhando em
plantação de café no interior de São Paulo, sem data.
Reprodução/Museu Paulista da USP, São Paulo, SP.
A. Robson/Arquivo da editoraC a p í t u l o 7
148
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Al?m dos cafezais da regi?o Sudeste, outra grande
?rea de atra??o de imigrantes europeus, com destaque
para portugueses, italianos e alem?es, foi o Sul do pa?s.
Nessa regi?o, os imigrantes ganhavam a propriedade da
terra, onde fundaram col?nias de povoamento. Observe
o infogr?fico nas pr?ximas p?ginas.
Italianos
Portugueses
Espanhóis
Japoneses
Alemães
Russos
Austríacos
Turcos
Poloneses
Franceses
Ingleses
Iugoslavos
Sírios
SuíçosSuíços
1 000 000
100 000
50 000
10 000
Quantidade de indivíduos
Nacionalidade 1819 -18831884 -1940
Brasil: entrada de imigrantes – 1819-1940
Adaptado de: MILLANI, C. R. S. et al. Atlas da política externa brasileira. Ciudad
Aut?noma de Buenos Aires: Clasco; Rio de Janeiro: Eduerj, 2014. p. 25.
Os espanh?is n?o fundaram col?nias; em vez disso
espalharam-se pelos grandes centros urbanos de todo
o Centro-Sul brasileiro, principalmente nos estados de
S?o Paulo e Rio de Janeiro.
Em 1908, aportou em Santos a primeira embarca??o
trazendo colonos japoneses. O destino de quase todos
foram as lavouras de caf? do oeste do estado de S?o
Paulo e norte do Paran?; alguns se instalaram no vale
do Ribeira (SP) e ao redor de Bel?m (PA). Da d?cada de
1980 at? 2008/2009, por?m, alguns descendentes de
japoneses passaram a fazer o caminho inverso de seus
ancestrais, emigrando em dire??o ao Jap?o como traba-
lhadores (os chamados decass?guis), e passaram a ocu-
par postos de trabalho desprezados por cidad?os japo-
neses, geralmente em linhas de produ??o industrial.
Com a crise econ?mica mundial que se iniciou em 2008
e o aumento do desemprego no Jap?o, esse fluxo se
estagnou e muitos decass?guis retornaram ao Brasil.
As correntes imigrat?rias de menor express?o in-
cluem judeus, espalhados pelo Brasil e oriundos de
diversos pa?ses, principalmente europeus; ?rabes s?rios
e libaneses, tamb?m distribu?dos pelo pa?s; chineses e
coreanos, mais concentrados em S?o Paulo; eslavos,
sobretudo poloneses, lituanos e russos, mais concen-
trados em Curitiba e outras cidades paranaenses. H?
tamb?m sul-americanos, como argentinos, uruguaios,
paraguaios, bolivianos e chilenos, a maioria na Grande
S?o Paulo; haitianos e pessoas de v?rios pa?ses africa-
nos, com destaque para Angola, Cabo Verde e Nig?ria.oinfogr?ficonaspr?ximasp?ginas. nos,comdestaqueparaAngola,CaboVerdeeNig?ria.
Assista ao filme Gaijin. Veja
orientações na seção Sugestões de
leitura, filmes e sites.
A. Robson/Arquivo da editora
Mauricio Pisani/Frame/Folhapress
Refugiados nigerianos, campe?es da Copa dos Refugiados
de 2014, realizada em S?o Paulo (SP). Esse munic?pio abriga
uma grande comunidade de migrantes e refugiados
oriundos do continente africano. H? restaurantes, feiras de
artesanato, lojas de roupas e outros com?rcios onde ?
poss?vel conhecer um pouco da cultura de pa?ses como
Angola, Cabo Verde, Nig?ria e Mo?ambique.
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infográfico
Colônias de povoamento
Reprodução/Arquivo Histórico José Ferreira da Silva Fundação Blumenau
Col?nia de alem?es em Blumenau (SC), sem data.
Zig Koch/Pulsar Imagens
Constru??o no estilo enxaimel, em Blumenau (SC), em 2014.
Joinville e
Blumenau (SC)
foram fundadas
por imigrantes
alemães.
As colônias de povoamento

são caracterizadas por terem
compreendido pequenas e médias

propriedades, que utilizavam mão

de obra familiar. Geralmente a

produção era policultora e se

destinava ao abastecimento interno.

Muitas colônias prosperaram

bastante e, com o tempo, se

transformaram em importantes

aglomerações urbanas.
150
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Centro hist?rico do bairro Santo Ant?nio de Lisboa, de cultura a?oriana, em Florian?polis (SC), em 2014.
Palê Zuppani/Pulsar Imagens
Porto Alegre (RS) e
Florianópolis (SC)
foram fundadas
por imigrantes
portugueses.
Casa colonial tamb?m de estilo italiano, tombada pelo Instituto do Patrim?nio
Hist?rico e Art?stico Nacional (Iphan), em Ant?nio Prado (RS), 2015.
Gerson Gerloff/Pulsar Imagens
Gerson Gerloff/Pulsar Imagens
Edifica??o de madeira de estilo colonial italiano em Bento Gon?alves (RS), 2013.
Caxias do Sul,
Garibaldi e Bento
Gonçalves (RS)
foram fundadas
por imigrantes
italianos.
151
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4 Migração interna
RR
AM
RO
AC
PA
AP
PI
MA
Macapá
Boa Vista
Manaus
São Luís
Belém
Teresina
Fortaleza
Natal
João
Pessoa
Recife
Maceió
Aracaju
Salvador
Vitória
Belo Horizonte
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
Florianópolis
Porto Alegre
Porto
Velho
Rio Branco
GO
BA
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO

50º O
Equador
RJ
RN
PB
PE
SE
AL
CE
MG
ES
SP
PR
SC
RS
MS
MT
TO
Palmas
Campo
Grande
Brasília
Goiânia
Cuiabá
DF
Trópico de Capricó
r
n
i o

Intensidade do &#6684780;uxo de pessoas
Média (10 000 a 29 999)
Forte (30 000 a 77 649)
Muito forte (117 830 a 136 273)
0 490 980
km
VENEZUELA
COL?MBIA
PERU
Guiana
Francesa (FRA)
SURINAME
GUIANA
PARAGUAI
CHILE
ARGENTINA
BOL?VIA
Brasil: principais fluxos migratórios – 2008
Banco de imagens/Arquivo da editora
Adaptado de: IBGE. Atlas Nacional do Brasil Milton Santos. Rio de Janeiro, 2010. p. 139.
Segundo dados do IBGE, em 2014, 39,5%
dos habitantes do pa?s n?o eram naturais
do munic?pio em que moravam, e cerca de
16% deles n?o eram procedentes da unidade
da federação em que viviam.
Esses dados revelam que predominam
os movimentos migrat?rios dentro do esta-
do de origem. Atualmente h? um crescimen-
to dos fluxos urbano-urbano e intrametro-
politano, isto ?, aumenta o n?mero de
pessoas que migra de uma cidade para outra
no mesmo estado ou em determinada regi?o
metropolitana em busca de melhores condi-
??es de vida. No entanto, continuam ocor-
rendo os movimentos migrat?rios interesta-
duais, como mostra o mapa ao lado.
Analisando a hist?ria brasileira, percebe-
mos que, desde o s?culo XVI, os movimentos
migrat?rios est?o associados a fatores eco-
n?micos. Quando o ciclo da cana-de-a??car no Nordes-
te decaiu, por exemplo, se intensificou o do ouro em
Minas Gerais. Esses grandes deslocamentos de pessoas
provocam um intenso processo de urbaniza??o na nova
centralidade econ?mica do pa?s.
Mais tarde, com o ciclo do caf? e o processo de in-
dustrializa??o, o eixo S?o Paulo-Rio de Janeiro se tornou
o grande polo de atra??o de migrantes, que sa?am da
regi?o de origem em busca de emprego ou de melhores
sal?rios. Somente a partir da d?cada de 1970, por causa
do processo de desconcentra??o da atividade industrial
e da cria??o de pol?ticas p?blicas de incentivo ? ocupa-
??o das regi?es Norte e Centro-Oeste, a migra??o para
o Sudeste come?ou a apresentar significativa queda.
Se determinada regi?o do pa?s come?ar a rece-
ber investimentos produtivos, p?blicos ou privados,
que aumentem a oferta de emprego, em pouco
tempo ela se torna polo de atra??o de pessoas. ? o
que acontece atualmente com os munic?pios do in-
terior do estado de S?o Paulo.
Federação: arranjo pol?tico-territorial, como
? o caso da Federa??o Russa, do Brasil, dos
Estados Unidos, da Alemanha, entre outros
pa?ses, no qual as unidades internas n?o t?m
autonomia completa, portanto devem repor-
tar-se a ?rg?os centrais de decis?o pol?tica.
Munic?pios m?dios e grandes do interior do estado de S?o
Paulo, como Campinas, Ribeir?o Preto, S?o Jos? dos Campos,
Sorocaba e S?o Jos? do Rio Preto, e alguns menores,
apresentam ?ndices de crescimento econ?mico maiores dos
que os da capital, o que gera atra??o populacional. Isso se
deve ao desenvolvimento dos sistemas de transporte,
energia e telecomunica??es. Vista parcial de S?o Jos? do Rio
Preto (SP), em 2014.
Assista ao filme O homem que
virou suco. Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes e sites.
João Prudente/Pulsar ImagensC a p í t u l o 7
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Êxodo rural e migração
pendular
Em 1920, apenas 10% da popula??o brasileira vi-
via em cidades. Em 1970, esse percentual j? era de
56%. De acordo com a S?ntese dos Indicadores Sociais
2015 do IBGE, mais de 85% da popula??o brasileira ?
urbana (no Cap?tulo 10 vamos analisar esses dados
de forma mais aprofundada).
Estima-se que, entre 1950 e 2000, 50 milh?es de
pessoas migraram do campo para as cidades, fen?-
meno conhecido como ?xodo rural.
No entanto, as cidades receptoras desse enorme
contingente populacional n?o recebem investimentos
p?blicos suficientes para obras de infraestrutura e pa-
ra uma urbaniza??o planejada. Esses fatores fizeram
com que as cidades passassem a crescer desordenada-
mente, com autoconstru??es, submoradias e lotea-
mentos clandestinos nas periferias.
Assim foram reduzidas as ocupa??es esparsas
que existiam entre uma cidade e outra e, somado a
outros fatores, a forma??o de regi?es metropolitanas
foi favorecida (veremos sua defini??o e distribui??o
pelo territ?rio no Cap?tulo 10). Nessas regi?es ocorre
um deslocamento di?rio da popula??o, movimento
conhecido como migra??o pendular. A exist?ncia de
um eficiente sistema de transporte coletivo ? funda-
mental para quem migra pendularmente entre a mo-
radia, muitas vezes situada na periferia distante, e o
local de trabalho, localizado nas centralidades urba-
nas. Como o sistema de transporte p?blico das me-
tr?poles brasileiras em geral ? ineficiente, o desloca-
mento di?rio dos trabalhadores ? penoso e consome
muito tempo.
? importante lembrar que, na
maioria dos casos, os
migrantes se deslocam para
as cidades com pouqu?ssimo
dinheiro e em condi??es
muito prec?rias, consequ?ncia
de uma pol?tica agr?ria que
concentra a posse das terras
nas m?os de poucos. Esse
processo, aliado ?
industrializa??o das principais
regi?es metropolitanas, torna
as grandes cidades muito
atrativas. Na foto de 2012,
terminal rodovi?rio em S?o
Paulo (SP), por onde entram e
saem milhares de migrantes
todos os anos.
Brasil: popula??o urbana e rural ? 1970-2014
Ano
Urbana Rural
Total
Milhões de habitantes % Milhões de habitantes %
1970 52,1 55,9 41,1 44,1 93,2
1980 80,5 67,6 38,6 32,4 119,1
1991 108,1 74,0 38,0 26,0 146,1
2000 137,9 81,1 31,8 18,9 169,8
2010 160,2 84,4 30,5 15,6 190,7
2014 172,9 85,1 30,3 14,9 203,2
Adaptado de: IBGE. Anu?rio estat?stico do Brasil 1997/Brasil em n?meros 2002/S?ntese de indicadores sociais 2007/Censo demogr?fico 2010/
S?ntese dos Indicadores Sociais 2015. Dispon?veis em: <www.ibge.gov.br>. Acessos em: 17 mar. 2016.
Rubens Chaves/Pulsar ImagensFormação e diversidade cultural da população brasileira
153
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5 Emigração
Estados Unidos
Total de brasileiros residentes
no exterior: 3 105 922
Paraguai
Japão
Portugal
Espanha
Reino Unido
Alemanha
Suíça
França
Colômbia
Itália
Bélgica
Argentina
Canadá
Guiana Francesa
Guiana
Bolívia
Austrália
Países Baixos
China
Mil migrantes
0 200 400 600 800 1 000 1 200 1 400
1 315,0
349,8
179,6
166,8
128,6
120,0
113,7
81,0
70,0
70,0
69,0
48,0
47,0
39,3
38,7
28,5
27,0
21,9
17,0
16,7
Brasileiros residentes no exterior – 2014
Adaptado de: BRASIL. Minist?rio das
Rela??es Exteriores. Dispon?vel em:
<www.brasileirosnomundo.itamaraty.
gov.br/a-comunidade/estimativas-
populacionais-das-comunidades/
estimativas-populacionais-brasileiras
-mundo-2014>. Acesso em: 17 mar. 2016.
H? tamb?m um grande
n?mero de brasileiros
estabelecidos no Paraguai,
quase todos produtores
rurais que para ali se
dirigiram em busca de terras
baratas e de uma carga
tribut?ria menor do que a
brasileira. Na foto de 2013,
cultivo de soja no distrito de
Santa Rosa del Monday
(Paraguai), em fazenda
pertencente a um brasileiro
que l? reside.
Norberto Duarte/Agência France-Presse
A. Robson/Arquivo da editoraC a p í t u l o 7
154
Como vimos no cap?tulo anterior, os movimentos
de popula??o sempre est?o associados a fatores de
repuls?o e de atra??o e, muitas vezes, os emigrantes
saem contrariados de seu pa?s de origem. A partir da
d?cada de 1980, o fluxo imigrat?rio do Brasil come?ou
a se tornar negativo, ou seja, um n?mero de emigrantes
maior que o de imigrantes.
Do in?cio da d?cada de 1980 at? a crise mundial que
se iniciou em 2008, muitos brasileiros se mudaram pa-
ra Estados Unidos, Jap?o e pa?ses da Europa (sobretudo
Portugal, Reino Unido, Espanha e Fran?a), entre outros
destinos, em busca de melhores condi??es de vida.
Os motivos para isso s?o: os sal?rios muito baixos
pagos no Brasil, se comparados aos desses pa?ses, e
os ?ndices de desemprego e subemprego que costu-
mam ser mais elevados por aqui.
Desde a eclos?o da crise econ?mica de 2008, o Bra-
sil passou a receber muitos imigrantes de pa?ses latino-
-americanos, com destaque para Bol?via, Peru e Paraguai.
Al?m disso, muitos brasileiros que moravam no exterior
voltaram para o pa?s. Dessa forma, nos ?ltimos anos, o
Brasil deixou de ser um pa?s onde predominava a emi-
gra??o e passou a receber migrantes estrangeiros, mes-
mo durante o per?odo recessivo que se iniciou em 2015.
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Atividades atenção!
Não escreva neste livro!
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mikecphoto/Shutterstock
Brasileiros residentes nos Estados Unidos
aguardam realiza??o de show musical
durante o Brasilian´s day, em Nova York, em
2014. Dados do Itamaraty revelam que os
Estados Unidos s?o o principal destino dos
migrantes brasileiros atualmente, seguidos
por Paraguai, Jap?o, Portugal e Espanha.
Desenvolvendo habilidades
5. Pesquise em jornais, revistas e na internet not?cias que mostrem as regi?es brasileiras e os pa?ses que mais atraem
ou repelem os movimentos populacionais. Em seguida, fa?a o que se pede.
a) Destaque as causas de repuls?o e os fatores de atra??o dos migrantes nos lugares mencionados nas not?cias que
voc? encontrou.
b) A regi?o onde voc? mora est? entre esses lugares de atra??o ou de repuls?o?
c) Fa?a uma breve entrevista com familiares ou pessoas que morem em seu bairro que tenham migrado.
Procure saber:
qual ? o lugar de origem dessa pessoa;
h? quanto tempo n?o vive no local de origem;
quais foram os motivos do deslocamento.
d) Escreva um pequeno texto dissertativo relacionando os resultados da pesquisa com as motiva??es encontradas
nas not?cias.
6. Releia o texto das p?ginas 146 e 147 para responder ?s seguintes quest?es:
a) Quais s?o as tr?s dimens?es do racismo levantadas no texto?
b) Que implica??es esse fen?meno social traz para a popula??o brasileira, especialmente os jovens?
Compreendendo conteúdos
1. Por que a demarca??o de terras ind?genas contribui para a preserva??o da identidade cultural de diversos
povos nativos?
2. Quais foram as principais correntes migrat?rias para o Brasil? Caracterize-as.
3. Estabele?a as rela??es entre ?xodo rural e migra??o pendular.
4. Por que os brasileiros emigram? Quais s?o os principais pa?ses de destino dos emigrantes brasileiros? Formação e diversidade cultural da população brasileira
155155
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Rogerio Reis/Tyba
156
CAPÍTULO8
Aspectos da
popula•‹o brasileira
Alunos de uma escola
municipal em trabalho de
campo no Parque Nacional
da Serra dos ?rg?os em
Petr?polis (RJ), 2014.
GGB_v3_PNLD2018_156a173_U3C08.indd 156 27/05/16 18:46

N
as últimas décadas, o Brasil vem passando por significativas mudanças
estruturais em sua composição demográfica, com uma tendência ao
envelhecimento populacional. Isso se dá, sobretudo, em razão da re-
dução da taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de vida. Essas
transformações provocam grandes impactos na sociedade e na economia.
Você já imaginou, por exemplo, quais são os efeitos socioeconômicos da
redução do número de jovens e do aumento da quantidade de idosos no con-
junto da população?
Neste capítulo, vamos estudar as causas e as consequências da redução
da fecundidade e do aumento da expectativa de vida, a estrutura da população
de acordo com a idade e o sexo, a distribuição da população economicamente
ativa (PEA) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Brasil.
Idosos fazem atividades f?sicas no Parque
Barigui em Curitiba (PR), em 2014.
O Brasil vem apresentando um gradual
envelhecimento da popula??o.
Rubens Chaves/Pulsar Imagens
157Aspectos da população brasileira
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1 Crescimento vegetativo da população brasileira
A sociedade brasileira vem passando por expressi-
vas mudan?as em seu perfil demogr?fico. At? a d?cada
de 1990 as taxas de fecundidade eram altas, o que con-
tribu?a para que a maior parte da popula??o fosse jo-
vem. Atualmente, a quantidade de filhos por mulher
diminuiu de forma expressiva (veja o gr?fico abaixo),
gerando reflexos diretos no crescimento populacional.
Segundo o Relat?rio de Desenvolvimento Humano
de 2015, a taxa de fecundidade da
mulher brasileira era 1,8 (2010-
-2015), inferior aos 2,1 considera-
dos pela ONU como n?vel de repo-
si??o. Esse n?vel ? o n?mero de
filhos por mulher necess?rio para
manter a popula??o com o mes-
mo tamanho. Como vimos no Ca-
p?tulo 6, a redu??o do n?mero de
filhos por mulher ? consequ?ncia
de uma s?rie de fatores, como ur-
baniza??o, avan?o nos m?todos
contraceptivos, melhoria nos ?n-
dices de educa??o, ado??o de po-
l?ticas p?blicas visando ao plane-
jamento familiar, maior ingresso das mulheres no
mercado de trabalho e mudan?as nos valores socio-
culturais, com destaque para a emancipa??o feminina.
Entre 1950 e 1980, a popula??o brasileira cresceu
em m?dia 2,8% ao ano, ?ndice que projetava sua dupli-
ca??o a cada 25 anos. J? de 2010 a 2015, o crescimento
populacional caiu para 0,8% ao ano, e a proje??o para
a popula??o duplicar aumentou para 87 anos.
A. Robson/Arquivo da editora
Palê Zuppani/Pulsar Imagens
7
6
5
4
3
2
1
0
1940
6,2 6,2 6,3
5,8
4,4
2,9
2,3
1,8
1,5
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 2020*
N?mero m?dio de filhos por mulher
Brasil: taxa de fecundidade – 1940-2020
Adaptado de: IBGE. S?ries estat?sticas. Dispon?vel em: <http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?
vcodigo=POP263&t=taxa-fecundidade-total>. Acesso em: 30 mar. 2016.
* Proje??o.
Acima, fam?lia numerosa ouve
r?dio no Rio de Janeiro (RJ), em
1942. ? direita, fam?lia
pequena passeia no centro
hist?rico de Santo Ant?nio de
Lisboa em Florian?polis (SC),
em 2014. Observe no gr?fico
acima que da d?cada de 1940
a de 2010, o n?mero m?dio de
filhos por mulher diminuiu
de 6,2 para 1,8.
Acervo Iconographia/Reminiscências
Capítulo 8158
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Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
80
70
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30
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1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020*
Anos de idade
43
52 52
63
65
69
7373
76
Brasil: esperança de vida ao nascer – 1940-2020
Adaptado de: IBGE. Séries estatísticas. Dispon?vel em: <http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?
vcodigo=POP209&t=esperanca-vida>. Acesso em: 30 mar. 2016.
* Proje??o.
Jovens-adultos
Idosos
Crianças
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 2020 2030 2040 2050
Popula•‹o (milh›es de habitantes)
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Brasil: evolução da participação dos grupos de idade na população
– 1940-2050*
Adaptado de: IBGE. Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil. Dispon?vel em: <http://seriesestatisticas.
ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=0&vcodigo=POP22&t=populacao-grupos-idade-populacao-presente-
residente>. Acesso em: 30 mar. 2016.
* Os dados de 2020 a 2050 s?o proje??es.
Paralelamente ? redu??o acentuada da natalidade,
a esperan?a de vida ao nascer tem aumentado, como
mostra o primeiro gr?fico. Esse aumento se d? em raz?o
da melhoria das condi??es de vida da popula??o e dos
avan?os na ?rea da medicina e sa?de. Por causa desse
movimento paralelo, dizemos que o Brasil encontra-se
em um per?odo de transição demográfica, que se in-
tensificou a partir dos anos 1980.
J? o segundo gr?fico mostra que o n?mero de crian-
?as no total da popula??o brasileira tem diminu?do; e
o de jovens, adultos e idosos tem aumentado, em con-
sequ?ncia da redu??o da fecundidade e do aumento
da esperan?a de vida. Para as pr?ximas d?cadas, o n?-
mero de idosos continuar? crescendo, enquanto o de
crian?as, e tamb?m o de jovens, cair?.
Essas altera??es na composi??o et?ria da popula-
??o indicam que o Brasil ingressou num per?odo es-
pecial conhecido como janela ou bônus demográfico.
Ele ocorre quando h? predom?nio de adultos no con-
junto total da popula??o em rela??o a crian?as (0 a 14
anos) e idosos (65 anos ou mais). Isso aumenta o n?-
mero de pessoas em idade produtiva e diminui a quan-
tidade de dependentes, favorecendo o desenvolvi-
mento econ?mico.
Aspectos da população brasileira159
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Estima-se que o percentual de brasileiros em idade
produtiva deva aumentar at? por volta de 2030 e depois
comece a diminuir, conforme demonstra o ?ltimo gr?-
fico da p?gina anterior.
Como vimos no Cap?tulo 5, o crescimento vegetati-
vo corresponde ? diferen?a entre as taxas de natalidade
e de mortalidade. Observando o gr?fico a seguir perce-
bemos que o crescimento vegetativo no Brasil vem di-
minuindo, especialmente por causa do menor n?mero
de nascimentos.
O aumento no n?mero de ?bitos est? associado ao
envelhecimento populacional. No entanto, em termos
percentuais, a taxa de mortalidade brasileira j? atingiu
um patamar equivalente ao de pa?ses desenvolvidos,
pr?ximo a 6?. Isso significa que seis habitantes mor-
rem a cada grupo de mil ao ano.
Perceba tamb?m que, segundo as proje??es, a partir
de 2042 a popula??o brasileira dever? parar de crescer e,
ent?o, passar? a sofrer redu??o, porque o n?mero de ?bi-
tos provavelmente ser? maior do que o de nascimentos.
198019821984198619881990199219941996199820002002200420062008201020122014201620202018202220242026202820302032203420362038204020422044
4 500 000
4 000 000
3 500 000
3 000 000
2 500 000
2 000 000
1 500 000
1 000 000
500 000
0
Número de pessoas
negativo
positivo
Crescimento
Nascimentos
Crescimento vegetativo
Óbitos
Brasil: nascimentos, óbitos e crescimento vegetativo – 1980-2044*
Brasil: crescimento vegetativo ? 2000-2060
2000/2010 2011/2020* 2021/2030* 2031/2040* 2041/2050* 2051/2060*
1,20 0,81 0,51 0,22 2 0,08 2 0,37
Adaptado de: IBGE. Proje??o da popula??o do Brasil por sexo e idade para o per?odo 2000-2060. Revis?o 2013. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br/home/estatistica/
populacao/projecao_da_populacao/2013/default.shtm>. Acesso em: 30 mar. 2016.
* Proje??es.
A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: IBGE. Proje??o da popula??o do Brasil por sexo e idade para o per?odo 2000-2060. Revis?o 2013. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br/home/
estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2013/default.shtm>. Acesso em: 30 mar. 2016.
*Os dados de 2014 a 2044 s?o proje??es.
Conhecer essas mudan?as no comportamento
demogr?fico possibilita aos governos ? federal, es-
tadual e municipal ? estabelecer planos de investi-
mentos em ?reas essenciais, como educa??o, sa?de
e previd?ncia social, adequados ao perfil populacio-
nal. Por exemplo, saber que a popula??o idosa vai
aumentar expressivamente em rela??o ? PEA, leva ?
necessidade de o governo rever as regras da previ-
d?ncia social, uma vez que haver? menos trabalha-
dores contribuindo e um n?mero maior de pessoas
utilizando o sistema previdenci?rio (aposentados e
pensionistas). Uma das discuss?es no pa?s ? justa-
mente qual seria a idade m?nima para o trabalhador
se aposentar sem comprometer o equil?brio finan-
ceiro da Previd?ncia Social.
Al?m disso, o crescimento da popula??o com idade
acima de 60 anos exige, cada vez mais, maiores inves-
timentos no sistema de sa?de, pois em geral os idosos
requerem mais cuidados m?dicos, tanto na medicina
preventiva como na curativa.
Capítulo 8160
GGB_v3_PNLD2018_156a173_U3C08.indd 160 27/05/16 18:46

Esperança de vida e mortalidade infantil
Para saber mais
A esperan?a de vida ao nascer e a taxa de mortalidade
infantil s?o importantes indicadores da qualidade de vida
da popula??o de um pa?s. Essas taxas podem revelar como
est? a qualidade do ensino, do saneamento b?sico, dos ser-
vi?os de sa?de, como campanhas de vacina??o, aten??o ao
pr?-natal, aleitamento materno e nutri??o, entre outros.
? importante observar que, no Brasil, os contrastes
regionais s?o muito acentuados. Em 2014, na regi?o Sul,
a expectativa de vida ao nascer era 4,7 anos maior do que
na regi?o Nordeste, onde o ?ndice de mortalidade infantil,
embora tenha apresentado grande redu??o entre 2000 e
2012, tamb?m continua bastante elevado em rela??o ?s
outras regi?es. Portanto, os indicadores nacionais corres-
pondem a uma m?dia, n?o revelando as desigualdades
entre regi?es e tamb?m dentro delas.
Embora tenha ca?do de aproximadamente 100% pa-
ra 16% entre 1970 e 2015, a mortalidade infantil no Brasil
ainda ? alta se comparada com a de outros pa?ses com
n?vel de desenvolvimento semelhante. Segundo o Banco
Mundial, em 2015, na Argentina essa taxa era de 11% e
no Chile, 7%. Com rela??o aos pa?ses desenvolvidos, a
dist?ncia ? ainda maior: Luxemburgo e Jap?o, 2% . Nesses
pa?ses, os fatores da mortalidade infantil independem de
pol?ticas de infraestrutura social; j? no caso do Brasil, o
percentual de mortes associadas ? car?ncia de servi?os
p?blicos essenciais ainda ? elevado.
Brasil: esperan?a de vida ao nascer (anos) ? 2014
Regi?es Total
Norte 71,8
Nordeste 72,5
Sudeste 76,9
Sul 77,2
Centro-Oeste 74,7
Brasil 75,1
Adaptado de: IBGE. S?ntese de indicadores sociais 2015. Rio de Janeiro, 2015.
Dispon?vel em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv95011.pdf>.
Acesso em: 30 mar. 2016.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
2000
2012
%
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Brasil: taxa de mortalidade infantil – 2000/2012
Adaptado de: IBGE. Indicadores de desenvolvimento
sustent?vel 2015. Dispon?vel em: <http://biblioteca.
ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94254.pdf>.
Acesso em: 30 mar. 2016.
A. Robson/Arquivo da editora
50%
Observe que, apesar
de a maior queda no

?ndice de mortalidade

infantil ter ocorrido

nas regi?es Nordeste e

Norte, elas continuam

a apresentar as

maiores taxas do pa?s.
Campanha de vacina??o contra
poliomielite em Belo Horizonte (MG),
em 2014. Os avan?os nos servi?os
p?blicos de sa?de contribu?ram para a
diminui??o da mortalidade infantil.
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Aspectos da população brasileira161
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2004
0 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 24
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 a 69
70 a 74
75 a 79
25 a 29
6,0 6,04,0 4,02,0 2,00 0 %
80 anos
ou mais
mulheres
homens
2014
0 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 24
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 a 69
70 a 74
75 a 79
25 a 29
6,0 6,04,0 4,02,0 2,00 0 %
80 anos
ou mais
mulheres
homens
Grupos de idade Grupos de idade
2 Estrutura da população brasileira
Brasil: pirâmides etárias – 2004/2014
Adaptado de: IBGE. Pnad. S?ntese de Indicadores 2014. Dispon?vel em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94935.pdf>.
Acesso em: 30 mar. 2016.
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
O aumento da esperan?a de vida da popula??o
brasileira ao nascer e a queda das taxas de natalidade
e mortalidade v?m provocando mudan?as na pir?mide
et?ria. Est? ocorrendo um significativo estreitamento
em sua base, que corresponde aos mais jovens, e o alar-
gamento do meio para o topo, por causa do aumento
da participa??o percentual de adultos e idosos.
Quanto ? distribui??o da popula??o brasileira por
g?nero, o pa?s se enquadra nos padr?es mundiais:
nascem cerca de 105 homens para cada 100 mulheres.
No entanto, a taxa de mortalidade juvenil masculina
? mais elevada e a expectativa de vida dos homens
? mais baixa em rela??o ?s mulheres.
Em raz?o disso, ? comum as pir?mides et?rias
apresentarem uma parcela ligeiramente maior de
popula??o feminina. Segundo o IBGE, em 2014, o Bra-
sil tinha 98,3 milh?es de homens (48,4%) e 104,8 mi-
lh?es de mulheres (51,6%).
G. Evangelista/Opção Brasil Imagens
Idosas trabalham em tape?aria artesanal em Diamantina (MG), em 2015. Muitos idosos, apesar de aposentados, precisam
continuar trabalhando para garantir a sobreviv?ncia da fam?lia.
Capítulo 8162
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Mortalidade de jovens e adultos
Um aspecto demogr?fico da popula??o brasileira
que vem se tornando cada vez mais preocupante ? o
aumento das mortes de adolescentes e adultos jovens
do sexo masculino por causas violentas, como assassi-
natos e acidentes automobil?sticos decorrentes de ex-
cesso de velocidade, imprud?ncia ou uso de drogas.
Isso provoca impactos na distribui??o et?ria da popu-
la??o e na propor??o entre os sexos, al?m de trazer
implica??es socioecon?micas.
Segundo o IBGE, se n?o ocorressem mortes prema-
turas da popula??o masculina, a esperan?a de vida
m?dia dos brasileiros seria maior em dois ou tr?s anos.
Como podemos observar no gr?fico abaixo, o predo-
m?nio de mulheres na popula??o total vem aumentan-
do. Em 2000, havia 98,7 homens para cada grupo de
100 mulheres. Em 2010, esse ?ndice reduziu para 97,9
homens para cada grupo de 100 mulheres.
A mortalidade por causas violentas gera altos cus-
tos sociais e econ?micos. Al?m das vidas perdidas, das
sequelas causadas nos familiares das v?timas e da
diminui??o da qualidade de vida da popula??o em
geral, em decorr?ncia da inseguran?a provocada pela
viol?ncia, h? gastos elevados com a preven??o e a
coibi??o da viol?ncia, com a vigil?ncia ? venda de dro-
gas, entre outros.
Ricardo Teles/Pulsar Imagens
Corrida de cem metros feminina durante os primeiros Jogos Mundiais dos Povos
Ind?genas, realizado em Palmas (TO), em 2015. O n?mero de mulheres tem aumentado
no total da popula??o brasileira, j? que o envolvimento em situa??es violentas e
acidentes tem sido maior por parte dos homens adolescentes e adultos jovens.
163
Brasil: evolução da porcentagem de homens em relação ao número de
mulheres – 1980-2060*
10 0
80
60
20
40
0
1980198519901995200020052010 2015202020252030203520402045205020552060
% homens / 100 mulheres
98,7 98,4 97,9 97,4 98,7 98,3 97,9 97,5 97,2 96,9 96,6 96,3 95,9 95,6 95,3 95,0 94,7
Adaptado de: IBGE. Proje??o da popula??o do Brasil por sexo e idade para o per?odo 2000-2060. Revis?o 2013. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br/home/
estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2013/default_tab.shtm>. Acesso em: 30 mar. 2016.
* Os dados de 2015 a 2060 s?o proje??es.
A. Robson/Arquivo da editora
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Outras leituras
Dialogando
com EDucação física
Dialogando
com biologiaDesnutrição e sobrepeso
Nas últimas décadas, o Brasil passou por diversas mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais que
evidenciaram transformações no modo de vida da população. A ampliação de políticas sociais na área de saú-
de, educação, trabalho e emprego e assistência social contribuiu para a redução das desigualdades sociais e
permitiu que o país crescesse de forma inclusiva. Também se observou rápida transição demográfica, epide-
miológica e nutricional, apresentando como consequência maior expectativa de vida e redução do número de
filhos por mulher, além de mudanças importantes no padrão de saúde e consumo alimentar da população
brasileira. As principais doenças que atualmente acometem os brasileiros deixaram de ser agudas e passaram
a ser crônicas. Apesar da intensa redução da desnutrição em crianças, as deficiências de micronutrientes e a
desnutrição crônica ainda são prevalentes em grupos vulneráveis da população, como em indígenas, quilom-
bolas e crianças e mulheres que vivem em áreas vulneráveis. Simultaneamente, o Brasil vem enfrentando
aumento expressivo do sobrepeso e da obesidade em todas as faixas etárias, e as doenças crônicas são a prin-
cipal causa de morte entre adultos. O excesso de peso acomete um em cada dois adultos e uma em cada três
crianças brasileiras. Para o enfrentamento desse cenário, é emergente a necessidade da ampliação de ações
intersetoriais que repercutam positivamente sobre os diversos determinantes da saúde e nutrição. Nesse con-
texto, o setor saúde tem importante papel na promoção da alimentação adequada e saudável, compromisso
expresso na Política Nacional de Alimentação e Nutrição e na Política Nacional de Promoção da Saúde. A pro-
moção da alimentação adequada e saudável no Sistema Único de Saúde (SUS) deve fundamentar-se nas di-
mensões de incentivo, apoio e proteção da saúde e deve combinar iniciativas focadas em políticas públicas
saudáveis, na criação de ambientes saudáveis, no desenvolvimento de habilidades pessoais e na reorientação
dos serviços de saúde na perspectiva da promoção da saúde. [...]
A escolha dos alimentos
Quatro categorias de alimentos, definidas de acordo com o tipo de processamento empregado na sua produção,
são abrangidas pelas recomendações do capítulo [dois do Guia Alimentar para a População Brasileira]. A primei-
ra reúne alimentos in natura ou minimamente processados. Alimentos in natura são aqueles obtidos dire-
tamente de plantas ou de animais (como folhas e frutos ou ovos e leite) e adquiridos para consumo sem
que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza. Alimentos minimamente proces-
sados são alimentos in natura que, antes de sua aquisição, foram submetidos a alterações mínimas.
Exemplos incluem grãos secos, polidos e empacotados ou moídos na forma de farinhas, raízes
e tubérculos lavados, cortes de carne resfriados ou congelados e leite pasteurizado. A
segunda categoria corresponde a produtos extraídos de alimentos in natura ou di-
retamente da natureza e usados pelas pessoas para temperar e cozinhar alimen-
tos e criar preparações culinárias. Exemplos desses produtos são: óleos,
gorduras, açúcar e sal. A terceira categoria corresponde a produ-
tos fabricados essencialmente com a adição de sal ou açú-
car a um alimento in natura ou minimamente processa-
do, como legumes em conserva, frutas em calda, queijos
e pães. A quarta categoria corresponde a produtos cuja
fabricação envolve diversas etapas e técnicas de
processamento e vários ingredientes, muitos
deles de uso exclusivamente industrial.
Exemplos incluem refrigerantes,
biscoitos recheados, “salgadi-
nhos de pacote” e “ma-
carrão instantâ-
neo”. [...]
Capítulo 8164
GGB_v3_PNLD2018_156a173_U3C08.indd 164 27/05/16 18:47

Sérgio Pedreira/Pulsar Imagens
Evite alimentos ultraprocessados
Devido a seus ingredientes, alimentos ultraprocessados são nutricionalmente desbalanceados. Por conta
de sua formulação e apresentação, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura ou
minimamente processados. As formas de produção, distribuição, comercialização e consumo afetam de modo
desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente.
BRASIL. Minist?rio da Sa?de. Guia alimentar para a população brasileira. Bras?lia, 2014. p. 5-6;26-27;39.
Dispon?vel em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf>.
Acesso em: 8 abr. 2016.
Consulte o site da FAO – Organização
das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação. Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes e sites.
Feira livre em Feira de Santana (BA),
em 2016. Esse com?rcio de rua, t?pico
do Brasil, ? uma das possibilidades
para se encontrar alimentos in natura
ou minimamente processados,
considerados mais saud?veis do que
os alimentos industrializados.
Aspectos da população brasileira165
GGB_v3_PNLD2018_156a173_U3C08.indd 165 27/05/16 18:47

Pensando no Enem
Os gr?ficos a seguir, extra?dos do s?tio eletr?nico do IBGE, apresentam a distribui??o da popula??o brasileira por sexo e
faixa et?ria no ano de 1990 e proje??es dessa popula??o para 2010 e 2030.
atenção!
N?o escreva neste livro!
Se for confirmada a tend?ncia apresentada nos gr?ficos
relativos ? pir?mide et?ria, em 2050,
a) a popula??o brasileira com 80 anos de idade ser? com-
posta por mais homens que mulheres.
b) a maioria da popula??o brasileira ter? menos de 25
anos de idade.
c) a popula??o brasileira do sexo feminino ser? inferior
a 2 milh?es.
d) a popula??o brasileira com mais de 40 anos de idade
ser? maior que em 2030.
e) a popula??o brasileira ser? inferior ? popula??o de
2010.
Resolu•‹o
A alternativa correta é a D. A redução da taxa de natali-
dade e o aumento da expectativa de vida da população
brasileira nas últimas décadas vêm provocando redução
na participação percentual do número de jovens e au-
mento no número de adultos e idosos no conjunto total.
Essa questão trabalha a Compet?ncia de ?rea 5 ? Utili-
zar os conhecimentos hist?ricos para compreender e va-
lorizar os fundamentos da cidadania e da democracia,
favorecendo uma atua??o consciente do indiv?duo na
sociedade – e a Habilidade 25 ? Identificar estrat?gias
que promovam formas de inclus?o social.
0
80
10
20
30
40
50
60
70
1 500 000
2 000 000 2 000 0001 000 000 1 000 000
500 000 0 500 000 1 500 000
homens mulheres
idade (anos)
Piramide etária
absoluta 1990
população
0
80
10
20
30
40
50
60
70
1 500 000
2 000 000 2 000 0001 000 000 1 000 000
500 000 0 500 000 1 500 000
homens mulheres
idade (anos)
Piramide etária
absoluta 2010
população
0
80
10
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30
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50
60
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1 500 000
2 000 000 2 000 0001 000 000 1 000 000
500 000 0 500 000 1 500 000
homens mulheres
idade (anos)
Piramide etária
absoluta 2030
população
A. Robson/Arquivo da editora
Filipe Rocha/Arquivo da editora
Capítulo 8166
GGB_v3_PNLD2018_156a173_U3C08.indd 166 27/05/16 18:47

3 PEA e distribuição de renda no Brasil
O gr?fico ao lado mostra a distribui??o da popula-
??o economicamente ativa no Brasil. Ao observ?-lo,
vemos que 14,2% da PEA trabalha em atividades agr?-
colas. Embora esse n?mero venha diminuindo em raz?o
da moderniza??o e da mecaniza??o da agricultura em
algumas localidades, essa atividade econ?mica tam-
b?m ? praticada de forma tradicional e ocupa signifi-
cativa m?o de obra nas regi?es mais pobres do pa?s.
O setor industrial brasileiro, incluindo a constru??o
civil, absorve 22,3% da PEA, n?mero compar?vel ao de
pa?ses desenvolvidos. Ap?s a abertura econ?mica, ini-
ciada na d?cada de 1990, o parque industrial brasileiro
se modernizou, e algumas empresas dos setores petro-
qu?mico, extrativo mineral, sider?rgico, m?quinas e
equipamentos, constru??o civil, aeron?utico, entre
outros, ganharam proje??o internacional.
O setor terci?rio, embora ocupe mais da metade
da PEA no Brasil, engloba os maiores n?veis de subem-
prego, visto que muitos dos trabalhadores exercem
atividades informais (camel?s, flanelinhas, vendedores
ambulantes, etc.) sem garantia de direitos trabalhistas,
como f?rias e d?cimo terceiro sal?rio, al?m de n?o con-
tribu?rem para a previd?ncia social.
No Brasil, 63,5% da PEA exercem atividades terci?rias,
somando-se servi?os, com?rcio e repara??o. No setor
formal de servi?os (como escolas, hospitais, reparti??es
p?blicas, transportes, etc.), as condi??es de trabalho e
n?vel de renda s?o muito vari?veis: h? institui??es avan-
?adas administrativa e tecnologicamente, ao lado de
outras bastante tradicionais. Por exemplo, ao comparar-
mos o ensino oferecido em escolas p?blicas, percebemos
diferen?as significativas de qualidade entre as unidades.
Essa discrep?ncia ocorre tamb?m no setor de sa?de.
Agricultura
14,2%
Construção
9,2%
Indústria
13,1%
Comércio e reparação
18,2%
Serviços
45,3%
Brasil: distribuição da população ocupada,
por ramo de atividade – 2014
Adaptado de: IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domic?lios 2014.
Dispon?vel em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94935.pdf>.
Acesso em: 30 mar. 2016.
Com?rcio ambulante ?
considerado informal,
pois impostos n?o
s?o recolhidos e os
empregados n?o
usufruem de direitos
trabalhistas ? em
Parna?ba (PI), em 2014.
ciD
a
D
a
N
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l
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u
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a
D
E
D
E

g
ê
N
E
r
o
Participação das mulheres
Quanto ? composi??o da PEA por g?nero, ? poss?vel
notar certa despropor??o: em 2014, 43,2% dos traba-
lhadores eram do sexo feminino. Nos pa?ses desenvol-
vidos, essa participa??o ? mais igualit?ria, com ?ndices
pr?ximos de 50%. O aumento da participa??o feminina
na PEA ganhou impulso com os movimentos feministas
a partir da d?cada de 1970, que passaram a reivindicar
igualdade de g?nero no mercado de trabalho, nas ati-
vidades pol?ticas e em outras esferas da vida
social. Al?m disso, muitas mulheres passa-
ram a prover o sustento da fam?lia, inse-
rindo-se cada vez mais no mercado de
trabalho formal.
A. Robson/Arquivo da editora
C‰ndido Neto/Op•‹o Brasil Imagens
Consulte a obra História das
mulheres no Brasil. Veja
orientações na seção Sugestões
de leitura, filmes e sites.
167
GGB_v3_PNLD2018_156a173_U3C08.indd 167 27/05/16 18:47

Apesar de, no Brasil, as mulheres apresentarem m?-
dias mais elevadas de anos de estudo em rela??o aos
homens, ainda hoje muitas vezes elas recebem sal?rios
menores. Em 2014, as trabalhadoras recebiam, em m?dia,
74,5% dos rendimentos dos trabalhadores do sexo mas-
culino. Al?m disso, h? predomin?ncia feminina em em-
pregos de qualifica??o e sal?rios baixos, como o trabalho
dom?stico e a opera??o de telemarketing. Observe no
gr?fico abaixo que o n?mero de mulheres no mercado
de trabalho ? maior somente nas faixas salariais mais
baixas e entre aqueles que n?o t?m rendimento; nas
faixas salariais mais elevadas, os homens predominam.
Quando se analisa o perfil das pessoas desocupadas
(pessoas sem trabalho formal ou que est?o ? procura de
emprego), tamb?m se verifica que alguns grupos t?m
maior dificuldade de inser??o no mercado de trabalho.
De acordo com o IBGE, em 2014, mais da metade (56,7%)
dos desocupados eram mulheres, superando o percen-
tual dos que nunca tinham trabalhado (28,3%), dos jo-
vens entre 18 e 24 anos de idade (34,3%) e dos que n?o
tinham completado o Ensino M?dio (50,1%). O percentu-
al das brasileiras desocupadas naquele ano s? era menor
do que o dos pretos e/ou pardos (60,3%).
Nas sociedades em que a democracia est? mais
consolidada e a cidadania mais desenvolvida, existe
maior igualdade de oportunidades de trabalho entre
homens e mulheres. A redu??o da discrimina??o por
g?nero ? um importante fator de combate ? pobreza.
mulheres
homens
40
35
30
25
20
15
10
5
0
%
Salários mínimos
Até 1 Mais de 1 a 2 Mais de 2 a 5 Mais de 5 a 10 Mais de 10Sem rendimento*
5,0
9,8
31,1
33,8
27,9
17,6
6,3
4,1
3,0
1,5
33,3
21,9
Brasil: distribuição da população ocupada por classes de rendimento
médio mensal (%) – 2014
Adaptado de: IBGE. Pnad. S?ntese de indicadores 2014. Dispon?vel em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/livros/liv95011.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2016.
A. Robson/Arquivo da editora
* Inclusive as pessoas que receberam somente em benef?cios de todos os trabalhos.
Consulte o site da
Biblioteca Virtual da
Mulher. Veja orientações na
seção Sugestões de leitura,
filmes e sites.
O percentual de mulheres que s?o empregadas com baixa remunera??o ? mais alto do que o de homens. Na foto, trabalhadoras
lavam mangas em empresa exportadora de frutas em Petrolina (PE), em 2015.
Delfim Martins/Pulsar Imagens
Capítulo 8168
GGB_v3_PNLD2018_156a173_U3C08.indd 168 27/05/16 18:47

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Participação dos
afrodescendentes
Para a avalia??o do n?vel de desenvolvimento de
um pa?s, n?o basta considerar o crescimento econ?mi
-
co. ? fundamental ponderar tamb?m como se d? a
distribui??o das riquezas entre sua popula??o.
Segundo o IBGE, em 2012, as pessoas que se classifi-
cavam em pretas ou pardas recebiam cerca de 54% do
rendimento da popula??o que se classificava em branca,
revelando uma grave distin??o social entre grupos de cor
ou ra?a no pa?s, al?m da falta de equidade entre g?nero,
como vimos no item anterior. Observe o gr?fico abaixo.
Embora as desigualdades entre g?neros e entre cor
ou ra?a tenham sido reduzidas desde a d?cada de 1970,
elas ainda s?o muito acentuadas, e combater essas
diferen?as ? uma das a??es fundamentais para dimi-
nuir a pobreza no pa?s. Observe, no segundo gr?fico,
que a diferen?a na taxa de frequ?ncia escolar dos ado-
lescentes brancos e pretos ou pardos de 15 a 17 anos de
idade caiu de cerca de 13% para 3% entre 1992 e 2012, e
que a melhora do ?ndice foi crescente para todas as
cores ou ra?as da popula??o brasileira.
Adaptado de: IBGE. Indicadores de desenvolvimento sustent?vel 2015. Dispon?vel em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/livros/liv94254.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2016.
* Exclusive a popula??o rural de Acre, Amap?, Amazonas, Par?, Rond?nia e Roraima entre 1992 e 2003.
A partir de 2004 a amostra inclui todo o territ?rio nacional, constituindo-se numa nova s?rie.
** N?o houve pesquisa nos anos 1994, 2000 e 2010.
0
30
20
10
40
50
60
70
80
90
10 0
Total
Branca
Preta e Parda
%
19921993199419951996199719981999200020 012002200320042005200620072008200920102 0 112012
Brasil*: taxa de frequência escolar das pessoas de 15 a 17 anos de idade,
por cor ou raça – 1992-2012**
Consulte o site do Núcleo de Estudos
Negros. Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes e sites.
Total
Branca
Preta e Parda
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
R$ 100,00
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2 0 11 2012
Brasil: rendimento médio mensal das pessoas com 15 anos ou mais de
idade, com rendimento*, por cor ou raça – 2004-2012**
Adaptado de: IBGE. Indicadores de desenvolvimento sustent?vel 2015. Dispon?vel em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/livros/liv94254.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2016.
* Exclusive as informa??es das pessoas sem declara??o de rendimento.
** N?o houve pesquisa no ano de 2010.
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
Aspectos da população brasileira169
GGB_v3_PNLD2018_156a173_U3C08.indd 169 27/05/16 18:47

Desigualdade social
O Brasil apresenta uma das piores distribui??es de
renda do mundo. A tabela a seguir mostra que a parti-
cipa??o dos mais pobres na renda nacional ? muito
pequena, e a dos mais ricos, bastante expressiva. Al?m
da heran?a hist?rica da escravid?o e da concentra??o
de terras, esse mecanismo de desigualdade social, com
resultados perversos para a maior parte da popula??o,
foi acentuado ao longo do processo inflacion?rio de
pre?os nas d?cadas de 1980 e 1990.
Como vimos no Cap?tulo 2, os reajustes da infla??o
nunca foram totalmente repassados aos sal?rios. Na-
quele per?odo, sucessivos governos agravaram o pro-
cesso de concentra??o de renda ao aplicar recursos em
benef?cio de setores ou atividades privadas, em detri-
mento dos investimentos em educa??o, sa?de, trans-
porte coletivo, habita??o, saneamento e outros servi-
?os p?blicos.
Apesar de a participa??o dos mais pobres na renda
nacional ser ainda muito baixa, esse ?ndice veio apre-
sentando melhora a partir de 1994. Com o Plano Real
e os programas de transfer?ncia de renda implantados
pelos governos nas ?ltimas d?cadas (aposentadoria
rural, bolsa-escola, bolsa-fam?lia e muitos outros) os
mais pobres passaram a ter uma participa??o um pou-
co maior na renda nacional.
Brasil: distribui??o de renda (% sobre o total da renda
nacional) ? 1981-2013
1981 1990 1999 2013
10% mais pobres 0,8 0,8 0,8 1,0
20% mais pobres 2,7 2,3 2,5 3,3
10% mais ricos 45,9 48,1 47,6 41,8
20% mais ricos 62,3 64,6 63,3 57,4
Adaptado de: WORLD BANk. Poverty: Income Share. Dispon?vel em:
<http://data.worldbank.org/indicator>. Acesso em: 5 abr. 2016.
Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome.”
VELOSO, Caetano. Gente. In: Bicho (LP). Philips, 1977.
Gerson Gerloff/Pulsar Imagens
Moradias subnormais na
periferia de Caxias do Sul (RS),
em 2015. A segrega??o espacial
e a desigualdade nas condi??es
de habita??o s?o reflexos da
concentra??o de renda.
170
GGB_v3_PNLD2018_156a173_U3C08.indd 170 27/05/16 18:47

4 IDH do Brasil
Segundo o Relat?rio de Desenvolvimento Humano
2015, publicado pelo Pnud, em 2014 o Brasil possu?a um
?ndice de Desenvolvimento Humano elevado, ocupan-
do a 75
a
posi??o mundial. O pa?s mant?m o n?vel eleva-
do de desenvolvimento humano desde 2005.
Das tr?s vari?veis consideradas no c?lculo do IDH
(longevidade, educa??o e renda ? veja o gr?fico abaixo),
a que, nas ?ltimas d?cadas, apresentou a maior con-
tribui??o para a melhora do ?ndice brasileiro foi o
avan?o na educa??o. Em contrapartida, a renda foi a
vari?vel que menos contribuiu nesse per?odo. No item
longevidade, que permite avaliar as condi??es gerais
de sa?de da popula??o, os avan?os tamb?m foram
bastante significativos.
Entre 1990 e 2013, a taxa de
alfabetiza??o da popula??o
com 15 anos ou mais aumentou
de 82% para 91%.
De 1990 a 2014, a taxa de
matr?cula no Ensino
Fundamental de crian?as
entre 7 e 14 anos aumentou
de 86% para 98%.
A renda per capita subiu
de US$ (PPC) 7 349 para
US$ (PPC) 15 175.
Brasil
Avanços na educação.
No mesmo per?odo, a esperan?a
de vida ao nascer cresceu de
67,6 para 74,5 anos.
Veja a seguir os dados do Relat?rio de Desenvolvimento Humano 2015 em compara??o aos dados de 1990.
1,000
0,900
0,800
0,700
0,600
0,500
0,400
0,300
0,200
0,100
0,000
IDHM IDHM
Educação
IDHM
Renda
IDHM
Longevidade
1991 2000 2010
0,493
0,612
0,727
0,279
0,456
0,637
0,647
0,692
0,739
0,662
0,727
0,816
Brasil: IDHM* e seus subíndices – 1991, 2000, 2010
Adaptado de: PROGRAMA DAS NA??ES UNIDAS
PARA O DESENVOLVIMENTO (Pnud). Atlas do
desenvolvimento humano no Brasil 2013. Dispon?vel
em: <www.pnud.org.br/arquivos/idhm-do-brasil.
pdf>. Acesso em: 30 mar. 2016.
* IDHM: ?ndice de Desenvolvimento Humano
Municipal; o ?ndice estadual corresponde ? m?dia
obtida nos munic?pios que comp?em a unidade da
federa??o. Classifica??o segundo o IDHM de 2000.
Banco de imagens/Arquivo da editora
Observe que, apesar de ter
apresentado o maior avan?o nas
?ltimas d?cadas, o ?ndice de
educa??o ? o mais baixo dos tr?s,
sendo o ?nico que se localiza
abaixo de 0,700 (em 2010 era de
0,637), na faixa de m?dio
desenvolvimento humano.
Consulte o site do Pnud. Veja
orientações na seção Sugestões
de leitura, filmes e sites.
171Aspectos da população brasileira
GGB_v3_PNLD2018_156a173_U3C08.indd 171 27/05/16 18:47

Observe, na tabela, que os estados brasileiros apresentaram varia??o positiva no IDH ao longo das d?cadas
de 1990 e 2010, embora algumas posi??es tenham se alterado.
Brasil: classifica??o das unidades da federa??o segundo o IDHM ? 1991, 2000, 2010
Posi??o/UF
IDHM
1991
IDHM
2000
IDHM
2010
Posi??o/UF
IDHM
1991
IDHM
2000
IDHM
2010
Distrito Federal 0,616 0,725 0,824 Tocantins 0,369 0,525 0,699
S?o Paulo 0,578 0,702 0,783 Par? 0,413 0,601 0,646
Rio Grande do Sul0,542 0,664 0,746 Amazonas 0,430 0,515 0,674
Santa Catarina 0,543 0,674 0,774
Rio Grande
do Norte
0,428 0,552 0,684
Rio de Janeiro 0,573 0,664 0,761 Cear? 0,405 0,541 0,682
Paran? 0,507 0,650 0,749 Bahia 0,386 0,512 0,660
Goi?s 0,487 0,615 0,735 Acre 0,402 0,517 0,663
Mato Grosso do Sul0,488 0,613 0,729 Pernambuco 0,440 0,544 0,673
Mato Grosso 0,449 0,601 0,725 Sergipe 0,408 0,518 0,665
Esp?rito Santo 0,505 0,640 0,740 Para?ba 0,382 0,506 0,658
Minas Gerais 0,478 0,624 0,731 Piau? 0,362 0,484 0,646
Amap? 0,472 0,577 0,708 Maranh?o 0,357 0,476 0,639
Roraima 0,459 0,598 0,707 Alagoas 0,370 0,471 0,631
Rond?nia 0,407 0,537 0,690
Adaptado de: PROGRAMA DAS NA??ES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (Pnud). Atlas do desenvolvimento humano no Brasil.
Dispon?vel em: <www.pnud.org.br/atlas/ranking/Ranking-IDHM-UF-2010.aspx>. Acesso em: 30 mar. 2016.
A educa??o ? um dos itens de grande import?ncia no IDHM. Na foto, alunos estudam em escola municipal de Sobral (CE), em 2013.
Eduardo Zappia/Pulsar Imagens
Capítulo 8172
GGB_v3_PNLD2018_156a173_U3C08.indd 172 27/05/16 18:47

Atividades
Compreendendo conteúdos
1. Por que o Brasil est? passando por um per?odo de transi??o demogr?fica?
2. Qual ? o significado da express?o janela ou b?nus demogr?fico?
3. Quais s?o as principais causas do aumento da mortalidade de adolescentes e adultos jovens do sexo masculi-
no? Quais s?o as consequ?ncias gerais desse fato para a sociedade?
4. Caracterize as condi??es de subnutri??o e obesidade da popula??o brasileira.
5. Quais indicadores revelam as desigualdades entre g?neros e cor ou ra?a na popula??o brasileira? Quais s?o as
principais consequ?ncias dessas desigualdades?
Desenvolvendo habilidades
6. Observe novamente, na p?gina 169, os dados estat?sticos sobre as diferen?as entre cor ou ra?a nos rendimentos.
Em seguida, analise os dados do gr?fico abaixo e responda:
a) Como foi a evolu??o do rendimento familiar per capita por cor ou ra?a entre 2004 e 2014?
b) Quais s?o as causas e as principais consequ?ncias dessas desigualdades?
Pesquise dados em
classificados de jornais e na
internet. Consulte tamb?m o site
do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais (Inep).
Veja orienta??es na se??o
Sugestões de leitura, filmes e sites.
10% mais
pobres
1% mais
rico
10% mais
pobres
1% mais
rico
26,5%
85,7%
22,8%
79,6%
73,2%
12,4%
76,0%
17,4%
2004 2014
Preta ou parda
Branca
7. Em grupo ou individualmente, fa?a uma lista das principais atividades econ?micas realizadas no bairro ou no
munic?pio onde voc? mora, com base em suas observa??es cotidianas. Em seguida, responda ?s quest?es:
a) Quais atividades econ?micas precisam de mais e menos m?o de obra?
b) O n?vel de escolaridade m?nimo exigido para exercer cada uma delas ? diferente? Explique.
c) H? mais homens ou mulheres trabalhando?
d) Nessas atividades econ?micas h? participa??o igualit?ria de brancos, pardos e pretos? Ou h? atividades que
concentram mais determinado grupo do que outro? Justifique sua resposta com exemplos.
8. Agora, pense na profiss?o que voc? gostaria de exercer e responda ?s quest?es:
a) Qual ? o n?vel de escolaridade exigido para quem exerce essa profiss?o?
b) Quais s?o os melhores cursos ou faculdades que preparam esses profissionais?
c) Onde se localizam essas escolas e qual ? a dura??o do curso?
d) Como est? a procura por esses profissionais no mercado de trabalho e qual ?
seu sal?rio m?dio?
Brasil: rendimento familiar per capita por cor ou raça – 2004/2014
Adaptado de: IBGE. S?ntese de
indicadores sociais 2015. Dispon?vel
em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/
visualizacao/livros/liv95011.pdf>.
Acesso em: 30 mar. 2016.
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Aspectos da população brasileira173
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Vestibulares de Norte a Sul
1. SE (FGV-SP)
Província russa tem feriado para casais
procriarem
O governador de uma das prov?ncias da R?ssia ocidental
instituiu a data de 12 de setembro para incentivar os casais
a pensar em procria??o em um dia livre do trabalho.
www.noticias.uol.com.br (acesso em 12.09.2008)
Esse tipo de iniciativa evidencia:
a) a quest?o demogr?fica alarmante da R?ssia, que
apresenta uma taxa de natalidade muito baixa e
registra, atualmente, um crescimento natural ne-
gativo.
b) a necessidade de o governo russo demonstrar a
superioridade ?tnica dos eslavos frente a grupos
?tnicos minorit?rios, como os tchetchenos.
c) o esfor?o do Estado para associar o crescimento
demogr?fico com o econ?mico, pois ambos ainda
se ressentem do per?odo de transi??o pol?tica.
d) a preocupa??o geopol?tica russa com os grandes
espa?os vazios a serem povoados, principalmente
nas ?reas de fronteira com os outros pa?ses da CEI.
e) a nova pol?tica demogr?fica do governo russo, vol-
tada para recuperar a posi??o que tinha at? o final
da d?cada de 1980, de pa?s populoso.
2. SE (Fuvest-SP) As previs?es catastrofistas dos ?neo-
malthusianos? sobre o crescimento demogr?fico e sua
press?o sobre os recursos naturais n?o se confirma-
ram, notadamente, porque:
a) o processo de globaliza??o permitiu o acesso volun-
t?rio e universal a meios contraceptivos eficazes,
impactando, sobretudo, os pa?ses em desenvolvi-
mento.
b) a nova onda de ?revolu??o verde?, propiciada pela
introdu??o dos transg?nicos, afastou a amea?a de
fome epid?mica nos pa?ses mais pobres.
c) as a??es governamentais e a urbaniza??o implica-
ram forte queda nas taxas de natalidade, exceto
em pa?ses mu?ulmanos e da ?frica subsaariana,
entre outros.
d) o estilo de vida consumista, maior respons?vel pe-
la degrada??o dos recursos naturais, vem sendo
superado desde a Confer?ncia Rio-92.
e) os fluxos migrat?rios de pa?ses pobres para aque-
les ricos que t?m crescimento vegetativo negati-
vo compensaram a press?o sobre os recursos
naturais.
Testes
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS DUAS QUESTÕES:
Texto I
Thomas Malthus (1766-1834) assegurava que, se a
popula??o n?o fosse de algum modo contida, dobraria de
25 em 25 anos, crescendo em progress?o geom?trica, ao
passo que, dadas as condi??es m?dias da terra dispon?veis
em seu tempo, os meios de subsist?ncia s? poderiam
aumentar, no m?ximo, em progress?o aritm?tica.
Texto II
A ideia de um mundo fam?lico assombra a humanidade
desde que Thomas Malthus previu que no futuro n?o
haveria comida em quantidade suficiente para todos.
Organismos internacionais ? Organiza??o das Na??es
Unidas, Banco Mundial e Fundo Monet?rio Internacional
? chamaram a aten??o para a gravidade dos problemas
decorrentes da alta dos alimentos. O Banco Mundial prev?
que 100 milh?es de pessoas poder?o submergir na linha
que separa a pobreza da mis?ria absoluta devido ao
encarecimento da comida.
FRAN?A, R. O fantasma de Malthus. Veja. 23 abr. 2008. (Adaptado).
3. S (UEL-PR) Assinale a alternativa que identifica os fa-
tores causadores da escassez de alimentos apontados
pelos textos I e II, respectivamente.
a) Limites naturais e crescimento demogr?fico acelerado.
b) Eleva??o dos custos de produ??o dos alimentos e
empobrecimento da popula??o.
c) Pauperiza??o dos solos e subdesenvolvimento.
d) Controle de natalidade e explos?o demogr?fica.
e) Produ??o insuficiente de alimentos e eleva??o dos
pre?os dos alimentos.
4. S (UEL-PR) Com base nos textos I e II e nos conheci-
mentos sobre o tema da fome no mundo, considere
as afirmativas.
I. Nas previs?es sobre o problema da fome, contidas
nos textos I e II, est?o exclu?das considera??es so-
bre a heterogeneidade socioespacial desse proble-
ma na escala mundial.
II. No texto I, a explica??o sobre as causas da escassez
de alimentos baseia-se em uma combina??o de
fatores dentre os quais est? ausente a evolu??o da
produtividade no setor prim?rio da economia.
III. No texto II, o crescimento populacional que culmi-
nar? no aumento de 100 milh?es de pessoas po-
bres no mundo ? apontado como o respons?vel
pela expans?o da fome.
IV. No texto II, para os organismos internacionais, as
previs?es de Malthus se confirmaram, pois a atual
expans?o do n?mero de fam?licos se deve ? insufi-
ci?ncia estrutural da produ??o mundial de alimentos.
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Unidade 3174
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Assinale a alternativa CORRETA.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
5. S (UFRGS-RS) Observe a figura abaixo.
a) É um critério que permite conhecer a real situação
da renda num país.
b) É o melhor indicador para configurar economica-
mente um país subdesenvolvido.
c) O resultado que oferece é distorcido, pois oculta a
má distribuição da renda.
d) Como indicador, sua aplicação deve se restringir aos
países desenvolvidos.
e) O valor desse índice não é abrangente, pois deixa
de indicar a qualidade do trabalho.
8. CO (UEG-GO) Os deslocamentos populacionais que
ocorrem em decorrência da procura de melhores con-
dições de vida e a fuga de regiões em conflitos repre-
sentam um dos efeitos colaterais da globalização. A
propósito dessa temática, é INCORRETO afirmar:
a) A Ásia pode ser identificada como uma área de re-
pulsão, uma vez que o continente concentra o maior
contingente absoluto de pobres do mundo por cau-
sa das injustas estruturas econômicas e sociais, do
sistema de castas e de questões religiosas.
b) Cada lugar é carregado de cultura e tradições, por
isso as regiões marcadas pela entrada de imigrantes
desenvolvem a xenofobia, fruto da intolerância e
do medo da perda de identidade.
c) A falta de políticas públicas e investimentos na área
de pesquisa e tecnologia nos países subdesenvol-
vidos provoca as migrações conhecidas como “eva-
são de cérebros”, representando entraves para o
desenvolvimento técnico-científico.
d) Migrações provocadas por guerras locais têm sido
constantes e crescentes. Entre os diversos locais do
mundo, é no continente asiático que se desencadeia a
maior quantidade de movimentos migratórios decor-
rentes de guerras civis, com legiões de refugiados va-
gando em busca de abrigo e fugindo das guerras tribais.
9. SE (UFMG) Considerando-se os reflexos das migrações
internacionais na organização do espaço mundial, é
INCORRETO afirmar que, na atualidade, há
a) um aumento de ações decorrentes da xenofobia
que caracteriza parcela da população dos países
receptores de imigrantes.
b) um crescimento do contingente de imigrantes ilegais,
o que tem favorecido a criação de leis que dificultam
e criminalizam a presença deles nos países receptores.
c) uma plena integração cultural e socioeconômica,
no país receptor, das gerações posteriores de imi-
grantes, tornadas cidadãos nacionais.
d) uma tendência à mudança do perfil étnico, nos paí-
ses receptores, em razão do número de imigrantes
recebidos e de seu comportamento demográfico
diferenciado.
Brasil
Allmaps/Arquivo da editora
Essa representação gráfica denomina-se anamorfose,
isto é, trata-se de um planisfério no qual as áreas dos
países possuem tamanho proporcional à variável ou
dado que se pretende mostrar.
A variável ou dado considerado nessa anamorfose da
figura anterior corresponde aos países de maior
a) Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
b) Produto Interno Bruto (PIB).
c) contingente populacional.
d) biodiversidade.
e) potencial hídrico.
6. NE (UFPE) Leia atentamente o texto a seguir.
A população, sem limitações, aumenta em proporção
geométrica. Os meios de subsistência aumentam em
proporção aritmética. Um pequeno conhecimento dos
números mostrará a imensidade do primeiro poder em
comparação com o segundo. Pela lei de nossa natureza
que torna o alimento necessário à vida do homem, os
efeitos dessas forças desiguais devem ser mantidos em pé
de igualdade.
O texto acima refere-se a uma concepção:
a) neoliberal.
b) neomarxista.
c) possibilista.
d) marxista-leninista.
e) malthusiana.
7. SE (FGV-SP) Para indicar o estágio de desenvolvimen-
to de um país, usam-se diversos índices ou indicado-
res, como, por exemplo, a situação da renda per ca-
pita. Acerca do uso da renda per capita como
indicador de desenvolvimento, pode-se fazer a se-
guinte observação:
175População
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10. NE (UFPE) O fen?meno das migra??es foi sempre um
marco na hist?ria da humanidade. Segundo a ONU, o
deslocamento populacional cresceu significativamen-
te nos ?ltimos 25 anos. Com rela??o a este movimen-
to de pessoas, analise as proposi??es seguintes.
Pessoas com elevado grau de forma??o profissional,
especializadas, de pa?ses perif?ricos e emergentes,
s?o chamadas para assumirem postos de trabalho
em pa?ses centrais. Esse tipo de migra??o ? chama-
do de ?migra??o de c?rebros? ou ?fuga de c?rebros?.
O nordestino brasileiro continua a ser visto como
uma ?ave de arriba??, em fun??o de viver se des-
locando para outras ?reas do pa?s. Exemplo disso ?
a migra??o atual de trabalhadores para o Centro-
-Sul, a fim de atuarem na agroind?stria canavieira.
A crise econ?mica que assolou a Europa, nos anos
de 1970, provocou uma forte retra??o no movimen-
to migrat?rio. Contudo, nos anos de 1980, houve
uma retomada desse movimento, principalmente
por parte de pessoas oriundas do Leste Europeu,
que se deslocaram em dire??o ? Europa ocidental.
O ?xodo rural, que bem caracterizou as migra??es
no Brasil, nos anos de 1960 e 1970, continua a ocor-
rer e at? mesmo com mais intensidade nessa pri-
meira d?cada do s?culo XXI, em fun??o do poder
de atra??o que t?m as metr?poles.
A migra??o de garimpeiros da regi?o Norte brasi-
leira para Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana
Francesa pode ser classificada, quanto ao espa?o,
em migra??o externa continental.
11. S (UFSM-RS)
No mundo contempor?neo, enquanto alguns muros
caem, outros s?o erguidos; por?m, continuam a sepa-
rar pessoas e a delimitar territ?rios. Sobre esse assun-
to, considere as seguintes afirmativas:
I. Na fronteira com o M?xico, barreira foi erguida a
fim de impedir que latino-americanos migrassem
ilegalmente para os EUA em busca de trabalho e
de melhores condi??es de vida.
II. O ?muro de prote??o? constru?do por Israel na
Cisjor d? nia ? uma forma de dificultar a passagem
dos palestinos e proteger os colonos judeus nos
territ?rios ocupados.
III. A Uni?o Europeia busca formas de impedir a en-
trada dos ?b?rbaros do sul?, provenientes da ?frica,
que entram em maior n?mero pelo sul do conti-
nente, o que pode ser exemplificado pela cerca
erguida para separar do Marrocos as cidades espa-
nholas de Ceuta e Melilla.
Est?(?o) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) I, II e III.
12. NE (UFPE) Um grupo de vestibulandos realizou um
debate sobre o tema ?A Popula??o Brasileira?. Ao final
do debate, o redator do grupo apresentou, para o res-
tante da classe, cinco conclus?es sobre o tema, trans-
critas a seguir. Analise-as.
Os fluxos migrat?rios no pa?s est?o mais intensos,
nos ?ltimos anos, dentro do Estado ou da regi?o de
origem. Esse fato reflete a busca de novas oportu-
nidades de trabalho e de condi??es de vida.
O surgimento de novos polos de atra??o a fluxos
migrat?rios e o aumento do desemprego na Regi?o
Sudeste foram fatores que contribu?ram bastante
para o retorno de migrantes a suas regi?es de ori-
gem na d?cada passada.
O censo de 2000 demonstrou que no Brasil a maior
parte da popula??o vive nas ?reas rurais, sobretudo
na Amaz?nia, e se dedica a atividades econ?micas
no setor secund?rio da economia.
Durante o s?culo XX, as Regi?es Centro-Oeste e
Norte aumentaram sua participa??o no total da
popula??o; este fato est? fortemente associado a
intensos fluxos imigrat?rios de asi?ticos, sobretu-
do chineses e japoneses, que se instalaram nessas
regi?es e se dedicaram ?s atividades agr?colas.
O aumento acentuado do n?mero m?dio de filhos
por mulher ? considerado o fator determinante do
aumento do crescimento da popula??o brasileira a
partir de 1970.
SALGADO, S. Êxodos. São Paulo: Cia. das Letras, 2000. p. 28.
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13. CO (UFG-GO) Leia a letra de m?sica a seguir.
Iracema Voou
Iracema voou/Para a Am?rica
Leva roupa de l?/E anda l?pida
V? um filme de quando em vez
N?o domina o idioma ingl?s
Lava ch?o numa casa de ch?
Tem sa?do ao luar/Com um m?mico
Ambiciona estudar/Canto l?rico
N?o d? mole pra pol?cia
Se puder, vai ficando por l?
Tem saudade do Cear?/Mas n?o muita
Uns dias, afoita/Me liga a cobrar
? Iracema da Am?rica
BUARQUE, Chico. As cidades. S?o Paulo: BMG. 1998. 1 CD. Faixa 2.
A migra??o se expressa por meio de deslocamentos
no espa?o decorrentes de diferentes motiva??es e
contextos, alterando, em diversos aspectos, as ?reas
de origem e destino dos migrantes.
Considerando o tipo de migra??o e seus efeitos, con-
clui-se que a m?sica apresentada aborda o tema da
migra??o:
a) pendular, que provoca altera??o na rede de trans-
porte e impacta o tempo di?rio do trabalhador.
b) pioneira, que ocasiona conviv?ncia com diferentes
culturas, religi?es e miscigena??o ?tnica.
c) sazonal, que cria condi??es de trabalho vulner?veis
e contribui para a desestrutura??o familiar.
d) internacional, que gera enfrentamento de posturas
restritivas e adapta??o a novos costumes.
e) rural-urbano, que causa incha?o nas cidades a partir
do surgimento de favelas e saudades da terra natal.
14. CO (UEG-GO) Considere o quadro a seguir:
Fonte: DATASUS/MS 2010.
1990 1997 2000 2004 2010
0
10
20
30
40
50
60
%
Brasil: mortalidade infantil (por 1 000 nascidos
vivos) 1990-2010
Banco de imagens/Arquivo da editora
Parte da queda da taxa de mortalidade infantil obser-
vada no quadro ? resultado
a) da ado??o de pol?ticas p?blicas de saneamento b?-
sico e de um conjunto de programas sociais, visan-
do ? sa?de da popula??o, como as campanhas de
vacina??o e aleitamento materno, al?m da melho-
ria na qualidade de vida das fam?lias.
b) de altos investimentos na sa?de p?blica atrav?s da
constru??o de creches e hospitais, os quais passa-
ram a atender toda a popula??o, al?m de inserir a
mulher no mercado de trabalho.
c) do processo de migra??o da popula??o do campo
para a cidade, o que possibilitou a essa popula??o
acesso a mais emprego, melhoria das condi??es de
vida e aumento salarial.
d) do aumento da produ??o de alimentos, sobretu-
do da soja, que foi incorporada ? dieta das popu-
la??es de baixa renda, eliminando assim a fome
e a desnutri??o.
15. SE (UFSj-MG) Sobre os dados do IBGE em rela??o aos
fluxos migrat?rios no Brasil obtidos pelo Censo de
2010, ? CORRETO afirmar que
a) a melhoria das condi??es de vida nas regi?es Norte
e Nordeste e o crescimento de cidades m?dias s?o
fatores que contribu?ram para a diminui??o das
migra??es inter-regionais.
b) o deslocamento populacional mais frequente que
ocorre do campo para as grandes cidades (metr?-
poles) ? o chamado ?xodo rural.
c) na ?ltima d?cada, ocorreu uma eleva??o no volume
do fluxo migrat?rio no Brasil com o crescimento do
percentual de migrantes que se deslocam para o
estado de S?o Paulo.
d) os migrantes brasileiros t?m se deslocado preferen-
cialmente para as capitais dos estados, o que tem
contribu?do para o enfraquecimento econ?mico das
cidades m?dias.
16. SE (UFTM-MG) No ano de 2010, realizou-se, a partir
de 1? de agosto, o 12? Censo Demogr?fico do Brasil.
Sobre ele, leia o seguinte texto do IBGE:
O Censo 2010 vai-nos dizer quem somos, onde estamos,
quantos somos e como vivemos. Para conseguir todas essas
informa??es, o IBGE vai utilizar dois tipos de question?rio
na coleta de dados: o da amostra e o b?sico. Apenas uma
parte dos domic?lios ir? responder ?s quest?es exclusivas
dos question?rios da amostra. Mas as perguntas do
question?rio b?sico ser?o respondidas por todos, inclusive
aqueles domic?lios que fazem parte da amostra. Mas que
perguntas b?sicas s?o essas? E por que todo mundo precisa
respond?-las?
177População
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As perguntas do question?rio b?sico s?o subdivididas
em temas. Algumas quest?es s?o referentes ao domic?lio
como um todo e outras investigam caracter?sticas
individuais de cada morador. Conhe?a quais os assuntos
que comp?em o question?rio b?sico:
domic?lio;
emigra??o internacional;
arranjos familiares;
caracter?sticas dos moradores;
registro de nascimento;
educa??o;
rendimento.
O Censo Demogr?fico de 2010 possibilitou conhecer
os dados
a) detalhados da popula??o brasileira, pois todos os
domic?lios responderam ao censo de amostra.
b) da popula??o residente para a elabora??o de pol?-
ticas p?blicas a partir de 2015.
c) exclusivamente estat?sticos da popula??o residente.
d) da popula??o residente, incluindo os emigrados.
e) da popula??o relativa do pa?s, pois em todos os domi-
c?lios foram aplicados os dois tipos de question?rios.
17. NE (Ufal)
?O desenvolvimento econ?mico marcou as grandes
transforma??es ocorridas no solo brasileiro entre os Censos
de 1940 e 2000.?
(Tend?ncias Demogr?ficas. IBGE, 2007).
Com base nessa afirma??o, e considerando-se outros
conhecimentos sobre esse tema, ? correto admitir que:
1) a partir da d?cada de 1930, impulsiona-se o proces-
so de repuls?o populacional na Regi?o Nordeste,
levando a que milh?es de nordestinos se deslocas-
sem, ? busca por oportunidades de trabalho nos
grandes centros urbanos.
2) a distribui??o da popula??o no espa?o brasileiro
passa por grandes transforma??es a partir da d?-
cada de 1940, com expressivos deslocamentos de
trabalhadores agr?colas, motivados pela moderni-
za??o da agricultura do Sudeste e abertura de novas
fronteiras agr?colas.
3) no per?odo de 1940 a 2000, a densidade demogr?-
fica do Brasil cresceu quatro vezes, mas foi a Regi?o
Centro-Oeste que revelou o maior crescimento.
4) a densidade demogr?fica da Regi?o Sudeste ? mui-
to superior ? das demais regi?es brasileiras, tanto
no censo em 1940 quanto no de 2000.
a) 1 apenas.
b) 3 apenas.
c) 1 e 4 apenas.
d) 2, 3 e 4 apenas.
e) 1, 2, 3 e 4.
18. S (UEL-PR)
O surgimento da bio?tica coincidiu com o clamor
generalizado levantado pelos horrores da Segunda Guerra
Mundial, rea??o que culminou com a Declara??o Universal
dos Direitos Humanos. O objetivo primordial da bio?tica
se baseia no princ?pio humanista de afirmar a primazia do
ser humano e defender a digni dade e a liberdade inerentes
ao mero fato de pertencer ? esp?cie.
BERGEL, S. Desafios da bio?tica. Planeta. ano 40, 472. ed., jan.
2012, p. 70. (Adaptado).
No Brasil, os fluxos migrat?rios no s?culo XIX e in?cio
do s?culo XX marcaram a pol?tica de constru??o de
uma ?identidade brasileira? que se assentava na ideia
de ?branqueamento da ra?a?.
Com rela??o ? influ?ncia dos processos migrat?rios
desse per?odo na forma??o populacional brasileira, atri-
bua V (verdadeiro) ou F (falso) ?s afirmativas a seguir.
As pol?ticas migrat?rias oficiais, na segunda metade do
s?culo XIX, ressaltaram o interesse de preservar a as-
cend?ncia europeia na composi??o ?tnica da popula??o.
As pol?ticas migrat?rias pautavam-se por um ?mo-
delo ideal de trabalhador?, no qual predominava a
forma capitalista de produ??o.
As imigra??es europeia e asi?tica tiveram como prop?-
sito a ocupa??o das vagas ociosas na ind?stria nascen-
te, diante da aus?ncia de qualifica??o dos ex-escravos.
A imigra??o japonesa no Paran? foi favorecida pela f?cil
adapta??o dos japoneses aos costumes ocidentais e por
serem habituados ao trabalho com as monoculturas.
O direcionamento dos fluxos migrat?rios fez com
que existisse maior concentra??o de afrodescen-
dentes nas regi?es Sul e Centro-Oeste.
Assinale a alternativa que cont?m, de cima para baixo,
a sequ?ncia correta.
a) V, V, F, F, F.
b) V, F, V, V, F.
c) V, F, F, F, V.
d) F, V, F, V, V.
e) F, F, V, V, F
19. SE (FGV-SP) Analise a distribui??o da PEA (Popula??o
Economicamente Ativa) por setor de atividade e assi-
nale a alternativa que melhor explique seu significado.
Setor secundário
19,2%
Setor primário
20,9%
Setor terciário
59,9%
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a) Com maior contingente de trabalhadores no setor
prim?rio do que no secund?rio, pode-se afirmar que
o Brasil, a despeito do crescimento econ?mico, ainda
se mant?m como uma economia agroexportadora.
b) O setor secund?rio emprega cerca de um ter?o do
que emprega o setor terci?rio, o que indica que a
economia brasileira ? assentada mais pelo capital
especulativo do que pelo capital produtivo.
c) O grande contingente de trabalhadores no setor ter-
ci?rio ? t?pico de um pa?s urbanizado, dado que as
atividades deste setor s?o mais intensas em cidades.
d) O setor prim?rio emprega 20,9% da PEA, o que in-
dica que seu desenvolvimento ? orientado por uma
estrutura agr?cola tradicional que demanda m?o de
obra numerosa.
e) Os setores prim?rio e secund?rio empregam per-
centuais bem inferiores da PEA, em rela??o ao ter-
ci?rio, o que ? um indicador de deficit na balan?a
comercial, na medida em que demonstra que o
pa?s n?o produz a maior parte dos produtos indus-
triais e agr?colas para atender ? demanda interna.
20. SE (Uerj)
Pense no seguinte: a popula??o da Terra levou milhares
de anos, desde a aurora da humanidade at? o in?cio do
s?culo XIX, para atingir um bilh?o de pessoas. Ent?o, de
forma estarrecedora, precisou apenas de uns cem anos
para duplicar e chegar a dois bilh?es, na d?cada de 1920.
Depois disso, em menos de cinquenta anos, a popula??o
tornou a duplicar para quatro bilh?es, na d?cada de 1970.
Como a senhora pode imaginar, muito em breve
chegaremos aos oito bilh?es. Pense nas implica??es. (...)
Esp?cies animais est?o entrando em extin??o num
ritmo acelerad?ssimo. A demanda por recursos naturais
cada vez mais escassos ? astron?mica. ? cada vez mais
dif?cil encontrar ?gua pot?vel.
BROWN, Dan. Inferno. S?o Paulo: Arqueiro, 2013.
A fala do personagem no trecho citado ilustra o ponto
de vista defendido por uma teoria demogr?fica.
Nomeie essa teoria e explicite o ponto de vista que ela
defende. Nomeie, tamb?m, a teoria demogr?fica que
defende o ponto de vista contr?rio.
21. CO (UnB-DF)
Os progressos da bacteriologia, da qu?mica e da biologia
determinaram mudan?a radical na marcha da popula??o
no mundo. Teria sido a explos?o demogr?fica que se verifica
atualmente o produto da aplica??o parcial e, portanto,
Quest›es
inadequada da tecnologia, n?o acompanhada da aplica??o
de outras t?cnicas capazes de promover o verdadeiro
desenvolvimento econ?mico e a integra??o real dessas
popula??es marginalizadas pela mis?ria e pela fome em
escala universal? Seria a fome um fen?meno irremedi?vel,
uma fatalidade, como procurou demonstrar Malthus, ao
publicar, no fim do s?culo XVIII, a sua lei do crescimento das
popula??es? A resposta que a ci?ncia, hoje, nos fornece para
essa interroga??o ? um ?n?o? categ?rico.
Anna Maria de Castro. Fome: um tema proibido – últimos escritos de Josué de
Castro. Rio de Janeiro: Civiliza??o Brasileira, 2003, p. 45-7 (com adapta??es).
Considerando o texto acima, julgue os itens a seguir:
a) Nos dias atuais, a principal causa da ascens?o con-
tinuada da curva populacional mundial ? o aumen-
to da taxa de natalidade, propiciado por conquistas
tecnol?gicas que introduziram um novo padr?o
demogr?fico.
b) O atual crescimento populacional mostra-se diferen-
ciado nas diversas regi?es do mundo. A Am?rica Lati-
na e a ?frica, por exemplo, onde ainda persiste a fome,
exibem as menores taxas de crescimento vegetativo.
c) As ?reas de alta densidade demogr?fica no mundo,
caracterizadas, essencialmente, pela presen?a de po-
pula??es com baixo padr?o de qualidade de vida ?
altos ?ndices de subnutri??o e fome ?, confirmam,
ainda que excepcionalmente, a teoria de Malthus.
d) A disponibilidade de recursos alimentares para uma
popula??o ? determinada pela densidade popula-
cional, n?o havendo, no entanto, rela??o entre esta
e o surgimento de doen?as.
22. NE (UFBA)
Em novembro de 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estat?stica (IBGE) anunciou os primeiros resultados do ?ltimo
Censo. A popula??o brasileira atingiu 190 732 694 habitantes.
O aumento de 12,3% da popula??o nos ?ltimos 10 anos ficou
bem abaixo dos 15,6% observados na d?cada anterior. A redu??o
no ritmo de crescimento da popula??o brasileira ? uma
tend?ncia que vem sendo registrada desde os anos 1950.
O Censo revelou, ainda, que continua o crescimento da
popula??o urbana, o surgimento de novos fluxos migrat?rios,
o envelhecimento populacional, o predom?nio da popula??o
feminina, dentre outros.
SOMOS, 2011, p. 53.
Considerando o texto e os conhecimentos sobre os
primeiros resultados extra?dos do Censo de 2010,
a) cite duas razões que contribu?ram ainda mais para
a redu??o no ritmo de crescimento da popula??o
absoluta, no Brasil, na ?ltima d?cada;
b) destaque dois aspectos que explicam a ocorr?ncia
de novos fluxos migrat?rios no Brasil.
179População
GGB_v3_PNLD2018_174a183_U3Vestibulares.indd 179 27/05/16 18:47

Caiu no Enem
O processo registrado no gráfico gerou a seguinte con-
sequência demográfica:
a) Decréscimo da população absoluta.
b) Redução do crescimento vegetativo.
c) Diminuição da proporção de adultos.
d) Expansão de políticas de controle da natalidade.
e) Aumento da renovação da população economica-
mente ativa.
atenção!
Não escreva neste livro!
11 253 503 São Paulo - SP
Rio de Janeiro - RJ
Salvador - BA
Brasília - DF
Fortaleza - CE
6 320 446
2 675 656
2 570 160
2 452 185
Mapa 2: Distribuição espacial atual
da população brasileira
TH?RY, H. As boas-novas sobre a popula??o brasileira. Conhecimento Prático
Geográfico, n. 41, jan. 2012 (adaptado).
Os mapas representam distintos padrões de distribui-
ção de processos socioespaciais. Nesse sentido, a me-
nor incidência de disputas territoriais envolvendo po-
vos indígenas se explica pela
a) fertilização natural dos solos.
b) expansão da fronteira agrícola.
c) intensificação da migração de retorno.
d) homologação de reservas extrativistas.
e) concentração histórica da urbanização.
3. O professor Paulo Saldiva pedala 6 km em 22 minutos de casa
para o trabalho, todos os dias. Nunca foi atingido por um carro.
Mesmo assim, ? v?tima di?ria do tr?nsito de S?o Paulo: a cada
minuto sobre a bicicleta, seus pulm?es s?o envenenados com
3,3 microgramas de polui??o particulada ? poeira, fuma?a,
fuligem, part?culas de metal em suspens?o, sulfatos, nitratos,
carbono, compostos org?nicos e outras subst?ncias nocivas.
ESCOBAR, H. Sem Ar. O Estado de S. Paulo. Ago. 2008.
A população de uma metrópole brasileira que vive nas
mesmas condições socioambientais das do professor
citado no texto apresentará uma tendência de
a) ampliação da taxa de fecundidade.
b) diminuição da expectativa de vida.
c) elevação do crescimento vegetativo.
d) aumento na participação relativa de idosos.
e) redução na proporção de jovens na sociedade.
1,90
2,38
2,85
4,35
5,76
6,28
6,16
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
6,21
Taxa de fecundidade total – Brasil – 1940-2010
Banco de imagens/Arquivo da editora
SIMIELLI, M. E. Geoatlas. S?o Paulo: ?tica, 2009 (adaptado).
EQUADOR
TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO

Terra Ind?gena
Garimpeiros
Madeireiros
Fazendeiros, Posseiros eFazendeiros, Posseiros e
Press?o de Pol?ticos LocaisPress?o de Pol?ticos Locais
(Conflitos Por Terras)(Conflitos Por Terras)
Principais envolvidos emPrincipais envolvidos em
confrontos com os indígenasconfrontos com os indígenas
nos últimos anosnos últimos anos
55º O
Mapa 1: Conflitos em terras indígenas
Mapas: Banco de imagens/Arquivo da editora
1.
2.
IBGE. Censo demogr?fico 2010: resultados gerais da amostra.
Dispon?vel em: <ftp://ftp.ibge.gov.br>. Acesso em: 12 mar. 2013.
Unidade 3180
GGB_v3_PNLD2018_174a183_U3Vestibulares.indd 180 27/05/16 18:47

IBGE. Censo demogr?fico 1991-2010. Rio de Janeiro, 2011.
8,0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
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80
85
90
95
10 0
8,0
%
6,0 6,04,0
Homens
4,0
Mulheres
2,0
1991
2,00,0
2010
8,0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
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50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
10 0
8,06,0 6,04,0
Homens
4,0
Mulheres
2,0
1991
2,00,0
2010
%
Composição da população brasileira residente
urbana por sexo, segundo os grupos de idade –
Brasil – 1991/2010
IBGE. Censo Demogr?fico 1991/2010
Composição da população brasileira residente rural
por sexo, segundo os grupos de idade – Brasil –
1991/2010
4.
A interpretação e a correlação das figuras sobre a di-
nâmica demográfica brasileira demonstram um(a)
a) menor proporção de fecundidade na área urbana.
b) menor proporção de homens na área rural.
c) aumento da proporção de fecundidade na área rural.
d) queda da longevidade na área rural.
e) queda do número de idosos na área urbana.
5. As migra??es transnacionais, intensificadas e generali-
zadas nas ?ltimas d?cadas do s?culo XX, expressam as-
pectos particularmente importantes da problem?tica
racial, visto como dilema tamb?m mundial. Deslocam-se
indiv?duos, fam?lias e coletividades para lugares pr?ximos
e distantes, envolvendo mudan?as mais ou menos dr?s-
ticas nas condi??es de vida e trabalho, em padr?es e va-
lores socioculturais. Deslocam-se para sociedades seme-
lhantes ou radicalmente distintas, algumas vezes
compreendendo culturas ou mesmo civiliza??es total-
mente diversas.
IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro:
Civiliza??o Brasileira, 1996.
A mobilidade populacional da segunda metade do
século XX teve um papel importante na formação so-
cial e econômica de diversos estados nacionais. Uma
razão para os movimentos migratórios nas últimas
décadas e uma política migratória atual dos países
desenvolvidos são
a) a busca de oportunidades de trabalho e o aumento
de barreiras contra a imigração.
b) a necessidade de qualificação profissional e a aber-
tura das fronteiras para os imigrantes.
c) o desenvolvimento de projetos de pesquisa e o
acautelamento dos bens dos imigrantes.
d) a expansão da fronteira agrícola e a expulsão dos
imigrantes qualificados.
e) a fuga decorrente de conflitos políticos e o fortale-
cimento de políticas sociais.
6. O movimento migrat?rio no Brasil ? significativo, princi-
palmente em fun??o do volume de pessoas que saem de
uma regi?o com destino a outras regi?es. Um desses mo-
vimentos ficou famoso nos anos 80, quando muitos nor-
destinos deixaram a regi?o Nordeste em dire??o ao Su-
deste do Brasil. Segundo os dados do IBGE de 2000, este
processo continuou crescente no per?odo seguinte, os
anos 90, com um acr?scimo de 7,6% nas migra??es deste
mesmo fluxo. A Pesquisa de Padr?o de Vida, feita pelo
IBGE, em 1996, aponta que, entre os nordestinos que che-
gam ao Sudeste, 48,6% exercem trabalhos manuais n?o
qualificados, 18,5% s?o trabalhadores manuais qualifica-
dos, enquanto 13,5%, embora n?o sejam trabalhadores
manuais, se encontram em ?reas que n?o exigem forma-
??o profissional.
O mesmo estudo indica tamb?m que esses migrantes
possuem, em m?dia, condi??o de vida e n?vel educacional
acima dos de seus conterr?neos e abaixo dos de cidad?os
est?veis do Sudeste.
Dispon?vel em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 30 jul. 2009 (adaptado).
Com base nas informações contidas no texto, depreende-
-se que
a) o processo migratório foi desencadeado por ações
de governo para viabilizar a produção industrial no
Sudeste.
b) os governos estaduais do Sudeste priorizaram a
qualificação da mão de obra migrante.
c) o processo de migração para o Sudeste contribui
para o fenômeno conhecido como inchaço urbano.
Gráficos: Banco de imagens/Arquivo da editora
População181
GGB_v3_PNLD2018_174a183_U3Vestibulares.indd 181 27/05/16 18:47

d) as migra??es para o Sudeste desencadearam a va-
loriza??o do trabalho manual, sobretudo na d?cada
de 80.
e) a falta de especializa??o dos migrantes ? positiva
para os empregadores, pois significa maior versa-
tilidade profissional.
7. A vida na rua como ela é
O Minist?rio do Desenvolvimento Social e Combate ?
Fome (MDS) realizou, em parceria com a ONU, uma pes-
quisa nacional sobre a popula??o que vive na rua, ten-
do sido ouvidas 31 922 pessoas em 71 cidades brasileiras.
Nesse levantamento, constatou-se que a maioria dessa
popula??o sabe ler e escrever (74%), que apenas 15,1%
vivem de esmolas e que, entre os moradores de rua que
ingressaram no ensino superior, 0,7% se diplomou. Ou-
tros dados da pesquisa s?o apresentados nos quadros
a seguir.
As informa??es apresentadas no texto s?o suficientes
para se concluir que
a) as pessoas que vivem na rua e sobrevivem de es-
molas s?o aquelas que nunca estudaram.
b) as pessoas que vivem na rua e cursaram o ensino
fundamental, completo ou incompleto, s?o aquelas
que sabem ler e escrever.
c) existem pessoas que declararam mais de um mo-
tivo para estarem vivendo na rua.
d) mais da metade das pessoas que vivem na rua e
que ingressaram no ensino superior se diplomou.
e) as pessoas que declararam o desemprego como
motivo para viver na rua tamb?m declararam a de-
cep??o amorosa.
8. Tendências nas migrações internacionais
O relat?rio anual (2002) da Organiza??o para a Coopera??o e Desenvolvimento Econ?mico (OCDE) revela transforma-
??es na origem dos fluxos migrat?rios. Observa-se aumento das migra??es de chineses, filipinos, russos e ucranianos
com destino aos pa?ses membros da OCDE. Tamb?m foi registrado aumento de fluxos migrat?rios provenientes da
Am?rica Latina.
Trends in international migration - 2002. Internet: <www.ocde.org> (com adapta??es).
No mapa seguinte, est?o destacados, com a cor preta, os pa?ses que mais receberam esses fluxos migrat?rios
em 2002.
As migra??es citadas est?o rela-
cionadas, principalmente, ?
a) amea?a de terrorismo em pa?-
ses pertencentes ? OCDE.
b) pol?tica dos pa?ses mais ricos
de incentivo ? imigra??o.
c) persegui??o religiosa em pa?-
ses mu?ulmanos.
d) repress?o pol?tica em pa?ses do
Leste Europeu.
e) busca de oportunidades de
emprego.
atenção!
Não escreva neste livro!
Banco de imagens/Arquivo da editora
Alcoolismo/droga
Desemprego
Problemas familiares
Perda de moradia
Decepção amorosa
36%
30%
30%
20%
16%
Superior completo ou incompleto
ESCOLARIDADE
Médio completo ou incompleto
Fundamental completo ou incompleto
Nunca estudaram
1,4%
7,0%
58,7%
15,1%
Banco de imagens/Arquivo da editora
Por que vive na rua? / Escolaridade
Unidade 3182
GGB_v3_PNLD2018_174a183_U3Vestibulares.indd 182 27/05/16 18:47

9. A tabela a seguir apresenta dados relativos a cinco pa?ses.
País
Saneamento básico (%) Taxa de mortalidade infantil (por mil)
Esgotamento sanitário
adequado
Abastecimento de
água
Anos de permanência das mães na escola
At? 3 De 4 a 7 8 ou mais
I 33 47 45,1 29,6 21,4
II 36 65 70,3 41,2 28,0
III 81 88 34,8 27,4 17,7
IV 62 79 33,9 22,5 16,4
V 40 73 37,9 25,1 19,3
Com base nessas informa??es, infere-se que
a) a educa??o tem rela??o direta com a sa?de, visto
que ? menor a mortalidade de filhos cujas m?es
possuem maior n?vel de escolaridade, mesmo em
pa?ses onde o saneamento b?sico ? prec?rio.
b) o n?vel de escolaridade das m?es tem influ?ncia na
sa?de dos filhos, desde que, no pa?s em que eles
residam, o abastecimento de ?gua favore?a, pelo
menos, 50% da popula??o.
c) a intensifica??o da educa??o de jovens e adultos e a
amplia??o do saneamento b?sico s?o medidas sufi-
cientes para se reduzir a zero a mortalidade infantil.
d) mais crian?as s?o acometidas pela diarreia no pa?s
III do que no pa?s II.
e) a taxa de mortalidade infantil ? diretamente pro-
porcional ao n?vel de escolaridade das m?es e inde-
pende das condi??es sanit?rias b?sicas.
10. Nos ?ltimos anos, ocorreu redu??o gradativa da taxa
de crescimento populacional em quase todos os con-
tinentes. A seguir, s?o apresentados dados relativos
aos pa?ses mais populosos em 2000 e tamb?m as
proje??es para 2050.
Com base nas informa??es anteriores, ? correto afir-
mar que, no per?odo de 2000 a 2050,
a) a taxa de crescimento populacional da China ser?
negativa.
b) a popula??o do Brasil duplicar?.
c) a taxa de crescimento da popula??o da Indon?sia
ser? menor que a dos EUA.
d) a popula??o do Paquist?o crescer? mais de 100%.
e) a China ser? o pa?s com a maior taxa de crescimen-
to populacional do mundo.
1 275
1 400
1 200
1 000
800
600
400
200
1 008
283
212
170
China Índia EUA IndonésiaBrasil
1 572
1 400
1 600
1 800
1 200
1 000
800
600
400
200
1 462
397
344
3 11
ChinaÍndia EUAPaquistão Indonésia
Gráficos: Banco de imagens/Arquivo da editora
Países mais populosos em 2000
(em milhões de habitantes)
Países mais populosos – previsão para 2050
(em milhões de habitantes)
População183
GGB_v3_PNLD2018_174a183_U3Vestibulares.indd 183 27/05/16 18:47

O espaço urbano
e o processo
de urbanização
Atualmente o mundo está repleto de cidades de todos os tamanhos, desde as
pequenas até as gigantescas aglomerações urbanas de milhões de habitantes.
No entanto, o mundo é predominantemente urbano apenas há poucos anos.
Os países desenvolvidos praticamente completaram seu processo de urbaniza-
ção, mas o crescimento urbano tem sido acelerado em diversos países em de-
senvolvimento, provocando grandes transformações nas paisagens das princi-
pais cidades e profundas mudanças socioeconômicas. Se essa tendência de um
lado oferece novas oportunidades de negócios, de empregos, de formação pro-
fissional, de lazer, de outro, gera muitos problemas urbanos.
Por que a urbanização é um fenômeno relativamente novo na história humana e
por que se acelerou recentemente? Quais são os problemas trazidos pela urba-
nização acelerada? São questões que estudaremos nesta Unidade.
4UNIDADE
184
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 184 27/05/16 18:48

Liang Xiashun/Imaginechina/Agência France-Presse
CAPÍTULO9
O espaço urbano no
mundo contemporâneo
Shenzhen, localizada na prov?ncia de Guangdong (China), em foto de 2016.
At? os anos 1970, era um pequeno vilarejo (em meados daquela d?cada,
possu?a 36 mil habitantes), mas, a partir de 1979, ao tornar-se uma zona
econ?mica especial, cresceu em m?dia 11,9% ao ano, a mais alta taxa do
mundo, e em 2014 possu?a 10,7 milh?es de habitantes.
185
CAPÍTULO
185
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 185 27/05/16 18:48

N
o fim do século XVIII, no início da Primeira Revolução Industrial, a taxa
de urbanização da população mundial era de apenas 3%, percentual
que subiu para 30%, em 1950, 54%, em 2014, e deverá chegar a 66% em
2050, segundo dados e previsão da Divisão de População da ONU.
O que mudou no espaço geográfico nacional e mundial com a aceleração do
processo de urbanização? Quais foram as consequências socioeconômicas mais
importantes desse processo? É o que estudaremos neste capítulo e no próximo.
George Osodi/Bloomberg/Getty Images
Segundo a ONU, a popula??o
de Lagos (Nig?ria) saltou de
4,8 milh?es de habitantes, em
1990, para 12,6 milh?es em
2014. Como outras
megacidades dos pa?ses em
desenvolvimento que v?m
crescendo rapidamente, ela
apresenta problemas como
subemprego, segrega??o
socioespacial, moradias
prec?rias, falta de saneamento
b?sico, etc. Ao lado, centro de
Lagos, em 2015. Abaixo, bairro
residencial de classe m?dia na
pen?nsula de Lekki, perto de
Lagos, em 2015.
George Osodi/Bloomberg/Getty Images
Capítulo 9186
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 186 27/05/16 18:48

1 O processo de urbanização
O processo de urbanização corresponde ? transfor-
ma??o de paisagens naturais e rurais em espa?os ur-
banos, concomitante ? transfer?ncia da popula??o do
campo para a cidade que, quando acontece em larga
escala, ? chamada de êxodo rural.
As cidades v?m sendo erguidas desde a Antiguida-
de: Ur e Babil?nia foram constru?das h? cerca de 5 mil
anos na Mesopot?mia, plan?cie drenada pelos rios Tigre
e Eufrates, no atual Iraque. Elas eram centros de poder
e de neg?cios.
Durante a Idade M?dia, sob o feudalismo, as cida-
des perderam import?ncia em raz?o da descentrali-
za??o pol?tico-econ?mica, caracter?stica desse siste-
ma de produ??o e da consequente redu??o das trocas
comerciais. Sob o capitalismo, em sua fase comercial,
as cidades passaram a ganhar cada vez mais impor-
t?ncia porque voltaram a ser o centro dos neg?cios.
Mas foi a partir do capitalismo industrial que se iniciou
um processo de urbaniza??o cont?nuo.
Embora tenha se acelerado com as revolu??es in-
dustriais, a urbaniza??o foi, at? meados do s?culo XX,
um fen?meno relativamente lento e circunscrito aos
pa?ses precursores do processo de industrializa??o. Co-
mo mostra o gr?fico, apenas em 2008 as linhas que
representam a evolu??o da popula??o urbana e rural
se cruzaram, o que significa que somente a partir des-
se ano a popula??o mundial passou a ser predominan-
temente urbana (como vimos, em 2014, eram 54%).
0
7 000
6 000
5 000
4 000
3 000
2 000
1 000
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
2020*
2014
2030* 2040* 2050*
Milh›es
População urbana
População rural
* Estimativa.
Evolução da população urbana e rural do mundo – 1950-2050
Adaptado de: UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs/Population Division. World Urbanization
Prospects: the 2014 Revision, Highlights. New York, 2014. p. 7. Dispon?vel em: <http://esa.un.org/unpd/wup/Highlights/
WUP2014-Highlights.pdf>. Acesso em: 19 out. 2015.
Historicamente, dois fatores condicionaram o pro-
cesso de urbaniza??o: os atrativos, que estimulam as
pessoas a migrar para as cidades, e os repulsivos, que
as impulsionam a sair do campo.
Os fatores atrativos predominam em pa?ses desen-
volvidos e em regi?es modernas dos pa?ses emergentes.
Est?o associados ao processo de industrializa??o, ou
seja, ?s transforma??es provocadas na cidade pela in-
d?stria, notadamente quanto ? gera??o de empregos
no pr?prio setor industrial e no de com?rcio/servi?os.
Nos s?culos XVIII e XIX, durante as duas primeiras Re-
volu??es Industriais, as principais cidades dos atuais pa?ses
desenvolvidos europeus tiveram um crescimento muito
r?pido, com a consequente deteriora??o da qualidade
de vida. Os trabalhadores ganhavam muito pouco, mora-
vam em cortiços e eram frequentes as doen?as e epide-
mias pela falta de saneamento b?sico e de higiene. Com
o passar do tempo, sobretudo no s?culo XX, a eleva??o da
renda dos trabalhadores e os investimentos em infraes-
trutura urbana melhoraram as condi??es de vida nas ci-
dades da Europa e tamb?m nas da Am?rica do Norte.
Cortiço: n?o h? uma conceitua??o oficial para corti?o, que pode
ser informalmente definido como moradia que, embora regular,
est? localizada em zonas degradadas das cidades, na qual os
membros de duas ou mais fam?lias pobres dividem os espa?os
coletivos da resid?ncia, como cozinha, banheiro e tanque de
lavar roupa; a infraestrutura quase sempre ? prec?ria e h? uma
superlota??o dos c?modos, com condi??es de higiene
inadequadas e qualidade de vida ruim.
A. Robson/Arquivo da editora
O espaço urbano no mundo contemporâneo 187
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 187 27/05/16 18:48

Os fatores repulsivos s?o t?picos de alguns pa?ses
em desenvolvimento, qualquer que seja seu n?vel de
industrializa??o. Est?o associados ?s p?ssimas condi-
??es de vida na zona rural, por causa da estrutura fun-
diária bastante concentrada, dos baixos sal?rios, da
falta de apoio aos pequenos agricultores e do arca?smo
das t?cnicas de cultivo. O resultado ? o ?xodo rural, que
provoca, nas grandes metr?poles, o agravamento dos
problemas urbanos por
causa do aumento abrup-
to da popula??o (veja foto
no final da p?gina).
Ap?s a Segunda Guerra, a urbaniza??o se acelerou
em muitos pa?ses em desenvolvimento que ainda eram
agr?colas, mas estavam em processo de industrializa-
??o, principalmente na Am?rica Latina. Em contrapar-
tida, a ?frica e a ?sia, apesar da acelera??o recente,
ainda s?o continentes pouco urbanizados, como se
observa na tabela abaixo.
Taxa de urbaniza??o por regi?es ? porcentagem
sobre a popula??o total
Regi?es 1950 2014
Am?rica do Norte 64 81
Am?rica Latina e Caribe 41 80
Europa 52 73
Oceania 62 71
?sia 18 48
?frica 14 40
Adaptado de: UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs/
Population Division. World Urbanization Prospects: the 2014 Revision, CD-ROM
Edition. New York, 2014. Dispon?vel em: <http://esa.un.org/unpd/wup/
CD-ROM>. Acesso em: 19 out. 2015.
Nos pa?ses desenvolvidos e em alguns emergentes
tem havido um processo de transfer?ncia de ind?strias
das grandes para as m?dias e pequenas cidades, o que
vem promovendo um processo de desconcentra??o
urbano-industrial. Por causa dessas transforma??es nas
regi?es do mundo consideradas modernas, j? n?o se
pode estabelecer a cl?ssica separa??o entre campo e
cidade, uma vez que atividades antes exclusivamente
urbanas se disseminaram no meio rural.
Ao longo da Hist?ria, devido ? combina??o de fatores
naturais, econ?micos, culturais e pol?ticos, muitas cidades
se especializaram em determinadas fun??es ? pol?tico
-administrativas, industriais, portu?rias, tur?sticas, reli-
giosas, etc. ?, enquanto outras s?o multifuncionais. Por
exemplo, nas cidades portu?rias a caracter?stica natural
(proximidade de mar ou rio) ? determinante para essa
fun??o, embora n?o seja exclusiva: nenhum porto vai se
desenvolver se n?o houver mercadorias a serem trans-
portadas. Nas cidades pol?tico-administrativas, quase
sempre essa fun??o ? fruto de uma decis?o pol?tica. Bra-
s?lia, por exemplo, foi erguida para ser a capital do pa?s
por decis?o do governo brasileiro, na ?poca sob a Presi-
d?ncia de Juscelino Kubitschek (1956-1961).
Estrutura fundi?ria: n?-
mero, tamanho e distri-
bui??o dos im?veis rurais.
Na foto, pra?a Piccadilly, em
Manchester, Reino Unido,
em 1880. Al?m de Londres, a
capital, as cidades das regi?es
carbon?feras brit?nicas
cresceram rapidamente com o
processo de industrializa??o.
Francis Firth/Getty Imagens
maziarz/Shutterstock
As grandes metr?poles, especialmente as que
s?o cidades globais e t?m muitas conex?es com o

mundo, como Paris (Fran?a), s?o multifuncionais.
Na foto de 2015, vista panor?mica de Paris.
188
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 188 27/05/16 18:48

Embora as ?reas urbanizadas concentrem um percen
-
tual cada vez maior da popula??o mundial, a propor??o
de pessoas que vivem nas grandes aglomera??es urbanas
continua pequena. Como mostra o gr?fico abaixo, embo-
ra as aglomera??es de mais de 10 milh?es de habitantes
venham crescendo, metade dos moradores urbanos ainda
se concentra em pequenas e m?dias cidades, situadas na
faixa de menos de 500 mil habitantes. No entanto, a ten-
d?ncia no futuro ? concentrar cada vez mais pessoas nas
maiores cidades ? acima de 500 mil habitantes.
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
Mundo: distribuição da população urbana, segundo o tamanho das cidades – 1990-2030
Adaptado de: UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs/Population Division. World Urbanization Prospects: the 2014 Revision,
Highlights. New York, 2014. p. 13. Dispon?vel em: <http://esa.un.org/unpd/wup/Highlights/WUP2014-Highlights.pdf>. Acesso em: 19 out. 2015.
6 000
5 000
4 000
3 000
2 000
1 000
0
População (milh›es)
294 cidades
239 cidades
21 cidades
10 cidades
1990
525 cidades
417 cidades
43 cidades
28 cidades
2014
731 cidades
558 cidades
63 cidades
41 cidades
2030 (estimativa)
Megacidades com 10 milhões ou mais
Cidades grandes com 5 a 10 milhões
Cidades médias com 1 a 5 milhões
Cidades com 500 mil a 1 milhão
Áreas urbanas com menos de 500 mil
A taxa de urbaniza??o varia muito de um pa?s pa-
ra outro. A maioria dos pa?ses desenvolvidos e alguns
emergentes apresentam altas taxas de urbaniza??o.
Isso ocorre porque o fen?meno industrial, sobretudo
no in?cio, n?o se desvincula do urbano; com exce??o
da China e da ?ndia, pa?ses de industrializa??o recente,
que possuem as maiores popula??es do planeta, mas
apresentam baixas taxas de urbaniza??o. Por?m, h?
pa?ses em desenvolvimento que t?m ?ndices muito
baixos de industrializa??o e outros que n?o chegam
a dispor de um parque industrial, mas, ainda assim,
s?o fortemente urbanizados. O extremo oposto tam-
b?m ocorre: h? pa?ses em desenvolvimento muito
pobres e que ainda s?o predominantemente rurais.
Observe os gr?ficos ao lado.
10 0
80
60
40
20
0
100
9392
85
8281
79
75
64
54
32
98
Cingapura
Bélgica
Japão
Argentina
Brasil*
Reino Unido
Estados
Unidos
México
Alemanha
África
do Sul
ChinaÍndia
%
10 0
80
60
40
20
0
95
8887
78
57
47
33
26
19
12
9
89
Uruguai
Venezuela
LíbanoGabão
PeruHaiti
Nigéria
Vietnã
Afeganistão
Etiópia
Burundi
Trinidad eTobago
%
Consulte o livro ABC do
Desenvolvimento Urbano, de Marcelo
Lopes de Souza, e também o site da
Divisão de População das Nações Unidas.
Veja orientações na seção Sugestões de
leitura, filmes e sites.
Taxa de urbanização em países desenvolvidos
e emergentes – 2014
Taxa de urbanização em países em
desenvolvimento não industrializados – 2014
Adaptados de: UNITED NATIONS. Department of Economic and Social
Affairs/Population Division. World Urbanization Prospects:
the 2014 Revision, Highlights. New York, 2014. p. 20-25.
Dispon?vel em: <http://esa.un.org/unpd/wup/Highlights/
WUP2014-Highlights.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2016.
* No Cap?tulo 10 ser? explicado por que a taxa de urbaniza??o do Brasil ? mais
elevada do que a de muitos pa?ses desenvolvidos.
O espaço urbano no mundo contemporâneo 189
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 189 27/05/16 18:48

Aglomerações urbanas
Segundo a Divisão de População da ONU, aglomera-
ção urbana “refere-se à população contida no interior de
um território contíguo, habitado em níveis variáveis de
densidade, sem levar em conta os limites administrativos
das cidades”. Em outras palavras, é um conjunto de cida-
des em grande parte conurbadas, isto é, interligadas
pela expansão periférica da malha urbana de cada uma
delas ou pela integração socioeconômica comandada his-
toricamente pelo processo de industrialização e atualmen-
te, cada vez mais, pelo desenvolvimento do comércio e
dos serviços.
No Brasil, as maiores aglomerações urbanas têm sido
legalmente reconhecidas como regiões metropolitanas,
que também costumam ser chamadas de metrópoles.
Nelas, há sempre um município-núcleo, com maior capa-
cidade polarizadora e que lhe dá nome, como São Paulo,
Salvador, Curitiba, Belém, etc. As regiões metropolitanas
foram criadas por lei para facilitar o planejamento urbano
dos municípios que as compõem. Isso é executado por
órgãos especialmente criados para esse fim, como a Em-
presa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A. (Em-
plasa), encarregada de planejar as regiões metropolitanas
que formam a Macrometrópole Paulista.
Uma megalópole é formada quando os fluxos
de pessoas, capitais, informações, mercadorias e
serviços entre duas ou mais metrópoles estão for-
temente integrados por modernas redes de trans-
porte e telecomunicação.
A primeira megalópole a se estruturar no
mundo, denominada informalmente de Boswash,
abrange um cordão de cidades, no nordeste dos
Estados Unidos, que se estende de Boston até
Washington, tendo Nova York como a cidade mais
importante (observe o mapa ao lado).
Ainda nos Estados Unidos, há San-San, que se
estende de San Francisco a San Diego, passando
por Los Angeles, na Califórnia, e Chipitts (também conhe-
cida como megalópole dos Grandes Lagos), que vai de
Chicago a Pittsburgh e se estende até o Canadá, por cida-
des como Toronto, a maior daquele país.
A megalópole japonesa situa-se no sudeste da Ilha de
Honshu, no eixo que se estende de Tóquio até o norte da
Ilha de Kyushu, passando por Osaka e Kobe.
Na Europa, a megalópole se desenvolveu no noroeste,
englobando as aglomerações do Reno-Ruhr, na Alemanha,
as áreas metropolitanas de Paris, na França, e de Londres,
no Reino Unido; portanto, é transnacional.
No Brasil, a megalópole nacional é formada pelas re-
giões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo,
estendendo-se pelas outras regiões metropolitanas que
compõem a Macrometrópole Paulista.
O capitalismo em sua fase informacional provocou
uma descentralização mundial do poder econômico, po-
lítico, cultural e financeiro. Nesse contexto, muitos centros
urbanos, metrópoles ou não, elevaram-se à condição de
cidades globais pelo importante papel que passaram a
desempenhar na rede urbana mundial. Com a intensifi-
cação da globalização, essas cidades, localizadas princi-
palmente nos países desenvolvidos e em alguns emergen-
tes, assumiram importância primordial na rede mundial
de fluxos.
Para saber mais
Boston
Providence
Long Island
Long Branch
Filad?lfia
Baltimore
Washington
New Brunswick
OCEANO
ATLÂNTICO
40º N
70º O
Paterson
Newark
Nova York
Hartford
5 milh?es de habitantes
ou mais
Limite da megal?pole
Aglomeração de:
1 milh?o a 4,9 milh?es
de habitantes
500 mil a 999 mil habitantes
250 mil a 499 mil habitantes
100 mil a 249 mil habitantes
0 85 170
km
Banco de imagens/Arquivo da editora
Adaptado de: CHARLIER, Jacques (Dir.). Atlas du 21
e
si?cle ?dition 2012. Groningen:
Wolters-Noordhoff; Paris: ?ditions Nathan, 2011. p. 144. Mapa sem data no original.
A megalópole de Boswash, nos Estados Unidos
Macrometrópole Paulista: nome que a Em-
plasa usa para definir a megal?pole esta-
dual formada pelas regi?es metropolitanas
de S?o Paulo, Campinas, Sorocaba, Baixada
Santista, Vale do Para?ba e Litoral Norte;
pelas aglomera??es urbanas de Jundia? e
Piracicaba; mais a unidade regional de Bra-
gantina. Ela abrange 173 munic?pios (27% do
total do estado de S?o Paulo) e, em 2015, sua
popula??o era estimada em 33 milh?es de
habitantes (75% do total estadual).
Capítulo 9190
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 190 27/05/16 18:48

2 Os problemas sociais urbanos
Muitos dos problemas sobre os quais se fala nas cidades
não são especificamente urbanos, mas sim da sociedade.”
Horacio Capel (1941-), ge?grafo espanhol, professor da Universidade de Barcelona.
Desigualdades e segregação
socioespacial
Em qualquer grande cidade do mundo, o espa?o
urbano ? fragmentado. Sua estrutura assemelha-se a
um quebra-cabe?a em que as pe?as, embora formem
um todo, t?m sua pr?pria forma e fun??o. As grandes
cidades apresentam fun??es comerciais, financeiras,
industriais, residenciais e de lazer. Entretanto, ? comum
que fun??es diferentes coexistam, al?m do centro, em
alguns bairros que, com isso, polarizam seus vizinhos.
Por isso, essas cidades s?o policêntricas.
Essa fragmenta??o, quase sempre associada a um
intenso crescimento urbano, impede os habitantes de
vivenciarem a cidade como um todo. Em vez disso, eles
se at?m apenas aos fragmentos que fazem parte do dia
a dia. O local de moradia, trabalho, estudo ou lazer ? onde
se estabelecem as rela??es pessoais e sociais. Entretanto,
em uma metr?pole, esses locais tendem a n?o ser coin-
cidentes, o que provoca grandes deslocamentos e o au-
mento dos congestionamentos. Pode-se dizer, ent?o, que
a grande cidade n?o ? um lugar, mas um conjunto de
lugares, e que as pessoas a vivenciam parcialmente.
As desigualdades sociais se materializam na paisa-
gem urbana, como vimos nas fotos da introdu??o do
cap?tulo. Quanto mais acentuadas forem as disparidades
de renda entre a popula??o, maiores s?o as desigualda-
des de moradia, de acesso aos servi?os p?blicos e, por-
tanto, de oportunidades culturais e profissionais. Con-
sequentemente, a segrega??o socioespacial, isto ?, a
separa??o das classes sociais em bairros diferentes em
fun??o do desigual poder aquisitivo, e os problemas ur-
banos s?o maiores tamb?m (veja as imagens abaixo).
O medo da viol?ncia urbana vem impulsionando a
cria??o de condom?nios fechados, sobretudo nas metr?-
poles, mas isso tamb?m ocorre nas m?dias e at? nas
pequenas cidades. Buscando maior seguran?a e tranqui-
lidade, muitas pessoas de alto e m?dio poder aquisitivo
se mudam para esse tipo de conjunto residencial. Esse
fen?meno acentua a segrega??o socioespacial e reduz
os espa?os urbanos p?blicos, uma vez que propicia o
crescimento de espa?os privados e de circula??o restrita.
Al?m disso, muitos bairros, ao perderem habitantes,
sofrem um processo de deteriora??o urbana, caso de
algumas ?reas do centro de grandes cidades, como S?o
Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Bel?m, entre ou-
tras. Muitas prefeituras buscam recuperar as ?reas de-
gradadas das cidades por meio de incentivos fiscais
para atrair comerciantes e prestadores de servi?os.
? esquerda, vista a?rea de Ipanema, bairro da zona sul, em 2015. ? direita, vista parcial do bairro de Bangu, na zona oeste, em 2014,
ambos no Rio de Janeiro (RJ). ? poss?vel que muitas pessoas vivam na zona sul sem conhecer bairros de sub?rbios distantes, como
Bangu. De outro lado, muita gente que mora na periferia distante pouco vai aos bairros centrais.
Incentivo fiscal: redu??o na cobran?a de
impostos. Estados e munic?pios usam esse
recurso para atrair investimentos.
Luca Atalla/Pulsar Imagens
Alvinho Duarte/Fotoarena
O espaço urbano no mundo contemporâneo 191
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 191 02/06/16 18:59

Moradias precárias
As maiores cidades dos pa?ses em desenvolvimento
n?o tiveram condi??es econ?micas de absorver a grande
quantidade de pessoas que em pouco tempo migraram
da zona rural e das cidades menores; por isso, aumentou
o n?mero de desempregados. Para sobreviver, muitas
pessoas se submetem ao subemprego e ? economia in-
formal. Como os rendimentos, mesmo para os trabalha-
dores da economia formal, em geral s?o baixos, muitos
n?o t?m condi??es de comprar nem de alugar um im?vel
em bairros com infraestrutura adequada (rede de esgoto,
?gua encanada, boa oferta de servi?os), pois s?o itens
que encarecem o im?vel. Por causa disso, formaram-se
aglomerados subnormais (ver nota na tabela da p?gina
ao lado) em v?rias cidades, principalmente nas maiores.
Essa ? a face mais vis?vel do crescimento desordenado
das cidades e da segrega??o socioespacial.
Os governos de muitos pa?ses em desenvolvimen-
to t?m grande parcela de responsabilidade nesse pro-
cesso, porque n?o implantaram pol?ticas p?blicas ade-
quadas, especialmente no setor habitacional, para
enfrentar o problema. Nos pa?ses em que as pol?ticas
p?blicas foram adequadas, paralelamente ao aumento
da oferta de empregos e ? eleva??o da renda, o que
possibilitou uma melhoria das condi??es de vida, as
aglomera??es subnormais foram bastante reduzidas
ou at? mesmo erradicadas.
Um dos melhores exemplos disso aconteceu em
Cingapura. De acordo com o Banco Mundial, em 1965,
quando o pa?s se tornou independente, 70% de sua
popula??o vivia em condi??es muito prec?rias: a renda
per capita era de 2 700 d?lares ao ano, e o desemprego
atingia 14% da Popula??o Economicamente Ativa (PEA).
Ap?s cinco d?cadas de elevados investimentos p?blicos
em habita??o, em infraestrutura urbana e em servi?os
p?blicos de qualidade, houve crescimento econ?mico
sustentado, eleva??o e melhor distribui??o da renda,
erradica??o das submoradias e, consequentemente,
melhoria da qualidade de vida da popula??o. Em 2014,
segundo o Banco Mundial, Cingapura tinha uma renda
per capita de 55 150 d?lares, e o desemprego atingia
3% da PEA.
A car?ncia de habita??es seguras e confort?veis ?
um problema no mundo todo. Segundo o Programa das
Na??es Unidas para Assentamentos Humanos (ag?ncia
da ONU sediada em Nairobi, Qu?nia, mais conhecida
como UN-Habitat), em 2012, havia 863 milh?es de pes-
soas vivendo em aglomerados subnormais.
Bryan van der Beek/Bloomberg/Getty Images
Edif?cios residenciais constru?dos pelo

Estado no distrito de Toa Payoh, Cingapura

(os pr?dios com detalhes verdes, em

primeiro plano), em 2014. Segundo o

Housing & Development Board (H
DB), ?rg?o

governamental que constr?i e administra os

pr?dios, cerca de 80% da popula??o vive em

moradias como essas, os chamados H
DB

flats, pelos quais pagam aluguel social.
192
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 192 27/05/16 18:48

Moradores em aglomerados subnormais* por regi?es e pa?ses ? 2012
Regi?o/pa?s
Total de moradores
(em milhões)
% do total da popula??o
urbana
?frica subsaariana 213,1 61,7
Nig?ria 47,6 62,7
Leste da ?sia 206,5 28,2
China 180,6 29,1
Sul da ?sia 200,5 35,0
?ndia 104,7 29,4
Am?rica Latina e Caribe 113,4 23,5
Brasil 44,9 26,9
Sudeste da ?sia 79,9 31,0
Indon?sia 23,3 23,0
Oeste da ?sia (Oriente M?dio) 35,7 24,6
Norte da ?frica 12,8 13,3
Oceania 0,6 24,1
* Como n?o h? um conceito consagrado
mundialmente, adotamos a
terminologia do IBGE. A ONU usa o
termo slum (em ingl?s), que no Brasil ?
traduzido como ?favela?, por?m esse ?
apenas um tipo de submoradia ou
aglomerado subnormal. De acordo com
o IBGE, aglomerados subnormais
definem domic?lios em ?favelas,
invas?es, grotas, baixadas, comuni-
dades, vilas, ressacas, mocambos,
palafitas, entre outros assentamentos
irregulares?. A UN-Habitat n?o
apresenta dados de submoradias para
os pa?ses desenvolvidos.
Adaptado de: UNITED NATIONS. Human
Settlements Programme (UN-Habitat).
State of the World?s Cities 2012/2013.
Nairobi: UN-Habitat, 2012. p. 151.
Dispon?vel em: <http://mirror.unhabitat.
org/pmss/listItemDetails.aspx?
publicationID=3387>. Acesso em:
28 mar. 2016.
Na foto, Dharavi Slum, em
Mumbai (?ndia), em 2013.
Nesse aglomerado urbano
subnormal, um dos maiores
do mundo, vivem cerca de
1 milh?o de pessoas. Dharavi
ficou conhecida no mundo
todo porque serviu de loca??o
para cenas do filme Quem quer
ser um milionário?.
A ?frica subsaariana ? a regi?o com maior n?mero
absoluto de moradores em submoradias. Embora a Chi-
na e a ?ndia tenham reduzido significativamente a quan-
tidade de pessoas que moram em habita??es prec?rias,
ainda s?o os pa?ses que apresentam os maiores n?me-
ros absolutos. O Brasil ? o quarto pa?s com maior con-
tingente de moradores em aglomerados subnormais.
Observe a tabela abaixo.
Frank Bienewald/LightRocket/Getty Images
O maior n?mero relativo de moradores em aglo-
merados subnormais tamb?m aparece na ?frica sub-
saariana. Na Nig?ria, pa?s com o maior n?mero de ha-
bitantes em submoradias nessa regi?o, o percentual
de pessoas que vivem em habita??es prec?rias chega
a 63% da popula??o urbana. Mas nesse subcontinente
h? pa?ses com percentuais bem mais altos, como a Re-
p?blica Centro-Africana, onde 96% da popula??o vive
em aglomerados subnormais.
N?o h? um conceito ?nico para definir as mora-
dias prec?rias; a publica??o Slums of the World da
UN-Habitat apresenta descri??es e defini??es para
trinta cidades espalhadas pelo mundo. A pr?pria
ag?ncia da ONU reconhece que o termo ingl?s slum
? utilizado para definir uma grande diversidade de
tipos de assentamento urbano prec?rio espalhados
por v?rios pa?ses.
S?o Paulo e Rio de Janeiro, as duas regi?es metropo-
litanas com maior n?mero de pessoas que vivem em
aglomerados subnormais ? 2,2 milh?es e 1,7 milh?o, res-
pectivamente ?, aparecem entre as trinta cidades da
lista da UN-Habitat e em ambas constam a defini??o
dada pelo IBGE: ?Aglomerado subnormal: grupo de cin-
quenta ou mais moradias, constru?das de maneira aden-
sada e desordenada, em terreno pertencente a terceiros,
e carente de infraestrutura e servi?os p?blicos?.
De acordo com a UN-Habitat, uma ou mais das seguin-
tes caracter?sticas define esse tipo de moradia prec?ria:
O espaço urbano no mundo contemporâneo 193
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 193 27/05/16 18:48

Na tentativa de encaminhar solu??es para diversos
problemas urbanos, entre os quais o das moradias pre-
c?rias, foi realizada em Istambul, na Turquia, em 1996, a
Confer?ncia das Na??es Unidas sobre Assentamentos
Humanos ? Habitat II. A primeira reuni?o, Habitat I, acon-
teceu em Vancouver, Canad?, em 1976; e a Habitat III foi
realizada em Quito, Equador, em 2016.
A Habitat II reuniu representantes dos pa?ses-mem-
bros da ONU e de diversas ONGs. Foi discutida, entre outros
problemas urbanos, a quest?o da moradia. Ficou decidido
que os governos deveriam criar condi??es para que o aces-
so ? moradia segura, habit?vel, salubre e sustent?vel fosse
universalizado. Por?m, diversos governos, entre os quais o
Nos pa?ses desenvolvidos, embora quase n?o haja
aglomerados subnormais, como favelas, ? grande o
n?mero de pessoas que moram em corti?os ou dormem
em abrigos p?blicos ou mesmo nas ruas. A crise
financeira/imobili?ria que eclodiu em 2008 piorou essa
situa??o. Segundo a ONG Coalition for the Homeless, em
dezembro de 2014 havia 60 939 pessoas sem-teto na
cidade de Nova York (Estados Unidos), um recorde desde a
depress?o dos anos 1930. Na foto de 2016, sem-teto
guarda seus pertences em um carrinho de compras de
supermercado numa rua de Manhattan, Nova York.
View Press/Corbis/Latinstock
Aglomerado subnormal
Anna Carolina Negri/FotoArena
Consulte o site do TETO Brasil e o do
Observatório de Favelas e também a
indicação do filme Quem quer ser um
milionário?. Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes e sites.
norte-americano e o brasileiro, foram contra a proposta de
que a habita??o fosse considerada um direito universal do
cidad?o e que, portanto, deveria ser garantida pelo Estado.
Em diversas cidades do mundo, tanto nos pa?ses em
desenvolvimento quanto nos desenvolvidos, pessoas
sem-teto se organizam para lutar pelo direito ? moradia
urbana adequada e por melhores condi??es de vida. Uma
ou outra dessas organiza??es tem atua??o nacional, como
o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), no
Brasil, mas a maioria delas tem atua??o local. H? tamb?m
organiza??es com atua??o internacional, como a TETO
(ou TECHO, em espanhol), ONG criada em 1997, no Chile,
que atua em quase toda a Am?rica Latina.
Ocupação irregular: as
pessoas ocupam terrenos
dos quais não possuem
título de propriedade.
Acesso inadequado a
saneamento básico – água
potável e tratamento de esgoto
– e demais infraestruturas.
As submoradias foram erguidas nos interst?cios da cidade formal, geralmente onde havia terrenos dispon?veis,
muitas vezes em ?reas inadequadas para ocupa??o, como morros e margens de rios e c?rregos, por isso, menos
valorizadas. Na foto, habita??es prec?rias ? beira de um c?rrego no bairro de Itaquera, em S?o Paulo (SP), em 2014.
Baixa qualidade estrutural
das construções e moradias
apertadas e superlotadas.
Condições inseguras
de habitação.
Capítulo 9194
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 194 27/05/16 18:48

Violência urbana
A viol?ncia ? roubos, assaltos, sequestros, homic?-
dios, etc. ? atinge milh?es de pessoas no mundo intei-
ro (sobretudo nas cidades), faz muitas v?timas e gera
medo e inseguran?a. O indicador mundialmente con-
siderado para medir a viol?ncia ? o homic?dio. Al?m de
atentar contra a vida, o maior dos direitos humanos,
possui registros mais confi?veis, permitindo a compa-
ra??o entre pa?ses.
A viol?ncia contra a pessoa n?o est? necessariamen-
te associada ? pobreza, como muitas vezes se acredita.
Por exemplo, h? pa?ses mais pobres que o Brasil, como
o Egito, que apresentam ?ndices significativamente me-
nores de homic?dios. A viol?ncia ? mais grave em pa?ses
marcados por acentuada desigualdade social, entre os
quais a Venezuela, a ?frica do Sul, o Brasil, o M?xico, e
v?rios pa?ses da Am?rica Central, como Honduras, que
apresenta a taxa mais elevada do mundo. Outro fator
que explica as altas taxas de viol?ncia nesses pa?ses ? o
tr?fico de drogas. A viol?ncia contra a vida tamb?m ?
muito associada ?s grandes cidades, mas isso nem sem-
pre ? verdadeiro.
Como mostram os dados da tabela abaixo, Mumbai,
s?tima maior metr?pole do mundo, e especialmente
T?quio, a maior delas, apresentam ?ndices de viol?ncia
baix?ssimos, e as taxas de homic?dio das maiores cidades
de muitos pa?ses s?o mais baixas do que a m?dia nacio-
nal. Por exemplo, o ?ndice de viol?ncia de S?o Paulo ?
cerca de metade da m?dia brasileira, e o da Cidade do
M?xico ? menos da metade da m?dia mexicana.
Consulte a indicação do filme
Tiros em Columbine, que trata da
violência nos Estados Unidos. Veja
orientações na seção Sugestões de
leitura, filmes e sites.
Viol?ncia contra a pessoa em pa?ses selecionados ? 2012*
Pa?s
Homic?dios por 100 mil
habitantes
Principal cidade do pa?s
Homic?dios por 100 mil
habitantes
Honduras 90,4 Tegucigalpa 102,2
Venezuela 53,7 Caracas 122,0
?frica do Sul 31,0 Cidade do Cabo 59,9
Brasil 25,2 S?o Paulo 14,2
M?xico 21,5 Cidade do M?xico 8,8
Estados Unidos 4,7 Nova York 5,1
?ndia 3,5 Mumbai 1,2
Egito 3,4 Cairo 2,4
Reino Unido 1,0 Londres 1,3
China 1,0 Hong Kong** 0,4
Alemanha 0,8 Berlim 1,0
Jap?o 0,3 T?quio 0,2
Adaptado de: UNITED NATIONS OFFICE ON DRUGS AND CRIME. Global Study on Homicide 2013. Vienna: UNODC, 2013. p. 122-149.
Dispon?vel em: <www.unodc.org/documents/gsh/pdfs/2014_GLOBAL_HOMICIDE_BOOK_web.pdf>. Acesso em: 26 out. 2015.
* Para a maioria dos pa?ses o dado ? de 2012, para alguns, como o Jap?o, ? de 2011, e para a China ? de 2010.
** N?o h? dado dispon?vel para Xangai, a maior cidade da China.
Nos pa?ses desenvolvidos, o n?vel de viol?ncia ?
desigual: como vimos na tabela acima, os Estados Uni-
dos apresentam ?ndices de viol?ncia mais elevados do
que os de pa?ses de igual n?vel de desenvolvimento e
mesmo do que os de pa?ses bem mais pobres. Isso ocor-
re porque o pa?s tem os maiores ?ndices de desigualda-
de social no mundo desenvolvido e permite a livre co-
mercializa??o de armas de fogo.
No interior de qualquer pa?s, a viol?ncia tamb?m ?
desigual dos pontos de vista social (incluindo de g?ne-
ro) e territorial. Na maioria dos pa?ses, inclusive no Bra-
sil, as maiores v?timas de homic?dio s?o jovens de 15 a
29 anos do sexo masculino, sobretudo das camadas
mais pobres da so-
ciedade. Como mos-
tra a tabela da p?gi-
na seguinte, a taxa
de homic?dios entre
jovens ? cerca de o dobro da taxa observada na popu-
la??o total. Em termos territoriais, h? estados, munic?-
pios e bairros mais violentos que outros. No territ?rio
brasileiro, a viol?ncia contra a vida ? maior nas regi?es
metropolitanas, onde vive grande parcela da popula??o
e a desigualdade social ? mais acentuada. No entanto,
como vimos, seria um erro concluir que as metr?poles
s?o sempre mais violentas que as cidades menores.
O espaço urbano no mundo contemporâneo 195
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 195 27/05/16 18:48

Em 2011, por exemplo, S?o Paulo (SP), embora tives-
se o terceiro maior n?mero absoluto de assassinatos,
dado que ? a maior cidade do pa?s, apresentou a menor
taxa de homic?dios dentre todas as capitais brasileiras.
J? Macei? (AL), com uma popula??o bem menor, teve o
quinto maior n?mero de assassinatos. Proporcionalmen-
te, Macei? ? uma cidade muito mais violenta que S?o
Paulo, cerca de dez vezes mais. Reveja a tabela acima.
Em uma metr?pole, o ?ndice de viol?ncia tamb?m ?
desigual e, mesmo dentro de um munic?pio, h? bairros
com diferentes ?ndices de viol?ncia. Os bairros bem equi-
pados com infraestrutura urbana e bem policiados, em
geral os mais centrais, tendem a ter um ?ndice menor de
viol?ncia do que os bairros malservidos, em maior n?-
mero, localizados na periferia.
Na discuss?o sobre as causas da viol?ncia, os espe-
cialistas enfatizam a import?ncia das redes de solidarie-
dade de uma comunidade ? fam?lia, escola, igrejas, as-
socia??es de bairro, centros de esporte e lazer, etc.
Quando essas redes s?o amplas e bem articuladas, as
pessoas sentem-se amparadas, socialmente inseridas e
h? pouca propens?o ?s a??es criminais. Entretanto,
quando essas redes s?o pouco articuladas, as pessoas
ficam sem perspectivas, e muitas, especialmente as jo-
vens, acabam sendo cooptadas por organiza??es crimi-
nosas, sobretudo as envolvidas com o tr?fico de drogas.
Brasil: os dez munic?pios onde mais ocorreram homic?dios ? 2011
Munic?pio
Popula??o total
(2010)
Homic?dios
(total)
Homic?dios na
popula??o total
(por 100 mil habitantes)
Homic?dios na popula-
??o de 15 a 29 anos
(por 100 mil habitantes)
Salvador (BA) 2 675 656 1 671 62,0 142,3
Rio de Janeiro (RJ) 6 320 446 1 467 23,1 44,5
S?o Paulo (SP) 11 253 503 1 347 11,9 20,2
Fortaleza (CE) 2 452 185 1 337 54,0 114,9
Macei? (AL) 932 748 1 048 111,1 255,3
Manaus (AM) 1 802 014 1 029 56,2 118,4
Bras?lia (DF) 2 570 160 977 37,4 71,0
Belo Horizonte (MG) 2 375 151 961 40,3 88,5
Recife (PE) 1 537 704 883 57,1 136,9
Curitiba (PR) 1 751 907 833 47,2 91,6
Adaptado de: WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da viol?ncia 2014: homic?dios e juventude no Brasil. Bras?lia: Secretaria-geral da Presid?ncia da Rep?blica, 2014. p. 62;
IBGE. Censo Demogr?fico 2010. Dispon?vel em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php?lang=>. Acesso em: 26 out. 2015.
Manifestantes da ONG
Rio de Paz realizam ato
na praia de Copacabana,
no Rio de Janeiro (RJ),
em 5 de abril de 2015.
Eles protestavam contra
a viol?ncia que tem feito
muitas v?timas na cidade,
inclusive crian?as, e em
solidariedade ? fam?lia de
Eduardo de Jesus Ferreira,
de 10 anos, morto com
um tiro no dia 2 de abril
de 2015. Al?m dele, outras
tr?s pessoas morreram nos
dois dias de enfrentamento
entre policiais e traficantes
no Morro do Alem?o.
Marcos Arcoverde/Agência Estado
Capítulo 9196
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3 Rede e hierarquia urbanas
A rede urbana ? formada pelo conjunto de cidades
? de um mesmo pa?s ou de pa?ses vizinhos ?, que se in-
terligam umas ?s outras por meio de sistemas de trans-
porte e de telecomunica??o, atrav?s dos quais se d?o os
fluxos de pessoas, mercadorias, informa??es e capitais.
As redes urbanas dos pa?ses desenvolvidos s?o
mais densas e articuladas por causa dos altos ?ndices
de industrializa??o e de urbaniza??o, da economia di-
versificada e din?mica, dos mercados internos com
alta capacidade de consumo e dos grandes investimen-
tos em transportes e telecomunica??es. J? as redes
urbanas de muitos pa?ses em desenvolvimento, parti-
cularmente daqueles de baixo n?vel de
industrializa??o e urbaniza??o, s?o bas-
tante desarticuladas, e as cidades est?o
dispersas no territ?rio.
As redes de cidades mais densas e
articuladas se encontram nas regi?es do
planeta onde se desenvolveram as me-
gal?poles: nordeste e costa oeste dos
Estados Unidos, por??o ocidental da Eu-
ropa e sudeste da ilha de Honshu, no Ja-
p?o, embora haja importantes redes em
outras regi?es, como aquelas polarizadas
por Cidade do M?xico, S?o Paulo e Bue-
nos Aires (veja novamente o mapa na
p?gina 190).
O capitalismo em sua etapa informacio
-
nal, o avan?o da globaliza??o e a consequen-
te acelera??o de fluxos no espa?o geogr?fi-
co planet?rio criaram uma rede urbana
mundial, cujos n?s ou pontos de intercone-
x?o s?o as chamadas cidades globais.
Desde o fim do s?culo XIX, muitos au-
tores passaram a utilizar o conceito de re-
de urbana para se referir ? crescente arti-
cula??o entre as cidades resultante da
expans?o do processo de industrializa??o-
-urbaniza??o. No mesmo per?odo, na ten-
tativa de apreender as rela??es que se
estabelecem entre as cidades no interior
de uma rede, a no??o de hierarquia urbana
tamb?m passou
a ser utilizada.
Ocorre que a concep??o tradicional de hierarquia
urbana, tomada do jarg?o militar, j? n?o oferece uma
boa descri??o das rela??es estabelecidas entre as cidades
no interior da rede urbana. Com os avan?os da revolu??o
t?cnico-cient?fica, a acelerada moderniza??o dos siste-
mas de transporte e de telecomunica??o, o barateamen-
to e a maior facilidade de obten??o de energia, a disse-
mina??o de avi?es, trens e autom?veis mais velozes,
enfim, com a redu??o do tempo de deslocamento, as
rela??es entre as cidades j? n?o respeitam o ?esquema
militar?, no qual era necess?rio ?galgar postos? dentro
da hierarquia urbana.
Metrópole nacional
Metrópole regional
Centro regional
Cidade local
Vila
Esquema clássico de relações entre as cidades em uma
rede urbana
Cassiano Röda/Arquivo da editora
Adaptado de: SANTOS,
Milton. Metamorfoses
do espaço habitado.
5. ed. S?o Paulo:
Hucitec, 1997. p. 55.
Em uma analogia com a hierarquia militar, a vila seria um soldado e a metr?pole nacional, um general, a
posi??o mais alta. A metr?pole nacional seria o n?vel m?ximo de poder e influ?ncia econ?mica na rede
urbana de um pa?s, e a vila, o n?vel mais baixo, que sofreria influ?ncia de todas as outras. Essa foi a
concep??o de hierarquia urbana utilizada desde o fim do s?culo XIX at? meados da d?cada de 1970.
O espaço urbano no mundo contemporâneo 197
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Metrópole regional
Centro
regional
Cidade
local
Vila
Metrópole
nacional
Esquema atual de relações entre as
cidades em uma rede urbana
Cassiano Röda/Arquivo da editora
Adaptado de: SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado.
5. ed. S?o Paulo: Hucitec, 1997. p. 55.
No atual est?gio informacional do capitalismo,
estruturou-se uma nova hierarquia urbana, na qual a
rela??o da vila ou da cidade local pode se dar com o
centro regional, com a metr?pole regional ou at? mesmo
diretamente com a metr?pole nacional. Esse esquema
mostra a inter-rela??o das cidades no interior da rede
urbana de uma forma mais pr?xima da realidade atual.
Daniel Boucinha/Futura Press
Gerson Gerloff/Pulsar Imagens
Atualmente, uma pessoa com boa renda pode residir
em uma ch?cara ou em um s?tio, na zona rural, ou em uma
pequena cidade, em lugares distantes de um grande cen-
tro, e estar mais integrada ? vida urbana do que outra
pessoa pobre que resida nesse mesmo centro. Se a pessoa
vive, por exemplo, em uma ch?cara, a quil?metros da gran-
de cidade, mas tem ? sua disposi??o telefone, computador,
conex?o com a internet, antena parab?lica e autom?vel,
est? mais bem integrada do que outra que mora na cida-
de, mas em habita??o prec?ria ou mesmo na rua e sem
acesso a todos esses bens e servi?os. Portanto, o que de-
fine a integra??o ou n?o das pessoas ? moderna socieda-
de capitalista ? a maior ou menor disponibilidade de renda
? e, consequentemente, a possibilidade de acesso ?s novas
tecnologias, aos conhecimentos, aos bens e servi?os ?,
e n?o mais a dist?ncia que as separam dos lugares.
Na foto ao lado, de 2013, morador de rua no centro de
Porto Alegre (RS). Na foto abaixo, tamb?m de 2013,
moradia na zona rural do munic?pio de Silveira
Martins (RS), a 285 quil?metros da capital ga?cha,
com acesso a bens e servi?os como energia el?trica,
telecomunica??o e autom?vel.
Quais dessas
pessoas têm mais
acesso aos bens e
serviços oferecidos
pela vida urbana?
Capítulo 9198
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Avanços
tecnológicos
são a base
da globalização
• Possibilitam a dispersão da
produção pelos lugares.
• Oferecem mais possibilida-
des de lucro às empresas e
integração dos mercados,
das finanças e das Bolsas de
Valores.
• Contribuem para a expansão
da infraestrutura urbana e da
rede global de cidades.
• Contribuem para reforçar o
papel de comando de algu-
mas cidades globais na fase
atual do capitalismo.
Fongfong/Shutterstock/Glow Images
FooTToo/Shutterstock/Glow Images
Tsyhun/Shutterstock/Glow Images
4 As cidades na economia global
No s?culo XVI, a viagem da frota comandada por
Pedro ?lvares Cabral demorou 45 dias para atravessar
o oceano Atl?ntico, desde Lisboa at? o litoral brasileiro,
nos arredores de onde atualmente est? Porto Seguro
(BA). Nos dias atuais, o mesmo percurso, de avi?o, ?
feito em cerca de oito horas. A famosa carta de Pero
Vaz de Caminha, que descrevia suas impress?es sobre
a nova terra, teve de fazer a travessia do oceano, a bordo
de um navio que retornou ? Europa, at? chegar ?s m?os
do rei de Portugal semanas depois.
Durante longo per?odo da hist?ria humana, a in-
forma??o circulava ? mesma velocidade das pessoas e
das mercadorias, ou seja, a comunica??o dependia dos
meios de transporte e s? come?ou a se dissociar deles
a partir da inven??o do tel?grafo, no s?culo XIX. Atual-
mente, o avan?o tecnol?gico, al?m de acelerar todas
as modalidades de circula??o, diferenciou o tempo ne-
cess?rio ao transporte da informa??o (veiculada, por
exemplo, na forma de bits) do tempo do transporte da
mat?ria (pessoas e mercadorias). Atualmente, as infor-
ma??es circulam praticamente ? velocidade da luz. Se
fosse hoje, Caminha enviaria sua carta por e-mail e ela
chegaria ao destino quase que imediatamente ou, co-
mo se diz, em ?tempo real?.
O espaço urbano no mundo contemporâneo 199
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A desconcentra??o das ind?strias, que rumam para
as cidades m?dias, pequenas e at? mesmo para a zona
rural, ao contr?rio do que muitos pensam, tem contribu?-
do para refor?ar o papel de comando de muitas das
grandes cidades, e mesmo de algumas m?dias. Essas
cidades comandantes s?o importantes centros de servi-
?os especializados e de apoio ? produ??o ? universidades
e centros de pesquisa, escrit?rios de advocacia e conta-
bilidade, ag?ncias de publicidade e marketing, bancos e
Bolsas de Valores, hot?is e centros de eventos e exposi-
??es. Um dos exemplos mais ilustrativos ? S?o Paulo, que
se consolidou como o principal centro de servi?os e de
neg?cios n?o s? do Brasil, mas da Am?rica do Sul.
As cidades globais, como vimos, s?o os n?s da rede
urbana mundial, e as megacidades, o que s?o? De acordo
com a ONU, s?o aglomera??es urbanas (?reas metropo-
litanas) com 10 ou mais milh?es de habitantes. Assim, as
cidades globais, uma defini??o qualitativa, n?o coincidem
necessariamente com as megacidades, definidas por um
crit?rio quantitativo.
Ainda que, segundo a ONU, somente cerca de
10% da popula??o urbana mundial vivesse em me-
gacidades em 2014, elas est?o crescendo e ganhando
import?ncia, sobretudo nos pa?ses em desenvolvi-
mento. Das 28 megacidades existentes no mundo
no referido ano, 21 estavam em pa?ses pobres ou
emergentes. A maioria delas apresenta elevado cres-
cimento populacional, com destaque para Lagos (Ni-
g?ria), Kinshasa (Rep?blica Democr?tica do Congo)
e Daca (Bangladesh).
photogearch/Shutterstock
Shafiqul Alam/Demotix/Corbis/Latinstock
De acordo com a ONU,
Zurique, na Su??a (foto
acima), tinha 1,2 milh?o de
habitantes em 2014. N?o ?
megacidade, mas ? cidade
global pelo papel de
comando que desempenha
na rede urbana mundial. J?
a ?rea metropolitana de
Daca, em Bangladesh (foto
ao lado), tinha 17 milh?es
de habitantes em 2014. ?
megacidade, por?m, n?o ?
cidade global, em raz?o da
limita??o de infraestrutura
e a reduzida oferta de
servi?os. Al?m disso, grande
parcela da popula??o de
Daca est? marginalizada,
desconectada dos fluxos
globais.
Capítulo 9200
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Observe a tabela a seguir e compare a evolu??o
do crescimento das megacidades em pa?ses pobres
ou emergentes com a das metr?poles dos pa?ses de-
senvolvidos. Embora T?quio deva permanecer como
a maior aglomera??o urbana por alguns anos, seu
crescimento ser? o mais baixo do per?odo 2014-2030,
e as outras cidades dos pa?ses ricos tamb?m crescer?o
muito pouco. Segundo proje??es da ONU, em 2030,
haver? 41 megacidades, das quais 34 localizadas em
pa?ses em desenvolvimento. Exceto T?quio, as outras
cidades dos pa?ses desenvolvidos que aparecem na
lista t?m perdido posi??es.
Consulte o site do GaWC. Veja orientações
na seção Sugestões de leitura, filmes e sites.
Brendan McDermid/Reuters/Latinstock
As seis maiores megacidades e outras selecionadas: popula??o total e crescimento anual
Megacidades
Popula??o em 2014
(milhões)
Popula??o em 2030*
(milhões)
Crescimento 2014-2030
(%)
1. T?quio, Jap?o 37,8 37,2 −0,11
2. D?lhi, ?ndia 25,0 36,1 2,30
3. Xangai, China 23,0 30,8 1,82
4. Cidade do M?xico, M?xico 20,8 23,9 0,85
5. S?o Paulo, Brasil 20,8 23,4 1,08
6. Mumbai, ?ndia 20,7 27,8 1,83
9. Nova York-Newark, Estados Unidos 18,6 19,9 0,42
11. Daca, Bangladesh 17,0 27,4 2,98
13. Buenos Aires, Argentina 15,0 17,0 0,76
17. Rio de Janeiro, Brasil 12,8 14,2 0,62
19. Lagos, Nig?ria 12,6 24,2 4,08
23. Kinshasa, Rep. Democr?tica
do Congo
11,1 20,0 3,67
25. Paris, Fran?a 10,8 11,8 0,58
27. Londres, Reino Unido 10,2 11,5 0,74
28. Jacarta, Indon?sia 10,2 13,8 1,91
Adaptado de: UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs/Population Division. World Urbanization Prospects: the 2014 Revision.
Dispon?vel em: <http://esa.un.org/unpd/wup/>. Acesso em: 8 dez. 2015. * Estimativa.
Segundo classifica??o desenvolvida pela Globalization
and World Cities (GaWC), rede de pesquisas da globa-
liza??o e das cidades globais sediada no Departamento
de Geografia da Universidade de Loughborough (Reino
Unido), em 2012, havia 182 cidades globais. Essa pesquisa
classificou-as em tr?s n?veis (alfa, beta e gama), com
seus subn?veis de acordo com a densidade e a qualida-
de da infraestrutura, a oferta de bens e servi?os e,
consequentemente, a capacidade de polariza??o de
cada uma delas sobre os fluxos regionais e mundiais.
As duas cidades mais influentes, que mais polari-
zam os fluxos de pessoas, investimentos e informa??es
? as principais comandantes da globaliza??o ? s?o Lon-
dres e Nova York, classificadas como cidades alfa ++.
Centro da megal?pole de Boswash,
Nova York ? um dos principais s?mbolos
norte-americanos. Considerada a
?capital? do mundo no s?culo XX,
continua com o mesmo prest?gio neste
in?cio do s?culo XXI. Na foto de 2014,
vista panor?mica da cidade a partir do
edif?cio Empire State: ao fundo, no
distrito financeiro, o pr?dio que se
destaca na paisagem ? o One World
Trade Center, erguido no lugar das
torres g?meas derrubadas em 2001.
201
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Ap?s as cidades alfa ++ v?m oito cidades alfa +, tam-
b?m com alto grau de integra??o, por?m complementa-
res ?s duas principais. Ainda fortemente conectadas, mas
em patamar inferior a essas primeiras, v?m 13 cidades
alfa, entre as quais est? S?o Paulo, e 22 alfa –, completan-
do as 45 cidades dessa categoria (observe o mapa da p?-
gina ao lado). As 78 seguintes foram classificadas na hie-
rarquia como cidades globais beta, onde aparece o Rio de
Janeiro. As 59 do ?ltimo grupo, cujos fluxos e oferta de
servi?os s?o bem menores em compara??o aos dois pri-
meiros, foram definidas como cidades globais gama.
Como vimos, mesmo nas cidades mais bem equi-
padas, nem todos t?m igual acesso aos bens e servi?os.
Isso ? mais acentuado em aglomera??es urbanas que
apresentam grande desigualdade social, como as me-
gacidades dos pa?ses em desenvolvimento: D?lhi, S?o
Paulo, Cidade do M?xico, Buenos Aires, entre outras. O
que limita o acesso aos bens e servi?os ?, sobretudo, a
desigual disponibilidade de renda.
No capitalismo, os investimentos s?o concentra-
dos nos lugares mais bem equipados e voltados pa-
ra os setores econ?micos e sociais nos quais o lucro
? maior. Assim, se n?o forem realizados investimen-
tos p?blicos para garantir o desenvolvimento de to-
dos os lugares, as pessoas mais pobres tendem a
permanecer marginalizadas.
Alexandre Cappi/Pulsar Imagens
H? outras classifica??es para as cidades globais,
entre as quais a da institui??o de pesquisa The Mori
Memorial Foundation, sediada em T?quio (Jap?o). Pa-
ra elaborar uma lista de 40 cidades globais, seus pes-
quisadores consideraram mais de vinte indicadores
distribu?dos em seis categorias: ambiente econ?mico,
capacidade de pesquisa e desenvolvimento (P&D),
op??es culturais, qualidade de vida, ecologia e meio
ambiente, facilidade de acesso. Como mostra o gr?fico
da p?gina ao lado, quanto maior a pontua??o nesses
indicadores, melhor a posi??o da cidade na rede urba-
na mundial. Perceba que a classifica??o japonesa, n?o
t?o extensa e hierarquizada, equivale aproximadamen-
te ?s cidades alfa da classifica??o brit?nica.
S?o Paulo (SP) ? uma cidade
global alfa, com moderna
infraestrutura que a conecta
aos fluxos globais. A foto
acima, de 2014, mostra a
ponte Estaiada e edif?cios
comerciais localizados na
marginal do rio Pinheiros.
Entretanto, como megacidade
marcada por profundas
desigualdades sociais,
S?o Paulo abriga 1,5 milh?o
de pessoas que moram
precariamente. A foto ao lado,
de 2012, mostra a Favela Real
Parque, que fica do outro lado
do rio Pinheiros, em frente a
esses edif?cios modernos.
Como se pode observar, ela

vem recebendo obras de
urbaniza??o, transformando-se

em um bairro regular.
Fabio Knoll/Pulsar Imagens
Capítulo 9202
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 202 27/05/16 18:48

As 45 cidades globais alfa, segundo o GaWC – 2012
Banco de imagens/Arquivo da editora
Adaptado de: GLOBALIZATION AND
WORLD CITIES (GaWC). The World
According to GaWC 2012.
Loughborough, jan. 2014.
Dispon?vel em: <www.lboro.ac.uk/
gawc/world2012t.html>.
Acesso em: 28 mar. 2016.
Agora observe e compare a classifica??o das ci-
dades globais feita pelo grupo de estudos brit?nico
Globalization and World Cities com a do instituto de
pesquisas japon?s The Mori Memorial Foundation.
0 200 400 600 800 1,000 1,200 1,400 1,500
Londres
Nova York
Paris
Tóquio
Cingapura
Seul
Amsterdã
Berlim
Viena
Frankfurt
Hong Kong
Xangai
Sydney
Pequim
Zurique
Estocolmo
Madri
Toronto
Barcelona
Copenhague
Bruxelas
Los Angeles
Osaka
Vancouver
Genebra
Washington D.C.
Istambul
São Francisco
Chicago
Milão
Boston
Bangcoc
Taipei
Kuala Lumpur
Fukuoka
Moscou
Cidade do México
São Paulo
Mumbai
Cairo
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
ur
cco
Economia
Pesquisa e desenvolvimento
Interação cultural
Qualidade de vida
Ecologia e meio ambiente
Facilidade de transporte
As 40 cidades globais, segundo The Mori
Memorial Foundation – 2013
Adaptado de: THE MORI MEMORIAL
FOUNDATION. Institute for Urbans
Strategies. Global Power City Index
2013. Tokyo, oct. 2013. Dispon?vel em:
<www.mori-m-foundation.or.jp/
english/research/project/6/
pdf/GPCI-2013Summary_E.pdf>.
Acesso em: 29 mar. 2016.
Banco de imagens/Arquivo da editora
0 1
835
3
670
km
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Meridiano de Greenwich
Equador
Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
Círculo Polar Ártico
Alfa ++
Alfa +
Alfa
Alfa –
Cidades globais


Boston
Nova York
Londres
Dublin
Amsterdã
Bruxelas
Moscou
Estocolmo
Varsóvia
Istambul
Viena
Praga
Frankfurt
Munique
Paris
Madri
Zurique
Dubai
Nova Délhi
Mumbai Bangcoc
Kuala Lumpur
Sydney
Melbourne
Cingapura
Jacarta
Hong Kong
Taipé
Xangai
Tóquio
SeulPequim
Milão
Barcelona
Washington
Chicago
Toronto
Miami
Atlanta
São Francisco
Los Angeles
Cidade do México
São Paulo
Johannesburgo
Buenos Aires
O espaço urbano no mundo contemporâneo 203
GGB_v3_PNLD2018_184a205_U4C09.indd 203 27/05/16 18:48

Pensando no Enem
atenção!
N?o escreva neste livro!
Al?m dos in?meros eletrodom?sticos e bens eletr?-
nicos, o autom?vel produzido pela ind?stria fordista
promoveu, a partir dos anos 50, mudan?as significativas
no modo de vida dos consumidores e tamb?m na habi-
ta??o e nas cidades. Com a massifica??o do consumo
dos bens modernos, dos eletroeletr?nicos e tamb?m do
autom?vel, mudaram radicalmente o modo de vida, os
valores, a cultura e o conjunto do ambiente constru?do.
Da ocupa??o do solo urbano at? o interior da moradia,
a transforma??o foi profunda.
MARICATO, E. Urbanismo na periferia do mundo globalizado: metr?poles
brasileiras. Dispon?vel em: <www.scielo.br>. Acesso em: 12 ago. 2009 (adaptado).
Uma das consequ?ncias das inova??es tecnol?gicas das
?ltimas d?cadas, que determinaram diferentes formas
de uso e ocupa??o do espa?o geogr?fico, ? a institui??o
das chamadas cidades globais, que se caracterizam por
a) possu?rem o mesmo n?vel de influ?ncia no cen?rio
mundial.
b) fortalecerem os la?os de cidadania e solidariedade
entre os membros das diversas comunidades.
c) constitu?rem um passo importante para a diminui??o
das desigualdades sociais causadas pela polariza??o
social e pela segrega??o urbana.
d) terem sido diretamente impactadas pelo processo de
internacionaliza??o da economia, desencadeado a
partir do final dos anos 1970.
e) terem sua origem diretamente relacionada ao proces-
so de coloniza??o ocidental do s?culo XIX.
Resolu•‹o
A alternativa correta ? a D. Com os avan?os tecnol?gicos
da Terceira Revolu??o Industrial e o acelerado processo
de internacionaliza??o da economia desde os anos 1970,
as cidades globais ganharam import?ncia na rede urba-
na mundial. Elas s?o os n?s mais importantes dos fluxos
de capitais, mercadorias, pessoas e informa??es que ca-
racterizam a chamada globaliza??o. Elas s?o as cidades
com maior influ?ncia e capacidade de comando no
mundo globalizado.
Esta quest?o contempla a Compet?ncia de ?rea 4 ? En-
tender as transforma??es t?cnicas e tecnol?gicas e seu
impacto nos processos de produ??o, no desenvolvimento
do conhecimento e na vida social ? e as habilidades
correspondentes, sobretudo a H19 ? Reconhecer as
transforma??es t?cnicas e tecnol?gicas que determi-
nam as v?rias formas de uso e apropria??o dos espa?os
rural e urbano.
No p?s-guerra houve um grande crescimento da ind?stria
automobil?stica, sobretudo nos Estados Unidos, e o carro era
s?mbolo de mobilidade individual. Com o passar do tempo,
no entanto, virou o principal respons?vel pela imobilidade
urbana em raz?o do crescimento dos congestionamentos.
Atualmente, os administradores da maioria das cidades t?m
procurado priorizar o transporte coletivo e o uso de bicicletas.
Na foto, ciclovia na avenida Professor Henrique da Silva Fontes,
em Florian?polis (SC), em 2014.
Palê Zuppani/Pulsar Imagens
Capítulo 9204
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Atividades
Compreendendo conteúdos
1. H? dois conceitos fundamentais para compreender as cidades e suas rela??es no espa?o geogr?fico ? rede urbana
e hierarquia urbana:
a) Conceitue-os mostrando suas diferen?as.
b) Explique as diferen?as fundamentais entre os esquemas cl?ssico e atual de hierarquia urbana.
2. O que significa afirmar que para muitas pessoas as dist?ncias s?o relativas hoje em dia? Qual ? a consequ?ncia
disso na urbaniza??o atual?
3. Qual ? a diferen?a entre megacidade e cidade global? Qual ? o papel delas no atual capitalismo informacional?
4. De que forma as desigualdades sociais se materializam nas paisagens urbanas?
Desenvolvendo habilidades
5. Leia o texto, que trata da ocupa??o do territ?rio do munic?pio de S?o Paulo e, em seguida, leia o fragmento de um
livro do ge?grafo Milton Santos.
Segregação socioespacial e precariedade habitacional
Associado ao desequil?brio no aproveitamento do solo urbano e ? contraposi??o entre esvaziamento do centro expandido e
crescimento perif?rico, h? outro desequil?brio importante na cidade, que estabelece, grosso modo, uma distribui??o bem definida
das distintas classes sociais: os mais pobres vivendo predominantemente nas ?reas perif?ricas e seus assentamentos prec?rios
e os de maior renda, no centro expandido e seu entorno, onde existe maior oferta de infraestrutura e empregos.
Tal distribui??o representa, para os mais pobres, maior dist?ncia das oportunidades, maior tempo gasto no deslocamento casa-
-trabalho-casa e maior precariedade habitacional e urbana. Trata-se, portanto, de uma condi??o estrutural que favorece a
reprodu??o da pobreza ao longo das gera??es e impede uma redu??o mais acelerada das desigualdades de renda.
Associada a isso, a situa??o habitacional do munic?pio reflete uma combina??o de inadequa??o e d?ficit habitacional
que atinge cerca de um ter?o da popula??o paulistana: s?o 3030 assentamentos prec?rios, na sua maioria perif?ricos, dos
quais 1573 favelas e 1235 loteamentos irregulares, concentrando cerca de 30% da popula??o do munic?pio. [...]
S?O PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. SP 2040: a cidade que queremos. S?o Paulo: SMDU, 2012. p. 32-33.
Território e cidadania
Morar na periferia ? se condenar duas vezes ? pobreza. ? pobreza gerada pelo modelo econ?mico, segmentador do mercado
de trabalho e das classes sociais, superp?e-se a pobreza gerada pelo modelo territorial. Este, afinal, determina quem deve ser
mais ou menos pobre somente por morar neste ou naquele lugar. [...]
SANTOS, Milton. O espa?o do cidad?o. 3. ed. S?o Paulo: Nobel, 1996. p. 115.
Ap?s a leitura dos textos, reflita sobre as seguintes quest?es e elabore um texto para responder a cada um dos itens:
a) O que significa dizer que ?morar na periferia ? se condenar duas vezes ? pobreza? ou que isso ? uma ?condi??o
estrutural que favorece a reprodu??o da pobreza ao longo das gera??es?? Pode-se dizer que o grau de cidadania
de uma pessoa varia conforme sua posi??o no territ?rio da cidade?
b) Como as pessoas podem contribuir para romper esse c?rculo vicioso transformando essa ?condi??o estrutural?
e modificando as condi??es do lugar em que vivem? Como podem exercer seus direitos de cidad?s, independen-
temente de sua localiza??o no territ?rio?
6. Compare a classifica??o das cidades globais feita pelo grupo de estudos GaWC com a do instituto de pesquisas
The Mori Memorial Foundation (mapa e gr?fico na p?gina 203).
a) Quais s?o as cidades encontradas nas duas classifica??es, especialmente entre as dez principais cidades globais?
H? coincid?ncias?
b) H? alguma cidade brasileira nas duas classifica??es? Qual ? a posi??o dela nos dois rankings de cidades globais?
O que se pode concluir disso?
atenção!
Não escreva neste livro!
205O espaço urbano no mundo contemporâneo
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Zig Koch/Opção Brasil Imagens
206
CAPÍTULO10
As cidades e a
urbanização
brasileira
Jo?o Pessoa (PB),
em 2014.
GGB_v3_PNLD2018_206a227_U4C10.indd 206 27/05/16 18:49

N
este capítulo, vamos estudar os municípios, o processo de urbanização
e a rede urbana do Brasil, o que nos auxiliará a esclarecer algumas
questões: O que é considerado cidade e população urbana em nosso
país? Por que o Brasil apresenta índices de urbanização superiores aos de Japão,
Itália, França e Alemanha? Quais as implicações da criação e/ou emancipação
de novos municípios? O que é o Plano Diretor e de que forma ele pode ajudar
os cidadãos a resolver os problemas existentes no município em que moram?
A fundação de Brasília (1960) e a abertura de rodovias integrando a nova
capital ao restante do país provocaram significativas alterações nos fluxos
migratórios e na urbanização brasileira. Os municípios já existentes cresceram,
outros foram inaugurados e, consequentemente, houve reflexos na malha
municipal brasileira, como se pode perceber ao observar os mapas.
Cesar Diniz/Pulsar Imagens
p pp p
Brasil: evolu•‹o da malha municipal
Adaptado de: IBGE. Atlas escolar: evolu??o da malha municipal (1940-2010). Dispon?vel em: <http://atlasescolar.ibge.
gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_evolucao_malha_municipal.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2016.
Banco de imagens/Arquivo da editora
* Em 1
o
de janeiro de 2013 foram criados
mais cinco munic?pios, totalizando 5 570.
Munic?pio de Goi?s (GO),
em 2013.
RR
1940
AM
RO
AC
PA
AP
PI
CE
MA
TO
GO
BA
MG
ES
RJ
RN
PB
PE
SE
AL
SP
PR
SC
RS
MS
MT
DF
0 550 1
100
km
Equador
Trópico de Capricórnio

55°O
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Limite estadual
Limite municipal
Total de municípios: 1
574
RR
AM
RO
AC
PA
AP
PI
CE
MA
TO
GO
BA
MG
ES
RJ
RN
PB
PE
SE
AL
SP
PR
SC
RS
MS
MT
DF
0 550 1
100
km
Equador
Trópico de Capricórnio

55°O
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Limite estadual
Limite municipal
Total de municípios: 5
565*
2010
207As cidades e a urbanização brasileira
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1 O que consideramos cidade?
No mundo, atualmente, há cidades de diferentes
tamanhos, densidades demográficas e condições so-
cioeconômicas. Em algumas, apenas uma função urba-
na recebe destaque, enquanto em outras são desen-
volvidas múltiplas atividades. Muitas se estruturaram
há séculos, outras começaram a se desenvolver há
poucos anos ou décadas. Há ainda cidades que apre-
sentam grande desigualdade social e aquelas nas quais
as desigualdades são menos acentuadas. Todos esses
aspectos se refletem na organização do espaço e são
visíveis nas paisagens urbanas.
Dependendo do país ou da região em que se loca-
liza, uma pequena aglomeração de alguns milhares de
habitantes pode apresentar grande diversidade de fun-
ções urbanas ou, simplesmente, constituir uma con-
centração de residências rurais. Por exemplo, na peri-
feria da Amazônia, onde a densidade demográfica é
muito baixa, um pequeno povoado pode contar com
diversos serviços, como posto de saúde, escola e servi-
ço bancário, enquanto no interior do estado de São
Paulo, onde a rede urbana é bastante densa, o distrito
de um município de médio porte pode se constituir
apenas como local de moradia de trabalhadores rurais,
com comércio de produtos básicos, sem apresentar
outras funções urbanas. Quanto à população, uma ci-
dade localizada em regiões pioneiras pode ter muito
menos habitantes que uma simples vila rural de um
município muito populoso localizado em uma região
de ocupação mais antiga.
Na maioria dos países, tanto desenvolvidos como
em desenvolvimento, a classificação de uma aglomera-
ção humana como zona urbana ou cidade costuma con-
siderar algumas variáveis básicas: densidade demográ-
fica, número de habitantes, localização e existência de
equipamentos urbanos, como comércio variado, escolas,
atendimento médico, correio e serviços bancários.
No Brasil, o IBGE considera população urbana as
pessoas que residem no interior do perímetro urbano
de cada município, e população rural, as que residem
fora desse perímetro.
Entretanto, no intuito de aumentar sua arrecada-
ção, as autoridades administrativas de alguns municí-
pios recorrem a subterfúgios: utilizando as atribuições
que a lei lhes garante, determinam um perímetro ur-
bano bem mais amplo do que a área efetivamente
urbanizada. Dessa forma, muitas chácaras, sítios ou
fazendas, inegavelmente áreas rurais, acabam registra-
dos como parte do perímetro urbano e são taxados
com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), e não
com o Imposto Territorial Rural (ITR). Com o IPTU, o
governo dos municípios obtém uma arrecadação mui-
to superior à que obteria com o ITR.
Octavio Cardoso/Pulsar Imagens
Paulo Vilela/Shutterstock
Ale Ruaro/Pulsar Imagens
Existem munic?pios com cidades dos mais

variados portes. Nas fotos, pra?a principal

de Cachoeira do Arari, no munic?pio da Ilha

de Maraj?, 2014 (foto 1); centro de Altamira,

2011 (foto 2); e a cidade de Bel?m, 2015 (foto

3), todos localizados no Par?. Em 2015, eles

tinham, respec
tivamente, 22 449, 108 382

e 1 439 561 habitantes.
1
2
3
Capítulo 10208
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J? que munic?pios de qualquer extens?o territorial
e n?mero de popula??o t?m, obrigatoriamente, zona
estabelecida como urbana, algumas aglomera??es
cercadas por florestas, pastagens e ?reas de cultivo
s?o classificadas como regi?es ?urbanas?. Segundo
esse crit?rio, o estado do Amap? e o de Mato Grosso
t?m ?ndices de urbaniza??o equivalentes ao da regi?o
Sudeste. Portanto, como n?o h? um crit?rio uniforme,
a compara??o dos dados estat?sticos de popula??o
urbana e rural entre o Brasil e outros pa?ses fica
comprometida. Veja novamente os gr?ficos que com-
param taxas de urbaniza??o em pa?ses desenvolvidos
e emergentes e pa?ses n?o industrializados na p?gina
189 do Cap?tulo 9.
Observe o gr?fico abaixo e veja que, em 2015, cerca
de 88% dos munic?pios brasileiros tinham at? 50 mil
habitantes e abrigavam cerca de 32% da popula??o do
pa?s, nos quais as diversas atividades rurais ocupavam
grande parte dos trabalhadores e comandavam o mo-
do de vida das pessoas.
A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: IBGE. Estimativas da
popula??o dos munic?pios e unidades da
Federa??o brasileiros com data de
refer?ncia em 1? de julho de 2015.
Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>.
Acesso em: 4 abr. 2016.
Organizados pelos autores com base em: IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domic?lios 2013.
Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 4 abr. 2016.
Até 10 000
10 001 até 50 000
50 001 até 100 000
100 001 até 500 000
Acima de 500 000
Número de habitantes
População
Municípios
0 10 20 30 40 50
(%)
29,90 %
26,10 %
0,74 %
4,72 %
11,90 %
6,30 %
25,8 0%
44,24 %
6,30 %
44,00 %
Brasil: distribuição da população e dos municípios segundo
o número de habitantes – 2015
Banco de imagens/Arquivo da editora
Brasil: urbanização – 2013
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador

55º O
RORAIMA
AMAZONAS
RONDÔNIA
ACRE
PARÁ
AMAPÁ
PIAUÍ
CEARÁMARANHÃO
TOCANTINS
GOIÁS
BAHIA
MINAS
GERAIS
ESPÍRITO SANTO
RIO DE JANEIRO
RIO GRANDE
DO NORTE
PARAÍBA
PERNAMBUCO
SERGIPE
ALAGOAS
SÃO PAULO
PARANÁ
SANTA CATARINA
RIO GRANDE
DO SUL
MATO GROSSO
DO SUL
MATO GROSSO
DF
Boa Vista
Manaus
Porto Velho
Rio Branco
Belém
Macapá
São Luís
Fortaleza
Teresina
Cuiabá
Campo Grande
Natal
João
Pessoa
Recife
Maceió
Aracaju
Salvador
Vitória
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
Florianópolis
Porto Alegre
Belo
Horizonte
Goiânia
Brasília
Palmas
T
r ó
p
i c o
d e C a p r i c ó r n i o
População urbana na
população total (%)
De 70,0 a 79,9
De 80,0 a 89,9
De 63,8 a 69,9
De 90,0 a 99,5
160
180 170,7
30,6
140
120
100
80
60
40
20
Urbana
População total
(milhões de habitantes)
Rural
0 0 535 1 070
km
Agora observe o mapa e o gr?-
fico ao lado. O mapa mostra dados
da popula??o urbana de cada esta-
do em rela??o ao total do pa?s. O
gr?fico mostra a popula??o rural e
urbana. Alguns estados com grau
de urbaniza??o maior (acima de
70%) localizam-se em regi?es de
floresta, de expans?o agr?cola ou
reservas ind?genas e ecol?gicas
(principalmente na regi?o Norte do
pa?s), nas quais as atividades rurais,
como agropecu?ria e extrativismo,
s?o dominantes. Por exemplo, o
Amap? − que em 2015* possu?a ape-
nas 766 mil habitantes distribu?dos
em 16 munic?pios, sendo 456 mil em
Macap? − apresenta ?ndice de ur-
baniza??o igual ao de outros esta-
dos do Centro-Sul.
* Dado do IBGE. Estados@. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=ap>.
Acesso em: 25 maio 2016.
As cidades e a urbanização brasileira209
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Como reconhecer uma cidade
Saborosa nota intitulada ?Urbano ou Rural?? foi destaque da coluna Radar, assinada por Lauro Jardim
na revista Veja. Ela apresenta o caso extremo de Uni?o da Serra (RS), munic?pio de 1 900 habitantes, dos
quais 286 s?o considerados urbanos por residirem na sede do munic?pio, ou nas sedes de seus dois distritos.
A investiga??o da revista apontou as seguintes evid?ncias: a) ?a totalidade dos moradores sobrevive de
rendimentos associados ? agropecu?ria?; b) ?a ?popula??o? de galinhas e bois ? 200 vezes maior que a de
pessoas?; c) ?nenhuma resid?ncia ? atendida por rede de esgoto?; d) ?n?o h? ag?ncia banc?ria?.
Os coment?rios n?o poderiam ser melhores. Demonstram que o bom senso sempre d? prefer?ncia aos
crit?rios funcionais, em vez de estruturais, quando a quest?o ? determinar se parte de um munic?pio como
Uni?o da Serra pode ser considerada urbana. Ao fazer perguntas sobre a base das atividades econ?micas
dos moradores e sobre a exist?ncia de esgoto ou de ag?ncia banc?ria, a reportagem revela que n?o ? razo?vel
o crit?rio estrutural em vigor, segundo o qual urbano ? todo habitante que reside no interior dos per?metros
delineados pelas C?maras Municipais em torno de toda e qualquer sede de munic?pio ou de distrito.
Infelizmente ? assim que o Brasil conta a sua popula??o urbana desde o auge do Estado Novo, quando
Get?lio Vargas baixou o decreto-lei 311/38. At? tribos ind?genas foram consideradas urbanas pelos censos
demogr?ficos realizados entre 1940 e 2000.
Outra prova de que o bom senso d? prefer?ncia a crit?rios funcionais ? o contraste entre o que ocorre
aqui e no exterior. Para explicar como costuma ser feita a classifica??o territorial das popula??es no resto
do mundo, o exemplo mais pr?ximo ? o da na??o que colonizou este imenso pa?s. Por lei aprovada h? vinte
anos pela Assembleia da Rep?blica de Portugal, uma povoa??o s? pode ser elevada ? categoria de vila se
possuir pelo menos metade de oito equipamentos coletivos: a) posto de assist?ncia m?dica; b) farm?cia;
c) centro cultural; d) transportes p?blicos coletivos; e) esta??o dos correios e tel?grafos; f) estabelecimentos
comerciais e de hotelaria; g) estabelecimento que ministre escolaridade obrigat?ria; h) ag?ncia banc?ria.
Pela mesma lei, uma vila s? pode ser elevada ? categoria de cidade se possuir, pelo menos, metade de dez
equipamentos coletivos: a) instala??es hospitalares com servi?o de perman?ncia; b) farm?cias; c) corpora??o
de bombeiros; d) casa de espet?culos e centro cultural; e) museu e biblioteca; f) instala??es de hotelaria;
g) estabelecimento de ensino preparat?rio e secund?rio; h) estabelecimento de ensino pr?-
-prim?rio e infant?rios; i) transportes p?blicos, urbanos e suburbanos; j) parques ou jardins p?blicos. E, al?m
desses crit?rios funcionais, h? uma preliminar eliminat?ria: para que seja vila a povoa??o deve contar com
mais de 3 mil eleitores em aglomerado
populacional cont?nuo. E para ser
elevada ? categoria de cidade a exig?ncia
m?nima ? de 8 mil eleitores.
S?o poucos os munic?pios brasileiros
nos quais se podem encontrar 8 mil
eleitores em aglomerado populacional
cont?nuo. E mais raros ainda s?o os
aglomerados populacionais que possuem
alguns dos dez equipamentos coletivos
que definem as cidades portuguesas.
[...]
VEIGA, Jos? Eli da. Como reconhecer uma cidade?.
Dispon?vel em: <www.zeeli.pro.br/wp-content/
uploads/2012/06/134_17-06-02-Como-reconhecer-uma-
cidadeo.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2016.
Outras leituras
Google Earth/DigitalGlobe
Imagem de sat?lite mostrando
o per?metro urbano e parte da zona rural do
munic?pio de Uni?o da Serra (RS), em 2016.
Prefeitura Municipal
de União da Serra
Capítulo 10210
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2 População urbana e rural
A metodologia utilizada na defini??o das popula-
??es urbana e rural resulta em distor??es. ? inquestio-
n?vel, entretanto, que os ?ndices de popula??o urbana
tenham aumentado em quase todo o pa?s em raz?o da
migra??o rural-urbana, embora atualmente ela seja
menos intensa do que nas d?cadas anteriores.
At? meados dos anos 1960, a popula??o brasileira
era predominantemente rural. Entre as d?cadas de 1950
e 1980, milh?es de pessoas migraram para as regi?es
metropolitanas e capitais de estados. Esse processo
provocou incha?o, segrega??o espacial e aumento das
desigualdades nas grandes cidades, mas tamb?m me-
lhoria em v?rios indicadores sociais, como a redu??o
da natalidade e dos ?ndices de mortalidade infantil,
al?m do aumento na expectativa de vida e nas taxas
de escolariza??o.
Segundo dados do IBGE, a regi?o Nordeste, a me-
nos urbanizada do pa?s, apresentou, em 2014, o ?ndice
de 73,7% de popula??o urbana, contra 26,4%, em 1950.
Como a metodologia de coleta de dados ao longo do
per?odo 1950-2010 foi a mesma, o incremento urbano
? evidente. Veja as outras regi?es na tabela a seguir.
Brasil: ?ndice de urbaniza??o por regi?o (%)
Regi?o 1950 1970 2014
Sudeste 44,5 72,7 92,3
Centro-Oeste 24,4 48,0 89,0
Sul 29,5 44,3 85,4
Norte 31,5 45,1 75,9
Nordeste 26,4 41,8 73,7
Brasil 36,2 55,9 85,1
Adaptado de: IBGE. Estat?sticas hist?ricas do Brasil: s?ries econ?micas, demogr?ficas e sociais de 1550 a 1988. 2. ed. Rio de Janeiro, 1990. p. 36-37;
IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domic?lios 2014. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 4 abr. 2016.
Observe que o Centro-Oeste apresenta o segun-
do maior ?ndice de urbaniza??o entre as regi?es
brasileiras. Isso se explica por dois fatores: toda a
popula??o do Distrito Federal (cerca de 2,9 milh?es
de habitantes em 2015) mora dentro do per?metro
urbano de Bras?lia, que ? o ?nico aglomerado urba-
no dessa unidade da Federa??o; e houve a abertura
de rodovias e a expans?o das fronteiras agr?colas
com pecu?ria e agricultura mecanizada (que usam
pouca m?o de obra), o que promoveu o crescimen-
to urbano nas cidades j? existentes e o surgimento
de outras.
Atualmente, a distin??o entre popula??o urbana e
rural tornou-se mais complexa, pois ? consider?vel o
n?mero de pessoas que trabalham em atividades rurais
e residem nas cidades, assim como de moradores da
?rea rural que trabalham no meio urbano.
S?o in?meras as cidades que surgiram e cresceram
em regi?es do pa?s que t?m a agroind?stria como mo-
la propulsora das atividades econ?micas secund?rias
e terci?rias. Ao mesmo tempo, vem aumentando e se
diversificando o n?mero de atividades econ?micas se-
cund?rias e terci?rias instaladas na zona rural, que,
assim, se torna cada vez mais integrada ? cidade. deoutras. assim,setornacadavezmaiisintegrada??cidade.
Vista a?rea de ind?stria de
processamento de soja em
Sorriso (MT), em 2014.
Mario Friedlander/Pulsar Imagens
211
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3 A rede urbana brasileira
A cidade tem uma história; ela é a obra de uma história,
isto é, de pessoas e de grupos bem determinados que
realizam essa obra em condições históricas.”
Henri Lefebvre (1901-1991), fil?sofo e soci?logo franc?s.
Nas primeiras d?cadas da co-
loniza??o foram fundadas v?rias
vilas no Brasil: Igara?u e Olinda em Pernambuco; Vila
do Pereira, Ilh?us e Porto Seguro na Bahia; S?o Vicen-
te, Cananeia e Santos em S?o Paulo. Em 1549, foi fun-
dada Salvador, a capital do Brasil at? 1763, quando a
sede foi transferida para o Rio de Janeiro. As demais
vilas da Col?nia, assim que atingiam certo n?vel de
desenvolvimento, recebiam o t?tulo de cidade. A par-
tir da Rep?blica, as vilas passaram a ser chamadas de
cidades, e seu territ?rio (tanto urbano quanto rural)
passou a ser designado munic?pio.
Ao longo da hist?ria da ocupa??o do territ?rio
brasileiro, houve grande concentra??o de cidades na
faixa litor?nea. Esse fen?meno est? associado ao pro-
cesso de coloniza??o do tipo agr?rio-exportador, que
concentrou as atividades econ?micas nessa por??o
do territ?rio, porque foi a constru??o dos portos e das
fortifica??es e o desenvolvimento de outras ativida-
des que deram origem ?s primeiras cidades.
Durante o per?odo em que a minera??o teve gran-
de import?ncia para o desenvolvimento econ?mico
brasileiro, ocorreu um intenso processo de urbaniza??o
e uma efervesc?ncia cultural em Minas Gerais, al?m da
ocupa??o de Goi?s e Mato Grosso. Mas, com a deca-
d?ncia da minera??o, essas regi?es, mais distantes do
litoral, se esvaziaram. A forte migra??o para a ent?o
prov?ncia de S?o Paulo, onde se iniciava a cafeicultura,
possibilitou o desenvolvimento de v?rias cidades, como
Taubat?, Bragan?a Paulista e Campinas.
Reprodução/Coleção Prefeitura Municipal de Curitiba, PR.
3 991 munic?pios
?Al?m da cidade, os munic?pios
podem conter outros n?cleos
urbanos, chamados vilas ou
distritos, que s?o subdivis?es
administrativas?.
ic?pio
?Al?mdacidade,osmuniic?pios
podemconteroutrosn??cleos
urbanos,chamadosviilasou
diistritos,ques??osubdivis?es
administrativas?.
O Brasil tinha em
1980
s
3 991 munic?pios
1960
n
2 766 munic?pios
2000
5 507 munic?pios
2010
5 565 munic?pios
2015
5 570 munic?pios
Largo da Ordem. 1957. Paul Garfunkel.
?leo sobre tela. Curitiba (PR).
Demais informa??es n?o localizadas.
IBGE. Sinopse do censo demogr?fico 2010; Estimativas da popula??o dos munic?pios e
unidades da Federa??o brasileiros com data de refer?ncia em 1? de julho de 2015.
Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 16 maio 2016.
Dialogando
com história
212
GGB_v3_PNLD2018_206a227_U4C10.indd 212 27/05/16 18:49

Al?m da cidade, os munic?pios podem conter outros
n?cleos urbanos, chamados vilas ou distritos, que s?o
subdivis?es administrativas. Em alguns casos, esses
distritos crescem e se tornam maiores que a cidade,
incentivando movimentos de emancipa??o.
Entretanto, muitos desses novos munic?pios n?o
t?m arrecada??o suficiente para manter as despesas
inerentes, como Prefeitura, C?mara Municipal e servi-
?os p?blicos.
Considerando a viabilidade financeira dos novos mu-
nic?pios, ou seja, a rela??o entre receitas (impostos, taxas
e repasses de verbas estaduais e federais) e despesas (ma-
nuten??o de escolas, ruas, estradas e abastecimento de
?gua, al?m dos investimentos nas instala??es adminis-
trativas ? Prefeitura, Secretarias, C?mara), conclui-se que
nem sempre h? condi??es para sua ?sobreviv?ncia? au-
t?noma. Assim, muitos munic?pios acabam deficit?rios,
dependentes do aux?lio estadual e federal.
Como exemplo, vejamos o caso de Serra da Saudade
(MG), o menor munic?pio do Brasil em popula??o (818
habitantes em 2015 ? observe a foto abaixo). Segundo
o IBGE, a receita total do munic?pio em 2013 foi de R$ 11,2
milh?es. Dessa receita, Serra da Saudade recebeu R$ 6,9
milh?es da Uni?o e R$ 1,8 milh?o do governo estadual.
Esse exemplo demonstra que muitos munic?pios s?o
economicamente deficit?rios e se mant?m com o repas-
se de recursos entre entes da Federa??o.
Por?m, para a popula??o local, a cria??o de um novo
munic?pio costuma parecer uma grande conquista. Em
geral, a popula??o dos distritos, principalmente os mais
distantes da sede municipal, sente-se marginalizada e
reivindica mais aten??o e investimentos ? por isso, apoia
a cria??o do munic?pio. A partir de 2001, essas emancipa-
??es diminu?ram muito porque a Lei de Responsabilidade
Fiscal estabeleceu certa autonomia econ?mica aos dis-
tritos e regulamentou as condi??es de repasse de verbas
entre as esferas de governo (municipal, estadual e federal).
O processo de urbaniza??o e estrutura??o da rede
urbana brasileira pode ser dividido em quatro etapas,
para conhec?-las, leia o texto da pr?xima p?gina.
Christyam de Lima/Futura Press
Vista de Serra da Saudade
(MG), 2015.
213
GGB_v3_PNLD2018_206a227_U4C10.indd 213 27/05/16 18:49

Para saber mais
Ale Ruaro/Pulsar Imagens
João Prud
e
n
t e / P u l s a r I m
a
g
ens
Com?rcio de doces e salgados
artesanais em Venda Nova do
Imigrante (ES), em 2014.
Ind?stria metal?rgica em
Caxias do Sul (RS), em 2014.
Brasil: integração regional
At? a d?cada de 1930 as migrações e o processo de
urbanização se organizavam predominantemente em
escala regional, com as respectivas metrópoles funcio-
nando como polos de atividades secundárias e terciárias.
As atividades econômicas, que impulsionam a urbaniza-
ção, desenvolviam-se de forma independente e esparsa
pelo território nacional. A integração econômica entre São
Paulo (região cafeeira), Zona da Mata nordestina (cana-
-de-açúcar, cacau e tabaco), Meio-Norte (algodão, pecuá-
ria e extrativismo vegetal) e região Sul (pecuária e policul-
tura) era muito restrita. Com a modernização da econo-
mia, as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado
único que, posteriormente, incorporou o Nordeste e, mais
tarde, o Norte e o Centro-Oeste.
A partir da d?cada de 1930, à medida que a infraes-
trutura de transportes e telecomunicações se expandia
pelo país, o mercado se unificava, mas a ten-
dência à concentração das atividades
urbano-industriais na região Su-
deste fez com que a atração
populacional ultrapassasse a
escala regional, alcançando
o país como um todo. Os
dois grandes polos indus-
triais do Sudeste, São Paulo
e Rio de Janeiro, passaram a
atrair um enorme contingente
de mão de obra das regiões que não acompanharam o
mesmo ritmo de crescimento econômico e se tornaram
metrópoles nacionais. Foi particularmente intenso o
afluxo de mineiros e nordestinos para as duas metrópo
-
les, que, por não atenderem às demandas de investi-
mento em infraestrutura, tornaram-se centros urbanos
com diversos problemas em setores como moradia e
transportes.
Entre as d?cadas de 1950 e 1980 ocorreram intenso
êxodo rural e migração inter-regional, com forte aumen-
to da população metropolitana no Sudeste, Nordeste e
Sul. Nesse período, o aspecto mais marcante da estrutu-
ração da rede urbana brasileira foi a concentração pro-
gressiva e acentuada da população em grandes cidades,
como São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais que cres-
ciam velozmente.
Da d?cada de 1980 aos dias atuais observa-se que
o maior crescimento tende a ocorrer nas metrópoles
regionais e cidades médias, com predomínio da
migração urbana-urbana – desloca-
mento de população das cidades
pequenas para as médias e re-
torno de moradores das cida-
des de São Paulo e Rio de Ja-
neiro para as cidades médias,
tanto dentro da região me-
tropolitana quanto para ou-
tras mais distantes, até de
outros estados.
Dialogando
com história
Capítulo 10214
GGB_v3_PNLD2018_206a227_U4C10.indd 214 27/05/16 18:49

4 A integração econômica
A mudan?a na dire??o dos fluxos migrat?rios e na
estrutura da rede urbana ? resultado de uma cont?nua
e crescente reestrutura??o e integra-
??o dos espa?os urbano e rural. Isso
resulta da dispers?o espacial das ati-
vidades econ?micas, intensificada a
partir dos anos 1980, e da forma??o de
novos centros regionais, que altera-
ram o padr?o hegem?nico das metr?-
poles na rede urbana do pa?s. As me-
tr?poles n?o perderam a sua primazia,
mas os centros urbanos regionais n?o
metropolitanos assumiram algumas
fun??es at? ent?o desempenhadas
apenas por elas.
Com novas fun??es, muitos des-
ses centros urbanos geraram v?rios
dos problemas da maioria das grandes
cidades que cresceram sem planeja-
mento. No infogr?fico das p?ginas 216
e 217, ? poss?vel visualizar parte desses
problemas, alguns dos quais estuda-
mos no cap?tulo anterior.
Agora, observe o gr?fico ao lado,
que retrata a situa??o de moradia de
parcela da popula??o brasileira nos dias
atuais, e veja que em diversas unidades
da Federa??o o percentual de domic?-
lios adequados para moradia ? inferior
a 50%, o que demonstra a grande ca-
r?ncia de infraestrutura urbana.
Consulte a indicação dos filmes
Cidade de Deus e Linha de passe. Veja
orientações na seção Sugestões de
leitura, filmes e sites.
Roraima
Tocantins
Amazonas
Rondônia
Acre
Pará
Amapá
Sergipe
Bahia
Rio Grande do Norte
Paraiba
Pernambuco
Piauí
Ceará
Alagoas
Maranhão
Minas Gerais
Espírito Santo
São Paulo
Rio de Janeiro
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Paraná
Distrito Federal
Goiás
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso
%
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Unidade da Federa•‹o
Domicílios particulares permanentes adequados para moradia (*)
segundo as unidades da Federação, em ordem decrescente – 2012
A. Robson/Arquivo da editora
Adaptado de: IBGE. Indicadores de desenvolvimento sustentável: Brasil 2015.
Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 4 abr. 2016.
(*) Segundo o IBGE, ?Foram considerados adequados os domic?lios que atendessem, simultaneamente, aos
seguintes crit?rios: densidade de at? 2 moradores por dormit?rio; coleta de lixo direta ou indireta por
servi?o de limpeza; abastecimento de ?gua por rede geral; e esgotamento sanit?rio por rede coletora ou
fossa s?ptica. O indicador expressa a propor??o de domic?lios que contemplam os quatro crit?rios citados,
no total de domic?lios particulares permanentes.?
Vista a?rea do Complexo do Alem?o
(grupo de aglomerados subnormais),
no Rio de Janeiro (RJ), em 2014.
Giuseppe Cacace/Agência
France-Presse
215
GGB_v3_PNLD2018_206a227_U4C10.indd 215 27/05/16 18:49

InfográfIco
Principais problemas urbanos
As encostas dos morros são áreas de risco para
ocupação porque estão sujeitas a deslizamentos
de terra nos períodos de chuvas, que podem
causar acidentes fatais e prejuízos materiais.
Moradia
A especulação imobiliária tem tornado o solo
urbano cada vez mais caro, excluindo a
população de baixa renda das áreas com melhor
infraestrutura, porque são as mais valorizadas.
Assim, grande parte da população se instala em
áreas irregulares, como encostas de morros e
várzeas de rios, muitas delas consideradas
locais de risco para estabelecer moradia.
Esta ilustração representa uma cidade brasileira hipotética.
Ela mostra alguns dos problemas gerados pela urbanização
acelerada e sem planejamento que ocorrem na maioria dos
grandes centros urbanos e retrata a segregação socioespacial
a que grande parte dos habitantes das cidades está submetida.
As várzeas dos rios são áreas de risco
porque estão sujeitas ao regime
fluvial. O problema das enchentes é
agravado pela impermeabilização
cada vez maior do solo e pelo descarte
inadequado do lixo, que impedem a
vazão da água nos períodos de chuva.
de
causarac esfat
Capítulo 10216
GGB_v3_PNLD2018_206a227_U4C10.indd 216 27/05/16 18:49

Adaptado de: IBGE. Indicadores de desenvolvimento sustent?vel 2015.
Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 4 abr. 2016.
60
80
10 0
40
20
0
95
88
73
63 62
CO
N
NE
SSE
%
Regi‹o
O gráfico acima mostra a porcentagem de domicílios urbanos
brasileiros servidos por rede de esgoto ou fossa séptica. Observe que
as regiões mais ricas são as que apresentam os maiores índices.
O aumento na
concentração de
poluentes na atmosfera
nos centros urbanos é
causado pelo
lançamento de
partículas geradas,
sobretudo, pela queima
dos combustíveis dos
veículos. Doenças
cardíacas e respiratórias
têm sido associadas à
presença de partículas
poluentes nos pulmões
e na corrente
sanguínea dos
habitantes dos grandes
centros urbanos,
segundo a Organização
Mundial da Saúde.
Ilustração: Gerson Mora/Arquivo da editora
O crescimento do número de
shopping centers nos grandes
centros materializa o desejo de
espaços mais seguros para o
lazer e as compras.
O trânsito com excesso de
veículos faz com que as
pessoas fiquem cada vez mais
tempo em meio a corredores
de tráfego, onde os níveis de
poluição são substancialmente
mais elevados do que a média
da cidade. Quem circula mais
pela cidade está mais exposto
aos poluentes.
Trânsito
A necessidade de percorrer
grandes distâncias diariamente
no percurso casa-trabalho-casa,
em função da distribuição
desigual de empregos pela
cidade, e a falta de um
transporte público eficiente
geram um número elevado de
automóveis particulares nas
vias públicas. Além disso, a
verticalização característica dos
grandes centros urbanos,
alternativa encontrada para o
adensamento, quando feita
sem planejamento, influencia
diretamente o aumento do
trânsito de automóveis.
Violência
A violência é maior nos grandes
centros urbanos, onde a desigualdade
social é mais acentuada.
Na tentativa de diminuir a sensação
de insegurança, proliferam os
condomínios residenciais fechados e
o setor privado de segurança. Fora dos
condomínios residenciais, a busca por
segurança incentiva a procura por
prédios para a moradia, o que
contribui para a verticalização dos
grandes centros urbanos.
A. Robson/Arquivo da editora
Brasil: domicílios urbanos servidos por rede
de esgoto ou fossa séptica – 2012
As cidades e a urbanização brasileira217
GGB_v3_PNLD2018_206a227_U4C10.indd 217 27/05/16 18:49

Pensando no Enem
Subindo morros, margeando c?rregos ou pendura-
das em palafitas, as favelas fazem parte da paisagem de
um ter?o dos munic?pios do pa?s, abrigando mais de 10
milh?es de pessoas, segundo dados do Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estat?stica (IBGE).
MARTINS, A. R. A favela como um espaço da cidade. Dispon?vel em: <www.
revistaescola.abril.com.br>. Acesso em: 31 jul. 2010.
1. A situação das favelas no país reporta a graves pro-
blemas de desordenamento territorial. Nesse senti-
do, uma característica comum a esses espaços tem
sido:
a) o planejamento para a implantação de infraestru-
turas urbanas necessárias para atender às necessi-
dades básicas dos moradores.
b) a organização de associações de moradores interes-
sadas na melhoria do espaço urbano e financiadas
pelo poder público.
c) a presença de ações referentes à educação ambien-
tal com consequente preservação dos espaços na-
turais circundantes.
d) a ocupação de áreas de risco suscetíveis a enchentes
ou desmoronamentos com consequentes perdas
materiais e humanas.
e) o isolamento socioeconômico dos moradores ocu-
pantes desses espaços com a resultante multiplica-
ção de políticas que tentam reverter esse quadro.
Resolução
Resposta D. As aglomera??es de moradias subnormais
s?o constru?das em terrenos p?blicos e particulares in-
vadidos. Como as ?reas de risco suscet?veis a enchentes
e a desmoronamentos geralmente est?o desocupadas,
tornam-se alvo de invas?o e constru??o de moradias
para a popula??o que n?o tem acesso aos programas ha-
bitacionais do poder p?blico.
2. Em um debate sobre o futuro do setor de transportes
de uma grande cidade brasileira com trânsito intenso,
foi apresentado um conjunto de propostas. Dentre as
propostas reproduzidas abaixo, aquela que atende, ao
mesmo tempo, a implicações sociais e ambientais pre-
sentes nesse setor é:
a) proibir o uso de combustíveis produzidos a partir de
recursos naturais.
b) promover a substituição de veículos a diesel por veí-
culos a gasolina.
c) incentivar a substituição do transporte individual
por transporte coletivo.
d) aumentar a importação de diesel para substituir os
veículos a álcool.
e) diminuir o uso de combustíveis voláteis devido ao
perigo que representam.
Resolução
Resposta C. A substitui??o do transporte individual por
coletivo reduz a quantidade de ve?culos em circula??o e,
portanto, reduz os congestionamentos.
A primeira quest?o trabalha a Compet?ncia de ?rea 2
com Habilidade 8 ? Compreender as transforma??es
dos espa?os geogr?ficos como produto das rela??es so-
cioecon?micas e culturais de poder; analisar a a??o dos
estados nacionais no que se refere ? din?mica dos flu-
xos  populacionais e no enfrentamento de problemas
de ordem econ?mico-social ? e outras, que tamb?m s?o
trabalhadas na quest?o 2: Compet?ncia de ?rea 2 com
Habilidade 8 ? Compreender as transforma??es dos es-
pa?os geogr?ficos como produto das rela??es socioeco-
n?micas e culturais de poder; Compet?ncia de ?rea 6 e
Habilidades 26 e 27 ? Compreender a sociedade e a na-
tureza, reconhecendo suas intera??es no espa?o em di-
ferentes contextos hist?ricos e geogr?ficos; identificar,
em fontes diversas, o processo de ocupa??o dos meios
f?sicos e as rela??es  da vida
humana com a paisagem;
analisar, de maneira cr?tica,
as intera??es da sociedade
com o meio f?sico, levando em
considera??o aspectos hist?-
ricos e(ou) geogr?ficos.
Marcos AndrŽ/Op•‹o Brasil Imagens
Ciclovia em Aracaju (SE), 2015.
A bicicleta ? um exemplo de
transporte individual que, ao
contr?rio dos autom?veis,
colabora com a melhoria das
condi??es de mobilidade
urbana.
Capítulo 10218
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5 As regiões metropolitanas brasileiras
As regi?es metropolitanas brasileiras foram criadas
por lei aprovada no Congresso Nacional em 1973, que as
definiu como ?um conjunto de munic?pios cont?guos e
integrados socioeconomicamente a uma cidade central,
com servi?os p?blicos e infraestrutura comum?, que de-
veriam ser reconhecidas pelo IBGE. A Constitui??o de
1988 permitiu a estadualiza??o do reconhecimento legal
das metr?poles, conforme o artigo 25, par?grafo 3
o
:
“Os estados poderão, mediante lei complementar,
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba-
nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos
de municípios limítrofes, para integrar a organização,
o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum.”
Observe a imagem de sat?lite abaixo e a mesma
?rea cartografada no mapa a seguir.
49º O
25º S
OCEANO
ATLÂNTICO
Doutor
Ulysses
Rio Branco
do Sul
Almirante
Tamandaré
Campo
Largo
São José
dos Pinhais
Fazenda
Rio Grande
Balsa
Nova
Lapa
SC SC
Araucária
Mandirituba
Tijucas
do Sul
Agudos
do Sul
Contenda
Bocaiuva
do Sul
Adrianópolis
Cerro Azul
Curitiba
Pinhais
Piraquara
Quatro Barras
Colombo
Sengés
Castro
Piraí do Sul
Guaraqueçaba
Antonina
Campina
Grande do
Sul
Paranaguá
Morretes
Matinhos
Guaratuba
Piên
Pontal
do Paraná
Ponta Grossa
Quitandinha
Itaperuçu
Campo
Magro
Palmeira
Porto
Amazonas
São João
do Triunfo
Antônio
Olinto
Rio Negro
Campo
do Tenente
Jaguariaíva
Tunas do Paraná
SP
0 18 36
km
Região metropolitana de Curitiba – 2009
Banco de imagens/Arquivo da editora
Adaptado de: GUIA
Geogr?fico Paran?.
Dispon?vel em: <www.
guiageo-parana.com/rmc.
htm>. Acesso em:
4 abr. 2016.
2016 Landsat, Data SIO, NOAA/Google Maps
Imagem de sat?lite da
regi?o metropolitana
de Curitiba (PR), 2016.
Consulte a
indicação do
livro O futuro
das cidades, de
Julio Moreno.
Veja orientações
na seção
Sugestões de
leitura, filmes
e sites.
As cidades e a urbanização brasileira219
GGB_v3_PNLD2018_206a227_U4C10.indd 219 27/05/16 18:49

As Regi?es Integradas de Desenvolvimento (Rides)
tamb?m s?o regi?es metropolitanas, mas os munic?pios
que as integram se situam em mais de uma unidade da
Federa??o e, por causa disso, s?o criadas por lei federal.
Em 2015, o Brasil possu?a 36 regi?es metropolitanas
e tr?s Regi?es Integradas de Desenvolvimento, sendo
que as quinze maiores regi?es metropolitanas (incluin-
do a Ride do Distrito Federal) abrigavam mais de 77
milh?es de habitantes, aproximadamente 38% da po-
pula??o do pa?s. Veja a tabela a seguir, na qual est?o
listadas as quinze maiores regi?es metropolitanas (in-
clu?da a Ride do Distrito Federal).
Adaptado de: IBGE. Estimativas da popula??o dos munic?pios e unidades da Federa??o brasileiros com data de refer?ncia em 1? de julho de 2015.
Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 4 abr. 2016.
Ed Viggiani/Pulsar Imagens
Brasil: maiores regi?es metropolitanas e Rides ? 2015
Regi?o metropolitana Popula??o
1. S?o Paulo 21 090 792
2. Rio de Janeiro 12 280 702
3. Belo Horizonte 5 829 923
4. Porto Alegre 4 258 926
5. Ride DF e entorno 4 201 737
6. Fortaleza 3 985 297
7. Salvador 3 953 290
8. Recife 3 914 317
9. Curitiba 3 502 804
10. Campinas 3 094 181
11. Manaus 2 523 899
12. Vale do Para?ba e Litoral Norte 2 453 387
13. Goi?nia 2 421 833
14. Bel?m 2 402 438
15. Vit?ria 1 910 101
? medida que as cidades v?o se expandindo hori-
zontalmente, ocorre a conurba??o, ou seja, elas se tor-
nam cont?nuas e integradas. Embora com administra-
??es diferentes, espacialmente ? como se fossem uma
?nica cidade (como se pode observar na imagem de
sat?lite da p?gina anterior). Portanto, os problemas de
infraestrutura urbana passam a ser comuns ao conjun-
to de munic?pios que formam a regi?o metropolitana.
Das 36 regi?es metropolitanas existentes em 2015,
duas ? S?o Paulo e Rio de Janeiro ? s?o consideradas
nacionais, pelo fato de polarizarem o pa?s inteiro. Co-
mo vimos, ambas tamb?m s?o consideradas cidades
globais por estarem mais fortemente integradas aos
fluxos mundiais. ? nessas cidades, sobretudo em S?o
Paulo, que est?o as sedes dos grandes bancos e das
ind?strias do pa?s, alguns dos centros de pesquisa
mais avan?ados, as Bolsas de Valores e mercadorias,
os grandes grupos de comunica??o, os hospitais de
refer?ncia, etc.
Avenida Paulista, em S?o Paulo (SP), em 2014, que concentra,
entre outras avenidas dessa cidade, a sede de grandes grupos
econ?micos e entidades que os representam.
Capítulo 10220
GGB_v3_PNLD2018_206a227_U4C10.indd 220 27/05/16 18:49

0 30 60
km
São Bernardo do Campo
São Paulo
Guarulhos
Santo André
Cubatão
Santos
Jundiaí
Campinas
Paulínia
Mogi das Cruzes
Rodovia Ayrton Senna
Rodovia
Carvalho Pinto
São José
dos Campos
Pindamonhangaba
Taubaté
Lorena
Guaratinguetá
Cruzeiro
Volta Redonda
Nova Iguaçu
Duque de Caxias
RIO DE
JANEIRO
Niterói
Angra
dos Reis
São
Sebastião
MINAS GERAIS
Rio de Janeiro
SÃO PAULO
OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Capricórnio
47º O
Barra Mansa
Jacareí
Petroquímica
Indústrias variadas
Siderúrgica
Indústria aeronáutica
e de armamentos
Indústria naval
Indústria automobilística
Usina nuclear
Capital de estado
Cidade importante
Limite da megalópole
Autoestrada
Outras rodovias
Limite estadual
Porto importante
Principais áreas de
concentração industrial
Rod
o
v
ia
Pres. D
u
tra

Megalópole brasileira – 2009
Organizado pelos autores com base em: IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro, 2012. p. 136-137; 146.
Banco de imagens/Arquivo da editora
Renata Mello/Pulsar Imagens
Observe, no mapa a seguir, que o eixo Rio de Janeiro-S?o Paulo ? com a Baixada Fluminense (RJ), a Baixada
Santista, a regi?o de Campinas e o Vale do Para?ba (SP) ? forma uma enorme concentra??o urbana integrada,
constituindo uma megal?pole.
A conurba??o entre duas ou mais
metr?poles n?o significa que as malhas
urbanas sejam cont?nuas; ela envolve
plena integra??o socioecon?mica, com
intensidade de fluxos entre os munic?pios,
mesmo com a presen?a de zona rural
entre eles. Na foto, vista a?rea da rodovia
Presidente Dutra em Resende (RJ), 2013.
Essa rodovia faz a liga??o entre as regi?es
metropolitanas de S?o Paulo (SP) e
Rio de Janeiro (RJ).
221
GGB_v3_PNLD2018_206a227_U4C10.indd 221 27/05/16 18:49

6 Hierarquia e influência dos centros urbanos no Brasil
Insumo (agr?cola): todos os
componentes utilizados na
produ??o at? o consumo final.
No caso dos insumos agr?co-
las, eles podem ser biol?gicos
(como o esterco), qu?micos ou
minerais (agrot?xicos e ferti-
lizantes) e mec?nicos (m?qui-
nas e equipamentos).
Florianópolis
Porto Alegre
Curitiba
São Paulo
Rio de Janeiro
Vitória
Salvador
Belo
Horizonte
Campo Grande
Palmas
Aracaju
Recife
Maceió
João
Pessoa
Natal
Fortaleza
Teresina
São Luís
Belém
Macapá
Boa Vista
Porto Velho
Manaus
Rio Branco
Cuiabá Brasília
Goiânia
0 390 780
km
Equador
Trópico de
Capricórnio

55°O
OCEANO
ATLÂNTICO
Capital regional A
Capital regional B
Capital regional C
Grande metrópole
nacional
Metrópole
nacional
Metrópole
Centro sub-regional B
Centro sub-regional A
Centro de zona A
Centro de zona B
Hierarquia dos centros urbanos
Brasil: rede urbana – 2007
Banco de imagens/Arquivo da editora
Adaptado de: IBGE. Regi?es de
influ?ncia das cidades, 2007.
Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>.
Acesso em: 4 abr. 2016.
São Paulo, a grande metrópole
nacional, mais Rio de Janeiro e
Brasília, metrópoles nacionais,
estendem suas influências por
praticamente todo o território
brasileiro. Entretanto, essa
polarização não foi
representada por linhas
porque o mapa ficaria muito
congestionado; para mostrar
esse fenômeno seria
necessário um mapa para
cada metrópole nacional.
Hierarquia urbana: ordenamento das cidades na rede
urbana em n?veis, seguindo o tamanho e a diversidade
das atividades econ?micas, ou seja, a capacidade de in-
flu?ncia de cada uma delas, numa analogia com o que
acontece entre as patentes do Ex?rcito: soldado, cabo,
sargento, general, etc.
Dentro da rede urbana, as cidades s?o os n?s dos
sistemas de produ??o e distribui??o de mercadorias e
da presta??o de servi?os diversos, que se organizam se-
gundo n?veis hier?rquicos distribu?dos de forma desigual
pelo territ?rio.
Por exemplo, o Centro-Sul do pa?s possui uma rede
urbana com grande n?mero de metr?poles, capitais re-
gionais e centros sub-regionais bastante articulados entre
si. J? na Amaz?nia, as cidades s?o esparsas e bem menos
articuladas, o que leva centros menores a exercerem o
mesmo n?vel de import?ncia na hierarquia urbana re-
gional que outros maiores localizados no Centro-Sul.
Como vimos no cap?tulo anterior, outro fator im-
portante que devemos considerar ao analisar os flu-
xos no interior de uma rede urbana ? a condi??o de
acesso proporcionada pelos diferentes n?veis de ren-
da da popula??o. Um morador rico de uma cidade
pequena consegue estabelecer muito mais conex?es
econ?micas e socioculturais que um morador pobre
de uma grande metr?pole. A mobilidade das pessoas
entre as cidades da rede urbana depende de seu n?vel
de renda.
Segundo o IBGE, as regi?es de influ?ncia das cida-
des brasileiras s?o delimitadas principalmente pelo
fluxo de consumidores que utilizam o com?rcio e os
servi?os p?blicos e privados no interior da rede urba-
na. Ao realizar o levantamento para a elabora??o do
mapa da rede urbana, investigou-se a organiza??o dos
meios de transporte entre os munic?pios e os princi-
pais destinos das pessoas que buscam produtos e
servi?os (mercadorias diversas, servi?os de sa?de e
educa??o, aeroportos, compra e venda de insumos e
produtos agropecu?rios, entre outros).
Para a elabora??o do mapa abaixo, o IBGE classi-
ficou as cidades nos cinco n?veis apresentados na p?-
gina ao lado.
Capítulo 10222
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1. Metr?poles ? os doze principais centros urbanos
do pa?s, divididos em tr?s subn?veis, segundo o tama-
nho e o poder de polariza??o:
a. Grande metr?pole nacional ? S?o Paulo, a maior
metr?pole do pa?s (21,1 milh?es de habitantes, em 2015),
com poder de polariza??o em escala nacional;
b. Metr?pole nacional ? Rio de Janeiro e Bras?lia
(12,2 milh?es e 4,2 milh?es de habitantes, respectiva-
mente, em 2015), que tamb?m estendem seu poder de
polariza??o em escala nacional, mas com um n?vel de
influ?ncia menor que o de S?o Paulo;
c. Metr?pole ? Belo Horizonte, Porto Alegre, Forta-
leza, Salvador, Recife, Curitiba, Campinas e Manaus,
com popula??o variando de 2,5 (Manaus) a 5,8 milh?es
de habitantes (Belo Horizonte), s?o regi?es metropoli-
tanas que t?m poder de polariza??o em escala regional.
2. Capital regional ? neste n?vel de polariza??o exis-
tem setenta munic?pios com influ?ncia regional. ? sub-
dividido em tr?s n?veis:
a. Capital regional A ? engloba 11 cidades, com m?-
dia de 955 mil habitantes;
b. Capital regional B ? 20 cidades, com m?dia de
435 mil habitantes;
c. Capital regional C ? 39 cidades, com m?dia de
250 mil habitantes.
Consulte a indicação dos sites da Emplasa,
do IBGE e da Seade. Veja orientações na
seção Sugestões de leitura, filmes e sites.
A dissemina??o do acesso ao sistema de telefonia, o aumento do n?mero de pessoas conectadas ? internet, a moderniza??o
do sistema de transportes e a ocupa??o de novas fronteiras econ?micas v?m modificando substancialmente a din?mica dos
fluxos de pessoas, mercadorias, capitais, servi?os e informa??es pelo territ?rio nacional. Na imagem, pessoas no aeroporto de
Curitiba (PR), 2014. Note que algumas utilizam tablets e smartphones enquanto aguardam o embarque.
Ivan Alvarado/Reuters/Latinstock
3. Centro sub-regional ? engloba 169 munic?pios
com servi?os menos complexos e ?rea de polariza??o
mais reduzida, ? subdividido em:
a. Centro sub-regional A ? 85 cidades, com m?dia
de 95 mil habitantes;
b. Centro sub-regional B ? 79 cidades, com m?dia
de 71 mil habitantes.
4. Centro de zona ? s?o 556 cidades de menor por-
te que disp?em apenas de servi?os elementares e es-
tendem seu poder de polariza??o somente nas cidades
vizinhas. Subdivide-se em:
a. Centro de zona A ? 192 cidades, com m?dia de
45 mil habitantes;
b. Centro de zona B ? 364 cidades, com m?dia de
23 mil habitantes.
5. Centro local ? as demais 4 473 cidades brasi-
leiras, com m?dia de 8 133 habitantes e cujos servi?os
atendem somente ? popula??o local, n?o polarizam
nenhum munic?pio, sendo apenas polarizados por
outros.
? importante destacar que o mapa mostra as re-
gi?es de influ?ncia econ?mica das cidades sem consi-
derar a classifica??o das regi?es metropolitanas legal-
mente reconhecidas. Ele ? importante para os governos
(federal, estadual e municipal) e a iniciativa privada
planejarem a distribui??o espacial dos servi?os ofere-
cidos ? popula??o.
As cidades e a urbanização brasileira223
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7 Plano Diretor e Estatuto da Cidade
Em 10 de julho de 2001, foi sancionado o Estatuto
da Cidade, documento que regulamentou itens de po-
l?tica urbana que constam da Constitui??o de 1988. O
estatuto fornece as principais diretrizes a serem apli-
cadas nos munic?pios, por exemplo: regulariza??o da
posse dos terrenos e im?veis, sobretudo em ?reas de
risco que tiveram ocupa??o irregular; organiza??o das
rela??es entre a cidade e o campo; garantia de preser-
va??o e recupera??o ambiental, entre outras.
Segundo o Estatuto da Cidade, ? obrigat?rio que
determinados munic?pios elaborem um Plano Diretor,
que ? um conjunto de leis que estabelecem as diretrizes
para o desenvolvimento socioecon?mico e a preserva-
??o ambiental, regulamentando o uso e a ocupa??o do
territ?rio municipal, especialmente o solo urbano. O
Plano Diretor ? obrigat?rio para munic?pios que apre-
sentam uma ou mais das seguintes caracter?sticas:
• abriga mais de 20 mil habitantes;
• integra regi?es metropolitanas e aglomera??es urbanas;
• integra ?reas de especial interesse tur?stico;
• insere-se na ?rea de influ?ncia de empreendimentos
ou atividades com significativo impacto ambiental
de ?mbito regional ou nacional;
• o poder p?blico municipal quer exigir o aproveita-
mento adequado do solo urbano sob pena de parce-
lamento, desapropria??o ou progressividade do Im-
posto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Os planos s?o elaborados pelo governo municipal
? por uma equipe de profissionais qualificados, como
ge?grafos, arquitetos, urbanistas, engenheiros, ad-
vogados e outros. Geralmente se iniciam com um
perfil geogr?fico e socioecon?mico do munic?pio. Em
seguida, apresenta-se uma proposta de desenvolvi-
mento, com aten??o especial para o meio ambiente.
A parte final, e mais extensa, detalha as diretrizes
definidas para cada setor da administra??o p?blica ? ha-
bita??o, transporte, educa??o, sa?de, saneamento b?sico,
etc. ?, assim como as normas t?cnicas para ocupa??o e
uso do solo, conhecidas como Lei de Zoneamento.
Observe a fotografia abaixo. Quando esta f?brica se
instalou nesse bairro, ele era distante da regi?o central
da cidade. Atualmente, com a expans?o da malha urba-
na, o pr?dio se localiza no centro expandido, onde o Pla-
no Diretor n?o permite a instala??o de novas f?bricas
para n?o congestionar ainda mais a regi?o central da
cidade (a f?brica que ali funcionava foi desativada).
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Antiga f?brica com chamin?,
que atualmente abriga uma
universidade em Joinville (SC),
em 2012.
João Prudente/Pulsar Imagens
224
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Assim, o Plano Diretor pode alterar ou manter a
forma dominante de organiza??o espacial e, portanto,
interfere no dia a dia de todos os cidad?os. Por exemplo,
uma altera??o na Lei de Zoneamento pode valorizar ou
desvalorizar os im?veis e alterar a qualidade de vida
em determinado bairro (leia em Para saber mais, na
p?gina 226, outras aplica??es do Plano Diretor).
Outro exemplo pr?tico de planejamento urbano
constante no Plano Diretor ? o controle dos polos gera-
dores de tr?fego, uma vez que os congestionamentos
s?o um s?rio problema para os moradores das grandes
e m?dias cidades. Para isso, tem colaborado bastante a
difus?o dos Sistemas de Informa??es Geogr?ficas (SIGs).
Os SIGs permitem coletar, armazenar e processar,
com grande rapidez, uma infinidade de dados georre-
ferenciados fundamentais e mostr?-los por meio de
plantas e mapas, gr?ficos e tabelas, o que facilita mui-
to a interven??o dos profissionais envolvidos com o
planejamento urbano.
Antes de ser elaborado pela Prefeitura (Poder Exe-
cutivo) e aprovado pela C?mara Municipal (Poder Le-
gislativo), o Plano Diretor deve contar com a ?coopera-
??o das associa??es representativas no planejamento
municipal?. A participa??o da comunidade na elabora-
??o desse documento passou a ser uma exig?ncia cons-
titucional que prev?, ainda, projetos de iniciativa po-
pular (geralmente na forma de abaixo-assinado), que
podem ser apresentados
desde que contem com par-
ticipa??o de 5% do eleitora-
do, conforme inciso XIII do
artigo 29 da Constitui??o.
Consulte a indica??o
dos sites do Ibam e do
Ministério das Cidades.
Veja orienta??es na se??o
Sugestões de leitura,
filmes e sites.
Participação popular
Desde a promulga??o da Constitui??o Federal de 1988, como mostram
os incisos XII e XIII, est? prevista a participa??o popular no planejamento muni-
cipal, ou seja, os cidad?os organizados podem interferir nos rumos do munic?pio
onde moram:
Título III ? Da Organiza??o do Estado
Capítulo IV ? Dos Munic?pios
Art. 29. O munic?pio reger-se-? por lei org?nica, votada em dois turnos, com
o interst?cio m?nimo de dez dias, e aprovada por dois ter?os dos membros da
C?mara Municipal, que a promulgar?, atendidos os princ?pios estabelecidos
nesta Constitui??o, na Constitui??o do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
[...]
XII ? coopera??o das associa??es representativas no planejamento municipal;
XIII ? iniciativa popular de projetos de lei de interesse espec?fico do Munic?pio, da cidade ou de bairros,
atrav?s de manifesta??o de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
[...]
BRASIL. Constitui??o 1988: Texto Constitucional de 5 de outubro de 1988.
Dispon?vel em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 25 set. 2015.
Outras leituras
Al?m de um Plano Diretor bem-estruturado, ? im-
portante que o poder p?blico e os cidad?os respeitem
as regras estabelecidas, colaborando, assim, para que
os problemas das cidades sejam minimizados.
Entretanto, o planejamento das a??es governa-
mentais e a sua execu??o demandam um processo
composto de v?rias fases, e algumas (como preparar
uma licita??o ou aprovar o orçamento no Legislativo)
dificilmente podem ser organizadas pela popula??o.
Reprodução/Editora Senado Federal
Orçamento (de um governo): planejamento das receitas (dinhei-
ro arrecadado por meio de impostos, taxas, contribui??es e em-
pr?stimos) e das despesas (sal?rios de funcion?rios p?blicos,
compras de materiais, pagamentos de servi?os de constru??o e
manuten??o de obras p?blicas, etc.).
Como o encaminhamento dessas fases exige uma
a??o administrativa complexa, na pr?tica a participa??o
popular no planejamento e na execu??o de interven??es
urbanas s? se concretiza quando a press?o popular e a
vontade dos governantes convergem nessa dire??o.
As cidades e a urbanização brasileira225
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Aplicações do Plano Diretor
Cada Plano Diretor trata de realidades particulares
dos diversos munic?pios, mas a maioria deles apresenta
as seguintes aplica??es pr?ticas:
• Lei do Perímetro Urbano ? Estabelece os limites da
?rea considerada per?metro urbano, em cujo inte-
rior ? arrecadado o IPTU.
• Lei do Parcelamento do Solo Urbano ? A principal
atribui??o dessa lei ? estabelecer o tamanho m?ni-
mo dos lotes urbanos, o que acaba determinando
o grau de adensamento de um bairro ou zona da
cidade. Por exemplo, num bairro onde o lote m?ni-
mo tenha ?rea de 200 m?, a ocupa??o ser? mais
densa que em outro onde ele tenha 500 m?.
• Lei de Zoneamento (uso e ocupa??o do solo urba-
no) ? Estabelece as zonas do munic?pio nas quais
a ocupa??o ser? estritamente residencial ou mista
(residencial e comercial), as ?reas em que ficar? o
distrito industrial, quais ser?o as condi??es de fun-
cionamento de casas noturnas e muitas outras
especifica??es que podem manter ou alterar pro-
fundamente as caracter?sticas dos bairros.
• Código de Edificações ? Estabelece as ?reas de recuo
nos terrenos (quantos metros do terreno dever?o
ficar desocupados na sua parte frontal, nos fundos
e nas laterais), normas de seguran?a (contra inc?n-
dio, largura das escadarias, etc.) e outras regulamen-
ta??es criadas por tipo de constru??o e finalidade
de uso ? escola, est?dio, resid?ncia, com?rcio, etc.
Para saber mais
• Leis Ambientais ? Regulamentam a forma de co-
leta e destino final do lixo residencial, industrial
e hospitalar e a preserva??o das ?reas verdes:
controlam a emiss?o de poluentes atmosf?ricos
e normatizam a??es voltadas para a preserva??o
ambiental.
• Plano do Sistema Viário e dos Transportes Coleti-
vos ? Regulamenta o trajeto das linhas de ?nibus
e estabelece estrat?gias que facilitem ao m?ximo
o fluxo de pessoas pela cidade por meio da aber-
tura de novas avenidas, corredores de ?nibus, in-
vestimentos em trens urbanos e metr?, etc.
Casas com entrada a partir da cal?ada, no centro do Rio de Janeiro (RJ), em 2015. Atualmente, n?o se permite a constru??o
de casa sem recuos frontais e laterais no terreno.
Zé Martinusso/Opção Brasil Imagens
Capítulo 10226
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Atividades
Compreendendo conteúdos
1. Como são coletados os dados estatísticos de urbanização no Brasil para determinar a população urbana e a rural dos
municípios? Que problemas essa metodologia apresenta?
2. Como era a rede urbana brasileira antes do processo de industrialização? Como ela se apresenta hoje?
3. Qual é o objetivo da criação das regiões metropolitanas?
4. Cite dois exemplos de alteração na organização espacial das cidades que pode ser promovida por mudanças no
Plano Diretor.
Desenvolvendo habilidades
5. Observe o mapa da rede urbana brasileira e responda por escrito:
Compare as regiões polarizadas por Manaus e Porto Alegre, ambas classificadas como metrópole na mesma
posição hierárquica.
a) Qual estende sua influência por uma área territorial maior? Por quê?
b) Que tipos de centros urbanos são encontrados nas regiões polarizadas por essas duas capitais?
Florian?polis
Porto Alegre
Curitiba
S?o Paulo
Rio de Janeiro
Vit?ria
Salvador
Belo
Horizonte
Campo Grande
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Equador

Palmas
Aracaju
Recife
Macei?
Jo?o
Pessoa
Natal
Fortaleza
Teresina
S?o Lu?s
Bel?m
Macap?
Boa Vista
Porto Velho
Manaus
Rio Branco
Cuiab? Bras?lia
Goi?nia
T
r ó
p
i c o d e C a p r i c ó r n i o
55º O
Capital regional A
Capital regional B
Capital regional C
Grande metr?pole
nacional
Metr?pole
nacional
Metr?pole
Centro sub-regional B
Centro sub-regional A
Centro de zona A
Centro de zona B
?rea de in&#6684780;u?ncia
Hierarquia dos centros urbanos
0 390 780
km
Brasil: rede urbana Ð 2007
Banco de imagens/Arquivo da editora
Adaptado de: IBGE. Regi?es de influ?ncia das cidades, 2007. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>.
Acesso em: 4 abr. 2016; SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed. S?o Paulo: ?tica, 2012. p. 138.
aTenção!
Não escreva neste livro!
As cidades e a urbanização brasileira227
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Vestibulares de Norte a Sul
1. S (PUC-RS) Considere o texto e os itens que podem
complet?-lo.
Uma megal?pole ? uma grande aglomera??o popula-
cional constituindo uma reuni?o articulada de v?rias
?reas metropolitanas. A forma??o de megal?poles ocor-
re quando os fluxos de pessoas, capitais, informa??es,
mercadorias e servi?os entre duas metr?poles, como
transportes e telecomunica??es, est?o plenamente in-
tegrados. S?o exemplos de megal?poles os eixos
1. Rio de Janeiro ? S?o Paulo
2. T?quio ? Osaka/Kobe
3. Boston ? Chicago
4. Reno ? Ruhr
Est?o corretos apenas os itens
a) 1 e 2.
b) 1 e 3.
c) 2 e 3.
d) 1, 2 e 4.
e) 2, 3 e 4.
2. N (UFPA)
Testes
Reprodução/Vestibular UFPA 2012
No estudo das intera??es da sociedade com o meio
f?sico devem-se considerar fatores sociais, econ?micos,
tecnol?gicos e culturais estudados na dimens?o do
tempo e do espa?o.
Ao analisar a representa??o da paisagem urbana apre-
sentada na imagem, conclui-se que
a) as formas de organiza??o do espa?o consideram a
din?mica natural das ?reas de v?rzeas e de terra firme.
b) os aspectos da polui??o das ?guas, como o dep?-
sito de res?duos s?lidos, s?o de responsabilidade
da popula??o do entorno.
c) o modo de vida ribeirinho apresenta resist?ncia
diante da press?o da moderniza??o urbana.
d) a popula??o urbana encontra diferentes formas
de adapta??o na adversidade do ambiente urbano.
e) o contraste de formas revela as desiguais condi-
??es de vida da popula??o da cidade.
3. SE (Aman-RJ) A acelera??o dos fluxos de informa??o
propiciada pelas inova??es no meio t?cnico-cient?fico-
-informacional tem repercutido em toda a vida social
e econ?mica e, consequentemente, na organiza??o do
espa?o geogr?fico mundial. Dentre essas repercuss?es,
podemos destacar
a) o aprofundamento da divis?o t?cnica do trabalho,
a amplia??o da escala de produ??o e a utiliza??o
intensiva de energia na atividade industrial.
b) a diminui??o da disparidade tecnol?gica entre
pa?ses ricos e pobres, pois a difus?o da internet e
o acesso ?s redes virtuais t?m sido igualmente
intensos nos dois grupos de pa?ses.
c) a redu??o dos fluxos migrat?rios internacionais,
uma vez que as inova??es tecnol?gicas contribuem
para a cria??o de novos empregos, especialmente
no Setor Prim?rio dos pa?ses subdesenvolvidos.
d) o desenvolvimento de uma hierarquia urbana mais
complexa, pois as cidades pequenas e m?dias ad-
quiriram novas possibilidades de acesso aos bens
e servi?os atrav?s do relacionamento direto com
as principais metr?poles do seu pa?s.
e) a op??o da ind?stria de alta tecnologia dos EUA e
do Jap?o, por exemplo, de localizar-se junto ?s aglo-
mera??es urbano-industriais mais tradicionais des-
ses pa?ses, buscando as vantagens de um amplo
mercado consumidor e o f?cil acesso ?s vias de
comunica??o e transporte.
4. SE (PUC-SP)
A cidade tem sido sempre o lugar da liberdade, um lugar de
refúgio para os pobres e desenraizados. E para minorias de todos
os tipos, que encontraram proteção na cidade [...] A diversidade
de origem é uma constante da população das cidades. A cidade
tem sido com frequência o espaço da coexistência e da
mestiçagem. Isso não foi produzido sem dor e dificuldades.
Porém, tem gerado sempre consequências positivas para as
áreas urbanas e para o desenvolvimento da cultura em geral.
Sempre nas cidades essa diversidade tem sido maior que nas
áreas rurais, e maior nas grandes cidades do que nas pequenas.
E tudo isso em todas as épocas, países e cultura.
Horacio Capel. Los inmigrantes en la ciudad. Crecimiento econ?mico,
innovaci?n y conflito social [Os imigrantes na cidade. Crescimento
econ?mico, inova??o e conflito social]. In: Scripta Nova. Revista Electr?nica
de Geograf?a y Ciencias Sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, n. 3,
1 de mayo de 1997. Dispon?vel em: <www.ub.es/ geocrit/sn-3.htm>.
Acesso em: 11 ago. 2014. (tradu??o nossa).
Considerando o texto ? correto afirmar que
a) ? da natureza das grandes cidades a diversidade
cultural e ?tnica, visto que n?o h? grandes popu-
la??es urbanas homog?neas, j? que as cidades, em
raz?o de suas m?ltiplas atividades e possibilidades,
t?m um poder de atra??o bastante abrangente.
atenção!
N?o escreva neste livro!
Unidade 4228
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b) grandes cidades, quanto mais desenvolvidas, no-
tabilizam-se por terem populações homogêneas
do ponto de vista étnico e cultural, isso porque
há dificuldades para o desenvolvimento, quando
se depende de relações entre pessoas muito di-
ferentes.
c) a generosidade na recepção de imigrantes é uma
condição que as cidades modernas perderam, na
Europa, e também no Brasil, em vista dos encargos
que os imigrantes impõem, sem retorno econômi-
co equivalente.
d) as inevitáveis dificuldades de convivência nas ci-
dades entre os imigrantes e os nativos agravam-se
quando a imigração é estrangeira, pois se nacional
ela é recebida sem preconceitos, como ocorre na
metrópole de São Paulo.
e) o fenômeno migratório gerou nas cidades moder-
nas muita riqueza econômica e cultural, mas atual-
mente isso não mais ocorre, pois a fase original de
povoamento das grandes cidades já foi completa-
da e atualmente elas não comportam novos con-
tingentes populacionais.
5. SE (Mack-SP) No mundo contemporâneo, tem sido comum a classificação de alguns grandes centros urbanos como
“cidades globais” e “megacidades”. De acordo com seus conhecimentos a respeito do tema, assinale a alternativa
que aponte corretamente o uso desses termos.
Cidades Globais Megacidades
a)
Destacam-se pela intensidade dos fluxos de capital e
informa??o. Apresentam reduzida conex?o com outras
cidades do g?nero fora de seus continentes, a exemplo
da Cidade do M?xico e da cidade do Rio de Janeiro.
Possuem popula??es a partir de 1 milh?o de habitantes,
com intensa conex?o de informa??es e neg?cios com
outras similares, estando presentes em todos os
continentes, a exemplo de Calcut? e Lagos.
b)
Apresentam popula??es a partir de 10 milh?es de
habitantes, sendo mais importantes pelo seu peso
demogr?fico do que econ?mico, a exemplo de S?o
Paulo e Dacca.
Caracterizam-se pela sua conex?o aos mais importan-
tes centros econ?micos do mundo, embora tenham
popula??es inferiores a 10 milh?es de habitantes, como
as cidades de Xangai e Cidade do M?xico.
c)
S?o muito importantes pela presen?a da sede de
grandes corpora??es empresariais, com forte conex?o a
outras similares em outros pa?ses, como Paris e Xangai.
Diferenciam-se pelo volume demogr?fico e nem
sempre apresentam import?ncia econ?mica proporcio-
nal, situando-se tanto em pa?ses do Norte quanto do
Sul, a exemplo de Lagos e Delhi.
d)
Possuem maior import?ncia hist?rica e cultural do que
econ?mica, sendo por isso refer?ncias mundiais, como
Londres e Nova Iorque.
Apresentam fluxos econ?micos que as tornam as mais
importantes nos continentes onde est?o situadas, a
exemplo da Cidade do M?xico e Paris.
e)
Tornaram-se alvo de estudos comparativos em raz?o
dos fluxos emigrat?rios que partem delas para outras
cidades, como no caso de Paris e Los Angeles.
S?o refer?ncias internacionais para a solu??o de problemas
urbanos de grande magnitude, sobretudo na quest?o da
moradia e da mobilidade urbana, como Lagos e Delhi.
6. CO (UEG-GO) Considerando o processo de urbanização
no mundo atual, alguns termos como conurbação,
metrópoles, região metropolitana, megalópoles, entre
outros, tornaram-se muito familiares.
Sobre esses conceitos, é CORRETO afirmar:
a) metrópole é a superposição ou encontro de duas ou
mais cidades próximas, em razão de seu crescimen-
to desordenado, tanto horizontal quanto vertical.
b) conurbação é o conjunto de pequenos municípios
que se organizam politicamente para juntos terem
maior poder de negociações e obterem maiores
benefícios do governo federal.
c) ao conjunto de áreas contíguas e integradas socioe-
conomicamente a uma cidade principal (metrópole),
com serviços públicos e infraestrutura comum, de-
nomina-se Região Metropolitana.
d) a cidade principal ou “cidade-mãe” que tem os
melhores serviços e equipamentos urbanos do
país, como escolas, hospitais, ônibus urbano, rede
de água tratada, serviço de coleta de lixo e esgoto,
entre outros, denomina-se megalópole.
7. NE (UEPB)
Eu queria morar numa favela, o meu sonho é morar numa
favela./ Eu num sou registrado, eu num sou batizado,/ Eu
num sou civilizado/ eu num sou filho do senhor/ Eu num
sou computado/ eu não sou consultado/ Eu num sou
vacinado/ contribuinte num sou./ Eu num sou empregado/
eu num sou consumidor.
229O espaço urbano e o processo de urbanização
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Os versos de Gabriel, o Pensador ilustram a afirma??o de
que milh?es de brasileiros est?o abaixo da linha de po-
breza, vivendo em favelas, integrando bols?es de pobre-
za. S?o verdadeiras as afirmativas sobre o tema, EXCETO:
a) Nos bols?es de pobreza, nos deparamos com a se-
guinte radiografia: jovens entre 18-25 anos sem
perspectiva de inser??o no mercado de trabalho,
por falta de oportunidade e/ou qualifica??o profis-
sional. Diante dessa realidade, muitos tendem ?
prostitui??o e s?o recrutados pelo narcotr?fico
e/ou gangues de criminosos. A desestrutura??o de
muitas fam?lias pobres, muitas pela aus?ncia de
homens, tem contribu?do para que essas fam?lias
sejam mantidas por mulheres.
b) Os bols?es de pobreza s?o resultantes das desigual-
dades sociais, do acesso a uma renda digna, ao em-
prego, ? terra, aos servi?os de educa??o, sa?de e mo-
radia, enfim, do produto social, sem falar da exclus?o
social, cultural e do enfrentamento dos preconceitos
e da discrimina??o rotulada pela pr?pria sociedade.
c) O processo acelerado de urbaniza??o e o avan?o
t?cnico-cient?fico t?m contribu?do para banir defi-
nitivamente os problemas ambientais nos bols?es
de pobreza no pa?s.
d) Nos bols?es de pobreza tamb?m encontramos pes-
soas simples, mas dignas, que batalham pela sobre-
viv?ncia. S?o trabalhadores que produzem neste pa?s,
mas que s?o exclu?dos do solo urbano, poucos traba-
lham na formalidade e grande parte vive da informali-
dade lutando para escapar com os R$ 70,00 per capita
mensais rotulados pelo IBGE e de bolsas-fam?lia.
e) Muitos s?o os discursos proferidos para erradica??o da
pobreza. Apesar dos avan?os sociais propagados pelas
estat?sticas governamentais, a situa??o n?o muda mui-
to, porque a pol?tica econ?mica aplicada n?o prioriza
de forma eficaz esse setor social. Segundo o IBGE, ? na
Regi?o Nordeste que se concentra a maioria dos pobres
deste pa?s. Enquanto em programas televisivos de gas-
tronomia ovos s?o quebrados para omeletes presiden
-
ciais, muitos brasileiros n?o t?m dinheiro para comprar
um ?bife do oi?o? para completar o feij?o.
8. SE (Fatec-SP) O Instituto Brasileiro de Geografia e Estat?sti-
ca (IBGE) ? o ?rg?o respons?vel pela elabora??o dos censos
demogr?ficos no Brasil. De acordo com o censo demogr?-
fico de 1960, os habitantes da zona urbana representavam
45% da popula??o brasileira. Esse percentual subiu para
75% no censo de 1991 e para 84% no censo de 2010.
A instala??o de ind?strias nas cidades, aliada ? meca-
niza??o do campo, trouxe para as ?reas urbanas uma
grande quantidade de pessoas despreparadas para as
(IBGE. Atlas do censo demogr?fico, 2010. Adaptado)
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
%
Norte
Identifica??o
do logradouro
Esgoto a
c?u aberto
Ilumina??o Pavimenta??o Arboriza??o Bueiros
RampasCal?adaMeio-fioDep?sito de lixo
Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Percentual de domicílios particulares permanentes,
por características presentes no entorno, segundo
as Grandes Regiões 2010.
fun??es urbanas, levando ao surgimento de desem-
pregados e subempregados.
Uma das heran?as desse processo sobre o espa?o ur-
bano brasileiro ? a
a) ocupa??o ordenada das periferias e sub?rbios das
cidades.
b) aus?ncia de moradores de rua nas ?reas centrais
das cidades.
c) inexist?ncia de terrenos vazios para a constru??o
civil nas cidades.
d) expans?o do n?mero de corti?os, de favelas e de
habita??es prec?rias nas cidades.
e) regulariza??o e incentivo ? constru??o de moradias
sob os viadutos das cidades.
9. SE (Unesp-SP)
atenção!
Não escreva neste livro!
A s?ntese dos dados apresentados pelo gr?fico permi-
te afirmar que:
a) o ?ndice de esgoto a c?u aberto na regi?o Sudeste,
em contraste com os resultados superiores a 70%
de atendimento em identifica??o do logradouro,
ilumina??o, pavimenta??o, arboriza??o, bueiros e
dep?sitos de lixo, indica grandes disparidades so-
cioecon?micas entre seus habitantes.
b) os menores ?ndices nacionais em cal?ada e rampas
na regi?o Sul, contrastantes com os maiores par?-
metros em ilumina??o, pavimenta??o, arboriza??o
e esgoto a c?u aberto, expressam as piores condi-
??es de vida para pedestres e deficientes f?sicos.
c) mesmo apresentando os menores ?ndices nacionais
para a identifica??o do logradouro, ilumina??o, pa-
vimenta??o, arboriza??o, bueiros e dep?sitos de
lixo, a regi?o Norte n?o enfrenta defici?ncias em
saneamento b?sico e na circula??o de pedestres.
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d) ainda que tenha apresentado os maiores ?ndices
nacionais em identifica??o do logradouro, ilumina-
??o, pavimenta??o, arboriza??o, bueiros e dep?sitos
de lixo, a regi?o Nordeste enfrenta problemas com
infraestruturas b?sicas em tratamento de esgoto e
vias adaptadas a deficientes f?sicos.
e) os resultados encontrados na regi?o Centro-Oeste
para os ?ndices de esgoto a c?u aberto, meio-fio,
cal?ada e rampas s?o acompanhados pelos meno-
res percentuais nacionais na identifica??o do logra-
douro, ilumina??o e pavimenta??o, fundamentais
para garantir melhores condi??es de vida.
10. SE (Fuvest-SP)
O processo de industrializa??o que se efetivou em S?o
Paulo a partir do in?cio do s?culo XX foi o indutor do
processo de metropoliza??o. A partir do final dos anos 1950,
a concentra??o da estrutura produtiva e a centraliza??o do
capital em S?o Paulo foram acompanhadas de uma
urbaniza??o contradit?ria que, ao mesmo tempo, absorvia
as modernidades poss?veis e expulsava para as periferias
imensa quantidade de pessoas que, na impossibilidade de
viver o urbano, contraditoriamente, potencializavam a sua
expans?o. Assim, de 1960 a 1980, a expans?o da metr?pole
caracterizou-se tamb?m pela intensa expans?o de sua ?rea
constru?da, marcadamente fragmentada e hierarquizada.
Esse processo se constituiu em um ciclo da expans?o
capitalista em S?o Paulo marcada por sua periferiza??o.
Isabel Alvarez. Projetos Urbanos: alian?as e conflitos na reprodu??o da
metr?pole. Dispon?vel em: http://gesp.fflch.usp.br/sites/gesp.fflch.usp.br/
files/02611.pdf. Acessado em 10/08/2015. Adaptado.
Com base no texto e em seus conhecimentos, ? cor-
reto afirmar:
a) O processo que levou ? forma??o da metr?pole
paulistana foi dual, pois, ao trazer modernidade,
trouxe tamb?m segrega??o social.
b) A cidade de S?o Paulo, no per?odo entre o final da Se-
gunda Guerra Mundial e os anos de 1980, conheceu
um processo intenso de desconcentra??o industrial.
c) A periferia de S?o Paulo continua tendo, nos dias
de hoje, um papel fundamental de eliminar a frag-
menta??o e a hierarquiza??o espacial.
d) A periferiza??o, em S?o Paulo, cresceu com ritmo ace-
lerado at? os anos de 1980, e, a partir da?, estagnou,
devido ? retra??o de investimentos na metr?pole.
e) A expans?o da ?rea constru?da da metr?pole, na d?-
cada de 1960, permitiu, ao mesmo tempo, ampliar a
mancha urbana e eliminar a fragmenta??o espacial.
11. SE (FGv-RJ) Leia com aten??o:
Nos anos 1860, se esquematiza uma reflex?o em torno
dos valores fundi?rios do territ?rio urbano. Na origem dessa
reflex?o, teorizada por Julius Faucher em 1867, encontra-se
a crise habitacional, cuja causa ? atribu?da aos pre?os
fundi?rios: o n?vel desses pre?os seria artificialmente
elevado pela especula??o, notadamente nas ?reas de
expans?o imediata das cidades.
Elsa VONAU. Urbanismo: a invenção do zoneamento. In: O mapa, desafio
contempor?neo: La documentation Fran?aise, dossier no 8036. p. 58
Relacionando o que o texto afirma com a realidade
urbana contempor?nea do Brasil, ? correto afirmar:
a) A especula??o imobili?ria como forma de agentes
atuarem para aumentar pre?os de im?veis ? rela-
tivamente restrita nas cidades brasileiras, em ra-
z?o da elevada carga tribut?ria para propriet?rios
que deixam terrenos sem uso.
b) Nas grandes cidades, o constante e especulativo
crescimento dos pre?os dos terrenos, em especial
nas zonas mais centrais, vem historicamente obri-
gando a popula??o de baixa renda a se espalhar
em zonas perif?ricas distantes.
c) A quest?o da habita??o no Brasil atual tamb?m ?
motivo de crise, por?m pol?ticas p?blicas de incen
-
tivo de constru??o de moradias para o aluguel v?m
atenuando-a, pois a loca??o ? muito mais acess?vel
?s classes de baixa renda.
d) A crescente constru??o vertical, fato not?rio nas
cidades brasileiras, freia o processo de especula??o
imobili?ria, pois diminui a escassez de terrenos
com a possibilidade do aumento do ?ndice cons-
trutivo em cada terreno.
e) A especula??o imobili?ria nas cidades brasileiras se
d? tamb?m nas zonas de expans?o das cidades, visto
que nas zonas centrais e mais densas n?o h? pratica-
mente mais movimenta??o do mercado de terras.
12. SE (PUC-SP) Leia:
?Est? em jogo o que queremos da cidade. Nossas cidades
foram sequestradas pelo autom?vel. Todo ser racional sabe
que esse ? um caminho p?ssimo. Quase tudo que se fa?a
para melhorar a cidade exige enfrentar o carro.?
(Renato Janine RIBEIRO. Tachinhas e privil?gios. In O Estado de S. Paulo
(Ali?s), 15/10/2014, p. E8)
Essa opini?o surge em rea??o a certa hostilidade pre-
sente na cidade de S?o Paulo ?s iniciativas que favo-
recem o uso cotidiano da bicicleta. Considerando esse
fato e o que o texto menciona, ? correto dizer que
a) o autor exagera, pois a automobiliza??o das capi-
tais brasileiras encontra-se em claro decl?nio, em
raz?o dos protestos populares e dos investimentos
agora feitos nos meios coletivos de transportes.
b) embora a automobiliza??o das cidades brasileiras
seja problem?tica, n?o quer dizer que esse caminho
seja p?ssimo, pois as cidades europeias, asi?ticas e
americanas demonstraram a efici?ncia desse meio.
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atenção!
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c) n?o ? preciso combater os carros, pois ? poss?vel criar
estacionamentos subterr?neos, multiplicar as vias
expressas e criar ambientes adequados aos automo-
bilistas, algo que n?o se faz nas cidades brasileiras.
d) as cidades t?m como vantagem conseguir reunir
muitas pessoas, objetos e atividades em curtas
dist?ncias que favorecem o pedestre, o ciclismo e
os transportes coletivos, e o autom?vel ? uma con-
tradi??o, nesse caso.
e) bicicletas e autom?veis nas grandes cidades com-
binam bem, como demonstram cidades europeias
onde esses dois meios s?o muito utilizados; bas-
ta planejamento, como nas cidades holandesas,
por exemplo.
13. SE (Unicamp-SP) Observe os esquemas abaixo.
Relações entre as cidades em uma rede urbana
Esquema clássico Esquema atual
Metr?pole nacional
Metr?pole regional
Centro regional
Cidade local
vila
Metr?pole
nacional
Metr?pole
regional
Centro
regional
Cidade
local
vila
a) Explique como funciona o esquema cl?ssico de re-
de urbana.
b) Como se justificam as novas formas de rela??es
entre as cidades?
Questões
14. S (UFPR) As primeiras regi?es metropolitanas foram
criadas, no Brasil, no ano de 1974, justificadas pela
necessidade de planejamento desses espa?os. Ex-
plique o que ? Regi?o Metropolitana e, citando uma
em particular, aponte alguns dos seus problemas
de planejamento.
15. CO (UEG-GO) Explique o que significa cidade global e,
em seguida, cite tr?s exemplos de cidades globais.
16. SE (Uerj) Assentamento prec?rio ? a denomina??o da
ONU para as comunidades popularmente conhecidas no
Brasil como favelas. S?o espa?os simultaneamente mar-
cados por car?ncias urbanas e pelo vigor de sua vida social.
Com base na an?lise do mapa, identifique a regi?o com
maior popula??o absoluta em assentamentos prec?-
rios e a regi?o com maior popula??o relativa nesses
assentamentos.
Apresente tamb?m duas justificativas para a grande
presen?a de espa?os de urbaniza??o deficiente em
ambas as regi?es.
El atlas de Le Monde Diplomatique II.
Buenos Aires: Capital Intelectual,
2006.
América do Norte
América Latina
e Caribe
África do Norte
Europa
Ocidental
África Subsaariana
Sul da Ásia
Ásia Ocidental Ásia Oriental
Sudeste Asiático
Oceania
Europa Oriental
e ex-URSS
População Urbana
(milhões de habitantes)
500
200
10 0
população urbana total
população urbana nos
assentamentos precários
Geografia dos assentamentos precários
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Caiu no Enem
1. A humanidade conhece, atualmente, um fen?meno espa-
cial novo: pela primeira vez na hist?ria humana, a popu-
la??o urbana ultrapassa a rural no mundo. Todavia, a ur-
baniza??o ? diferenciada entre os continentes.
DURAND, M. F. et al. Atlas da mundialização: compreender o espa?o mundial
contempor?neo. S?o Paulo: Saraiva, 2009.
No texto, faz-se referência a um processo espacial de
escala mundial. Um indicador das diferenças continen-
tais desse processo espacial está presente em:
a) Orientação política de governos locais.
b) Composição religiosa de povos originais.
c) Tamanho desigual dos espaços ocupados.
d) Distribuição etária dos habitantes do território.
e) Grau de modernização de atividades econômicas.
2.
RIBEIRO, L. C. Q.; SANTOS, JUNIOR, O. A. Desafios da quest?o urbana. Le
Monde Diplomatique Brasil. Ano 4, n. 45, abr. 2010. Dispon?vel em: <http://
diplomatique.uol.com.br>. Acesso em: 22 ago. 2011.
Lalo de Almeida/SambaPhoto
A imagem registra uma especificidade do contexto
urbano em que a ausência ou ineficiência das políticas
públicas resultou em
a) garantia dos direitos humanos.
b) superação do déficit habitacional.
c) controle da especulação imobiliária.
d) mediação dos conflitos entre classes.
e) aumento da segregação socioespacial.
3. Dubai ? uma cidade-estado planejada para estarrecer os
visitantes. S?o tamanhos e formatos grandiosos, em ho-
t?is e centros comerciais reluzentes, numa colagem de
estilos e atra??es que parece testar diariamente os limites
da arquitetura voltada para o lazer. O maior shopping do
t?rrido Oriente M?dio abriga uma pista de esqui, a orla
do Golfo P?rsico ganha milion?rias ilhas artificiais, o cen-
tro financeiro anuncia para breve a torre mais alta do
mundo (a Burj Dubai) e tem ainda o projeto de um campo
de golfe coberto! Coberto e refrigerado, para usar com sol
e chuva, inverno e ver?o.
Dispon?vel em: <http://viagem.uol.com.br>. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).
No texto, são descritas algumas características da pai-
sagem de uma cidade do Oriente Médio. Essas carac-
terísticas descritas são resultado do(a)
a) criação de territórios políticos estratégicos.
b) preocupação ambiental pautada em decisões go-
vernamentais.
c) utilização de tecnologia para transformação do es-
paço.
d) demanda advinda da extração local de combustí-
veis fósseis.
e) emprego de recursos públicos na redução de desi-
gualdades sociais.
4. Trata-se de um gigantesco movimento de constru??o de
cidades, necess?rio para o assentamento residencial des-
sa popula??o, bem como de suas necessidades de traba-
lho, abastecimento, transportes, sa?de, energia, ?gua etc.
Ainda que o rumo tomado pelo crescimento urbano n?o
tenha respondido satisfatoriamente a todas essas neces-
sidades, o territ?rio foi ocupado e foram constru?das as
condi??es para viver nesse espa?o.
MARICATO, E. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana.
Petr?polis, Vozes, 2001.
A dinâmica de transformação das cidades tende a apre-
sentar como consequência a expansão das áreas pe-
riféricas pelo(a)
a) crescimento da população urbana e aumento da
especulação imobiliária.
b) direcionamento maior do fluxo de pessoas, devido
à existência de um grande número de serviços.
c) delimitação de áreas para uma ocupação organizada
do espaço físico, melhorando a qualidade de vida.
d) implantação de políticas públicas que promovem
a moradia e o direito à cidade aos seus moradores.
e) reurbanização de moradias nas áreas centrais, man-
tendo o trabalhador próximo ao seu emprego, di-
minuindo os deslocamentos para a periferia.
5. O movimento migrat?rio no Brasil ? significativo, princi-
palmente em fun??o do volume de pessoas que saem de
uma regi?o com destino a outras regi?es. Um desses mo-
vimentos ficou famoso nos anos 80, quando muitos nor-
destinos deixaram a regi?o Nordeste em dire??o ao Sudes-
te do Brasil. Segundo os dados do IBGE de 2000, este
processo continuou crescente no per?odo seguinte, os anos
90, com um acr?scimo de 7,6% nas migra??es deste mesmo
fluxo. A Pesquisa de Padr?o de Vida, feita pelo IBGE, em
1996, aponta que, entre os nordestinos que chegam ao Su-
deste, 48,6% exercem trabalhos manuais n?o qualificados,
18,5% s?o trabalhadores manuais qualificados, enquanto
13,5%, embora n?o sejam trabalhadores manuais, se en-
contram em ?reas que n?o exigem forma??o profissional.
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O mesmo estudo indica também que esses migrantes pos-
suem, em média, condição de vida e nível educacional
acima dos de seus conterrâneos e abaixo dos de cidadãos
estáveis do Sudeste.
Dispon?vel em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 30 jul. 2009 (adaptado).
Com base nas informa??es contidas no texto, depre-
ende-se que
a) o processo migrat?rio foi desencadeado por a??es
de governo para viabilizar a produ??o industrial no
Sudeste.
b) os governos estaduais do Sudeste priorizaram a
qualifica??o da m?o de obra migrante.
c) o processo de migra??o para o Sudeste contribui
para o fen?meno conhecido como incha?o urbano.
d) as migra??es para o Sudeste desencadearam a va-
loriza??o do trabalho manual, sobretudo na d?cada
de 80.
e) a falta de especializa??o dos migrantes ? positiva
para os empregadores, pois significa maior versa-
tilidade profissional.
6.
TEXTO I
Ao se emanciparem da tutela senhorial, muitos campo-
neses foram desligados legalmente da antiga terra. Deveriam
pagar, para adquirir propriedade ou arrendamento. Por não
possuírem recursos, engrossaram a camada cada vez maior
de jornaleiros e trabalhadores volantes, outros, mesmo tendo
propriedade sobre um pequeno lote, suplementavam sua
existência com o assalariamento esporádico.
MACHADO, P. P. Política e colonização no Império. Porto Alegre:
EdUFRGS, 1999 (adaptado).
TEXTO II
Com a globalização da economia ampliou-se a hegemo-
nia do modelo de desenvolvimento agropecuário, com seus
padrões tecnológicos, caracterizando o agronegócio. Essa
nova face da agricultura capitalista também mudou a forma
de controle e exploração da terra. Ampliou-se, assim, a ocu-
pação de áreas agricultáveis e as fronteiras agrícolas se es-
tenderam.
SADER, E.; JINKINGS, I. Enciclopédia Contemporânea da América Latina
e do Caribe. S?o Paulo: Boitempo, 2006 (adaptado).
Os textos demonstram que, tanto na Europa do s?-
culo XIX quanto no contexto latino-americano do
s?culo XXI, as altera??es tecnol?gicas vivenciadas no
campo interferem na vida das popula??es locais, pois
a) induzem os jovens ao estudo nas grandes cidades,
causando o ?xodo rural, uma vez que formados, n?o
retornam ? sua regi?o de origem.
b) impulsionam as popula??es locais a buscar linhas
de financiamento estatal com o objetivo de am-
pliar a agricultura familiar, garantindo sua fixa??o
no campo.
c) ampliam o protagonismo do Estado, possibilitando
a grupos econ?micos ruralistas produzir e impor
pol?ticas agr?colas, ampliando o controle que ti-
nham dos mercados.
d) aumentam a produ??o e a produtividade de deter-
minadas culturas em fun??o da intensifica??o da
mecaniza??o, do uso de agrot?xicos e cultivo de
plantas transg?nicas.
e) desorganizam o modo tradicional de vida impelin-
do-as ? busca por melhores condi??es no espa?o
urbano ou em outros pa?ses em situa??es muitas
vezes prec?rias.
7. O processo de concentração urbana no Brasil em determi-
nados locais teve momentos de maior intensidade e, ao
que tudo indica, atualmente passa por uma desaceleração
do ritmo de crescimento populacional nos grandes centros
urbanos.
BAENINGER, R. Cidades e metrópoles: a desacelera??o no crescimento
populacional e novos arranjos regionais. Dispon?vel em:
www.sbsociologia.com.br. Acesso em: 12 dez. 2012 (adaptado).
Uma causa para o processo socioespacial mencionado
no texto ? o(a)
a) car?ncia de mat?rias-primas.
b) degrada??o da rede rodovi?ria.
c) aumento do crescimento vegetativo.
d) centraliza??o do poder pol?tico.
e) realoca??o da atividade industrial.
8. No século XIX, o preço mais alto dos terrenos situados no
centro das cidades é causa da especialização dos bairros e
de sua diferenciação social. Muitas pessoas, que não têm
meios de pagar os altos aluguéis dos bairros elegantes, são
progressivamente rejeitadas para a periferia, como os su-
búrbios e os bairros mais afastados.
R?MOND, R. O século XIX. S?o Paulo: Cultrix, 1989 (adaptado).
Uma consequ?ncia geogr?fica do processo socioespa-
cial descrito no texto ? a
a) cria??o de condom?nios fechados de moradia.
b) decad?ncia das ?reas centrais de com?rcio popular.
c) acelera??o do processo conhecido como cerca-
mento.
d) amplia??o do tempo de deslocamento di?rio da
popula??o.
e) conten??o da ocupa??o de espa?os sem infraestru-
tura satisfat?ria.
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Unidade 4234
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9.
Santa
Luzia
Confins
Vespasiano
Sabar?
Belo
Horizonte
Nova Lima
Itabirito
Ibirit?
Betim
Contagem
Ribeir?o
das Neves
Saldo do deslocamento
?75 275 a ?31 400
?31 399 a 0
0 a 19 168
19 169 a 293 119
Fluxo de pessoas
15 000 a 31 400
31 401 a 58 300
58 301 a 103 200
Limite de munic?pio
Região Metropolitana
de Belo Horizonte
O fluxo migratório representado está
associado ao processo de
a) fuga de áreas degradadas.
b) inversão da hierarquia urbana.
c) busca por amenidades ambientais.
d) conurbação entre municípios con-
tíguos.
e) desconcentração dos investimen-
tos produtivos.
BRASIL. IBGE. Atlas do censo demogr?fico 2010 (adaptado).
10.
Nota: O saldo considera
apenas as pessoas que se
deslocavam para o trabalho
e retornavam aos seus
munic?pios diariamente.
IBGE. Tend?ncias demogr?ficas:
uma an?lise da sinopse preliminar
do censo demogr?fico 2000.
Rio de Janeiro: IBGE, 2001.
Urbana
Milh›es de habitantes
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000
Rural
12,9
28,3
18,8
33,2
31,3
38,8
52,1
41,1
80,4
38,6
35,8
31,8
138
111
140
120
10 0
80
60
40
20
0
População residente, por situação de domicílio – Brasil – 1940/2000
O processo indicado no gráfico demonstra um aumen-
to significativo da população urbana em relação à
população rural no Brasil. Esse fenômeno pode ser
explicado pela
a) atração de mão de obra pelo setor produtivo con-
centrado nas áreas urbanas.
b) manutenção da instabilidade climática nas áreas
rurais.
c) concentração da oferta de ensino nas áreas urbanas.
d) inclusão da população das áreas urbanas em pro-
gramas assistenciais.
e) redução dos subsídios para os setores da economia
localizados nas áreas rurais.
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UNIDADE5
236
O espaço rural
e a produção
agropecuária
236
Como estudaremos nesta Unidade, atualmente a produção de alimen-
tos é obtida em condições muito diversas pelas regiões agrícolas do
planeta. Na propriedade mostrada na fotografia ao lado pratica-se a
agricultura orgânica, sem aplicação de inseticidas ou adubos químicos.
Em muitos países pobres e emergentes, há regiões onde predomina a
agricultura de subsistência; em outras, o cultivo de cereais, frutas, le-
gumes e verduras é obtido por meio de tecnologia moderna, que reduz
bastante a dependência da agricultura em relação a estações do ano,
fertilidade dos solos, quantidade de chuvas e outros fatores.
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Constela??o do Cruzeiro do Sul.
Sylvain Cordier/Biosphoto/Corbis/Latinstock
Organização da
produção agropecuária
CAPÍTULO11
Cultivo org?nico de ma??s na Als?cia (Fran?a), em
2014. Existem empresas certificadoras que d?o
seguran?a aos consumidores de que o produto que
est?o comprando foi mesmo cultivado seguindo os
padr?es da agricultura org?nica.
237
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A
atual configuração espacial das atividades agropecuárias e da zona
rural é resultado da ação da sociedade sobre a natureza ao longo da
História, o que ocorreu de modo muito desigual entre os diversos países
e regiões do planeta.
Nas atividades agropecuárias, a diversidade das
relações de trabalho com a natureza resulta de
diferentes sistemas de produção. Para com-
preender essas diferenças, vamos pro-
curar elucidar algumas questões ao
longo deste capítulo: qual é a dife-
rença entre agricultura e pecuária
intensiva e extensiva? De que for-
ma estão estruturadas a agricul-
tura familiar e a empresarial no
Brasil e no mundo? O que foi a
Revolução Verde e quais as
perspectivas da biotecnologia,
dos transgênicos e da agricultu-
ra orgânica atualmente?
Na imagem ao lado, agricultor de pequena
propriedade em planta??o de banana na
Comunidade Quilombola de Ivaporunduva, em
Eldorado (SP), em 2016. Na imagem abaixo, m?quinas
sendo usadas no cultivo de soja em Palotina (PR), em 2013.
Delfim Martins/Pulsar Imagens
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Capítulo 11238
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1 Os sistemas de produção agrícola
A produção agrícola constitui um sistema que en-
volve a análise de suas dimensões naturais (fertilida-
de do solo, topografia, disponibilidade de água) e
socioeconômicas (desenvolvimento tecnológico, grau
de capitalização, estrutura fundiária, relações de tra-
balho). A diversidade de modos de vida e de produção,
das leis trabalhistas e ambientais, das condições eco-
nômicas e da oferta de crédito, além de outros fatores,
explica a heterogeneidade das condições da produção
agrícola mundial.
Os sistemas agrícolas e a produção pecuária podem
ser classificados como intensivos ou extensivos, de
acordo com o grau de capitalização e o índice de pro-
dutividade decorrentes do uso de insumos, maquinaria
e tecnologia de ponta. É importante destacar que essa
classificação independe do tamanho da área de cultivo
ou de criação.
Em propriedades nas quais se aplicam modernas
técnicas de preparo do solo, cultivo e colheita (uso de
fertilizantes, sistemas de irrigação e mecanização) e
que apresentam elevados índices de produtividade,
pratica-se a agricultura intensiva. Já em propriedades
nas quais se pratica a agricultura extensiva, não há
capitais para investir e, portanto, usam-se técnicas ru-
dimentares, obtendo baixos índices de produtividade.
Na pecuária, o rendimento é avaliado pelo número
de cabeças por hectare. Quanto maior a densidade de
cabeças, independentemente de o gado estar solto ou
confinado, maior é a necessidade de ração, de pastos
cultivados e de assistência médica veterinária. Com isso,
aumentam a produtividade e o rendimento, caracterís-
ticas da pecuária intensiva. Quando o gado se alimenta
apenas em pastos naturais e a criação apresenta baixa
produtividade, trata-se de pecuária extensiva.
Outra maneira de classificar os sistemas de produ-
ção está relacionada à forma de gestão da mão de obra.
Isso permite distinguir o predomínio de agricultura
familiar ou de agricultura empresarial (patronal).
Helmut Meyer zur Capellen/imageBROKER/Corbis/Latinstock
Cria??o de gado confinado na Bav?ria (Alemanha), em 2015.
Organização da produção agropecuária239
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Agricultura familiar
Na agricultura familiar, os membros da família
administram a propriedade e os investimentos neces
-
sários às decisões sobre o que e como produzir, sejam
ou não eles os donos da terra – algumas famílias pro-
duzem em terras arrendadas. Em geral, nesse tipo de
agricultura o trabalho é realizado pelos membros da
família, mas muitas vezes há contratação de mão de
obra no mercado.
Se a política agrícola está voltada à fixação das
famílias no campo, ao aumento da oferta de alimen-
tos no mercado regional e à geração de maior núme-
ro de postos de trabalho, a agricultura familiar tem
um papel importante em seu desenvolvimento. Ela
pode promover uma maior oferta de alimentos e re-
duzir o fluxo migratório para as cidades, já que um
maior contingente de mão de obra permanece atuan-
do no campo.
Em geral, considera-se, equivocadamente, que a
agricultura familiar não proporciona condições de pro-
duzir excedentes exportáveis por causa do porte das
propriedades, geralmente pequenas e médias. No en-
tanto, por meio do cooperativismo, a associação de
vários pequenos e médios produtores tem possibilita-
do aumentar sua participação no mercado mundial.
Agricultura de subsistência
Um tipo de agricultura familiar que prevalece nas
regiões pobres é a agricultura de subsistência, destina-
da a atender às necessidades imediatas de consumo
alimentar dos próprios agricultores e seus dependentes.
A produção é obtida em pequenas e médias proprieda-
des ou em parcelas de grandes propriedades (nesse
caso, parte da produção é entregue ao dono da terra
como pagamento do aluguel), com a utilização de téc-
nicas tradicionais e rudimentares. Por falta de recursos
e de assistência técnica, as sementes utilizadas são de
qualidade inferior, não se investem em fertilizantes e,
portanto, a produção e a produtividade são baixas.
Na agricultura familiar de subsistência, predomi-
nam as pequenas propriedades, que podem ser culti-
vadas em:
• parceria, quando o agricultor aluga a terra e paga por
seu uso com parte da produção;
• arrendamento, quando o aluguel é pago em dinheiro;
• regime de posse, quando os agricultores simples-
mente ocupam terras devolutas – terras desocupa-
das, vagas, que não possuem dono regular ou que
pertencem ao Estado.
Essa realidade ainda existe em boa parte dos países
da África subsaariana, do Sul e Sudeste Asiático e da
América Latina (Congo, Zâmbia, Mianmar, Camboja,
Bolívia e Paraguai, entre outros), mas o que prevalece
atualmente é uma agricultura de subsistência voltada
ao comércio urbano. Nesse caso, o agricultor e sua fa-
mília cultivam algum produto que será vendido na ci-
dade mais próxima, mas o dinheiro que recebem é
suficiente apenas para lhes garantir a subsistência. Não
há excedente de capital que lhes permita aperfeiçoar
as técnicas de cultivo e aumentar a produtividade. Es-
se tipo de agricultura é comum em áreas onde falta
infraestrutura e, portanto, a terra é mais barata.
Ricardo Azoury /Pulsar Imagens
Ap?s alguns anos de cultivo, o
solo perde sua fertilidade
natural, e quase sempre fica
exposto a processos erosivos.
Em alguns casos, ao perceber
que o volume de produ??o est?
diminuindo, a fam?lia desmata
uma ?rea pr?xima e pratica a
queimada para acelerar o
plantio, dando in?cio ?
degrada??o de uma nova ?rea,
a qual ser? brevemente
abandonada ? nesse caso,
pratica-se a agricultura
itinerante. Na foto, ribeirinho
colhendo mandioca em
pequena propriedade na
comunidade Jamaraqu?, em
Belterra (PA), em 2015.
Capítulo 11240
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Guo Cheng/Xinhua/Agência France-Presse
Agricultura de jardinagem
Outro tipo de agricultura familiar ? a chamada
agricultura de jardinagem, express?o que se originou
no Sul e Sudeste Asi?tico, onde h? grande produ??o
de arroz em plan?cies inund?veis, com utiliza??o in-
tensiva de m?o de obra. Esse sistema ? praticado em
pequenas e m?dias propriedades cultivadas pelo dono
da terra e sua fam?lia ou em parcelas de grandes pro-
priedades. Nessa forma de produ??o predomina a
alta produtividade, pois se recorre ? sele??o de se-
mentes, ? utiliza??o de fertilizantes, ? aplica??o de
avan?os biotecnol?gicos e ?s t?cnicas de preserva??o
do solo que permitem a fixa??o da fam?lia na proprie-
dade por tempo indeterminado.
Em pa?ses como Filipinas, Tail?ndia, Indon?sia e outros
do Sudeste Asi?tico, que apresentam elevada densidade
demogr?fica, as fam?lias t?m ?reas muitas vezes inferio-
res a um hectare (10 000 metros quadrados) e condi??es
de vida bastante prec?rias. Em pa?ses que realizaram re-
forma agr?ria ? Jap?o, Coreia do Sul e Taiwan ? e ao redor
dos grandes centros urbanos de ?reas tropicais, ap?s a
comercializa??o da produ??o e a realiza??o de investi-
mentos para a nova safra, h? um excedente de capital
que permite melhorar, a cada ano, as condi??es de traba-
lho e a qualidade de vida das fam?lias. Entretanto, como
a propriedade e, consequentemente, o volume de produ-
??o s?o pequenos, os agricultores dependem de subs?dios
governamentais para permanecer produzindo.
Na China, a produ??o da agricultura de jardinagem oco
rre, predominantemente,
em propriedades muito pequenas e em condi??es de trab
alho quase sempre
prec?rias. A popula??o ? numerosa, e a op??o de incentivos governamentais
voltados ? moderniza??o da produ??o agr?cola foi substitu?da pela utiliza??o de
enormes contingentes de m?o de obra. No entanto, em algumas prov?ncias
litor?neas tem ocorrido um processo de moderniza
??o da agricultura, impulsionado
pela expans?o de propriedades particulares e da cap
italiza??o proporcionada pela
abertura econ?mica. Na foto, cultivo de arroz em Hainan (China), em 2016.
Organização da produção agropecuária241
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Cinturões verdes e
bacias leiteiras
Outro tipo de agricultura com predom?nio de m?o
de obra familiar ? encontrado nos cintur?es verdes e
nas bacias leiteiras. Ambos localizam-se ao redor dos
grandes centros urbanos, principalmente nos pa?ses
desenvolvidos e emergentes, onde a terra ? valorizada.
Neles se praticam agricultura e pecu?ria intensivas pa-
ra atender ?s necessidades de consumo da popula??o
local. Em tais ?reas, produzem-se hortifrutigranjeiros
e cria-se gado em pequenas e m?dias propriedades
para a produ??o de leite e derivados ? observe a fo-
tografia a seguir. Ap?s a comercializa??o da produ??o,
o excedente obtido ? aplicado na moderniza??o das
t?cnicas de cultivo e cria??o.
Guillaume Souvant/Agência France-Presse
Cabras em uma fazenda de gado leiteiro perto de Niort (Fran?a), em 2015.
Agricultura empresarial
Na agricultura empresarial (ou patronal), prevalece
a m?o de obra contratada e desvinculada da fam?lia do
administrador ou do propriet?rio da terra.
Em geral, a produtividade nesse tipo de agricultura
? muito alta, em decorr?ncia da sele??o de sementes, do
uso intensivo de fertilizantes, do elevado grau de meca-
niza??o no preparo do solo − no plantio e na colheita −,
da utiliza??o de silos de armazenagem e do sistem?tico
acompanhamento de todas as etapas de produ??o e
comercializa??o. Sua produ??o ? voltada ao abasteci-
mento dos mercados interno e externo, e ? mais comum,
sobretudo, nos pa?ses desenvolvidos ? Estados Unidos,
Canad?, Austr?lia e alguns pa?ses da Uni?o Europeia ?, e
em economias emergentes como Brasil, Argentina, In-
don?sia e Mal?sia, e em algumas regi?es tropicais da
?frica que v?m recebendo investimento estrangeiro,
principalmente da China e de pa?ses do Oriente M?dio.
Dessa forma, as atividades agr?colas e pecu?rias
est?o integradas aos setores industriais e de servi?os,
criando uma grande cadeia produtiva. Os insumos (fer-
tilizantes, inseticidas, ra??es, vacinas, combust?veis) e
equipamentos (tratores, colheitadeiras, sistemas de
irriga??o, estufas, etc.) usados na agropecu?ria s?o pro-
duzidos por ind?strias de bens de capital.
A agropecu?ria exerce influ?ncia direta sobre v?rios
setores da economia, criando uma vasta cadeia produtiva.
Antes da produ??o agr?cola e pecu?ria s?o acionadas in-
d?strias de m?quinas, adubos, agrot?xicos, vacinas, ra-
??es, arames para cercas, etc. Ap?s a produ??o, v?m as
etapas de atividades na agroind?stria, na armazenagem
e na comercializa??o. Al?m disso, ao longo de toda a ca-
deia, est?o envolvidos os setores de transporte, energia,
telecomunica??es, administra??o, marketing, vendas,
seguros e muitos outros.
Essa extensa cadeia produ-
tiva constitui os complexos
agroindustriais, que s?o as
fazendas onde se obt?m a
produ??o e os agronegó-
cios, que envolvem todas
Agroneg—cio: rede de pro-
du??o que abrange todas
as atividades prim?rias,
secund?rias e terci?rias li-
gadas ? agropecu?ria: pro-
du??o de sementes, adu-
bos, tratores, frigor?ficos,
curtumes e muitas outras.
Capítulo 11242
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as atividades prim?rias, secund?rias e terci?rias que fazem
parte da cadeia produtiva.
Para ilustrar a import?ncia econ?mica dos agrone-
g?cios, podemos observar os dados quantitativos bra-
sileiros de 2014 segundo o Minist?rio da Agricultura.
Nesse ano, o PIB da agropecu?ria foi de R$ 261 bilh?es
(cerca de 5% do PIB brasileiro), mas os agroneg?cios
foram respons?veis por cerca de 21% do PIB ? 70% des-
se total est? ligado ? agricultura, e 30% ? pecu?ria.
Os governos tamb?m costumam analisar o setor
agropecu?rio considerando sua rela??o com outros
setores socioecon?micos: a import?ncia dos agrone-
g?cios para o mercado de trabalho e no combate ao
desemprego, a garantia de abastecimento alimentar
em quantidade e qualidade satisfat?rias e, finalmente,
sua influ?ncia na balan?a comercial ao reduzir as im-
porta??es e estimular as exporta??es. Esses fatores
levam muitos pa?ses, sobretudo os desenvolvidos, a
estabelecer pol?ticas protecionistas e subs?dios ? pro-
du??o agropecu?ria, o que cria fortes distor??es no
mercado mundial e prejudica muitos pa?ses em desen-
volvimento, especialmente os de baixa renda.
PhotoDisc/Arquivo da editora
Laureni Fochetto/Arquivo
da editora
Fabio Mangabeira/ Arquivo da editora
Sérgio Dotta/The Next
João Raposo/Arquivo da editora
Monica Vendramini/Arquivo da edito
ra
Nos pa?ses desenvolvidos e nas regi?es modernas
dos pa?ses em desenvolvimento, onde os complexos
agroindustriais foram introduzidos, verificou-se uma
tend?ncia ? concentra??o de terras e ? especializa??o
produtiva. Em algumas agroind?strias, produzem-se
alimentos, fontes de energia (?lcool combust?vel), re-
m?dios, produtos de higiene e limpeza e muitos outros
bens de consumo.
No Brasil existem v?rias regi?es especializadas em
determinado produto: cana-de-a??car e laranja no Oes-
te paulista; gr?os (soja, milho e outros) na Campanha
Ga?cha, no Oeste baiano, no sul do Maranh?o e do Piau?
e em vastas ?reas do Centro -Oeste; cria??o de aves e
su?nos e processamento de sua carne no Oeste catari-
nense; produ??o irrigada de frutas no Vale do S?o Fran-
cisco, entre muitos outros exemplos.
Na produção dessas mercadorias, foram usadas matérias-primas produzidas

no setor de agropecuária e máquinas e equipamentos fabricados em

indústrias de bens de capital.
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Capacidade ociosa: termo
usado para indicar quando
uma empresa n?o est?
utilizando totalmente sua
capacidade instalada de
produ??o.
2 A Revolução Verde
A partir da d?cada de 1950, os Estados Unidos e a
ONU incentivaram a introdu??o de mudan?as na estru-
tura fundi?ria e nas t?cnicas agr?colas em v?rios dos ent?o
chamados pa?ses subdesenvolvidos, muitos dos quais
ex-col?nias rec?m-independentes. Em plena Guerra Fria,
a inten??o dos norte-americanos era evitar o surgimento
de focos de insatisfa??o popular por causa da fome. Eles
temiam a institui??o de regimes socialistas em alguns
pa?ses do ent?o Terceiro Mundo. Al?m disso, a ind?stria
qu?mica, que se desenvolveu voltada para o setor b?lico,
apresentava certa capacidade ociosa nesse per?odo.
O conjunto de mudan-
?as t?cnicas introduzidas na
produ??o agropecu?ria fi-
cou conhecido por Revolu-
ção Verde e consistia na
moderniza??o das pr?ticas
agr?colas (utiliza??o de adubos qu?micos, inseticidas,
herbicidas, sementes melhoradas) e na mecaniza??o
do preparo do solo, do cultivo e da colheita, visando a
aumentar a produ??o de alimentos.
Com esse objetivo, os Estados Unidos ofereceram
financiamentos para a importa??o dos insumos, ma-
quinaria e capacita??o de t?cnicos e professores para
as faculdades e cursos t?cnicos agr?colas. Os governos
dos ent?o pa?ses subdesenvolvidos passaram a promo-
ver pesquisa e divulga??o de t?cnicas de cultivo entre
os agricultores e a fornecer cr?ditos subsidiados.
Entretanto, a proposta era adotar o mesmo padr?o
de cultivo em todas as regi?es onde ocorreu a Revolu-
??o Verde, desconsiderando a varia??o das condi??es
naturais, das necessidades e possibilidades dos agricul-
tores. Como consequ?ncia, a m?dio e longo prazos,
essas inova??es causaram impactos socioecon?micos
e ambientais muito graves. Proporcionaram aumento
de produtividade por ?rea cultivada e crescimento con-
sider?vel da produ??o de alimentos − principalmente
de cereais e tub?rculos −, mas isso ficou restrito ?s
grandes propriedades, dotadas de condi??es ideais pa-
ra a moderniza??o − relevo plano para possibilitar a
mecaniza??o e condi??es clim?ticas favor?veis, entre
outras. Em pa?ses onde n?o foi realizada a reforma agr?-
ria e cujos trabalhadores agr?colas n?o tinham proprie-
dade familiar, sobretudo na ?frica e no Sudeste Asi?ti-
co, a mecaniza??o da produ??o diminuiu a necessidade
de m?o de obra, contribuiu para o aumento dos ?ndices
de pobreza e provocou ?xodo rural.
O sistema mais utilizado pelos pa?ses que seguiram
as premissas da Revolu??o Verde foi a monocultura, o
que resultou em s?rios impactos ambientais, como
mostra o texto ?Os problemas ambientais rurais?, em
Outras leituras, na p?gina 245.
A pr?tica da monocultura acarretou desequil?brios
ambientais, e a moderniza??o substituiu as in?meras
variedades vegetais por algumas poucas. Grandes in-
d?strias iniciaram o processo de controle sobre o co-
m?rcio e a pesquisa que modifica a semente dos vege-
tais cultivados, passando a controlar toda a cadeia de
insumos. Como essas sementes modificadas n?o s?o
f?rteis, os agricultores s?o obrigados a comprar novas
sementes a cada safra se quiserem obter boa produti-
vidade. Isso se tornou um grande obst?culo para os
pequenos agricultores e perdura at? os dias atuais, pois
? necess?rio comprar e repor constantemente as se-
mentes e os fertilizantes que se adaptem melhor a elas,
o que aumenta o custo de produ??o.
Images of Empire/Universal
Images Group/Getty Images
Cultivo de ch? na ?ndia, no in?cio da
d?cada de 1970. Nesse pa?s houve
grande crescimento na produ??o
de alimentos com a implanta??o
das t?cnicas da Revolu??o Verde.
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Os problemas ambientais rurais
[...]
O cultivo de espécie vegetal única (soja, trigo, algodão, milho, entre outros) em grandes extensões de
terras favorece o desenvolvimento de grande quantidade de pequenas espécies animais invasoras, as pra-
gas que se alimentam desses produtos. É o caso da lagarta da soja, do besouro-bicudo do algodão e de
bactérias como o ácaro dos mamoeiros, o cancro-cítrico dos laranjais e as diversas pragas dos cafezais, dos
fungos que atacam o trigo e o milho e das pragas que infestam os canaviais. Já o cultivo de várias espécies,
ou seja, a policultura, implica competitividade entre elas e elimina a possibilidade da disseminação de
pragas. Nas monoculturas as pragas proliferam rapidamente, e em dois ou três dias uma plantação de soja
ou de algodão pode ser totalmente dizimada. Para evitar isso, utilizam-se cada vez mais inseticidas e fun-
gicidas químicos, que podem ser altamente prejudiciais à saúde do homem.
O cultivo mecanizado é obrigatoriamente acompanhado do uso de fertilizantes químicos, e para o
controle das chamadas “ervas daninhas”, ou do “mato”, que nascem e crescem mais rapidamente que as
espécies plantadas, aplicam-se os herbicidas, tão tóxicos quanto os venenos empregados para controlar
insetos e fungos.
A aplicação frequente de quantidades cada vez maiores desses produtos químicos, genericamente
chamados de insumos agrícolas, contamina o solo. Além disso, eles são transportados pela chuva para
riachos e rios, afetando, desse modo, a qualidade das águas que alimentam o gado, abastecem as cidades e
abrigam os peixes. O veneno afeta a fauna, e os pássaros e os peixes desaparecem rapidamente das áreas
de monocultura, favorecendo a proliferação de pragas, lagartas, mosquitos e insetos em geral. A impregna-
ção do solo com venenos e adubos químicos tende a torná-lo estéril pela eliminação da vida microbiana.
[...]
ROSS, Jurandyr L. Sanches (Org.). Geografia do Brasil. 6. ed. S?o Paulo: Edusp, 2011. p. 226. (Did?tica 3).
Dialogando
com BIOLOGIA
Outras leituras
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
Avi?o pulverizando inseticida em
planta??o de cana-de-a??car
em Paranacity (PR), em 2016. Esta
pr?tica provoca contamina??o dos
solos e aqu?feros.
Organização da produção agropecuária245
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3 A população rural e o trabalhador agrícola
O campo e a cidade são realidades históricas em transformação
tanto em si próprias quanto em suas inter-relações”.
Raymond Williams (1921-1988), escritor brit?nico.
Atualmente, nos pa?ses e nas regi?es em que predo-
minam modernas t?cnicas de produ??o, os agricultores
s?o a minoria dos trabalhadores e at? mesmo dos mo-
radores do espa?o rural. Isso porque os habitantes da
zona rural, em sua maioria, trabalham em atividades n?o
agr?colas ou em cidades pr?ximas. Ecoturismo e turismo
rural, hot?is-fazenda, campings, pousadas, s?tios, casas
de campo, restaurantes t?picos, parques tem?ticos, pr?-
tica de esportes variados, transportes, produ??o de ener-
gia, abastecimento de ?gua, etc. s?o atividades rurais
que ocupam um contingente de trabalhadores maior
que as atividades agropecu?rias. No entanto, quando
consideramos as pessoas que trabalham nas diversas
atividades ligadas ? cadeia produtiva que envolve a agro-
pecu?ria (f?bricas de insumos, sementes, tratores, irri-
ga??o, comercializa??o, transportes e outros, que com-
p?em os agroneg?cios), a participa??o na PEA aumenta.
Em contrapartida, onde a agropecu?ria ? desca-
pitalizada, com emprego de t?cnicas rudimentares de
produ??o, como ? predominante nos pa?ses de menor
renda, a maioria dos trabalhadores rurais se dedica a
atividades diretamente ligadas ? agropecu?ria ? ob-
serve a fotografia ao lado. Nessas regi?es, o Estado
tem papel primordial na regulamenta??o das rela??es
de trabalho, no acesso ? propriedade da terra e na
pol?tica de produ??o, nos financiamentos e nos sub-
s?dios agr?colas.
No senso comum, somos levados a pensar que a
maioria dos pa?ses desenvolvidos tem percentuais eleva-
dos e crescentes de popula??o urbana, mas, na realidade,
o percentual de popula??o rural ? bastante significativo
em muitos desses pa?ses e, em alguns casos, maiores que
o percentual de popula??o rural encontrado em pa?ses
em desenvolvimento (observe a tabela a seguir).
Em pa?ses desenvolvidos, como Su??a e Noruega, o
percentual de popula??o residente na zona rural ? re-
lativamente alto, e o n?mero de trabalhadores agr?co-
las, pequeno.
Dieu Nalio Chery/AP Photo/Glow Images
Agricultores de subsist?ncia
no Haiti, em 2016.
Popula??o rural e trabalhadores agr?colas em pa?ses selecionados (%)
Pa?s Popula??o rural ? 2014 Trabalhadores agr?colas ? 2014
Desenvolvidos
Estados Unidos 17 2
Jap?o 7 4
Emergentes
M?xico 21 13
Brasil* 14 15
China 45 37
Pa?ses de baixa renda
Ruanda 80 79
Bangladesh 70 48
Adaptado de: FAO. FAO Statistical Yearbook 2015. Dispon?vel em: <www.fao.org>. Acesso em: 5 abr. 2016.
(*) Os dados sobre a popula??o rural no
Brasil n?o s?o adequadamente
compar?veis aos dos demais pa?ses,
porque a forma de coleta de informa??es
n?o segue a metodologia aceita
internacionalmente. Segundo estimativas,
se o Brasil seguisse a metodologia usada
na Europa, o ?ndice de popula??o rural
seria de aproximadamente 33%.
Capítulo 11246
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4 A produção agropecuária no mundo
Ao longo do s?culo XX, os pa?ses desenvolvidos
e v?rias regi?es agr?colas de pa?ses emergentes in-
tensificaram a produ??o agropecu?ria por meio da
moderniza??o das t?cnicas de cultivo e cria??o.
Como podemos observar nos gr?ficos a seguir, a
produ??o agropecu?ria em v?rios pa?ses em desen-
volvimento concorre com a produ??o dos pa?ses
desenvolvidos.
Principais exportadores e importadores de produtos agrícolas – 2014
700
600
500
400
300
200
10 0
0
Exportadores (em bilhões de dólares) Importadores (em bilhões de dólares)
670
182
88
74
68
44
675
170
157
82
41 40
União EuropeiaEstados Unidos
BrasilChina
Canadá
Indonésia
União Europeia Estados Unidos
JapãoChina
Canadá
Rússia
700
600
500
400
300
200
10 0
0
Adaptado de: ORGANIZA??O MUNDIAL DO COM?RCIO. Estad?sticas del comercio internacional 2015.
Dispon?vel em: <www.wto.org>. Acesso em: 6 abr. 2016.
A. Robson/Arquivo da editora
Se h? uma quebra na safra dos principais produtos
cultivados nos Estados Unidos, nos principais pa?ses
da Uni?o Europeia ou no Brasil, por exemplo, os refle-
xos no com?rcio mundial e na cota??o dos produtos
s?o imediatos. Apesar disso, como mostra a tabela
a seguir, a participa??o das atividades agr?colas na
economia desses pa?ses ? reduzida.
Observe nos gr?ficos da p?gina seguinte a distri-
bui??o da safra mundial de produtos selecionados en-
tre os principais pa?ses produtores.
Participa??o da agricultura no Produto Nacional Bruto
em pa?ses selecionados ? 2015
Pa?ses % do PNB
Burkina Fasso 38
?ndia 16
Ucr?nia 12
China 9
Brasil 6
Chile 3
Jap?o 1
Estados Unidos 1
Adaptado de: CIA. The World Factbook. Dispon?vel em: <www.cia.gov>. Acesso em: 6 abr. 2016.
Organização da produção agropecuária247
GGB_v3_PNLD2018_236a253_U5C11.indd 247 27/05/16 18:50

A China é o maior produtor mundial de alimentos. Observe que o país está entre as quatro primeiras colocações
em todos os gráficos.
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
Cana-de-açúcar – 2014
Trigo – 2014
Soja – 2014
Arroz – 2014
Milho – 2014
Frango – 2014
500
400
300
200
10 0
0
Produção (em milh›es de toneladas)
464
292
93
50 48
35
Brasil ÍndiaChina
Paquistão
México
Colômbia
150
120
90
60
30
0
Produção (em milh›es de toneladas)
126
94
59
55
38
29
China Índia
Estados
Unidos
Rússia França
Canadá
120
10 0
80
60
40
20
0
Produção (em milh›es de toneladas)
108
86
53
12
10 9
Estados
Unidos
Brasil
Argentina
China
Índia
Paraguai
0
Produção (em milh›es de toneladas)
206
157
70
52
44
32
Índia
Indonésia
Bangladesh
China
Tailândia
Vietnã
250
200
150
10 0
50
0
Produção (em milh›es de toneladas)
361
215
79
33
23 20
ChinaBrasil
Argentina
Estados
Unidos
México
Índia
400
350
300
250
200
150
10 0
50
0
(em bilh›es de cabe•as)
4,5
1,9 1,9
1,3
0,9
0,7
Estados
UnidosIndonésia
BrasilChina
Irã
Índia
5
4
3
2
1
Adaptados de: FAOSTAT. Dispon?vel em: <www.fao.org>.
Acesso em: 7 abr. 2016.Planta??o de cana-de-a??car em Itamb? (PE), 2015.
Foto: Rubens Chaves/Pulsar Imagens
248
GGB_v3_PNLD2018_236a253_U5C11.indd 248 27/05/16 18:50

Ricardo Teles/Pulsar Imagens
Nos pa?ses em desenvolvimento, as regi?es agr?colas
que abastecem o mercado externo foram principalmen
-
te as que passaram por semelhante processo de moder-
niza??o das t?cnicas de cultivo e colheita. Em muitos
pa?ses, isso acarretou ?xodo rural e promoveu a concen-
tra??o, na periferia das grandes cidades, de trabalhado-
res que perderam seus empregos na zona rural.
No mundo em desenvolvimento ? imposs?vel
estabelecer generaliza??es, j? que os contrastes ve-
rificados entre pa?ses mais pobres e alguns emer-
gentes ? a Eti?pia e o Brasil, por exemplo ? se repe-
tem tamb?m no interior dos pr?prios pa?ses, onde
convivem, lado a lado, modernas agroind?strias e
pequenas propriedades nas quais se pratica a agri-
cultura de subsist?ncia.
As atividades agr?colas constituem a base da econo-
mia em alguns pa?ses de baixa renda e em regi?es pobres
de pa?ses emergentes. Uma vez que neles se pratica uma
agricultura de baixa produtividade, o percentual da PEA
que trabalha no setor ? sempre superior a 25%, atingin-
do ?s vezes ?ndices bem mais altos, como em Ruanda,
onde 79% da PEA era agr?cola em 2014. ? comum vigorar
uma pol?tica governamental que priorize a produ??o
agr?cola voltada ao mercado externo, mais lucrativo, em
detrimento das necessidades internas de consumo, j?
que o poder aquisitivo da popula??o ? baixo.
Planta??o de soja em Rio Verde (GO), em 2015. A agricultura
mecanizada apresenta alto rendimento e utiliza pouca m?o de obra.
A
n
a
A
ra
ú
jo
/A
r
q
u
iv
o
d
a
e
d
it
o
r
a
Embora seja o maior produtor mundial de alimentos, pa-
ra abastecer seu enorme mercado interno, a China depen-
de da importa??o de v?rios produtos agr?colas, e o Brasil
? um de seus principais fornecedores, com destaque pa-
ra a soja. Em contrapartida, a China ? um dos principais
fornecedores de defensivos agr?colas para o Brasil.
F
a
b
io
C
o
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m
b
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i/A
cervo do fotóg
r
a
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Organização da produção agropecuária249
GGB_v3_PNLD2018_236a253_U5C11.indd 249 27/05/16 18:50

Pensando no Enem
1. d) a taxa de crescimento das despesas de capital man-
teve-se constante entre as d?cadas de 1970 e 1990.
e) o aumento da produtividade foi diretamente pro-
porcional ? redu??o das despesas de capital.
Resolução
A alternativa correta ? a A. Os dados apresentados no
gr?fico revelam que, no per?odo retratado, a produtivi-
dade cresceu cerca de 175%, e o custo de m?o de obra foi
reduzido em 75%.
2. Com base nas informa??es anteriores, pode-se consi-
derar fator relevante para o aumento da produtivida-
de na agricultura estadunidense, no per?odo de 1948
a 2004,
a) o aumento do uso da terra.
b) a redu??o dos custos de material.
c) a redu??o do uso de agrot?xicos.
d) o aumento da oferta de empregos.
e) o aumento do uso de tecnologias.
Resolução
A alternativa correta ? a E. No gr?fico, ao longo do per?o-
do retratado, houve redu??o no uso da terra e aumento
nos custos de material. N?o h? informa??o sobre uso de
agrot?xicos nem de oferta de empregos; portanto, o
grande aumento da produtividade est? relacionado ?
aplica??o de novas tecnologias que aumentam o volu-
me de produ??o obtido por hectare.
Estas quest?es trabalham a Compet?ncia de ?rea 4 ?
Entender as transforma??es t?cnicas e tecnol?gicas e
seu impacto nos processos de produ??o, no desenvolvi-
mento do conhecimento e na vida social ? e Habilidades
16, 17 e 20 ? Identificar registros sobre o papel das t?c-
nicas e tecnologias na organiza??o do trabalho e/
ou da vida social; Analisar fatores que expli-
cam o impacto das novas tecnologias no
processo de territorializa??o da produ-
??o; Selecionar argumentos favor?veis
ou contr?rios ?s modifica??es impostas
pelas novas tecnologias ? vida social e ao
mundo do trabalho.
Mudanças desde 1948 (%)
200
175
150
125
10 0
75
50
25
0
–25
–50
–75
1950 1960 1970 1980 1990 2000
Ano
produtividade
total da agricultura
dos EUA
custos de
material
despesas
de capital
uso da terra
custos de
mão de obra
Adaptado de: SCIENTIFIC American Brasil.S?o Paulo: Duetto,
jun. 2007. p. 19.
A respeito da agricultura estadunidense no per?odo
de 1948 a 2004, observa-se que:
a) o aumento da produtividade foi acompanhado da
redu??o de mais de 70% dos custos de m?o de obra.
b) o valor m?nimo dos custos de material ocorreu entre
as d?cadas de 1970 e 1980.
c) a produtividade total da agricultura dos EUA apre-
sentou crescimento superior a 200%.
Trator e silos em cultivo
com alta produtividade
em Miami (Estados
Unidos), em 2015.
John E Heintz Jr/Shutterstock
Banco de imagens/Arquivo da editora
atenção!
N?o escreva neste livro!
Capítulo 11250
GGB_v3_PNLD2018_236a253_U5C11.indd 250 27/05/16 18:50

5 Biotecnologia e alimentos transgênicos
A biotecnologia compreende o desenvolvimento
de t?cnicas voltadas ? adapta??o ou ao aprimoramen-
to de caracter?sticas dos organismos animais e vegetais,
visando ao aumento da produ??o e ? melhoria da qua-
lidade dos produtos.
H? v?rias d?cadas, seu desenvolvimento vem pro-
porcionando benef?cios socioecon?micos e ambien-
tais na agropecu?ria de diversos pa?ses. A sele??o de
sementes, os enxertos realizados em plantas, o cru-
zamento induzido de animais de cria??o e a associa-
??o de culturas s?o algumas das t?cnicas agr?colas
que integram a biotecnologia e s?o praticadas h?
muito tempo.
Em meados da d?cada de 1990, por?m, um ramo
da biotecnologia − a pesquisa genômica − passou a
lidar com um novo campo que gerou muita controv?r-
sia: a produ??o de organismos geneticamente modifi-
cados (OGMs), mais conhecidos como transgênicos.
Outras modifica??es gen?ticas mais antigas, como o
melhoramento das sementes ou o aumento na propor-
??o de nutrientes dos alimentos, nunca chegaram a ser
criticadas da mesma maneira.
Dialogando
com BIOLOGIA
Elza F
i ú z a
/Abr/Rad
io
b

sEssa nova tecnologia apresenta tanto
aspectos positivos quanto negativos. Alguns
dos aspectos positivos s?o: eleva??o nos ?n-
dices de produtividade, redu??o no uso de agrot?xicos e
consequente redu??o dos custos de produ??o e das agres-
s?es ambientais, al?m de cria??o de plantas resistentes a
v?rus, fungos e insetos. Quanto a aspectos negativos des
-
taca-se a falta de conclus?es confi?veis sobre os eventu-
ais impactos ambientais do seu cultivo em grande escala.
O cultivo de plantas transg?nicas ? pesquisado e
liberado caso a caso. Saber que atualmente o algod?o
ou o milho transg?nicos n?o oferecem riscos ao meio
ambiente nem ? sa?de das pessoas n?o significa que
outros tipos de OGMs sejam igualmente seguros.
No Brasil, a regulamenta??o e a
fiscaliza??o do uso de alimentos
transg?nicos ficou a cargo da Co-
miss?o T?cnica Nacional de Bios-
seguran?a (CTNBio), ?rg?o vin-
culado ao Minist?rio da Ci?ncia
e Tecnologia.
A biotecnologia possibilita: cultivar plantas de clima temperado, como a soja, o trigo e a uva,
em regi?es de clima tropical; acelerar o ritmo de crescimento das plantas e a engorda dos
animais; aumentar o teor de prote?nas, vitaminas e sais minerais em algumas frutas,
verduras, legumes e cereais; aumentar o intervalo de tempo entre o amadurecimento e a
deteriora??o das frutas; entre outras inova??es que beneficiam os produtores, os
comerciantes e os consumidores. Na foto, planta??o de trigo em Tibagi (PR), em 2014.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
Consulte a indicação dos
sites da Embrapa, CNTBio,
FAO/ONU e Planeta
orgânico. Veja orientações
na seção Sugestões de
leitura, filmes e sites.
A Lei de Biosseguran?a (Lei 1 105, de 24 de mar?o de 2005)
obriga a explicita??o, no r?tulo da embalagem, de alimentos
que contenham produtos transg?nicos para informar os
consumidores e eles terem op??o de escolha na compra. O
s?mbolo adotado ? um tri?ngulo amarelo, com a letra T dentro
(e em preto sobre fundo branco, quando a embalagem n?o for
colorida). Ele dever? constar no painel principal da embalagem,
para assegurar a sua visibilidade pelo consumidor.
C
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A
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Organização da produção agropecuária251
GGB_v3_PNLD2018_236a253_U5C11.indd 251 27/05/16 18:50

6 A agricultura org‰nica
Paralelamente ao aumento do cultivo de transg?-
nicos vem crescendo o n?mero de agricultores e con-
sumidores adeptos da agricultura orgânica, um siste-
ma de produ??o que n?o utiliza nenhum produto
agroqu?mico ? fertilizantes, inseticidas, herbicidas ?
ou, muito menos, geneticamente modificados. A adu-
ba??o do solo ? realizada com matéria orgânica e o
combate ?s pragas, com controle biológico ? uso de
predadores naturais.
A pr?tica da agricultura org?nica considera a preo-
cupa??o em manter o equil?brio ecol?gico do solo ?
suporte para a fixa??o das ra?zes e sua fonte de nu-
trientes ?, fundamental nesse tipo de agricultura. Os
produtores que adotam a agricultura org?nica bus-
cam, portanto, manter o equil?brio do ambiente e de
seu plantio por meio da preserva??o dos recursos
naturais. Embora lentamente, seu consumo vem apre-
sentando crescimento por parte de pessoas que pre-
ferem pagar um pouco mais por produtos mais sau-
d?veis e cuja produ??o cause menos agress?es que as
dos produtos cultivados com adubos e inseticidas
qu?micos. Ali?s, o custo de repara??o ambiental da
agricultura qu?mica de larga escala deveria estar in-
clu?do em seus pre?os ? ela provoca um passivo am-
biental que toda a sociedade ter? de pagar futuramen-
te, o que torna sua produ??o mais barata que a
org?nica apenas em curto prazo.
Esse tipo de agricultura valoriza a manuten??o de
faixas de vegeta??o nativa, al?m da rotação e associa-
ção de culturas, e por isso envolve somente proprieda-
des policultoras com suas vantagens socioecon?micas
e ambientais inerentes: na grande maioria, a produ??o
? obtida em pequenas propriedades familiares, o que
aumenta a oferta de ocupa??o produtiva ? popula??o
rural e diminui a migra??o para as cidades, al?m de
promover maior preserva??o dos solos e n?o usar in-
sumos qu?micos.
No caso da cria??o de animais, desde o nascimen-
to eles recebem ra??es produzidas com mat?rias-pri-
mas livres de agrot?xicos e de adubos qu?micos, e n?o
s?o submetidos ao crescimento acelerado com a ajuda
de horm?nios. Al?m disso, a cria??o considera o bem-
-estar dos animais.
No Brasil, como em muitos outros pa?ses, a produ-
??o de alimentos org?nicos ? fiscalizada e as embala-
gens s?o certificadas para o consumidor ter confian?a
no produto e a garantia de que n?o est? ingerindo
subst?ncias potencialmente nocivas. A partir de janei-
ro de 2010, a Lei Federal 10 831/2003 passou a exigir que
os produtores e fabricantes de produtos org?nicos co-
loquem selo de certifica??o emitido por empresas ha-
bilitadas pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inme-
tro), segundo as normas adotadas pela Associa??o
Brasileira de Normas T?cnicas (ABNT).
Consulte a indicação do livro
Agricultura sustentável, de Araci
Kamiyama. Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filme e sites.
Frutas com certificado de produ??o org?nica em mercado de Peoria (Estados Unidos), em 2015.
Daniel Acker/Bloomberg/Getty Images
Capítulo 11252
GGB_v3_PNLD2018_236a253_U5C11.indd 252 27/05/16 18:50

Atividades
Compreendendo conteúdos
1. Caracterize a agricultura e as pecu?rias intensiva e extensiva.
2. Quais s?o as principais diferen?as entre a agricultura familiar e a agricultura empresarial?
3. Defina o que s?o agroneg?cios.
4. Por que vem se reduzindo o percentual de moradores e trabalhadores da zona rural que se dedicam a ativida-
des agr?colas?
5. O que foi a Revolu??o Verde? Quais foram os impactos socioecon?micos e ambientais ocasionados por ela?
6. Quais s?o os aspectos positivos e negativos relacionados ao cultivo de OGMs?
Desenvolvendo habilidades
7. Com a orienta??o do(a) professor(a), re?nam-se em grupos, releiam o texto da p?gina 245, discutam o assunto
e depois elaborem um texto dissertativo de acordo com o seguinte roteiro:
a) comparem a agricultura e a pecu?ria org?nicas com as praticadas em grande escala no mundo, conside-
rando os aspectos socioecon?micos e ambientais de cada uma delas.
b) finalizem o texto com a opini?o do grupo em rela??o ? ado??o de uma ou outra pr?tica agr?cola.
c) leiam o texto para os demais colegas da sala.
8. Leia o texto a seguir e responda ?s perguntas.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
Cultivo org?nico de
hortali?as em Maring?
(PR), em 2013.
Agricultura sustentável
Com o crescimento das preocupa??es em rela??o ? qualidade do meio ambiente em todo o mundo, a agricultura da
Revolu??o Verde ? que, nas ?ltimas d?cadas, superou, com aumentos espetaculares de produ??o e de produtividade, o
desafio de atender a uma demanda crescente de alimentos e de outros produtos ? custa da degrada??o ambiental ? passa
a ser questionada no que se refere ? sustentabilidade de longo prazo.
Na realidade, a demanda crescente por alimentos e por outros produtos agr?colas diante do impacto ocasionado mostra
a necessidade de mudan?as no modelo de agricultura praticado nas ?ltimas d?cadas ? uma agricultura que atenda
simultaneamente aos objetivos de maior produtividade e de qualidade ambiental. Embora ainda n?o dominem o mercado,
as experi?ncias emergentes apontam os caminhos da agricultura do futuro na dire??o desses objetivos.
KITAMURA, Paulo Choji. Agricultura sustent?vel. In: HAMMES, Val?ria Sucena (Org.).
Educação ambiental para o desenvolvimento sustentável. 3. ed. Bras?lia: Embrapa, 2012. p. 189. v. 5.
a) Qual ? o posicionamento do autor do texto quanto ?s pr?ticas agr?colas que predominam atualmente?
b) Alguns pesquisadores e estudiosos defendem que os alimentos cultivados com as t?cnicas da Revolu??o Verde
deveriam embutir os custos da degrada??o ambiental (degrada??o dos solos, polui??o dos aqu?feros e cursos de
?gua, extin??o de esp?cies, redu??o da biodiversidade e outros) em seus pre?os e, portanto, custar mais caro.
Voc? concorda com essa posi??o? Explique.
atenção!
Não escreva neste livro!
253
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Leo Caldas/Pulsar Imagens
CAPÍTULO12
A agropecuária
no Brasil
Gado de corte em Xex?u
(PE), em 2015.
254
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 254 27/05/16 18:51

D
a década de 1980 até os dias atuais, o crescimento do PIB agrícola foi
maior que o apresentado nos demais setores da economia. Para en-
tender os sistemas agrícolas existentes no Brasil, va-
mos estudar neste capítulo o uso da terra (veja o gráfico ao
lado), o tamanho e a distribuição das propriedades rurais, as
relações de trabalho, a reforma agrária e a diversidade da
produção agropecuária na atualidade.
Esses temas ajudam a entender a dinâmica recente da agro-
pecuária no Brasil e elucidam algumas questões: quais são as
consequências, no campo e nas cidades, do processo histó-
rico de concentração de terras no Brasil? Como se organiza
a produção na agricultura familiar e empresarial? Como es-
tão organizadas as relações de trabalho e a produção agrí-
cola no Brasil? Qual é a importância da reforma agrária para
a sociedade e a economia?
Para aumentar a participa??o brasileira no com?rcio
mundial de produtos agropecu?rios ? preciso acesso ?
assist?ncia t?cnica e aos financiamentos para a forma??o
de cooperativas. Na foto, vista ?erea de Cooperativa
Agroindustrial sediada em Andir? (PR), em 2015.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
Cooperativa: empresa formada
e dirigida por uma associa??o
de usu?rios (pessoas f?sicas ou
jur?dicas) que se re?nem em
igualdade de direitos com o
objetivo de desenvolver uma
atividade econ?mica ou prestar
servi?os comuns, eliminando
os intermedi?rios.
Adaptado de: IBGE. Censo agropecu?rio 2006. Dispon?vel em:
<www.ibge.gov.br>. Acesso em: 8 abr. 2016.
Brasil: uso da terra Ð 2006
Formações
vegetais,
áreas urbanas,
represas, etc.
58%
Lavouras
9,7%
Pastagens
20,6%
Matas no
interior dos
estabelecimentos
11,7%
Banco de imagens/Arquivo da editora
255A agropecuária no Brasil
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1 A modernização da produção agrícola
A economia atual não é apenas uma arte
de estabelecer empresas lucrativas, mas uma ciência
capaz de ensinar os métodos de promover uma melhor
distribuição do bem-estar coletivo.”
Josu? de Castro (1908-1973). Professor, m?dico e ge?grafo, estudou o problema da fome no mundo.
Cassandra Cury/Pulsar Imagens
Ao analisar a moderniza??o da agricultura, ? comum
pensar apenas na moderniza??o das t?cnicas ? substi-
tui??o de trabalhadores por m?quinas, uso intensivo de
insumos e desenvolvimento da biotecnologia ? e se
esquecer de observar as consequ?ncias dessa moderni-
za??o nas rela??es sociais de produ??o e na qualidade
de vida da popula??o.
O campo brasileiro foi dominado pela grande pro-
priedade ao longo da Hist?ria. Entre as d?cadas de 1950
e 1980, a monocultura e a mecaniza??o foram estimu-
ladas e consideradas modelo de desenvolvimento e cres-
cimento econ?mico por sucessivos governos. Enquanto
isso, a agricultura familiar ficou relegada a segundo
plano na formula??o das pol?ticas agr?colas, o que resul-
tou no deslocamento de grandes contingentes de pe-
quenos propriet?rios e trabalhadores rurais do campo
para as cidades, principalmente em raz?o das dificulda-
des de produ??o e comercializa??o. Os agricultores que
n?o conseguiram acompanhar o ritmo das inova??es
tecnol?gicas tiveram dificuldades de competir no mer-
cado, em raz?o da baixa produtividade e, consequente-
mente, da baixa renda. Essa ? uma situa??o que perdu-
ra at? os dias atuais em muitas regi?es do pa?s.
Diferentemente do que ocorreu em pa?ses desen
-
volvidos, no Brasil, muitos dos empregos no setor
urbano-industrial eram mal remunerados e n?o pro-
porcionavam condi??es adequadas de moradia, ali-
menta??o e transporte, nem atendiam a outras ne-
cessidades cotidianas b?sicas. Os agricultores dos
pa?ses europeus ocidentais e dos Estados Unidos mi-
graram para as cidades predominantemente por fa-
tores de atra??o (maior densidade de com?rcio e ser-
vi?os, sal?rios mais altos, melhor qualidade de vida,
etc.).
No Brasil, os fatores de repuls?o (concentra??o de
terras, baixos sal?rios, desemprego, etc.) foram os que
mais contribu?ram para explicar o movimento migra-
t?rio rural-urbano. ? imposs?vel entender as grandes
desigualdades sociais do Brasil, que apresenta uma das
maiores concentra??es de renda do mundo, sem con-
siderar esse fato. A op??o pelo fortalecimento da agri-
cultura familiar e a realiza??o de reforma agr?ria, so-
bretudo nas d?cadas em que a popula??o era
predominantemente rural, poderiam ter proporciona-
do melhores condi??es de vida a milh?es de fam?lias
caso tivessem sido efetivadas.
Muitas fam?lias praticantes da agricultura de subsist?ncia n?o
conseguem se manter; em vez de migrarem para as cidades, procuram
outras terras para continuar trabalhando e acabam se tornando
posseiras, pois passam a cultivar terras sem propriet?rio (devolutas) ou
ocupam propriedades improdutivas. Na foto, acampamento de
trabalhadores sem-terra em Campo Grande (MS), 2015.
256
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 256 27/05/16 18:51

2 Desempenho da agricultura familiar e empresarial
O Censo Agropecu?rio 2006 revelou que, nesse ano,
existiam 4,4 milh?es de estabelecimentos de agricul-
tura familiar: representavam 84% do total, mas ocupa-
vam apenas 24% da ?rea destinada ? agropecu?ria. J?
os patronais (cerca de 800 mil propriedades) represen-
tavam 16% do n?mero de estabelecimentos e ocupa-
vam 76% da ?rea total. Esses n?meros retratam uma
estrutura agr?ria ainda muito concentrada no pa?s: a
?rea m?dia dos estabelecimentos familiares era de 18
hectares, e a dos empresariais, de 309 hectares.
60
80
10 0
40
20
0
84,4
42,1
26,0
15,7
9,5
8,48,1
6,05,6 5,5
Algodão herbáceo
Fumo
BananaLaranja
Mandioca
Milho
Café
Arroz
Cana-de-açúcar
Soja
Brasil: participação dos 10 principais produtos
no valor da produção* (em R$ bilhões) – 2014
Adaptado de: IBGE. Produ??o agr?cola municipal 2014. Dispon?vel
em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 8 abr. 2016.
A. Robson/Arquivo da editora
* Nas lavouras permanentes, como laranjais ou cafezais, as plantas produzem frutos
todos os anos; nas lavouras tempor?rias, como as de milho, soja e feij?o, h? apenas
uma colheita por plantio.
Uma pol?tica de desenvolvimento da produ??o
agropecu?ria deve contemplar o abastecimento inter-
no, a reforma agr?ria, o fortalecimento da agricultura
familiar e o aumento das exporta??es.
As unidades familiares s?o fundamentais no espa-
?o geoecon?mico rural. As grandes propriedades pro-
duzem mais carne bovina, soja, caf?, cana-de-a??car,
laranja e arroz, enquanto nas unidades familiares pre-
domina a produ??o de milho, batata, feij?o, mandioca,
carne su?na, aves, ovos, leite, verduras, legumes e frutas.
Observe o gr?fico abaixo.
Em 2006, a agricultura familiar, que, como vimos,
ocupava 24% da ?rea agr?cola, foi respons?vel por um
ter?o do Valor Bruto da Produ??o (VBP) da agropecu?-
ria nacional e, em contrapartida, a agricultura patronal,
por dois ter?os do VBP. Esses n?meros demonstram
que, em geral, as propriedades familiares s?o mais efi-
cientes, com maior aproveitamento econ?mico da ?rea
em compara??o ?s propriedades empresariais ? e isso
vale para todas as regi?es brasileiras.
Quando analisamos a efici?ncia m?dia da agri-
cultura familiar, percebemos que nem todas elas
est?o nas mesmas condi??es. Por exemplo, uma
fam?lia que tenha uma propriedade rural pr?xima
a um grande centro urbano e produza alimentos de
forma intensiva ter? rentabilidade muito maior do
que outra em que se pratique agricultura extensiva,
em propriedade mais distante, por causa dos altos
custos de transporte e de sua baixa produtividade.
Consulte a indicação dos sites do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do
Ministério do Desenvolvimento Agrário e da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa). Veja orientações na seção
Sugestões de leitura, filmes e sites.
As relações de trabalho
na zona rural
No Brasil, em 2014, aproximadamente 14 mi-
lh?es de pessoas (14,2% da PEA) trabalhavam em
atividades agr?colas. Os Censos Agropecu?rios do
IBGE, entre 1996 e 2006, revelaram que cerca de
1,5 milh?o de trabalhadores abandonaram as ati-
vidades agropecu?rias, o que significou, nesse
per?odo, uma redu??o de 8,5% no contingente de
trabalhadores agr?colas. Apesar da diversidade de
atividades econ?micas que se desenvolvem no
espa?o rural brasileiro, como o turismo e toda a cadeia
de servi?os a ele associadas (restaurantes, hospeda-
gens, guias, entre outros), a agricultura familiar conti-
nua sendo a principal atividade geradora de empregos
no campo. Sua import?ncia e seu papel no crescimen-
to econ?mico brasileiro v?m aumentando nos ?ltimos
anos, principalmente ap?s o debate sobre temas como
desenvolvimento sustent?vel, gera??o de emprego e
renda, seguran?a alimentar e melhoria das condi??es
de vida dos trabalhadores rurais.
A agropecuária no Brasil 257
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 257 27/05/16 18:51

Contudo, grande parcela das pessoas que atuam na
agricultura familiar n?o consegue obter uma renda
m?nima que lhe assegure condi??es dignas de vida. Para
criar os filhos e sobreviver, muitos agricultores trabalham
fora de suas propriedades, em outros estabelecimentos
(familiares ou patronais), ou atuam em atividades n?o
agr?colas. Al?m disso, para muitas fam?lias, a aposenta-
doria rural de apenas um sal?rio m?nimo (para homens
com mais de 60 anos e mulheres com mais de 55) ? a
principal fonte de renda.
Na zona rural brasileira, ? poss?vel encontrar as se-
guintes relações de trabalho:
• Trabalho temporário: os boias-frias (Centro-Sul) ? ob-
serve foto abaixo ? os corumb?s (Nordeste e Centro-
-Oeste) ou os pe?es (Norte) s?o trabalhadores diaristas
e tempor?rios. Recebem por dia, de acordo com sua
produtividade, conseguem trabalho somente em de-
terminadas ?pocas do ano e n?o t?m registro em car-
teira de trabalho. Embora seja uma rela??o de trabalho
ilegal, continua existindo: os trabalhadores s?o contra-
tados por intermedi?rios, conhecidos como ?gatos?, que
fornecem a m?o de obra ao fazendeiro.
• Trabalho familiar: caracteriza-se pelo predom?nio da m?o
de obra familiar em pequenas e m?dias propriedades ?
de subsist?ncia ou comercial ? e representa cerca de
80% da m?o de obra nos estabelecimentos agr?colas.
No caso de a fam?lia obter bons ?ndices de produtivida-
de e rentabilidade, a qualidade de vida ? boa e seus
membros raramente t?m necessidade de complemen-
tar a renda atuando em outras atividades. No entanto,
no caso de a agricultura praticada pela fam?lia ser ex-
tensiva e de subsist?ncia, seus membros s?o obrigados
a complementar a renda com atividades tempor?rias
em ?pocas de corte, colheita ou plantio nas grandes
propriedades agroindustriais.
• Trabalho assalariado: empregados em fazendas e
agroind?strias representam apenas 10% da m?o de obra
agr?cola. S?o trabalhadores que t?m registro em cartei-
ra e que recebem, portanto, pelo menos um sal?rio m?-
nimo por m?s. T?m, ainda, direito a f?rias remuneradas,
13
o
sal?rio, Fundo de Garantia por Tempo de Servi?o
(FGTS), descanso semanal remunerado e aposentadoria.
• Parceria e arrendamento: parceiros e arrendat?rios alu-
gam a terra de um propriet?rio para cultivar alimentos
ou criar gado. Se o aluguel for pago em dinheiro, ocorre
o arrendamento; se o aluguel for pago com parte da pro-
du??o, combinada entre as partes, ocorre uma parceria.
Delfim Martins/Pulsar Imagens
Em algumas regi?es no Centro-Sul do pa?s, sindicatos organizados obtiveram grandes
conquistas. Os boias-frias passaram a ter direito a refei??o ? quente ? no local de trabalho,
a assist?ncia m?dica e a sal?rios maiores que os colegas de regi?es onde o movimento
sindical ? desarticulado. As estat?sticas do n?mero de trabalhadores tempor?rios que
atuam na agricultura s?o prec?rias, pois alguns boias-frias s?o tamb?m pequenos
propriet?rios. Calcula-se que, aproximadamente, 10% da m?o de obra agr?cola trabalhe
nessas condi??es. Na foto, colheita man
ual de cana-de-a??car em Piracicaba (SP), em 2013.
258
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Trabalho escravo. Dispon?vel em:
<http://reporterbrasil.org.
br/2007/10/charge-
angeli/>. Acesso em:
9 maio 2016.
© Angeli/Acervo do cartunista
Rubens Chaves/Pulsar Imagens
Posseiros e grileiros
Posseiros são trabalhadores rurais que ocupam terras
sem possuir o título de propriedade. Para as ocupações,
em geral, são escolhidas fazendas improdutivas que se
encaixam nos pré-requisitos constitucionais da realização
da reforma agrária, para pressionar o governo a desapro-
priá-las e realizar os assentamentos. Entretanto, a partir
do início deste século, têm ocorrido com mais frequência
invasões e destruição de propriedades produtivas, centros
de pesquisa e órgãos públicos, o que configura uma ação
ilegal. Em muitos casos, os enfrentamentos decorrentes
dessas ações causam sérios conflitos e mortes entre la-
vradores, a polícia e os jagunços.
Alguns integrantes de assentamentos, com destaque
aos que se organizaram em cooperativas, foram bem-
-sucedidos e prosperaram, mas há os que não consegui-
ram se organizar, muitas vezes porque se estabeleceram
em áreas desprovidas de infraestrutura que permitisse o
escoamento da produção.
Grileiros são os invasores de terras que conseguem
obter, mediante corrupção, uma falsa escritura de pro-
priedade da terra. Costumam agir em áreas de expan-
são das fronteiras agrícolas ocupadas inicialmente por
posseiros, o que causa grandes conflitos e inúmeras
mortes.
Para saber mais
• Escravidão por dívida: trata-se do alicia-
mento de m?o de obra com falsas promes-
sas. Ao empregar-se na fazenda, o traba-
lhador ? informado de que est? endividado
e, como seu sal?rio nunca ? suficiente para
quitar a d?vida, fica aprisionado sob a vigi-
l?ncia de jagun?os (capangas armados a
servi?o de fazendeiros).
atenção!
Não escreva neste livro!
Fazenda de cana-de-a??car
ocupada por trabalhadores
rurais sem-terra em
Messias (AL), em 2015.
A agropecuária no Brasil 259
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 259 27/05/16 18:51

Outras leituras
Estatuto da Terra, propriedade familiar e módulo rural
Estatuto da Terra
Temerosos com a expans?o da Revolu??o Cuba-
na, ocorrida em 1959, os Estados Unidos formularam
a Alian?a para o Progresso, pol?tica que estimulava
reformas nas estruturas agr?rias dos pa?ses latino-
-americanos, visando constituir uma vigorosa clas-
se m?dia rural no campo. Com anseios capitalistas
e aspira??es consumistas, essa classe m?dia seria o
melhor freio ? revolu??o comunista na Am?rica La-
tina. Em outras palavras, era prefer?vel ? oligarquia
rural entregar os an?is que os dedos.
O Estatuto da Terra, como ? conhecida a Lei
n. 4 504/64, promulgada no governo de Castelo Bran-
co, representou a express?o m?xima dessa vis?o
reformista defendida na ?poca. O Estatuto propunha
uma ?solu??o democr?tica? ? ?op??o socialista?. Pro-
curava, dessa forma, impulsionar o desenvolvimen-
to do capitalismo no campo.
[...]
Ao contr?rio da divis?o da propriedade, o capi-
talismo impulsionado pelo regime militar ap?s
1964 promoveu a moderniza??o do latif?ndio atra-
v?s do cr?dito rural subsidiado e abundante. Toda
a economia brasileira cresceu vigorosamente, ur-
banizando-se e industrializando-se, sem necessitar
democratizar a posse da terra nem precisar do mer-
cado interno rural. Era o mundo se globalizando, pro-
movendo uma nova divis?o internacional do trabalho.
GRAZIANO, Francisco. Estatuto da Terra. In: BRASIL em foco 2000
[CD-ROM]. Bras?lia: Minist?rio das Rela??es Exteriores;
S?o Paulo: Terceiro Nome, 2000.
Graziano ? agr?nomo e doutor em Administra??o.
O que é propriedade familiar e módulo rural?
O inciso II, do art. 4?, do Estatuto da Terra (Lei
n. 4 504/64), define como ?Propriedade Familiar? o
im?vel rural que, direta e pessoalmente explorado
pelo agricultor e sua fam?lia, lhes absorva toda a
for?a de trabalho, garantindo-lhes a subsist?ncia e
o progresso social e econ?mico, com ?rea m?xima
fixada para cada regi?o e tipo de explora??o, e, even-
tualmente, trabalhado com a ajuda de terceiros. O
conceito de propriedade familiar ? fundamental
para se entender o significado de Módulo Rural. O
conceito de m?dulo rural ? derivado do conceito de
propriedade familiar, e, sendo assim, ? uma unidade
de medida, expressa em hectares, que busca expri-
mir a interdepend?ncia entre a dimens?o, a situa??o
geogr?fica dos im?veis rurais e a forma e as condi-
??es do seu aproveitamento econ?mico.
INSTITUTO NACIONAl DE COlONIZAçãO E REFORMA AGRáRIA (INCRA).
Dispon?vel em: <www.incra.gov.br>. Acesso em: 8 abr. 2016.
3 O Estatuto da Terra e a reforma agrária
A seguir, em Outras leituras, o agr?nomo Francisco
Graziano contextualiza historicamente o Estatuto da
Terra (lei n. 4 504, de 30 de novembro de 1964), promul-
gado para embasar um programa de reforma agr?ria
que n?o foi realizado. Tamb?m analisa o que estava por
tr?s de sua elabora??o. Segundo o discurso oficial, bus-
cava-se democratizar o acesso ? propriedade rural,
modernizar as rela??es de trabalho e de produ??o e,
consequentemente, colaborar para o crescimento eco-
n?mico do pa?s.
O Estatuto da Terra possibilitou a realiza??o de
um censo agropecu?rio que fornecesse os dados es-
tat?sticos necess?rios ? elabora??o de uma pol?tica de
reforma agr?ria. Para a realiza??o desse censo, foi
necess?rio classificar os im?veis rurais por categorias,
da mesma forma que, para realizar um censo demo-
gr?fico, o IBGE classifica as pessoas por idade, sexo,
cor e renda.
No entanto, logo surgiu uma dificuldade em raz?o
da grande diversidade das caracter?sticas f?sicas e das
condi??es geogr?ficas do imenso territ?rio brasileiro:
a ado??o de uma unidade fixa de medida (por exemplo,
1 hectare) n?o bastaria para classificar os im?veis rurais
de maneira realista. Um hectare no f?rtil e ?mido Oes-
te paulista corresponde a uma realidade agr?cola total-
mente diferente da de um hectare no solo ?cido do
Cerrado ou no Semi?rido nordestino. Para resolver es-
sa dificuldade, criou-se uma unidade especial de me-
dida de im?veis rurais ? o módulo rural, derivado do
conceito de propriedade familiar.
Capítulo 12260
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João Prudente/Pulsar Imagens
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
Dois exemplos contrastantes de im?veis rurais: acima, empresa rural com cultivo mecanizado de milho em Corn?lio Proc?pio (PR),
em 2015; e abaixo, agricultura familiar de frutas e verduras org?nicas em Pancas (ES), em 2015.
O m?dulo rural apresenta ?rea de dimens?o vari?vel,
considerando basicamente tr?s fatores:
• Localização da propriedade: se o im?vel rural se lo-
caliza pr?ximo a um grande centro urbano, em regi?o
bem atendida por sistema de transportes, ele pro-
porciona rendimentos maiores do que um im?vel mal
localizado, por isso, ter? ?rea menor.
• Fertilidade do solo e clima: quanto mais prop?cias as
condi??es naturais da regi?o ? relevo, solo, clima e
hidrografia ?, menor a ?rea do m?dulo.
• Tipo de produto cultivado e tecnologia empregada:
em uma regi?o do pa?s onde se cultiva mandioca ou
batata, por exemplo, e se utilizam t?cnicas tradicio-
nais, o m?dulo rural deve ser maior do que em uma
regi?o onde se produz laranja ou algod?o com em-
prego de tecnologia moderna.
Por lei, s?o consideradas pequenas as propriedades
com at? 4 m?dulos rurais; m?dias, as de 4 a 15 m?dulos;
e grandes, as que superam 15 m?dulos. Essa mudan?a
foi necess?ria porque o art. 185 da Constitui??o, do ca-
p?tulo que trata da reforma agr?ria, pro?be a desapro-
pria??o, para fins de assentamento rural, de pequenas
e m?dias propriedades, assim como de grandes proprie-
dades produtivas. leia, na p?gina seguinte, o trecho da
Constitui??o que trata da reforma agr?ria.
Consulte a indicação dos sites do Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Atlas da
questão agrária Brasileira. Sugerimos também os filmes
Terra para Rose e O sonho de Rose. Veja orientações na
seção Sugestões de leitura, filmes e sites.
A agropecuária no Brasil 261
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 261 27/05/16 18:51

Embora a Constitui??o de 1988 tenha fornecido
instrumentos legais ao Estado para a realiza??o da re-
forma agr?ria, na pr?tica, os assentamentos t?m ocor-
rido em ritmo lento. A maioria dos propriet?rios con-
testava na justi?a a desapropria??o de suas terras,
argumentando que n?o eram improdutivas ou que o
pre?o da indeniza??o n?o correspondia ao valor de mer-
cado. Isso tornava os processos lentos, os quais perdu-
ravam por anos, impedindo o assentamento das fam?-
lias selecionadas pelo Incra.
Tal problema foi solucionado em dezembro de
1996, quando se firmou um importante acordo no Con-
gresso Nacional e se aprovou a lei do Rito Sum?rio de
Desapropria??o. Com essa lei, o pagamento da indeni-
za??o passou a ser acompanhado pela posse imediata
da propriedade em lit?gio, ou no prazo estipulado pelo
juiz, sem que o recurso judicial do propriet?rio para
questionar o valor pago ou o laudo que declarou a ter-
ra como improdutiva impe?a sua retirada. Em contra-
partida, aprovou-se outra lei que proibiu a desapropria-
??o de propriedades invadidas.
Nesse acordo, os deputados e senadores que re-
presentavam os interesses dos grandes propriet?rios
rurais votaram a favor do Rito Sum?rio de Desapro-
pria??o. De outro lado, os que defendiam a realiza??o
acelerada da reforma agr?ria votaram a favor da n?o
desapropria??o das terras invadidas. Essas medidas
possibilitaram ao governo acelerar os projetos de as-
sentamento.
Tamb?m em 1996 foi poss?vel impulsionar a reali-
za??o da reforma agr?ria por via fiscal, que consiste em
utilizar a cobran?a de impostos como mecanismo de
altera??o da estrutura fundi?ria. No Brasil, o Imposto
Territorial Rural (ITR) sempre foi muito baixo e altamen-
te sonegado. Naquele ano, por?m, foram criadas trinta
al?quotas para esse imposto: quanto maior a proprie-
dade e menor o seu grau de utiliza??o, maior o impos-
to; e vice-versa: quanto menor a propriedade e maior
o seu grau de utiliza??o, menor o valor a ser pago. Na
pr?tica, essa lei obriga os latifundi?rios a produzir em
suas terras, vend?-las, subdividi-las ou arrend?-las, pa-
ra torn?-las mais produtivas.
No entanto, mesmo com essas medidas ainda
h? grande concentra??o de terras em m?os de al-
guns poucos propriet?rios, enquanto a maioria dos
produtores rurais det?m uma parcela muito peque-
na da ?rea agr?cola. H? um n?mero estimado em
centenas de milhares de trabalhadores urbanos e
rurais aguardando assentamento, enquanto cerca
de 32% da ?rea agr?cola nacional ? constitu?da por
propriedades com terras improdutivas. Observe os
gr?ficos a seguir.
Outras leituras
A reforma agr?ria na Constitui??o de 1988
Art. 184. Compete ? Uni?o desapropriar por interesse social, para fins de reforma agr?ria, o im?vel rural
que n?o esteja cumprindo sua fun??o social, mediante pr?via e justa indeniza??o em t?tulos da d?vida
agr?ria, com cl?usula de preserva??o do valor real, resgat?veis no prazo de at? 20 (vinte) anos, a partir do
segundo ano de sua emiss?o, e cuja utiliza??o ser? prevista em lei.
Par?grafo 1? As benfeitorias ?teis e necess?rias ser?o pagas em dinheiro.
[...]
Art. 185. S?o insuscet?veis de desapropria??o para fins de reforma agr?ria:
I ? a pequena e m?dia propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu propriet?rio n?o possua outra;
II ? a propriedade produtiva.
Art. 186. A fun??o social ? cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo
crit?rios e graus de exig?ncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I ? aproveitamento racional e adequado;
II ? utiliza??o adequada dos recursos naturais dispon?veis e preserva??o do meio ambiente;
III ? observ?ncia das disposi??es que regulam as rela??es de trabalho;
IV ? explora??o que favore?a o bem-estar dos propriet?rios e dos trabalhadores. [...]
BRASIl. Constitui??o da Rep?blica Federativa do Brasil de 1988. Dispon?vel em: <www.planalto.gov.br>. Acesso em: 8 abr. 2016.
Capítulo 12262
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Hectares (milhões)
Área total 1985 Área total 1995
Tamanho da propriedade (hectares)
Total Menos de 10 De 10 a menos
de 100
De 100 a menos
de 1 000
A partir
de 1000
Área total 2006
400
350
300
250
200
150
10 0
50
0
Gráficos: A. Robson/Arquivo da editora
Brasil: famílias assentadas por região – 1994-2014
Brasil: estrutura fundiária – 2006
Adaptado de: INCRA. N?meros da
reforma agr?ria. Dispon?vel em:
<www.incra.gov.br>. Acesso em:
8 abr. 2016.
Adaptado de: IBGE. Censo Agropecu?rio
2006. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>.
Acesso em: 8 abr. 2016.
400
500
600
300
200
10 0
0
540 540
428 929
228 402
65 298 57 897
Sul
Centro-Oeste
Nordeste
Sudeste
Norte
Famílias (em milhares)
Região
Segundo o Censo
Agropecu?rio 2006, 0,9%
das propriedades rurais
tinham mais de 1 000
hectares e ocupavam
43% da ?rea agr?cola do
pa?s; em contrapartida,
47% das propriedades
rurais tinham ?rea de
at? 10 hectares e
ocupavam somente 2,7%
dessa ?rea.
? importante destacar que, atualmente, a distribui-
??o de terras ? insuficiente para melhorar as condi??es
de vida das camadas mais pobres da popula??o. No Bra-
sil, pol?ticas fundi?rias regionais devem ser institu?das
com o objetivo de enfrentar os problemas da agricultu-
ra, porque uma f?rmula ?nica n?o pode ser aplicada em
todo o territ?rio, tendo em vista as diferentes necessi-
dades. Em alguns casos, o ITR pode ser um importante
mecanismo de combate ? pobreza no campo; em outros,
a distribui??o de terras pode acarretar resultado melhor,
enquanto para os trabalhadores rurais empregados nas
agroind?strias, tanto os boias-frias como os empregados
permanentes, a moderniza??o das rela??es de trabalho
e o aumento da renda podem ser o caminho mais r?pido
de combate ? pobreza.
© Angeli/Acervo do cartunista
Terra para Todos.
Folha de S.Paulo, 1?/07/2003.
A agropecuária no Brasil 263
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 263 27/05/16 18:51

Pensando no Enem

Em uma disputa por terras, em Mato Grosso do Sul,
dois depoimentos s?o colhidos: o do propriet?rio de
uma fazenda e o de um integrante do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra:
Depoimento 1
A minha propriedade foi conseguida com muito sa-
crifício pelos meus antepassados. Não admito invasão.
Essa gente não sabe de nada. Estão sendo manipulados
pelos comunistas. Minha resposta será a bala. Esse povo
tem que saber que a Constituição do Brasil garante a pro-
priedade privada. Além disso, se esse governo quiser as
minhas terras para a reforma agrária terá que pagar, em
dinheiro, o valor que eu quero
(Propriet?rio de uma fazenda em Mato Grosso do Sul).
Depoimento 2
Sempre lutei muito. Minha família veio para a cidade
porque fui despedido quando as máquinas chegaram lá
na usina. Seu moço, acontece que eu sou um homem da
terra. Olho pro céu, sei quando é tempo de plantar e de
colher. Na cidade não fico mais. Eu quero um pedaço de
terra, custe o que custar. Hoje eu sei que não estou sozi-
nho. Aprendi que a terra tem um valor social. Ela é feita
para produzir alimento. O que o homem come vem da
terra. O que é duro é ver que aqueles que possuem muita
terra e não dependem dela para sobreviver pouco se preo-
cupam em produzir nela.
(Integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST) de Corumb?, MS).
1. Com base na leitura do depoimento 1, os argumentos
utilizados para defender a posi??o do propriet?rio de
terras s?o:
I. A Constitui??o do pa?s garante o direito ? propriedade
privada; portanto, invadir terras ? crime.
II. O MST ? um movimento pol?tico controlado por par-
tidos pol?ticos.
III. As terras s?o fruto do ?rduo trabalho das fam?lias que
as possuem.
IV. Este ? um problema pol?tico e depende unicamente
da decis?o da justi?a.
Est?(?o) correta(s) a(s) proposi??o(?es):
a) I, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, III e IV, apenas.
Resolução
A alternativa correta ? a D. O depoimento 1 cita o precei-
to constitucional que garante a propriedade privada, a
manipula??o pol?tica dos movimentos sociais e o traba-
lho dos antepassados para a obten??o da propriedade.
2. Com base na leitura do depoimento 2, quais s?o os
argumentos utilizados para defender a posi??o de um
trabalhador rural sem-terra?
I. A distribui??o mais justa da terra no pa?s est? sendo
resolvida, apesar de que muitos ainda n?o t?m acesso
a ela.
II. A terra ? para quem trabalha nela e n?o para quem a
acumula como bem material.
III. ? necess?rio que se suprima o valor social da terra.
IV. A mecaniza??o do campo acarreta a dispensa de m?o
de obra rural.
Est?(?o) correta(s) a(s) proposi??o(?es):
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) II e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, III e IV, apenas.
Resolução
A alternativa correta ? a C. No depoimento 2, o trabalhador
se declara ?homem da terra?, que nela quer trabalhar e
que foi despedido quando as m?quinas chegaram ? usina.
Essas quest?es trabalham a Compet?ncia de ?rea 2 e
Habilidade 8 ? Compreender as transforma??es dos es-
pa?os geogr?ficos como produto das rela??es socioeco-
n?micas e culturais de poder; Analisar a a??o dos esta-
dos nacionais no que se refere ? din?mica dos fluxos
populacionais e no enfrentamento de problemas de or-
dem econ?mico-social ? e Compet?ncia de ?rea 5 e Ha-
bilidade 25 ? Utilizar os conhecimentos hist?ricos para
compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e
da democracia, favorecendo uma atua??o consciente do
indiv?duo na sociedade; Identificar estrat?gias que pro-
movam formas de inclus?o social.
atenção!
N?o escreva neste livro!
Capítulo 12264
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 264 27/05/16 18:51

4 Produção agropecuária brasileira
Como vimos no Cap?tulo 11, em 2014, as atividades
agropecu?rias e a cadeia produtiva que as envolve fo-
ram respons?veis por 21% do PIB nacional. O Brasil ?
l?der mundial na produ??o e exporta??o de caf?, a??car,
?lcool e suco de frutas e o maior exportador mundial
de soja, carne bovina, carne de frango, tabaco, couro e
cal?ados de couro.
O gr?fico abaixo mostra a participa??o de cada es-
tado brasileiro e das Grandes Regi?es na produ??o de
cereais. Atualmente, as fronteiras agr?colas se expandem
principalmente pelo Centro-Oeste e pela periferia da
Amaz?nia, em regi?es de relevo relativamente plano ? o
que facilita a mecaniza??o ? e de solos e climas favor?-
veis, com uso de corretivos e, ?s vezes, de irriga??o.
Brasil: cereais, leguminosas e oleaginosas* – fev. 2016
Participação na produção (%)
segundo as unidades da Federação**
Participação na produção
segundo as Grandes Regiões**
25
20
15
10
5
0
18,2
14,6
10,1
7,7
6,1
4,3
3,6
3,0
1,8
1,6 1,6
1,0
35,8%
42,1%
9,7%
8,8%
3,5%
0,8
0,50,4
0,30,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
24,1
MTPRRSGOMSMGBASPSC
PI
MATOPAROCESEDFPBPERRAC ALES APRNAM
RJ
Sul
Sudeste
Nordeste
Norte
Centro-Oeste
Adaptado de: IBGE. Levantamento sistemático da produção agrícola: fev. 2016. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 8 abr. 2016.
* Produtos: algod?o herb?ceo, amendoim, arroz, feij?o, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada,
girassol, sorgo, trigo e triticale (cereal obtido pelo cruzamento de trigo com centeio).
** A soma dos dados do gr?fico de barras ? 100,1%, e a do de setores, 99,9%. Constam assim na publica??o do IBGE, e essa
pequena distor??o ocorre porque se trabalhou com apenas uma casa decimal ap?s a v?rgula.
A estrutura produtiva do setor agropecu?-
rio ? bastante heterog?nea e conta, de um
lado, com forte participa??o da agricultura
familiar e, de outro, com a presen?a de gran-
des conglomerados nacionais (alguns dos
quais j? expandiram seus neg?cios para o ex-
terior e se transformaram em transnacionais)
e estrangeiros, que se posicionam entre os
maiores do mundo.
No pa?s existem grandes frigor?ficos de carne
bovina, su?na e de aves, usinas de a??car e ?lcool,
f?bricas de suco de laranja e outras frutas,
produtores e beneficiadores de soja e caf?. Na foto,
interior de frigor?fico de abate de frango em
cooperativa localizada em Jaguapit? (PR), em 2013.
Ernesto Reghran/Pulsar Imagens
A. Robson/Arquivo da editora
A agropecuária no Brasil 265
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 265 27/05/16 18:51

Segundo o Censo Agropecu?rio, em 2006, somente
10% dos estabelecimentos agr?colas brasileiros utilizavam
tratores na prepara??o dos solos, cultivo ou colheita (um
indicador b?sico de tecnologia no campo). A t?tulo de
compara??o: nos Estados Unidos e na Fran?a, mais de
90% dos estabelecimentos agr?colas possuem tratores.
As m?quinas estavam fortemente concentradas no
Centro-Sul, regi?o com a agropecu?ria mais moderna do
pa?s e com a presen?a dos grandes conglomerados
agroindustriais. Por meio do uso de tratores, ? poss?vel
inferir sobre a utiliza??o de outras tecnologias e servi?os
no campo brasileiro, que provavelmente ? ainda menos
comum: irriga??o, sele??o de sementes, assist?ncia t?c-
nica especializada, uso de imagens de sat?lites e outras.
Observe, no mapa abaixo, as regi?es onde se de-
senvolvem a agropecu?ria moderna e a tradicional,
al?m da dire??o em que ocorre a expans?o das frontei-
ras agr?colas.
No Brasil, ? grande o potencial de crescimento
econ?mico decorrente do fortalecimento do agrone-
g?cio e da agricultura familiar. Al?m disso, relat?rios
de v?rios organismos internacionais, entre eles a
Confer?ncia das Na??es Unidas sobre Com?rcio e
Desenvolvimento (Unctad), revelam que deve haver
grande demanda mundial por alimentos nos pr?xi-
mos anos e atribuem ao Brasil o papel de importan-
te fornecedor de gr?os, prote?na animal e biocom-
bust?vel.
Banco de imagens/Arquivo da editora
Brasil: espaço geográfico – 2012
Adaptado de: SIMIEllI, Maria Elena. Geoatlas. 34. ed. S?o Paulo: ática, 2013. p. 144.
Megalópole Rio-São Paulo
Áreas de industrialização e
urbanização mais desenvolvidas
Áreas com predomínio de atividades
agropecuárias mais modernas
Áreas com predomínio de atividades
agropecuárias tradicionais, com algumas
grandes cidades e indústrias
Áreas pouco povoadas, com paisagens
naturais menos alteradas
Áreas pouco povoadas, com economia
incipiente
Expansão da “Fronteira agropecuária”
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
RORAIMA
AMAZONAS
RONDÔNIA
ACRE
PARÁ
AMAPÁ
PIAUÍ
CEARÁMARANHÃO
TOCANTINS
GOIÁS
BAHIA
MINAS
GERAIS
ESPÍRITO SANTO
RIO DE JANEIRO
RIO GRANDE
DO NORTE
PARAÍBA
PERNAMBUCO
SERGIPE
ALAGOAS
PARANÁ
SÃO PAULO
SANTA CATARINA
RIO GRANDE
DO SUL
MATO GROSSO
DO SUL
MATO GROSSO
DF
Boa Vista
Manaus
Porto Velho
Rio Branco
Belém
Macapá
São Luís
Fortaleza
Teresina
Cuiabá
Campo Grande
Natal
João
Pessoa
Recife
Maceió
Aracaju
Salvador
Vitória
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
Florianópolis
Porto Alegre
Goiânia
Brasília
Belo
Horizonte
SÃO PAULO
Belo
Horizonte
0 300 600
km
Equador
Trópico de Capricórnio

50° O
Palmas
Capítulo 12266
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 266 27/05/16 18:52

Eduardo Zappia/Pulsar Imagens
Alunos de escola agr?cola em aula de campo no munic?pio de Independ?ncia (CE), em 2013.
A qualifica??o profissional ? a base para o desenvolvimento.
O crescimento do comércio exterior de produtos
agrícolas, porém, depende de os países desenvolvidos
introduzirem mudanças em suas políticas agrícolas.
O Brasil e outros países em desenvolvimento enfren-
tam restrições que os impedem de aumentar o volume
de exportações em razão do protecionismo dos países
mais ricos: por meio de uma série de medidas, aplicadas
de forma isolada ou conjunta, eles protegem seu setor
agrícola, além de concederem elevados subsídios a seus
agricultores. Entre essas medidas, destacam-se:
• barreiras tarifárias: elevação dos impostos sobre os
produtos importados;
• barreiras não tarifárias: geralmente utilizadas
como argumento para restringir importações por
Vesa Moilanen/Lehtikuva/Agência France-Presse
Os agricultores dos pa?ses desenvolvidos
resistem ? perda de suas vantagens. Na foto,
protesto de agricultores contra a queda nos
pre?os dos produtos em Helsinque (Finl?ndia),
em 2016. Segundo o sindicato da categoria, a
queda nos pre?os tem colocado os agricultores
sob grande press?o.
meio de proibições, cotas ou mesmo sobretaxas.
São elas:
– barreiras fitozoossanitárias: alegação de que produ-
tos da agropecuária correm risco de contaminação;
– cláusulas trabalhistas: sobretaxa ou proibição de
importação de produtos cultivados ou fabricados
em países cujas leis trabalhistas sejam deficien-
tes, os salários sejam baixos ou que utilizem tra-
balho escravo ou semiescravo;
– cláusulas ambientais: sobretaxa ou proibição de
importação de produtos cultivados ou fabricados
em países onde ocorram agressões ambientais
no processo de produção;
– embargo: proibição de importação de qualquer
produto de países governados por regimes dita-
toriais, que abriguem grupos terroristas, prati-
quem tortura, perseguição política ou religiosa e
que não respeitem a Declaração Universal dos
Direitos Humanos da ONU;
– estabelecimento de cotas de importação: limita-
ção da quantidade de produtos de determinado
país que pode ingressar no mercado interno.
A agropecuária no Brasil 267
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Al?m das dificuldades externas para a exporta??o
de produtos agr?colas, h? tamb?m fatores internos que
reduzem o potencial de crescimento e a competitivi-
dade do Brasil:
• defici?ncias no setor de transportes e armazenagem,
o que aumenta os custos operacionais;
• elevada carga tribut?ria;
• baixa disponibilidade de cr?dito e financiamentos;
• falta de incentivo ? forma??o de cooperativas;
• pequena abrang?ncia espacial de energia el?trica na
zona rural, inibindo investimentos em irriga??o e ar-
mazenagem, entre outros.
Apesar dessas dificuldades, o Brasil ocupa, como
vimos no cap?tulo anterior, a 3? posi??o mundial como
exportador de produtos agr?colas, atr?s apenas da
Uni?o Europeia e dos Estados Unidos. Entretanto, para
abastecer o mercado interno, ? necess?rio importar
alguns alimentos, como o trigo.
Ao longo da Hist?ria, a pol?tica agr?cola brasileira
tem oferecido mais incentivos aos produtos agr?colas
de exporta??o, quase sempre cultivados nos grandes
latif?ndios, em detrimento da produ??o para o merca-
do interno, geralmente, obtida em pequenas e m?dias
propriedades. Somente a partir de 1995, com a estabi-
liza??o da economia e os programas assistenciais de
transfer?ncia de renda, houve uma invers?o de rumos,
e os produtos que receberam mais incentivos foram o
arroz, o feij?o, a mandioca e o milho (largamente usado
na produ??o de ra??o para o gado), que, assim, passa-
ram a apresentar significativo aumento da ?rea culti-
vada e da produ??o obtida. Esse aumento da produ??o
de itens voltados em sua maioria para o mercado in-
terno se explica tamb?m pela pr?tica da associa??o de
culturas em grandes propriedades, o que proporciona
ganhos na comercializa??o do produto associado e eco-
nomia de gastos com a preserva??o dos solos.
Em rela??o ? cria??o de animais, as aves, sobretudo
os galin?ceos, comp?em o maior n?mero; em 2014, a
regi?o Sudeste abrigava cerca de 42% da produ??o de
ovos do pa?s, enquanto a regi?o Sul concentrava mais
de 50% das aves que seriam abatidas para produ??o de
carne e embutidos (veja foto a seguir). O segundo re-
banho do pa?s era o de bovinos, como podemos obser-
var na tabela a seguir.
Rebanhos brasileiros ? 2014
N?mero de cabe?as (em milhões)
Aves 1 351
Bovinos 212
Su?nos 37,9
Ovinos 17,6
Caprinos 8,8
Equinos 5,4
Bubalinos 1,3
Adaptado de: IBGE. Produ??o da pecu?ria municipal 2014.
Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 8 abr. 2016.
O crescimento da produ??o das regi?es Centro-
-Oeste e Norte do pa?s vem sendo registrado desde o
fim da d?cada de 1980, superando ?reas tradicionais de
pecu?ria bovina, como as do Sul. Os maiores rebanhos
de bovinos est?o localizados nos estados de Mato Gros-
so, Minas Gerais, Goi?s, Mato Grosso do Sul e Par?, que
juntos detinham 54% do total do pa?s, em 2014.
Cria??o de frangos para abate em Iraceminha (SC), em 2015.
Cesar Diniz/Pulsar Imagens
Capítulo 12268
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A pecuária bovina brasileira vem passando, desde
a d?cada de 1980, por uma mudan?a estrutural, dei-
xando de ser predominantemente extensiva. T?m-se
tornado cada vez mais frequentes a sele??o de ra?as
e a vacina??o do gado (observe a foto abaixo), que ?
alimentado em pastos cultivados, no per?odo chuvoso,
e com ra??o, nos per?odos de estiagem, caracter?sticas
t?picas da pecu?ria semi-intensiva ou intensiva, cada
vez mais dominada por grandes empresas agroindus-
triais. Essas mudan?as v?m ocorrendo tamb?m em
regi?es onde predominava a pecu?ria extensiva. ? o
caso do Sert?o nordestino, da regi?o Centro-Oeste e
da periferia da Amaz?nia.
Apesar da moderniza??o no setor s?o divulgadas
com certa frequ?ncia not?cias sobre a ocorr?ncia de
focos de febre aftosa, como os que ocorreram nos es-
tados de Mato Grosso do Sul, em 2006, e no Paran?,
em 2012. Essa doen?a − altamente contagiosa e que
atinge bovinos, su?nos, ovinos e caprinos − ? transmi-
tida entre o gado pelo simples contato, e seus sintomas
s?o febre, aftas na boca, feridas nas patas e mamas.
Isso impede os animais de pastar, reduz seu peso e a
produ??o de leite, e pode lev?-los ? morte.
A aftosa acarreta grandes preju?zos, uma vez que
o gado contaminado deve ser sacrificado para a doen-
?a n?o se expandir, e sua ocorr?ncia j? levou v?rios
pa?ses que importam carne do Brasil a declarar em-
bargo, prejudicando as exporta??es. Entretanto, a
doen?a n?o apresenta riscos ? sa?de humana e rara-
mente ? transmitida pelo consumo de carne ou leite.
Em v?rios pa?ses europeus, a febre aftosa foi erra-
dicada por meio do controle de tr?nsito do gado e da
vacina??o obrigat?ria. No Brasil, embora a vacina??o
seja obrigat?ria e tamb?m exista controle de tr?nsito,
nem sempre a lei ? cumprida, e o rebanho fica sujeito
? contamina??o, principalmente quando o gado ? im-
portado de alguns pa?ses vizinhos. O governo brasilei-
ro e os criadores t?m procurado aperfei?oar esses
mecanismos zoossanit?rios preventivos. Para aumen-
tar o controle e a aceita??o da carne brasileira no mer-
cado internacional, o Minist?rio da Agricultura criou,
em 2002, o Sistema Brasileiro de Identifica??o e Cer-
tifica??o de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov). Esse
mecanismo permite o rastreamento dos animais des-
de seu nascimento at? o momento em que sua carne
? processada para ir ? mesa do consumidor, garantin-
do sua proced?ncia.
Outro fator importante para garantir as expor-
ta??es (o Brasil ocupa a segunda posi??o mundial,
sendo superado somente pelos Estados Unidos) foi
a ?morat?ria dos gr?os?, institu?da em 2006, e a ?mo-
rat?ria da carne?, de 2009. Trata-se de acordos efe-
tivados entre distribuidores, como a Associa??o Bra-
sileira das Ind?strias de ?leos Vegetais (Abiove), a
Associa??o Nacional dos Exportadores de Cereais
(Anec), grandes frigor?ficos, cadeias de supermerca-
dos e ONGs (como Greenpeace e WWF), cujas cl?u-
sulas definem o comprometimento de n?o comer-
cializar produtos agropecu?rios de ?reas desmatadas
ap?s 2006.
Cesar Diniz/Pulsar Imagens
Vacina??o de gado
em Tun?polis (SC),
2015.
A agropecuária no Brasil 269
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 269 6/1/16 5:31 PM

Dialogando
com as disciplinas
Estrutura fundi‡ria no Brasil
A
estrutura fundi?ria das terras no Brasil (n?mero, tamanho e distribui??o das
propriedades rurais) apresenta grande concentra??o de ?rea em grandes proprie-
dades e ainda reflete algumas heran?as do per?odo colonial.
Para compreend?-la, ? necess?rio uma retomada hist?rica desde o s?culo XVI, quan-
do n?o s? as terras que at? ent?o pertenciam ? Coroa portuguesa foram divididas, como
tamb?m iniciou-se um processo que mais tarde originaria a vis?o dominante de terra
enquanto propriedade privada, concentrada na m?os de poucos propriet?rios.
O que essa divis?o de terras revela sobre o exerc?cio do poder pol?tico no Brasil? De que
forma desenvolve-se essa divis?o? Analise as imagens a seguir e depois fa?a o que se pede.
Nesta se??o, a
Geografia dialoga
com a Hist?ria.
Representa??o das capitanias
heredit?rias na Carta do Brasil,
de Lu?s Teixeira (c
. 1586).
Reprodução/Biblioteca da Ajuda, Lisboa, Portugal.
Capítulo 12270
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 270 27/05/16 18:52

1. O mapa da divis?o territorial da col?nia portuguesa na Am?rica retrata a forma como
o Brasil foi dividido durante o per?odo colonial.
a) Que tipo de divis?o ? essa?
b) Por que ela pode ser considerada a origem da propriedade privada no Brasil?
2. A primeira manifesta??o republicana no Brasil, tamb?m conhecida como ?Rep?blica
Velha?, caracterizou-se por um governo olig?rquico, ou seja, concentrado na m?o de
poucos. A charge acima nos permite supor quem eram os poucos que governavam
o pa?s. Identifique-os e relacione a origem de seu poder com a divis?o de terras pra-
ticada no Brasil desde o per?odo colonial.
3. Com base na leitura do texto ?Estatuto da Terra, propriedade familiar e m?dulo rural?,
da p?gina 260, contextualize o momento hist?rico vivenciado pelo pa?s que suscitou
tal proposta e relacione-o com a concentra??o de terras nas m?os de grandes lati-
fundi?rios. Em sua opini?o, essa reforma gerou frutos?
Charge do voto de cabresto que mostra o pol?tico levando o eleitor para votar, do cartunista Storni, publicada na revista Careta,
n. 974, ano 20, de 1927.
Revista Careta/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ.
271A agropecuária no Brasil
GGB_v3_PNLD2018_254a281_U5C12.indd 271 27/05/16 18:52

Atividades
Compreendendo conteúdos
1. De que forma o hist?rico de concentra??o de terras no Brasil se reflete na situa??o atual da organiza??o da produ-
??o agropecu?ria?
2. O que vem acontecendo no Brasil, nas ?ltimas d?cadas, com a participa??o da PEA dedicada ?s atividades agr?colas?
3. Cite alguns fatores que podem contribuir para o aumento das exporta??es brasileiras de produtos agr?colas. Cite
outros que as dificultam.
4. Analise o gr?fico da estrutura fundi?ria brasileira na p?gina 263 e relacione-o com a quest?o da reforma agr?ria.
Desenvolvendo habilidades
5. Analise o gr?fico abaixo e responda ?s quest?es.
Adaptado de: IBGE. Censo Agropecu?rio 2006. Dispon?vel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 9 abr. 2016.
a) Como se apresentou a evolu??o da produ??o de soja (em toneladas), da ?rea cultivada (em hectares) e da pro-
dutividade (em kg/ha) no per?odo de 1970 a 2006?
b) Cite os fatores que explicam a evolu??o da produtividade da soja cultivada no Brasil.
6. As rela??es de trabalho no campo t?m uma vincula??o direta com o dinamismo da economia de um pa?s. O
texto a seguir mostra, resumidamente, em que condi??es ocorreu o processo de ocupa??o do territ?rio
norte-americano pelos imigrantes que l? chegaram a partir do s?culo XIX e como, de certa forma, isso in-
fluenciou o dinamismo econ?mico daquele pa?s, diferentemente do que ocorreu no territ?rio brasileiro na
mesma ?poca.
Allmaps/Arquivo da editora
atenção!
Não escreva neste livro!
Brasil: produ•‹o de soja
Toneladas kg/ha
45 000 000
40 000 000
35 000 000
30 000 000
25 000 000
20 000 000
15 000 000
10 000 000
5 000 000
0
3 000
2 500
2 000
1 500
1 000
500
0
1970 1975 1980 1985 1995-1996 2006
Produção (t) Área (ha) kg/ha
Capítulo 12272
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A questão agrária nos Estados Unidos
[...] Nos Estados Unidos, onde as oligarquias escravocratas foram derrotadas militarmente, as elites formadas de imigrantes
e descendentes tinham uma clara consci?ncia do pa?s como uma na??o em forma??o. Esta consci?ncia se expressa claramente
com o ?Homestead Act?, de 1862, que visava garantir legalmente a abertura do Oeste para as levas de imigrantes que come?avam
a afluir em massa da Europa.
? extremamente revelador notar que, um pouco antes, no Brasil, as elites escravocratas procuravam, ao contr?rio, fechar a
fronteira agr?cola atrav?s da ?Lei de Terras?, de 1850. Esta lei estabelecia que as terras devolutas n?o seriam pass?veis de serem
apropriadas livremente, mas somente contra o pagamento de uma dada import?ncia, suficientemente elevada para impedir
o acesso ? terra pelos imigrantes europeus que come?avam a vir para substituir o trabalho escravo nas lavouras de caf? e pelos
futuros ex-escravos.
Ao aportar nos Estados Unidos, o imigrante tinha a op??o de tentar uma coloca??o no setor urbano-industrial ou ?ir para o
Oeste?. ? claro que esta possibilidade de ?tentar a sorte? no Oeste n?o era t?o simples como nos mostram muitos filmes. Era
necess?rio ter algum dinheiro para cobrir os gastos com a viagem e a instala??o, bem como a luta pela posse efetiva da terra
estava al?m da capacidade de incont?veis fam?lias de pioneiros. O balan?o, no entanto, foi altamente positivo. O papel din?mico
do vasto setor agr?cola formado por unidades familiares no processo de desenvolvimento econ?mico americano ? conhecido.
Um fato que merece destaque ? a escassez permanente de m?o de obra que esta abertura da fronteira agr?cola provocava.
Existem estudos nos quais este fato ? apontado como um dos principais fatores explicativos do maior dinamismo tecnol?gico
observado nas atividades produtivas em geral, e especialmente na ind?stria americana, comparada com a Europa. O empres?rio
americano, confrontado com esta press?o permanente dos custos com m?o de obra, procurava inovar, introduzindo novos m?todos
produtivos que aumentavam a produtividade do trabalho. Do lado do setor agr?cola, desde o in?cio, a escassez relativa de m?o de
obra e a grande abund?ncia de terras estimulavam a introdu??o de todo tipo de inova??o que aumentasse a capacidade de trabalho
do ?farmer? americano. Desse modo, a ocupa??o do solo se fez de forma relativamente intensiva, manifestando-se um processo
precoce de mecaniza??o agr?cola.
Havia, portanto, um dinamismo tecnol?gico difuso em todos os setores produtivos que tinha como um de seus principais
fatores estimulantes a relativa escassez de trabalho provocada pelo acesso livre ? terra. Nessa situa??o, o ?xodo rural ir? se
processar de modo equilibrado. Isto ?, ele ser? fruto, principalmente, do aumento das oportunidades de emprego no setor
urbano-industrial. Em outras palavras, podemos dizer que, nos Estados Unidos, os fatores de atra??o para as cidades preponderam
sobre os fatores de expuls?o do campo. O indiv?duo sai do campo para a cidade n?o porque foi expulso pelo propriet?rio de
terras ou porque n?o tem as condi??es de sobreviv?ncia, mas porque esta ?ltima lhe oferece todo um leque de op??es profissionais
mais bem remuneradas, al?m dos demais atrativos concernentes ao estilo de vida citadino, como atividades culturais inexistentes
no campo.
[...]
ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Estados Unidos e Jap?o. In: A reforma agrária no mundo. Funda??o Dem?crito Rocha. (Universidade Aberta 3, Nordeste).
Dispon?vel em: <www.incra.gov.br/tree/info/file/2755 >. Acesso em: 8 abr. 2016.
Ap?s a leitura do texto, com a orienta??o do(a) professor(a), re?nam-se em grupos, discutam e estabele?am uma
compara??o entre a realidade norte-americana e a brasileira nos dias atuais. Depois, escrevam um texto expres-
sando a opini?o de voc?s. Para orientar a elabora??o do texto, considerem as seguintes quest?es:
a) A import?ncia da democratiza??o do acesso ? terra para o desenvolvimento econ?mico dos Estados Unidos.
b) As diferen?as hist?ricas entre os Estados Unidos e o Brasil com rela??o ao problema fundi?rio.
c) O acesso ? propriedade fundi?ria, em diferentes momentos hist?ricos, como suporte para consolidar o mercado
interno e fortalecer a democracia.
Para finalizar, leiam o texto apresentando a opini?o do seu grupo para os demais colegas.
Tratores em um campo de milho
rec?m-colhido na Calif?rnia
(Estados Unidos), em 2014.
Mardis Coers/Moment Mobile/Getty Images
A agropecuária no Brasil 273
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Vestibulares de Norte a Sul
1. CO (Uneb-DF)
Bilh?es de pessoas devem a vida a uma ?nica descober-
ta, feita h? um s?culo. Em 1909, o qu?mico alem?o Franz
Haber, da Universidade de Karlsruhe, mostrou como trans-
formar o g?s nitrog?nio ? abundante, e n?o reagente, na
atmosfera, por?m inacess?vel para a maioria dos organis-
mos ? em am?nia, o ingrediente ativo em adubos sint?-
ticos. Vinte anos depois, quando outro cientista alem?o,
Carl Bosch, desenvolveu um meio para aplicar a ideia de
Haber em escala industrial, a capacidade mundial de pro-
duzir alimentos disparou.
Nas d?cadas seguintes, novas f?bricas converteram to-
nelada ap?s tonelada de am?nia em fertilizante e hoje se
considera a solu??o Haber-Bosch uma das maiores d?divas
da hist?ria da sa?de p?blica.
(TOWNSEND; HOWARTH, 2010. p. 44).
Com base na análise do texto e nos conhecimentos sobre
o uso de fertilizantes na agricultura e suas implicações,
marque V nas afirmativas verdadeiras e F, nas falsas.
Um dos pilares da “Revolução Verde” é a utilização
dos adubos químicos.
O aumento da produtividade agrícola eliminou a
fome endêmica na África e no Sudeste Asiático.
O uso excessivo do nitrogênio tem contribuído para
o aparecimento de zonas mortas, antes confinadas
à América do Norte e à Europa, em outras regiões
do Planeta.
A utilização do nitrogênio em larga escala é acon-
selhável porque, quando as águas pluviais, carrega-
das de fertilizantes, chegam aos oceanos, ocorre o
florescimento de plantas microscópicas, consumi-
doras de pouco oxigênio.
O aumento da biodiversidade é uma das conse-
quências do uso do nitrogênio, principalmente nos
ecossistemas costeiros.
A alternativa que indica a sequência correta, de cima
para baixo, é a
a) F – V – F – V – V
b) F – V – V – F – V
c) V – F – V – F – F
d) F – F – V – F – V
e) V – F – F – V – F
2. NE (UEPB) Preencha corretamente as lacunas do texto:
No século XXI, a necessidade do aumento da produção
agrícola vem ocasionando uma verdadeira mudança
na arte de **********.
A agricultura ********** é definida como uma prática de
produção de alimentos sem o uso de insumos de origem
sintética. O manejo agrícola é baseado no respeito ao meio
ambiente. O agricultor busca alternativas naturais para
adubação, controle das pragas e recomposição do solo.
Testes
Os ********** são os vegetais derivados da alteração
genética. Esse processo pode alterar o tamanho das
plantas, retardar a degradação dos produtos agrícolas
após a colheita, ou torná-los mais resistentes às pra-
gas, aos herbicidas e pesticidas.
Os ********** são produtos químicos usados na lavoura,
na pecuária e até mesmo no ambiente doméstico.
A maioria dos produtores agrícolas utiliza-o para com-
bater pragas e doenças.
A ********** aplicada ao desenvolvimento dos produtos
da agricultura moderna é, de todas as novas tecnolo-
gias, a que oferece o maior potencial para se elevar a
produtividade agrícola.
A ********** tem por objetivo proteger a diversidade e
a integridade do patrimônio genético do país, ou seja,
a prevenção dos riscos em processos de pesquisa, ser-
viços e atividades econômicas que possam garantir a
saúde humana e evitar impactos ao meio ambiente.
A alternativa que preenche corretamente é:
a) organizar / de plantação / transgênicos / agrotóxi-
cos / biotecnologia / biossegurança
b) plantação / orgânica / transgênicos / agrotóxicos /
biossegurança / biotecnologia
c) plantar / orgânica / transgênicos / biotóxicos / bio-
tecnologia / ambientologia
d) plantar / orgânica / transgênicos / agrotóxicos /
biotecnologia / biossegurança
e) plantar / orgânica / agrotóxicos / transgênicos /
biotecnologia / biossegurança
3. SE (Uerj)
300
milhões de hectares
200
10 0
Estados
Unidos
União
Europeia
Brasil Índia China
Utilizada Disponível
Austrália Tailândia
250
150
50
0
Estoque de terra arável
atenção!
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Unidade 5274
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Allmaps/Arquivo da editora
A amplia??o da oferta de alimentos ? um dos maiores
desafios da humanidade para as pr?ximas d?cadas.
Com base na disponibilidade do recurso natural repre-
sentada no gr?fico, o pa?s com maior potencial para
expans?o do seu setor agropecu?rio ?:
a) ?ndia
b) China
c) Brasil
d) Estados Unidos
4. SE (Uerj) Uma das quest?es mais pol?micas da agri-
cultura mundial diz respeito ?s centenas de bilh?es de
d?lares investidos todos os anos para dar apoio finan-
ceiro aos agricultores, principalmente no mundo de-
senvolvido. Essa ajuda aumenta de modo artificial a
competitividade, prejudicando as vendas dos agricul-
tores das na??es pobres.
Analise o gr?fico abaixo, que apresenta a estimativa
de apoio estatal ao produtor rural em percentual do
PIB agr?cola no ano de 2009:
5. N (Uepa) Ao longo do tempo a humanidade foi aper-
fei?oando as formas de explorar a natureza e de inter-
vir no meio ambiente por meio das rela??es econ?mi-
cas e culturais. Estas transforma??es, atreladas ao
desenvolvimento tecnol?gico, por vezes t?m provoca-
do problemas fundi?rios e ambientais. Nesse sentido
? verdadeiro afirmar que:
a) dadas as condi??es econ?micas e ambientais, a
produ??o agr?cola mundial ? obtida de forma bas-
tante homog?nea, isto ?, livre de problemas fundi?-
rios e repleta de conflitos de cunho ambiental.
b) o uso de t?cnicas tradicionais na cultura de irriga??o
no Sudeste asi?tico ? regi?o das mon??es ?, a exem-
plo da rizicultura, alia produ??o para o consumo
externo e baixos impactos socioambientais.
c) ao mesmo passo que o Brasil se dinamiza economi-
camente, destacando-se pelo seu desenvolvimento
tecnol?gico agr?cola, em particular na produ??o de
commodities, mant?m em sua estrutura social ca-
racter?sticas arcaicas, como concentra??o fundi?ria
e viol?ncia no campo.
d) duas grandes paisagens agr?colas da Europa apresen-
tam reduzidos problemas ambientais em decorr?ncia
do seu restrito uso de tecnologia e moderniza??o
agr?ria, combinando, por sua vez, a agricultura de
seca com a rota??o de cultivos.
e) a pol?tica de subs?dios agr?colas implementada pelos
Estados Unidos da Am?rica tem como objetivo evitar
a concorr?ncia de produtos de importa??o e viabili-
zar um novo modelo agr?rio nacional assentado em
pequenas propriedades de uso coletivo da terra.
6. S (UEM-PR) Sobre o meio rural e suas transforma??es,
assinale o que for correto.
01) A partir do s?culo XVIII, no per?odo da revolu??o
industrial, o aperfei?oamento de instrumentos e
t?cnicas de cultivo, tais como arado de a?o e adubos,
permitiu o aumento da produtividade agr?cola, ori-
ginando a agricultura moderna.
02) Ainda que a inova??o tecnol?gica tenha determina-
do ganhos de produtividade com o crescimento da
produ??o por ?rea e ampliado os limites das ?reas
agr?colas, o desenvolvimento da produ??o rural ain-
da hoje necessita de grandes extens?es de terras
com condi??es clim?ticas e solos favor?veis.
04) Procedimentos t?cnicos, como a aduba??o e a irri-
ga??o e drenagem, t?m diminu?do a depend?ncia
da agricultura do meio natural. Entretanto, a difu-
s?o dessas inova??es pelo espa?o mundial ? irre-
gular, tornando o meio rural muito diversificado.
08) Na agropecu?ria extensiva, s?o utilizadas pequenas
extens?es de terras, podendo ser mantidas vastas
70%
60%
0%
1%
4%
9%
12%
17%
22%
23%
34%
47%
52%
53%
58%
61%
30%
20%
10%
40%
50%
Nova Zelândia
Austrália
Estados Unidos
MéxicoCanadá
OCDE
União Europeia
Turquia
JapãoCoreia
Islândia
Suíça
Noruega
Os cinco pa?ses com maior estimativa de depend?ncia
de subs?dios para a agricultura apresentam em comum
as seguintes caracter?sticas:
a) propriedades com ?rea reduzida ? elevado custo de
produ??o.
b) atividades de car?ter extensivo ? baixa produtivi-
dade do setor prim?rio.
c) insumos oriundos da importa??o ? grande percen-
tual de terras devolutas.
d) latif?ndios voltados para a exporta??o ? pequena
popula??o ativa no campo.
275O espaço rural e a produção agropecuária
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?reas naturais preservadas. H? o predom?nio do ca-
pital, uma vez que apresenta grande mecaniza??o
e a m?o de obra utilizada ? bem qualificada.
16) O plantation ? um sistema agr?cola t?pico de pa?ses
desenvolvidos. As suas caracter?sticas atuais s?o:
o minif?ndio (pequenas propriedades rurais), po-
licultura (cultivo de v?rios produtos agr?colas) e
m?o de obra qualificada.
7. SE (UFMG) Considerando-se o atual est?gio da agri-
cultura mundial, ? INCORRETO afirmar que:
a) A agricultura voltada para o mercado interno, em pa?-
ses como o Brasil, ao incorporar insumos e tecnologias
gerados pelo agroneg?cio, pode promover eleva??o
dos pre?os dos alimentos para o consumidor.
b) A maior disponibilidade de terras agr?colas, em es-
cala planet?ria, ? encontrada nas zonas tempera-
das, onde a fragilidade dos solos constitui obst?cu-
lo ? expans?o de sua explora??o.
c) A produ??o global de alimentos, na atualidade, ?
capaz de atender ao consumo em escala planet?ria,
embora a ingest?o de alimentos por parcela da po-
pula??o mundial ainda se d? de forma insuficiente
em quantidade e diversidade.
d) As restri??es geogr?ficas impostas, em decorr?ncia
de determinadas condi??es de clima, solo e relevo,
a um numeroso grupo de cultivos s?o, em grande
parte, satisfatoriamente contornadas por pr?ticas
de manejo modernas.
8. NE (UEPB)
“[...] a Fazenda Tamanduá [no Sertão da Paraíba] produz
mangas para exportação, gado de leite da raça pardo suíço e
criação de abelhas. Estas três atividades não foram escolhidas
aleatoriamente; elas são integradas para diminuir custos.
Assim, as abelhas polinizam as mangueiras, que periodica-
mente são podadas e seus galhos, junto ao estrume das vacas
e outros componentes, são utilizados para a elaboração do
composto, a matéria fertilizante do solo e pastagens.”
(Dispon?vel em: <http://www.sna.agr.br/congresso/outros/
5cong_106_anos.pdf>.)
Com base no recorte do artigo transcrito acima pode-
mos afirmar que a referida produ??o agr?cola ? do tipo:
a) Transg?nico, que revolucionou a produ??o agro-
pecu? ria realizando a melhoria gen?tica atrav?s da
sele??o planejada, e do cruzamento controlado
das sementes.
b) Jardinagem, que utiliza t?cnicas de terraceamento
para preservar o solo evitando a eros?o, mantendo
a sua fertilidade.
c) Plantation, que emprega grandes capitais para ga-
rantir a produ??o em larga escala de g?neros tropi-
cais para exporta??o.
d) Itinerante, ainda muito empregado nas regi?es mais
pobres do mundo, onde os agricultores n?o dis-
p?em de capitais e t?cnicas sofisticadas.
e) Org?nico, que se baseia em m?todos sustent?veis
para o meio ambiente e a sociedade.
9. NE (UFRN) A produ??o de banana no Vale do A?u ?
uma atividade relevante para a economia do Rio Gran-
de do Norte, sendo uma refer?ncia para entender as-
pectos relacionados ? estrutura??o das rela??es entre
o local e o global.
No ?mbito da economia capitalista e globalizada, uma das
caracter?sticas da produ??o de banana no Vale do A?u ?
a) a articula??o espacial, que relativiza o tempo e as
dist?ncias, entre os locais de produ??o e os de con-
sumo de mercadorias.
b) o estabelecimento de fluxos de exporta??o para
mercados de pa?ses pobres, contribuindo para os
programas de seguran?a alimentar.
c) o desenvolvimento dos meios de transportes, ele-
vando os custos de produ??o, o que seleciona os
mercados consumidores.
d) a produ??o em larga escala, que prioriza o mercado
local em detrimento do global, visando ao baratea-
mento dos custos.
10. CO (UEG-GO)
Pesquisas recentes têm constatado transformações muito
importantes que vêm ocorrendo nas áreas rurais do mundo e
do Brasil. Alguns velhos mitos estão sendo derrubados, outros
parecem estar surgindo. Pode-se perceber, no entanto, que está
cada vez mais difícil delimitar o que é rural e o que é urbano.
OlIC, Nelson B. Dispon?vel em: <www.clubemundo.com.br/revistapangea>.
Acesso em: 24 ago. 2010.
Sobre este assunto, ? correto afirmar:
a) o rural pode ser caracterizado como sin?nimo de atra-
so e de pobreza, enquanto o urbano representa a
modernidade, o progresso e os avan?os tecnol?gicos.
b) o espa?o rural de pa?ses como o Brasil ainda ? mar-
cado pelo predom?nio de atividades agr?colas, jus-
tificando assim o alto percentual da popula??o no
campo, em detrimento da cidade.
c) o espa?o urbano se identifica como o locus das ati-
vidades industriais, de com?rcio e servi?os, enquan-
to o rural ? a ?rea destinada apenas ?s atividades
agropastoris; do ponto de vista espacial, rural e
urbano se op?em.
d) os grandes complexos agroindustriais implantados
em Goi?s nas ?ltimas d?cadas refletem a interliga-
??o da agricultura ao restante da economia, n?o
podendo ser separada dos setores que lhe fornecem
insumos e/ou compram seus produtos.
atenção!
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11. N (UFPA) Considere a tabela abaixo:
Caracter?sticas dos estabelecimentos agropecu?rios, segundo tipo de agricultura ? Brasil 2006
Caracter?sticas
Agricultura familiar Agricultura n?o familiar
Valor Em % Valor Em %
N?mero de estabelecimentos 4. 367. 902 84,0 807. 587 16,0
?rea (milh?es ha) 80,3 24,0 249,7 76,0
M?o de obra (milh?es de pessoas) 12,3 74,0 4,2 26,0
Valor da produ??o (R$ bilh?es) 54,4 38,0 89,5 62,0
Receita (R$ bilh?es) 41,3 34,0 80,5 66,0
Fonte: Estat?sticas do meio rural 2010-2011. MDA/DIESSE. 2011. p. 181.
Em rela??o aos aspectos do espa?o rural brasileiro do
s?culo XXI, ? correto afirmar:
a) Na estrutura fundi?ria do espa?o rural brasileiro pre­
dominam estabelecimentos de agricultura n?o fami­
liar. Heran?a do per?odo colonial, esses estabelecimen­
tos ocupam as maiores extens?es do campo, t?m o
maior valor de produ??o e receita, mas empregam
menos m?o de obra do que a agricultura familiar.
b) No meio rural brasileiro prevalecem os estabeleci­
mentos que desenvolvem agricultura familiar. Eles
abrangem as maiores extens?es do campo, empre­
gam mais m?o de obra do que a agricultura n?o
familiar, ainda que seu valor de produ??o e renda
sejam menores que o desta.
c) A tabela acima representa a concentra??o de ?rea
nos estabelecimentos que desenvolvem agricultu­
ra familiar, ainda que o maior valor da produ??o e
da receita sejam obtidos pela agricultura n?o fami­
liar. Tal configura??o formou­se a partir da elabo­
ra??o do I Plano Nacional de Reforma Agr?ria, no
governo de Fernando Henrique Cardoso.
d) O n?mero de estabelecimentos ocupados pela agri­
cultura familiar, associado ? ?rea e quantidade de
m?o de obra empregada por estes denuncia a es­
trutura agr?ria desigual, heran?a hist?rica que con­
fere ? agricultura n?o familiar as maiores ?reas,
apesar de empregar menos m?o de obra.
e) O maior n?mero de estabelecimentos ocupados
com agricultura familiar ? um fato recente e indica
a desconcentra??o fundi?ria desencadeada a partir
do II Plano Nacional de Reforma Agr?ria, durante o
governo de Fernando Henrique Cardoso.
12. S (UFPR)
Os brasileiros possuem 13% da ?rea do Paraguai e pou-
co mais de 20% da terra ar?vel. Mas ? deles a melhor
terra agr?cola e pecu?ria. Um bom exemplo ? a produ??o
de soja, o principal produto de exporta??o. O Paraguai
se tornou o quarto maior exportador de soja do mundo.
A safra 2011/2012 chegou a 9 milh?es de toneladas,
crescendo a uma taxa de 20% anual. O que pode dar
uma ideia do poder econ?mico dos fazendeiros brasi-
leiros no Paraguai.
Mas o fato de que se tenham instalado na fronteira
tem grande impacto social e econ?mico. Em alguns dis-
tritos fronteiri?os, como Nueva Esperanza ou Canindey?,
58 e 83% dos propriet?rios s?o brasileiros, respectiva-
mente. Isto facilita o contrabando e o controle da segu-
ran?a das fronteiras, que ? estrat?gico para a soberania
de um pa?s. Esse processo de ocupa??o territorial dilui
as fronteiras a favor do pa?s e do Estado mais poderoso
e enfraquece ainda mais o pa?s que tem cada vez menos
instrumentos e capacidades de controlar sua riqueza.
(ZIBECHI, Ra?l. Brasil potência. Entre a integração regional e um novo
imperialismo. Rio de Janeiro: Consequ?ncia, 2012, p. 257-258.)
A partir do texto acima e dos conhecimentos de Geo­
grafia, considere as seguintes afirmativas:
1. O texto destaca a import?ncia da presen?a de pro­
dutores brasileiros de soja para o crescimento eco­
n?mico do Paraguai.
2. O texto mostra a import?ncia que a produ??o agr?­
cola tem na din?mica da geopol?tica mundial.
3. Na fronteira entre Brasil e Argentina a situa??o se
inverte: s?o os argentinos que ocupam percenta­
gens altas das terras ar?veis brasileiras mais pr?xi­
mas da linha de fronteira.
4. A expans?o internacional dos produtores agr?colas
brasileiros n?o acontece apenas no Paraguai, mas
tamb?m em pa?ses como Bol?via, Uruguai e Angola.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 s?o verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 1 e 4 s?o verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 2 e 4 s?o verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 s?o verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1 e 3 s?o verdadeiras.
277O espaço rural e a produção agropecuária
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13. SE (Fuvest-SP)
Pessoas ocupadas nos estabelecimentos agropecu?rios (2006)
Localidade Total de pessoal ocupado M?o de obra familiarEmpregados contratados
Brasil 16 367 633 12 810 591 (78,3%) 3 557 042 (21,7%)
Estado de S?o Paulo 828 492 416 111 (50,2%) 412 381 (49,8%)
Estado do Rio Grande do Sul 1 219 511 1 071 709 (87,9%) 147 802 (12,1%)
Adaptado de: IBGE, Censo Agropecu?rio ? Agricultura familiar 2006.
Quest›es
atenção!
N?o escreva neste livro!
Com base na tabela e em seus conhecimentos:
a) Analise a presen?a de m?o de obra familiar nos Es-
tados de S?o Paulo e do Rio Grande do Sul, relacio-
nando-a com as atividades agropecu?rias predomi-
nantes em cada um deles.
b) Tendo em vista o fato de que a m?o de obra familiar
? majorit?ria no Brasil, analise os dados de pessoal
ocupado nos estabelecimentos rurais no Estado de
S?o Paulo, considerando as transforma??es agr?rias
ocorridas, nesse estado, a partir dos anos 1950.
14. SE (Unicamp-SP)
O mundo chegou a sete bilh?es de pessoas em 2011. Nossa
esp?cie j? ocupa tanto espa?o, com planta??es, cidades, es-
tradas, polui??o e lixo que, para alguns cientistas, entramos
em um novo per?odo geol?gico, o Antropoceno. As atividades
humanas j? seriam a for?a mais relevante para moldar a
superf?cie da Terra. Alimentar e dar conforto a toda essa gen-
te pode exaurir os recursos naturais.
Adaptado de: O planeta dos humanos. Época. S?o Paulo:
Globo, 6 jun. 2011. p. 87. (Popula??o).
a) Aponte duas explica??es para a maior disponibili-
dade de alimentos nas d?cadas recentes, situa??o
nunca antes existente na Hist?ria humana.
b) Considerando a sustentabilidade ambiental, quais
seriam os principais desafios para alimentar e dar
conforto a todos os seres humanos?
15. SE (Uerj) Leia.
Multinacionais de alimentos agravam pobreza
Documento da ActionAid, apresentado no F?rum Social
Mundial de 2011, revela que um pequeno grupo de em-
presas domina a maior parte do com?rcio mundial de
itens como trigo, caf?, ch? e bananas. Um ter?o de todo o
alimento processado do planeta est? nas m?os de apenas
30 empresas. Outras 5 controlam 75% do com?rcio inter-
nacional de gr?os. Do total da produ??o e da venda de
agrot?xicos, tamb?m 75% s?o dominados por 6 compa-
nhias, e uma ?nica multinacional, a Monsanto, det?m 91%
do setor de produ??o e venda de sementes.
Adaptado de www.observatoriosocial.org.br
O texto faz refer?ncia ao processo de moderniza??o
da agropecu?ria mundial, com a forma??o e a expan-
s?o de complexos agroindustriais.
Defina o que s?o complexos agroindustriais.
16. NE (Uema) Leia o fragmento para responder ? quest?o.
A partir da d?cada de 1960, o per?odo conhecido como
Revolu??o Verde caracterizou-se pelo aumento do contro-
le humano sobre os processos naturais e pelo dom?nio de
t?cnicas que impulsionaram o aumento da produ??o agr?-
cola, em especial o uso de produtos qu?micos, tais como
fertilizantes, adubos e agrot?xicos.
Fonte: TERRA, l.; ARA?JO, R.; GUIMARãES, R.B. Geografia Conexões: estudos
de Geografia Geral e do Brasil. 2. ed. S?o Paulo: Moderna Plus, 2010.
a) Al?m das caracter?sticas apresentadas no texto,
descreva dois avan?os produtivos obtidos com a
Revolu??o Verde.
b) Relacione os efeitos sociais desses avan?os nos pa?ses
em desenvolvimento.
17. SE (Fuvest-SP) Considere as afirma??es I, II e III.
I. H? dois elementos fundamentais na agricultura que a
diferem da ind?stria: o primeiro deles ? o tempo da natureza.
II. Em 2009, o Brasil alcan?ou o primeiro lugar no ranking
mundial de consumo de agrot?xicos.
III. Ressalte-se que 92% da receita l?quida gerada pelas
ind?strias fabricantes de agrot?xicos em 2010 ficaram com
apenas seis grandes empresas de capital estrangeiro.
Bombardi, 2012. Dispon?vel em www.mcpbrasil.org.br.
Acessado em outubro de 2012. Adaptado.
a) Analise a afirma??o II, considerando a afirma??o I.
b) Qual o processo a que se refere a afirma??o III?
Explique.
c) Indique dois impactos socioambientais decorrentes
do uso de agrot?xicos.
A apresentação da marca na atividade desta página tem finalidade didática, sem intenção de recomendar produtos ou induzir seu consumo. Ela
está contextualizada e sua omissão pode comprometer o entendimento do tema abordado.
278Unidade 5
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Caiu no Enem
1. A singularidade da quest?o da terra na ?frica Colonial ? a
expropria??o por parte do colonizador e as desigualdades
raciais no acesso ? terra. Ap?s a independ?ncia, as popu-
la??es de colonos brancos tenderam a diminuir, apesar de
a propor??o de terra em posse da minoria branca n?o ter
diminu?do proporcionalmente.
MOYO, S. A terra africana e as quest?es agr?rias: o caso das lutas pela terra no
Zimb?bue. In: FERNANDES, B. M.; MARQUES, M. I. M.; SUZUKI, J. C. (Org.).
Geografia agrária: teoria e poder. S?o Paulo: Express?o Popular, 2007.
Com base no texto, uma característica socioespacial
e um consequente desdobramento que marcou o pro-
cesso de ocupação do espaço rural na África subsaa-
riana foram:
a) Exploração do campesinato pela elite proprietária
— Domínio das instituições fundiárias pelo poder
público.
b) Adoção de práticas discriminatórias de acesso a
terra — Controle do uso especulativo da proprieda-
de fundiária.
c) Desorganização da economia rural de subsistência
— Crescimento do consumo interno de alimentos
pelas famílias camponesas.
d) Crescimento dos assentamentos rurais com mão
de obra familiar — Avanço crescente das áreas ru-
rais sobre as regiões urbanas.
e) Concentração das áreas cultiváveis no setor agro-
exportador — Aumento da ocupação da população
pobre em territórios agrícolas marginais.
2. A irriga??o da agricultura ? respons?vel pelo consumo
de mais de 2/3 de toda a ?gua retirada dos rios, lagos e
len??is fre?ticos do mundo. Mesmo no Brasil, onde acha-
mos que temos muita ?gua, os agricultores que tentam
produzir alimentos tamb?m enfrentam secas peri?dicas
e uma competi??o crescente por ?gua.
MARAFON, G. J. et al. O desencanto da terra: produ??o de alimentos,
ambiente e sociedade. Rio de Janeiro: Garamond, 2011.
No Brasil, as técnicas de irrigação utilizadas na agricul-
tura produziram impactos socioambientais como
a) Redução do custo de produção
b) Agravamento da poluição hídrica
c) Compactação do material do solo
d) Aceleração da fertilização natural
e) Redirecionamento dos cursos fluviais
3.
Texto I
A nossa luta ? pela democratiza??o da propriedade da
terra, cada vez mais concentrada em nosso pa?s. Cerca de 1%
de todos os propriet?rios controla 46% das terras. Fazemos
press?o por meio da ocupa??o de latif?ndios improdutivos
e grandes propriedades, que n?o cumprem a fun??o so-
cial, como determina a Constitui??o de 1988. Tamb?m
ocupamos as fazendas que t?m origem na grilagem de
terras p?blicas.
Dispon?vel em: www.mst.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).
Texto II
O pequeno propriet?rio rural ? igual a um pequeno pro-
priet?rio de loja: quanto menor o neg?cio mais dif?cil de
manter, pois tem de ser produtivo e os encargos s?o dif?ceis
de arcar. Sou a favor de propriedades produtivas e susten-
t?veis e que gerem empregos. Apoiar uma empresa pro-
dutiva que gere emprego ? muito mais barato e gera mui-
to mais do que apoiar a reforma agr?ria.
LESSA, C. Dispon?vel em: www.observadorpol?tico.org.br.
Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).
Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em
relação à reforma agrária se opõem. Isso acontece por-
que os autores associam a reforma agrária, respecti-
vamente, à
a) redução do inchaço urbano e à crítica ao minifúndio
camponês.
b) ampliação da renda nacional e à prioridade ao mer-
cado externo.
c) contenção da mecanização agrícola e ao combate
ao êxodo rural.
d) privatização de empresas estatais e ao estímulo ao
crescimento econômico.
e) correção de distorções históricas e ao prejuízo ao
agronegócio.
4. Uma empresa norte-americana de bioenergia est? expan-
dindo suas opera??es para o Brasil para explorar o merca-
do de pinh?o manso. Com sede na Calif?rnia, a empresa
desenvolveu sementes h?bridas de pinh?o manso, oleagi-
nosa utilizada hoje na produ??o de biodiesel e de querose-
ne de avia??o.
MAGOSSI, E. O Estado de São Paulo. 19 maio 2011 (adaptado).
A partir do texto, a melhoria agronômica das sementes
de pinhão manso abre para o Brasil a oportunidade
econômica de
a) ampliar as regiões produtoras pela adaptação do
cultivo a diferentes condições climáticas.
b) beneficiar os pequenos produtores camponeses de
óleo pela venda direta ao varejo.
c) abandonar a energia automotiva derivada do pe-
tróleo em favor de fontes alternativas.
d) baratear cultivos alimentares substituídos pelas
culturas energéticas de valor econômico superior.
e) reduzir o impacto ambiental pela não emissão de
gases do efeito estufa para a atmosfera.
atenção!
Não escreva neste livro!
279O espaço rural e a produção agropecuária
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5. No Estado de S?o Paulo, a mecaniza??o da colheita da cana-
-de-a??car tem sido induzida tamb?m pela legisla??o am-
biental, que pro?be a realiza??o de queimadas em ?reas
pr?ximas aos centros urbanos. Na regi?o de Ribeir?o Preto,
principal polo sucroalcooleiro do pa?s, a mecaniza??o da
colheita j? ? realizada em 516 mil dos 1,3 milh?o de hecta-
res cultivados com cana-de-a??car.
BAlSADI, O. et al. Transforma??es Tecnol?gicas e a for?a de trabalho
na agricultura brasileira no per?odo de 1990-2000.
Revista de economia agrícola. V. 49 (1), 2002.
O texto aborda duas questões, uma ambiental e outra
socioeconômica, que integram o processo de moder-
nização da produção canavieira. Em torno da associa-
ção entre elas, uma mudança decorrente desse pro-
cesso é a
a) perda de nutrientes do solo devido à utilização
constante de máquinas.
b) eficiência e racionalidade no plantio com maior
produtividade na colheita.
c) ampliação da oferta de empregos nesse tipo de
ambiente produtivo.
d) menor compactação do solo pelo uso de maquiná-
rio agrícola de porte.
e) poluição do ar pelo consumo de combustíveis fós-
seis pelas máquinas.
6.
atenção!
Não escreva neste livro!
Fonte: Incra, Estat?sticas cadastrais 1998.
15,2%
30,5%
1,3%
53%
Acima de 1000 ha
De 100 a 1000 ha
De 10 a 100 ha
Até 10 ha
O gráfico representa a relação entre o tamanho e a
totalidade dos imóveis rurais no Brasil. Que caracte-
rística da estrutura fundiária brasileira está evidencia-
da no gráfico apresentado?
a) A concentração de terras nas mãos de poucos.
b) A existência de poucas terras agricultáveis.
c) O domínio territorial dos minifúndios.
d) A primazia da agricultura familiar.
e) A debilidade dos plantations modernos.
7. De 15% a 20% da ?rea de um canavial precisa ser renova-
da anualmente. Entre o per?odo de corte e o de planta??o
de novas canas, os produtores est?o optando por plantar
leguminosas, pois elas fixam nitrog?nio no solo, um adu-
bo natural para a cana. Essa op??o de rota??o ? agrono-
micamente favor?vel, de forma que munic?pios canaviei-
ros s?o hoje grandes produtores de soja, amendoim
e feij?o.
As encruzilhadas da fome. Planeta. S?o Paulo, ano 36, n.? 430,
jul. 2008 (adaptado).
A rotação de culturas citada no texto pode beneficiar
economicamente os produtores de cana porque
a) a decomposição da cobertura morta dessas cultu-
ras resulta em economia na aquisição de adubos
industrializados.
b) o plantio de cana-de-açúcar propicia um solo mais
adequado para o cultivo posterior da soja, do amen-
doim e do feijão.
c) as leguminosas absorvem do solo elementos quí-
micos diferentes dos absorvidos pela cana, resta-
belecendo o equilíbrio do solo.
d) a queima dos restos vegetais do cultivo da cana-
-de-açúcar transforma-se em cinzas, sendo reincor-
poradas ao solo, o que gera economia na aquisição
de adubo.
e) a soja, o amendoim e o feijão, além de possibilita-
rem a incorporação ao solo de determinadas molé-
culas disponíveis na atmosfera, são grãos comer-
cializados no mercado produtivo.
8. Antes, eram apenas as grandes cidades que se apresenta-
vam como o imp?rio da t?cnica, objeto de modifica??es,
suspens?es, acr?scimos, cada vez mais sofisticadas e car-
regadas de artif?cio. Esse mundo artificial inclui, hoje, o
mundo rural.
SANTOS, M. A Natureza do Espaço. S?o Paulo: Hucitec, 1996.
Considerando a transformação mencionada no texto,
uma consequência socioespacial que caracteriza o
atual mundo rural brasileiro é
a) a redução do processo de concentração de terras.
b) o aumento do aproveitamento de solos menos férteis.
c) a ampliação do isolamento do espaço rural.
d) a estagnação da fronteira agrícola do país.
e) a diminuição do nível de emprego formal.
Unidade 5280
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9. A maioria das pessoas daqui era do campo. Vila Maria ? hoje
exportadora de trabalhadores. Empres?rios de Primavera do
Leste, Estado de Mato Grosso, procuram o bairro de Vila Maria
para conseguir m?o de obra. ? gente indo distante daqui 300,
400 quil?metros para ir trabalhar, para ganhar sete conto por
dia. (Carlito, 43 anos, maranhense, entrevistado em 22/03/98).
Ribeiro, H. S. O migrante e a cidade: dilemas e conflitos. Araraquara:
Wunderlich, 2001 (adaptado).
O texto retrata um fenômeno vivenciado pela agricultura
brasileira nas últimas décadas do século XX, consequência
a) dos impactos sociais da modernização da agricultura.
b) da recomposição dos salários do trabalhador rural.
c) da exigência de qualificação do trabalhador rural.
d) da diminuição da importância da agricultura.
e) dos processos de desvalorização de áreas rurais.
10. Coube aos Xavante e aos Timbira, povos ind?genas do Cer-
rado, um recente e marcante gesto simb?lico: a realiza??o
de sua tradicional corrida de toras (de buriti) em plena Ave-
nida Paulista (SP), para denunciar o cerco de suas terras e a
degrada??o de seus entornos pelo avan?o do agroneg?cio.
RICARDO, B.; RICARDO, F. Povos indigenas do Brasil: 2001-2005. S?o Paulo:
Instituto Socioambiental, 2006 (adaptado).
A questão indígena contemporânea no Brasil evidencia
a relação dos usos socioculturais da terra com os atuais
problemas socioambientais, caracterizados pelas ten
-
sões entre
a) a expansão territorial do agronegócio, em especial
nas regiões Centro-Oeste e Norte, e as leis de pro-
teção indígena e ambiental.
b) os grileiros articuladores do agronegócio e os povos
indígenas pouco organizados no Cerrado.
c) as leis mais brandas sobre o uso tradicional do meio
ambiente e as severas leis sobre o uso capitalista
do meio ambiente.
d) os povos indígenas do Cerrado e os polos econômi-
cos representados pelas elites industriais paulistas.
e) o campo e a cidade no Cerrado, que faz com que as
terras indígenas dali sejam alvo de invasões urbanas.
11. Apesar do aumento da produção no campo e da inte-
gração entre a indústria e a agricultura, parte da po-
pulação da América do Sul ainda sofre com a subali-
mentação, o que gera conflitos pela posse de terra que
podem ser verificados em várias áreas e que frequen-
temente chegam a provocar mortes.
Um dos fatores que explica a subalimentação na Amé-
rica do Sul é
a) a baixa inserção de sua agricultura no comércio
mundial.
b) a quantidade insuficiente de mão de obra para o
trabalho agrícola.
c) a presença de estruturas agrárias arcaicas formadas
por latifúndios improdutivos.
d) a situação conflituosa vivida no campo, que impe-
de o crescimento da produção agrícola.
e) os sistemas de cultivo mecanizado voltados para o
abastecimento do mercado interno.
12. Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros foram li-
bertados de fazendas onde trabalhavam como se fossem
escravos. O governo criou uma lista em que ficaram expos
-
tos os nomes dos fazendeiros flagrados pela fiscaliza??o.
No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, regi?es que mais sofrem
com a fraqueza do poder p?blico, o bloqueio dos canais de
financiamento agr?cola para tais fazendeiros tem sido a
principal arma de combate a esse problema, mas os gover-
nos ainda sofrem com a falta de informa??es, provocada
pelas dist?ncias e pelo poder intimidador dos propriet?rios.
Organiza??es n?o governamentais e grupos como a Pas-
toral da Terra t?m agido corajosamente, acionando as au-
toridades p?blicas e ministrando aulas sobre direitos so-
ciais e trabalhistas.
?Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo?. Dispon?vel em:
http://www.mte.gov.br. Acesso em: 17 mar. 2009 (adaptado).
Nos lugares mencionados no texto, o papel dos
grupos de defesa dos direitos humanos tem sido
fundamental, porque eles
a) negociam com os fazendeiros o reajuste dos hono-
rários e a redução da carga horária de trabalho.
b) defendem os direitos dos consumidores junto aos
armazéns e mercados das fazendas e carvoarias
c) substituem as autoridades policiais e jurídicas na
resolução dos conflitos entre patrões e empregados.
d) encaminham denúncias ao Ministério Público e pro-
movem ações de conscientização dos trabalhadores.
e) fortalecem a administração pública ao ministrarem
aulas aos seus servidores.
13. O Centro-Oeste apresentou-se como extremamente recep-
tivo aos novos fen?menos da urbaniza??o, j? que era pra-
ticamente virgem, n?o possuindo infraestrutura de mon-
ta, nem outros investimentos fixos vindos do passado.
P?de, assim, receber uma infraestrutura nova, totalmente
a servi?o de uma economia moderna.
SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. S?o Paulo: EdUSP, 2005 (adaptado).
O texto trata da ocupação de uma parcela do
território brasileiro. O processo econômico direta-
mente associado a essa ocupação foi o avanço da
a) industrialização voltada para o setor de base.
b) economia da borracha no sul da Amazônia.
c) fronteira agropecuária que degradou parte do cer-
rado.
d) exploração mineral na Chapada dos Guimarães.
e) extrativismo na região pantaneira.
281O espaço rural e a produção agropecuária
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Sugestões de leitura, filmes e sites
Sugestões de leitura, filmes e sites282
rABC do desenvolvimento urbano
Marcelo Lopes de Souza. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
Livro de divulga??o cient?fica voltado a pessoas leigas com
o intuito de qualific?-las para o debate sobre a cidade e os
problemas urbanos, discuss?o da qual todos os cidad?os
devem participar e n?o apenas os especialistas.
r?frica e Brasil africano
Marina de Mello e Souza. 3 ed. S?o Paulo: ?tica, 2012.
A professora aborda o que existe de africano no Brasil, al?m de
descrever e analisar esse continente. Obra de refer?ncia para
quem busca reconhecer uma face da Hist?ria do Brasil que
ainda precisa ser entendida.
rAgricultura sustent?vel
Araci Kamiyama. S?o Paulo: Secretaria do Meio Ambiente,
2011. Dispon?vel em: <www.ambiente.sp.gov.br/wp-content/
uploads/publicacoes/sma/13-AgriculturaSustentavel.pdf>.
A obra apresenta um breve hist?rico da evolu??o das t?cnicas
agr?colas, da agricultura sustent?vel e da agroecologia, entre
outros temas.
rA industrializa??o brasileira
Sonia Mendon?a. S?o Paulo: Moderna, 1997. (Pol?mica).
Essa obra analisa o processo de industrializa??o brasileira
desde sua proibi??o na era colonial at? o per?odo da ditadura
militar (1964-1985), refletindo sobre o papel do Estado nesse
processo.
rEconomia brasileira
Antonio Correia de Lacerda (Org.). 5. ed. S?o Paulo: Saraiva,
2013.
Analisa a evolu??o hist?rica da economia brasileira do per?odo
colonial, a expans?o cafeeira, o processo de substitui??o de
importa??es, desde as origens do processo de industrializa??o
at? o II Plano Nacional de Desenvolvimento.
rEnergia alternativa: solar, e?lica, hidrel?trica e de
biocombust?veis
Marek Walisiewicz. S?o Paulo: Publifolha, 2008. (Cole??o Mais
Ci?ncia).
Livro bem ilustrado que analisa as fontes alternativas de
energia, considerando seus aspectos econ?micos, ambientais
e pol?ticos.
rEnergia e meio ambiente
Samuel Murgel Branco. S?o Paulo: Moderna, 2004. (Cole??o
Pol?mica).
Analisa a import?ncia da energia para a sociedade, sua
disponibilidade na natureza, as fontes alternativas, os
combust?veis f?sseis e os problemas ambientais, entre outros
temas.
rHist?ria das mulheres no Brasil
Mary Del Priori (Org.). S?o Paulo: Contexto, 2004.
A obra apresenta como nasciam, viviam e morriam as
mulheres desde o Brasil colonial. Aborda diversos extratos
sociais e os mais diferentes espa?os.
Livros
rHist?ria dos ?ndios no Brasil
Manuela Carneiro da Cunha (Org.). 2. ed. S?o Paulo:
Companhia das Letras/Secretaria Municipal de Cultura/
Fapesp, 1998.
Colet?nea de artigos sobre a hist?ria e a pol?tica ind?genas.
Na introdu??o, a organizadora faz uma interessante an?lise,
considerando a popula??o ind?gena um agente hist?rico,
rompendo com a vis?o tradicional de que eles foram agentes
passivos dos eventos protagonizados pelos europeus.
rO futuro das cidades
Julio Moreno. S?o Paulo: Senac, 2002. (Ponto Futuro, n. 11).
Analisa a cidade de diversas perspectivas ? na Hist?ria, ao
longo do s?culo XX, a autossustent?vel, a digital ? e a reforma
urbana no Brasil. Apresenta tamb?m um pequeno gloss?rio.
rBem-vindo
Dire??o: Philippe Lioret. Fran?a, 2009.
Este filme aborda as pol?ticas de imigra??o em pa?ses europeus
por meio da hist?ria de um adolescente curdo que abandona
o Iraque e viaja para tentar reencontrar sua namorada, que se
mudara para a Inglaterra. Em raz?o das dificuldades, o jovem
resolve atravessar o canal da Mancha a nado.
rCidade de Deus
Dire??o: Fernando Meirelles. Brasil, 2002.
Baseado em fatos reais, mostra o crescimento do crime
organizado em um bairro do sub?rbio do Rio de Janeiro, entre
a d?cada de 1960 e o in?cio dos anos 1980. Evidencia como
? dif?cil a vida das pessoas que vivem em favelas: al?m da
precariedade da infraestrutura, seu cotidiano ? marcado pela
viol?ncia de grupos de traficantes armados.
rCoronel Delmiro Gouveia
Dire??o: Geraldo Sarno. Brasil, 1978.
No in?cio do s?culo, no Nordeste brasileiro, um empres?rio
pioneiro da ind?stria nacional ? perseguido por se recusar a
vender sua f?brica para industriais brit?nicos. Esse filme retrata
as dificuldades e press?es sofridas pelos que tentavam enfrentar
o dom?nio estrangeiro em v?rios setores da economia nacional.
rEles n?o usam black-tie
Dire??o: Leon Hirszman. Brasil, 1981.
Narra o cotidiano de uma fam?lia de oper?rios e os conflitos entre
pai e filho durante uma greve no per?odo da ditadura militar.
Destacando a contradi??o inerente ? rela??o capital-trabalho, o
filme descreve as agruras e os sonhos da classe oper?ria brasileira
em um per?odo de forte explora??o e arrocho salarial.
rGaijin: os caminhos da liberdade
Dire??o: Tizuka Yamasaki. Brasil, 1980.
Mostra as adversidades, como a escravid?o por d?vida,
enfrentadas pelos primeiros imigrantes japoneses que se
dirigiram ?s fazendas de caf? do interior de S?o Paulo no in?cio
do s?culo XX.
rJ?nio a 24 Quadros
Dire??o: Luiz Alberto Pereira. Brasil, 1984.
Apresenta um panorama pol?tico do Brasil de 1950 a 1980,
analisando os motivos da ren?ncia de J?nio Quadros e a influ?ncia
Filmes
282
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Sugestões de leitura, filmes e sites283
da atitude do ex-presidente na instaura??o do regime militar.
Durante o document?rio, s?o analisados o desenvolvimentismo de
JK, a ditadura militar, a censura, o movimento dos estudantes e dos
trabalhadores e a luta pela anistia.
rJean Charles
Dire??o: Henrique Goldman. Brasil/Inglaterra, 2009.
Filme baseado na hist?ria real do mineiro Jean Charles
de Menezes, um eletricista que emigrou para a Inglaterra
e morava em Londres. Em 22 de julho de 2005, ele foi
confundido com um terrorista e morto pela pol?cia brit?nica.
rLinha de passe
Dire??o: Walter Salles e Daniela Thomas. Brasil, 2008.
Mostra a vida de uma fam?lia pobre ? m?e e quatro filhos ?,
moradora da periferia da Zona Leste da cidade de S?o Paulo.
Cada um com seus anseios, sonhos e frustra??es. Dario queria
ser jogador de futebol, mas com 18 anos v? seu sonho se
desvanecer. Reginaldo procura seu pai obsessivamente. Dinho
dedica-se ? religi?o pentecostal. Denis enfrenta dificuldades
para se manter, pois acabou de ser pai. Cleuza, a m?e dos
quatro, trabalha como empregada dom?stica e est? gr?vida,
mais uma vez ser? m?e solteira. O filme evidencia a car?ncia
de servi?os, a falta de oportunidades, enfim, as dificuldades da
vida na periferia das grandes cidades brasileiras.
rMau?, o imperador e o rei
Dire??o: S?rgio Resende. Brasil, 1999.
O filme mostra o enriquecimento e a fal?ncia de Irineu
Evangelista de Souza (1813-1889), empreendedor ga?cho mais
conhecido como bar?o de Mau?. Foi considerado o primeiro
grande empres?rio brasileiro, respons?vel por uma s?rie de
iniciativas modernizadoras da economia nacional. Arrojado
em sua luta pela industrializa??o do Brasil, Mau? foi um
vanguardista no s?culo XIX.
rO homem que virou suco
Dire??o: Jo?o Batista de Andrade. Brasil, 1980.
Retrata os conflitos psicol?gicos e a cr?tica social ? imigra??o
de nordestinos para S?o Paulo. O maior transtorno n?o ?
enfrentado pelos cidad?os que moram na cidade que recebem
os migrantes, mas pelas pessoas que foram obrigadas, por
fatores econ?micos, a abandonar sua regi?o de origem.
rO sonho de Rose: 10 anos depois
Dire??o: Tet? Moraes. Brasil, 1997.
Mostra o reencontro, ap?s dez anos, da diretora Tet? Moraes
com as personagens do filme Terra para Rose. Acompanha a
trajet?ria dos trabalhadores sem-terra que, depois da ocupa??o
de 1985, conseguiram transformar seus sonhos em realidade.
rQuem quer ser um milion?rio?
Dire??o: Danny Boyle. Estados Unidos/Reino Unido, 2008.
Jovem de origem pobre (vive em Dharavi Slum) que trabalha
servindo ch? em empresa de telemarketing inscreve-se para
participar do programa de TV ?Quem quer ser um milion?rio??.
O filme mostra as contradi??es da sociedade indiana: apesar das
altas taxas de crescimento econ?mico, h? milh?es que vivem em
habita??es prec?rias ou mesmo nas ruas das grandes cidades.
rQuilombo
Dire??o: Cac? Diegues. Brasil/Fran?a, 1984.
Conta a hist?ria do Quilombo dos Palmares, a maior
organiza??o de resist?ncia negra contra a escravid?o no Brasil.
Em meados do s?culo XVII, escravos nordestinos fugiram das
planta??es de cana e fundaram esse quilombo, que sobreviveu
por mais de setenta anos.
rTerra para Rose
Dire??o: Tet? Moraes. Brasil, 1987.
Retrata a hist?ria de Rose, agricultora sem-terra que, com
outras 1 500 fam?lias, participou da primeira grande ocupa??o
de terra improdutiva, a fazenda Annoni, em Ronda Alta (RS), em
1985. O document?rio aborda a quest?o da reforma agr?ria no
Brasil no per?odo de transi??o p?s-regime militar, mostrando
o in?cio do MST. Rose deu ? luz o primeiro beb? nascido no
acampamento e, mais tarde, foi morta em estranho acidente.
rTiros em Columbine
Dire??o: Michael Moore. Estados Unidos, 2002.
Este document?rio mostra como a sociedade norte-americana lida
com a quest?o das armas de fogo, cujo com?rcio ? amplamente
liberado no pa?s. Esse f?cil acesso tem possibilitado a ocorr?ncia
de crimes b?rbaros, como o acontecido em 1999 na escola p?blica
Columbine, em Littleton (Colorado): dois jovens mataram doze
colegas, um professor e, em seguida, se suicidaram.
rACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados)
<www.acnur.org/t3/portugues/>
Disponibiliza estat?sticas, textos e publica??es sobre
refugiados, migra??es e outros temas.
rAgência Internacional de Energia
<www.iea.org>
No site da Ag?ncia Internacional de Energia voc? encontra v?rios
estudos e dados estat?sticos sobre energia no mundo (em ingl?s).
rAneel (Agência Nacional de Energia Elétrica)
<www.aneel.gov.br>
A Ag?ncia oferece estat?sticas, legisla??o e outras informa??es
sobre gera??o, transmiss?o e distribui??o de eletricidade.
rANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis)
<www.anp.gov.br>
A Ag?ncia apresenta estudos e informa??es sobre petr?leo e
derivados, legisla??o e contratos de explora??o.
rAnprotec (Rede Incubar da Associação Nacional de
Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores)
<www.anprotec.org.br>
Para ver a rela??o de diversos parques tecnol?gicos brasileiros,
com os respectivos links, e saber mais sobre o movimento de
incuba??o de empresas, acesse o site da Rede.
rANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres)
<www.antt.gov.br>
A Ag?ncia oferece estat?sticas, mapas, legisla??o e outras
informa??es sobre transportes de passageiros e de cargas.
rAtlas da questão agrária brasileira
<www2.fct.unesp.br/nera/atlas/>
A tese de doutorado O rural e o urbano: é possível uma
tipologia, defendida em 2008 por Eduardo Girardi na
Sites
283
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Sugestões de leitura, filmes e sites284
Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Presidente
Prudente, foi transformada neste Atlas, em que o autor
analisa a quest?o agr?ria e a ocupa??o do territ?rio, a luta
pela terra e muitos outros assuntos ligados ao tema.
rBanco Central do Brasil
<www.bcb.gov.br>
O site do Banco Central do Brasil disponibiliza diversos dados
estat?sticos sobre economia no Brasil e no mundo.
rBanco Mundial
<www.bancomundial.org.br>
Voc? pode acessar o site do Banco Mundial para obter dados
estat?sticos e an?lises setoriais sobre energia.
rBiblioteca Virtual Mulher
<http://mulher.ibict.br/>
Neste site especializado no tema ?Mulher e Rela??es de
G?nero?, voc? encontra informa??es sobre sa?de, viol?ncia,
trabalho, cultura, direitos e cidadania, educa??o e poder e
participa??o pol?tica.
rComCi•ncia
<www.comciencia.br/reportagens/negros/01.shtml>
Revista eletr?nica de jornalismo cient?fico da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ci?ncia (SBPC) e do Laborat?rio
de Estudos Avan?ados em Jornalismo da Universidade
de Campinas (Unicamp). Reuni?o de v?rios artigos sobre
a popula??o negra no Brasil, como ?Titula??o de terras a
quilombolas?, ?Mercado de trabalho?, ?Qualidade de vida? e
?A??es afirmativas?.
rComissão Nacional de Energia Nuclear
<www.cnen.gov.br>
Oferece em seu site informa??es sobre energia nuclear, al?m
de apostilas educativas, normas de seguran?a e muitos outros
dados ligados a esse tema.
rConselho Mundial de Energia
<www.worldenergy.org>
Aprofunde seus estudos e obtenha informa??es sobre energia
no mundo acessando o site do Conselho Mundial de Energia.
A p?gina inicial est? em ingl?s, mas tamb?m apresenta
documentos em portugu?s, espanhol e franc?s.
rCTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança)
<www.ctnbio.gov.br>
A Comiss?o ? o ?rg?o do governo federal respons?vel por
estudos e pareceres sobre o cultivo e a comercializa??o de
transg?nicos.
rDireito das mulheres na mídia mundial
<http://pt.euronews.com/tag/direitos-das-mulheres>
P?gina da ag?ncia Euronews que agrupa as not?cias
relacionadas aos direitos das mulheres.
rDivisão de População das Nações Unidas
<www.un.org/en/development/desa/population>
Acesse o site (em ingl?s) para obter informa??es sobre
popula??o e urbaniza??o mundiais, incluindo as megacidades.
rEmbrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)
<www.embrapa.br>
Saiba mais sobre agroind?stria, agricultura e meio ambiente
e conhe?a a posi??o da Embrapa no que se refere a alimentos
transg?nicos visitando o site da institui??o.
rEmplasa (Empresa Paulista de Planejamento
Metropolitano S.A.)
<www.emplasa.sp.gov.br>
O site cont?m dados sobre as regi?es metropolitanas
e aglomera??es urbanas do estado de S?o Paulo (a
macrometr?pole paulista) e do Brasil.
rFAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação)
<www.fao.org.br>
No site da FAO est?o dispon?veis v?rios relat?rios sobre o
estado mundial da agricultura, nutri??o e outros.
rFGV/CPDOC (Fundação Getúlio Vargas/Centro de
Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do
Brasil)
<www.cpdoc.fgv.br>
No portal da FGV/CPDOC voc? encontra v?rios textos sobre
economia, pol?tica, cultura, diversas biografias e outros
assuntos relacionados ? hist?ria brasileira contempor?nea.
rFunai (Fundação Nacional do Índio)
<www.funai.gov.br>
Este site disponibiliza dados, mapas, textos e outros recursos
que tratam dos povos ind?genas do Brasil.
rGaWC (Globalization and World Cities)
<www.lboro.ac.uk/gawc/>.
Para obter informa??es sobre as 182 cidades globais, acesse o
site do GaWC (em ingl?s).
rIbam (Instituto Brasileiro de Administração Municipal)
<www.ibam.org.br>
Neste site voc? encontra v?rios textos e an?lises sobre estudos
urbanos, Plano Diretor, Estatuto da Cidade, C?digo de Obras e
outros temas envolvendo o espa?o urbano.
rIBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
<www.ibge.gov.br>
No site h? v?rios dados estat?sticos sobre produtos, empresas,
produ??o f?sica e indicadores sociais.
rIncra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)
<www.incra.gov.br>
Apresenta v?rios dados estat?sticos e estudos sobre reforma
agr?ria e estrutura fundi?ria no Brasil.
rIndústrias Nucleares do Brasil
<www.inb.gov.br>
Informa??es sobre energia e usinas nucleares, ur?nio e
indicadores tecnol?gicos no Brasil e no mundo.
284
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Sugestões de leitura, filmes e sites285
rInep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira)
<www.inep.gov.br>
O Inep tem como principais atribui??es organizar, desenvolver
e implementar, na ?rea educacional, sistemas de informa??o
e documenta??o que abranjam estat?sticas, avalia??es
educacionais, pr?ticas pedag?gicas e de gest?o das pol?ticas
educacionais no Brasil.
rInstituto Socioambiental
<www.socioambiental.org>
Encontre an?lises e documentos sobre v?rias quest?es
ambientais, algumas relacionadas ? explora??o e ao consumo
de energia, com destaque para o petr?leo.
rIpea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)
<www.ipea.gov.br>
O Ipea disponibiliza em seu site v?rios textos e an?lises de
conjuntura sobre a economia brasileira.
rMemorial do Imigrante
<www.memorialdoimigrante.org.br>
Antiga hospedaria dos imigrantes, atualmente abriga o Museu
da Imigra??o. Oferece v?rios dados e imagens sobre a imigra??o
estrangeira para o Brasil.
rMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
<www.agricultura.gov.br>
Para conhecer estat?sticas e dados sobre programas do
governo e servi?os ligados ? agropecu?ria.
rMinistério das Cidades
<www.cidades.gov.br>
O site do Minist?rio oferece textos, an?lises e dados sobre
saneamento ambiental, programas urbanos, transportes e
outros temas.
rMinistério de Minas e Energia
<www.mme.gov.br>
No site do Minist?rio h? publica??es, artigos, informa??es,
programas de desenvolvimento e cidadania, e diversos
temas ligados ao setor energ?tico brasileiro, al?m do Balan?o
Energ?tico Nacional.
rMinistério do Desenvolvimento Agrário
<www.mda.gov.br>
Cont?m legisla??o, projetos governamentais, dados
estat?sticos, mapas e relat?rios sobre a agropecu?ria brasileira.
rMinistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
<www.desenvolvimento.gov.br>
Disponibiliza v?rias informa??es sobre com?rcio exterior,
desenvolvimento da produ??o, barreiras protecionistas,
pol?tica industrial e o Anu?rio Estat?stico.
rMuseu do Índio
<www.museudoindio.org.br>
Divulga textos, dados e imagens sobre a popula??o ind?gena
brasileira, al?m de promover exposi??es e eventos sobre o tema.
rNúcleo de Estudos Negros
<http://sinte-sc.org.br/geral/nucleo-de-estudos-negros/>
Organiza??o n?o governamental de Santa Catarina que
disponibiliza uma s?rie de estudos contra a discrimina??o
racial e a busca de igualdade social.
rObservatório de Favelas
<www.observatoriodefavelas.org.br/>
Organiza??o da Sociedade Civil de Interesse P?blico (OSCIP)
empenhada em produzir conhecimentos e propostas pol?ticas
sobre favelas e fen?menos urbanos. Para saber mais, acesse
sua p?gina na internet.
rONU Mulheres
<www.onumulheres.org.br/>
Ag?ncia da ONU voltada exclusivamente ? an?lise e ?
elabora??o de propostas envolvendo a mulher: viol?ncia,
planejamento familiar, trabalho e outros (em portugu?s).
rOpep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)
<www.opec.org>
O site da Organiza??o dos Pa?ses Exportadores de Petr?leo
apresenta dados estat?sticos e an?lises tem?ticas sobre o
petr?leo e os pa?ses-membros da organiza??o (em ingl?s).
rOrganização Internacional para as Migrações
<www.iom.int/>
Organiza??o intergovernamental com mais de 120
pa?ses-membros que realiza estudos sobre migra??o e
desenvolvimento, combate ? migra??o for?ada e incentiva
meios de regulamenta??o para a circula??o de pessoas (em
ingl?s, franc?s e espanhol).
rPlaneta orgânico
<www.planetaorganico.com.br>
Informa??es sobre a agricultura e a pecu?ria org?nica.
rPnud (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento)
<www.pnud.org.br>
Essa ag?ncia da ONU ? a respons?vel pela elabora??o
do Relat?rio de Desenvolvimento Humano. Disponibiliza
relat?rios, textos e dados estat?sticos sobre os
mais variados temas relacionados ? popula??o e ao
desenvolvimento humano: pobreza e desigualdade,
educa??o e cultura, igualdade racial e outros
(em portugu?s).
rSeade
<www.seade.gov.br>
No site da Secretaria de Articula??o para o Desenvolvimento
do Entorno voc? pode obter informa??es sobre os munic?pios
da regi?o do entorno do Distrito Federal.
rTeto Brasil
<www.techo.org/paises/brasil/>
Ancorada em trabalho volunt?rio, essa ONG est? empenhada
em organizar as comunidades carentes, com o objetivo de
obter moradia digna e reduzir a pobreza. Para saber mais,
acesse seu site.
rUnfpa (Fundo de População das Nações Unidas)
<www.unfpa.org.br>
Nesta ag?ncia da ONU est?o dispon?veis os relat?rios
sobre a situa??o da popula??o mundial e an?lises sobre
temas como igualdade de g?nero, crian?as e adolescentes,
estrat?gias de desenvolvimento, sa?de reprodutiva e outros
(em portugu?s).
Acessos em: 3 maio 2016.
285
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Bibliografia288
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Geografia
Manual
do Professor
VoluMe 3
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Manual do Professor290
Sumário
Caros Professores ...............................................................................................................................................................291
Apresentação da obra ........................................................................................................................................292
1. A coleção ...........................................................................................................................................................................292
Estrutura da cole??o ........................................................................................................................................................292
Fundamenta??o te?rico ‑metodol?gica ..........................................................................................................................293
Estrutura deste Manual do Professor .............................................................................................................................294
2. Ensinar e aprender Geografia ..................................................................................................................................294
3. Referenciais curriculares para o Ensino Médio ................................................................................................... 296
4. Formas de avaliação ....................................................................................................................................................300
5. Bibliografia de apoio .................................................................................................................................................... 302
6. Endereços eletrônicos para pesquisa .................................................................................................................... 304
7. Reflexões sobre a prática pedagógica ................................................................................................................... 306
Observações, sugestões e resolução dos exercícios deste volume ..........................314
8. Atividades integradoras de Ciências Humanas ............................................................................................................... 314
9. Metas e orientações por Unidade ...........................................................................................................................................321
Unidade 1 ? Brasil: ind?stria, pol?tica econ?mica e servi?os .................................................................................... 321
Objetivos, 321 • Atividade complementar, 321 • Projeto interdisciplinar, 321 • Sugestões bibliográficas, 322
Comentários e respostas das atividades ..........................................................................................................................................323
Capítulo 1 • A industrialização brasileira ..............................................................................................................................323
Capítulo 2 • A economia brasileira após a abertura política ........................................................................................... 324
Textos de apoio ............................................................................................................................................................................................. 325
Unidade 2 ? Energia e meio ambiente ....................................................................................................................................329
Objetivos, 329 • Atividade complementar, 329 • Projeto interdisciplinar, 329 • Sugestões bibliográficas, 329
Comentários e respostas das atividades ...............................................................................................................................................330
Capítulo 3 • Produção mundial de energia...........................................................................................................................330
Capítulo 4 • Produção brasileira de energia .........................................................................................................................331
Textos de apoio ............................................................................................................................................................................................. 332
Unidade 3 ? Popula??o ...................................................................................................................................................................... 335
Objetivos, 335 • Atividade complementar, 335 • Projetos interdisciplinares, 336 • Sugestões bibliográficas, 337
Comentários e respostas das atividades ..............................................................................................................................................339
Capítulo 5 • Características da população mundial .......................................................................................................... 339
Capítulo 6 • Fluxos migratórios e estrutura da população ............................................................................................. 340
Capítulo 7 • Formação e diversidade cultural da população brasileira........................................................................340
Capítulo 8 • Aspectos da população brasileira .................................................................................................................... 341
Textos de apoio ............................................................................................................................................................................................ 343
Unidade 4 ? O espa?o urbano e o processo de urbaniza??o ..................................................................................... 348
Objetivos, 348 • Atividades complementares, 348 • Projeto interdisciplinar, 348 • Sugestões bibliográficas, 349
Comentários e respostas das atividades ...............................................................................................................................................351
Capítulo 9 • O espaço urbano do mundo contemporâneo .............................................................................................. 351
Capítulo 10 • As cidades e a urbanização brasileira .......................................................................................................... 352
Textos de apoio ............................................................................................................................................................................................. 354
Unidade 5 ? O espa?o rural e a produ??o agropecu?ria .............................................................................................. 359
Objetivos, 359 • Atividade complementar, 359 • Projeto interdisciplinar, 359 • Sugestões bibliográficas, 360
Comentários e respostas das atividades ...............................................................................................................................................361
Capítulo 11 • Organização da produção agropecuária ..................................................................................................... 361
Capítulo 12 • A agropecuária no Brasil ..................................................................................................................................362
Textos de apoio ............................................................................................................................................................................................ 365
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Manual do Professor291
Caros Professores
Nesta edi??o do livro do aluno, al?m da completa atualiza??o iconogr?fica e de dados
estat?sticos (com base nas fontes mais confi?veis e recentes dispon?veis), elaboramos novos
mapas, gr?ficos e infogr?ficos. Fizemos tamb?m uma reorganiza??o dos cap?tulos. No volu‑
me 1, elaboramos um cap?tulo introdut?rio para tratar de aspectos te?rico‑metodol?gicos
da Geografia. No volume 2, fizemos uma condensa??o e agora a Unidade 2, que trata da
ind?stria no mundo, ficou com quatro cap?tulos. Al?m disso, criamos uma nova Unidade de
com?rcio e servi?os no mundo, na qual aparece um cap?tulo in?dito sobre servi?os interna‑
cionais. Esse tema tamb?m foi abordado em Brasil, na Unidade 1 do volume 3.
Acreditamos que um livro atratente e a diversifica??o de recursos did?ticos contribuem
para um aprendizado motivador e significativo. Em conson?ncia com o complexo e multifa‑
cetado mundo em que vivemos, ? preciso incorporar novas tecnologias e diferentes linguagens
ao trabalho docente no cotidiano da sala de aula.
Nesse sentido, este Manual do Professor tem o objetivo de oferecer subs?dios e sugest?es
para o seu trabalho docente. Fica a seu crit?rio selecionar e articular os que s?o mais ade‑
quados ?s possibilidades e aos objetivos do seu curso.
No texto Estrutura da coleção, explicitaremos como a cole??o est? dividida e detalharemos
as se??es que a comp?em. Nos textos de 2 a 4 deste Manual ser?o abordadas quest?es sobre
ensino de Geografia, documentos curriculares e avalia??o.
Esperamos que este Manual seja ?til em seu trabalho e desde j? estamos abertos a cr?‑
ticas e sugest?es para o aperfei?oamento do livro do aluno e tamb?m deste material de apoio
que o acompanha.
Bom trabalho!
Os Autores
Elder Vieira Salles/Shutterstock/Glow Images
Museu de Arte Contempor?nea
de Niter?i (RJ), em 2013.
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Manual do Professor292
Apresenta•‹o da obra
A cole•‹o
Estrutura da cole•‹o
Esta cole??o ? composta de tr?s volumes, um para cada
ano do Ensino M?dio.
O primeiro volume do livro do aluno inicia ‑se com uma
breve introdu??o ? teoria da Geografia. De forma sint?tica
busca discutir os principais conceitos e correntes te?rico‑
‑metodol?gicas da Geografia, assim como um pouco da his‑
t?ria do pensamento geogr?fico. Logo em seguida vem o es‑
tudo da Cartografia, em raz?o da import?ncia de seu
conhecimento para a leitura de mapas, cartas, plantas e di‑
versos tipos de gr?ficos que aparecem em toda a cole??o. O
dom?nio da linguagem cartogr?fica ? essencial para o estudo
dos temas geogr?ficos. Ap?s o estudo da Cartografia, o volu‑
me 1 apresenta os temas da Geografia f?sica, diversos proble‑
mas ambientais ? globais, regionais e locais ?, legisla??o am‑
biental e as confer?ncias internacionais sobre meio ambiente.
Dessa forma, as rela??es entre sociedade e natureza s?o ana‑
lisadas com os processos naturais pr?prios da Geografia f?sica.
O volume 2 se inicia com os estudos de economia, geo‑
pol?tica e sociedade no mundo contempor?neo, como for‑
ma??o do capitalismo e revolu??o informacional, globaliza‑
??o, desenvolvimento humano, geopol?tica do p?s ‑Segunda
Guerra Mundial e p?s ‑Guerra Fria, conflitos armados no
mundo. O estudo desses temas ? fundamental para a com‑
preens?o das unidades tem?ticas seguintes, tanto no volu‑
me 2, que trata do processo de industrializa??o nos princi‑
pais grupos de pa?ses, os servi?os e o com?rcio internacional,
como no volume 3, que aborda a industrializa??o, os servi‑
?os e a pol?tica econ?mica no Brasil, a produ??o e consumo
de energia, a geografia da popula??o, o espa?o urbano e o
espa?o agr?rio no Brasil e no mundo.
Al?m do texto dissertativo, utilizamos outras linguagens
nesta cole??o: fotografias, pinturas, quadrinhos, charges,
tabelas, mapas e plantas, gr?ficos, imagens a?reas e de sa‑
t?lite ? todos esses elementos s?o importantes instrumen‑
tos para a compreens?o das diferentes dimens?es e confi‑
gura??es do espa?o em diversas escalas geogr?ficas. Vale
ressaltar que procuramos valorizar as imagens.
? importante o trabalho com as diferentes linguagens,
tanto os diferentes g?neros textuais quanto as diversas
fontes visuais, essenciais para a an?lise geogr?fica, pois
permitem aos alunos lidar com os conceitos espec?ficos
da Geografia e desenvolver habilidades que lhes
possibilitem compreender a organiza??o do espa?o. A
utiliza??o de diversos recursos did?ticos, como v?deos,
m?sicas, internet, jornais e revistas, atlas, maquetes,
observa??o da paisagem e estudo do meio, etc., instiga os
alunos e favorece o aprendizado.
Os volumes est?o divididos em unidades tem?ticas des‑
dobradas em cap?tulos. Os temas s?o introduzidos por um
texto que sintetiza o conte?do que ser? trabalhado. No in?‑
cio de cada cap?tulo h? tamb?m uma fotografia que ocupa
a p?gina inteira e busca representar o assunto a ser tratado.
Considerando a proposta te?rico ‑metodol?gica do edu‑
cador norte ‑americano David Ausubel, essas fotografias
podem ser utilizadas como um organizador pr?vio dos te‑
mas a serem abordados. Ap?s a abertura do cap?tulo, algu‑
mas perguntas provocativas relacionadas aos assuntos
convidam os alunos a estudar. Essas imagens que iniciam
os cap?tulos podem ser utilizadas para problematizar de
maneira introdut?ria o tema a ser abordado, e levantar o
conhecimento pr?vio dos alunos sobre esse assunto. Segun‑
do Ausubel (2003), para que a aprendizagem aconte?a de
forma significativa, al?m de uma estrutura cognitiva relati‑
vamente organizada ? fundamental que o aluno tenha in‑
teresse em aprender.
Ao longo dos cap?tulos h? tabelas e gr?ficos recentes,
atualizados at? o primeiro semestre de 2016. Aparecem
tamb?m as se??es Para saber mais e Outras leituras, que s?o
boxes complementares com textos dos pr?prios autores no
primeiro, e com transcri??es de produ??es de outros autores
no segundo. Essas se??es permitem um contato com dife‑
rentes tipos de textos relacionados ao assunto abordado,
seja de Geografia, seja de outras disciplinas. ? importante
destacar a parte iconogr?fica, que procura oferecer mapas
e imagens atraentes e atuais, articuladas ao texto, que au‑
xiliam os alunos durante a leitura, tornando ‑a mais interes‑
sante, e facilita a compreens?o da realidade multidisciplinar.
Alguns cap?tulos apresentam infográficos e sínteses his-
tóricas. Os infográficos trazem informa??es sobre um tema
espec?fico de maneira mais instigante, que articulam dife‑
rentes linguagens, como textos dos autores e de terceiros,
mapas, tabelas, gr?ficos, ilustra??es e fotos. Muitos alunos
j? est?o familiarizados com esse tipo de linguagem da co‑
munica??o visual, mas nem sempre s?o capazes de decodi‑
ficar as conven??es e os s?mbolos utilizados. Esse exerc?cio
de decodifica??o pode ser feito aproveitando o interesse
que normalmente os alunos t?m pelo uso de computadores,
meio em que se destaca esse tipo de linguagem. Alguns
temas da Geografia, como capitalismo e ind?stria, para se‑
rem mais bem compreendidos exigem uma no??o de pro‑
cesso, portanto, demandam uma breve retomada da Hist?‑
ria. Isso foi contemplado na se??o S’ntese hist—rica, que,
como o t?tulo indica, busca sintetizar em textos curtos,
mapas, dados estat?sticos e fotografias alguns aspectos
hist?ricos essenciais acerca do tema tratado.
Ao longo do livro um glossário traz explica??es de termos
destacados no texto e auxilia na compreens?o das tem?ti‑
cas tratadas. Os verbetes aparecem pr?ximo da palavra
usada no texto. Tamb?m h? Sugestões de leitura, filmes e
1
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Manual do Professor293
sites. As chamadas aparecem ao longo de cada volume e,
no final de cada um deles, encontram ‑se as indica??es, em
ordem alfab?tica, com as respectivas sinopses. Reunimos
indica??es de livros que permitem aprofundar os temas
tratados e de sites confi?veis, que poder?o auxiliar os alunos
em pesquisas e/ou na complementa??o do estudo. Quanto
aos filmes e document?rios, s?o um recurso did?tico muito
enriquecedor para as aulas de Geografia e ? interessante
utiliz? ‑los sempre que poss?vel para familiarizar os alunos
com esse tipo de linguagem e possibilitar o acesso ? produ‑
??o cultural, fundamental para a compreens?o da realidade.
Em cada volume foram inseridas tr?s se??es Dialogando
com as disciplinas, na qual algum tema significativo tratado
no livro ? abordado de forma interdisciplinar com o aporte
de conhecimentos de outros componentes do curr?culo.
Al?m dessa se??o, toda vez que houver alguma abordagem
interdisciplinar ao longo dos cap?tulos isso ser? sinalizado
com um ?cone. Exemplos: Dialogando com História, Filosofia,
Física, Biologia, Língua Portuguesa, etc.
No fim de cada cap?tulo, encontra ‑se uma se??o de ati‑
vidades dividida em dois blocos: Compreendendo conteúdos
e Desenvolvendo habilidades. O primeiro tem como objetivo
retomar e fixar aspectos fundamentais dos conte?dos de‑
senvolvidos no decorrer do cap?tulo ? conceitos da Geogra‑
fia e de outras Ci?ncias Humanas, informa??es e conheci‑
mentos ?, com base na proposi??o de quest?es que
permitam aos alunos analisar de modo reflexivo os temas
estudados. O segundo ? composto de atividades conceituais,
procedimentais e atitudinais que procuram desenvolver
uma s?rie de conhecimentos, compet?ncias e habilidades
? como leitura e interpreta??o de textos; desenvolvimento
de pesquisas (individual e em grupo); an?lise de mapas,
gr?ficos e tabelas; reflex?o, argumenta??o e posicionamen‑
to cr?tico; criatividade e elabora??o de textos ?, al?m de
buscar articular a teoria com a pr?tica cotidiana dos alunos.
Para a elabora??o das atividades do bloco Desenvolvendo
habilidades, levamos em considera??o a Matriz de referência
para o Enem, que pode ser consultada na p?gina 298.
As atividades propostas n?o s?o extensas nem em n?‑
mero exagerado, o que permite dos? ‑las de acordo com a
carga hor?ria de seu curso e complement? ‑las, se necess?rio,
com outras atividades sugeridas neste Manual.
No fim de cada Unidade inclu?mos a se??o Vestibulares
de Norte a Sul, com testes e quest?es dos vestibulares apli‑
cados nas principais universidades de todo o pa?s, que visa
iniciar a prepara??o dos alunos para os exames a que ser?o
submetidos em sua jornada. H? tamb?m a se??o Caiu no
Enem, que apresenta uma colet?nea de exerc?cios do Exame
Nacional do Ensino M?dio at? 2015. Esta cole??o apresenta
ainda a se??o Pensando no Enem, presente em diversos ca‑
p?tulos, sempre interagindo com algum assunto mais per‑
tinente e/ou interessante de ser ressaltado. Essas se??es
permitem aos alunos familiarizar‑se com a forma de abor‑
dagem dos conte?dos realizada nessas avalia??es.
Ao fim de cada volume constam as refer?ncias biblio‑
gr?ficas, na qual listamos as principais obras utilizadas na
elabora??o do livro. Essa bibliografia pode auxiliar tanto o
professor como os alunos em pesquisas sobre determinados
temas ou na amplia??o de conhecimentos.
Fundamenta??o
te?rico ‑metodol?gica
Como vimos, cada volume da cole??o est? estruturado
em Unidades tem?ticas, subdivididas em cap?tulos, que se
desenvolvem com base em uma abordagem cr?tica dos con‑
te?dos. A concep??o te?rico ‑metodol?gica adotada tem um
car?ter epistemol?gico interdisciplinar que leva em conta
as rela??es espa?o ‑temporais e as rela??es sociais em diver‑
sas escalas geogr?ficas e com a natureza.
As atividades tamb?m s?o propostas de forma a ga‑
rantir uma progress?o em dire??o a aprendizagens sig‑
nificativas de maior complexidade. A pr?pria sequ?ncia
da se??o Atividades reflete isso: em um primeiro momen‑
to, em Compreendendo conteúdos, busca ‑se retomar e
fixar os principais cont?udos do cap?tulo, para depois
trabalhar diferentes compet?ncias e habilidades, em De-
senvolvendo habilidades.
Ao considerar o espa?o geogr?fico como uma cons‑
tru??o hist?rico ‑social, a cole??o utiliza, em muitos mo‑
mentos, uma abordagem hist?rica para a compreens?o
do mundo atual. S?o apresentados conte?dos e ativida‑
des que constituem instrumento importante para o en‑
tendimento da rela??o entre as sociedades e sua rela??o
com a natureza. Privilegiando o espa?o geogr?fico como
objeto de conhecimento da Geografia, a cole??o ainda
busca explicitar os processos que atuam sobre o territ?‑
rio, entendido como espa?o produzido e apropriado pelas
sociedades humanas.
O desenvolvimento dos conte?dos aponta para a
compreens?o dos processos que atuam na organiza??o
do espa?o ? esses processos s?o sociais, mas isso n?o
exclui a considera??o dos fen?menos naturais. A diver‑
sidade dos recursos naturais, sua desigual distribui??o
pelo planeta e seu significado para a sociedade, em qual‑
quer ?poca hist?rica, devem sempre ser considerados
quando se pretende conhecer as vari?veis que explicam
a organiza??o do espa?o. Assim, a natureza ? analisada
sob a perspectiva do desvendamento dos mecanismos
pr?prios de seu funcionamento e de seu sentido e signi‑
ficado expressos pelas formas de transforma??o e apro‑
pria??o pela sociedade.
Com isso, esperamos que, ao longo dos tr?s volumes des‑
ta cole??o, a rela??o sociedade ‑natureza seja compreendida
n?o apenas como uma intera??o entre os seres humanos e
os elementos da natureza. O objetivo ? compreender que, no
processo de produ??o de sua exist?ncia, que ? tamb?m o
processo de produ??o do espa?o geogr?fico, os seres huma‑
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Manual do Professor294
nos estabelecem entre si rela??es de ordem social, pol?tica,
econ?mica e cultural que ir?o mediar e, portanto, de alguma
forma, condicionar a maneira como as sociedades
apropriam ‑se da natureza.
Os conceitos de espaço geográfico, paisagem, lugar,
território e região s?o desenvolvidos na Introdu??o e utili‑
zados ao longo da cole??o de forma articulada aos conte?‑
dos. Assim, eles ganham sentido e significado, sobretudo
nos momentos de an?lises que contemplam quest?es am‑
bientais, rela??es econ?micas, sociais, geopol?ticas, etc.
Considerando que os conceitos s?o uma representa??o do
real constru?da pelo pensamento, a perspectiva metodol?‑
gica desta obra encara a operacionaliza??o dos conceitos
como ferramenta de an?lise em diferentes contextos e,
sempre que poss?vel, com refer?ncia ? realidade mais pr?‑
xima dos alunos, ou seja, ao lugar que vivem.
O enfoque te?rico ‑metodol?gico do processo de ensino
e aprendizagem valoriza os conhecimentos pr?vios dos alu‑
nos, sua participa??o ativa na elabora??o do conhecimento
escolar, no desenvolvimento de suas pr?prias capacidades de
aprender e em sua inser??o cr?tica e participativa na socieda‑
de. A perspectiva ? incentivar a autonomia, a reflex?o e a
express?o do pensamento dos alunos em seu di?logo com o
conhecimento e com o mundo em que est?o inseridos.
O conjunto de textos e atividades sugerido oferece
oportunidades para a amplia??o da capacidade cognitiva
dos alunos, por meio de diversas habilidades, como an?‑
lise, interpreta??o, compara??o, explica??o, argumenta‑
??o, problematiza??o de conte?dos em trabalhos investi‑
gativos, produ??o de textos, debates, etc. Al?m disso, em
v?rios momentos os alunos s?o convidados a se posicionar
sobre a realidade em que vivem, muitas vezes comparan‑
do ideias conflitantes.
Estrutura deste Manual do Professor
Este Manual do Professor destina ‑se a auxiliar a pr?tica
docente. Al?m dos textos introdut?rios e dos textos sobre o
ensino de Geografia e avalia??o, ele apresenta uma se??o com
Atividades integradoras de Ciências Humanas, que oferece:
• sugest?es de projetos interdisciplinares com temas rela‑
cionados ?s quatro disciplinas que comp?em essa ?rea
do conhecimento;
• geralmente, esses projetos apresentam a seguinte orga‑
niza??o: Introdu??o, Objetivos, Conte?dos, Tempo esti‑
mado, Desenvolvimento das atividades, Avalia??o, Bi‑
bliografia para o professor e Indica??es de fontes para
os alunos.
Apresenta tamb?m a se??o Metas e orientações por Uni-
dade, que oferece, para cada tema desenvolvido no livro, os
seguintes materiais:
• objetivos;
• atividades complementares que visam desenvolver com‑
pet?ncias e habilidades;
• projetos interdisciplinares com base em uma quest?o‑
‑tema, possibilitando ao professor o di?logo com pratica

mente todas as disciplinas do curr?culo escolar;
• sugest?es de bibliografia para aprofundamento dos te‑
mas abordados (e em alguns casos, tamb?m de endere?os
eletr?nicos);
• coment?rios e respostas das atividades, separadas por
cap?tulo;
• respostas das quest?es de vestibulares e de Enem;
• textos de apoio com tem?ticas imbricadas ?s da Unidade,
que visam a forma??o continuada do professor.
Ao final desta parte do Manual, encontram‑se ainda
artigos escritos por especialistas em educa??o.
Ensinar e aprender Geografia
Vivemos em uma sociedade na qual h? uma crescente
multiplicidade de informa??es e linguagens com as quais
temos de lidar, como resultado da revolu??o tecnol?gica
respons?vel pela difus?o e rapidez dos meios de comunica‑
??o. Mas isso n?o coincide com a inser??o cr?tica da maioria
dos indiv?duos nessa sociedade, uma vez que geralmente
esses indiv?duos t?m de lidar com uma enorme quantidade
de informa??es distintas, descontextualizadas e fragmen‑
tadas. Essa situa??o dificulta o estabelecimento de rela??es
entre as informa??es e a constru??o do conhecimento.
A escola tem o importante papel de conferir sentido e
significado a esse conjunto vasto de informa??es e de pro‑
mover um processo de reflex?o, decodifica??o, an?lise e
interpreta??o, al?m de permitir aos alunos a apropria??o
das v?rias modalidades de linguagem e diversos g?neros
textuais presentes nos meios de comunica??o. Nesse sen‑
tido, ? fundamental trabalhar com linguagens pr?prias do
universo juvenil, e o livro procura fazer isso quando poss?vel.
No ?mbito da educa??o escolar, essa situa??o tem implica‑
do cada vez mais novas e distintas formas de aprender e
ensinar. Assim, ? importante assinalar a centralidade do
trabalho docente na busca de metodologias e pr?ticas di‑
d?ticas capazes de permitir a apropria??o e a socializa??o
do saber ? principal tarefa da escola.
Por ser um lugar de reflex?o sobre a realidade ? seja
local, regional, nacional ou mundial ?, a escola ? um espa?o
privilegiado para auxiliar os alunos a construir uma vis?o
cr?tica, organizada e articulada do mundo. N?s, professores
de Geografia, temos papel essencial nesse processo, j? que
o conhecimento com o qual trabalhamos permite aos alunos
elaborar uma leitura cr?tica da pr?tica social na qual est?o
inseridos no territ?rio em que habitam.
A Geografia contempor?nea tem privilegiado o conhe‑
cimento sobre o espa?o em diferentes escalas de an?lise.
2
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Manual do Professor295
Como disciplina escolar, prepara os alunos para a leitura e
a compreens?o do espa?o geogr?fico, entendido como
constru??o hist?rico ‑social fruto das rela??es estabelecidas
entre as pessoas de uma sociedade e desta com a nature‑
za. Mas ? preciso lembrar que, durante muito tempo, o
ensino da disciplina foi marcado por uma abordagem des‑
critiva e mnem?nica. Foi apenas a partir dos anos 1980
que ele passou por uma renova??o, processo pelo qual a
Geografia como disciplina cient?fica j? havia passado na
d?cada de 1970.
1
A revis?o do ensino de Geografia fez parte, naquele mo‑
mento, de um movimento de renova??o curricular cujos
esfor?os centravam ‑se na melhoria da qualidade do ensino,
que passou necessariamente por uma revis?o dos conte?dos
e das formas de ensinar e aprender as diferentes disciplinas
do curr?culo da escola b?sica.
Na realidade, esse processo ainda est? em curso, pois ?
sempre importante refletir sobre a pr?tica docente, na pers‑
pectiva de um movimento constante de renova??o pedag?

gica. No que diz respeito ao processo de ensino e aprendi‑
zagem, h? muitas quest?es a considerar, entre elas a
necessidade de conferir sentido e significado aos conte?dos
ensinados/constru?dos. Portanto, ? importante superar a
ideia do professor visto apenas como transmissor do conhe‑
cimento e entender os conte?dos como meios e n?o como
fins did?ticos. Mais do que aprender conte?dos, importa
que os alunos consigam realizar uma apropria??o cr?tica e
reflexiva da realidade ? e os conte?dos escolares s?o os
meios para essa apropria??o.
Considerando que o conhecimento ? constru?do pelo
sujeito ? em nosso caso, os alunos ?, em sua rela??o com os
outros e com o mundo, ? necess?rio que os conte?dos sejam
pensados e reelaborados pelos alunos para se constituir em
conhecimento apropriado por eles. Assim, ? preciso desen‑
volver as compet?ncias de ler o mundo e pensar sobre ele,
assim como a capacidade de elabora??o pr?pria.
Aprender a pensar ? uma estrat?gia fundamental para
potencializar a compet?ncia cognitiva. Na pr?tica pedag?‑
gica, s?o in?meras as possibilidades de despertar o interes‑
se dos alunos pelo conhecer e pelo desvendar; mas para isso
? necess?rio mobiliz? ‑los, acompanhando ‑os e colaborando
para que eles apreendam/construam o conhecimento at?
chegarem a elaborar e a expressar a s?ntese do que com‑
preenderam. Segundo Marina (1995), compreender ?
apreender o novo com o que j? ? conhecido; da? a import?n‑
cia de se considerar o conhecimento pr?vio dos alunos como
ponto de partida para uma aprendizagem significativa,
como sugere Ausubel (2003). Vale lembrar que as novas
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL,
2012), corroborando as ideias deste autor, defendem no
artigo 16, inciso III, ?a aprendizagem como processo de apro‑
pria??o significativa dos conhecimentos, superando a apren‑
dizagem limitada ? memoriza??o.?
Vasconcellos (1992) exp?e de maneira interessante
como se d? o movimento do pensamento no processo de
elabora??o do conhecimento, constitu?do por tr?s momen‑
tos: parte do sincr?tico, passa pelo anal?tico at? chegar ao
sint?tico. A s?ncrese corresponde ao momento no qual os
alunos t?m uma vis?o confusa, indeterminada e fragmen‑
tada do mundo. Ela ? seguida pela an?lise, que ? um movi‑
mento do pensamento no sentido da compreens?o da rea‑
lidade, desdobrando seus elementos e entendendo a parte
como fragmento do todo. Finalmente vem a s?ntese, resul‑
tado da integra??o dos conhecimentos parciais em um todo
org?nico e l?gico, estabelecer rela??es e identificar os nexos
que explicam uma dada realidade.
No processo de aprendizagem, a an?lise e a s?ntese cor‑
respondem a um momento de desenvolvimento procedimen‑
tal, quando os alunos realizam uma pesquisa ou um estudo
individual. Al?m de elaborar mentalmente, ? importante que
eles expressem materialmente essa s?ntese (ainda que pro‑
vis?ria), sob a forma de exposi??o oral, texto argumentativo,
mural, etc., para que o professor possa acompanhar o proces‑
so de elabora??o de seu conhecimento.
A cole??o apresenta v?rios momentos em que o conhe‑
cimento dos alunos pode ser elaborado e expresso. Por
exemplo, na se??o Atividades, ou at? mesmo nas atividades
sugeridas neste Manual do Professor. Esses s?o momentos
que possibilitam aos alunos passar pelas etapas de obser‑
va??o, an?lise, interpreta??o e sistematiza??o do conheci‑
mento adquirido, bem como por sua express?o material,
como sugere Celso Vasconcellos.
Qual a necessidade de expressão material do co-
nhecimento? De um lado, é para possibilitar a inte-
ração social (possíveis correções/interações); por
outro, é para melhor determinar a síntese, na medi-
da em que, quando está na cabeça, pode ainda incor-
rer em certo grau de generalidade, de abstração, ao
passo que na medida em que se realiza a exposição
material, o sujeito se obriga a uma formatação, a
uma concretização, a uma sintetização conclusiva,
específica. Pode acontecer de a expressão material
(fala, escrita, etc.) ser simples reprodução da síntese
mental (o que significa que ela foi feita com bom
grau de concretude), mas frequentemente o que
ocorre é que, no momento da exposição, o sujeito
apercebe se que as relações, as articulações não estão
tão claras assim. Desprezar a exposição material se-
ria supervalorizar a elaboração mental do indivíduo,
além de negar a possibilidade de reconstrução e de
interação social. (VASCONCELLOS, 1992.)
1
Para mais informações sobre o movimento de renovação da Geografia universitária, consultar: MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história
crítica. 20. ed. São Paulo: Annablume, 2005.
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Manual do Professor296
? nesse processo de elabora??o do conhecimento,
principalmente nos momentos de s?ntese, ainda que
aproximativa, que os alunos exercitam a compet?ncia de
elabora??o pr?pria e tendem a se sentir mais seguros e con‑
fiantes diante dos novos conhecimentos. O livro did?tico
tem papel importante nesse processo, sobretudo quando o
professor estabelece uma conviv?ncia produtiva, em um
constante di?logo com a realidade em escala local, regional,
nacional e global. Isso quer dizer que nenhum material di‑
d?tico por si s? ? capaz de dar conta de uma aprendizagem
significativa e eficaz, sendo necess?rio reconhecer a centra‑
lidade do professor nesse processo. Assumir a responsabi‑
lidade pela condu??o da aprendizagem requer do professor
um exerc?cio permanente de investiga??o e reflex?o sobre
sua pr?tica, como afirma N?dia Pontuschka e colegas.
Se considerarmos a docência como atividade in-
telectual e prática, revela- se necessário ao professor
estabelecer cada vez maior intimidade com o proces-
so investigativo, uma vez que os conteúdos com os
quais trabalha são construções teóricas fundamen-
tadas na pesquisa científica. Assim, sua prática peda-
gógica requer de si reflexão, crítica e constante criação
e recriação do conhecimento e das metodologias de
ensino, o que pressupõe uma atividade de investiga-
ção e reflexão permanentes. (PONTUSCHKA; PAGA-
NELLI; CACETE, 2007.)
Fica claro que a iniciativa e a profissionalidade do profes‑
sor s?o essenciais no processo de ensino ‑aprendizagem. As
tarefas educativas requerem autonomia e responsabilidade
docente, al?m de um conjunto de habilidades, conhecimen‑
tos e valores que permitam ao professor lidar com as singu‑
laridades das situa??es educativas pr?prias de cada lugar.
Por fim, gostar?amos de destacar que esta cole??o
volta ‑se para o Ensino M?dio, portanto, para estudantes
que atravessam um processo de amplia??o e exerc?cio dos
racioc?nios abstratos, sendo fundamental auxili? ‑los a de‑
duzir, inferir, elaborar hip?teses e estabelecer rela??es.
Assim como estimular a discuss?o conjunta e participati‑
va, ? interessante desafi?‑los a encontrar e produzir solu‑
??es para determinado tema ou problema. Considerando
a adolesc?ncia como uma etapa marcada tamb?m por
questionamentos, inseguran?as e expectativas, ? impor‑
tante que a escola crie oportunidades para manifesta??es
culturais, express?es de ideias, debates, eventos e ?inven‑
tos? criativos (jornal, mural, feiras, gincanas, dia/semana
do aluno, cria??o de gr?mios/associa??es estudantis, ?in‑
ventos? da Qu?mica, da F?sica, estudos do meio, debates
com temas como sexualidade, drogas, etc.), propiciando a
participa??o e buscando atender a algumas das in?meras
demandas dos alunos nessa faixa et?ria e estimular a plu‑
ralidade de pensamento. Nessas atividades ? importante,
sempre que poss?vel, valorizar tem?ticas e linguagens pr?‑
prias do mundo e da cultura juvenil.
Referenciais curriculares para o Ensino MŽdio
A partir dos anos 1980, os governos de muitos estados
da federa??o elaboraram referenciais curriculares para seus
sistemas de ensino.
A intenção prioritária era melhorar a qualidade
do ensino oferecido na escola pública e reduzir as
altas taxas de repetência e evasão escolar que pena-
lizavam, dominantemente, as crianças das camadas
populares. Procurava- se, também, incentivar a par-
ticipação da comunidade escolar nas decisões, de
forma a superar- se o autoritarismo de reformas an-
teriores, com frequências impostas de “cima para
baixo”. (MOREIRA, 2000.)
Entretanto, essas propostas de reestrutura??o curricu‑
lar n?o se revelaram suficientes para nortear as mudan?as
esperadas na pr?tica pedag?gica da escola, sobretudo no
?mbito do Ensino Fundamental. J? o Ensino M?dio, que
sempre sofreu certa indefini??o ? ora tinha car?ter prope‑
d?utico, ora profissionalizante ?, s? mais recentemente
tem sido alvo de maior preocupa??o no ?mbito das pol?ti‑
cas p?blicas no campo curricular.
Nos anos 1990, com a aprova??o da Lei de Diretrizes e
Bases da Educa??o Nacional (LDB ? Lei 9394/96), coube ao
Estado na esfera federal encaminhar uma base comum que
organizasse o sistema de ensino e favorecesse a unidade na‑
cional. Os Par?metros Curriculares Nacionais do Ensino M?dio
(PCNEM), lan?ados em 1999, inovaram muitos dos procedimen‑
tos did?tico ‑pedag?gicos, principalmente no que diz respeito ?
concep??o de conte?dos, que passaram a considerar o desen‑
volvimento de compet?ncias e habilidades. O foco do curr?culo
voltou ‑se para a aprendizagem dos alunos em sua dimens?o
individual e coletiva, assim como cognitiva, social e cultural.
A formação básica a ser buscada no Ensino Médio
realizar- se- á mais pela constituição de competências,
habilidades e disposições de condutas do que pela
quantidade de informação. Aprender a aprender e a
pensar, a relacionar o conhecimento com dados da
experiência cotidiana, a dar significado ao aprendido
e captar o significado do mundo, a fazer a ponte entre
teoria e prática, a fundamentar a crítica, a argumen-
tar com base em fatos, a lidar com o sentimento que
a aprendizagem desperta. (BRASIL, 1999, 2002.)
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Manual do Professor297
Para esse prop?sito, os PCNEM conclamam o car?ter
interdisciplinar e contextualizado da aprendizagem, ou seja,
a interdisciplinaridade como uma pr?tica pedag?gica pau‑
tada pelo constante di?logo entre as diferentes ?reas do
conhecimento e buscando permanentemente a rela??o
entre os conte?dos e seus contextos, tornando a aprendi‑
zagem significativa ao associ? ‑la com experi?ncias da vida
cotidiana do aluno.
As Orienta??es Curriculares para o Ensino M?dio (OCEM),
publicadas em 2006, buscam dar identidade a essa etapa
da escolaridade b?sica:
A institucionalização do Ensino Médio integrado
à educação profissional rompeu com a dualidade que
historicamente separou os estudos preparatórios para
a educação superior da formação profissional no Bra-
sil e deverá contribuir com a melhoria da qualidade
nessa etapa final da educação básica. (BRASIL, 2006.)
As OCEM atualizam os PCNEM, portanto, seguem os
mesmos princ?pios, em uma abordagem que privilegia as
compet?ncias e habilidades. Veja como elas est?o definidas
em Geografia.
Competências e habilidades para a Geografia no Ensino Médio
Competências Habilidades
• Capacidade de operar com os conceitos básicos
da Geografia para an?lise e representa??o do
espa?o em suas m?ltiplas escalas.
• Capacidade de articulação dos conceitos.
• Articular os conceitos da Geografia com observação, descrição,
organiza??o de dados e informa??es do espa?o geogr?fico considerando
as escalas de an?lise.
• Reconhecer as dimensões de tempo e espaço na análise geográfica.
• Capacidade de compreender o espaço
geogr?fico a partir das m?ltiplas intera??es
entre sociedade e natureza.
• Analisar os espaços considerando a influência dos eventos da natureza e
da sociedade.
• Observar a possibilidade de predomínio de um ou de outro tipo de
origem do evento.
• Verificar a inter-relação dos processos sociais e naturais na produção e
organiza??o do espa?o geogr?fico em suas diversas escalas.
• Domínio de linguagens próprias à análise
geogr?fica.
• Identificar os fenômenos geográficos expressos em diferentes
linguagens.
• Utilizar mapas e gráficos resultantes de diferentes tecnologias.
• Reconhecer variadas formas de representação do espaço: cartográfica e
tratamentos gr?ficos, matem?ticos, estat?sticos e iconogr?ficos.
• Capacidade de compreender os fenômenos
locais, regionais e mundiais expressos por suas
territorialidades, considerando as dimens?es
de espa?o e tempo.
• Compreender o papel das sociedades no processo de produção do
espa?o, do territ?rio, da paisagem e do lugar.
• Compreender a importância do elemento cultural, respeitar a
diversidade ?tnica e desenvolver a solidariedade.
• Capacidade de diagnosticar e interpretar os problemas sociais e
ambientais da sociedade contempor?nea.
• Estimular o desenvolvimento do espírito
cr?tico.
• Capacidade de identificar as contradições que se manifestam
espacialmente, decorrentes dos processos produtivos e de consumo.
BRASIL. Minist?rio da Educa??o. Secretaria de Educa??o B?sica. Ciências Humanas e
suas tecnologias. Bras?lia: MEC; SEB, 2006. (Orienta??es curriculares para o Ensino M?dio; v. 3). p. 45.
Outro referencial importante para o segmento de ensi‑
no ? o Exame Nacional do Ensino M?dio (Enem), criado em
1998 pelo Minist?rio da Educa??o (MEC) para avaliar as
compet?ncias e habilidades desenvolvidas pelos alunos que
est?o concluindo ou j? conclu?ram o Ensino M?dio. Atual‑
mente, o Enem ? o principal instrumento de sele??o para
as universidades federais e muitas estaduais. In?meras uni‑
versidades p?blicas do pa?s t?m considerado seus resultados
para compor a nota final em seus vestibulares e, mais re‑
centemente, algumas, como as universidades federais, con‑
sideram apenas o Enem para selecionar o ingresso de seus
alunos. Isso ? feito por meio do Sistema de Sele??o Unifica‑
da (Sisu), sistema informatizado do MEC, em que as univer‑
sidades p?blicas oferecem vagas a canditados que presta‑
ram o Enem. O Programa Universidade para Todos (ProUni),
do governo federal, concede bolsas de estudo a alunos de
universidades privadas e tamb?m utiliza o Enem como re‑
fer?ncia.
A matriz de refer?ncia para o Enem destaca um conjun‑
to de cinco eixos cognitivos comuns a todas as ?reas do
conhecimento ? dominar linguagens; compreender fen?‑
menos; enfrentar situa??es ‑problema; construir argumen‑
ta??o; elaborar propostas ? e seis compet?ncias fundamen‑
tais para a ?rea de Ci?ncias Humanas e suas tecnologias.
Cada uma dessas seis compet?ncias ? dividida em cinco
habilidades, como mostra este quadro.
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Manual do Professor298
Matriz de referência de Ciências Humanas e suas Tecnologias
Competência de área Habilidades
1. Compreender os elementos
culturais que constituem as
identidades.
H1 ? Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de
aspectos da cultura.
H2 ? Analisar a produ??o da mem?ria pelas sociedades humanas.
H3 ? Associar as manifesta??es culturais do presente aos seus processos hist?ricos.
H4 ? Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto
da cultura.
H5 ? Identificar as manifesta??es ou representa??es da diversidade do patrim?nio cultural
e art?stico em diferentes sociedades.
2. Compreender as
transforma??es dos espa?os
geogr?ficos como produto
das rela??es
socioecon?micas e culturais
de poder.
H6 ? Interpretar diferentes representa??es gr?ficas e cartogr?ficas dos espa?os geogr?ficos.
H7 ? Identificar os significados hist?rico‑geogr?ficos das rela??es de poder entre as na??es.
H8 ? Analisar a a??o dos estados nacionais no que se refere ? din?mica dos fluxos
populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econ?mico‑social.
H9 ? Comparar o significado hist?rico‑geogr?fico das organiza??es pol?ticas e
socioecon?micas em escala local, regional ou mundial.
H10 ? Reconhecer a din?mica da organiza??o dos movimentos sociais e a import?ncia da
participa??o da coletividade na transforma??o da realidade hist?rico‑geogr?fica.
3. Compreender a produ??o e o
papel hist?rico das
institui??es sociais, pol?ticas
e econ?micas, associando‑as
aos diferentes grupos,
conflitos e movimentos
sociais.
H11 ? Identificar registros de pr?ticas de grupos sociais no tempo e no espa?o.
H12 ? Analisar o papel da justi?a como institui??o na organiza??o das sociedades.
H13 ? Analisar a atua??o dos movimentos sociais que contribu?ram para mudan?as ou
rupturas em processos de disputa pelo poder.
H14 ? Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos anal?ticos e
interpretativos, sobre situa??o ou fatos de natureza hist?rico‑geogr?fica acerca das
institui??es sociais, pol?ticas e econ?micas.
H15 ? Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, pol?ticos, econ?micos ou ambientais
ao longo da Hist?ria.
4. Entender as transforma??es
t?cnicas e tecnol?gicas e seu
impacto nos processos de
produ??o, no
desenvolvimento do
conhecimento e na vida
social.
H16 ? Identificar registros sobre o papel das t?cnicas e tecnologias na organiza??o do
trabalho e/ou da vida social.
H17 ? Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de
territorializa??o da produ??o.
H18 ? Analisar diferentes processos de produ??o ou circula??o de riquezas e suas
implica??es socioespaciais.
H19 ? Reconhecer as transforma??es t?cnicas e tecnol?gicas que determinam as v?rias
formas de uso e apropria??o dos espa?os rural e urbano.
H20 ? Selecionar argumentos favor?veis ou contr?rios ?s modifica??es impostas pelas
novas tecnologias ? vida social e ao mundo do trabalho.
5. Utilizar os conhecimentos
hist?ricos para compreender
e valorizar os fundamentos
da cidadania e da
democracia, favorecendo
uma atua??o consciente do
indiv?duo na sociedade.
H21 ? Identificar o papel dos meios de comunica??o na constru??o da vida social.
H22 ? Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere ?s mudan?as nas
legisla??es ou nas pol?ticas p?blicas.
H23 ? Analisar a import?ncia dos valores ?ticos na estrutura??o pol?tica das sociedades.
H24 ? Relacionar cidadania e democracia na organiza??o das sociedades.
H25 ? Identificar estrat?gias que promovam formas de inclus?o social.
6. Compreender a sociedade e
a natureza, reconhecendo
suas intera??es no espa?o
em diferentes contextos
hist?ricos e geogr?ficos.
H26 ? Identificar em fontes diversas o processo de ocupa??o dos meios f?sicos e as rela??es
da vida humana com a paisagem.
H27 ? Analisar de maneira cr?tica as intera??es da sociedade com o meio f?sico, levando em
considera??o aspectos hist?ricos e/ou geogr?ficos.
H28 ? Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais em diferentes
contextos hist?rico‑geogr?ficos.
H29 ? Reconhecer a fun??o dos recursos naturais na produ??o do espa?o geogr?fico,
relacionando‑os com as mudan?as provocadas pelas a??es humanas.
H30 ? Avaliar as rela??es entre preserva??o e degrada??o da vida no planeta nas diferentes
escalas.
BRASIL. Minist?rio da Educa??o. Matriz de referência para o Enem 2009. Dispon?vel em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=841‑matriz‑1&category_slug=documentos‑pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 22 fev. 2016.
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Manual do Professor299
Podemos notar nessas orienta??es que o eixo do cur‑
r?culo desloca ‑se de uma concep??o tradicional conteu‑
dista para uma ?nfase nas habilidades e compet?ncias,
valorizando a autonomia intelectual e o pensamento
cr?tico dos alunos. Esta cole??o busca exercitar essas
orienta??es estimulando uma postura participativa sobre
o espa?o geogr?fico em suas diferentes escalas, al?m das
atividades que trabalham as dimens?es conceituais, pro‑
cedimentais e atitudinais do conhecimento. Essas ativi‑
dades procuram valorizar a experi?ncia e o envolvimento
dos alunos para introduzir ou aprofundar conhecimentos,
elaborar s?nteses, formular hip?teses, problematizar te‑
mas da Geografia sob a forma de trabalhos investigativos
individuais ou em grupo.
Outra caracter?stica presente nesses referenciais ? a
valoriza??o do trabalho interdisciplinar, privilegiando as‑
sim o trabalho coletivo na escola. A pr?pria organiza??o
do curr?culo do Ensino M?dio por ?rea (Linguagens, C?digos
e suas tecnologias, Ci?ncias da Natureza, Matem?tica e
suas tecnologias, Ci?ncias Humanas e suas tecnologias)
pressup?e uma concep??o curricular mais abrangente, que
cria possibilidades de um trabalho mais integrado (pelo
menos no ?mbito de cada ?rea). Esta cole??o valoriza a
pr?tica interdisciplinar na se??o Dialogando com as disci-
plinas, no livro do aluno, e projetos interdisciplinares, in‑
dicados neste Manual do Professor. Nesses projetos,
prop?em ‑se situa??es problematizadoras da realidade
articuladas ?s tem?ticas desenvolvidas; contudo, cabe ao
professor a decis?o de utiliz? ‑los em sua pr?tica pedag?‑
gica. A interdisciplinaridade, como m?todo de procedimen

to, parte do princ?pio de que cada uma das disciplinas deve
contribuir para a compreens?o da realidade, que ? sempre
multidisciplinar. Nesse sentido, ? fundamental ressaltar
sua import?ncia como exerc?cio de recomposi??o da tota‑
lidade. Mais do que uma postura metodol?gica, a interdis‑
ciplinaridade constitui ‑se em uma atitude solid?ria e dia‑
l?gica que significa
[?] n?o s? eliminar as barreiras entre as discipli-
nas, mas tamb?m as barreiras entre as pessoas, de
modo que os profissionais da escola busquem alter-
nativas para se conhecerem mais e melhor, troquem
conhecimentos e experi?ncias entre si, tenham hu
-
mildade diante da limita??o do pr?prio saber,
envolvam -se e comprometam-se em projetos comuns,
modifiquem seus h?bitos j? estabelecidos em rela??o
? busca do conhecimento, perguntando, duvidando,
dialogando consigo mesmos. Trata- se, portanto, de
um modo de proceder intelectualmente, de uma pr?-
tica de trabalho cient?fico, profissional, de constru??o
coletiva do conhecimento. (LIB?NEO, 1998.)
Assim, a interdisciplinaridade n?o dilui as disciplinas,
muito pelo contr?rio, as refor?a e as valoriza, mas exige um
trabalho coletivo e colaborativo, o que implica mudan?as
de pr?ticas arraigadas, como afirma Jos? Carlos Lib?neo, e
isso est? claramente colocado no ? 2
o
do artigo 8
o
das Dire-
trizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio:
A organiza??o por ?reas de conhecimento n?o
dilui nem exclui componentes curriculares com es
-
pecificidades e saberes pr?prios constru?dos e siste-
matizados, mas implica no fortalecimento das rela-
??es entre eles e a sua contextualiza??o para
apreens?o e interven??o na realidade, requerendo
planejamento e execu??o conjugados e cooperativos
dos seus professores. (BRASIL, 2012.)
Apesar de sua import?ncia, os trabalhos que envolvem
a intera??o entre os diversos campos do conhecimento, so‑
bretudo na escola b?sica, n?o s?o f?ceis de serem executa‑
dos. Muitas vezes, falta interlocu??o entre os professores
das diferentes disciplinas e apoio da dire??o, faltam espa?os
de di?logo, al?m de estar instalada a tradi??o de trabalhos
individuais, caracterizando uma excessiva especializa??o de
professores voltados apenas ? sua disciplina. Isso impede a
constru??o de uma linguagem comum entre os professores
e a cria??o de uma identidade de educadores preocupados
com a fun??o social da escola. Entretanto, apesar das difi‑
culdades, a constru??o de um trabalho coletivo na escola
sempre ? poss?vel e deve ser estimulada.
Os professores normalmente se re?nem para a realiza‑
??o de atividades conjuntas, como comemora??es, semanas
culturais, etc. Essas a??es podem servir como base para a
elabora??o de projetos mais consistentes, com maior par‑
ticipa??o dos sujeitos sociais da escola. Seria ent?o interes‑
sante conduzir um movimento pedag?gico na escola para
estabelecer temas geradores, eixos tem?ticos ou situa??es‑
‑problema que mobilizassem alunos, professores e a comu‑
nidade rumo a um trabalho colaborativo. H? inclusive am‑
paro legal para adapta??es no curr?culo, uma vez que os PCN
do Ensino M?dio apontam para o estabelecimento de um
eixo integrador para a elabora??o de projetos interdiscipli‑
nares ou como um objeto de conhecimento ou mesmo para
um plano de a??o ou interven??o na realidade. A pr?pria
LDB 9394/96 d? respaldo a isso ao assegurar uma parte
diversificada do curr?culo para poder dar conta da diversi‑
dade dos lugares que comp?em o territ?rio brasileiro e ao
mesmo tempo garantir sua inser??o na din?mica nacional
e global. A LDB prop?e:
Art. 26. Os curr?culos do ensino fundamental e
m?dio devem ter uma base nacional comum, a ser
complementada, em cada sistema de ensino e esta-
belecimento escolar, por uma parte diversificada,
exigida pelas caracter?sticas regionais e locais da so-
ciedade, da cultura, da economia e da clientela. (BRA-
SIL, 1996.)
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Manual do Professor300
As novas DCNEM tamb?m corroboram esse movimen‑
to integrador:
Art. 7
o
A organiza??o curricular do Ensino M?dio
tem uma base nacional comum e uma parte diversi-
ficada que n?o devem constituir blocos distintos, mas
um todo integrado, de modo a garantir tanto conhe-
cimentos e saberes comuns necess?rios a todos os
estudantes quanto uma forma??o que considere a
diversidade e as caracter?sticas locais e especificida-
des regionais. (BRASIL, 2012.)
No livro Pedagogia do oprimido, o educador Paulo Freire
desenvolve uma proposta de constru??o de um curr?culo
local ancorado no tema gerador, no final do cap?tulo em que
discute a import?ncia da dialogicidade para uma educa??o
como pr?tica de liberdade. N?o ? poss?vel, pois, construir
uma abordagem de quest?es locais ancorada em temas
geradores ou situa??es ‑problema e em propostas de inter‑
ven??o na realidade sem haver di?logo entre professores e
alunos, entre escola e fam?lia.
Ainda que o professor de Geografia possa ter dificulda‑
de em mobilizar outros docentes para um trabalho colabo‑
rativo, existem tem?ticas que podem de alguma forma
chamar a aten??o da comunidade escolar ? por exemplo, o
estudo do lugar onde os alunos e seus familiares vivem, da
pr?tica social em que est?o inseridos e das rela??es que
estabelecem com o espa?o habitado. Sendo a popula??o
brasileira hoje majoritariamente urbana, a experi?ncia do
cotidiano na cidade ? vivenciada por uma parcela significa‑
tiva dos alunos; portanto, ? fundamental que eles com‑
preendam o fen?meno urbano.
Para compreender o lugar de viv?ncia, pode ‑se, por
exemplo, elaborar uma pesquisa sobre a rede urbana da
regi?o, as fun??es urbanas que deram origem a algumas
das cidades pr?ximas, a hierarquia urbana e o sistema de
transportes e os impactos ambientais relacionados ? des‑
tina??o do lixo, saneamento b?sico e contamina??o de rios
e lagos, qualidade do ar, polui??o, condi??es de vida da
popula??o, etc. O Manual do Professor do volume 3 desta
cole??o apresenta essa sugest?o de trabalho interdiscipli‑
nar, que pode ser muito produtiva, sobretudo para tornar
a aprendizagem significativa. Especialmente se associada
a experi?ncias da vida cotidiana, ela pode contribuir para
o esclarecimento das din?micas que regem a vida urbana.
O mais importante ? que o trabalho interdisciplinar sur‑
ja da necessidade e do envolvimento de professores, alunos
e suas fam?lias na elabora??o do projeto pol?tico ‑pedag?gico
da escola e se constitua em um desafio para cada disciplina
envolvida, atraindo a aten??o dos professores de todas as
?reas do conhecimento.
Nesta cole??o, a Geografia ? considerada uma disciplina
aberta ao di?logo e ? pr?tica interdisciplinar, sobretudo pelo
car?ter abrangente de seus temas de estudo, que contem‑
plam a sociedade e a natureza e suas rela??es, e pela clare‑
za da necessidade de colabora??o das diferentes disciplinas
para a compreens?o do complexo mundo atual.
Formas de avalia•‹o
A avalia??o ? um momento privilegiado na rela??o
ensino ‑aprendizagem. Ela deve estar presente em todas as
etapas dessa rela??o, permitindo que alunos e professores
percebam seu grau de envolvimento nesse processo e acom‑
panhem sua din?mica. Dessa forma, assim como ? um mo‑
mento de fundamental import?ncia para que cada aluno
compreenda como est? se desenvolvendo sua aprendiza‑
gem, tamb?m o ? para que o professor perceba como est?
se dando seu ensino.
? importante que a avalia??o esteja prevista no projeto
pol?tico ‑pedag?gico da escola, de forma coerente com os
princ?pios pedag?gicos. Assim, ela deve estar em conson?n‑
cia com os procedimentos te?rico ‑metodol?gicos adotados,
considerando ‑se os diferentes contextos em que ocorre. Por
exemplo, ao avaliar o aluno em um trabalho de pesquisa, ?
importante que o professor valorize sua capacidade de pro‑
ceder o levantamento e tratamento de dados e informa??es,
de an?lise, produ??o e elabora??o de s?ntese pessoal, o que
pode ser expresso sob a forma de textos, exposi??o oral,
mural, etc. Al?m disso, o levantamento do conhecimento
pr?vio dos alunos j? ? uma pr? ‑avalia??o ou uma avalia??o
diagn?stica, passo importante para orientar o professor em
seu trabalho docente com a classe.
A avalia??o deve ser estruturada como parte do proces‑
so pedag?gico e educacional. Quando ela se restringe ?
aplica??o de uma prova mensal ou bimestral, sua fun??o
fica reduzida a aspectos conceituais, e a maioria dos alunos
estabelece um ritmo de acompanhamento dos conte?dos
concentrando seus esfor?os para a ?semana das provas?.
Assim, a avalia??o n?o deve se limitar a um instrumento de
quantifica??o aplicado no final do processo, mas constituir
um recurso para acompanhar o desenvolvimento da apren‑
dizagem. Ela permite a revis?o da programa??o e da abor‑
dagem do curso: se necess?rio, podem ocorrer mudan?as
de acordo com as dificuldades, desinteresse ou, ao contr?rio,
motiva??o dos alunos para ir mais al?m.
Concebendo a avalia??o como um instrumento perma‑
nente e abrangente, torna ‑se necess?rio inici? ‑la antes mes‑
mo da introdu??o de novos conte?dos. Avaliando os conhe‑
cimentos pr?vios dos alunos sobre o tema que ser?
desenvolvido, ? poss?vel adaptar a pr?tica did?tica ?quilo
que for mais adequado ao grupo.
4
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Manual do Professor301
A avalia??o inicial permite perceber o impacto da situa??o
de ensino ‑aprendizagem sobre os alunos. A constata??o de
que um aluno n?o apreendeu todo o conte?do proposto de
forma homog?nea com o restante da classe n?o deve anu‑
lar o fato de que muitas vezes ele avan?ou significativa‑
mente em rela??o ao ponto em que se encontrava e
desenvolveu ‑se de forma extraordin?ria em rela??o a al‑
guns itens trabalhados. Portanto, isso deve ser levado em
considera??o. Outro aspecto importante a ser considerado
? a necessidade de uma avalia??o diversificada para que
n?o se restrinja a captar apenas as intelig?ncias mais va‑
lorizadas no ambiente escolar: a lingu?stica e a l?gico‑
‑matem?tica. Nesse ponto vale considerar a contribui??o
do psic?logo norte ‑americano Howard Gardner. Ele argu‑
menta que todas as pessoas t?m um espectro de compe‑
t?ncias, ao que chamou de ?intelig?ncias m?ltiplas? (GARD‑
NER, 2000) e algumas por raz?es biopsicossociais t?m
facilidade para desenvolver umas intelig?ncias mais do que
outras. H? diversos exemplos de profissionais muito com‑
petentes e reconhecidos em sua ?rea de atua??o que du‑
rante a vida escolar tiveram problemas de aprendizado e
foram considerados ?maus alunos?. Muito provavelmente
n?o tinham muita facilidade no eixo lingu?stico ‑l?gico‑
‑matem?tico. ? importante que haja instrumentos de ava‑
lia??o que possam captar outras intelig?ncias, como a in‑
terpessoal, a intrapessoal, a espacial, a corporal ‑cinest?sica
e a musical, al?m das duas tradicionalmente mais valori‑
zadas pela escola. ? importante tamb?m que a avalia??o
n?o se restrinja ? dimens?o conceitual do conhecimento e
capte as dimens?es procedimental e atitudinal.
Todos os itens da avalia??o devem ser previamente
discutidos com a classe, explicitados claramente, para
que todos se comprometam com as metas tra?adas. Trata‑
‑se de realizar um primeiro acordo entre professor e alu‑
nos, livremente discutido, baseado na transpar?ncia e no
di?logo, na clara defini??o dos objetivos e das propostas.
Esse ? um momento fundamental para que a rela??o
ensino ‑aprendizagem possa se desenvolver de forma sa‑
tisfat?ria e dial?gica.
Os alunos devem saber o que se espera deles, como se‑
r?o avaliados, com que frequ?ncia, em quais momentos, por
quais crit?rios, etc., e participar da elabora??o desses crit?‑
rios. Eles podem ainda, caso assim se decida, elaborar uma
ficha de autoavalia??o que, depois de preenchida, pode ser
comparada com a avalia??o feita pelo professor. Essa ativi‑
dade ? um est?mulo para que os alunos busquem um de‑
sempenho cada vez melhor, desenvolvam seu senso cr?tico
e sintam ‑se mais participantes e respons?veis por sua pr?‑
pria forma??o e pelo que acontece em sala de aula.
A avalia??o permanente permite a utiliza??o das mais
variadas ferramentas para determinar os conte?dos acima
propostos. O professor poder?, caso considere necess?rio,
utilizar ‑se das compet?ncias e habilidades a serem desen‑
volvidas na ?rea de Geografia, extra?das das OCEM.
Em caso de se aplicarem provas mensais ou bimestrais,
? importante que elas n?o se limitem a verificar a memori‑
za??o de informa??es pelos alunos, mas sua capacidade de
observa??o, descri??o, compara??o, interpreta??o, argumen‑
ta??o, enfim, sua capacidade de an?lise e de s?ntese e de
elabora??o de propostas. Isso pressup?e n?o s? que os alunos
detenham informa??es, mas tamb?m a habilidade de
manipul? ‑las, critic? ‑las para, com base nesse exerc?cio, cons‑
truir seu conhecimento e solucionar problemas da realidade.
A pr?tica da avalia??o ao longo de todo o processo de
aprendizagem permite encaminhar os alunos com dificul‑
dades para um acompanhamento logo que se constate a
defasagem, ou alterar a abordagem escolhida inicialmente,
quando esta se mostrar ineficaz ou desinteressante. N?o h?
necessidade de esperar o fim do bimestre, semestre ou ano
letivo para encaminhar esses alunos a uma recupera??o.
Essa pr?tica, al?m de ser mais produtiva do ponto de
vista do ensino ‑aprendizagem, retira dos alunos a press?o
psicol?gica de ter de ?tirar nota para passar de ano?. N?o
acreditamos que a prova seja um mal em si, at? porque, na
vida adulta, os alunos ir?o deparar em v?rios momentos
com a necessidade de fazer provas, como a do Enem, de
vestibulares, de teste para emprego, de concurso p?blico,
etc. ? mas ela tamb?m n?o deve ser um fim em si mesma
ou o objetivo da aprendizagem.
Assim, quanto ? nota, na avalia??o permanente, ela
deveria ser apenas a quantifica??o do aprendizado e um
instrumento para indicar a necessidade de acompanha‑
mento personalizado, e n?o uma puni??o ao final do ano,
com a repet?ncia.
Renato S. Cerqueira/Futura Press
Manifesta??o do Orgulho Crespo em S?o Paulo (SP), 2015.
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Manual do Professor302
Bibliografia de apoio
Educa•‹o
AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma
perspectiva cognitiva. Lisboa: Pl?tano, 2003.
Para o autor, a aprendizagem significativa ? aquela na
qual ? poss?vel associar os conhecimentos novos ? estru‑
tura cognitiva de forma n?o arbitr?ria e n?o literal, que
permite uma reten??o por um tempo mais longo. O con‑
tr?rio disso ? a aprendizagem mec?nica, na qual a reten‑
??o ? muito limitada.
BRASIL. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as Diretrizes e Bases da Educa??o Nacional.
Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para As‑
suntos Jur?dicos, Bras?lia, 1996. Dispon?vel em: <www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm>. Acesso em:
21 mar. 2016.
BRASIL. Minist?rio da Educa??o. Secretaria de Educa??o B?‑
sica. Ciências humanas e suas tecnologias. Bras?lia: MEC; SEB,
2006. (Orienta??es curriculares para o Ensino M?dio; vol. 3).
______. Secretaria de Educa??o M?dia e Tecnol?gica. Parâ-
metros Curriculares Nacionais do Ensino Médio: ci?ncias
humanas e suas tecnologias. Bras?lia: MEC; SEMTEC, 1999.
(vol. 4).
______. Secretaria de Educa??o M?dia e Tecnol?gica. Parâ-
metros Curriculares Nacionais: Ensino M?dio. Bras?lia: MEC;
SEMTEC, 2002.
BRASIL. Resolu??o CNE/CEB n
o
2, de 30 de janeiro de 2012.
Define Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
M?dio. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Edu‑
ca??o. C?mara da Educa??o B?sica, Bras?lia. Dispon?vel
em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=17417&Itemid=866>. Acesso
em: 21 mar. 2016.
Estes s?o os principais documentos (leis e resolu??es) que
regulamentam e organizam o funcionamento do Ensino
M?dio no Brasil.
DEMO, P. Educar pela pesquisa. 7. ed. Campinas: Autores
Associados, 2005. (Educa??o contempor?nea).
Neste livro, o autor faz uma defesa da pesquisa como
princ?pio pedag?gico, argumentando que ela deve estar
inserida no processo educativo.
FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: um projeto em par‑
ceria. S?o Paulo: Loyola, 2002.
O livro re?ne uma s?rie de artigos sobre interdisciplina‑
ridade e projetos desenvolvidos em parceria.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 44. ed. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 2005.
Para Paulo Freire n?o existe educa??o emancipadora sem
di?logo. Este livro se desenvolve em torno desses dois
eixos e prop?e uma educa??o dial?gica e problematiza‑
dora, portanto, emancipadora.
GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na pr?tica.
Porto Alegre: Artmed, 2000.
O psic?logo norte ‑americano discute a teoria das intelig?ncias
m?ltiplas. Neste livro, ele fala em sete intelig?ncias, mas abre
a possibilidade de haver outras; em 2006, passou a falar em
nove intelig?ncias, incorporando a naturalista e a existencial.
GOODSON, I. F. Tornando ‑se uma mat?ria acad?mica: pa‑
dr?es de explica??o e evolu??o. Teoria & Educação. Porto
Alegre: Pann?nica, v. 2, p. 230 ‑254, 1990.
O artigo analisa a institucionaliza??o da Geografia aca‑
d?mica no Reino Unido desde o final do s?culo XIX e o
papel da Geografia escolar como indutor desse processo.
JANTSCH, A. P.; BIANCHETTI, L. (Org.). Interdisciplinaridade:
para al?m da filosofia do sujeito. Petr?polis: Vozes, 1995.
Os autores criticam a fragmenta??o da produ??o do co‑
nhecimento e defendem a interdisciplinaridade como o
melhor caminho para captar a realidade como totalidade.
LIB?NEO, J. C. Adeus professor, adeus professora?: novas
exig?ncias educacionais e profiss?o docente. S?o Paulo:
Cortez, 1998.
O autor analisa as novas exig?ncias educacionais e o pa‑
pel da escola e dos professores na perspectiva de um pro‑
jeto emancipador de educa??o.
______; SANTOS, A. (Org.). Educação na era do conhecimen-
to em rede e transdisciplinaridade. Campinas: Al?nea, 2005.
Esta colet?nea de textos realiza uma revis?o cr?tica das
teorias pedag?gicas e uma tentativa de agrupamento das
principais correntes pedag?gicas contempor?neas.
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 17. ed. S?o
Paulo: Cortez, 2005.
O livro aborda a quest?o da avalia??o da aprendizagem
na escola, em termos conceituais e pr?ticos, passando por
abordagens filos?ficas, sociol?gicas, pol?ticas, psicol?gicas
e pedag?gicas.
______. Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando
conceitos e recriando a pr?tica. 2. ed. rev. Salvador: Malaba‑
res, 2005.
O livro aborda a avalia??o da aprendizagem, seus com‑
prometimentos sociol?gicos, hist?ricos, pol?ticos, psico‑
l?gicos e pedag?gicos, trazendo estudos sobre a articula‑
??o entre avalia??o e projeto pol?tico ‑pedag?gico da es‑
cola e, por ?ltimo, recursos t?cnicos para a pr?tica da
avalia??o da aprendizagem.
5
GGB_Geografia_v3_PNLD2018_MP_289a313_PC.indd 302 6/4/16 2:17 PM

Manual do Professor303
MACHADO, N. J. Conhecimento e valor. S?o Paulo: Moderna,
2004.
Neste livro, o autor discute as imagens t?citas do conhe‑
cimento, o valor do conhecimento, o tecnicismo na edu‑
ca??o, entre outras quest?es ligadas ao universo escolar.
______. Epistemologia e didática. 4. ed. S?o Paulo: Cortez,
2000.
O livro analisa as concep??es de conhecimento, intelig?n‑
cia, especialmente como espectro de compet?ncias, e o
processo cognitivo.
MARINA, J. A. Teoria da inteligência criadora. Lisboa: Cami‑
nho, 1995.
O fil?sofo espanhol apresenta muitos insights interessan‑
tes que podem ser aproveitados na compreens?o da rea‑
lidade e na produ??o do conhecimento.
MOREIRA, A. F. B. Propostas curriculares alternativas: limites
e avan?os. Educação & Sociedade, Campinas, ano XXI, n. 73,
dez. 2000.
Neste artigo, o autor faz uma retrospectiva das reformas
curriculares que caminharam na contram?o do discurso
oficial hegem?nico nos anos 1980 e 1990.
MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa:
a teoria de David Ausubel. S?o Paulo: Centauro, 2001.
Os autores fazem uma s?ntese bem completa e acess?vel
da teoria cognitivista de David Ausubel. Essa obra serve
como um organizador pr?vio antes da leitura da teoria
original.
PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola.
Porto Alegre: Artmed, 1999.
______ et al. As competências para ensinar no século XXI: a
forma??o dos professores e o desafio da avalia??o. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
Nestes livros, Perrenoud discute o conceito de compet?n‑
cias, como ? utilizado na educa??o, e quais s?o as compe‑
t?ncias a serem desenvolvidas para o mundo de hoje.
RAMOS, M. N. A pedagogia das competências: autonomia
ou adapta??o? 2. ed. S?o Paulo: Cortez, 2002.
A autora analisa de forma cr?tica a no??o de compet?n‑
cia e sua migra??o do universo do trabalho para o da
educa??o, processo em que houve um deslocamento
conceitual: o conceito de compet?ncia, associado ?
produ??o flex?vel, desloca o de qualifica??o, ligado ?
produ??o fordista.
ROCHA, G. O. da. A trajetória da disciplina Geografia no cur-
rículo escolar brasileiro (1837 -1942). Disserta??o de mestra‑
do. S?o Paulo: PUC‑SP, 1996.
______. Por uma geografia moderna na sala de aula: Rui
Barbosa e Delgado de Carvalho e a renova??o do ensino de
Geografia no Brasil. Mercator – Revista de Geografia da UFC.
Fortaleza, v. 8, n. 15, p. 75 ‑94, 2009.
A disserta??o de mestrado reconstitui o processo hist?‑
rico de institucionaliza??o da Geografia no Brasil, tanto
nos curr?culos da escola b?sica quanto disciplina acad?‑
mica. O artigo, derivado da pesquisa, analisa a contri‑
bui??o dos pareceres elaborados por Rui Barbosa, no
final do s?culo XIX, e da produ??o did?tica de Delgado
de Carvalho, no in?cio do s?culo XX, para a renova??o do
ensino de Geografia.
SEVERINO, A. J.; SEVERINO, E. S. Ensinar e aprender com pes-
quisa no ensino médio. S?o Paulo: Cortez, 2012.
Os autores defendem que para o conhecimento ser cons‑
tru?do de forma significativa ? importante o aluno domi‑
nar fundamentos te?ricos e pr?ticos da pesquisa, desen‑
volvendo assim um esp?rito investigativo.
VASCONCELLOS, C. dos S. Metodologia dial?tica em sala de
aula. Revista de Educação AEC, Bras?lia, v. 21, n. 83, p. 28 ‑55,
abr./jun. 1992.
O artigo analisa o m?todo dial?tico de conhecimento em
sala de aula, com base na constru??o do conhecimento
pelo movimento do pensamento.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 2. ed. S?o Paulo:
Martins Fontes, 2003.
______. A formação social da mente. 6. ed. S?o Paulo: Mar‑
tins Fontes, 2003.
Nestes livros, Vygotsky trabalha alguns dos conceitos‑
‑chave de sua teoria sociointeracionista, como media??o
simb?lica, intera??o entre aprendizado e desenvolvimen‑
to, rela??o entre o pensamento e a l?ngua, zona de desen‑
volvimento proximal, aprendizado de conceitos cotidianos
e cient?ficos, etc.
Ensino e aprendizagem em Geografia
ALMEIDA, Ros?ngela D. (Org.). Cartografia escolar. S?o
Paulo: Contexto, 2007.
______ . Novos rumos da cartografia escolar. S?o Paulo: Con‑
texto, 2011.
ASSOCIA??O DOS GE?GRAFOS BRASILEIROS. Col?quio
Internacional de Investiga??o em Educa??o Geogr?fica.
Boletim Paulista de Geografia. S?o Paulo, n. 90, v. 2, set.
2010.
______. Geografia e ensino. Terra Livre. Presidente Pruden‑
te, S?o Paulo, ano 23, n. 28, v. 1, jan./jun. 2007.
CAMPOS, R. R. de. Breve histórico do pensamento geográfico
brasileiro nos séculos XIX e XX. Jundia?, SP: Paco Editorial,
2011.
CARNEIRO, R. N. (Org.). Pensando a geografia e o ensino dos
seus conceitos -chave. Par? de Minas: Virtual Books, 2011.
GGB_Geografia_v3_PNLD2018_MP_289a313_PC.indd 303 6/4/16 2:17 PM

Manual do Professor304
CASTELLAR, S. (Org.). Educação geográfica: teorias e pr?ticas
docentes. S?o Paulo: Contexto, 2005.
______; VILHENA, J. Ensino de Geografia. S?o Paulo: Cenga‑
ge, 2009.
______; CALLAI, H. C.; KAERCHER, N. A. Ensino de Geografia:
pr?ticas e textualiza??es no cotidiano. 5. ed. Porto Alegre:
Media??o, 2006.
CASTROGIOVANNI, A. C.; COSTELLA, R. Z. Brincar e cartogra-
far com os diferentes mundos geográficos: a alfabetiza??o
espacial. Porto Alegre: EDPUCRS, 2006.
CAVALCANTI, L. de S. Geografia, escola e construção de co-
nhecimentos. 3. ed. Campinas: Papirus, 2001.
KAECHER, N. A. Se a geografia escolar é um pastel de vento
o gato come a geografia crítica. Porto Alegre: Evangraf, 2014.
KIMURA, S. Geografia no ensino básico: quest?es e propos‑
tas. S?o Paulo: Contexto, 2008.
LACOSTE, Y. A Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para
fazer a guerra. 19. ed. Campinas: Papirus, 2011.
OLIVEIRA, A. U.; CARLOS, A. F. A. Reformas no mundo da edu-
cação: par?metros curriculares e Geografia. S?o Paulo: Con‑
texto, 1999.
PASSINI, E. Y. Alfabetização cartográfica e a aprendizagem
de geografia. S?o Paulo: Cortez, 2012.
______. Prática de ensino de Geografia e estágio supervisio-
nado. 2. ed. S?o Paulo: Contexto, 2010.
PONTUSCHKA, N. N.; OLIVEIRA, A. U. (Org.). Geografia em
perspectiva: ensino e pesquisa. S?o Paulo: Contexto, 2002.
______; PAGANELLI, T. I.; CACETE, N. H. Para ensinar e apren-
der Geografia. S?o Paulo: Cortez, 2007.
REGO, N. et al. (Org.). Um pouco do mundo cabe nas mãos:
geografizando em educa??o o local e o global. Porto Alegre:
Ed. da UFRGS, 2003.
SCH?FFER, N. O. et al. Um globo em suas mãos: pr?ticas para
a sala de aula. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2003.
SELBACH, S. et al. Geografia e didática. Petr?polis: Vozes,
2010.
SILVA, M. A. da; SILVA, H. R. F. da. Geografia, literatura e arte:
reflex?es. Salvador: Edufba, 2010.
STRAFORINI, R. Ensinar geografia: o desafio da totalidade‑
‑mundo nas s?ries iniciais. S?o Paulo: Annablume, 2004.
VENTURI, L. A. B. Geografia: pr?ticas de campo, laborat?rio
e sala de aula. S?o Paulo: Sarandi, 2011.
VESENTINI, J. W. (Org.). O ensino de geografia no século XXI.
Campinas: Papirus, 2004.
Endereços eletrônicos para pesquisa
Os endere?os eletr?nicos sugeridos a seguir s?o boas
fontes de consulta para os assuntos tratados na cole??o.
Oriente os alunos a se manterem atentos a atualiza??es e
a informar suas descobertas aos colegas. Para isso, eles po‑
dem utilizar ferramentas da internet, como redes sociais e
blogs. Fa?a tamb?m um mural na sala de aula com algumas
das recomenda??es dos estudantes.
Como a internet ? uma ferramenta de pesquisa din?mi‑
ca por natureza, recomendamos verificar se o endere?o in‑
dicado no livro ou neste Manual permanece o mesmo antes
de sugerir aos alunos uma pesquisa na internet. Dessa for‑
ma, nos responsabilizamos pela indica??o dos sites at? a
data de acesso de 23 de fevereiro de 2016. A maioria dos
endere?os ? est?vel, sobretudo os das institui??es mais re‑
conhecidas. Entretanto, ? poss?vel haver mudan?as.
AG?NCIA Espacial Norte ‑Americana (Nasa). Dispon?vel em:
<www.nasa.gov>.
ASSOCIA??O Brasileira de ?guas Subterr?neas (Abas). Dis‑
pon?vel em: <www.abas.org>.
ASSOCIA??O de Ge?grafos Brasileiros (AGB). Dispon?vel em:
<www.agb.org.br>.
BASE Aerofotogrametria e Projetos. Dispon?vel em: <www.
baseaerofoto.com.br>.
CENTRO de Previs?o de Tempo e Estudos Clim?ticos (CPTEC).
Dispon?vel em: <www.cptec.inpe.br>.
CENTRO Integrado de Estudos em Geoprocessamento da
UFPR (Cieg). Dispon?vel em: <www.cieg.ufpr.br>.
CI?NCIA Hoje. Dispon?vel em: <http://cienciahoje.uol.com.
br>.
COMIT? Brasileiro do Programa das Na??es Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA Brasil). Dispon?vel em: <www.bra‑
silpnuma.org.br>.
COMPANHIA Ambiental do Estado de S?o Paulo (Cetesb).
Dispon?vel em: <www.cetesb.sp.gov.br>.
COMPROMISSO Empresarial para Reciclagem (Cempre). Dis‑
pon?vel em: <www.cempre.org.br>.
DISCOVERY Education. Dispon?vel em: <www.discoveryedu‑
cation.com/teachers/>.
EMPRESA Brasileira de Pesquisa Agropecu?ria (Embrapa).
Dispon?vel em: <www.embrapa.br>.
6
GGB_Geografia_v3_PNLD2018_MP_289a313_PC.indd 304 6/4/16 2:17 PM

Manual do Professor305
EMPRESA Paulista de Planejamento Metropolitano (Empla‑
sa). Dispon?vel em: <www.emplasa.sp.gov.br>.
FUNDA??O de Amparo ? Pesquisa do Estado de S?o Paulo
(Fapesp). Dispon?vel em: <www.fapesp.br>.
FUNDA??O Estadual de Planejamento Metropolitano e Regio‑
nal (Metroplan). Dispon?vel em: <www.metroplan.rs.gov.br>.
FUNDA??O Planet?rio da Cidade do Rio de Janeiro. Dispo‑
n?vel em: <www.planetariodorio.com.br>.
FUNDA??O SOS Mata Atl?ntica. Dispon?vel em: <www.sos‑
matatlantica.org.br>.
FUNDO Mundial para a Natureza (WWF‑Brasil). Dispon?vel
em: <www.wwf.org.br>.
GLOBAL Volcanism Program ? Smithsonian Institute. Dispo‑
n?vel em: <www.volcano.si.edu>.
GOOGLE Earth. Dispon?vel em: <www.google.com/earth/>.
GOOGLE Maps Brasil. Dispon?vel em: <http://maps.google.
com.br/maps>.
GLOBAL Positioning System (GPS). Dispon?vel em: <www.
gps.gov>.
GREENPEACE. Dispon?vel em: <www.greenpeace.org/brasil/
pt>.
INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estat?stica (IBGE). Dis‑
pon?vel em: <www.ibge.gov.br>.
INSTITUTO Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Na‑
turais Renov?veis (Ibama). Dispon?vel em: <www.ibama.gov.
br>.
INSTITUTO Brasileiro de Turismo (Embratur). Dispon?vel em:
<www.embratur.gov.br/>.
INSTITUTO de Astronomia, Geof?sica e Ci?ncias Atmosf?ricas
(IAG) da USP. Dispon?vel em: <www.iag.usp.br>.
INSTITUTO de Geoci?ncias da USP. Dispon?vel em: <www.
igc.usp.br>.
INSTITUTO de Pesquisa Ambiental da Amaz?nia (Ipam). Dis‑
pon?vel em: <www.ipam.org.br>.
INSTITUTO Nacional de Meteorologia (Inmet). Dispon?vel
em: <www.inmet.gov.br>.
INSTITUTO Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Dispon?‑
vel em: <www.inpe.br>.
INSTITUTO Socioambiental (ISA). Dispon?vel em: <www.
socioambiental.org>.
INCORPORATED Research Institutions of Seismology (Iris).
Dispon?vel em: <www.iris.edu>.
MINIST?RIO do Meio Ambiente (MMA). Dispon?vel em:
<www.mma.gov.br>.
NATIONAL Geographic Channel. Dispon?vel em: <http://
natgeotv.com/pt>.
NATIONAL Oceanic and Atmospheric Administration
(NOAA). Dispon?vel em: <www.pmel.noaa.gov>.
NOVA Escola. Dispon?vel em: <http://revistaescola.abril.com.
br/>.
OBSERVAT?RIO Astron?mico Frei Ros?rio ? UFMG. Dispon?‑
vel em: <www.observatorio.ufmg.br>.
OBSERVAT?RIO Nacional (ON). Dispon?vel em: <http://
pcdsh01.on.br>.
OBSERVAT?RIO Naval dos Estados Unidos (USNO). Dispon?‑
vel em: <www.usno.navy.mil/USNO>.
ORGANIZA??O das Na??es Unidas no Brasil (ONU). Dispo‑
n?vel em: <https://nacoesunidas.org/>.
ORGANIZA??O das Na??es Unidas para a Alimenta??o e a
Agricultura (FAO). Dispon?vel em: <www.fao.org.br>.
ORGANIZA??O Meteorol?gica Mundial (OMM). Dispon?vel
em: <www.wmo.ch>.
OXFORD Cartographers. Dispon?vel em: <www.oxfordcar‑
tographers.com>.
PETROBRAS. Dispon?vel em: <www.petrobras.com.br>.
PLANETA Org?nico. Dispon?vel em: <www.planetaorganico.
com.br>.
PROGRAMA das Na??es Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD). Dispon?vel em: <www.pnud.org.br>.
PROJETO Apoema ? Educa??o ambiental. Dispon?vel em:
<www.apoema.com.br>.
RIO + 10 Brasil. Dispon?vel em: <www.senado.gov.br/noti‑
cias/Jornal/emdiscussao/rio20/a‑rio20/rio10‑participacao‑
da‑sociedade‑em‑debates‑sobre‑metas‑para‑meio‑ambien‑
te‑pobreza‑e‑desenvolvimento‑sustentavel‑dos‑paises.
aspx>.
SAT?LITE Sino ‑Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS). Dis‑
pon?vel em: <www.cbers.inpe.br>.
SOCIEDADE Brasileira de Geologia (SBG). Dispon?vel em:
<http://sbgeo.org.br>.
SOCIEDADE Brasileira para o Progresso da Ci?ncia (SBPC).
Dispon?vel em: <www.sbpcnet.org.br>.
S?O PAULO Transporte S.A. (SPTrans). Dispon?vel em: <www.
sptrans.com.br>.
TV CULTURA. Dispon?vel em: <http://tvcultura.cmais.com.
br>.
UNIVERSIDADE do Texas. Dispon?vel em: <www.lib.utexas.
edu/maps/world.html>.
WORLD Energy Council (WEC). Dispon?vel em: <www.worl‑
denergy.org>.
WORLDMAPPER. Dispon?vel em: <www.sasi.group.shef.
ac.uk/worldmapper/index.html>.
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Manual do Professor306
Reflexões sobre a prática pedagógica
1
O processo de avalia??o
Profª Drª Edna Maura Zuffi
Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação – Universidade de São Paulo (USP)
Quando éramos alunos, muitas vezes criticávamos
as formas de avaliação pelas quais tínhamos de passar
na escola, fosse porque elas nos causavam um grande
frio na barriga, ou porque não concordávamos com os
critérios adotados por nossos professores para a atribui-
ção de notas.
De fato, o processo de avaliação da aprendizagem, que
deve ser articulado com o planejamento e com o ensino
propriamente, é complexo e sempre será passível de crí-
ticas e novas sugestões. Entretanto, o que vemos frequen-
temente é que, ao nos tornarmos professores, reproduzi-
mos em nossas propostas avaliativas aquilo que
vivenciamos no passado. Em geral, ainda é comum cons-
tatarmos nas escolas um enfoque meramente classifica-
tório e meritocrático, com ênfase em propostas que não
raras vezes reduzem a avaliação ao momento das provas
mensais e bimestrais, sem proporcionar aos alunos uma
real reflexão sobre sua aprendizagem.
Uma restrição à aplicação única de provas tradicionais,
nas quais se espera que os alunos resolvam questões ou
problemas muito similares àqueles trabalhados em classe,
com enunciados diretos e sem exigência de grande elabo-
ração por parte dos estudantes – é que, em geral, por uma
questão de tempo, apresentam um número mínimo de
itens, entre perguntas, exercícios e problemas, conforme
as características da disciplina. Quase sempre essas provas
não apresentam a abrangência necessária dos conteúdos,
habilidades e valores a serem avaliados. Se, por coincidên-
cia, um aluno tiver a sorte de ter estudado mais a matéria
relativa às questões selecionadas, ele poderá obter suces-
so, enquanto outro, em situação inversa, poderá obter uma
nota baixa, mesmo que ambos tenham um nível equiva-
lente de compreensão real do assunto.
Muitos colegas professores utilizam outros mecanis-
mos para ajudar a melhorar as notas dos alunos, como os
trabalhos extraclasse ou a atribuição de pontos adicionais
para os que têm frequência em aula. Esses mecanismos
seriam muito importantes para a avaliação formativa dos
estudantes se não fossem usados apenas como um palia-
tivo superficial para a promoção dos alunos, acabando por
camuflar seu real estado de aprendizagem. Em muitos
casos, os trabalhos apresentados são apenas textos copia-
dos da internet, sem nenhuma revisão ou reflexão por
parte dos estudantes, e a mera adição de pontos pela fre-
quência em sala de aula não deixa claro para eles como
foi sua participação efetiva nas atividades. Outras vezes,
os professores aplicam diversas “provinhas” com o intuito
de favorecer a “avaliação continuada”, sem, entretanto,
mudar o caráter das questões e das tarefas a serem reali-
zadas. Assim, é justificado o uso de tais artifícios como se
fossem o que os autores costumam chamar de “avaliação
formativa”, porém esta engloba muito mais!
A avaliação formativa é um contraponto à visão da-
quela tecnicista e meramente classificatória. Alguns
pesquisadores trazem considerações importantes sobre
a avaliação como processo de mediação da aprendiza-
gem. Uma ação avaliativa mediadora envolveria a aná-
lise, nas situações-problema propostas ao educando, das
hipóteses por ele formuladas, de suas ações e manifes-
tações, visando essencialmente sua maior compreensão
dos conceitos e das habilidades que estão em jogo. Tais
processos mediadores objetivariam encorajar e orientar
os alunos à produção de um saber qualitativamente su-
perior, pelo aprofundamento das questões propostas, ao
gerarem oportunidades de novas vivências, leituras ou
quaisquer procedimentos enriquecedores do tema que
se trouxe na avaliação. Nessa perspectiva, “ser avaliado”
passa a ter outro significado. É a possibilidade que o
aluno terá de refazer o que não fez certo, ou de melhorar
o que foi feito. Os erros cometidos pelos estudantes não
mais assumiriam um caráter de penalidade, mas se
transformariam em tópicos de discussão e geração de
novos saberes, ultrapassando dificuldades que se mani-
festaram numa primeira tentativa. Nessa nova propos-
ta, o aluno não deve aceitar passivamente a correção do
professor, sem saber qual seria um caminho alternativo
para evitar os erros, ou por que eles ocorreram. Por sua
vez, o professor deve traduzir em linguagem clara para
os interessados os detalhes sobre o desempenho da clas-
se, dizendo o que deveria ter sido feito para a melhoria
dos resultados, indicando aspectos específicos sobre
erros e também sobre formas consideradas adequadas
de resposta.
Um problema muito comum com a aplicação única
de provas tradicionais é que, muitas vezes, os professores
as veem como um fim em si mesmas e não aproveitam
os momentos imediatamente posteriores à correção para
gerar uma atividade investigativa e mediadora de novas
aprendizagens. Com as práticas de avaliação formativa,
propõe-se um foco maior na compreensão real dos con-
teúdos e procedimentos avaliados, e não somente para
aqueles alunos que usualmente se saem bem nas provas,
7
<Abre p‡gina>
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Manual do Professor307
mas tamb?m para aqueles que n?o apresentam bom
desempenho, os quais podem ter outras chances de
aprender com seus erros.
Relatamos, aqui, uma experi?ncia realizada em uni-
versidade brasileira
2
com professores do Ensino Funda-
mental e M?dio, na qual se prop?s que os alunos, ap?s a
resolu??o das provas, recebessem-nas corrigidas e as
refizessem, resolvendo as quest?es que deixaram em
branco ou as que resolveram de modo incompleto ou
incorreto, sem terem acesso aos gabaritos. Assim, os alu-
nos teriam de estudar mais os conte?dos envolvidos nas
provas, depois de repetidos retornos com indica??o de
erros e acertos, at? que aprendessem o suficiente para
resolv?-las integralmente. Para isso, poderiam utilizar as
fontes que quisessem: cadernos, livros did?ticos ou ou-
tros materiais. S? receberiam aux?lio dos professores caso
n?o conseguissem resolver sozinhos alguma quest?o
ap?s v?rias tentativas. Essa experi?ncia foi realizada em
uma escola com as disciplinas de L?ngua Portuguesa e
Matem?tica, mas poderia ter sido feita com qualquer
outra. E os resultados foram muito positivos quanto ao
desempenho desses alunos nas avalia??es posteriores,
tanto dentro da pr?pria escola quanto em avalia??es ex-
ternas, ou em olimp?adas acad?micas.
Principalmente no Ensino M?dio, ? frequente vermos
um enfoque excessivo ? pedagogia do exame, na qual
?resolver provas? para o preparo aos exames vestibulares,
com seus modelos e suas propostas tecnicistas, torna-se
a quest?o primordial, quase que independentemente do
processo de ensino e aprendizagem. A nota domina qua-
se tudo e ? em fun??o dela que se vivencia a pr?tica esco-
lar. Na medida em que estiver polarizada pelos exames, a
avalia??o n?o cumprir? sua fun??o de auxiliar nas deci-
s?es para a melhoria da aprendizagem. N?o queremos
dizer, com isso, que avalia??es de car?ter classificat?rio
n?o possam ser realizadas, mas outras propostas tamb?m
precisam ser vivenciadas pelos alunos.
A avalia??o educacional deve ter tamb?m um car?ter
de diagnóstico da situa??o de aprendizagem, tendo em
vista o avan?o e o crescimento dos educandos. Ela envolve
ju?zo de valores, baseados em crit?rios preestabelecidos e
caracteres relevantes da realidade em que se insere, con-
siderando tamb?m as diferen?as ?tnicas, socioculturais e
econ?micas que podem interferir nas condi??es de de-
sempenho de certas classes ou escolas, o que demanda
uma tomada de posi??o sobre o objeto avaliado e decis?es
sobre o andamento do processo de ensino e aprendizagem.
A avalia??o n?o ? neutra!
Para se efetivar esse car?ter diagn?stico, ? muito im-
portante que o professor tenha consci?ncia dos objetivos
que quer alcan?ar com determinadas unidades de ensino,
para que possa inserir, no processo avaliativo, atividades
que verifiquem se esses objetivos foram realmente atin-
gidos. Para isso, a avalia??o n?o pode deixar de ser racional,
rigorosa e impessoal, em certo n?vel poss?vel ? aqui no
sentido de que o professor deve deixar de lado preconcei-
tos e julgamentos pessoais que possam interferir dr?stica
e negativamente em sua forma de avaliar as atividades
de cada aluno. N?o dever? verificar a aprendizagem com
base em mínimos possíveis, mas sim em m?nimos neces-
s?rios para tornar cada um mais qualificado, dentro da
realidade social em que se insere. Luckesi
3
nos fornece um
?timo exemplo para refletirmos: digamos que um aluno,
numa escola de pilotagem de Boeing, fosse aprovado com
nota 10 (dez) em decolagem e nota 2 (dois) em aterrissa-
gem; portanto, m?dia geral 6 (seis). Voc? viajaria com esse
piloto? Se por um lado ele teve a m?dia m?nima atendida
para sua aprova??o, o conhecimento necess?rio para pi-
lotar n?o foi alcan?ado. ? nesse sentido que o autor coloca
que, muitas vezes, os mínimos possíveis n?o s?o suficientes
na aprendizagem, principalmente quando esta envolve o
desenvolvimento de quest?es t?cnicas que presumem a
responsabiliza??o do aprendiz. O mesmo se poderia dizer
de um t?cnico de laborat?rio que deve aprender sobre o
manejo de determinados produtos qu?micos: se ele apren-
de apenas o m?nimo sobre as subst?ncias, suas proprie-
dades e rea??es poss?veis, e n?o o necess?rio para exercer
sua fun??o, poder? causar danos a outras pessoas ou aos
equipamentos. ? nesse sentido que o professor deve usar
a avalia??o como um diagn?stico realista das habilidades
e conhecimentos adquiridos pelo estudante, dentro dos
objetivos educacionais planejados para o contexto social
em que a forma??o se insere.
O que ocorre na pr?tica da avalia??o, em geral, ? que
dificilmente os professores definem com clareza o que
se espera da conduta do aluno, ap?s ter se submetido a
uma determinada aprendizagem. Isso pode dar margem
a uma variabilidade no processo que depende mais do
estado de humor do professor do que de um julgamento
das condi??es de progresso e potencialidades do aluno.
Ent?o, faz-se necess?rio delimitar quais s?o os dados re-
levantes que s?o compat?veis com o objeto a ser avaliado
e os objetivos previamente estabelecidos. A? est? o ver-
dadeiro car?ter da avalia??o formativa, em sua faceta
diagn?stica, pois esta leva em conta os rumos que j? fo-
ram tomados e as perspectivas de amplia??o das poten-
cialidades dos alunos, com as tomadas de decis?es sobre
as pr?ximas a??es de ensino a serem desenvolvidas para
que os alunos aprendam mais.
Al?m da avalia??o do professor, nesta perspectiva,
tamb?m ? interessante que os alunos se autoavaliem, a
fim de estabelecerem um julgamento cr?tico sobre a pr?-
2
Para mais detalhes, ver: GIELFI, Ophelia Amélia Simões et al. A avaliação escolar como recurso para mediação de aprendizagem: uma experiência no ensino
fundamental de uma escola pública. Anais do X CEPFE – Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores, p. 5598-5605.
3
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
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Manual do Professor308
pria aprendizagem, verificando as atividades que efetiva-
mente realizaram, o nível de empenho que empregaram
nelas, as dificuldades que apresentaram e por que acham
que as tiveram. Também é interessante que o professor
avalie os recursos disponíveis no processo de ensino, sua
própria atuação nesse processo e por que uma atividade
pode não ter atingido os objetivos esperados.
O professor deve estar ciente de que o tipo de avaliação
escolhida depende dos objetivos que quer atingir. Por
exemplo, quando ele tem a necessidade de classificar mui-
tos alunos e avaliar se estes dominam aspectos de algo-
ritmos e técnicas da área em estudo, os testes de múltipla
escolha podem ser uma boa opção. Já as questões de res-
posta discursiva devem ser propostas quando se deseja
avaliar habilidades de expor, organizar e sintetizar conhe-
cimentos. Outro recurso são as fichas de registro, que po-
dem ser individuais ou de um pequeno grupo, para anotar
comportamentos, problemas disciplinares, nível de parti-
cipação e todo o processo de resolução de uma situação-
-problema ou de determinada tarefa investigativa. A ava-
liação feita por meio de trabalhos práticos em laboratórios
ou com o uso de computadores e software educacional
pode ser particularmente interessante para as áreas de
Ciências da Natureza e de Matemática. Também as expo-
sições orais de resultados de pequenos projetos podem aju-
dar o professor a avaliar aspectos mais amplos do desen-
volvimento dos alunos, como sua capacidade de expressão
oral e visual em público, os valores que eles destacam
como relevantes na execução do projeto, sua capacidade
de organização em grupos de trabalho, etc. Os exercícios
para serem realizados como tarefa extraclasse podem
ajudar a verificar se o aluno está tendo progressos parciais
durante o desenvolvimento de um determinado conteúdo.
Finalmente, o uso de provas tradicionais, mas com a reto-
mada posterior de suas questões para uma atividade de
reflexão dos alunos, individualmente ou em grupo, pode
ser importante para dar um fechamento e promover a
síntese de uma unidade de ensino. Outro recurso tecno-
lógico de que algumas escolas dispõem são as filmadoras
e os vídeos, para uso em determinadas aulas de caráter
mais investigativo, que podem ajudar o professor a ter um
acompanhamento mais detalhado do desenvolvimento
de seus alunos, durante essas atividades.
A variação desses procedimentos, mas não necessa-
riamente de todos, pode compor um panorama mais fiel
sobre a situação de cada aluno, ao longo de vários momen-
tos do processo de ensino e aprendizagem, além de lhe
fornecer oportunidades de mostrar o desenvolvimento de
habilidades mais diversificadas. Pode também ajudar o
professor a replanejar ações de ensino que envolvam de-
terminados conteúdos que não foram assimilados de for-
ma significativa, com a revisão do que foi selecionado, do
método utilizado, das atividades realizadas e das relações
estabelecidas em sala de aula.
Além dessa variedade de procedimentos de avaliação,
salientamos também a importância de dar um retorno mais
detalhado aos alunos e seus pais sobre o desempenho em
cada um desses momentos, ampliando com os primeiros
os momentos de reflexão sobre a própria aprendizagem.
Para finalizar, observamos que o professor precisa en-
contrar uma forma mais coesa de avaliar o aprendizado,
levando em conta o projeto pedagógico de sua escola, e esta
deve gerar mecanismos de planejamento, para tentar pro-
mover a recuperação daqueles que não foram capazes de
aprender em algum período, conciliando diferentes lógicas
de avaliação escolar, diferentemente do que ainda se vê no
modelo tradicional, ainda o mais utilizado nas escolas. Para
tanto, não podemos deixar de levar em conta a necessária
preparação dos professores e da comunidade envolvida na
escola, como pais, coordenadores e gestores. Sem isso, a
chance de sucesso do uso da avaliação formativa para a
aprendizagem significativa será muito reduzida.
A coexistência complementar entre o processo classi-
ficatório e o formativo nas avaliações do Ensino Médio
poderia ser uma prática sem conflitos, uma vez que, ao
mesmo tempo em que atenderia às normas e determina-
ções do sistema escolar vigente, com o preparo para exa-
mes classificatórios externos, poderia auxiliar o aluno para
uma compreensão maior e mais duradoura dos conteúdos.
Isso poderia ser realizado, por exemplo, durante um
bimestre, em cinco fases:
I) com a aplicação de testes diagnósticos sobre os conhe-
cimentos prévios dos alunos, no início de uma unidade
de ensino, a fim de verificar se o planejamento realiza-
do pelo professor necessita de algum ajuste previamen-
te à sua execução;
II) com o uso da avaliação continuada, através de situa-
ções-problemas em que os alunos teriam seus desem-
penhos parciais registrados em um diário do professor,
ou de desenvolvimento de atividades de laboratórios
e exercícios extraclasse, variando-se os procedimentos
avaliativos;
III) com uma avaliação mais classificatória por testes ou
questões dissertativas, que verifique se os objetivos
mais globais do assunto dessa unidade de ensino fo-
ram alcançados;
IV) com a retomada das questões tratadas na avaliação
classificatória, para que os alunos tentem realizá-las
novamente, por exemplo, em atividades extraclasse,
com posterior discussão em sala de aula sobre erros,
acertos e dificuldades encontradas;
V) e, finalmente, com a avaliação pessoal do professor e
dos alunos (autoavaliação) a respeito do próprio de-
sempenho, assim como das dificuldades e facilidades
pedagógicas encontradas no desenvolvimento desta
unidade, por parte do professor.
Os critérios de avaliação em cada etapa deverão ser es-
tabelecidos com ciência prévia dos alunos e, se necessário,
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Manual do Professor309
renegociando-os, conforme as especificidades dos conte?-
dos tratados naquela unidade e, tamb?m, levando-se em
conta a realidade social e cultural dos estudantes, que deve
se refletir nos objetivos de ensino. Fornecer uma receita
para isso seria imprudente, uma vez que os professores ?
que det?m o conhecimento dessa realidade, mais do que
ningu?m, e essas condi??es variam infinitamente.
? claro que, conhecendo a realidade das salas de aula
brasileiras ? em que o n?mero de alunos ? grande e os
professores precisam se dedicar, muitas vezes, a diversas
escolas simultaneamente, com uma carga hor?ria de
trabalho extensiva ?, sabemos que se torna muito dif?cil
realizar todas essas fases em todas as unidades de ensi-
no. Nossa sugest?o aplica-se a uma situa??o mais pr?xi-
ma do ideal, em que o trabalho extraclasse do professor
seja valorizado adequadamente. Nos casos em que isso
n?o seja poss?vel, sugerimos que pelo menos em alguma
unidade de ensino do ano se apliquem todas as etapas,
a fim de que o professor possa verificar os efeitos de uma
avalia??o mais formativa, que os alunos possam ter ex-
peri?ncias pedag?gicas mais ricas e que lhes desenvol-
vam maior senso cr?tico. Ou ainda, quando isso tamb?m
n?o for poss?vel, que em cada unidade de ensino se di-
versifique o m?todo de avalia??o, aplicando-se duas ou
tr?s dessas etapas.
Ficam, ent?o, estas sugest?es para aqueles que dese-
jam fazer a diferen?a em sua escola: com a discuss?o sobre
novas pr?ticas avaliativas, a forma??o e experimenta??o
dos professores, com registros e reflex?es sobre suas novas
experi?ncias, e com o envolvimento dos pais e alunos, a
avalia??o poder? se tornar um processo mais prazeroso,
realista e eficiente, dentro das disciplinas espec?ficas e da
escola como um todo.
Leituras complementares sobre o tema
HAGA, M. S. et al. A avalia??o e o seu potencial pedag?gico
para a media??o da aprendizagem. Anais do X CEPFE – Con-
gresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores. p.
5585‑5597.
______. HAGA, K. I. Fundamentos de avalia??o formativa:
os conflitos e as concilia??es entre as diferentes l?gicas.
Anais do IX Congresso Estadual Paulista para Formação de
Educadores, ?guas de Lindoia, SP, CD‑ROM. 2007.
HOFFMANN, J. Avaliação: mito e desafios: uma perspectiva
construtivista. Porto Alegre: Media??o, 1991.
KRASILCHIK, M. As rela??es pessoais na escola e a avalia??o.
In: CASTRO, A. D.; CARVALHO, A. M. P. de (Org.). Ensinar a
ensinar: did?tica para a escola fundamental e m?dia. S?o
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. p. 165‑176.
PERRENOUD, P. A avaliação: da excel?ncia ? regulagem das
aprendizagens: entre duas l?gicas. Porto Alegre: Artmed,
1999.
______. N?o mexam na minha avalia??o! Para uma abor‑
dagem sist?mica da mudan?a pedag?gica. In: ESTRELA, A.;
N?VOA, A. (Org.). Avaliações em educação: novas perspecti‑
vas. Portugal: Porto, 1993. p. 171‑191.
2
A leitura nas Ci?ncias Humanas
Angela B. Kleiman
Professora titular da Unicamp
Como todo professor que leciona uma disciplina cujo
volume de leituras ? muito elevado, voc? j? deve ter se
sentido frustrado alguma vez por seus alunos n?o conse-
guirem compreender sua mat?ria. O fato ? que muitos
deles n?o se interessam por ela porque t?m grandes difi-
culdades para entender a informa??o no texto, conforme
apontam os resultados de diversos testes de leitura.
A import?ncia da leitura para a vida cotidiana e, so-
bretudo, para a vida na escola, espa?o de aprendizagem e
desenvolvimento intelectual por excel?ncia, ? ineg?vel. Se
o desinteresse de alguns alunos se deve ao fato de n?o
terem consolidado seu h?bito de ler, vale a pena o profes-
sor de Hist?ria, Geografia, Filosofia ou Sociologia conhecer
o que est? envolvido no ensino da leitura e como essa
capacidade pode ser desenvolvida, a fim de ajudar seu
aluno. Lembremos que os professores de todas as discipli-
nas s?o tamb?m professores de leitura, pois s?o modelos
de como ler os textos de sua ?rea. Al?m disso, vale lembrar
que ? objetivo expl?cito nos curr?culos das disciplinas de
Ci?ncias Humanas o desenvolvimento de compet?ncias
de leitura. No curr?culo de Filosofia, por exemplo, lemos,
entre as habilidades visadas no 1
o
bimestre da 2
a
s?rie
?desenvolver habilidades de leitura, escrita e planejamen-
to investigativo para autonomia intelectual?
4
.
4
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Currículo do Estado de São Paulo: Ciências Humanas e suas tecnologias. Secretaria da Educação; co‑
ordenação geral: Maria Inês Fini; coordenação de área: Paulo Miceli. São Paulo: SEE, 2010. p. 124. Disponível em: <www.rededosaber. sp.gov.br/Portals/43/
Files/CHST.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2013.
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Manual do Professor310
Apesar de toda sua importância, a leitura parece
estar perdendo espaço na vida de um número expres-
sivo de estudantes brasileiros, em parte por causa das
novas mídias e novas tecnologias, em parte pelo acesso
limitado que muitos alunos têm a livros, jornais, revis-
tas e bibliotecas.
Considerados esses fatos, e para poder planejar algum
tipo de intervenção didática, é importante que os profes-
sores das disciplinas da área das Ciências Humanas co-
nheçam as principais competências de leitura esperadas
do aluno, que precisa ter acesso a textos em prosa sobre
assuntos polêmicos, reflexivos, complexos e abstratos,
como os textos de História, Geografia, Filosofia e Socio-
logia. Entre essas competências, temos:
a) saber localizar informações explícitas: o professor de
Ensino Médio não precisa se preocupar demais com
esta competência, pois é a mais exercitada pelo pro-
fessor, pelo livro didático, e a mais básica de todas as
competências; muitas vezes o aluno aparenta enten-
der, porque suas respostas exigem apenas que reco-
nheça palavras semelhantes na pergunta e no texto,
como no exemplo a seguir:
Texto
5
: “... o endeusamento de rótulos representa extraor-
dinária vitória ideológica do capitalismo”.
Pergunta: O que representa o endeusamento de rótulos?
Resposta: Representa extraordinária vitória ideológica
do capitalismo.
b) inferir nas entrelinhas: é a capacidade menos visada,
a julgar pelo número de perguntas que demandam
inferência no livro didático, e a mais importante para
a formação do leitor independente. A inferência é de-
monstrada quando o aluno consegue tirar conclusões
e perceber intenções, e é praticada quando são feitas
perguntas precedidas pelas palavras como e por que:
“Por que, segundo o autor, o endeusamento de grifes
representa uma vitória do capitalismo?”. A inferência
também é praticada quando são feitas perguntas que
demandam uma opinião baseada na leitura do texto:
“Você concorda com a opinião do autor de que o en-
deusamento de grifes representa uma vitória do capi-
talismo? Justifique”.
c) usar elementos não verbais, como gráficos, tabelas e
figuras, para compreender o texto: hoje os textos são
multimodais, ou seja, recorrem a mais de uma moda-
lidade: além de fotos, mapas, gráficos, ilustrações, ta-
belas, esquemas, infográficos, há diversos elementos
gráficos, como tipografia, diagramação, cor, tamanho
das fontes. O uso de todos esses recursos tem uma
função, um sentido, e, na maioria das vezes, torna a
leitura mais dinâmica. O livro didático pode ter um
papel essencial nesse entendimento e o professor pode
explorar essa leitura no próprio material; por isso é
importante dirigir o olhar do aluno para sua organiza-
ção: capítulos, geralmente subdivididos em tópicos e
subtópicos bem destacados por cores, tamanho das
letras, posição na página, etc.
d) estabelecer relações e comparar dados: trata-se de
uma das competências mais importantes na leitura
crítica, geralmente pouco praticada em sala de aula,
que abrange saber distinguir causas de consequências
e fatos de opiniões relativas a ele; reconhecer diferen-
ças no tratamento dado ao mesmo tema em dois tex-
tos diferentes; tirar conclusões. Para desenvolver tal
competência, o aluno deve ser capaz de perceber de-
talhes, como a seleção de vocabulário e os tipos de
exemplos usados, e o professor pode ajudá-lo fazendo
perguntas sobre esses aspectos.
e) identificar o tema de um texto expositivo ou infor-
mativo: essa competência envolve também perceber
as marcas que o autor e seus editores vão deixando
nos títulos e subtítulos e na repetição de palavras,
a fim de indicar que uma informação é mais impor-
tante do que outras, que é o tema ao qual as demais
estão relacionadas. Chamar a atenção para o título
e pedir hipóteses sobre o tema com base nele ou em
uma ilustração são estratégias que podem ajudar o
aluno nessa percepção. Por exemplo: há na primeira
página do jornal uma chamada para o texto de opi-
nião já mencionado, que se intitula “Autêntico, funk
expõe vitória do capitalismo”. Logo em seguida, re-
pete-se a frase sobre a vitória do capitalismo, citan-
do – e portanto destacando – um trecho do texto de
opinião: “Mas é mister observar que o endeusamento
de rótulos representa extraordinária vitória ideológi-
ca do capitalismo”. Quando finalmente se lê o trecho
no texto original, escondido no penúltimo parágra-
fo, parte do tema já foi repetida três vezes.
Munidos desses conhecimentos, os alunos podem, de
fato, ser orientados para a leitura de textos mais comple-
xos das Ciências Humanas. Entretanto, para além desse
saber, é importante destacar três princípios de caráter
metodológico e didático, que devem ser levados em conta
em relação à leitura:
1. Facilitação do texto
Todos nós evitamos fazer aquilo que é desagradável e
procuramos fazer o que nos dá prazer. Isso não é diferen-
te quando se trata da leitura. Quando o aluno tem dificul-
dade para compreender a língua escrita, a atividade de
leitura se torna desagradável. Dessa forma, se não existe
alguém para orientá-lo, são poucos os que insistem nessa
atividade, principalmente se não conhecem as vantagens
e satisfações que a aprendizagem trará no futuro.
5
SINGER, André. Ostentação. Folha de S.Paulo, 16 fev. 2013. p. 2.
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Manual do Professor311
Acontece que, como em toda pr?tica, quanto mais se
l?, mais f?cil vai ficando a atividade. O aluno que l? muito
pouco desiste assim que encontra as primeiras dificulda-
des. Ou seja, quem mais precisa praticar ? quem menos o
faz; no entanto, o ?nico meio de melhorar ? pela pr?tica.
Mas, se os alunos n?o leem bem aquilo de que n?o gostam,
leem bem o que gostam. A chave consiste, portanto, em
fazer com que a leitura exigida pela escola se torne uma
atividade menos penosa e mais prazerosa.
Tornar o contato com a leitura prazeroso exige a convi-
v?ncia cont?nua com professores que contagiem com seu
entusiasmo por ela e com bibliotec?rios prestativos e ge-
nerosos trabalhando em bibliotecas bem aparelhadas. Re-
quer tamb?m acesso a um grande acervo: livros, revistas,
jornais, hipertextos, inclusive os g?neros menos valorizados,
como resumos ou vers?es condensadas, divulga??es em
revistas para adolescentes, hist?rias em quadrinhos, revis-
tas noticiosas; enfim, textos mais acess?veis, que despertem
uma curiosidade inicial e o desejo de ler.
Embora os conte?dos a serem ensinados sejam impor-
tantes, o professor pode levar para a aula textos liter?rios ou
jornal?sticos que t?m ou tiveram papel importante no seu
letramento e na sua forma??o. Pode levar textos dos quais
ele mesmo gosta, para mostrar aos alunos seu gosto pela
leitura, e deve demonstrar suas pr?prias estrat?gias de leitor,
fazendo perguntas que requeiram pensar, modelando aque-
las que ele pr?prio se faz antes de come?ar a ler e explicando
para seus alunos o que lhe agradou ou chamou a aten??o.
2. Flexibiliza•‹o do curr’culo
Em ?reas que se caracterizam pela presen?a forte de
conte?dos estruturadores e pelo objetivo de engajamento
social e atuante no mundo globalizado atual, a flexibili-
za??o do curr?culo ? vi?vel.
Numa disciplina como a Geografia, por exemplo, se
um determinado conceito, como o aprofundamento da
no??o de territ?rio brasileiro, esteja previsto para o tercei-
ro bimestre da 2
a
s?rie do Ensino M?dio
6
, um aconteci-
mento amplamente noticiado no primeiro bimestre que
tem a ver com o territ?rio nacional deveria ser motivo para
a altera??o da ordem dos conte?dos ou para a substitui??o
de um contexto de exemplifica??o por outro. Fatos que j?
s?o conhecidos dos alunos ? seja qual for a m?dia ? tornam
a aprendizagem dos conceitos abstratos mais f?cil, porque
o conhecimento pr?vio permite ancorar e estruturar o
novo. Isso sem contar com as possibilidades de leituras
interdisciplinares desses assuntos, o que tamb?m se cons-
titui num elemento facilitador.
Quase diariamente h? acontecimentos not?veis que
requerem simplesmente que o professor passe a acredi-
tar que os conceitos de sua mat?ria (densidade demo-
gr?fica, por exemplo) e as pr?ticas relevantes (como a
leitura de mapas) possam ser ensinados ? e, portanto,
atingidos os objetivos do curr?culo ? mesmo quando o
foco no conte?do determinado para esse per?odo ? mo-
mentaneamente mudado.
No in?cio de 2013, por exemplo, a presen?a francesa no
Mali e a queda de um meteoro na R?ssia foram eventos
que ocuparam as manchetes dos jornais: os textos jorna-
l?sticos poderiam servir tanto para a introdu??o de concei-
tos abstratos quanto para o exerc?cio de habilidades consi-
deradas importantes na disciplina, como desenvolver ?a
capacidade de associar padr?es de desenvolvimento eco-
n?mico e social ?s maneiras de realizar o controle preven-
tivo de situa??es de risco naturais? ou “identificar elementos
histórico-geográficos que expliquem o desencadeamento de
conflitos étnico-culturais no mundo contemporâneo; ou a
expansão do islamismo na África”
7
. Isso tudo ? poss?vel des-
de que a flexibiliza??o do curr?culo passe a se constituir em
um princ?pio did?tico valorizado.
Quando um acontecimento noticiado na m?dia passa
a ter um lugar central na aula, o aluno entra em contato,
via leitura, com outras hist?rias que provavelmente ter?o
muito mais chance de mudar sua forma de pensar sobre
o pr?prio mundo e que ilustram muito melhor do que
qualquer texto cient?fico os conceitos de globaliza??o e de
transforma??o do espa?o geogr?fico decorrentes das no-
vas tecnologias de comunica??o. Isso porque na grande
maioria das vezes os alunos s? t?m contato com esses
textos cient?ficos na escola, enquanto que um aconteci-
mento noticiado mundialmente est? mais pr?ximo de sua
realidade. Caberia, portanto, ao professor, nesse caso, mos-
trar aos alunos a rela??o entre o conceito abstrato encon-
trado no texto do livro e os fatos vividos pela sociedade,
estejam eles apresentados em jornais, m?sicas, novelas,
filmes. Trata-se simplesmente de n?o descartar aquilo que
o aluno j? conhece e que pertence a uma cultura de mas-
sa n?o valorizada pela escola.
3. (Re)contextualiza??o situada
Esse princ?pio est? ligado ao de flexibilidade, uma vez
que somente um curr?culo mais flex?vel permite a (re)con-
textualiza??o situada de conceitos e princ?pios b?sicos de
uma determinada disciplina. O princ?pio envolve a aborda-
gem de conceitos que s?o diretamente relevantes para a si-
tua??o social do aluno, o que envolve, necessariamente, uma
recontextualiza??o de conceitos abstratos para a vida social.
Em rela??o a uma disciplina como a Sociologia, por
exemplo, cujo princ?pio estruturador ? uma atitude me-
todol?gica ? de estranhamento e desnaturaliza??o do fato
social ? mais do que um conjunto de conte?dos
8
, o car?ter
especial do olhar sociol?gico, seletivo, distante, que refra-
6
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Currículo do Estado de São Paulo: Ciências Humanas e suas tecnologias. Secretaria da Educação;
coordenação geral: Maria Inês Fini; coordenação de área: Paulo Miceli. São Paulo: SEE, 2010. p. 102. (3
o
bimestre, 1
a
série do Ensino Médio).
7
op. cit., p. 110 (2
o
bimestre, 3
a
série do Ensino Médio).
8
op. cit., p. 135.
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Manual do Professor312
ta a realidade observada
9
, pode ser desenvolvido se o alu-
no, mesmo aquele com dificuldades de leitura, puder
construir um olhar comparativo tomando como um dos
pontos de comparação fatos vivenciados, relevantes para
seu próprio contexto e situação. Tais fatos, novamente, são
recorrentemente encontrados em matérias jornalísticas
sobre fenômenos sociais conhecidos dos alunos, mas que
ele ainda não observou pelo prisma do olhar sociológico.
Um exemplo disso é o texto de opinião já citado, sobre
o funk “Ostentação”, um canto falado que, em lugar de fazer
denúncia social (como o rap), “exalta o poder de consumo
que chegou às camadas de menor renda nos últimos anos”
10
.
Conteúdos como “cultura, consumo, consumismo e comunica-
ção de massa” ou “construção da identidade pelos jovens”
11
,
que têm por finalidade levar o adolescente a compreender
as formas em que “os jovens se relacionam com a socieda-
de de consumo e a produção de cultura”
12
, podem partir do
processo de desnaturalização da prática de consumo que o
referido texto de opinião (ou qualquer outro sobre a cultu-
ra juvenil local) promove, e a relação crítica do jovem pode
ser desenvolvida tanto em relação a esse fenômeno cultu-
ral da periferia quanto à atitude da elite brasileira ao la-
mentar a perda de valores que outros grupos sociais jamais
demonstraram. O estranhamento advindo da reflexão crí-
tica será o prisma usado na leitura, qualquer que seja a
opinião do aluno, e o instrumento pelo qual será atingido
será um texto jornalístico, atual, contextualizado e que per-
mite o reposicionamento do próprio aluno.
Com base nos três princípios discutidos – facilitação do
texto, flexibilização do currículo e (re)contextualização si-
tuada –, o professor das disciplinas de Ciências Humanas
pode fazer uso dos enormes acervos à nossa disposição,
graças às novas mídias e tecnologias, até encontrar o texto
e o tema que terão grande apelo com o aluno e o motivarão
a fazer mais leituras, aumentando suas chances de se tornar
mais um leitor à vontade com as múltiplas práticas letradas.
Pelo fato de ser leitor proficiente, muitas habilidades
leitoras parecem óbvias para o professor, como se fossem
naturais a qualquer ser humano. Entender o sumário, o
índice remissivo e o funcionamento do livro didático, por
exemplo, e falar sobre a importância da leitura das ima-
gens para a construção do sentido do texto não são estra-
tégias óbvias para o aluno que ainda tem dificuldades para
compreender o que lê, mas podem, mesmo que tardia-
mente, ser aprendidas e exercitadas, especialmente com
textos relevantes para a área e para a vida social do aluno.
3
Materiais did?ticos digitais
Ismar Frango Silveira
Coordenador da CEIE ? Comiss?o Especial de Inform?tica na Educa??o SBC ? Sociedade Brasileira de Computa??o
Desde tempos remotos, o ser humano tem se defron-
tado com a necessidade de criar ferramentas com propó-
sitos diversos, sendo o principal deles, possivelmente, o de
facilitar a sua vida. Os computadores, essas valiosas fer-
ramentas do nosso tempo, tão presentes e necessários no
nosso dia a dia, não parecem ter a mesma presença no
cotidiano das escolas, apesar de todo o seu potencial.
Sabemos que as escolas brasileiras enfrentam muitos
problemas, para cuja resolução a ação do professor é fun-
damental. E isso se aplica também ao uso efetivo de com-
putadores no ensino. Não se trata de nós, professores, en-
sinarmos nossos alunos a usar os computadores, a navegar
na internet ou a usar aplicativos – como editores de texto
ou planilhas. Isso eles já sabem (melhor que nós, geralmen-
te) ou podem aprender de maneira autônoma, sem a nossa
ajuda. Lembremos que nossos alunos são o que se conven-
cionou chamar de nativos digitais – crianças e adolescentes
que nasceram em um mundo imerso em tecnologia.
Mesmo que – por condições sociais, geográficas ou
culturais – esses alunos não tenham pleno acesso a com-
putadores e internet em suas casas, o mundo no qual eles
vivem propicia uma série de oportunidades para que te-
nham contato com a tecnologia e para que esta venha a
fazer parte de suas vidas, como aconteceu com o rádio e
a TV para outras gerações. Grande parte de nós, professo-
res, pertence ao grupo que se denomina imigrantes digi-
tais – nascemos em uma época em que os computadores
não eram onipresentes e tivemos contato com essas tec-
nologias depois do nosso processo de letramento. De ma-
neira similar a pessoas que imigram para outro país, po-
9
Caracterização do antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira, segundo SARANDY, Flávio M. Silva. Reflexões acerca do sentido da sociologia no Ensino Médio.
Revista Espaço Acadêmico, ano I, n. 5, out. 2001. Disponível em: <www.espacoacademico.com.br/005/05sofia.htm>. Acesso em: 24 fev. 2013.
10
SINGER, André. Ostentação. Folha de S.Paulo, 16 fev. 2013. p. 2.
11
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Currículo do Estado de São Paulo: Ciências Humanas e suas tecnologias. Secretaria da Educação;
coordenação geral: Maria Inês Fini; coordenação de área: Paulo Miceli. São Paulo: SEE, 2010. p. 144. (2
o
bimestre, 2
a
série do Ensino Médio).
12
op. cit., p. 144 (2
o
bimestre, 2
a
série do Ensino Médio).
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Manual do Professor313
demos at? dominar a ?linguagem? do mundo digital, mas,
para n?s, ela n?o ? nativa.
E o que esperam os nativos digitais de n?s, imigrantes
digitais, como seus professores? Na verdade, o que sempre
esperaram: que os ensinemos dentro de nossas ?reas de
conhecimento, mas preferencialmente na ?linguagem?
que lhes ? familiar. E de que maneira podemos nos comu-
nicar nessa ?linguagem? que n?o ? familiar ? e por vezes,
nem mesmo amig?vel ? para muitos de n?s?
Quest?es que logo nos v?m ? mente s?o: para que fa-
zer isso? Por que raz?es utilizar computadores em sala de
aula? Podemos listar algumas das (muitas) raz?es:
• Motivação: o uso de computadores em si n?o garante
uma motiva??o maior dos alunos. Esse uso deve ser cui-
dadosamente planejado e estar em sincronia com as
demais atividades da disciplina. Em outras palavras,
levar os alunos para a sala de computadores para ativi-
dades gen?ricas, sem foco, como ?fazer pesquisas na
internet?, costuma ter pouca ou nenhuma efic?cia. En-
tretanto, o uso de computadores com objetivos bem
claros e diretamente associados aos t?picos do plano de
ensino tende a ser uma atividade motivadora e com um
bom potencial de impacto no aprendizado dos alunos.
• Novas possibilidades de experimentos: h? muitos casos
de atividades que requerem recursos espec?ficos (como
laborat?rios de experimentos) ou que trazem algum
tipo de risco (? o caso de algumas atividades de Qu?mi-
ca e Biologia, por exemplo) e que poderiam ser realizadas
com simuladores virtuais, com seguran?a e sem custo.
H? ainda atividades que n?o poderiam ser executadas
em condi??es normais, para as quais distintas ferramen-
tas computacionais podem ser usadas.
• Aprendizagem autônoma: os alunos podem desenvol-
ver atividades fora do hor?rio de aula com as ferramen-
tas aprendidas com o professor, ou mesmo outras fer-
ramentas buscadas e encontradas por eles na internet.
Dessa maneira, os recursos digitais trazem um con-
junto de novas possibilidades ao professor por proporcio-
nar situa??es did?ticas diferenciadas, que, de outro modo,
n?o poderiam ser implementadas em sala de aula. Tais
recursos n?o v?m substituir o material did?tico tradicio-
nal: muito pelo contr?rio, sua fun??o ? complementar o
material j? comumente utilizado pelo professor, amplian-
do as possibilidades do fazer docente.
E que recursos existem para ser usados? H? v?rios tipos
de recursos, cada um com uma s?rie de possibilidades
did?ticas. O Minist?rio da Educa??o entende por recursos
digitais ?v?deos, imagens, ?udios, textos, gr?ficos, tabelas,
tutoriais, aplica??es, mapas, jogos educacionais, anima-
??es, infogr?ficos, p?ginas web e outros elementos?. Eles
podem ser assim classificados:
• Livros digitais ou e-books: s?o vers?es digitais de livros
em papel ou de obras completas pensadas para o for-
mato digital. Podem ser est?ticos (como os livros em
papel, cont?m textos e imagens) ou din?micos (podem
incluir v?deos, anima??es, simula??es ou qualquer outro
conte?do dito multim?dia ? ou seja, que agrega v?rias
?m?dias? ou formas de representa??o da informa??o).
• Softwares educacionais: s?o programas de computador
feitos especificamente para fins educacionais. Em sua
maioria, necessitam de instala??o nos computadores
(o que n?o ? ? ou n?o deveria ser ? exatamente um
problema), mas muitos s?o planejados para utiliza??o
sob orienta??o do professor, visando um resultado de
aprendizagem mais efetivo. Um exemplo gratuito des-
ses softwares ? o GeoGebra (para aprendizagem de
Matem?tica; <www. geogebra.org>).
• Objetos de aprendizagem: na pr?tica, correspondem a
todo e qualquer elemento digital que possa ser usado e
reutilizado em situa??es de aprendizagem ? de um tex-
to em PDF ou um conjunto de slides a um simulador
virtual, incluindo nessa defini??o tamb?m anima??es,
v?deos, jogos digitais e outros tipos de recursos. Apesar
de v?rios desses objetos serem encontrados de maneira
simples por meio de buscadores da internet, existem
reposit?rios deles, que fornecem mais informa??es (cha-
madas ?metadados?) sobre cada um, como autores,
p?blico-alvo, sugest?es de uso, etc. Em ?mbito nacional,
o MEC mant?m o Banco Internacional de Objetos Edu-
cacionais (BIOE; <objetoseducacionais2.mec.gov.br>),
vasto reposit?rio com grande variedade de objetos de
aprendizagem.
• Recursos educacionais abertos: seguem a mesma linha
dos objetos de aprendizagem, com a ressalva de que os
elementos, al?m de utilizados e reutilizados, podem
tamb?m ser modificados e adaptados livremente. O site
<rea.net.br> traz uma s?rie de informa??es a respeito.
Por?m, que tipos de computadores s?o necess?rios
para trabalhar com esses elementos? Muitos deles en-
contram-se dispon?veis para uma variedade de dispo-
sitivos, desde computadores desktop (de mesa) e note-
books, a at? mesmo tablets e smartphones. J? alguns
softwares educativos apresentam algumas exig?ncias
t?cnicas para instala??o (tipo espec?fico de sistema ope-
racional, quantidade m?nima de mem?ria no computa-
dor, etc.), enquanto alguns objetos de aprendizagem
necessitam que determinados plugins (programas adi-
cionais) estejam instalados.
Equipamentos e programas, entretanto, nada mais s?o
do que ferramentas. E, como foi dito no in?cio deste texto,
ferramentas s?o criadas com o intuito de facilitar o nosso
dia a dia. Assim, mais importantes que as ferramentas,
s?o as pessoas que v?o utiliz?-las: os professores dispostos
a ressignificar o seu papel como formadores de cidad?os
plenamente aptos a tirar proveito das tecnologias de nos-
so tempo; e os alunos, que poder?o manej?-los como ve?-
culos de informa??o, intera??o social, entretenimento e
aprimoramento intelectual.
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Manual do Professor314
Observações, sugestões e resolução dos exercícios
deste volume
Atividades integradoras de Ci?ncias Humanas
Nesta seção, propomos projetos interdisciplinares com
as disciplinas que compõem a área de conhecimento Ciên-
cias Humanas e suas tecnologias. Essas atividades podem
ser realizadas como tarefa extraclasse.
1. Reflexos cotidianos da política
econômica brasileira
Atividade relacionada aos Cap’tulos 1 e 2.
Introdução
O estudo das políticas econômicas brasileiras poderá
ser aprofundado com a união dos conhecimentos de geo-
política e Geografia Humana a algumas ferramentas de
investigação das Ciências Sociais, em especial da Antropo-
logia. Como vimos ao longo desses dois capítulos, diferen-
tes políticas econômicas se configuraram ao longo do sé-
culo passado no Brasil. Cada uma delas estava relacionada
a uma forma de compreender o Estado e a própria socie-
dade, de maneira mais geral. Essas políticas tiveram e têm,
ainda hoje, seu efeito mais marcante no elo final da cadeia
de transações econômicas: nós, indivíduos, consumidores
e cidadãos brasileiros. O conhecimento sobre o efeito con-
creto das políticas econômicas na vida das pessoas ajuda
os alunos a relacionar o conteúdo da disciplina de Geogra-
fia ao seu dia a dia e às próprias condições de sua existên-
cia (quando analisado o cotidiano vivido por gerações
anteriores de sua família, por exemplo). A atividade aqui
proposta procura inserir os estudantes nesse processo de
aproximação por meio da execução de uma entrevista so-
ciológica etnográfica.
Objetivos
• Observar de que maneira as políticas econômicas, criadas
pelo Poder Executivo, transformam e definem as possibi-
lidades cotidianas dos consumidores e cidadãos.
• Observar os efeitos de diferentes políticas econômicas no
cotidiano de famílias brasileiras em diferentes gerações.
• Relacionar esses dois aspectos para construir uma percep-
ção complexa sobre como o momento atual da economia
brasileira – e os seus reflexos cotidianos – foi construído.
Conteúdos
Geografia humana – geopolítica – Antropologia – Ciên-
cias Sociais – Etnografia – Economia – Políticas de Estado
– Estado – cidadania – renda – família.
Tempo estimado
Seis aulas.
Desenvolvimento das atividades
• Converse com os alunos sobre o planejamento deste pro-
jeto, incluindo os meios de execução, os prazos e os cro-
nogramas, adaptando-o às necessidades e às caracterís-
ticas cognitivas dos estudantes. Verifique a disponibilida-
de dos acervos e recursos de informática e das bibliotecas
da escola ou de outras instituições, se julgar necessário.
• Após o acordo com os alunos, ainda na primeira aula, sis-
tematize as diferentes políticas econômicas estudadas ao
longo do capítulo em diferentes períodos da História. Situe
em uma linha o ano de nascimento deles, o seu ano de
nascimento e o de pais e avós vivos dos alunos. Reflita com
eles sobre momentos históricos diferentes, em termos de
políticas econômicas, vividos por todas essas pessoas. Agu-
ce a curiosidade da turma sobre as diferenças entre outros
tempos e o tempo presente da economia brasileira no co-
tidiano das pessoas, dando exemplos próprios. Apresente
à turma o projeto. Incentive-os a investigar os efeitos con-
cretos das políticas econômicas na vida de suas famílias,
em diferentes gerações. Para isso, oriente-os a trabalhar
com entrevistas sociológicas etnográficas. Apresente, nes-
sa mesma aula, o cronograma de trabalho.
• Na segunda aula do projeto, que consiste no início da ofi-
cina de entrevista, apresente aos alunos a ferramenta de
entrevista sociológica etnográfica. Explique que esse tipo
de entrevista é diferente de uma jornalística, de um preen-
chimento de questionário. Nesse projeto, o objetivo é ob-
servar diferentes períodos da História. Então, cada grupo
deverá entrevistar pessoas de diferentes gerações, prefe-
rencialmente (mas não necessariamente) das próprias
famílias. Cada aluno do grupo deverá realizar apenas uma
entrevista etnográfica. Dê um tempo aos grupos para que
eles completem uma tabela como mostrada a seguir com
algumas informações sobre seus possíveis entrevistados.
Sugerimos grupos de quatro alunos.
8
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315Manual do Professor
Ap?s preencher essa tabela, os grupos devem refletir so-
bre como entrar em contato com as pessoas e agendar essas
entrevistas. Baseando-se na bibliografia sugerida no fim des-
te projeto, explique aos alunos que as regras da entrevista
devem estar claras para os entrevistados j? na hora do agen-
damento. Pe?a a eles que anotem as seguintes regras:
1. a entrevista ? relativamente longa; tem dura??o de 1 a 2
horas;
2. a entrevista deve ser gravada (pode-se usar celular, gra-
vador, etc.);
3. as perguntas feitas n?o s?o fechadas, ou seja, o entre-
vistado poder? discorrer livremente sobre elas, sem se
preocupar se h? uma resposta certa, errada, mais ou
menos adequada;
4. as entrevistas ser?o realizadas em locais calmos e silen-
ciosos, onde o entrevistado se sinta confort?vel;
5. as grava??es dever?o ser transcritas.
Como tarefa de casa desta aula, pe?a aos alunos que:
1. negociem as entrevistas combinadas com o grupo;
2. providenciem o aparelho que usar?o para gravar a en-
trevista (celular, gravador, c?mera filmadora, etc.).
• Na terceira aula, pergunte aos grupos quantas entrevistas
j? foram agendadas. Lembre-os de que, ap?s a grava??o,
ser? preciso escutar e salvar a entrevista. Verifique se todos
t?m os meios necess?rios para fazer isso.
Nessa mesma aula, leve exemplos de entrevistas etno-
gr?ficas, que podem ser retirados da bibliografia indica-
da no fim deste projeto. Pe?a aos grupos que leiam trechos
dessas entrevistas e discutam as quest?es a seguir. Abaixo
de cada uma delas, apresentamos alguns coment?rios que
podem ser feitos aos alunos durante a oficina ou ao fim dela.
a) Que tipo de pergunta um entrevistador faz a seus en-
trevistados?
Na entrevista etnogr?fica, em geral se fazem perguntas
abertas, que possibilitem ao entrevistado falar sobre o
tema de maneira expansiva.
b) H? muitas interrup??es do entrevistador?
O entrevistador corresponde a um observador, um ou-
vinte que apenas estimula o entrevistado, dando conti-
nuidade ? entrevista. ? importante saber perguntar e
saber ouvir durante longos per?odos.
c) O entrevistado fala pontualmente ou livremente?
Na entrevista etnogr?fica, o entrevistado fala livremen-
te durante longos per?odos, nos quais o entrevistador
apenas estimula a continuidade da fala, sem delimitar o
discurso do entrevistado, mesmo que ele diga algo com
o qual o entrevistador n?o concorda.
d) Os assuntos s?o separados, como em um question?-
rio, ou se misturam na narrativa do entrevistado?
Os assuntos se misturam. Avise aos alunos que parte do tra-
balho de an?lise das entrevistas etnogr?ficas ? associar dife-
rentes trechos da entrevista que cont?m o mesmo assunto.
e) O entrevistador pergunta exatamente aquilo que ele
quer saber?
N?o. O entrevistador faz perguntas abertas que indicam
caminhos para poss?veis respostas. Enquanto o entre-
vistado fala, o entrevistador faz anota??es e quando
poss?vel pede exemplos ou esclarecimentos. Algumas
perguntas-chave que mant?m a entrevista etnogr?fica
num bom ritmo s?o: ?Por que voc? pensa isso?? ou
?Voc? poderia dar um exemplo disso que est? falando??.
Por fim, lembre os alunos de observar, durante a entre-
vista, como a pessoa se posiciona, como senta, o tom da
fala, etc. Todos esses sinais podem indicar posiciona-
mentos pessoais em rela??o ao assunto pesquisado.
• Na quarta aula, os alunos dever?o elaborar um quadro de
assuntos que servir? de refer?ncia na hora da entrevista.
Em vez de elaborar um roteiro ao qual ficariam presos,
eles devem fazer uma lista de aspectos do cotidiano de
seus entrevistados, no passado e no presente, que ajudem
a nortear a entrevista. Lembre os alunos de que eles n?o
devem fazer essas perguntas, mas deixar que os entrevis-
tados contem sua vida e passem naturalmente por esses
pontos em suas narrativas. ? mais importante que o en-
trevistado possa falar livremente do que necessariamen-
te forne?a todas as respostas do roteiro.
Exemplo de lista para orientação da entrevista:
• Observa??o: deve-se fazer o mesmo em rela??o aos even-
tos comuns da vida em outras etapas, como adolesc?ncia,
in?cio da vida adulta, vida adulta, terceira idade, o mo-
mento atual. Lembre os estudantes de explorar informa-
??es sobre o dinheiro, o que era poss?vel comprar, quem
decidia, como se gastava, a sensa??o de ser pobre ou rico,
etc. Agora, veja o roteiro que sugerimos:
Infância
− Informa??es sobre a fam?lia:
• Tinha irm?os? Quantos? Moravam juntos? Agregados?
Empregada dom?stica?
• Av?s vivos? Moravam na mesma casa? Qual a rela??o
com os av?s?
• Pais casados? Divorciados? Moravam juntos? Se n?o, com
quem morava? Com que frequ?ncia via o outro pai/m?e?
• Qual ? a profiss?o dos pais e av?s? Trabalhavam fora de
casa? Quem cuidava dos filhos?
Nome
do aluno
Nome
do entrevistado
Parentesco
Idade
(ou ano de
nascimento)
Políticas econômicas
estudadas que o entrevistado
viveu diretamente
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Manual do Professor316
− Informa??es sobre a escola:
• P?blica? Privada? No bairro? Era longe? Perto? Como
chegava? Algu?m levava?
• De quais mat?rias gostava? De quais professores? Era
dif?cil? Era f?cil?
− Informa??es sobre a casa:
• Tamanho? Localiza??o? T?rrea? Tinha vizinhos?
− Informa??es sobre a rotina:
• Estudava? Trabalhava? Brincava? Com quem? Fazia li??o?
Onde? Fora da escola, com quem ficava? Como era a
rotina di?ria?
D? um tempo aos grupos para que comecem a elaborar
seus roteiros. Pe?a aos alunos que terminem em casa, se
necess?rio, e realizem, ent?o, as entrevistas. Lembre-os de
transcrev?-las t?o logo seja poss?vel.
• Na quinta aula, pelo menos uma parte da turma precisar?
estar com as entrevistas gravadas e, se poss?vel, transcritas.
Nessa aula, retome o conte?do do cap?tulo, levantando os
principais pontos das pol?ticas econ?micas vividas pelos
entrevistados. Em seguida, pe?a aos grupos que se re?nam
e pensem juntos como cada uma dessas pol?ticas influen-
ciou a vida dos entrevistados. Solicite a eles que anotem
exemplos da vida dos entrevistados que ilustrem as pol?ti-
cas discutidas. Como tarefa de casa, pe?a aos grupos que:
1. transcrevam todas as entrevistas;
2. leiam as transcri??es, grifando as rela??es que podem
ser estabelecidas com a economia;
3. comparem as entrevistas do grupo utilizando as partes
grifadas, pensando sobre o que t?m em comum e de di-
ferente, tentando explicar por que isso ocorre.
• Na ?ltima aula, os grupos devem organizar a divulga??o
dos resultados. Eles podem escrever um artigo, fazer um
v?deo ou produzir uma apresenta??o em sala de aula. As
perguntas centrais a que todos os grupos devem tentar
responder em sua apresenta??o final s?o as seguintes:
− Quais s?o os reflexos das pol?ticas econ?micas na vida
cotidiana da popula??o brasileira?
− De que forma isso mudou ao longo das ?ltimas d?cadas?
Avaliação
Para avaliar o desempenho dos estudantes neste projeto,
considere todas as etapas. Qual foi o envolvimento dos estu-
dantes em cada parte do processo? Quanto dos conhecimen-
tos de Geografia eles conseguiram utilizar? O resultado final
conseguiu atender aos objetivos iniciais do trabalho?
Bibliografia para o professor
BEAUD, S.; WEBER, F. Guia para a pesquisa de campo: produ-
zir e analisar dados etnogr?ficos. Petr?polis: Vozes, 2007.
BONI, V.; QUARESMA, S. J. Aprendendo a entrevistar: como fazer
entrevistas em Ci?ncias Sociais. Em Tese. v. 2, n. 1, 2010. p. 68-80.
BOURDIEU, P.; CHAMBOREDON, J. C.; PASSERON, J. C. O ofí-
cio de sociólogo: metodologia da pesquisa na sociologia.
Petr?polis: Vozes, 2004.
DA SILVA, V. G. O antropólogo e sua magia: trabalho de cam-
po e texto etnogr?fico nas pesquisas antropol?gicas. S?o
Paulo: Edusp, 2000.
LAHIRE, B. Retratos sociológicos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
Indicações de fontes para o aluno
BEAUD, S.; WEBER, F. Guia para a pesquisa de campo: produ-
zir e analisar dados etnogr?ficos. Petr?polis: Vozes, 2007.
LAHIRE, B. Retratos sociológicos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
2. História e histórias da produção
de energia
Atividade relacionada ao Cap’tulo 3.
Introdução
Ao longo do tempo, as sociedades desenvolveram in?me-
ras formas de obten??o de energia para atender suas necessi-
dades vitais. Primeiro, adaptaram seu ciclo de vida ? fonte de
energia do Sol, descobriram e utilizaram o fogo para produzir
luz e calor para ent?o realizar atividades como preparar ali-
mentos e fundir metais. O ser humano tamb?m soube apro-
veitar a for?a dos ventos e da ?gua como forma de energia
mec?nica, por meio de moinhos de vento e rodas-d??gua. Com
a inven??o dos motores a vapor, e o consequente desenvolvi-
mento da ind?stria, fontes n?o renov?veis como o carv?o mi-
neral e o petr?leo garantiram a gera??o de quantidades maio-
res de energia e reduziram a depend?ncia em rela??o aos ciclos
solares. Hoje, por?m, diante do agravamento das condi??es
ambientais e da imin?ncia do esgotamento de recursos f?sseis,
enfrentamos o desafio de ampliar as alternativas energ?ticas,
buscando fontes menos poluentes, renov?veis e sustent?veis.
Esse ? o tema desta proposta, que trabalha com o di?logo en-
tre as disciplinas de Geografia e Hist?ria e com a cria??o de um
amplo painel sobre as fases do desenvolvimento t?cnico da
produ??o de energia. Pode-se aproveitar a atividade tamb?m
para examinar diferentes formas de organiza??o social, pol?ti-
ca e cultural e suas bases materiais territoriais, assim como as
transforma??es no espa?o de vida do ser humano, com base
no aumento da capacidade de obten??o de energia.
Objetivos
• Reconhecer o uso dos recursos da natureza ao longo da
Hist?ria.
• Avaliar os impactos sociais, ambientais e econ?micos re-
sultantes da cria??o de sistemas de produ??o de energia.
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Manual do Professor317
• Estabelecer rela??es entre a obten??o e a produ??o de
recursos energ?ticos e diferentes modos de organiza??o
social, econ?mica, pol?tica e cultural.
• Aprimorar a compet?ncia de leitura e interpreta??o de fo-
tografias, croquis, charges, ilustra??es, gravuras e pinturas.
• Trabalhar leitura e interpreta??o de diferentes fen?menos
geogr?ficos e hist?ricos.
• Desenvolver procedimentos de coleta, sele??o e organi-
za??o de dados e informa??es em diferentes fontes de
pesquisa e consulta.
Conteúdos
Energia ? t?cnica e tecnologia ? fontes e matrizes ener-
g?ticas ? combust?veis f?sseis ? fontes de energia alternativas
ou complementares ? t?cnicas e tecnologias de produ??o
energ?tica (fases, per?odos, objetos t?cnicos) ? energia, cul-
tura e sociedade ? energia e produ??o econ?mica ? energia
e aumento da mobilidade espacial humana.
Tempo estimado
Oito aulas.
Desenvolvimento das atividades
• Converse com os alunos sobre o planejamento deste pro-
jeto, incluindo os meios de execu??o, os prazos e os cro-
nogramas, adaptando-o ?s necessidades e ?s caracter?s-
ticas cognitivas dos estudantes. Verifique a disponibilida-
de dos acervos e recursos de inform?tica e das bibliotecas
da escola ou de outras institui??es, se julgar necess?rio.
• Ap?s o acordo com os alunos, proponha a eles que se
organizem em grupos e escolham temas de pesquisa re-
lacionados ? quest?o da produ??o de energia. Previamen-
te, converse com os outros professores envolvidos no
projeto e liste alguns assuntos a serem trabalhados.
• Com os temas definidos, pe?a aos alunos que pesquisem,
selecionem e organizem textos e imagens de fontes diversas.
Relembre-os de que dever?o levar em conta que as t?cnicas
e as tecnologias de obten??o de energia se desenvolvem ar-
ticuladas a outras, relacionadas principalmente ? produ??o
de bens, ? vida urbana e ? mobilidade espacial. S?o, portanto,
como ?fam?lias? de t?cnicas em diferentes per?odos e espa?os.
• Auxilie os alunos na organiza??o do painel, dispondo ade-
quadamente textos e figuras em murais, cartazes e outros
suportes ? inclusive suportes eletr?nicos, se houver re
-
cursos dispon?veis na escola. Ajude-os a preparar textos
de apoio para a exposi??o oral dos conte?dos.
Avaliação
Examine a disposi??o de textos, mapas, gravuras, pin-
turas, fotografias e ilustra??es no painel. Avalie o dom?nio
e a aplica??o de conceitos, no??es e processos em estudo.
Examine tamb?m a clareza, a coer?ncia e a organiza??o das
produ??es textuais. ? recomend?vel que os alunos dissertem
individualmente sobre o tema e realizem uma autoavalia??o
sobre o que aprenderam com o trabalho.
Bibliografia para o professor
SANTOS, M. A natureza do espaço. T?cnica e tempo. Raz?o e emo-
??o. S?o Paulo: Hucitec, 1997 (Cap. 7 ? O sistema t?cnico atual).
WALISIEWICZ, M. Energia alternativa. S?o Paulo: Publifolha, 2008.
WILLIAMS, T. Historia de la tecnologia. Madrid: Siglo Veintiuno,
1987. v. 5.
Indicações de fontes para o aluno
ANEEL. Atlas da Energia Elétrica. Dispon?vel em: <www.aneel.
gov.br/biblioteca/EdicaoLivros2009atlas.cfm>. Acesso em:
19 abr. 2016.
BALAN?O Energ?tico Nacional 2015. Dispon?vel em: <https://
ben.epe.gov.br/>. Acesso em: 19 abr. 2016.
GIANSANTI, R. Tecnologias e sociedade no Brasil contempo-
râneo. S?o Paulo: Global, 2002. (Viver, Aprender ? Educa??o
de Jovens e Adultos).
INSTITUTO EDP. História da energia. Dispon?vel em: <www.
edp.com.br/pesquisadores-estudantes/energia/historia-da-
energia/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 19 abr. 2016.
PLANETA Sustent?vel. Energia. Dispon?vel em: <http://
planetasustentavel.abril.com.br/energia/>. Acesso em: 19
abr. 2016.
3. Os migrantes e a vida nas
cidades
Atividade relacionada ao Cap’tulo 6.
Introdução
As migra??es campo-cidade s?o um elemento essencial
do processo de urbaniza??o no Brasil. As demandas da
moderna economia urbano-industrial canalizaram para os
principais centros urbanos da regi?o Sudeste grandes con-
tingentes populacionais de outras regi?es, e da zona rural
da pr?pria regi?o, em especial entre as d?cadas de 1960 e
1980. Buscando oportunidades de trabalho e ascens?o
social, milhares de baianos, mineiros, cearenses e paraiba-
nos, por exemplo, se dirigiram a S?o Paulo, Rio de Janeiro
e outras cidades, em geral, para trabalhar na constru??o
civil, mas tamb?m em outros ramos industriais e do setor
terci?rio. A maioria dessas pessoas fixou-se na periferia e
submeteu-se ? falta de infraestrutura, morando em habi-
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Manual do Professor318
ta??es prec?rias, sem servi?os de sa?de, saneamento b?-
sico e espa?os culturais.
Nos ?ltimos anos, em especial a partir da d?cada de
1990, os fluxos migrat?rios no pa?s passaram a ser multidi-
recionais e, em boa medida, de curta dist?ncia, envolvendo
tamb?m os deslocamentos cidade-cidade, sobretudo das
metr?poles para cidades m?dias. H? tamb?m migra??es
sazonais e de retorno. O ato de migrar ? quase sempre do-
loroso, j? que significa abandonar la?os familiares e culturais
para adaptar-se a novos costumes. Examinar a inser??o dos
migrantes na vida urbana moderna, em suas dimens?es
social, cultural e econ?mica, ? um desafio para a Geografia
e a Hist?ria. Na sala de aula, pode-se abordar a quest?o
solicitando aos alunos que realizem pesquisas de opini‹o.
Assim, eles poder?o colher dados e depoimentos de quem
vivenciou as experi?ncias citadas. A proposta cria conex?es
tamb?m com L?ngua Portuguesa, Matem?tica e Sociologia.
Objetivos
• Reconhecer fluxos migrat?rios no Brasil e analisar seus
impactos na vida dos migrantes nos contextos sociais,
culturais e econ?micos.
• Conhecer e avaliar a infraestrutura, a oferta e a distribui??o
de habita??es e de servi?os p?blicos nas cidades brasileiras.
• Desenvolver procedimentos para elabora??o, realiza??o, or-
ganiza??o e an?lise de resultados de uma pesquisa de opini?o.
• Realizar procedimentos de coleta, sele??o e organiza??o de
dados e de informa??es em diferentes fontes de pesquisa.
Conteúdos
Din?mica demogr?fica ? fluxos migrat?rios no Brasil ?
processos de urbaniza??o ? rede urbana brasileira ? vida
social urbana ? equipamentos, servi?os e infraestrutura
urbana ? pesquisa de opini?o ? leitura e produ??o de textos.
Tempo estimado
Dez aulas.
Desenvolvimento das atividades
• Converse com os alunos sobre os pressupostos de uma
pesquisa de opini?o e seu valor formativo, que preveem
a delimita??o de um universo de pesquisa e a coleta de
opini?es do p?blico sobre determinadas quest?es.
• Explique a eles que o trabalho envolve elabora??o e teste
de roteiros de quest?es, aplica??o de question?rios a en-
trevistados previamente escolhidos segundo g?nero, ren-
da, origem, faixa et?ria, ocupa??o, etc., tabula??o e orga-
niza??o dos dados, s?ntese e apresenta??o de resultados.
• Proponha aos alunos que, em pequenos grupos, definam
roteiros e grupos de entrevistados e formulem quest?es
a serem investigadas sobre a vida dos migrantes na cida-
de (lugar de origem, percursos, motiva??es para o deslo-
camento, inser??o no lugar de destino, emprego, renda,
habita??o, vida comunit?ria, acesso a bens culturais, de-
sejo e perspectivas de retorno ao lugar de origem, etc.).
• Acompanhe a reda??o final dos roteiros de entrevista e a
realiza??o da coleta de depoimentos. A seguir, auxilie os
grupos a organizar e tabular os dados com base na mon-
tagem de tabelas e gr?ficos. Ajude-os a avaliar a dimens?o
e os impactos do fen?meno migrat?rio no munic?pio ou
na regi?o em quest?o.
• O passo seguinte ? a apresenta??o dos resultados, que pode
ser feita para as demais turmas da escola e at? para mem-
bros da comunidade. Trata-se de uma oportunidade de
reconhecer as necessidades sociais, as vis?es de mundo e
as expectativas do p?blico que foi objeto da pesquisa.
Avaliação
Observe a participa??o de cada estudante nas tarefas
individuais e coletivas. Examine a produ??o de textos e os
resultados das pesquisas levando em conta os objetivos
tra?ados em termos de compet?ncias, habilidades e dom?-
nio de conceitos e no??es de processos hist?rico-geogr?ficos.
Reserve um tempo para que a turma avalie a experi?ncia e
considere a possibilidade de produzir informativos (folheto,
caderno, f?lder ou boletim) para a comunidade e o poder
p?blico local sobre os resultados da pesquisa.
Bibliografia para o professor
ALBUQUERQUE JR., D. M. de. Preconceito contra a origem
geográfica e de lugar: as fronteiras da disc?rdia. S?o Paulo:
Cortez, 2007. (S?rie Preconceitos).
BERQU?, E. Evolu??o demogr?fica. In: SACHS, I. et al. Brasil:
um s?culo de transforma??es. S?o Paulo: Companhia das
Letras, 2001. p. 14-37.
INSTITUTO PAULO MONTENEGRO. Nossa escola pesquisa sua
opinião. S?o Paulo: Global, 2002. Dispon?vel em: <www.
acaoeducativa.org.br>. Acesso em: 19 abr. 2016.
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. Brasil: territ?rio e sociedade no
in?cio do s?culo XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001.
SILVA, M. A. de M. Errantes do fim do século. S?o Paulo: Ed.
da Unesp, 1999.
Indicações de fontes para o aluno
FAUSTO, B. História do Brasil. 11. ed. S?o Paulo: Edusp, 2003.
IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro, 2009.
MARTINS, D.; VANALLI, S. Migrantes. S?o Paulo: Contexto, 1994.
N?CLEO de Estudos da Popula??o/Nepo-Unicamp. Dispon?vel
em: <www.nepo.unicamp.br/>. Acesso em: 19 abr. 2016.
SIMIELLI, M. E. Geoatlas. 34. ed. S?o Paulo: ?tica, 2013.
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Manual do Professor319
4. Cidade e cibercidade
Atividade relacionada ao Cap’tulo 10.
Introdução
A pergunta feita no in?cio desse cap?tulo, ?O que conside-
ramos cidade??, toma novos contornos quando pensamos a
cidade em sua, muito recente, dimens?o cibern?tica. H?, hoje,
internacionalmente, uma grande discuss?o em torno do que
se convencionou chamar de ?cibercidade?, conceito criado
com base em outro j? consagrado conceito de cibercultura,
cunhado por Pierre L?vy na d?cada de 1990. Ele se refere ?s
novas possibilidades de rela??es humanas ensejadas pela
internet e corresponde ao estudo de uma nova cultura tec-
nol?gica planet?ria. Pierre L?vy tamb?m ? o autor do concei-
to de intelig?ncia coletiva, que designa a possibilidade da
coopera??o entre os c?rebros, dada pelos novos aparatos
tecnol?gicos de comunica??o. No Brasil, Andr? Lemos ? uma
refer?ncia importante nos estudos sobre os impactos sociais
das comunica??es em rede. Esse autor analisa os impactos
das novas tecnologias na sociedade contempor?nea, por meio
da cibercultura. Trata-se de estudo do ciberespa?o, na busca
de compreens?o das rela??es entre cibercultura e sociabili-
dade. Ele ? um dos que estudam as chamadas cibercidades.
Ent?o, o que podemos considerar cidade? Quantas rela??es
sociais propiciadas pelas novas tecnologias de comunica??o
existem hoje e, embora n?o possam ser vistas, est?o na es-
trutura das cidades? ? ineg?vel que a internet seja um fen?-
meno hegem?nico que vem ganhando cada vez mais espa?o
no cotidiano e no funcionamento da sociedade globalizada.
As redes de comunica??o, n?o s? de livre uso entre os cidad?os
mas de funcionamento de servi?os e infraestrutura, formam
outra dimens?o da cidade. Nesse cap?tulo foi estudado que
o crit?rio de urbano como aquilo que est? dentro de um pe-
r?metro determinado n?o ? suficiente. Em vez disso, para
determinar uma cidade seria necess?rio levar em conta outros
crit?rios que dizem respeito ? oferta de equipamentos cole-
tivos. Al?m disso, podemos nos perguntar: seria ainda poss?-
vel pensar em mais uma dimens?o de cidade, a sua rede de
comunicabilidade?
Esta atividade prop?e um trabalho integrado com a
disciplina de Filosofia para a realiza??o de um mapa de
uma cibercidade.
Objetivos
• Relacionar os estudos geogr?ficos sobre a cidade a um
estudo filos?fico sobre a cibercidade, tendo como base as
experi?ncias cotidianas dos alunos, pois s?o elas que ga-
rantem um sentido para o estudo acad?mico.
• Ampliar, por meio do estudo de conceitos filos?ficos, a
compreens?o do assunto tratado.
• Incentivar o desenvolvimento da criatividade por meio da
cria??o de mapas conceituais, com base nos assuntos
estudados.
• Desenvolver a capacidade de trabalhar colaborativamente.
• Desenvolver o conhecimento e a pr?tica de procedimen-
tos de coleta, sele??o e s?ntese de dados em diferentes
fontes de pesquisa.
Conteúdos
Cidade ? cibercultura ? cibercidade ? redes de comunica??o.
Tempo estimado
Seis ou sete aulas.
Desenvolvimento das atividades
• Para introduzir o tema, pe?a aos alunos que retomem o
texto de Jos? Eli da Veiga, na p?gina 210, em que s?o elen-
cados os equipamentos coletivos necess?rios para que se
configure uma cidade. Incentive-os a detectar um equipa-
mento coletivo que n?o tenha sido mencionado no texto,
mas que seja de suma import?ncia, fazendo-os pensar em
seu dia a dia. ? desej?vel que eles reflitam a respeito das
redes de comunica??o eletr?nica que permeiam toda a
cidade. H?, inclusive, cidades que disponibilizam gratuita-
mente sinal de internet para seus habitantes (Paris, por
exemplo). Por?m, a quest?o aqui n?o ? restrita ?s possibi-
lidades de comunica??o entre os cidad?os; o uso do apa-
rato eletr?nico no funcionamento da cidade tamb?m deve
ser considerado: radares fotogr?ficos no tr?nsito, c?meras
de seguran?a nas ruas e em propriedades particulares, sis-
tema de distribui??o de ?gua, sistema de distribui??o de
energia el?trica, etc. Por meio de perguntas que instiguem
os alunos a buscar minuciosamente em seu cotidiano a
inexor?vel presen?a do ciberespa?o, pode-se introduzir o
conceito de cibercidade. Esta ? ainda uma primeira fase, de
sensibiliza??o para o tema a ser estudado. Trata-se de uma
conversa inicial com os alunos, bastante aberta e ainda
sem necessidade de qualquer rigor conceitual, que estimu-
le o interesse deles pelo tema; de um momento especula-
tivo sobre o que seria uma cibercidade, em que possam dar
exemplos e estabelecer rela??es com seu dia a dia.
• Verifique em sua escola a possibilidade do uso da internet
e de um aparelho projetor. Acesse o site da prefeitura do
Rio de Janeiro: <http://centrodeoperacoes.rio.gov.br> (aces-
so em: 19 abr. 2016). Ali se encontram dezenas de institui-
??es de infraestrutura do munic?pio operando juntas em
tempo real e transmitindo informa??es aos cidad?os.
• Com base nessa exposi??o, que poder? ser investigada e
comentada livremente, pode-se iniciar uma segunda fase
desta atividade, que tem o objetivo de investigar o con-
ceito de cibercidade. Proponha ? turma que se divida em
grupos para fazer uma pesquisa sobre esse conceito.
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Manual do Professor320
• Auxilie os alunos em suas buscas, sugerindo diferentes
fontes e solicitando que atentem para a necessidade de
descobrir o sentido complexo do conceito. Acompanhe o
trabalho de cada grupo.
• Oriente os grupos a fazer o registro das fontes consultadas
e um pequeno resumo, de autoria pr?pria, dos materiais
encontrados, para que, depois, possam discutir sobre o
assunto. Cada grupo dever? preparar um pequeno texto
explicativo com a defini??o do termo cibercidade. Al?m
disso, para que o trabalho fique mais l?dico e imaginativo,
pe?a aos grupos que desenhem um mapa mental de uma
cibercidade, ou de uma parte dela, ou, ainda, de um traje-
to dentro dela, que poder? ser o deles pr?prios. Essa pode
ser uma boa oportunidade para retomar o estudo da Car-
tografia, avaliando as possibilidades mais adequadas de
mapear movimentos e rela??es. Depois, pode-se propor a
elabora??o de uma planta do bairro com o registro desses
movimentos e rela??es, assim como a infraestrutura que
lhe d? suporte. ?A cidade, desde o seu in?cio e fim, est?
constru?da sobre a velocidade. Seus arquitetos lutam para
abolir a lentid?o, abrem t?neis, lan?am esteiras e escadas
rolantes, aceleram os elevadores... Isso mostra o quanto ?
constru?da para avizinhar, para encurtar dist?ncias? (BUZZI,
2001. p. 132). Poder?amos acrescentar: assim como a inter-
net, a cidade ? feita n?o s? para encurtar, mas abolir as
dist?ncias.
• Ap?s a defini??o de cibercidade e a elabora??o do mapa
mental e da planta, ? importante que os grupos relatem
por que o fizeram dessa forma. Essa narrativa ter? de ser
baseada em no??es de Cartografia e relacionada ao ?ter-
rit?rio? cibercidade.
Avaliação
Observe a participa??o de cada aluno na realiza??o das
tarefas em grupo. N?o deixe de avaliar a precis?o conceitual
desenvolvida no processo, explicitada na apresenta??o e
demonstrada na reda??o que define o conceito de ciberci-
dade. ? desej?vel que esses crit?rios de avalia??o estejam
claros para todos antes do in?cio da atividade. Reserve um
tempo para que a turma possa comentar e avaliar, tamb?m
usando de rigor conceitual, os trabalhos dos colegas. Pode-
-se tamb?m pedir aos alunos que elaborem disserta??es
individuais sobre o tema.
Bibliografia para o professor
BUZZI, A. Filosofia para principiantes. 12. ed. Petr?polis: Vo-
zes, 2001.
LEMOS, A. (Org.) Cibercidade: as cidades na cibercultura. Rio
de Janeiro: E-papers Servi?os Editoriais, 2004.
L?VY, P. Cibercultura. S?o Paulo: Editora 34, 1999.
PROGRAMA Avan?ado de Cultura Contempor?nea ? UFRJ.
Dispon?vel em: <www.pacc.ufrj.br/inscricoes-abertas-para-
o-ii-seminario-internacional-cidades-futuros-possiveis>.
Acesso em: 19 abr. 2016.
WHITAKER, J. S. A cidade para que(m)? Pol?tica, urbanismo
e habita??o. Dispon?vel em: <http://cidadesparaquem.org>.
Acesso em: 19 abr. 2016.
Indicações de fontes para o aluno
LEMOS, A. (Org.) Cibercidade: as cidades na cibercultura. Rio
de Janeiro: E-papers Servi?os Editoriais, 2004.
______. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura
contempor?nea. 6. ed. Porto Alegre: Sulina, 2013.
______. O que ? cidade digital? Guia das cidades digitais.
Dispon?vel em: <www.guiadascidadesdigitais.com.br/site/
pagina/o-que-cidade-digital>. Acesso em: 19 abr. 2016.
Vista panor?mica da cidade de S?o Paulo (SP), em 2014.
Alexandre Cappi/Pulsar Imagens
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Manual do Professor321
Metas e orientações por Unidade
Brasil: indústria, política
econômica e serviços
Objetivos
Propiciar aos alunos a constru??o da historicidade da
estrutura industrial brasileira e a compreens?o da impor-
t?ncia dos fatores internos e externos no processo; o reco-
nhecimento das mudan?as relativamente recentes na pol?-
tica econ?mica brasileira (processos de abertura e privatiza??o,
planos econ?micos e suas implica??es na atividade indus-
trial), al?m de sua atual configura??o.
Atividade complementar
Trabalho a ser desenvolvido de forma interdisciplinar
com Qu?mica, Biologia e Matem?tica.
? importante que o processo de ensino-aprendizagem va-
lorize a realidade dos alunos e seu cotidiano. Isso d? mais sen-
tido aos temas estudados e torna a aprendizagem interessan-
te e significativa. A pr?tica de trabalhos em grupo tamb?m
deve ser estimulada, preparando os alunos para o mundo do
trabalho e uma atua??o cidad?. Por isso, indicamos nessa se??o
atividades que envolvem, na sua maioria, trabalhos em grupo,
levantamento de dados, pesquisas e tarefas extraclasse. Assim,
voc? ter? liberdade de aplic?-las ou n?o, segundo a realidade
concreta da escola e da sala de aula onde leciona.
• Solicite aos alunos que, em grupos ou individualmente,
fa?am uma pesquisa sobre as caracter?sticas industriais
do estado onde moram. Utilizando livros, jornais, revistas
e internet, eles podem seguir o roteiro abaixo:
1. Explique(m) como se deu o desenvolvimento industrial
de seu estado.
2. Que tipo de ind?stria se destaca?
3. Descreva(m) a infraestrutura existente (energia, trans-
porte, m?o de obra e incentivos fiscais) e explique(m) se
ela favorece a instala??o de ind?strias no estado em
que voc?(s) mora(m).
As respostas ser?o resultado da coleta de dados. Pode-se
investigar, por exemplo, as formas de polui??o causadas pe-
las principais ind?strias pesquisadas e quais s?o as medidas
adotadas para evitar ou minimizar o problema. ? poss?vel
tamb?m fazer um levantamento estat?stico sobre a quanti-
dade de m?o de obra utilizada em cada tipo de ind?stria e
sua distribui??o por atividades dentro das empresas.
Projeto interdisciplinar
Questão-tema: Quais s?o as causas e as consequ?ncias
(positivas e negativas) do atual processo de dispers?o es-
pacial das ind?strias pelo territ?rio brasileiro?
Disciplinas: Geografia, Hist?ria e L?ngua Portuguesa.
Tempo de duração: Tr?s semanas (uma aula por semana,
por disciplina).
Trabalho:
• individual: pesquisa de materiais (cartogr?ficos, livros,
jornais, revistas, internet).
• em grupo: troca de materiais pesquisados individualmen-
te e produ??o da s?ntese.
Forma final do trabalho: texto dissertativo ou painel-s?ntese.
Enfoques de trabalho por disciplina:
• Geografia: investiga??o e compreens?o dos fatores que le-
vam ? descentraliza??o das plantas industriais. Algumas
perguntas podem auxiliar a investiga??o dos alunos, como:
qual ? a infraestrutura necess?ria para a instala??o ou trans-
fer?ncia de unidades fabris? Qual ? o papel dos governos
federal, estaduais e municipais? Que impactos socioambien-
tais s?o provocados pelos diferentes tipos de ind?strias?
Quais s?o as principais consequ?ncias dessa din?mica nas
maiores regi?es metropolitanas? Pode-se, ainda, pesquisar
que tipos de ind?strias est?o se transferindo dos Estados
Unidos para o M?xico e a China, dentre outros pa?ses, para
evidenciar que esse fen?meno n?o ? exclusivo do Brasil.
• História: an?lise dos processos hist?ricos que levaram ?
concentra??o de ind?strias no Centro-Sul e nas principais
capitais nordestinas; compara??o e an?lise das diferen?as
do processo de concentra??o-dispers?o do parque indus-
trial nos Estados Unidos e no Brasil; reconhecimento dos
impactos ambientais provocados pela instala??o de in-
d?strias de variados setores em diferentes tempos hist?-
ricos ? por exemplo: quais eram as condi??es ambientais
em Volta Redonda (RJ) e Londres (Inglaterra) na d?cada
de 1960? E atualmente?
• Língua Portuguesa: leitura de textos, constru??o de argu-
menta??o e produ??o do texto dissertativo.
Etapas do trabalho:
1. Pesquisar, ler, analisar e interpretar textos, gr?ficos, ta-
belas e mapas.
2. Pesquisar os diversos fatores de concentra??o e disper-
s?o espacial da ind?stria no Brasil e no mundo.
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Unidade 1
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Manual do Professor322
3. Analisar o papel do Estado como agente indutor na
aloca??o de infraestrutura (energia, transportes, co-
munica??es, etc.) e como respons?vel pela legisla??o
trabalhista, por incentivos fiscais e pela estrutura tri-
but?ria.
4. Comparar as vantagens e as desvantagens socioecon?-
micas e ambientais da instala??o de diferentes tipos de
ind?strias ? por exemplo, comparar uma sider?rgica com
uma ind?stria t?xtil ou f?brica de eletroeletr?nicos.
5. Buscar exemplos de sa?da e de entrada de ind?strias em
diferentes pa?ses e regi?es para verificar o motor do mo-
vimento: busca de maiores taxas de lucro.
6. Sistematizar as informa??es de modo a responder satis-
fatoriamente ? quest?o-tema.
7. Escolher uma forma de apresenta??o da s?ntese e exe-
cut?-la.
Sugest›es bibliogr‡ficas
BAER, W. A economia brasileira. S?o Paulo: Nobel, 2009.
A obra apresenta a perspectiva hist?rica da economia bra-
sileira do per?odo colonial ao in?cio do s?culo XXI e analisa
quest?es contempor?neas da economia: setor externo, setor
p?blico, sistema banc?rio, desequil?brios regionais e muitos
outros temas. Leia trecho desse livro na se??o Textos de apoio.
BECKER, B. K; EGLER, C. A. G. Brasil. Uma nova pot?ncia regio-
nal na economia-mundo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994.
A incorpora??o do Brasil na economia-mundo, a a??o do
Estado, a reestrutura??o do territ?rio e a produ??o do
espa?o s?o quest?es analisadas nesse livro.
BIELSCHOWSKY, R. Pensamento econômico brasileiro: o ciclo
ideol?gico do desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Contra-
ponto, 2004.
O autor analisa as posi??es dos principais te?ricos e cor-
rentes ideol?gicas em economia do per?odo de 1930 a 1964:
Roberto Simonsen, Eug?nio Gudin, Roberto Campos, Celso
Furtado, Caio Prado J?nior e Ign?cio Rangel, entre outros.
BRITO, P. Economia brasileira. Planos econ?micos e pol?ticas
econ?micas b?sicas. S?o Paulo: Atlas, 2004.
A obra analisa a pol?tica de planejamento no Brasil, os
planos econ?micos desde a d?cada de 1950, as pol?ticas
monet?ria, fiscal, educacional, de sa?de, agr?ria, indus-
trial e outras.
CANO, W. Ensaios sobre a formação econômica regional do
Brasil. Campinas: Unicamp, 2002.
A obra re?ne textos sobre a forma??o econ?mica regional
do Brasil e a integra??o do mercado nacional. Escritos
entre 1983 e 2000, esses textos foram utilizados pelo au-
tor no curso de Economia da Unicamp.
______. Reflexões sobre o Brasil e a nova (des)ordem inter-
nacional. Campinas: Unicamp, 1995.
O autor analisa a industrializa??o brasileira, os efeitos da
terceira Revolu??o Industrial, a inser??o do pa?s na eco-
nomia globalizada, o neoliberalismo e outros temas.
CASTRO, I. E. de et al. (Org.). Redescobrindo o Brasil: 500 anos
depois. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil/Faperj, 1999.
Colet?nea de artigos que tratam de temas relevantes so-
bre Geografia, organiza??o do territ?rio e desenvolvimen-
to no Brasil. Atente-se ? parte I ? Integra??o econ?mica e
novos recortes do territ?rio.
GON?ALVES, R. Globalização e desnacionalização. S?o Paulo:
Paz e Terra, 1999.
O autor faz um retrospecto hist?rico do investimento es-
trangeiro no Brasil do tempo em que o pa?s era col?nia
at? o final do s?culo XX, quando centra sua an?lise no
processo de desnacionaliza??o da economia brasileira.
______. O Brasil e o comércio internacional. S?o Paulo: Con-
texto, 2003.
O autor analisa a participa??o do Brasil no com?rcio in-
ternacional contextualizando-a com temas como a Orga-
niza??o Mundial do Com?rcio, a Rodada do Mil?nio, cl?u-
sulas sociais e ambientais e outros.
GREMAUD, A. P.; VASCONCELOS, M, A. S. de; TONETO JR., R.
Economia brasileira contemporânea. S?o Paulo: Atlas, 2009.
Leia trecho desse livro na se??o Textos de apoio.
Os autores analisam v?rios aspectos da economia brasi-
leira, abordando os aspectos demogr?ficos, a distribui??o
da renda, o desemprego, as pol?ticas fiscal e monet?ria, o
setor externo, os planos e transforma??es econ?micas
recentes, o sistema financeiro e outros temas.
LACERDA, A. C. de. O impacto da globalização na economia
brasileira. S?o Paulo: Contexto, 1999.
Ap?s apresentar breve teoriza??o, a obra analisa a rees-
trutura??o produtiva provocada pelas mudan?as econ?-
micas no mundo e no Brasil. Leia trecho desse livro na
se??o Textos de apoio.
LUCA, T. R. de. Indústria e trabalho na história do Brasil. S?o
Paulo: Contexto, 2001. (Repensando a Hist?ria do Brasil.)
O livro analisa os prim?rdios da ind?stria e suas vari?veis
mais importantes: caf?, ferrovias, imigra??o, organiza??es
oper?rias. A seguir aborda a legisla??o trabalhista e a sin-
dicaliza??o no per?odo Vargas, o governo JK e a ditadura.
Leia trecho desse livro na se??o Textos de apoio.
RATTNER, H. (Org.). Brasil no limiar do século XXI: alternativas
para a constru??o de uma sociedade sustent?vel. S?o Paulo:
Edusp, 2000. (Estante USP ? Brasil 500 anos.)
Colet?nea de artigos de professores, intelectuais e pes-
quisadores das principais universidades brasileiras em-
penhados em investigar a situa??o pol?tica, educacional
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Manual do Professor323
e econ?mica do pa?s ? pol?tica industrial e tecnol?gica,
mercado de trabalho, inser??o na globaliza??o, etc. Aten-
te-se ao Cap?tulo 4 da parte III ? Pol?tica industrial e o
laissez-faire na guerra fiscal.
REZENDE, C. Economia brasileira contemporânea. S?o Paulo:
Contexto, 1999.
A obra analisa o hist?rico da industrializa??o brasileira
desde a crise de 1929 at? o final da ditadura militar.
SACHS, I.; WILHEIM, J.; PINHEIRO, P. S. (Org.). Brasil: um s?cu-
lo de transforma??es. S?o Paulo: Companhia das Letras, 2001.
Conjunto de textos versando sobre diversos temas impor-
tantes ao entendimento da atual organiza??o espacial do
Brasil: demografia, reestrutura??o produtiva, papel do
Estado, federalismo, globaliza??o e outros. Leia trecho
desse livro na se??o Textos de apoio.
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: territ?rio e sociedade
no in?cio do s?culo XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001.
A obra apresenta um breve hist?rico sobre estrat?gia e
espacializa??o da produ??o de energia el?trica, refinarias
e dutos no territ?rio nacional.
SCARLATO, F. C. O espa?o industrial brasileiro. In: ROSS, J. L. S.
Geografia do Brasil. S?o Paulo: Edusp, 2005.
O autor faz um resgate hist?rico da industrializa??o bra-
sileira por regi?es e apresenta as novas tend?ncias de
distribui??o espacial do parque industrial.
SZMRECS?NYI, T.; SUZIGAN, W. (Org.). História econômica
do Brasil contemporâneo. S?o Paulo: Hucitec/Edusp/Impren-
sa Oficial, 2002.
Reuni?o de artigos de v?rios autores sobre temas como
nacionalismo e pol?tica econ?mica, pensamento econ?-
mico no p?s-Guerra, moderniza??o da agricultura e vis?es
sobre a infla??o.
TH?RY, H.; MELLO, N. A. de. Atlas do Brasil: disparidades e
din?micas do territ?rio. 2. ed. S?o Paulo: Edusp, 2009.
Os autores analisam, de forma aprofundada, as dispari-
dades e din?micas do territ?rio brasileiro em seus aspec-
tos hist?ricos, ambientais, humanos e econ?micos. Leia
trecho desse livro na se??o Textos de apoio.
VAZQUEZ, J. L. Comércio exterior brasileiro. S?o Paulo: Atlas, 2004.
O autor analisa os regimes aduaneiros, o papel do c?m-
bio e dos financiamentos ? importa??o e exporta??o e
outros aspectos da legisla??o e do sistema de com?rcio
exterior.
VEIGA, P. da M. (Org.). O Brasil e os desafios da globalização.
Rio de Janeiro: Relume-Dumar?; S?o Paulo: Sobeet, 2000.
Colet?nea de artigos que analisam a pol?tica econ?mica
adotada pelo pa?s na virada do mil?nio e suas estrat?gias
para enfrentar a globaliza??o e a inser??o na economia
internacional.
Comentários e respostas
das atividades
A industrialização brasileira
Dialogando com as disciplinas
1 a) As express?es dos oper?rios mostram que n?o estavam
satisfeitos ? eles t?m uma apar?ncia triste e cansada.
b) O quadro Operários representa trabalhadores nas
f?bricas. Esse tipo de emprego era muito comum na
sociedade da ?poca por causa do avan?o da indus-
trializa??o no mundo. Esses trabalhadores eram sub-
metidos a longas jornadas de trabalho e baixos sal?-
rios, o que os deixava cansados e descontentes.
c) Resposta pessoal. Espera-se que o aluno represente no
desenho ou no texto aspectos que encontramos nas
ind?strias atuais. Ele poder? salientar que algumas re-
la??es mudaram, como as leis trabalhistas, mas que
ainda ? poss?vel encontrar, por exemplo, o autoritarismo
por parte dos patr?es e condi??es de trabalho que mui
-
tas vezes tornam degradantes a vida dos trabalhadores.
2 a) As cr?ticas baseiam-se no fato de que a sociedade
vive apenas para comprar desenfreadamente, sem
questionar se o produto ? realmente importante.
Al?m disso, h? uma forte cr?tica em rela??o ? socie-
dade burguesa, que cada vez enriquecia mais, dife-
rentemente dos oper?rios, que n?o tinham oportu-
nidade de progress?o profissional, caracter?stica
predominante para a sociedade da ?poca.
b) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos levantem
informa??es como tecnologia, rapidez, polui??o, de-
grada??o ambiental, e coloquem alguns desses dados
na tabela.
Compreendendo conteúdos
1 Com a consolida??o da atividade cafeeira, foi implanta-
da, sobretudo em S?o Paulo, uma ampla infraestrutura
? capital, m?o de obra, amplia??o do mercado consu-
midor, energia e rede de transportes ? que contribuiu
para o desenvolvimento do parque industrial brasileiro.
2 Os dois per?odos de governo de Get?lio Vargas na pre-
sid?ncia da Rep?blica (1930-1945 e 1951-1954) carac-
terizaram-se por grandes investimentos estatais na
implanta??o de ind?strias de base no pa?s, como: a
cria??o da Companhia Sider?rgica Nacional (CSN), em
1942, e da Petrobras, em 1953. Nessa ?poca, os investi-
mentos estatais nas ?reas de siderurgia e petroqu?mica
foram muito importantes para impulsionar o cresci-
Capítulo 1
GGB_Geografia_v3_PNLD2018_MP_290_314a368_PE.indd 323 6/4/16 2:20 PM

Manual do Professor324
mento do parque industrial brasileiro, j? que esses se-
tores, por exigirem um capital alto e n?o garantirem
r?pido retorno, n?o atra?am o capital privado.
3 a) O Plano de Metas teve como principais caracter?sti-
cas os grandes investimentos estatais nos setores
de energia e transportes (70% do or?amento do pla-
no) e a maci?a entrada de capital estrangeiro na
implanta??o de novos setores industriais no Brasil:
automobil?stico, de eletrodom?sticos, qu?mico-far-
mac?utico e de m?quinas e equipamentos.
b) Entre as principais consequ?ncias desse plano, des-
tacam-se:
• aumento da d?vida externa e da infla??o;
• concentra??o do parque industrial na regi?o Sudeste;
• complementa??o do parque industrial brasileiro,
que, a partir do Plano de Metas, passou a dispor de
ind?strias de bens de produ??o e de bens de con-
sumo dur?veis e n?o dur?veis.
4 O per?odo que vai de 1968 a 1973, conhecido como per?o-
do do ?milagre econ?mico?, caracterizou-se por elevados
?ndices de crescimento econ?mico, sustentado por dr?s-
tica eleva??o da d?vida externa, contra?da a taxas de juros
flutuantes. A pol?tica industrial do per?odo da ditadura
militar (1964-1985) foi marcada pela internacionaliza??o
e estatiza??o da economia nacional, acompanhada de
grande crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Desenvolvendo habilidades
5 Resposta pessoal. Os alunos podem destacar a presen-
?a de f?brica, linha de trem e casas na pintura para as-
sociar o processo de industrializa??o ao maior adensa-
mento de atividades no espa?o, ao aumento do
n?mero de empregos, ? atra??o de atividades terci?rias,
ao impulso na constru??o civil, entre outros.
6 Apesar do crescimento no n?mero de empresas indus-
triais entre o fim do s?culo XIX e in?cio do s?culo XX, a
maioria das novas unidades era de pequeno porte e, em
geral, de bens de consumo (com destaque aos setores
t?xtil e aliment?cio). A baixa ocupa??o de m?o de obra
na ind?stria contribu?a para que milhares de trabalha-
dores ficassem sem emprego nas cidades, levando-os a
uma condi??o de vida degradante. Al?m do setor indus-
trial, ? importante destacar que o setor de servi?os tam-
b?m n?o apresentava crescimento suficiente para ab-
sorver a m?o de obra dispon?vel, e muitos trabalhadores
se ocupavam com subempregos; associado a esses fa-
tores, o poder p?blico n?o tinha pol?tica habitacional
eficiente e n?o direcionava os recursos necess?rios ao
setor, o que agravava a precariedade das condi??es de
moradia de grande parcela da popula??o. Ap?s obser-
varem a foto, os alunos devem indicar que atualmente
existem corti?os em todas as grandes cidades brasileiras
? mesmo aqueles que vivem em locais onde n?o exis-
tem corti?os podem tomar conhecimento deles pela
televis?o e outros meios de comunica??o.
Essas atividades permitem um trabalho interdisciplinar
com Arte, L?ngua Portuguesa, Hist?ria e Sociologia.
A economia brasileira após
a abertura política
Compreendendo conteœdos
1 Pontos positivos: aumento da produtividade e da com-
petitividade das empresas, melhoria da qualidade dos
produtos e redu??o de pre?os, ingresso de investimento
estrangeiro produtivo em diversos setores; o fato de que
desde o fim do s?culo passado muitas empresas brasi-
leiras v?m comprando filiais de multinacionais aqui ins-
taladas e empresas estrangeiras em seus pa?ses de ori-
gem. Pontos negativos: aumento na participa??o de
empresas estrangeiras na economia e consequente au-
mento no envio de remessas de lucros e royalties ao ex-
terior; fal?ncia de muitas empresas nacionais; aumento
nos ?ndices de desemprego estrutural.
2 O processo de industrializa??o brasileiro teve in?cio na
regi?o Sudeste, como heran?a hist?rica do ciclo do caf?.
A atual concentra??o industrial nessa regi?o, e especial-
mente na Grande S?o Paulo, ? explicada pela comple-
mentaridade industrial e pela concentra??o de investi-
mentos p?blicos em infraestrutura industrial nos
setores de energia e transportes.
3 A partir da metade da d?cada de 1970, com a dispers?o
dos investimentos em dire??o ao interior do estado de
S?o Paulo e demais regi?es do pa?s, o avan?o da ?guerra
fiscal? e o fortalecimento de alguns setores sindicais,
vem ocorrendo uma significativa dispers?o do parque
industrial. A partir do in?cio dos anos 1990, os ?ndices
de crescimento econ?mico do interior paulista revela-
ram-se superiores aos registrados pela metr?pole e, em
escala nacional, as taxas de crescimento econ?mico
observadas no Sul, no Norte e no Centro-Oeste do pa?s
mostram-se maiores, percentualmente, que as registra-
das no Sudeste.
4 O com?rcio e a presta??o de servi?os englobam atividades
cujas empresas fornecedoras precisam necessariamente
se localizar pr?ximas de seus consumidores ? seja uma
padaria ou um sal?o de beleza, seja um hipermercado ou
uma universidade, por exemplo ?, com algumas poucas
exce??es, como as empresas de teleatendimento, que j?
est?o se instalando em munic?pios de outras regi?es dis-
tantes das quais se originaram.
Capítulo 2
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Manual do Professor325
Desenvolvendo habilidades
5 Resposta pessoal. Espera-se que os alunos comentem
que, apesar da redu??o de empregos nas ind?strias au-
tomobil?sticas, a moderniza??o da linha de produ??o
provoca gera??o de empregos em outros setores, como
na pr?pria f?brica que produz os rob?s e em diversas
outras empresas prestadoras de servi?os administrati-
vos, de seguran?a, alimenta??o, limpeza, etc.
6 Nessa atividade os alunos devem indicar que ao longo
do processo inflacion?rio os aumentos de pre?os nunca
eram integralmente repassados aos sal?rios, e a popu-
la??o de baixa renda n?o conseguia se proteger das
perdas com aplica??o financeira, o que provocava gran-
de perda de poder aquisitivo e concentra??o de renda
nos estratos mais ricos da sociedade.
Vestibulares de Norte a Sul
Testes
1 E
2 A
3 C
4 E
5 C
6 A
7 A
8 B
9 C
Quest›es
10 a) As empresas automobil?sticas estrangeiras ingressaram
no pa?s a partir do governo Juscelino Kubitschek (1956-
-1960) e se instalaram na Grande S?o Paulo, no ABC
(Santo Andr?, S?o Bernardo e S?o Caetano).
b) A partir desse per?odo, o processo de industrializa??o
brasileiro passou a contar com a entrada de capital
estrangeiro nos setores automobil?stico, de eletrodo-
m?sticos, qu?mico-farmac?utico e de m?quinas e equi-
pamentos, atra?do pelas vantagens comparativas que
o Brasil oferecia: baixos sal?rios aos trabalhadores,
infraestrutura industrial montada pelo governo, sub-
s?dios fiscais e despreocupa??o com o meio ambiente.
11 a) O Centro-Sul do pa?s apresenta grande concentra??o
populacional e, portanto, do mercado consumidor
brasileiro, a maior participa??o percentual do PIB e
as maiores m?dias salariais, o que representa maior
poder aquisitivo e capacidade de consumo.
b) Os shoppings ocupam terrenos grandes localizados
tanto no interior da malha urbana quanto em suas
periferias, causando impactos no tr?nsito, nos fluxos
de pessoas, na gera??o de empregos, nos transportes
coletivos, no saneamento b?sico entre outros.
Caiu no enem
1 E
2 C
As localizações industriais
A concentração industrial no Sudeste é obviamente a
essência da distribuição desse setor no país. Mas parece ób-
vio que isso não vai durar para sempre, por um lado, porque
os poderes políticos, centrais e locais efetuam uma política
de correção desse desequilíbrio e, por outro lado, porque já é
visível o início de uma desconcentração espontânea.
De fato, os argumentos técnicos e econômicos sobre os
quais se baseiam as decisões de localização alteram-se com
a evolução da tecnologia e dos fluxos mundiais. São refor-
çados por considerações econômicas e financeiras e são ra-
ramente tão imperiosos que não possam ser reexaminados
ou discutidos se, por exemplo, uma subvenção corrigir as
desvantagens de uma cidade mal situada. Por conseguinte,
qualquer nova implantação é resultado de negociações e
compromissos, em que vários elementos e fatores intervêm,
e nem sempre é fácil entender a inter-relação entre eles.
A decisão política do governo federal ou dos estados
de favorecer a industrialização de uma ou de outra re-
gião é, dessa forma, a origem de numerosos casos de no-
vas localizações industriais, sobretudo em Estados até en-
tão desprovidos. Nesse aspecto, a lógica disso é reduzir as
disparidades entre regiões e reforçar a unidade nacional,
com melhor distribuição de grandes atividades econômi-
cas. São pontos de vista que os representantes políticos e
líderes econômicos das regiões envolvidas apoiam forte-
mente, ainda que, às vezes, insistam mais incisivamente
nos interesses específicos de seu estado do que nos da re-
gião como um todo. Esses interesses particulares, muitas
vezes, conduzem-nos a rivalidades e levam a pressionar
o poder central para decidir em seu favor. Vê-se, conse-
quentemente, convergir, em especial no caso de novas
implantações, como as da indústria automobilística, as di-
versas lógicas dos vários atores, em várias escalas. Primei-
ro a lógica técnica, frequentemente concebida em escala
mundial por empresas transnacionais; em seguida aquela
que é concebida em escala nacional pelo governo central
quando é o responsável pela operação; por último, a lógica
política que pode se desenvolver em escala nacional, fo-
calizando o ordenamento territorial do país, ou em escala
regional, privilegiando interesses específicos.
TH?RY, Herv?; MELLO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil:
disparidades e din?micas do territ?rio.
2. ed. S?o Paulo: Edusp, 2009. p. 150-151.
1
Textos de apoio
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Manual do Professor326
Juscelino e suas metas
Os especialistas t?m assinalado a import?ncia decisi-
va do governo Kubitschek para os rumos da industrializa-
??o brasileira. Durante a chamada Era Vargas (1930-1945),
assim como no seu segundo governo (1951-1954), o setor
que recebeu a aten??o e os investimentos p?blicos foi o de
bens de produ??o (siderurgia, energia, transportes, explo-
ra??o de min?rio). A partir de 1956, a ?nfase foi colocada
nos bens de consumo dur?veis, com destaque para os au-
tom?veis, eletrodom?sticos, eletr?nicos e similares.
H? diferen?as importantes entre a manufatura de
bens de consumo imediato, como roupas e sapatos, por
exemplo, e os bens dur?veis, como os carros. No pri-
meiro caso, a produ??o pode ser feita em pequena es-
cala, por v?rias empresas que competem no mercado,
sem requerer muitos capitais, tecnologia avan?ada ou
gerenciamento profissional das f?bricas. Exatamente
o oposto ocorre no caso da ind?stria de autom?vel e
outros bens dur?veis. Esta concentra grandes investi-
mentos, t?cnicas sofisticadas, equipamentos modernos,
administra??o de especialistas, monop?lio do merca-
do, al?m de ser controlada n?o por um indiv?duo ou
fam?lia, mas por investidores. Na d?cada de 1950, essas
f?bricas, fruto da chamada Segunda Revolu??o Indus-
trial, concentravam-se nos pa?ses mais desenvolvidos.
No Brasil, a falta tanto de capitais quanto de tecnologia
constitu?a-se em barreiras que impediam o pa?s de pro-
duzir os bens dur?veis de que necessitava.
LUCA, T?nia Regina de. Indústria e trabalho na história do Brasil.
S?o Paulo: Contexto, 2001. p. 71-72.
(Repensando a Hist?ria do Brasil.)
Ambiente macroeconômico e competitividade sistêmica
A competitividade sist?mica ? um importante fator
no processo de abertura e do pr?prio desenvolvimento
dos pa?ses. Nesse ponto, destaque-se que n?o houve uma
adapta??o macroecon?mica da economia brasileira que
propiciasse ao produtor local um ambiente equivalente
aos concorrentes internacionais. Os ?fatores de compe-
titividade sist?mica? s?o desfavor?veis ? produ??o local
em compara??o aos importados.
Fatores como juros, estrutura tribut?ria, infraestrutura
e burocracia, entre outros, est?o muito aqu?m do que se
exigiria para propiciar a base da competitividade do produ-
tor local. E neste caso n?o h? esfor?o, do ponto de vista ma-
croecon?mico, que possa vir a compensar essa disparidade.
Basicamente temos quatro grandes gargalos que
representam entraves para o produtor local concorrer
com os produtos importados e para exportar em condi-
??es competitivas:
a) Os juros elevados: a taxa de juros b?sica da econo-
mia brasileira ? extremamente elevada. Eles est?o
este ano em um patamar bastante inferior ao do ano
passado, mas continuam bem acima dos n?veis pra-
ticados internacionalmente. A taxa de juros b?sica ?
expressivamente maior que a m?dia internacional.
Al?m disso, as pequenas e m?dias empresas n?o t?m
acesso a linhas de financiamento em condi??es com-
petitivas, tornando a luta extremamente desigual.
b) Do ponto de vista tribut?rio, embora em ?mbito ma-
cro o governo tenha conseguido arrecadar cada vez
mais, com o crescimento da carga tribut?ria bruta,
de 26% do PIB em 1993, para 30% em 1997 [33,5% em
2014], do ponto de vista microecon?mico, a situa??o ?
ainda muito distorcida. A tributa??o incidente sobre a
produ??o, trabalho e exporta??es ? muito elevada no
Brasil. No tocante ?s exporta??es, este ? um dos fato-
res que tiram a competitividade do produto brasileiro
no exterior. A compara??o entre Brasil e pa?ses sele-
cionados mostra distor??es.
c) Burocracia e volatilidade das regras do jogo: as exi-
g?ncias burocr?ticas impostas ?s empresas e aos
cidad?os brasileiros representam enorme custo eco-
n?mico e social, dif?cil de ser mensurado. Da mesma
forma, as constantes mudan?as nas regras represen-
tam, al?m de um transtorno para quem produz, um
fator de incerteza que desestimula o investimento
produtivo e aumenta o ?risco Brasil?.
d) Infraestrutura, queda no investimento agrega-
do, tanto do governo, como da iniciativa privada,
demora no processo de regulamenta??o do setor
privado em concess?es do servi?o p?blico, privati-
za??es e investimentos diretos estrangeiros, t?m
restringido a capacidade da nossa infraestrutura,
que se tornou extremamente cara e ineficiente.
Este conjunto b?sico de fatores de competitivida-
de poderia ser facilmente ampliado e, aqui, foram des-
tacados apenas os principais. H? ainda o ?custo Brasil?
estrutural, n?o menos importante, representado pela
defici?ncia na educa??o b?sica, aus?ncia de assist?ncia
m?dica, saneamento e outros elementos de cidadania
indispens?veis para uma economia democr?tica que en-
frenta os desafios crescentes da globaliza??o.
LACERDA, Antonio Corr?a de. O impacto da
globalização na economia brasileira. S?o Paulo:
Contexto, 1999. p. 117-118.
A industrialização, o crescimento urbano e o meio ambiente
A industrializa??o com o objetivo de substituir as
importa??es (ISI), que come?ou na d?cada de 1930 e
se acelerou na de 1950, n?o foi seletiva, estimulando a
cria??o indiscriminada de ind?strias e, no in?cio, mui-
tas das f?bricas rec?m-instaladas operavam com equi-
pamentos de segunda m?o, importados por empresas
multinacionais. O setor industrial se concentrava no
Centro-Sul do pa?s, especialmente nas ?reas da Grande
S?o Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em 1949, o
Sudeste do Brasil era respons?vel por 75,4% da receita
2
3
4
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Manual do Professor327
gerada pela ind?stria, taxa que aumentou para 79,1%
em 1970, caiu ligeiramente para 65,7% em 1985. Nesse
ano, entretanto, o Sudeste abrigava somente 43% do to-
tal da popula??o brasileira.
A concentra??o industrial regional foi resultado de
economias internas e externas. Como na ?poca de in-
dustrializa??o acelerada a regi?o com a maior renda per
capita era o Sudeste, era ?bvio que as empresas nacionais
e estrangeiras quisessem ali realizar seus investimentos,
pr?ximo dos mercados mais importantes. Al?m disso, vis-
to que essa desenvolvida regi?o possu?a mais trabalhado-
res e profissionais especializados e tinha a melhor infraes-
trutura do pa?s, herdada da prosperidade do ciclo do caf?,
a percep??o de custos menores das economias externas
tamb?m convenceu a maioria das empresas a se instalar
nessa ?rea. [...]
Essa concentra??o ocasionou tremendas press?es so-
bre o governo a fim de proporcionar uma infraestrutu-
ra adequada para o crescente n?mero de ind?strias, ou
seja, transporte adequado, fornecimento de energia, etc.
Cada setor, entretanto, era respons?vel pela emiss?o de
efluentes no solo, na ?gua e no ar ? ind?strias automo-
bil?sticas, t?xteis, qu?micas, etc. ? e a proximidade entre
elas resultou numa polui??o que se alastrou rapidamen-
te, al?m da contribui??o da crescente depend?ncia das
pessoas e bens em rela??o ao transporte rodovi?rio para
o aumento da polui??o do ar.
At? recentemente, a polui??o resultante da concen-
tra??o industrial regional n?o foi combatida pelo gover-
no. O motivo principal para isso foi que antes da d?cada
de 1980 havia pouca consci?ncia da degrada??o ambien-
tal como uma quest?o pol?tica importante. Al?m disso,
o governo estava t?o interessado no est?mulo aos novos
investimentos industriais que qualquer preocupa??o
espec?fica com o tema teria parecido prejudicial a tais
esfor?os.
A ISI provocou uma r?pida urbaniza??o. Enquanto em
1940 a popula??o urbana era de 31%, em 1950 essa taxa ha-
via crescido para 36%, em 1965, para 50% e, em 1989, para
74%. Em 1990, a popula??o que vivia em cidades de 1 mi-
lh?o de habitantes ou mais representava cerca de 48% da
popula??o urbana total. Essa mudan?a deveu-se ? r?pida
migra??o da zona rural para a urbana. O aumento extre-
mamente acelerado de pessoas que passaram a morar nas
cidades n?o foi acompanhado da amplia??o adequada na
infraestrutura social urbana e explica o r?pido crescimen-
to das favelas em que as pessoas viviam sem um sistema
de fornecimento de ?gua, uma rede de esgotos ou servi?os
de sa?de e de educa??o apropriados, etc.
BAER, Werner. A economia brasileira. S?o Paulo: Nobel, 2009. p. 402.
Uma avaliação da reestruturação produtiva
Diferentemente dos planos anti-inflacion?rios an-
teriores (Cruzado, Bresser, Ver?o e Collor), o Plano Real
conseguiu avan?ar de forma significativa no processo de
desindexa??o da economia. Os repasses de pre?os foram
estancados, os sal?rios e os demais contratos foram de-
sindexados. Mais ainda, a percep??o de que a vida sem
infla??o era melhor foi incorporada pelos mais diferen-
tes agentes econ?micos, salvo desonrosas exce??es.
Entretanto, ele s? pode ser compreendido se anali-
sado em conjunto com tr?s outros diferentes processos
? globaliza??o, abertura da economia e privatiza??o ?
que, interagindo entre si, t?m provocado uma verdadei-
ra revolu??o, tal o impacto no funcionamento da econo-
mia brasileira.
A estrutura b?sica do capitalismo brasileiro ? o trip?
composto pela empresa estatal, pela empresa estrangei-
ra e pela empresa nacional-familiar, que teve seu in?cio
na d?cada de 1930 e consolidou-se na d?cada de 1970
com o II PND ? estava com seus dias contados. [...]
Quanto ? abertura da economia, condi??o sine qua
non para a estabiliza??o, sabe-se que teve um impacto
brutal, na medida em que as ind?strias aqui instaladas
(nacionais ou estrangeiras), acostumadas com a reserva
de mercado, pela primeira vez foram obrigadas a pensar
em redu??o de custos, aumento de produtividade e intro-
du??o de novas tecnologias. O fechamento da economia
eliminava a concorr?ncia, desobrigando as ind?strias de
novos investimentos, e fortalecia o processo inflacion?-
rio, uma vez que quaisquer custos podiam ser automati-
camente repassados para os pre?os. [...]
A negocia??o intracadeias produtivas ? uma das im-
posi??es do novo paradigma. Se um fornecedor ? ine-
ficiente e tem custos elevados, ele pode comprometer
toda a cadeia. Por?m, gra?as ? abertura, passou a existir
a alternativa de importa??o. Assim, ou os diferentes elos
negociam e se ajustam, ou o acesso ao mercado interna-
cional garante que a efici?ncia n?o ser? comprometida.
Nessa perspectiva, a eleva??o do coeficiente de importa-
??es ? normal, e n?o significa necessariamente o enfra-
quecimento das cadeias produtivas.
No in?cio, a importa??o era a alternativa mais r?-
pida. Da? muitos terem cometido o equ?voco de achar
que o pa?s estava se desindustrializando. Em muitos
casos ? os setores t?xtil e automotivo s?o excelentes
exemplos desse processo ?, as importa??es foram o
primeiro passo para a entrada de investimentos exter-
nos ou a solu??o de curto prazo, enquanto as empresas
aqui instaladas n?o se reestruturavam para atender
?s exig?ncias do novo paradigma. No setor automoti-
vo, os ?ndices de nacionaliza??o chegaram a cair para
60%, retomando n?veis superiores a 90% depois da re-
estrutura??o do setor.
A mudan?a na pol?tica cambial [em janeiro de 1999]
intensificou esse processo, ampliando e acelerando o
investimento externo, a substitui??o de importa??es e
as exporta??es.
Agora, mais de um ano ap?s a mudan?a cambial, os
dados come?aram a falar alto. O Brasil passou a disputar
com a China o primeiro lugar na capta??o de investimen-
tos diretos internacionais, e as exporta??es d?o claros si-
nais n?o s? de crescimento como de diversifica??o, tanto
de produtos como de mercados.
A desindustrializa??o n?o ocorreu, muito pelo con-
tr?rio.
5
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Manual do Professor328
O Plano Real, com a abertura e a privatiza??o, foi
muito mais do que mero truque. Juntos, mudaram de
forma radical o panorama econ?mico do pa?s, abrin-
do, em alguns casos, novas possibilidades para ve-
lhos setores, segmentos e empresas que, por motivos
de origem financeira e/ou empresarial, conseguiram
se modernizar. Abriram tamb?m novas frentes de in-
vestimento em ?reas que antes, em uma economia
fechada, estagnada e inflacion?ria, n?o despertavam
interesse.
A infla??o era o ?leo lubrificante do velho paradigma
cuja funcionalidade, j? faz algum tempo, havia passado a
dela depender. Dado que n?o havia concorr?ncia e custos
n?o eram um problema, pois a infla??o ?fechava a conta?,
a mudan?a na forma de organizar a produ??o era condi-
??o sine qua non para a estabiliza??o. Era imposs?vel con-
trolar a infla??o mantendo o velho paradigma.
GOLDENSTEIN, L?dia. Uma avalia??o da reestrutura??o produtiva.
In: SACHS, Ignacy; WILHEIM, Jorge; PINHEIRO, Paulo S?rgio. (Org.).
Brasil: um s?culo de transforma??es. S?o Paulo:
Companhia das Letras, 2001. p. 214-220.
Inflação e alguns conceitos relacionados
A inflação ? definida como um aumento generaliza-
do e cont?nuo dos pre?os. Quando, ao contr?rio, ocorre
uma baixa generalizada e cont?nua dos pre?os, tem-se o
conceito inverso ao de infla??o: a deflação.
? importante notar que o aumento do pre?o de al-
gum bem ou servi?o em particular n?o constitui infla-
??o, que ocorre apenas quando h? um aumento gene-
ralizado dos pre?os. Se a maioria dos bens e servi?os se
torna mais cara, tem-se infla??o. Essa infla??o ser? tan-
to maior quanto maiores os aumentos nos pre?os nas
mercadorias. Normalmente, esses aumentos de pre?os
n?o ocorrem de forma sincronizada, ou seja, n?o h?
um aumento igual do pre?o de todas as mercadorias e
servi?os; desse modo, h? um problema para calcular o
tamanho da infla??o. A forma como isso ? resolvido ?
fazer uma m?dia ponderada da eleva??o dos pre?os [...].
A contrapartida desse aumento dos pre?os ? a perda
de poder aquisitivo da moeda, ou seja, uma mesma uni-
dade monet?ria pode adquirir menos bens e servi?os,
pois estes est?o mais caros.
? importante diferenciar infla??o da aceleração
inflacionária. Quando ocorre um aumento dos pre-
?os temos a infla??o. Quando se diz que a infla??o foi
de 10% em determinado m?s (ou ano) est?-se dizendo
que naquele per?odo os pre?os em m?dia aumentaram
10%. Se essa taxa se mant?m constante nos meses (ou
anos) seguintes, isso significa que os pre?os continuam
a subir em m?dia 10% por m?s (ou ano). A infla??o est?
estabilizada em 10%, mas n?o os pre?os. Se a infla??o
passa para 15% no m?s seguinte, 20% no subsequente,
existe uma acelera??o inflacion?ria, em que os pre?os
est?o em m?dia subindo e subindo cada vez mais ? a
infla??o ? cada vez mais alta.
Dependendo do tamanho da infla??o, pode-se di-
zer que ? moderada (ou rastejante) ou que ocorre uma
hiperinflação. Quando os aumentos de pre?os s?o pe-
quenos, a infla??o ? dita rastejante ou moderada; se s?o
muito grandes, utiliza-se o conceito de hiperinfla??o.
N?o h? um ponto certo para se dizer quando deixa-
mos uma situa??o com infla??o moderada e passamos
para uma de hiperinfla??o. Algumas pessoas conside-
ram, por exemplo, que uma infla??o de 50% ao m?s pode
ser considerada hiperinflacion?ria, outras colocam esse
patamar mais abaixo ou mais acima. De forma geral,
pode-se dizer que a hiperinfla??o ? uma situa??o em
que a infla??o ? t?o alta que a perda do poder aquisitivo
da moeda faz com que as pessoas abandonem aquela
moeda. Passam a utilizar outra moeda como unidade
de conta, isto ?, como forma de definir os pre?os das
mercadorias; e tamb?m como meio de pagamento, isto
?, como instrumento para realizar os pagamentos. Por
exemplo, em momentos de hiperinfla??o, as pessoas
abandonam a moeda local e passam a usar a moeda de
um outro pa?s, como o d?lar, para fazer suas transa??es
dentro de seu pa?s.
Tipos de infla•‹o
Se se tomar as causas da infla??o, encontrar-se-?o
dois tipos b?sicos: infla??o de demanda e infla??o de
custos.
A inflação de demanda deve-se ? exist?ncia de ex-
cesso de demanda em rela??o ? produ??o dispon?vel.
Nesse sentido, essa infla??o aparece quando ocorre
aumento da demanda n?o acompanhado pela oferta;
portanto, ? mais prov?vel que ela apare?a quanto maior
for o grau de utiliza??o da capacidade produtiva da eco-
nomia, isto ?, quanto mais pr?ximo estiver-se do pleno
emprego.
Esse excesso de demanda pode ser ocasionado por
expans?o monet?ria decorrente de d?ficit p?blico n?o
financiado por poupan?a privada (coloca??o de t?tulos
do governo junto ao p?blico). Nesse caso, os indiv?du-
os veem seus saldos monet?rios aumentar e, com isso,
v?o ampliar a demanda; como a oferta ? relativamente
r?gida a curto prazo, os pre?os tendem a subir. ? impor-
tante destacar que o aumento do estoque de moeda gera
aumento no n?vel geral de pre?os, que s? se tornar? um
processo inflacion?rio caso o processo de emiss?o mone-
t?ria continue, isto ?, persista o d?ficit p?blico. Sendo as-
sim, o combate ? infla??o de demanda implica eliminar o
d?ficit p?blico, de modo a estancar a emiss?o monet?ria.
Tanto a chamada corrente monetarista, como a
corrente fiscalista, partem de um diagn?stico de infla-
??o de demanda, diferindo na forma de combat?-la: os
monetaristas enfatizam a pol?tica monet?ria e os fisca-
listas priorizam pol?ticas fiscais e de rendas (exemplo:
congelamento de pre?os e sal?rios).
A infla??o de custos pode ser considerada uma in-
fla??o de oferta, que decorre do aumento de custos das
6
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Manual do Professor329
empresas repassados para preços. Várias podem ser as
pressões de custos:
I. aumento no preço das matérias-primas e de in-
sumos básicos decorrentes de quebra de safra agrícola,
por exemplo, ou desvalorização cambial que aumenta o
preço da matéria-prima importada;
II. aumentos salariais, via negociações ou política
governamental, sem estarem ancorados em aumentos
de produtividade do trabalhador;
III. elevações nas taxas de juros, etc.
GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELLOS, Marco Antonio
Sandoval de; TONETO JR., Rudinei. Economia brasileira
contemporânea. S?o Paulo: Atlas, 2009. p. 95-98.
Energia e meio ambiente
Objetivos
Propiciar aos alunos a compreens?o da import?ncia so-
cial, econ?mica e ambiental do setor energ?tico; da organi-
za??o da matriz energ?tica e sua composi??o pelas fontes
utilizadas, que t?m interfer?ncia direta no ambiente, no dia
a dia das pessoas e no desempenho das atividades econ?-
micas. O estudo das diversas fontes renov?veis e n?o reno-
v?veis tem como objetivo a compreens?o da organiza??o
do setor energ?tico de cada pa?s, de forma a buscar autos-
sufici?ncia ou redu??o da depend?ncia externa, menores
custos de obten??o de energia e, a partir da d?cada de 1980,
menores impactos ambientais.
Atividade complementar
• Solicite aos alunos que, em grupo ou individualmente,
pesquisem as fontes energ?ticas dispon?veis no munic?pio
onde residem. ? importante aproximar os temas estuda-
dos em sala de aula ao cotidiano dos alunos para que o
processo de ensino-aprendizagem adquira maior signifi-
cado. Oriente os alunos a responder ?s quest?es a seguir:
1. Quais s?o as principais fontes de energia utilizadas no
munic?pio onde voc? reside? Como s?o obtidas?
2. Sua obten??o, distribui??o e consumo provocam impac-
tos ambientais? Quais?
3. Buscando maior efici?ncia socioecon?mica e ambiental, o
que poderia mudar na matriz energ?tica do munic?pio onde
voc? vive?
Projeto interdisciplinar
Questão-tema: De que forma a matriz energ?tica do Bra-
sil influencia as condi??es socioambientais do territ?rio
nacional?
Disciplinas: Geografia, Biologia, Qu?mica e F?sica.
Tempo de duração: quatro semanas (uma aula por sema-
na, por disciplina).
Trabalho:
• individual: pesquisa de textos complementares e dados
estat?sticos (atlas, livros, jornais, revistas e internet).
• em grupo: troca de materiais pesquisados individualmen-
te e produ??o da s?ntese.
Forma final do trabalho: texto dissertativo ou painel-
-s?ntese.
Enfoques de trabalho por disciplina:
• Geografia: investiga??o e compreens?o dos impactos
socioambientais provocados pela produ??o e pelo consu-
mo de energia no Brasil e no mundo; reconhecimento da
rela??o entre consumo consciente e preserva??o dos re-
cursos naturais.
• Biologia: an?lise do impacto ambiental na fauna e na
flora provocado pela inunda??o de extensas ?reas flores-
tadas e pelos recorrentes vazamentos de petr?leo.
• Química: an?lise das consequ?ncias ambientais da quei-
ma de combust?veis f?sseis e da radioatividade; estudo
das vantagens da biomassa como fonte de energia.
• Física: an?lise comparativa da efici?ncia energ?tica das
fontes renov?veis e n?o renov?veis.
Etapas do trabalho:
1. Pesquisar, ler, analisar e interpretar textos, gr?ficos, ta-
belas e mapas.
2. Comparar as vantagens e desvantagens econ?micas e
ambientais das diversas fontes de energia.
3. Relacionar a produ??o de energia ao consumo residen-
cial, industrial e aos diferentes meios de transporte.
4. Sistematizar as informa??es para responder satisfato-
riamente ? quest?o-tema.
5. Escolher uma forma de apresenta??o da s?ntese e exe-
cut?-la.
Sugest›es bibliogr‡ficas
BERMANN, C. Energia no Brasil: para qu?? Para quem? Crise
e alternativas para um pa?s sustent?vel. S?o Paulo: Livraria
da F?sica/Fase, 2001.
O autor apresenta o panorama energ?tico brasileiro e ana-
lisa os principais indicadores de sustentabilidade energ?tica.
Unidade 2
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Manual do Professor330
BRANCO, S. M. Energia e meio ambiente. S?o Paulo: Moder-
na, 2004.
Livro paradid?tico que apresenta um hist?rico da evolu??o da
produ??o e do consumo de energia pelo ser humano, as fon-
tes alternativas, os combust?veis f?sseis, a energia nuclear e
as implica??es que o consumo de energia provoca no meio
ambiente. Leia trecho desse livro na se??o Textos de apoio.
GALETTI, D.; LIMA, C. L. Energia nuclear: com fiss?es e com fus?es.
S?o Paulo: Ed. da Unesp, 2010. (Paradid?ticos: novas tecnologias.)
A obra destaca as vantagens, desvantagens e novas tec-
nologias da energia nuclear, apontando o perigo de seu
uso para fins militares.
GOLDEMBERG, J. Energia abundante e limpa. In: RATTNER,
H. (Org.). Brasil no limiar do século XXI. S?o Paulo: Fapesp/
Edusp, 2000. (Estante USP ? Brasil 500 anos.)
O autor prop?e uma an?lise do consumo per capita de ener-
gia como um indicador das condi??es socioecon?micas e da
import?ncia do planejamento para que o desenvolvimento
n?o esteja associado ? deteriora??o do meio ambiente.
______. Energia, meio ambiente e desenvolvimento. S?o
Paulo: Edusp/Cesp, 1998.
A obra analisa a associa??o entre energia e desenvolvi-
mento, a quest?o ambiental e as tend?ncias mundiais
do setor.
HINRICHS, R. A.; KLEINBACH, M. Energia e meio ambiente.
3. ed. S?o Paulo: Cengage Learning, 2009.
Os autores analisam os aspectos f?sicos, econ?micos e
ambientais das diversas fontes de energia. O ?ltimo ca-
p?tulo ? dedicado ? quest?o energ?tica no Brasil.
MARTIN, J.-M. A economia mundial da energia. S?o Paulo:
Ed. da Unesp, 1992. (Prismas.)
A obra apresenta uma vis?o de conjunto do balan?o ener-
g?tico mundial, a forma??o hist?rica de seus aspectos
econ?micos e as perspectivas de produ??o, consumo,
meio ambiente e tecnologia.
SCHMIDT, C.; CORAZZA, G.; MIRANDA, L. (Org.). A energia
elétrica em debate. A experi?ncia brasileira e internacional
de regula??o. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2003.
Colet?nea de textos de diversos autores que mostram a
estrutura do sistema el?trico em v?rios pa?ses: Noruega,
Fran?a, Estados Unidos, Canad?, Argentina e Brasil, al?m
do Rio Grande do Sul.
TEIXEIRA, W. et al. (Org.). Decifrando a Terra. 2. ed. S?o Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2009.
A obra analisa os aspectos geol?gicos, econ?micos e
ambientais do uso da biomassa, dos combust?veis f?s-
seis, da energia nuclear, geot?rmica, hidrel?trica e das
fontes alternativas. Leia trecho desse livro na se??o Tex-
tos de apoio.
Comentários e respostas
das atividades
Produção mundial de energia
Dialogando com as disciplinas
1 Em ambos os casos ocorre a transforma??o da energia
potencial em energia cin?tica. No caso do vag?o, boa
parte da energia cin?tica volta a se transformar em po-
tencial, levando a subir a rampa seguinte, e parte ? con-
vertida em energia el?trica, aproveitada para ilumina-
??o. Na usina hidrel?trica, a maior parte da energia
cin?tica de deslocamento da ?gua ? convertida em
energia cin?tica de rota??o das p?s, que depois ? con-
vertida em energia el?trica.
2 a) Ao ser represada, a ?gua adquire energia potencial.
b) Na posi??o mais baixa. A energia potencial da ?gua
se converte em energia de movimento (cin?tica), que
faz as p?s da turbina girarem. A energia potencial da
?gua ? maior quanto mais alta for a queda; portanto,
a energia cin?tica da ?gua aproveit?vel para mover
as p?s ser? maior na posi??o mais baixa.
3 A energia el?trica n?o desaparece, ? transformada
em calor.
4 Espera-se que os alunos percebam a produ??o de calor
no motor do ventilador e de energia sonora (que ? uma
energia de movimento), produzida pelo atrito das p?s
com o ar e pelas partes m?veis do ventilador.
5 a) O maior aumento proporcional ocorreu no setor de
transporte, que teve um crescimento de cerca de
seis vezes em rela??o ao per?odo anterior, seguido
da ind?stria e da agricultura, que aumentou apro-
ximadamente quatro vezes.
b) O crescimento do setor de transporte evidencia o
aumento da circula??o de pessoas e mercadorias e,
portanto, um maior consumo de petr?leo, ou seja,
um aumento da convers?o de energia f?ssil (qu?mica)
em energia de movimento para ve?culos.
Compreendendo conteúdos
1 O setor energ?tico ? estrat?gico por ser respons?vel
pelo funcionamento da ind?stria, do com?rcio, da agri-
cultura e do sistema de transportes de mercadorias e
de pessoas. Um colapso no setor energ?tico pode com-
prometer todas as atividades econ?micas desenvolvi-
das em um pa?s.
Capítulo 3
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Manual do Professor331
2 A cria??o de empresas estatais de petr?leo, a partir da
d?cada de 1930, consistiu em uma estrat?gia de en-
frentamento do cartel das ?sete irm?s?, associa??o de
empresas petrol?feras que visava a controlar o setor.
Com isso, os pa?ses buscaram ampliar a autonomia
nacional no que se refere ? produ??o, refino e distri-
bui??o de petr?leo.
3 As vantagens da hidreletricidade em rela??o ?s usinas
termel?tricas e termonucleares s?o:
• as usinas hidrel?tricas causam impacto ambiental
apenas durante a constru??o das barragens, com o
represamento da ?gua e o consequente alagamento
de extensas ?reas. A produ??o de energia em si quase
n?o emite poluentes no ambiente;
• a hidreletricidade ? uma fonte renov?vel de energia;
• depois que est?o em funcionamento, os gastos de
manuten??o das usinas hidrel?tricas s?o inferiores
aos das usinas termel?tricas e termonucleares, al?m
de n?o haver necessidade de queima de combust?veis
ou de fiss?o at?mica.
4 As principais vantagens da expans?o do consumo mun-
dial de biocombust?veis s?o a redu??o na emiss?o de
gases que intensificam o efeito estufa, a substitui??o
de combust?veis f?sseis (finitos) por fontes renov?veis
e o incentivo ? atividade agr?cola, com possibilidade de
amplia??o da necessidade de m?o de obra. Entre as
desvantagens h? o desmatamento que pode ocorrer
com a expans?o da ?rea de cultivo e a possibilidade de
substitui??o de culturas alimentares, pondo em risco a
seguran?a alimentar da popula??o.
Desenvolvendo habilidades
As atividades dessa se??o permitem um trabalho interdisci-
plinar com L?ngua Portuguesa, Matem?tica, Biologia e F?sica.
5 O consumo de energia est? diretamente associado ao
padr?o de consumo das sociedades. Nos pa?ses desen-
volvidos as fam?lias possuem maior quantidade de ele-
trodom?sticos, ve?culos, condicionadores de ar, etc., e
as vias p?blicas s?o mais bem iluminadas, o que torna
o consumo per capita e absoluto de energia superior ao
dos pa?ses pobres e de muitos emergentes.
6 Nessa atividade os alunos devem expressar livre-
mente suas opini?es. Como os textos s?o consisten-
tes na defesa de pontos de vista divergentes, ? im-
portante que defendam seu ponto de vista ? luz dos
aspectos positivos e negativos envolvidos, de forma
a elaborar uma reda??o que contenha argumentos
expostos de forma coerente e encadeados para em-
basar a op??o escolhida.
Produção brasileira de energia
Compreendendo conteœdos
1 A partir de 1995, com as concess?es de explora??o dos
sistemas de transportes e de energia e com o fim do
monop?lio da Petrobras na extra??o, no transporte, no
refino e na importa??o de petr?leo, esses setores, con-
siderados estrat?gicos, passaram a contar com a a??o
de v?rias empresas privadas de capital nacional e es-
trangeiro. Diante dessa nova realidade, o Estado passou
a atuar nesses setores com a cria??o das ag?ncias regu-
ladoras, que editam normas, fiscalizam, aplicam san
-
??es, resolvem disputas entre empresas e decidem sobre
reclama??es de consumidores.
2 Para enfrentar as crises de petr?leo do per?odo, havia a
necessidade de reduzir relativamente seu uso na matriz
energ?tica brasileira por meio do incentivo ? produ??o
de outras fontes, al?m de aumentar a produ??o interna
desse combust?vel para reduzir os n?veis de importa??o.
Nesse sentido, foi criado o Pro?lcool e assinado o acordo
nuclear com a Alemanha; foram constru?das grandes
usinas hidrel?tricas (Itaipu, Tucuru?, Sobradinho, etc.) e
fornecidos mais investimentos ? Petrobras, que se for-
taleceu; foram realizadas muitas prospec??es de petr?-
leo, resultando em grande aumento da produ??o gra?as
? descoberta de petr?leo na bacia de Campos.
3 A participa??o da termeletricidade vem sendo amplia-
da na matriz energ?tica brasileira por contar com incen
-
tivos governamentais, ap?s a necessidade de raciona-
mento de energia em 2000. Embora o principal fator
respons?vel pelo racionamento tenha sido a falta de
investimentos, a partir desse ano resolveu-se reduzir a
depend?ncia brasileira na produ??o hidrel?trica para
que o pa?s fique menos suscept?vel ?s adversidades cli-
m?ticas; a participa??o da termeletricidade tamb?m
tem sido ampliada em raz?o do aumento da oferta de
g?s natural nas bacias de Campos (RJ), Santos (SP) e
Urucu (AM), al?m de haver regi?es beneficiadas pela
instala??o do gasoduto Brasil-Bol?via.
4 O aumento do consumo de etanol, assim como sua mis-
tura ? gasolina (20% a 27% de adi??o) e o acr?scimo de
biodiesel ao ?leo diesel, reduzem a emiss?o de poluen-
tes atmosf?ricos e dispensam a utiliza??o de chumbo,
o que melhora a qualidade do ar, principalmente nos
grandes centros urbanos.
5 Em um pa?s com as dimens?es territoriais do Brasil, as prin-
cipais consequ?ncias da implanta??o do sistema rodovi?rio
como principal meio de transporte de mercadorias e pes-
soas foram: eleva??o do custo dos fretes, acompanhada de
aumento do pre?o final das mercadorias transportadas,
diminui??o da competitividade do parque industrial e da
produ??o agr?cola, grandes gastos e deprecia??o da malha
Capítulo 4
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Manual do Professor332
rodovi?ria, maior risco de acidentes nas rodovias congestio-
nadas, maior emiss?o de gases poluentes na atmosfera e o
consumo aumentado de combust?veis de origem f?ssil.
Apenas a partir do fim do regime militar, outros setores de
transporte come?aram a receber mais investimentos, como
a malha ferrovi?ria e a hidrovi?ria, fazendo com que a par-
ticipa??o relativa das rodovias diminu?sse.
Desenvolvendo habilidades
Essas atividades permitem um trabalho interdisciplinar com
Matem?tica, Qu?mica e Biologia.
6 a) Derivados da cana-de-a??car e hidr?ulica.
b) Ur?nio e derivados e carv?o mineral.
c) Resposta pessoal com base nos gr?ficos, devendo-se
destacar o crescimento na participa??o dos derivados
da cana-de-a??car e de outras fontes prim?rias e re-
nov?veis de energia, a redu??o na participa??o da
lenha e o ligeiro aumento da produ??o de g?s natural.
Vestibulares de Norte a Sul
Testes
1 02, 04 e 08.
2 C
3 E
4 V V F F V
5 B
6 C
7 V F V F V
8 D
9 D
10 E
11 D
12 C
13 C
14 A
15 D
16 D
17 A
Questões
18 a) Petr?leo, carv?o mineral e g?s natural.
b) A queima de combust?veis f?sseis libera grande quanti-
dade de g?s carb?nico e outros poluentes na atmosfera,
provocando grandes impactos ambientais, como a maior
reten??o de calor na atmosfera, provocando mudan?as
clim?ticas globais, e a ocorr?ncia de chuvas ?cidas.
c) A energia e?lica s? pode ser obtida onde os ventos
s?o regulares e constantes, a energia solar, onde h?
forte radia??o e a energia das mar?s nas proximida-
des do litoral.
19 As fontes alternativas que t?m apresentado maior ex-
pans?o no Brasil s?o a e?lica e a solar, mas sua partici-
pa??o percentual na matriz energ?tica ? muito peque-
na, inferior a 4%; essas fontes s?o renov?veis, n?o
poluentes e podem atender comunidades isoladas sem
a necessidade de constru??o de linhas de transmiss?o
de longas dist?ncias.
20 a) A regi?o Norte possui o maior potencial hidrel?trico
dispon?vel do pa?s e a rede de distribui??o de eletrici-
dade est? interligada em escala nacional. Dessa forma,
embora o potencial esteja localizado distante dos
grandes centros consumidores, a energia l? produzida
abastece o consumo da pr?pria regi?o e do restante
do pa?s. Entre as hidrel?tricas da Amaz?nia, destaca-se
a recente constru??o de Belo Monte no rio Xingu (PA)
e Santo Ant?nio e Jirau no rio Madeira (RO).
b) A regi?o Nordeste possui grande insola??o no sert?o
semi?rido e ventos constantes na faixa litor?nea,
possuindo o maior potencial de produ??o de energia
e?lica e solar do pa?s.
c) Rios perenes e caudalosos com regime tropical, rele-
vo plan?ltico com grande potencial hidrel?trico.
Caiu no Enem
1 E
2 A
3 B
4 C
5 C
6 C
O combustível do futuro é a eficiência
A fome dos novos ricos
A renda per capita de 2 bilh?es de pessoas, mais de
um quarto da popula??o mundial, que hoje est? em
torno de 10 000 d?lares, triplicar? at? 2031. Compos-
to principalmente de chineses e indianos, esse con-
tingente ter? o padr?o de consumo de carros, geladei-
ras, computadores e celulares equivalente ao de um
1
Textos de apoio
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Manual do Professor333
[norte-]americano hoje. Em termos de energia, isso repre-
senta um enorme desafio. Pegue-se o exemplo do petr?leo:
o novo padr?o de vida levar? cada asi?tico a queimar cator-
ze barris di?rios, em lugar dos tr?s atuais. Para suprir a de-
manda energ?tica com o acr?scimo dessa legi?o de novos
abastados da ?sia e, em menor escala, da Am?rica Latina,
a produ??o mundial de energia ter? de crescer pelo menos
30% nos pr?ximos dez anos. Um estudo da Cera [Cambridge
Energy Research Associates] prev? um aumento de 75% na
demanda mundial de energia para os pr?ximos vinte anos.
O petróleo não vai acabar
J? anunciada em 1880, ao fim da II Guerra e nova-
mente nos anos 1970, a morte do petr?leo est? longe de
se tornar realidade. A produ??o cresceu cinco vezes des-
de o fim dos anos 1950 e continua a aumentar. As reser-
vas atuais s?o estimadas em 5 trilh?es de barris. Para se
ter uma ideia do que isso significa, extraiu-se 1 trilh?o
de barris desde o in?cio da ind?stria petrol?fera, no s?cu-
lo XIX. Novas tecnologias n?o apenas permitiram a ex-
plora??o de jazidas j? dadas como esgotadas. Tamb?m
tornaram economicamente vi?vel o aproveitamento
de reservas cuja explora??o antes era considerada cara
demais para valer a pena. O crescimento do setor de
extra??o de ?leo em ?guas profundas ? um exemplo.
Desde 2000, a produ??o no fundo dos oceanos subiu de
1,5 milh?o de barris di?rios para os atuais 5 milh?es.
Nem o acidente com a plataforma Deepwater Horizon
no ano passado [2010], no golfo do M?xico, abalou o
entusiasmo com esse tipo de explora??o. A maior preo-
cupa??o n?o deve ser com o esgotamento das reservas
petrol?feras, mas com o aumento da demanda. Neste
ritmo de crescimento, o petr?leo n?o vai dar conta de
abastecer o mundo sozinho.
O tropeço da esperança nuclear
O terremoto que atingiu o Jap?o, provocando vaza-
mentos e inc?ndios na usina de Fukushima, teve efei-
to devastador no renascimento da ind?stria nuclear.
Fukushima foi o pior incidente no setor desde a explos?o
de Chernobyl, na [ex-Uni?o Sovi?tica, atual] Ucr?nia, um
quarto de s?culo atr?s, e esmaeceu a esperan?a deposita-
da nessa fonte energ?tica. Na crise do petr?leo de 1973,
a energia nuclear representava 1% da matriz energ?tica
mundial. Atualmente, responde por 5,8% [4,8% em 2013].
At? o incidente no Jap?o, a estimativa era que o porcen-
tual ultrapassaria rapidamente os dois d?gitos. Mas j?
n?o ser? assim. Isso n?o significa, contudo, que a ener-
gia produzida pela fiss?o dos ?tomos ser? abandonada
ou que a maioria das usinas acabar? desativada. Os 58
reatores em opera??o s?o respons?veis por 80% da ener-
gia consumida na Fran?a, por exemplo ? e isso n?o vai
mudar de uma hora para a outra. O problema ? o aumen-
to do receio em rela??o a acidentes. Isso cria um freio ?
dissemina??o da tecnologia para pa?ses que poderiam se
beneficiar dela. H? tamb?m uma preocupa??o pol?tica.
Construir novos reatores significa ampliar o acesso ao
material e ? tecnologia nuclear. ? grande o risco de que
esse conhecimento caia em m?os erradas.
PLANETA SUSTENT?VEL. Dispon?vel em:
<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/energia/daniel-
yergin-combustivel-futuro-eficiencia-655587.shtml>.
Acesso em: 20 abr. 2016.
Combustíveis e meio ambiente: origem dos conflitos
E os combustíveis renováveis?
A queima de biomassa renov?vel, como lenha, car-
v?o vegetal, ?lcool ou at? excremento seco de vacas ou
cavalos, usado em extensas regi?es muito frias da ?sia
para aquecimento das casas, produz mais ou menos os
mesmos subprodutos que a queima de combust?veis f?s-
seis, por?m em propor??es diferentes. De modo geral, h?
muito menos enxofre, gerando menos ?xidos de enxofre;
a queima do ?lcool, em lugar da gasolina, comprovada-
mente gera menos mon?xido de carbono, embora a quei-
ma de carv?o vegetal, em combust?o lenta, possa produ-
zir grande quantidade desse g?s t?xico.
[...]
Pois bem: a queima do ?lcool nos autom?veis produz
alde?dos em maior quantidade que a queima de gasolina.
Essa quest?o foi exaustivamente pesquisada por entida-
des de pesquisa brasileiras ? como a Cetesb (Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental) ? as quais, jun-
tamente com as ind?strias locais, desenvolveram toda
uma tecnologia original para o projeto e execu??o de
biomotores a ?lcool de alto rendimento e baixa polui??o.
Em princ?pio, uma combust?o mais completa deve quei-
mar tamb?m os alde?dos e o restante ? eliminado por
meio da instala??o de catalisadores nos tubos de escapa-
mento. O dom?nio completo dessa tecnologia ? ?nica em
todo o mundo ? permitiu a fabrica??o de carros de baixo
consumo, alta durabilidade (um dos inconvenientes su-
perados do uso do ?lcool ? sua alta corrosividade) e poder
poluidor muito menor que o dos carros a gasolina.
[...]
A reciclagem do gás carbônico
A grande vantagem do uso de biomassa renov?vel
como combust?vel, no entanto, est? na possibilidade de
reciclar o g?s carb?nico que se desprende na combust?o,
n?o permitindo que este se acumule na atmosfera. Duran-
te o crescimento das imensas planta??es de cana, gigan-
tescas quantidades de g?s carb?nico s?o absorvidas para
formar as mat?rias org?nicas que ser?o transformadas
em combust?vel. Essas quantidades s?o, em princ?pio, exa-
tamente iguais ?s que se formam na produ??o e queima
do ?lcool, assim como na queima do baga?o e folhas no
campo e nas usinas. Do mesmo modo, a quantidade de g?s
carb?nico consumido no crescimento de uma planta??o
de eucalipto ou de qualquer planta nativa utilizada como
combust?vel ? igual ? gerada na sua queima.
BRANCO, Samuel Murgel. Energia e meio ambiente.
S?o Paulo: Moderna, 2004. p. 96-98.
2
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Manual do Professor334
Petróleo e gás
O petr?leo ? um l?quido oleoso, normalmente com
densidade menor que a da ?gua. Sua cor varia desde o
incolor at? o preto, passando por verde e marrom.
Existem diversas teorias para explicar a origem do
petr?leo. A mais aceita atualmente ? de sua origem or-
g?nica, ou seja, tanto o petr?leo como o g?s natural s?o
combust?veis f?sseis, a exemplo do carv?o. Sua origem
se d? a partir de mat?ria org?nica (principalmente algas)
soterrada com sedimentos lacustres ou marinhos.
Os ambientes que impedem a oxida??o da mat?ria or-
g?nica s?o aqueles de r?pida sedimenta??o (e.g. plataformas
rasas) ou de teor de oxig?nio restrito (como o fundo oce?-
nico). Em ambos os casos o ambiente anaer?bico permite o
aprisionamento de mat?ria org?nica n?o oxidada. ? seme-
lhan?a dos processos que transformam restos vegetais em
carv?o mineral, vistos anteriormente, a mat?ria org?nica vai
se transformando, com a perda dos componentes vol?teis e
concentra??o de carbono at? sua completa modifica??o para
hidrocarbonetos. A grande diferen?a entre a forma??o do
carv?o mineral e dos hidrocarbonetos ? a mat?ria-prima, ou
seja, principalmente material lenhoso para o carv?o e algas
para os hidrocarbonetos, o que ? definido justamente pelo
ambiente de sedimenta??o. Normalmente, o petr?leo e o g?s
coexistem, por?m, dependendo das condi??es de press?o e
temperatura, haver? maior quantidade de um ou de outro.
[...]
A “indústria” de hidrocarbonetos
A prospec??o de hidrocarbonetos envolve as fases
comuns de prospec??o mineral, ou seja, o mapeamento
geol?gico e geof?sico da ?rea, por meio de levantamentos
a?reos e terrestres, o processamento desses dados e sua
posterior interpreta??o. Paralelamente s?o perfurados
alguns po?os explorat?rios para que os dados de mapea-
mento sejam correlacionados com a estratigrafia da re-
gi?o. Dos po?os explorat?rios s?o extra?dos testemunhos,
submetidos a an?lises geoqu?micas e paleontol?gicas
que indicar?o a possibilidade de exist?ncia de hidrocar-
bonetos na regi?o. A partir do conjunto de dados adqui-
ridos nessa fase, ? elaborado um modelo geol?gico-estra-
tigr?fico estrutural da bacia, que servir? de base para a
loca??o de levantamentos de maior detalhe com vistas
? defini??o de poss?veis armadilhas portadoras de hidro-
carbonetos. Uma vez identificada uma armadilha em po-
tencial (principalmente por meio de m?todos geof?sicos),
? efetuada uma sondagem mec?nica (perfura??o) que
ir? comprovar a exist?ncia ou n?o do hidrocarboneto. Se
encontrado, ? iniciada a delimita??o da reserva, quan-
do diversos furos de sondagem s?o efetuados visando ?
defini??o do volume de hidrocarboneto contido. A fase
seguinte ? chamada de desenvolvimento, quando ? mon-
tada a infraestrutura para a explora??o comercial (pro-
du??o) do hidrocarboneto.
[...]
Na moderna ind?stria de hidrocarbonetos, em todas
as fases de explora??o (ou prospec??o) e produ??o, os di-
versos profissionais (ge?logos, geof?sicos, engenheiros,
qu?micos, f?sicos e matem?ticos) trabalham em conjun-
to, de forma a haver uma perfeita integra??o dos dados
gerados por meio de cada t?cnica espec?fica. Essa atitude
leva a um desenvolvimento de t?cnicas indiretas de ma-
peamento e monitoramento, destacando-se, entre elas,
a s?smica de reflex?o, capaz de gerar imagens de grande
fidelidade e correla??o com a estratigrafia da ?rea.
Uma vez trazido ? superf?cie, o petr?leo ? transportado
? refinaria para a separa??o de seus diversos constituin-
tes, produzindo desde os combust?veis de uso consagrado,
tais como gasolina, ?leo diesel, ?leo combust?vel, quero-
sene, GLP (g?s liquefeito de petr?leo), at? asfalto e outros
produtos. J? o g?s natural, ap?s um beneficiamento muito
simples, ? utilizado diretamente como combust?vel.
TAIOLI, F?bio. Recursos energ?ticos. In: TEIXEIRA, Wilson et al.
(Org.) Decifrando a Terra. 2. ed. S?o Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2009. p. 495-497.
O poder das energias renováveis
O poder do vento
O vento existente nos seis continentes do planeta
? suficiente para suprir o consumo mundial de energia
em mais de quatro vezes o n?vel atual de consumo. A
energia e?lica j? ? uma hist?ria de sucesso e gera eletri-
cidade para milh?es de pessoas, empregos para dezenas
de milhares de seres humanos e bilh?es de d?lares de
lucro.
• Na China, a capacidade de gera??o de energia atrav?s
do vento dobrou em 2002.
• Desde o in?cio dos anos 70, o governo dinamarqu?s apoia
o desenvolvimento e a implementa??o de uma forte
ind?stria de energia e?lica, especialmente atrav?s de
abatimentos em impostos e investimentos p?blicos. Na
Dinamarca, existem mais pessoas trabalhando na in-
d?stria de energia e?lica do que na pesca.
• Na Mong?lia, geradores port?teis de energia e?lica s?o
bastante usados por povos n?mades em l?mpadas, r?-
dios e outros aparelhos el?tricos.
O poder do Sol
A luz solar que ilumina a Terra a cada hora ? suficiente
para suprir as necessidades humanas por um ano inteiro.
H? muitas maneiras de utilizar esta fonte de energia:
• coletores solares t?rmicos, que podem aquecer a ?gua
e o ar para casas e instala??es industriais; ou energia
solar fotovoltaica (PV), que gera eletricidade diretamen-
te a partir da luz do Sol. Simples, confi?vel, segura, e si-
lenciosa, ? uma eletricidade livre de qualquer polui??o.
• pa?ses em desenvolvimento instalaram mais de um
milh?o de sistemas dom?sticos de energia solar.
• existem aproximadamente 150 mil sistemas dom?sticos de
energia solar no Qu?nia, mais de 100 mil na China, 60 mil
na Indon?sia e mais de 300 mil lanternas solares na ?ndia.
3
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Manual do Professor335
O poder da biomassa
Planta??es podem ser cultivadas especificamente
para a produ??o de combust?veis e a compostagem de
material vegetal tamb?m pode ser usada para produzir
g?s metano, que, por sua vezes, pode ser utilizado como
combust?vel. No entanto, cultivos geneticamente modi-
ficados n?o devem ser usados com essa finalidade, bem
como n?o deve haver emiss?es t?xicas (provenientes, por
exemplo, do uso de agrot?xicos) resultantes da queima
desse tipo de combust?vel. Res?duos florestais e agr?colas
tamb?m podem ser usados para produzir eletricidade e
aquecer, sem causar o aumento dos n?veis de CO
2
.
O poder das pequenas hidroelŽtricas
Os projetos de usinas hidroel?tricas de pequena es-
cala usam o fluxo natural das ?guas dos rios para gerar
eletricidade. Unidades hidroel?tricas familiares contam
com pequenas turbinas que usam o fluxo da ?gua para
gerar eletricidade para casas.
• Mais de 100 mil fam?lias no Vietn? usam pequenas tur-
binas de ?gua para gerar eletricidade.
• Mais de 45 mil pequenos projetos de pequenas hidroe-
l?tricas est?o sendo usados na China, gerando energia
para mais de 50 milh?es de pessoas.
GREENPEACE. Dispon?vel em: <www.greenpeace.org/brasil/pt/
Noticias/o-poder-das-energias-renovavei/>. Acesso em: 11 maio 2016.
Sistema Interligado Nacional
O Sistema Interligado Nacional (SIN) ? formado por
empresas das regi?es Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordes-
te e parte da regi?o Norte. Com tamanho e caracter?sticas
que permitem consider?-lo ?nico em ?mbito mundial, o
sistema de produ??o e transmiss?o de energia el?trica do
Brasil ? um sistema hidrot?rmico de grande porte, com
forte predomin?ncia de usinas hidrel?tricas e com m?lti-
plos propriet?rios.
[...]
Como as usinas hidrel?tricas s?o constru?das em espa-
?os onde melhor se podem aproveitar as aflu?ncias e os
desn?veis dos rios, geralmente situados em locais distan-
tes dos centros consumidores, foi necess?rio desenvolver
no pa?s um extenso sistema de transmiss?o. Essa dist?n-
cia geogr?fica, associada ? grande extens?o territorial
e ?s varia??es clim?ticas e hidrol?gicas do pa?s, tende a
ocasionar excedente ou escassez de produ??o hidrel?trica
em determinadas regi?es e per?odos do ano. A interliga-
??o viabiliza a troca de energia entre regi?es, permitindo,
assim, obterem-se os benef?cios da diversidade de regime
dos rios das diferentes bacias hidrogr?ficas brasileiras.
Desde meados da d?cada de [19]70, o sistema eletro-
energ?tico brasileiro ? operado de forma coordenada,
no intuito de se obterem ganhos sin?rgicos a partir da
intera??o entre os agentes. A opera??o coordenada bus-
ca minimizar os custos globais de produ??o de energia
el?trica, contemplar restri??es intra e extra setoriais e
aumentar a confiabilidade do atendimento (ONS, 2003).
Atualmente, no SIN, essa atividade ? exercida pelo ONS.
Conceitualmente, a opera??o centralizada do Sistema
Interligado Nacional est? embasada na interdepend?n-
cia operativa entre as usinas, na interconex?o dos siste-
mas el?tricos e na integra??o dos recursos de gera??o e
transmiss?o para atender o mercado. A interdepend?n-
cia operativa ? causada pelo aproveitamento conjunto
dos recursos hidrel?tricos, mediante a constru??o e ope-
ra??o de usinas e reservat?rios localizados em sequ?ncia
em v?rias bacias hidrogr?ficas. Desta forma, a opera??o
de uma determinada usina depende das vaz?es libera-
das a montante por outras usinas, que podem ser de ou-
tras empresas, ao mesmo tempo em que sua opera??o
afeta as usinas a jusante, de forma an?loga.
A utiliza??o dos recursos de gera??o e transmiss?o
dos sistemas interligados permite reduzir os custos
operativos, minimizar a produ??o t?rmica e reduzir o
consumo de combust?veis, sempre que houver super?-
vits hidrel?tricos em outros pontos do sistema. Em per?o-
dos de condi??es hidrol?gicas desfavor?veis, as usinas
t?rmicas contribuem para o atendimento ao mercado
como um todo, e n?o apenas aos consumidores de sua
empresa propriet?ria. Assim, a participa??o comple-
mentar das usinas t?rmicas no atendimento ao merca-
do consumidor tamb?m exige interconex?o e integra-
??o entre os agentes.
AG?NCIA NACIONAL DE ENERGIA EL?TRICA (ANEEL).
Aspectos institucionais. Dispon?vel em: <www2.aneel.gov.br/
aplicacoes/atlas/aspectos_institucionais/
2_1_1.htm>. Acesso em: 14 maio 2016.
População
Objetivos
Proporcionar aos alunos o aprofundamento de diversos
conceitos, como popula??o, povo, etnia e direitos humanos,
bem como das principais teorias demogr?ficas. Propiciar a
an?lise de dados demogr?ficos e sociais do Brasil e do mundo
e o entendimento da forma??o e da estrutura da popula??o
brasileira. Os principais fluxos migrat?rios ao longo da His-
t?ria at? os dias de hoje tamb?m ser?o abordados, de forma
a enriquecer o conhecimento dos alunos a respeito da din?-
mica da popula??o mundial.
Atividade complementar
• Solicite aos alunos que, em grupos ou individualmente, leiam
o texto O povo brasileiro, de Darcy Ribeiro (1922-1997),
5
Unidade 3
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Manual do Professor336
na p?gina 144 do livro. Ap?s um debate, pe?a-lhes que pro-
duzam, individualmente, no caderno, um texto descritivo
que aborde quais eram, segundo o antrop?logo, as tr?s ca-
tegorias de povos presentes no continente americano ap?s
a chegada dos europeus. Oriente-os a fazer uma pesquisa
em livros e na internet, procurando exemplos de manifes-
ta??es culturais, costumes e modos de vida desses povos.
De acordo com o antrop?logo Darcy Ribeiro, com a
chegada dos europeus ? Am?rica, passaram a existir tr?s
categorias de povos no continente: os nativos, como as-
tecas, maias, incas, tupi, bororo, yanomami e diversas
outras etnias de ind?genas; os transplantados, imigrantes
(livres e escravizados) que, uma vez instalados, mantive-
ram parte dos costumes dos locais de origem; e os novos,
descendentes dos diversos povos que habitavam esse
territ?rio.
Projetos interdisciplinares
Projeto 1
Questão-tema: Qual o papel da migra??o internacional e
interna na ocupa??o do territ?rio e na forma??o da popu-
la??o brasileira?
Disciplinas: Geografia, Hist?ria e L?ngua Portuguesa.
Tempo de duração: quatro semanas (uma aula por semana,
por disciplina).
Trabalho:
• individual: pesquisa de textos complementares e de ma-
teriais cartogr?ficos e estat?sticos em livros, jornais, revis-
tas e em sites de organiza??es fidedignas.
• em grupo: troca de materiais pesquisados individualmen-
te e produ??o da s?ntese.
Forma final do trabalho: texto dissertativo ou painel-s?ntese.
Enfoques de trabalho por disciplina:
• Geografia: investiga??o sobre a import?ncia das mi-
gra??es internacionais e internas na ocupa??o do ter-
rit?rio, no enriquecimento e na forma??o da pluralida-
de cultural; an?lise das condi??es de vida dos migran-
tes em seu lugar de origem e nas regi?es para as quais
se dirigem.
• História: pesquisa e sele??o de exemplos dos principais
per?odos e correntes migrat?rias para o Brasil, juntamen-
te com os fatores de repuls?o e atra??o populacionais;
pesquisa sobre o destino dos ex-cativos, rurais e urbanos,
ap?s a aboli??o da escravatura: Quais eram as oportuni-
dades de vida e trabalho? Essas condi??es proporcionaram
melhoria em seu padr?o de vida? O que mudou nos gran-
des centros urbanos, principalmente no Rio de Janeiro
(que era a capital federal), com a aboli??o? Quais eram as
condi??es de vida dos imigrantes livres que chegavam ao
pa?s nesse mesmo per?odo?
• Língua Portuguesa: leitura de textos, constru??o de argu-
menta??o e produ??o do texto dissertativo.
Etapas do trabalho:
1. Pesquisar, ler, analisar e interpretar textos, gr?ficos, ta-
belas e mapas.
2. Comparar as condi??es de trabalho oferecidas aos imi-
grantes em diferentes regi?es e per?odos hist?ricos.
3. Relacionar os fluxos migrat?rios internacionais e inter-
nos ? ocupa??o do territ?rio brasileiro.
4. Sistematizar as informa??es de modo a responder satis-
fatoriamente ? quest?o-tema.
5. Escolher uma forma de apresenta??o da s?ntese e exe-
cut?-la.
Projeto 2
Questão-tema: O espa?o geogr?fico ? uma constru??o his-
t?rica?
Disciplinas: Geografia, Arte, Hist?ria e L?ngua Portuguesa.
Tempo de duração: oito semanas (uma aula por semana, por
disciplina).
Trabalho:
• individual: pesquisa de textos em livros, jornais, revistas
e na internet; sele??o de mapas e fotos relacionados ao
tema; confec??o de croquis e de desenhos das mudan?as
ocorridas ao longo da Hist?ria no munic?pio onde moram.
Se poss?vel, entrevista com algum arquiteto da cidade e
coleta de mapas e plantas antigos do munic?pio.
• grupo: troca do material pesquisado, mapeamento das
mudan?as verificadas nas diferentes ?reas do munic?pio,
produ??o de painel-s?ntese e relat?rio de observa??o.
Forma final do trabalho: painel-s?ntese composto de mate-
rial iconogr?fico, relat?rio de observa??o e mapa de locali-
za??o e identifica??o das mudan?as mais significativas.
Enfoques de trabalho por disciplina:
• Geografia: investiga??o e reconhecimento de elementos
de altera??o e de perman?ncia na paisagem do munic?pio;
mapeamento dos elementos selecionados.
• Arte: leitura de imagens (fotos, desenhos, etc.), produ-
??o de material iconogr?fico que ajude a entender as
mudan?as.
• História: pesquisa, leitura de artigos de revistas e jornais,
produ??o de relat?rio descritivo da pesquisa de campo.
• Língua Portuguesa: leitura de textos, constru??o de argu-
menta??o e produ??o do texto dissertativo.
Etapas do trabalho:
1. Elaborar croquis de partes distintas do munic?pio, iden-
tificando os elementos selecionados na paisagem
(constru??es, vias p?blicas, etc.).
2. Realizar pesquisa de campo para coletar dados sobre os
diferentes elementos selecionados. Por exemplo, infor-
ma??es sobre o zoneamento do munic?pio (?reas predo-
minantemente residenciais, comerciais, industriais,
mistas, etc., ou, ainda, ?reas que anteriormente eram
industriais e que passaram a ser comerciais, por exem-
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Manual do Professor337
plo). Se poss?vel, mostrar altera??es ocorridas ao longo
da Hist?ria.
3. Mapear os resultados da pesquisa e produzir relat?rio
que sintetize os principais fatores que promoveram as
mudan?as.
4. Sistematizar os dados coletados e registrados a partir
da quest?o-tema.
5. Apresentar o relat?rio-s?ntese, expor o material carto-
gr?fico e as fotos obtidas.
Sugest›es bibliogr‡ficas
ABREU, A. A. de (Org.). Caminhos da cidadania. Rio de Janei-
ro: FVG, 2009.
Reuni?o de artigos de v?rios especialistas que analisam
a Constitui??o, o Estado, a federa??o, os sindicatos, os
partidos pol?ticos e outros agentes e institui??es que par-
ticipam da constru??o da cidadania. Leia trecho desse
livro na se??o Textos de apoio.
ALMEIDA, M. R. C. de. Os índios na história do Brasil. Rio de
Janeiro: FGV, 2010. (Cole??o FVG de Bolso. S?rie Hist?rica.)
Aborda a presen?a dos ind?genas na Am?rica portuguesa,
as guerras que travaram entre as v?rias na??es e contra
os invasores, a pol?tica indigenista de Pombal e outras.
ANDRADE, M. C. de. A questão do território no Brasil. S?o
Paulo: Hucitec; Recife: Ipespe, 1995.
Analisa a ocupa??o do territ?rio brasileiro a partir do s?-
culo XVI, os movimentos separatistas, o pensamento de
Josu? de Castro e as regi?es Norte e Nordeste na obra do
ge?grafo Orlando Valverde.
BECKER, O. M. S. Mobilidade espacial da popula??o: concei-
tos, tipologia, contextos. In: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da
C.; CORR?A, R. L. (Org.). Explorações geográficas. Rio de Ja-
neiro: Bertrand Brasil, 1997.
Artigo que analisa a mobilidade da popula??o em seu
contexto hist?rico, econ?mico e pol?tico.
BERQU?, E. Evolu??o demogr?fica. In: SACHS, I.; WILHEIM,
J.; PINHEIRO, P. S. (Org.). Brasil: um s?culo de transforma??es.
S?o Paulo: Companhia das Letras, 2001.
Leia trecho desse livro na se??o Textos de apoio.
BORGES, E.; MEDEIROS, C. A.; D?ADESKY, J. Racismo, preconcei-
to e intolerância. S?o Paulo: Atual, 2009. (Espa?o e debate.)
Analisa os aspectos culturais do racismo e da discrimina-
??o, o antissemitismo e a import?ncia das a??es afirma-
tivas para a promo??o da igualdade.
CARVALHO, R. M. de. Compreender África. Teorias e pr?ticas
de gest?o. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
Apresenta a perspectiva hist?rica do continente desde a
fase pr?-colonial aos dias atuais, seus aspectos culturais
e econ?micos, a internacionaliza??o, a economia rural e
a responsabilidade social.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. 3. ed. S?o Paulo: Paz e
Terra, 1999. (A Era da Informa??o: Economia, Sociedade e
Cultura, v. 1.)
Atente ao item 4: ?A transforma??o do trabalho e do mer-
cado de trabalho: trabalhadores ativos na rede, desem-
pregados e trabalhadores com jornada flex?vel?, nas p?-
ginas 223-304.
______. O poder da identidade. 2. ed. S?o Paulo: Paz e Terra,
1999. (A Era da Informa??o: Economia, Sociedade e Cultura,
v. 2.)
Analisa alguns problemas suscitados pelo advento da era
informacional e da globaliza??o, como a desagrega??o ?t-
nica, os fundamentalismos e os movimentos de resist?ncia.
COSTA, W. M. da. Geografia política e geopolítica: discur-
sos sobre o territ?rio e o poder. S?o Paulo: Hucitec/Edusp,
1997.
O autor faz uma reconstitui??o das teorias da Geografia
pol?tica e da geopol?tica e de seus discursos ao longo da
Hist?ria. Como suporte para esse tema, atente para o
Cap?tulo VII, ?Temas e problemas da Geografia pol?tica
contempor?nea?.
CUNHA, M. C. da (Org.). História dos índios no Brasil. 2. ed.
S?o Paulo: Companhia das Letras/Secretaria Municipal de
Cultura/Fapesp, 1998.
Colet?nea de artigos sobre a hist?ria e a pol?tica ind?genas.
Na introdu??o, a organizadora faz uma interessante an?lise,
considerando a popula??o ind?gena um agente hist?rico,
rompendo com a vis?o tradicional de que eles foram perso-
nagens passivos dos eventos protagonizados pelos europeus.
DUPAS, G. Economia global e exclusão social: pobreza, em-
prego, estado e o futuro do capitalismo. S?o Paulo: Paz e
Terra, 2000.
Analisa o capitalismo global e suas rela??es com a ex-
clus?o social, mudan?as no mundo do trabalho e o papel
do Estado.
FRY, P. et al. (Org.). Divisões perigosas: pol?ticas raciais no Bra-
sil contempor?neo. Rio de Janeiro: Civiliza??o Brasileira, 2007.
Colet?nea de 46 artigos de 38 profissionais de diversas
?reas ? antrop?logos, soci?logos, economistas, ge?grafos,
historiadores, m?dicos, advogados, etc., alguns dos quais
militantes do movimento negro ? discutindo a quest?o
racial no Brasil e criticando as pol?ticas p?blicas baseadas
no crit?rio de ra?a.
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
O autor apresenta de forma clara e did?tica os grandes
temas da Sociologia: cultura e sociedade, g?nero, fam?lias,
GGB_Geografia_v3_PNLD2018_MP_290_314a368_PE.indd 337 6/4/16 2:20 PM

Manual do Professor338
crime, ra?a, migra??o, pobreza, religi?o e outros. Leia tre-
cho desse livro na se??o Textos de apoio.
HOBSBAWM, E. J. Na??es e nacionalismo desde 1870: pro-
grama, mito e realidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
Uma refer?ncia para o entendimento do significado das
na??es e do nacionalismo desde o fim do s?culo XVIII at?
os dias de hoje.
KUPSTAS, M. (Org.). Trabalho em debate. S?o Paulo: Moderna,
1998. (Debate na Escola.)
Colet?nea de textos sobre temas ligados ao trabalho:
tecnologia, conquistas sindicais, desemprego, etc.
LACOSTE, Y. A Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para
fazer a guerra. Campinas: Papirus, 1988.
Um dos marcos da Geografia cr?tica, o livro causou pol?-
mica e suscitou debates quando publicado na Fran?a, em
1976. Define como principal fun??o da Geografia o servi-
?o ao poder ? a geopol?tica ? e analisa o papel da Geogra-
fia na escola, que historicamente contribuiu para masca-
rar a geopol?tica.
MELLO, N. A. de; TH?RY, H. Atlas do Brasil: disparidades e
din?micas do territ?rio. S?o Paulo: Edusp, 2009.
No Cap?tulo 4 da obra s?o analisadas as din?micas popu-
lacionais no Brasil: distribui??o e crescimento, migra??es
e racismo.
MORAES, A. C. R. Territ?rio e hist?ria no Brasil. S?o Paulo:
Annablume/Hucitec, 2002. (Geografia: Teoria e Realidade,
48/Linha de Frente.)
O autor discorre sobre temas importantes ao entendi-
mento da forma??o territorial, da a??o do Estado e das
ideologias geogr?ficas na forma??o do Brasil. Leia trecho
desse livro na se??o Textos de apoio.
POUTIGNAT, P.; STREIFF-FENART, J. Teorias da etnicidade. S?o
Paulo: Ed. da Unesp, 1998.
Discute o conceito de etnicidade, distinguindo-o de na-
cionalismo, e tamb?m conceitos b?sicos para a apreens?o
desses fen?menos. Atente para o Cap?tulo 2, cujo t?tulo ?
?Ra?a, etnia e na??o?.
RATTNER, H. (Org.). Brasil no limiar do s?culo XXI. S?o Paulo:
Fapesp/Edusp, 2000. (Estante USP ? Brasil 500 anos.)
Colet?nea de artigos voltados ? analise da realidade
brasileira segundo v?rios enfoques: globaliza??o, papel
do Estado, pol?ticas urbanas e industriais, trabalho, agri-
cultura, energia e outros. Na parte II ? ?O fardo do pas-
sado? ?, veja o texto: O futuro das popula??es ind?genas
na sociedade brasileira. Na parte IV ? ?Priorizando a
constru??o do capital social? ?, destacam-se os textos:
Educa??o para e pela cidadania, de Moacir Gadotti; Sa?-
de para todos, de Am?lia Cohn; O campo religioso bra-
sileiro no limiar do s?culo, de Paula Montero e Ronaldo
R. M. de Almeida.
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a forma??o e o sentido do Bra
-
sil. S?o Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Obra de refer?ncia antropol?gica para o conhecimento
das matrizes ?tnicas e da mistura das ra?as no processo
civilizat?rio e sociocultural da forma??o da popula??o
brasileira. Leia trecho desse livro na se??o Textos de apoio.
ROCHA, S. Pobreza no Brasil: afinal, de que se trata? Rio de
Janeiro: FGV, 2005.
O autor conceitua a pobreza, a desigualdade de renda e
analisa a pobreza no Brasil em uma perspectiva hist?rica
e econ?mica.
SANTOS, M. O espa?o do cidad?o. S?o Paulo: Nobel, 1987.
A obra analisa quest?es fundamentais da cidadania: im-
postos, consumo e aliena??o, rede urbana, cultura, classe
social, Estado e outros.
______; SILVEIRA, M. L. O Brasil: territ?rio e sociedade no
in?cio do s?culo XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001.
Os autores analisam a evolu??o demogr?fica, alfabetiza-
??o, urbaniza??o, migra??es, trabalho e consumo.
SCARLATO, F. C. Popula??o e urbaniza??o brasileira. In: ROSS,
J. L. S. (Org.). Geografia do Brasil. S?o Paulo: Edusp, 2011.
(Did?tica, 3.)
Estudo da popula??o brasileira cujo enfoque ultrapas-
sa a an?lise de dados estat?sticos, abarcando o plane-
jamento, o crescimento e a dimens?o socioespacial da
quest?o.
SCHWARCZ, L. M. Nem preto nem branco, muito pelo con-
tr?rio: cor e ra?a na intimidade. In: SCHWARCZ, L. M.; QUEI-
ROS, R. da S. (Org.). Contrastes da intimidade contempor?nea.
S?o Paulo: Companhia das Letras, 1998. (Hist?ria da Vida
Privada no Brasil, 4.)
A obra analisa o preconceito racial ao longo da Hist?ria,
mostrando como ele se manifesta no comportamento
cotidiano das pessoas, na literatura e nas artes, em geral.
Leia trecho desse livro na se??o Textos de apoio.
______; QUEIROS, R. da S. (Org.). Ra?a e diversidade. S?o
Paulo: Edusp, 1996.
Reuni?o de artigos acad?micos sobre racismo, ra?a e iden-
tidade e outros temas.
SCHWARTZMAN, S. As causas da pobreza. Rio de Janeiro:
FGV, 2004.
O autor analisa as causas da pobreza, consequ?ncias da
exclus?o social, ra?a e etnia, trabalho infantil e educa??o.
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Manual do Professor339
VIGEVANI, T.; OLIVEIRA, M. F.; LIMA, T. Diversidade étnica,
conflitos regionais e direitos humanos. S?o Paulo: Ed. da
Unesp, 2008. (Paradid?ticos. S?rie Poder.)
Livro dividido em quatro cap?tulos que analisam os se-
guintes temas: etnia, na??o e Estado; direitos huma-
nos; conflitos ?tnicos e direitos humanos; conflitos
?tnicos.
Comentários e respostas
das atividades
Características da população mundial
Compreendendo conteúdos
1 Popula??o ? o conjunto de pessoas que reside em de-
terminado territ?rio, que pode ser uma cidade, um
estado, um pa?s ou mesmo o planeta como um todo.
J? o povo ? constitu?do pelos habitantes de um terri-
t?rio nacional que t?m direitos e deveres de cidadania.
Etnia ? o conjunto de indiv?duos que possuem a mes-
ma hist?ria (mem?ria, tradi??es, costumes) e est?o
inseridos em um mesmo padr?o cultural, independen-
temente da base territorial em que se acham instala-
dos. Etnia ? sin?nimo de na??o e povo, como conceitos
antropol?gicos.
2 Os indicadores demogr?ficos (taxas de natalidade e de
mortalidade, expectativa de vida, renda per capita, entre
outros) s?o uma m?dia aritm?tica e, em pa?ses pobres,
os contrastes e desigualdades sociais s?o enormes. Para
o cidad?o desse grupo de pa?ses n?o interessa a expec-
tativa m?dia de vida da popula??o, mas sim a expecta-
tiva de vida em sua faixa de renda.
3 O crescimento populacional possui duas vari?veis: cres-
cimento vegetativo ou natural e saldo migrat?rio.
4 Com a urbaniza??o, ocorre uma grande altera??o no
comportamento social, que explica a queda nos ?ndices
de natalidade: maior custo de cria??o dos filhos, acesso
aos m?todos anticoncepcionais, trabalho feminino ex-
tradomiciliar, emancipa??o feminina, etc. O processo
de urbaniza??o promove tamb?m o decr?scimo das
taxas de mortalidade, ? medida que, nas cidades, o aces-
so ao saneamento b?sico, bem como ? medicina pre-
ventiva e curativa, ? mais amplo do que no campo.
5 a) Segundo a teoria malthusiana a popula??o cresceria
em progress?o geom?trica e a produ??o de alimen-
tos, em progress?o aritm?tica, o que com o tempo
ocasionaria a fome caso n?o fossem tomadas me-
didas para reduzir as taxas de natalidade. A teoria
neomalthusiana prega que as elevadas taxas de
natalidade dos pa?ses pobres comprometem o de-
senvolvimento das atividades econ?micas e aumen-
tam a pobreza, o que tamb?m justifica a implanta-
??o de uma pol?tica de controle da natalidade.
b) A teoria populacional reformista foi elaborada ap?s
a Segunda Guerra, durante a cria??o da ONU, por
representantes dos pa?ses em desenvolvimento, em
resposta ? teoria neomalthusiana. Em s?ntese, ela
defende a ideia de que as elevadas taxas de natali-
dade dos pa?ses pobres s?o consequ?ncia, e n?o cau-
sa, da mis?ria que assola a popula??o. Para que ocor-
ra uma queda desses ?ndices, h? a necessidade de
melhorar a qualidade de vida e investir recursos nos
setores sociais (sa?de, educa??o, habita??o, trans-
portes coletivos, alimenta??o e lazer), levando a um
controle espont?neo das taxas de natalidade, ? me-
dida que aumenta o grau de informa??o e conscien-
tiza??o dos cidad?os.
Desenvolvendo habilidades
6 a) O mapa apresenta o mundo dividido por faixas de
densidade demogr?fica.
b) N?o. A densidade demogr?fica n?o ? um indicador
social, mas demogr?fico. A concentra??o populacio-
nal ocorre em regi?es de elevado ou de baixo desen-
volvimento humano, por exemplo.
c) Nessa atividade os alunos podem destacar, entre
outros exemplos, que a Europa ocidental, o nordes-
te dos Estados Unidos e o sul e sudeste asi?tico
apresentam elevada densidade demogr?fica, mas
condi??es muito diferentes na qualidade de vida da
popula??o, renda, educa??o e outros indicadores
socioecon?micos.
7 a) Segundo o texto, o termo cultura refere-se aos pa-
dr?es herdados de significados compartilhados e de
entendimentos comuns que influenciam o modo
como as pessoas regem sua vida. A cultura oferece
uma lente por meio da qual podemos interpretar a
sociedade em que estamos inseridos.
b) As culturas s?o din?micas porque as pessoas est?o
em constante movimento quanto ?s op??es de vida
e comportamento. Por exemplo, ao longo do tempo
as sociedades sofrem mudan?as em rela??o ?s artes,
formas de alimenta??o e vestimenta, altera??es tec-
nol?gicas, etc.
c) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos indi-
quem que as desigualdades sociais geram conflitos
de interesses e reivindica??o de direitos iguais por
parte dos grupos que sofrem discrimina??o, ao
mesmo tempo, essas reivindica??es geram resis-
t?ncia por parte da popula??o que, nesse caso, ?
Capítulo 5
GGB_Geografia_v3_PNLD2018_MP_290_314a368_PE.indd 339 6/4/16 2:20 PM

Manual do Professor340
privilegiada. Homens e mulheres, por exemplo, s?o
diferentes em termos de g?nero, mas deveriam ser
iguais quanto aos direitos sociais e de cidadania.
Historicamente as mulheres tiveram, e ainda t?m,
muitos de seus direitos desrespeitados e por isso
v?m lutando por igualdade. Isso gera embate cul-
tural porque implica mudan?as de normas, com-
portamentos e atitudes n?o apenas da parte dos
homens, mas da sociedade inteira.
Fluxos migratórios e estrutura
da população
Compreendendo conteúdos
1 Os movimentos populacionais s?o motivados, sobretudo,
por fatores econ?micos, mas causas pol?ticas, ideol?gicas,
religiosas e naturais tamb?m podem promov?-los. Esses
movimentos podem ser espont?neos, controlados pelo
Estado ou for?ados. Seus efeitos imediatos s?o altera??es
de car?ter demogr?fico, al?m dos processos de integra??o
ou de rejei??o social.
2 Os pa?ses desenvolvidos e alguns emergentes s?o atraen-
tes aos desempregados e subempregados residentes
em pa?ses em desenvolvimento. ? importante destacar
que atualmente o maior volume de migrantes se des-
loca entre pa?ses em desenvolvimento.
3 Para o planejamento governamental, as pir?mides et?rias
s?o importantes porque ? preciso saber quantas crian?as
atingir?o a idade escolar em determinado ano, por exem-
plo, para planejar o n?mero de vagas, o material escolar,
a merenda, etc., a serem dispostos. Para que esse plane-
jamento atinja seus objetivos, aliado aos dados forneci-
dos pela pir?mide, ? necess?rio obter informa??es acer-
ca da distribui??o de renda no interior dessa popula??o.
4 Dois tipos de impostos comp?em a arrecada??o tribu-
t?ria dos pa?ses: os diretos e os indiretos. Os primeiros
s?o considerados os mais justos, pois incidem direta-
mente sobre a renda e a propriedade dos indiv?duos e
empresas, e sobre eles podem-se aplicar al?quotas pro-
gressivas: quem tem maior renda e mais propriedades
paga mais impostos que os despossu?dos. Desse tipo de
imposto podem at? mesmo estar isentas de pagamen-
to as pessoas de baixa renda. J? os tributos indiretos
est?o embutidos nos pre?os das mercadorias e servi?os
e recaem igualmente sobre todas as faixas de renda. ?
poss?vel promover uma pol?tica de distribui??o de ren-
da por meio do sistema tribut?rio, por exemplo, aumen-
tando a carga de arrecada??o atrav?s de impostos dire-
tos e reduzindo a dos indiretos.
Desenvolvendo habilidades
5 Resposta pessoal. Auxilie os alunos para que compreen-
dam que, em geral, os deslocamentos populacionais
tendem a melhorar as condi??es de vida do migrante.
Os alunos devem mencionar a import?ncia do respeito
aos direitos humanos e do combate ? xenofobia, mesmo
no caso da imigra??o ilegal. O direito ? nacionalidade,
principalmente no caso dos refugiados, deve ser valori-
zado e respeitado.
6 a) A base das pir?mides indica baixa ou alta taxa de
natalidade. O topo das pir?mides, baixa ou alta
expectativa de vida. Nos pa?ses menos desenvolvi-
dos a base larga indica alta taxa de natalidade, e o
topo estreito, baixa expectativa de vida. Nos pa?ses
mais desenvolvidos a base ? mais estreita, indican-
do baixa taxa de natalidade, e o topo ? mais largo,
indicando alta expectativa de vida. Deve ser lem-
brado, entretanto, que h? especificidades demo-
gr?ficas entre os pa?ses, acarretando diferentes
configura??es de pir?mides et?rias, como ? o caso
da pir?mide russa.
b) Os pa?ses que t?m elevado n?mero de crian?as ou
de idosos no conjunto total da popula??o apresen-
tam uma taxa de depend?ncia muito alta, ou seja,
a popula??o adulta (economicamente ativa) fica
sobrecarregada, j? que ? menos numerosa do que
os demais grupos et?rios. Nos pa?ses desenvolvidos,
com exce??o dos que est?o com percentual de ido-
sos muito elevado (caso da It?lia, do Jap?o, entre
outros), prevalece a popula??o adulta no conjunto
e, portanto, a popula??o economicamente ativa ?
mais numerosa e pode colaborar para o crescimen-
to econ?mico.
Formação e diversidade cultural
da população brasileira
Compreendendo conteúdos
1 A delimita??o de parques e terras ind?genas inibe a in-
vas?o por parte de posseiros, grileiros, garimpeiros e
empresas madeireiras, agr?colas ou de minera??o, per-
mitindo que os povos ind?genas sobrevivam e que pre-
servem sua cultura.
2 Desde o in?cio da coloniza??o os portugueses se fixaram
no Brasil. Entre 1532 e 1850 africanos, de origem etno-
lingu?stica banto e ioruba, foram trazidos for?adamen-
te para esse territ?rio, com destaque para os atuais
estados de S?o Paulo e Rio de Janeiro. Depois de 1870,
a imigra??o de europeus, asi?ticos e de latino-america-
Capítulo 6
Capítulo 7
GGB_Geografia_v3_PNLD2018_MP_290_314a368_PE.indd 340 6/4/16 2:20 PM

Manual do Professor341
nos foi ampliada. Entre 1819 e 1883, destaca-se a mi-
gra??o de portugueses, italianos e alem?es. De 1884 a
1940, italianos, portugueses, espanh?is e japoneses
formaram os maiores contingentes de migrantes. Mas
desde meados do s?culo XIX at? os dias atuais, a popu-
la??o brasileira teve influ?ncia de variados povos que
imigraram para o pa?s em busca de melhores condi??es
de vida, em ?pocas diferentes. S?o exemplos os euro-
peus, como italianos, espanh?is, alem?es e poloneses;
os asi?ticos vindos do Jap?o, da Coreia do Sul e de pa?ses
do Oriente M?dio; os latino-americanos vindos princi-
palmente da Bol?via, do Chile e do Haiti; al?m dos afri-
canos de distintas nacionalidades, como mo?ambica-
nos, guineenses, angolanos e cabo-verdianos.
3 O ?xodo rural, verificado no Brasil a partir dos anos 1950,
est? diretamente ligado ? atra??o exercida pelas cidades
e ? expuls?o dos pobres do campo, por meio do proces-
so de concentra??o de terras, da falta de emprego e das
t?midas tentativas governamentais de promover a re-
forma agr?ria. A popula??o rural pobre que se instalou
na periferia das metr?poles, onde os pre?os dos terrenos
eram mais baratos, causou grande expans?o da malha
urbana brasileira. Esse processo obrigou grande n?me-
ro de pessoas a residir em uma cidade e a buscar traba-
lho em outra, enfrentando diariamente o transtorno da
migra??o pendular.
4 Os principais destinos dos emigrantes brasileiros s?o, se-
gundo Minist?rio das Rela??es Exteriores, Estados Unidos,
Paraguai, Jap?o, Portugal, Espanha e Reino Unido. Embora
as pessoas emigrem por motivos variados, h? predom?nio
do fator econ?mico: busca por melhores sal?rios ou ren-
dimentos, possibilidade de realiza??o de poupan?a que
proporcione aumento no patrim?nio, melhores condi??es
de moradia, alimenta??o, transporte, etc.
Desenvolvendo habilidades
5 Respostas de acordo com a pesquisa das not?cias e com
os depoimentos das pessoas entrevistadas.
6 a) O texto apresenta tr?s principais dimens?es para o
racismo:
• corrente te?rica, que atribui hierarquia moral e de
valores entre as ra?as por aspectos ?naturais?;
• preconceito, discrimina??o e viol?ncia perpetrada
contra pessoas em raz?o de suas diferen?as feno-
t?picas e/ou culturais;
• quest?o estrutural, fruto das desigualdades socioeco
-
n?micas entre as ra?as, por causa dos fatores hist?-
ricos de exclus?o desde o per?odo colonial.
b) Resposta livre dos alunos, sob orienta??o do professor.
Espera-se que apontem fatores hist?ricos e atuais que
dificultam ou facilitam a busca por igualdade entre
ra?as e todas as demais minorias representativas.
Aspectos da população brasileira
Compreendendo conteúdos
1 A transi??o demogr?fica no Brasil corresponde ? redu??o
da participa??o percentual das crian?as e ao aumento dos
adultos e idosos no conjunto da popula??o, que vem acon-
tecendo desde a d?cada de 1970, por causa da queda nos
?ndices de natalidade e do aumento na expectativa de vida.
2 A express?o janela demogr?fica corresponde ao aumen
-
to do percentual de popula??o economicamente ativa
e ? redu??o das taxas de depend?ncia de jovens e idosos,
abrindo possibilidades para maior crescimento econ?-
mico do pa?s.
3 A mortalidade de jovens e adultos jovens do sexo mas-
culino est? relacionada com a ocorr?ncia de mortes
violentas causadas pela criminalidade, uso de drogas e
acidentes automobil?sticos, entre outros fatores, que
trazem como consequ?ncia distor??es na raz?o de sexo
(98,7 homens para cada 100 mulheres em 1980, com
redu??o para 97,9 em 2010) e redu??o da expectativa
de vida m?dia (na verdade, a esperan?a de vida da po-
pula??o brasileira vem crescendo constantemente, mas
poderia ser maior se n?o fosse a elevada taxa de mor-
talidade juvenil).
4 Segundo o texto das p?ginas 164 e 165, ?Apesar da in-
tensa redu??o da desnutri??o em crian?as, as defici?n-
cias de micronutrientes e a desnutri??o cr?nica ainda
s?o prevalentes em grupos vulner?veis da popula??o,
como em ind?genas, quilombolas e crian?as e mulheres
que vivem em ?reas vulner?veis. Simultaneamente, o
Brasil vem enfrentando aumento expressivo do sobre-
peso e da obesidade em todas as faixas et?rias, e as
doen?as cr?nicas s?o a principal causa de morte entre
adultos. O excesso de peso acomete um em cada dois
adultos e uma em cada tr?s crian?as brasileiras.?.
5 Os principais indicadores que tornam evidentes as
desigualdades existentes entre cor ou ra?a e g?nero
no Brasil s?o a renda e a escolaridade, al?m de outros
que os alunos podem apontar com base em suas ex-
peri?ncias pessoais. A redu??o da desigualdade por
cor, ra?a e g?nero ? um importante fator de combate
? pobreza.
Desenvolvendo habilidades
Essas atividades permitem um trabalho interdisciplinar com
Hist?ria e Sociologia.
6 a) Com base no gr?fico disposto nesta atividade, ? pos-
s?vel afirmar que, em rela??o ao rendimento familiar
per capita, a participa??o das pessoas pretas ou pardas
de baixo e de alto poder aquisitivo vem aumentando.
Capítulo 8
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Manual do Professor342
Entre 2004 e 2014, a participa??o dos pretos e pardos
no grupo dos 10% mais pobres aumentou de 73,2%
para 76%, a participa??o no grupo do 1% mais rico
aumentou tamb?m, de 12,4% para 17,4%. No per?odo
analisado, embora tenha havido discreta mudan?a na
participa??o dos pretos e pardos nos dois grupos de
rendimento, fica evidente que a participa??o dos bran-
cos ? muito superior no grupo de 1% mais rico e mui-
to inferior no grupo dos 10% mais pobres.
b) Espera-se que os alunos apontem fatores hist?ricos,
como a heran?a do per?odo escravocrata e a aus?ncia
(ou baixa incid?ncia) de pol?ticas de a??o afirmativa.
7 Resposta de acordo com o resultado das pesquisas.
8 Resposta de acordo com o resultado das pesquisas.
Vestibulares de Norte a Sul
Testes
1 A
2 C
3 E
4 A
5 C
6 E
7 C
8 D
9 C
10 V V F F V
11 E
12 V V F F F
13 D
14 A
15 A
16 D
17 E
18 A
19 C
Quest›es
20 Teoria neomalthusiana. Segundo essa teoria, o ritmo
acelerado de crescimento populacional impede que
pa?ses e regi?es pobres invistam em fatores que pro-
movem melhoria das condi??es de vida da popula??o
(educa??o, sa?de, etc.), o que tende a perpetuar a po-
breza, o consumo acelerado de recursos naturais e a
degrada??o ambiental. Ou seja, essa teoria defende que
a pobreza ? fruto do ritmo acelerado de crescimento
populacional.
J? a teoria reformista defende o oposto, argumentando
que a pobreza ? consequ?ncia da falta de investimentos
sociais para a melhoria da qualidade de vida da popu-
la??o e os baixos ?ndices nos indicadores sociais s?o
causa e n?o consequ?ncia do elevado ritmo de cresci-
mento populacional.
21 a) Falso. O crescimento populacional aumentou por
causa da grande queda nas taxas de mortalidade.
b) Falso. As maiores taxas de crescimento vegetativo
s?o encontradas nos pa?ses e regi?es pobres e em
algumas na??es mu?ulmanas de renda m?dia e alta,
por motiva??o religiosa.
c) Falso. A fome ? resultado da pobreza, da impossibili-
dade de aquisi??o de alimentos, uma vez que a pro-
du??o agr?cola mundial supera as necessidades de
abastecimento.
d) Falso. A disponibilidade de alimentos est? relaciona-
da ao poder de compra da popula??o e grandes con-
centra??es de popula??o favorecem a dissemina??o
de doen?as contagiosas.
22 a) A redu??o das taxas de natalidade e do ?ndice de
fertilidade vem ocorrendo desde a d?cada de 1970
devido principalmente ? urbaniza??o e suas conse-
qu?ncias: maior custo de cria??o dos filhos, maior
participa??o das mulheres no mercado de trabalho
e maior acesso a m?todos anticoncepcionais, entre
outros fatores.
b) Os principais fluxos migrat?rios da atualidade no
Brasil ocorrem em dire??o ?s ?reas de expans?o das
fronteiras agr?colas nas regi?es Centro-Oeste e Norte,
migra??o de retorno de nordestinos aos seus estados
de origem e atra??o provocada pelos novos polos in-
dustriais que surgem em cidades de m?dio porte
espalhadas por todas as regi?es, como, por exemplo,
sul de Goi?s, leste do Mato Grosso do Sul, sul de Mi-
nas Gerais, agreste de Pernambuco e Para?ba, entre
outros.
Caiu no Enem
1 B
2 E
3 B
4 A
5 A
6 C
7 C
8 E
9 A
10 D
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Manual do Professor343
O que é cidadania e o que é ser cidadão?
[...]
A cidadania pode ser desdobrada em direitos pol?ti-
cos, civis e sociais.
Os direitos pol?ticos referem-se ? participa??o do
cidad?o no governo da sociedade. Suas institui??es
principais s?o os partidos e um parlamento livre e re-
presentativo. Na dimens?o pol?tica da cidadania est?o
inclu?dos os direitos de votar, de ser votado e de partici-
par da vida pol?tica.
A dimens?o civil da cidadania inclui, por sua vez, o
direito ? vida, ? propriedade, ? liberdade de pensamento,
de cren?a e de express?o, e ? justi?a. Homens e mulheres
s?o iguais em direitos e obriga??es, todos os filhos bio-
l?gicos ou adotivos s?o iguais, e n?o se tolera o racismo.
Na dimens?o social e econ?mica da cidadania est?o
inclu?dos, entre outros, os direitos de prote??o ao traba-
lho, de prote??o contra o desemprego, atrav?s do ?seguro-
-desemprego?, e de defesa do sal?rio do trabalhador. S?o
garantidos limites para a dura??o do trabalho e o direito
ao repouso, a prote??o da gestante, o direito ? aposenta-
doria, ? liberdade de associa??o profissional e sindical, o
direito de greve e o direito ? educa??o.
A cidadania tamb?m imp?e deveres:
• Dever de participar da vida coletiva no sindicato, no
partido pol?tico, no bairro, nas diversas associa??es, nos
n?veis municipal, estadual ou nacional;
• Dever de solidariedade;
• Dever de contribuir para o progresso da cidade, do esta-
do, do pa?s, de ajudar na supera??o dos problemas so-
ciais, cada um na medida de suas possibilidades;
• Dever de respeitar as leis;
• Dever de pagar impostos;
• Dever de prestar o servi?o civil ou o servi?o militar;
• Dever de lutar para a constru??o de um pa?s e de um
mundo fundados na coopera??o, na boa vizinhan?a, nos
valores da justi?a e da paz.
ABREU, Alzira Alves de (Org.). Caminhos da cidadania.
Rio de Janeiro: FVG, 2009. p. 11-12.
Envelhecimento da população
Caracterizado como um pa?s de popula??o jovem, o
Brasil apresentou at? 1970 uma estrutura et?ria pratica-
mente constante, considerando menores de quinze anos,
adultos (quinze a 64) e idosos, com 65 anos ou mais [...]. A
partir de ent?o, e fruto da queda da fecundidade iniciada
em meados da d?cada de 1960, o grupo de jovens passou a
representar cada vez menos no c?mputo geral da popula-
??o, abrindo assim espa?o para o aumento da import?ncia
relativa dos idosos [...]: fen?meno j? observado em 1998 nos
pa?ses mais ricos, no Brasil os idosos superar?o os jovens
s? por volta de 2040. Como consequ?ncia, foram afetadas
tamb?m as raz?es de depend?ncia, principalmente a partir
de 1970. A propor??o de pessoas na idade de aposentadoria
(beneficiando-se hipoteticamente da contribui??o de cem
pessoas em idade de trabalhar) passou de quatro, em 1900,
e cinco, em 1960, a oito, em 1991. A continuar tal tend?ncia,
essa raz?o seguir? em queda at? o primeiro quartel do s?cu-
lo XXI, chegando a representar menos de 50%.
No decorrer do s?culo XX, o volume da popula??o ido-
sa aumentou 25 vezes, correspondendo a 8,8 milh?es de
habitantes em 1996; ou seja, uma em cada vinte pessoas
tinha sessenta anos ou mais. Na ?ltima d?cada, essa popu-
la??o cresceu a uma taxa m?dia anual de 3,5%; isto ?, todos
os anos, 264 mil pessoas em m?dia entraram na terceira
idade. Vale lembrar que os idosos de hoje correspondem a
sobreviventes de coortes nascidas at? 1935, quando o cen?-
rio demogr?fico era marcado por altas taxas de fecundida-
de. Beneficiando-se do decl?nio da mortalidade, o envelhe-
cimento populacional se d? a taxas de crescimento muito
superiores ?s da popula??o total, freadas pelo decl?nio re-
cente da fecundidade.
Alguns indicadores sociodemogr?f?cos que marcam
os idosos no final de s?culo XX, resultantes de processos
cumulativos ao longo de suas vidas, refor?am a necessida-
de de um olhar especial voltado para pol?ticas sociais que
levem em conta suas vulnerabilidades. Enquanto para a
popula??o total a m?dia de anos de estudo ? igual a 5,6, os
idosos n?o ultrapassam 1,5, e 42% deles s?o analfabetos.
Aproximadamente 40% vivem em estruturas familiares
com rendimento mensal per capita de no m?ximo um sa-
l?rio m?nimo. O super?vit de mulheres presente no pa?s
aumenta com a idade. Na faixa dos sessenta aos 69 anos,
h? 114 mulheres para cem homens, aumenta para 120 no
grupo et?rio seguinte e chega a 142 entre os octogen?rios e
a 180 entre os nonagen?rios. A grande maioria dos homens
idosos (76,4%) vive em companhia de uma esposa, o que
ocorre com apenas 34,7% das idosas, visto que 52,1% delas
s?o vi?vas. Dentre as n?o casadas, cresce a propor??o das
que moram sozinhas, chegando a quase 20%.
BERQU?, Elza. Evolu??o demogr?fica. In: SACHS, Ignacy;
WILHEIM, Jorge; PINHEIRO, Paulo S?rgio (Org.). Brasil: um s?culo de
transforma??es. S?o Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 19-20.
Classe, estratificação e desigualdade
Para descreverem as desigualdades existentes en-
tre os indiv?duos e os grupos dentro das sociedades
humanas, os soci?logos falam da estratifica??o social.
? comum pensarmos na estratifica??o em termos de
bens ou de propriedade, mas sua ocorr?ncia tamb?m
pode se dar com base em outros atributos, como g?ne-
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Textos de apoio
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Manual do Professor344
ro, idade, afiliação religiosa ou posto militar.
Os indivíduos e os grupos usufruem de um acesso
diferencial (desigual) às recompensas, com base em sua
posição dentro do esquema de estratificação. Assim, a es-
tratificação pode ser definida, de um modo mais simples,
como as desigualdades estruturadas entre diferentes
agrupamentos de pessoas. E preferível comparar a estra-
tificação ao assentamento geológico de rochas em cama-
das na superfície da terra. As sociedades podem ser vis-
tas como constituídas de “estratos” em uma hierarquia,
na qual os mais favorecidos encontram-se no topo, e os
menos privilegiados estão mais próximos da base.
Historicamente, existiram quatro sistemas básicos de
estratificação nas sociedades humanas: a escravidão, a
casta, o estamento e a classe. A escravidão é uma forma
extrema de desigualdade na qual alguns indivíduos são
literalmente propriedade de outros. Enquanto instituição
formal, a escravidão foi gradualmente erradicada, tendo
quase que completamente desaparecido do mundo atual.
A casta associa-se sobretudo às culturas do subcontinente
indiano e da crença hindu no renascimento. Acredita-se
que os indivíduos que não forem fiéis aos rituais e aos
deveres de sua casta renascerão em uma posição inferior
na próxima encarnação. Os sistemas de castas estruturam
o tipo de contato que pode ocorrer entre membros de di-
ferentes status sociais. Os estamentos fizeram parte de
muitas civilizações tradicionais, incluindo o feudalismo
europeu. Os estamentos feudais consistiam em estratos
que possuíam diferentes obrigações e direitos entre si. Na
Europa, o estamento mais alto era composto pela aristo-
cracia e pela pequena nobreza, o clero formava outro esta-
mento, e os plebeus (servos, mercadores e artesãos) com-
punham o chamado “terceiro estamento”.
Os sistemas de classes diferem em muitos aspectos
da escravidão, das castas e dos estamentos. Podemos de-
finir uma classe como um agrupamento, em larga escala,
de pessoas que compartilham recursos econômicos em
comum, os quais influenciam profundamente o tipo de
estilo de vida que podem levar. A posse de riquezas, jun-
tamente com a profissão, são as bases principais das di-
ferenças de classe. As classes diferem das antigas formas
de estratificação em muitos sentidos:
• Ao contrário de outros tipos de estratos, as classes não são
estabelecidas por providências legais ou religiosas; a con-
dição de membro não se baseia em uma posição herdada
especificada legalmente ou por costume. Os sistemas de
classes são normalmente mais mutáveis do que os outros
tipos de estratificação, e as fronteiras entre as classes nun-
ca são claras. Não existe nenhuma restrição formal quan-
to ao casamento entre pessoas de diferentes classes.
• A classe de um indivíduo é, pelo menos de alguma for-
ma, conquistada, e não simplesmente “determinada”
no nascimento, como é comum em outros tipos de sis-
tema de estratificação. A mobilidade social – movimen-
to ascendente e descendente na estrutura de classes – é
muito mais comum do que nos outros tipos. (No sistema
de castas, a mobilidade individual de uma casta para
outra é impossível.)
• As classes dependem de diferenças econômicas entre
agrupamentos de indivíduos – desigualdades na posse
e no controle de recursos materiais. Nos outros tipos de
sistema de estratificação, os fatores não econômicos
(como a influência da religião no sistema indiano de
casta) são geralmente os mais importantes.
• Nos demais tipos de sistemas de estratificação, as desi
-
gualdades são expressas primeiramente nas relações pes-
soais de dever ou de obrigação – entre o servo e o senhor,
o escravo e o amo, ou entre os indivíduos de castas mais
baixas e os de castas mais altas. Os sistemas de classes, em
contraste, funcionam principalmente por meio de cone-
xões de larga escala com caráter impessoal. Por exemplo,
o ingrediente principal das diferenças de classe encontra-
-se nas desigualdades de condições de pagamento e de
trabalho; estas afetam todas as pessoas em categorias
ocupacionais específicas, como resultado de circunstâncias
econômicas que prevalecem em toda a economia.
GIDDENS, Anthony. Sociologia.
Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 234.
Estado e território numa perspectiva histórica
As revoluções burguesas trazem uma nova forma de
legitimação do domínio territorial expressa na teoria da
soberania popular, peça importante na estrutura política
do liberalismo clássico, para o qual o governo deve ex-
pressar a “vontade geral” do “povo”, este sendo qualificado
como os habitantes de um dado território. Isto é, o “contra-
to social” fundante do poder estatal legítimo é pactuado
dentro de um dado âmbito espacial delimitado: um “país”,
uma jurisdição. A Res Publica possui fronteiras, no interior
das quais vive sua população, que ao dotar-se de direitos
de cidadania torna-se um povo, expressão política da na-
ção. Daí a máxima contratualista: “todo poder emana do
povo e em seu nome será exercido”, que institui a nação
como a única origem legítima do estado. Inicia-se a era
dos territórios estatais-nacionais, como visto construídos
sobre as territorialidades que os precedem.
Como já bem salientado por rica bibliografia, as na-
ções são construções culturais e políticas razoavelmen-
te recentes. São construções simbólicas (“comunidades
imaginadas”, na consagrada expressão de Benedict-An-
derson) que impulsionam projetos políticos práticos,
como o do estabelecimento de seu espaço e a criação
de estruturas de poder para sua manutenção e gestão. A
implantação de um Estado-territorial próprio constitui
elemento central deste imaginário e importante com-
ponente na consolidação das identidades nacionais,
daí os pleitos territoriais e a forma nacional de legiti-
mação do controle de espaços. A especificidade histó-
rica da espacialidade do nacionalismo se expressa na
noção de pátria, que constituiria a projeção geográfica
do “povo” e o fundamento do território estatal-nacio-
nal, este visto como a expressão física da nação (seu
hábitat, seu berço).
MORAES, Antonio Carlos Robert. Território e história
no Brasil. S?o Paulo: Hucitec, 2002. p. 72-73.
(Geografia: Teoria e Realidade, 48/Linha de Frente.)
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Manual do Professor345
Imigrantes
O contingente imigrat?rio europeu integrado na
popula??o brasileira ? avaliado em 5 milh?es de pessoas,
quatro quintas partes das quais entraram no pa?s no
?ltimo s?culo [XIX]... ? composto, principalmente, por
1,7 milh?o de imigrantes portugueses, que se vieram
juntar aos povoadores dos primeiros s?culos, tornados
dominantes pela multiplica??o operada atrav?s do cal-
deamento com ?ndios e negros. Seguem-se os italianos,
com 1,6 milh?o; os espanh?is, com 700 mil; os alem?es,
com mais de 250 mil; os japoneses, com cerca de 230 mil
e outros contingentes menores, principalmente eslavos,
introduzidos no Brasil sobretudo entre 1886 e 1930. Os
diversos censos nacionais registram na popula??o pre-
sente porcentagens de estrangeiros e brasileiros natura-
lizados que sobem de 2,45% em 1890 a 6,16% em 1900,
caindo, depois, sucessivamente, de 5,11% em 1920 a 3,91%
em 1940, a 2,34% em 1950 e a 0,8% em 1970.
Apesar de numericamente pouco ponder?vel, o papel
do imigrante foi muito importante como formador de cer-
tos conglomerados regionais nas ?reas sulinas em que mais
se concentrou, criando paisagens caracteristicamente eu-
ropeias e popula??es dominantemente brancas. Conquan-
to relevante na constitui??o racial e cultural dessas ?reas,
n?o teve maior relev?ncia na fixa??o das caracter?sticas da
popula??o brasileira e da sua cultura. Quando come?ou a
chegar em maiores contingentes, a popula??o nacional j?
era t?o maci?a numericamente e t?o definida do ponto de
vista ?tnico, que p?de iniciar a absor??o cultural e racial do
imigrante sem grandes altera??es no conjunto.
N?o ocorre no Brasil, por conseguinte, nada parecido
com o que sucedeu nos pa?ses rio-platenses, onde uma
etnia original numericamente pequena foi submetida
por massas de imigrantes que, representando quatro
quintos do total, imprimiram uma fisionomia nova,
caracteristicamente europeia, ? sociedade e ? cultura
nacional, transfigurando-os de povos novos em povos
transplantados. O Brasil nasce e cresce como um povo
novo, afirmando cada vez mais essa caracter?stica em
sua configura??o hist?rico-cultural. O assinal?vel no
caso brasileiro ?, por um lado, a desigualdade social,
expressa racialmente na estratifica??o pela posi??o
inferiorizada do negro e do mulato. E, por outro lado, a
homogeneidade cultural b?sica, que transcende tanto
as singularidades ecol?gicas regionais, bem como as
marcas decorrentes da variedade de matrizes raciais,
como as diferen?as oriundas da proveni?ncia cultural
dos distintos contingentes.
Apesar da despropor??o das contribui??es ? negra,
em certas ?reas; ind?gena, alem? ou japonesa, em outras ?,
nenhuma delas se autodefiniu como centro de lealdades
?tnicas extranacionais. O conjunto, plasmado com tan-
tas contribui??es, ? essencialmente uno enquanto etnia
nacional, n?o deixando lugar a que tens?es eventuais se
organizem em torno de unidades regionais, raciais ou
culturais opostas. [...]
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a forma??o e o sentido do Brasil.
S?o Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 241-243.
Ideologias geográficas e projetos nacionais no Brasil
Nos pa?ses de forma??o colonial a dimens?o espa-
cial adquire consider?vel pot?ncia na explica??o de
suas din?micas hist?ricas, pois a coloniza??o ? em si
mesma um processo de rela??o entre a sociedade e o
espa?o. A coloniza??o envolve uma sociedade que se ex-
pande e os espa?os onde se realiza tal expans?o, impli-
cando apropria??o da terra e submiss?o das popula??es
aut?ctones defrontadas.
[...]
Nesse quadro de forma??o nacional, tem-se um terri-
t?rio a ocupar e um Estado em constru??o, mas a popula-
??o dispon?vel n?o se ajusta ? identifica??o de uma na??o
conforme os modelos identit?rios vigentes nos centros
hegem?nicos. No contexto, ao abandonar-se o caminho
de constru??o da nacionalidade proposto por Jos? Bonif?-
cio (cujo eixo repousava na gradativa aboli??o das rela??es
escravistas), come?a a tomar corpo uma concep??o que vai
identificar o pa?s n?o com sua sociedade, mas com seu ter-
rit?rio. Isto ?, o Brasil n?o ser? concebido como um povo e
sim como uma por??o do espa?o terrestre, n?o como uma
comunidade de indiv?duos, mas como um ?mbito espacial.
[...]
Toda a discuss?o sobre a pol?tica imigrat?ria, por
exemplo, tem essa quest?o como pano de fundo, tam-
b?m a pol?tica indigenista a tem como referencial. Seu
equacionamento vai diferenciar duas posturas em face
do futuro do pa?s: de um lado, a ret?rica otimista apon-
tando a positividade dada pela natureza e magnitude
do territ?rio; de outro, o discurso pessimista difundin-
do ju?zos racistas sobre a baixa qualidade da popula??o
nacional. De novo a ideia de que o Brasil positivo ? um
lugar, cuja negatividade adv?m dos habitantes (o projeto
nacional, em certo momento, sendo a substitui??o da po-
pula??o, leia-se: seu branqueamento).
MORAES, Antonio Carlos Robert. Território e história no Brasil.
S?o Paulo: Annablume/Hucitec, 2002. p. 112-117.
(Geografia: Teoria e Realidade, 48/Linha de Frente.)
Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na intimidade
Em 1995, o jornal Folha de S.Paulo divulgou uma
pesquisa sobre o mesmo tema cujos resultados s?o
semelhantes. Apesar de 89% dos brasileiros dizerem
haver preconceito de cor contra negros no Brasil, s?
10% admitem t?-lo. No entanto, de maneira indi-
reta, 87% revelam algum preconceito ao concordar
com frases e ditos de conte?do racista, ou mesmo ao
enunci?-los.
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Manual do Professor346
Os resultados parciais de um trabalho sobre os bailes
negros em S?o Paulo podem ser entendidos de forma in-
versa, mas sim?trica. A maioria dos entrevistados negou
ter sido v?tima de discrimina??o, por?m confirmou casos
de racismo envolvendo familiares e conhecidos pr?xi-
mos. Investiga??es sobre a exist?ncia de preconceito de
cor em diferentes n?cleos brasileiros t?m apresentado
conclus?es convergentes. Em pequenas cidades costu-
ma-se apontar a ocorr?ncia de casos de racismo apenas
nos grandes conglomerados (a atriz que foi barrada em
uma boate; a filha do governador do Esp?rito Santo, que
n?o p?de usar o elevador social), mas o contr?rio tam-
b?m acontece ? na vis?o dos habitantes de S?o Paulo e do
Rio de Janeiro, ? nas pequenas vilas que se concentram
os indiv?duos mais radicais. Isso para n?o falar do uso do
passado: quando entrevistados, os brasileiros jogam para
a hist?ria, o per?odo escravocrata, os ?ltimos momentos
do racismo.
Distintas na apar?ncia, as conclus?es das diferentes
investiga??es s?o paralelas: ningu?m nega que exista
racismo no Brasil, mas sua pr?tica ? sempre atribu?da a
?outro?. Seja da parte de quem age de maneira precon-
ceituosa, seja daquela de quem sofre com o preconceito,
o dif?cil ? admitir a discrimina??o e n?o o ato de discri-
minar. Al?m disso, o problema parece ser o de afirmar
oficialmente o preconceito, e n?o o de reconhec?-lo na
intimidade. Tudo isso indica que estamos diante de um
tipo particular de racismo, um racismo silencioso e sem
cara que se esconde por tr?s de uma suposta garantia da
universalidade e da igualdade das leis, e que lan?a para
o terreno do privado o jogo da discrimina??o. Com efeito,
em uma sociedade marcada historicamente pela desi-
gualdade, pelo paternalismo das rela??es e pelo cliente-
lismo, o racismo s? se afirma na intimidade. ? da ordem
do privado, pois n?o se regula pela lei, n?o se afirma pu-
blicamente. No entanto, depende da esfera p?blica para
a sua explicita??o, numa complicada demonstra??o de
etiqueta que mistura ra?a com educa??o e com posi??o
social e econ?mica. ?Preto rico no Brasil ? branco, assim
como branco pobre ? preto?, diz o dito popular. N?o se
?preconceitua? um vereador negro, a menos que n?o se
saiba que ? vereador; s? se discrimina um estrangeiro
igualmente negro enquanto sua condi??o estiver pouco
especificada.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo
contr?rio: cor e ra?a na intimidade. In: _____. (Org.).
Contrastes da intimidade contempor‰nea. S?o Paulo: Companhia
das Letras, 1998. p. 180-182. (Hist?ria da Vida Privada no Brasil, 4.)
A raça na contemporaneidade
Segundo Hofbauer (2003), em meio aos in?meros
discursos produzidos na atualidade sobre a quest?o, po-
demos visualizar basicamente dois polos de discuss?o
antag?nicos. Um deles s?o os estudos do campo sociol?gi-
co, voltados para uma an?lise das rela??es entre negros e
brancos e para as desigualdades que surgem destas. O ou-
tro polo diz respeito ?s pesquisas feitas no ?mbito da An-
tropologia Social e Cultural. Essa corrente aponta o Brasil
como tendo um modo particular de construir e lidar com
suas diferen?as, e esse etos brasileiro seria, pois, o grande
empecilho para uma leg?tima democracia racial.
No entanto, apesar de trazer contribui??es para a
an?lise das constru??es identit?rias no Brasil, a tradi??o
antropol?gica tende a resvalar para uma justificativa dos
mitos sociais, justamente por entender as rela??es ra-
ciais como ocasionadas por um etos brasileiro que esta-
ria al?m do processo hist?rico. Por outro lado, os estudos
sociol?gicos tamb?m pecam ao estabelecer categorias
fixas (brancos e negros), o que inviabiliza uma an?lise da
intricada identidade nacional.
Ainda segundo Hofbauer (2003), ?autores de ambas
as linhas interpretativas (a ?cultural-antropol?gica? e a
?sociol?gica?) afirmam que ra?a n?o deve ser entendida
como um dado biol?gico, mas como uma constru??o
social?. No entanto, seria poss?vel ler nas entrelinhas de
toda essa discuss?o uma forma de colocar esse conceito
(assim como outros) em depend?ncia de fatores sociais
que teriam exist?ncia mais concreta, como sistema eco-
n?mico ou estrutura classificat?ria, como forma de fazer
uma discrimina??o racial escorregar para uma discrimi-
na??o econ?mica.
Desse modo, fica clara a grande fus?o de discursos
que se entrela?am na quest?o racial. H? discursos his-
t?ricos, h? discursos sociol?gicos, antropol?gicos, pol?ti-
cos etc. Da? a imensa quantidade de estudos produzidos
no interior da quest?o, que, ao tentarem enquadrar opi-
ni?es em classifica??es fixas, formatando suas brechas
e alian?as, caem na armadilha dos sentidos: s?o esqui-
vos a qualquer pris?o, a qualquer captura. Da? a neces-
sidade de uma discuss?o aberta e mesmo conflituosa
do conceito.
Os discursos que se cruzam (e se colidem)
A posi??o de Guimar?es (2002), por exemplo, est? em
pleno combate com as ideias apresentadas pelas escolas
acima, primeiramente por entender os termos de cor
criados no Brasil (moreno, marrom) como met?foras do
termo ra?a, n?o entendendo, pois, brancos e negros como
categorias fixas. [...]
Al?m disso, o autor tamb?m critica radicalmente o
disfarce das discrimina??es raciais em discrimina??es
de classe, isto ?, o uso do termo classe como subterf?gio
frente ao racismo. Para melhor entender, portanto, o uso
que faz do termo ra?a, o autor come?a por apontar duas
formas opostas de se fazer tal uso. H? aqueles que defen-
dem fervorosamente o esvaziamento do conceito, sob a
justificativa de que, al?m de ser um l?xico que pertence a
um discurso autorit?rio e antidemocr?tico, nada pode ser
classificado como ?ra?a biol?gica? no que diz respeito ? es-
p?cie humana. Todavia, h? tamb?m aqueles que, mesmo
estando em concord?ncia no tocante a n?o exist?ncia de
uma ?ra?a biol?gica?, ratificam o uso do termo como car?-
ter de luta social. Nesse caso, o uso de termo auxiliaria na
constru??o e no reconhecimento de identidades, viabili-
zando compromissos pol?tico-democr?ticos.
Esse uso seria facilmente percept?vel na realidade
brasileira se levarmos em conta que, uma vez que a re-
corr?ncia do termo ra?a foi extinta (entre os anos de 1930
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Manual do Professor347
e 1970), h? um aumento consider?vel nas reclama??es
sobre desigualdades e discrimina??es. Assim, a retomada
da categoria, atualmente, significou uma intensifica??o
do discurso identit?rio com fins de retomar as lutas an-
tirracistas e de exigir mudan?a na postura do governo
frente ? quest?o racial no Brasil.
No entanto, o uso do termo como forma de resist?n-
cia n?o garante a lineariza??o dos discursos que dele se
apropriam. Pelo contr?rio, s?o muitos, agora, os modos de
aplicabilidade da categoria de ?ra?a? no interior das lutas
antirracistas. Ainda segundo Guimar?es (2002), s?o qua-
tro as formas poss?veis.
A primeira delas diz respeito ?s cren?as racialistas
as quais j? fizemos refer?ncia. Essas cren?as resgatam
pesquisas feitas no in?cio do s?culo e apontam marca-
dores biol?gicos ? caracter?sticas morais, psicol?gicas
e intelectuais ? na distin??o de ra?as. No entanto, essa
? uma concep??o que n?o resistiria a uma an?lise mais
apurada. Sua fragilidade reside no fato de que, apesar
de aceitar as diferen?as de atributos ? tanto f?sicos
quanto psicol?gicos ? essas cren?as n?o acatam a exis-
t?ncia (fatal para as afirma??es postas) de uma hierar-
quia entre elas.
A segunda possibilidade de aplica??o do termo
aponta para a aceita??o de ra?as sociais. Essa postura
n?o cr?, portanto, em nenhuma forma de ra?a biol?gica,
mas entende que as ra?as s?o identidades constru?das
socialmente e que organizariam, pois, as lutas antir-
racistas. Assim, tanto as cren?as racialistas, quanto as
cren?as em ra?as sociais buscam um melhor funciona-
mento das rela??es raciais no ?mbito do conv?vio so-
cial, mas, de modo algum se colocam contra ou buscam
meios de supera??o da divis?o da humanidade sob a
categoria de ra?a.
Tais cren?as, apesar de parecerem estagnadas, ob-
t?m ainda respaldo em enunciados produzidos pela m?-
dia e acabam por sustentar essas posi??es, que, entrela-
?adas ou bifurcadas, continuam a se fazer presentes. ? o
caso de uma das mat?rias de capa da revista Ra•a Brasil
1
,
intitulada ?Proteja-se?. A mat?ria ? um alerta aos ne-
gros do Brasil: diferen?as fisiol?gicas ou sociais fazem
com que a anemia falciforme, defici?ncia de glicose,
foliculite, diabetes, c?ncer de pr?stata e hipertens?o
sejam os seis principais males que atingem os negros.
Desse modo, a revista n?o s? deixa em aberto uma posi-
??o pol?tica, como tamb?m acaba por abarcar duas
cren?as num s? enunciado, ao grifar as diferen?as como
fisiol?gicas e sociais. Al?m disso, a omiss?o do termo
ra?a n?o representa supera??o do conceito, mas confes-
sa instabilidade em seu uso.
Ainda seguindo Guimar?es (2002), vejamos as duas
outras posturas que implicariam na supera??o da no??o
de ra?a. A terceira possibilidade diz respeito ao tratamen-
to de ra?as como epifen?menos no que concerne ? ci?ncia
? ou seja, como categoria nativa
2
? e no que concerne ao
social, como formas de identifica??o que precisariam, ne-
cessariamente, ser abolidas para, desse modo, extirpar o
racismo. Assim, est? apontada aqui uma possibilidade de
aceita??o social sobre a inexist?ncia das ra?as, a partir da
qual se daria a total erradica??o do racismo.
Existiria, ainda, uma ?ltima possibilidade, ? qual o
autor diz filiar-se e que prop?e uma supera??o das clas-
sifica??es raciais a partir de dois procedimentos centrais.
Um deles ? a tantas vezes discutida inexist?ncia da ideia
de ra?as biol?gicas; o outro passa pela metamorfose
constante da ideia de ra?a em tantas formas e tropos
como cor, classe etc. Assim, uma vez atestada a inexis-
t?ncia das ra?as biol?gicas, o uso do termo ainda se faz
necess?rio como forma de captar o sentido atribu?do a
determinadas classifica??es feitas socialmente. Desse
modo, para Guimar?es,
?ra?a? n?o ? apenas uma categoria pol?tica necess?ria
para organizar a resist?ncia ao racismo no Brasil, mas ?
tamb?m categoria anal?tica indispens?vel: a ?nica que
revela que as discrimina??es e desigualdades que a no??o
brasileira de ?cor? enseja s?o efetivamente raciais e n?o
apenas de ?classe?. (Guimar?es, 2002, p. 50)
No entanto, para al?m da discuss?o sobre categorias
de lutas ou ferramentas anal?ticas, o autor tamb?m n?o
descarta (nem poderia, num pa?s como o nosso) as mar-
cas fenot?picas como forma de identifica??o dos negros,
o que n?o diz respeito ? no??o de ra?a biol?gica, desen-
volvida no s?culo XVIII, mas se apresenta como forma
de considerar aquilo que, de fato, produz movimentos de
segrega??o em rela??o ao negro.
Quando uso os termos ?ra?a? ou ?raciais? refiro-me a for-
mas de identidade social ou formas de classifica??o dos indi-
v?duos em coletivos, baseadas em marcadores fision?micos
ou fenot?picos tais como cor da pele, textura do cabelo, for-
mato do nariz ou dos l?bios etc., que remetem, direta ou in-
diretamente, ? no??o de ra?a biol?gica, ainda que saibamos
que estas n?o existem, de fato. (Guimar?es, 2005, p. 02)
Apesar, portanto, de todos os sentidos que podem ?
e s?o ? atribu?dos ao termo, a ideia de uma ra?a biol?-
gica continua a fazer parte do vocabul?rio (e do imagi-
n?rio) nacional. Mais que isso, o sentido cristalizado no
dicion?rio
3
e, consequentemente, o sentido estabilizado
pelo senso comum, ainda traz sua carga hist?rica de se-
grega??o por meio de crit?rios fision?micos:
1. Conjunto de indiv?duos cujos caracteres som?ti-
cos, tais como a cor da pele, a conformação do crâ-
nio e do rosto, o tipo de cabelo
4
, etc., s?o semelhan-
tes e se transmitem por hereditariedade, embora
variem de indiv?duo para indiv?duo.
1
Mat?ria e imagem: revista Raça Brasil, ano 10, n. 94.
2
Diz Guimar?es (2001): ?Fazemos sempre uma distin??o, nas ci?ncias sociais, entre dois tipos de conceitos: os anal?ticos, de um lado, e os que podemos cha-
mar de ?nativos?; ou seja, trabalhamos com categorias anal?ticas ou categorias nativas. Um conceito ou uma categoria anal?tica ? o que permite a an?lise de
um determinado conjunto de fen?menos, e fez sentido apenas no corpo de uma teoria. Quando falamos de conceito nativo, ao contr?rio, ? porque estamos
trabalhando com uma categoria que tem sentido no mundo pr?tico, efetivo. Ou seja, possui um sentido hist?rico, um sentido espec?fico para um determi-
nado grupo humano?.
3
Novo Dicionário Eletrônico Aurélio vers?o 5.0.
4
Grifo da autora.
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Manual do Professor348
2. Restr. Antrop. Cada uma das grandes subdivis?es
da esp?cie humana, e que supostamente constitui
uma unidade relativamente separada e distinta,
com características biológicas e organização ge-
nética próprias
5
.
Assim, seja como categoria de luta, seja como ferra-
menta anal?tica ou como forma de identifica??o social,
o termo ra?a continua a causar di?logos e discrep?ncias
em discursos que ora se unem, ora se distinguem, mas
que est?o sempre encontrando respaldo na m?dia para
suas alegorias.
BRAGA, Amanda Batista. Dos conceitos de ra?a: a m?dia impressa
como suporte de confrontos discursivos. Rastros ? Revista
do N?cleo de Estudos de Comunica??o. Ano VIII, n. 8. p. 33-36.
O espaço urbano e o processo
de urbanização
Objetivos
Proporcionar aos alunos a compreens?o do fen?meno
da urbaniza??o com base em fatores socioecon?micos de-
senvolvidos ao longo da Hist?ria do capitalismo, observan-
do com aten??o as no??es de rede e de hierarquia urbana,
o processo de metropoliza??o no mundo e no Brasil e o
surgimento das megal?poles, al?m de diferenciar as mega-
cidades das cidades globais. Propiciar aos alunos que reco-
nhe?am as causas dos problemas sociais urbanos ? a segre-
ga??o socioespacial, a falta de moradia e a viol?ncia ? e que
reflitam sobre poss?veis solu??es para essas quest?es.
Atividades complementares
1. Solicite aos alunos que, em grupos ou individualmente,
pesquisem em livros, revistas, jornais e na internet pro-
jetos que envolvam a participa??o da sociedade e visem
? melhoria das condi??es de moradia e dos servi?os
prestados ? comunidade. Pe?a que descrevam as princi-
pais caracter?sticas da iniciativa pesquisada e expli-
quem as mudan?as ocorridas ap?s a sua implanta??o.
O objetivo da atividade ? mostrar aos alunos projetos
e movimentos sociais que busquem melhorar as con-
di??es de vida do lugar onde moram. Pode ser um pro-
jeto desenvolvido na comunidade onde a escola est?
localizada. O principal ? que os alunos percebam que
o envolvimento dos membros da comunidade ? impor-
tante para a melhoria das condi??es de vida de todos
os moradores.
2. Proponha aos alunos a elabora??o de um projeto de in-
terven??o no munic?pio onde moram. Solicite-lhes que,
em grupos ou individualmente, leiam novamente o texto
da p?gina 226, que trata do planejamento e execu??o de
interven??es urbanas, mas pode-se pensar tamb?m em
interven??es na zona rural, caso a escola a? se localize. A
seguir, pe?a que conversem com sua fam?lia e com pesso-
as da comunidade e identifiquem um problema que afe-
te os moradores do lugar onde vivem ? por exemplo, co-
leta e destino do lixo, enchentes, tr?nsito, polui??o, falta
de moradia, precariedade dos servi?os de sa?de, falta de
saneamento b?sico, etc. ? e elaborem um projeto de in-
terven??o para solucionar o problema identificado (para
o desenvolvimento dessa atividade pode-se tomar como
refer?ncia a constru??o do tema gerador, como proposto
por Paulo Freire no livro Pedagogia do oprimido). Oriente-
-os a escrever o projeto levando em considera??o as se-
guintes etapas:
a) delimita??o do problema a ser enfrentado;
b) fixa??o dos objetivos que se pretende atingir;
c) coleta de dados sobre o que est? sendo analisado;
d) interpreta??o dos dados e estrutura??o do plano
de a??o.
A atividade permite o desenvolvimento de habilidades
de leitura e interpreta??o de textos, de observa??o da pai-
sagem e di?logo com pessoas do lugar, da capacidade de
s?ntese e de organiza??o das etapas envolvidas em uma
pesquisa. Ao final, os alunos ter?o associado o tema estu-
dado ao dia a dia do lugar onde moram e estabelecido um
plano de a??o que valoriza a participa??o da comunidade
na melhoria da qualidade de vida e o exerc?cio da cidadania.
Projeto interdisciplinar
Questão-tema: Os problemas urbanos apresentam rela??o
com o valor do solo?
Disciplinas: Geografia, Arte, L?ngua Portuguesa e Biologia.
Tempo de duração: um bimestre.
Trabalho:
• individual: pesquisa em jornais, revistas, internet, sele??o
de mapas e fotos relacionados ao tema, confec??o de
5
Grifo da autora.
Unidade 4
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Manual do Professor349
croquis dos arredores da escola ou do bairro onde mora e
desenhos dos problemas urbanos.
• em grupo: troca de material pesquisado, mapeamento
dos problemas urbanos e do valor do solo nas diferentes
?reas da cidade, produ??o de painel-s?ntese e relat?rio
de observa??o.
Forma final do trabalho: painel-s?ntese composto de mate-
rial iconogr?fico, relat?rio de observa??o, mapa de localiza-
??o e identifica??o dos problemas urbanos e do valor do
solo nas diferentes ?reas da cidade.
Enfoques de trabalho por disciplina:
• Geografia: investiga??o e reconhecimento da rela??o
entre o valor do solo urbano e os diferentes problemas
enfrentados pelos moradores da cidade, mapeamento
dos fen?menos.
• Arte: leitura de imagens (fotos, desenhos, etc.), produ??o
de material iconogr?fico relativo aos problemas urbanos.
• Língua Portuguesa: leitura de artigos de revistas e
jornais, produ??o de relat?rio descritivo do trabalho
de campo.
• Biologia: levantamento dos problemas de sa?de causados
nos locais onde o lixo ? depositado, doen?as provocadas
pela falta de acesso a servi?os de saneamento b?sico e
relacionadas ? polui??o do ar nas grandes cidades.
Etapas do trabalho:
1. Elaborar croquis do bairro onde se localiza a escola ou
de algumas partes da ?rea urbana do munic?pio, identi-
ficando, preferencialmente por meio de fotos, os pro-
blemas urbanos.
2. Identificar problemas equivalentes em outras partes da
?rea urbana do munic?pio onde moram ap?s a leitura
de jornais e revistas.
3. Coletar dados sobre os diferentes valores de Imposto
Predial e Territorial Urbano (IPTU) e sobre o zoneamento
da cidade (?reas estritamente residenciais, comerciais,
industriais, mistas, etc.). Associar as informa??es, bus-
cando coincid?ncias ou diverg?ncias.
4. Mapear os resultados pesquisados e produzir relat?rio-
-s?ntese que mostre:
• os problemas mais frequentes da ?rea urbana do mu-
nic?pio onde moram;
• a diferen?a de ocupa??o dos bairros e a rela??o com o
valor do solo urbano;
• a rela??o entre diferentes valores do solo urbano e os
problemas mais comuns ?s diversas ?reas da cidade.
5. Caso a escola se localize na zona rural do munic?pio e n?o
houver possibilidade de deslocamento at? a cidade para a
realiza??o das atividades, pode-se se fazer uma adapta??o
e levantar os problemas enfrentados pela comunidade ru-
ral onde fica a escola e propor solu??es para resolv?-los.
6. Apresentar o trabalho expondo o material cartogr?fico,
o relat?rio-s?ntese e as fotos.
Sugest›es bibliogr‡ficas
BUORO, A. et al. Violência urbana. Dilemas e desafios. S?o
Paulo: Atual, 2010. (Espa?o e debate.)
Livro paradid?tico que analisa a viol?ncia nas sociedades
ocidentais, o hist?rico da viol?ncia no Brasil, os fatores
envolvidos com a quest?o e alguns n?meros e casos, como
o do crime organizado.
CAPEL, H. La Cosmópolis y la ciudad. Barcelona: Ediciones del
Serbal, 2003. (La estrella polar; 41.)
Em cada um dos seis cap?tulos o autor analisa um aspec-
to urbano. Por exemplo, no Cap?tulo 1 discute a rela??o
entre o escritor Jorge Lu?s Borges e a Cosm?polis; no Ca-
p?tulo 5 analisa o desenvolvimento cient?fico e a inova??o
na cidade contempor?nea.
CARLOS, A. F. A. A cidade. 7. ed. S?o Paulo: Contexto, 2003.
(Repensando a Geografia.)
A autora analisa a paisagem urbana, o uso e a valoriza??o
do solo da cidade.
______; LEMOS, A. I. G. (Org.). Dilemas urbanos: novas abor-
dagens sobre a cidade. S?o Paulo: Contexto, 2003. (Contex-
to Acad?mica.)
Sete cap?tulos compostos de textos de diversos autores,
nos quais s?o discutidos os seguintes temas: problemas
urbanos (segrega??o, conflitos, etc.), espacialidades e
temporalidades, cultura e cidade, o trabalho na cidade,
pol?ticas urbanas, quest?es ambientais e sociais urbanas,
o urbano no mundo da mercadoria.
CARNEIRO, R. de J. M. Organização da cidade: planejamento
municipal, plano diretor, urbanifica??o. S?o Paulo: Max Li-
monad, 1998.
? uma adapta??o de disserta??o de mestrado que trata de
urbanismo e direito urban?stico. Analisa o direito ? proprie-
dade e sua fun??o social, as normas de desapropria??o,
planejamento urban?stico e a fun??o do plano diretor.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. S?o Paulo: Paz e Terra, 1999.
(A Era da Informa??o: Economia, Sociedade e Cultura, 1.)
No Cap?tulo 6, ?O espa?o de fluxos?, o autor analisa a di-
n?mica das mudan?as que v?m ocorrendo nas cidades
em fun??o da acelera??o dos fluxos em escala mundial.
CORR?A, R. L. O espaço urbano. S?o Paulo: ?tica, 1995. (Prin-
c?pios, 174.)
Analisa os agentes da produ??o do espa?o urbano e os
processos e formas espaciais de centraliza??o, descentra-
liza??o, mobilidade e segrega??o nas cidades.
______. Trajetórias geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 1997.
Aborda as redes geogr?ficas, o espa?o urbano, a regi?o, o
espa?o e a empresa e, na ?ltima parte, analisa espa?o,
tempo e cultura.
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Manual do Professor350
DIAS, L. A. (Org.). Cidade e Hist?ria: uma an?lise de processos
de urbaniza??o e constru??o de cidadania. Curitiba: CRV, 2010.
Os sete artigos dessa colet?nea discutem o processo de
urbaniza??o em escala local e nacional e a import?ncia
do conhecimento do espa?o urbano para o pleno exer-
c?cio da cidadania.
DREW, D. Processos interativos homem-meio ambiente. 4. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
Analisa a rela??o entre seres humanos e o meio ambien-
te, as transforma??es decorrentes em escala local e global.
Trata o meio ambiente como um sistema que pode ser
desequilibrado em consequ?ncia das a??es humanas.
FERREIRA, J. S. W. O mito da cidade-global: o papel da ideo-
logia na produ??o do espa?o urbano. Petr?polis: Vozes; S?o
Paulo: Ed. da Unesp; Salvador: Anpur, 2007.
Discute a origem do conceito de cidade global e, com base
no estudo de S?o Paulo, analisa a manipula??o ideol?gi-
ca que reduz o mundo a fluxos e mascara as desigualda-
des sociais e os problemas urbanos. Leia trecho desse livro
na se??o Textos de apoio.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 44. ed. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 2005.
Esse livro prop?e uma educa??o dial?gica e problemati-
zadora. Como m?todo de interpreta??o e interven??o na
realidade prop?e o desenvolvimento do tema gerador.
GOMES, P. C. da C. A condi??o urbana: ensaios de geopol?ti-
ca da cidade. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
Trata da rela??o entre o poder (ou poderes) e o territ?rio (ou
territ?rios) urbano(s), por isso tem o subt?tulo ?geopol?tica
da cidade?, e consequentemente da rela??o entre cidadania
e espa?o p?blico. No Cap?tulo VI, por exemplo, o autor dis-
cute o que a Geografia tem a dizer sobre essa rela??o.
GOUVEIA, R. G. A quest?o metropolitana no Brasil. Rio de
Janeiro: FGV, 2005.
Estudo sobre a urbaniza??o e o planejamento no Brasil, o
papel dos munic?pios, a metropoliza??o e as perspectivas
da gest?o metropolitana.
JACOBI, P. Cidade e meio ambiente: percep??es e pr?ticas em
S?o Paulo. S?o Paulo: Annablume, 1999.
O autor analisa o contexto socioambiental da cidade de
S?o Paulo ? moradia, saneamento b?sico, polui??o do ar,
lixo ? e trata dos temas cidadania e educa??o ambiental.
LE GOFF, J. Por amor ?s cidades: conversa??es com Jean Le-
brun. S?o Paulo: Ed. da Unesp, 1998.
Em uma conversa com Jean Lebrun, Le Goff retrata as ci-
dades medievais em suas dimens?es sociais, econ?micas,
pol?ticas e est?ticas e tra?a paralelos com a cidade con-
tempor?nea.
MORENO, J. O futuro das cidades. S?o Paulo: Senac, 2002.
(Ponto Futuro 11.)
O livro traz uma an?lise do hist?rico do desenvolvimento
urbano, do impacto das novas tecnologias no ambiente
urbano e da reforma urbana no Brasil. Leia trecho na se??o
Textos de apoio.
SANTOS, M. A urbaniza??o brasileira. 3. ed. S?o Paulo: Huci-
tec, 1996.
Analisa a evolu??o da popula??o urbana, agr?cola e rural,
as altera??es provocadas no per?odo t?cnico-cient?fico, a
metropoliza??o, a descentraliza??o atual e as tend?ncias
da urbaniza??o brasileira no fim do s?culo XX. Leia trecho
desse livro na se??o Textos de apoio.
______. Metamorfoses do espa?o habitado: fundamentos
te?ricos e metodol?gicos da Geografia. S?o Paulo: Hucitec,
1988. (Geografia: Teoria e Realidade.)
Nesse livro, o autor discute o per?odo t?cnico-cient?fico, a
globaliza??o e v?rias quest?es epistemol?gicas da Geografia.
O Cap?tulo 4, ?Categorias tradicionais, categorias atuais?,
trata da especializa??o produtiva, das novas rela??es entre
cidade e campo e da hierarquia urbana, entre outros temas.
______. Metr?pole corporativa fragmentada: o caso de S?o
Paulo. S?o Paulo: Nobel/Secretaria de Estado da Cultura, 1990.
Analisa a especula??o e os vazios urbanos, os transportes,
a quest?o fiscal e os gastos p?blicos.
SASSEN, S. As cidades na economia global. S?o Paulo: Studio
Nobel, 1998. (Megal?polis.)
Apresenta uma an?lise do impacto urbano da globaliza-
??o, da nova economia urbana e das desigualdades nas
cidades. Leia trecho desse livro na se??o Textos de apoio.
SCARLATO, F. C. Urbaniza??o. In: ROSS, J. L. S. (Org.). Geogra-
fia do Brasil. S?o Paulo: Edusp, 2011. (Did?tica, 3).
Apresenta a urbaniza??o como um processo hist?rico e
analisa a estrutura interna das cidades, os agentes eco-
n?micos e sociais, o crescimento das cidades brasileiras,
a metropoliza??o, etc.
SERRANO, P. E. A. P. Regi?o metropolitana e seu regime cons-
titucional. S?o Paulo: Verbatim, 2009.
Discorre sobre o Estado Federal, os munic?pios, as regi?es
metropolitanas e seus regimes jur?dicos.
SINGER, P. Economia pol?tica da urbaniza??o. 2. ed. S?o Pau-
lo: Contexto, 2002.
Reuni?o de ensaios sobre importantes temas urbanos: a
urbaniza??o como processo hist?rico capitalista, a urba-
niza??o dependente e excludente na Am?rica Latina, ur-
baniza??o e desenvolvimento em S?o Paulo, planejamen-
to metropolitano, etc.
SPINK, P.; CLEMENTE, R. (Org.). 20 experi?ncias de gest?o
p?blica e cidadania. Rio de Janeiro: FGV, 1999. (FGV Pr?tica.)
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Manual do Professor351
Colet?nea de artigos que apresenta v?rias experi?ncias de
a??es que melhoraram significativamente a qualidade de
vida da popula??o: programas de gera??o de emprego e
renda, coleta seletiva de lixo, or?amento participativo, mu-
nicipaliza??o de projetos de reforma agr?ria, entre outros.
SP?SITO, E. S. A vida nas cidades. S?o Paulo: Contexto, 1994.
Trata da din?mica urbana, da quest?o da moradia, do
consumo e do meio ambiente.
______. Redes e cidades. S?o Paulo: Ed. da Unesp, 2008. (Pa-
radid?ticos.)
An?lise te?rica de temas atuais, envolvendo o papel da
internet, sobre as cidades, as redes, as redes de cidades e
as cidades em redes.
SPOSITO, M. E. B. Capitalismo e urbanização. 11. ed. S?o Pau-
lo: Contexto, 2001. (Repensando a Geografia.)
Analisa o processo de urbaniza??o sob o capitalismo e seu
v?nculo com o processo de industrializa??o.
VEIGA, J. E. da. Cidades imaginárias: o Brasil ? menos urbano
do que se calcula. Campinas: Autores Associados, 2002.
O livro ? composto de sessenta artigos publicados no jornal
O Estado de S. Paulo at? 2001, nos quais o autor discute as
caracter?sticas do urbano e do rural, assim como a delimi-
ta??o dessas duas realidades socioespaciais e principal-
mente a inadequa??o dos crit?rios para a defini??o de ci-
dade no Brasil, o que faz com que nosso pa?s seja, como
est? indicado no subt?tulo, ?menos urbano do que se cal-
cula?. Leia um trecho desse livro na se??o Textos de apoio.
VILLA?A, F. Espaço intraurbano no Brasil. S?o Paulo: Studio
Nobel/Fapesp/Lincoln Institute, 1999.
Analisa o espa?o urbano e regional, os processos de ex-
pans?o urbana e conurba??o e a segrega??o urbana.
Comentários e respostas
das atividades
O espaço urbano do mundo
contemporâneo
Compreendendo conteúdos
1 a) A rede urbana ? composta de um conjunto de ci-
dades no espa?o geogr?fico que se relacionam e
est?o interligadas por sistemas de transporte e
telecomunica??o, pelos quais fluem mercadorias,
pessoas, capitais, informa??es, etc. A hierarquia
urbana ? formada pelas rela??es estabelecidas en-
tre as cidades de diferentes tamanhos no interior
de uma rede urbana e, portanto, com variada ca-
pacidade de influ?ncia.
b) A concep??o cl?ssica de hierarquia urbana, baseada
na no??o de hierarquia militar, era muito r?gida e
fechada. Assim, as rela??es dentro da rede urbana
seguiam uma hierarquia crescente: vila ? cidade
local ? centro regional ? metr?pole regional ? me-
tr?pole nacional/mundial. Na atual no??o de hie-
rarquia urbana, em raz?o dos avan?os tecnol?gicos
nos transportes e nas telecomunica??es, rompe-se
com essa hierarquiza??o r?gida. Desse modo, a vila
ou a cidade local podem se relacionar diretamente
com a metr?pole regional ou nacional. Os fluxos j?
n?o s?o mais escalonados.
2 As dist?ncias, tanto em escala local, regional, como
mundial, s?o, hoje em dia, relativas em raz?o da mo-
derniza??o dos sistemas de transportes e telecomuni-
ca??o e da acelera??o no deslocamento de pessoas,
mercadorias, capitais e especialmente informa??es.
Uma pessoa pode viver relativamente distante de um
grande centro urbano e, no entanto, estar plenamente
integrada a ele, desde que tenha ? disposi??o equipa-
mentos e infraestrutura que permitam r?pida locomo-
??o e comunica??o. Dist?ncias continentais que antes
demoravam semanas para serem vencidas, nos dias
atuais s?o percorridas em poucas horas. A consequ?n-
cia disso ? que cada vez mais pode haver uma disper-
s?o urbano-industrial, diminuindo o ritmo de cresci-
mento das grandes metr?poles e megal?poles.
3 Megacidade ? um conceito quantitativo, define as cida-
des cuja popula??o ? igual ou superior a 10 milh?es de
habitantes. Cidade global ? um conceito qualitativo,
define as cidades com melhor infraestrutura, indepen-
dentemente do tamanho, que comandam os fluxos na
rede urbana mundial. Genericamente, as cidades glo-
bais t?m um papel muito mais importante do que as
megacidades no atual capitalismo informacional, em
raz?o de seu papel de comando das redes de fluxos glo-
balizadas. Muitas cidades, al?m de mega, s?o tamb?m
globais, como ? o caso de Nova York, T?quio, Los Angeles,
S?o Paulo, Cidade do M?xico, entre outras.
4 As desigualdades sociais se materializam nas paisa-
gens urbanas de v?rias formas. Por exemplo, h? segre-
ga??o socioespacial, com as pessoas mais pobres mo-
rando em bairros da periferia, muitas vezes em
loteamentos irregulares, com infraestrutura prec?ria;
aglomerados subnormais ao lado de edif?cios moder-
nos; bairros deteriorados e perigosos pr?ximos de
bairros bem conservados e sossegados; pessoas mo-
rando na rua, etc. Ao longo do cap?tulo, h? diversas
fotos que mostram as desigualdades sociais, mas bas-
ta observar as paisagens das cidades brasileiras para
perceb?-las. No entanto, isso n?o ? exclusivo das cida-
des brasileiras, est? presente em paisagens urbanas
Capítulo 9
GGB_Geografia_v3_PNLD2018_MP_290_314a368_PE.indd 351 6/4/16 2:20 PM

Manual do Professor352
de outros pa?ses em desenvolvimento e tamb?m apa-
rece em muitas cidades dos pa?ses desenvolvidos.
Desenvolvendo habilidades
Essas atividades permitem um trabalho interdisciplinar com
Sociologia e Matem?tica.
5 a) O grande n?mero de pessoas vivendo em aglomera-
dos subnormais e loteamentos irregulares no muni-
c?pio de S?o Paulo revela que boa parte da popula??o
da metr?pole n?o tem acesso ? moradia segura e
confort?vel, nem ? infraestrutura urbana adequada
e a servi?os p?blicos de qualidade, que se concentram
nas ?reas centrais da cidade, onde tamb?m est?o as
melhores oportunidades de trabalho. Ou seja, os me-
lhores empregos e os bens e servi?os fundamentais
para a qualidade de vida das pessoas n?o s?o garan-
tidos de forma democr?tica a todos os cidad?os. Isso
se repete em outras grandes cidades brasileiras. Esses
dados confirmam os argumentos de Milton Santos,
para quem o grau de cidadania varia de acordo com
a localiza??o no territ?rio da cidade. Os habitantes
da periferia, onde se localiza a maioria dos aglome-
rados subnormais e de loteamentos irregulares de
S?o Paulo (e de outras metr?poles brasileiras), levam
uma vida mais dif?cil e acabam, na pr?tica, enfren-
tando s?rios d?ficits de cidadania. Por isso, Milton
Santos afirma que est?o ?condenados duas vezes ?
pobreza?. Na periferia, as pessoas moram mal, t?m
infraestrutura urbana pior e est?o distantes dos me-
lhores empregos, que s?o oferecidos nas ?reas cen-
trais (como o centro expandido de S?o Paulo). Como
constata o texto da Prefeitura de S?o Paulo, isso ?
uma condi??o estrutural que historicamente tem
favorecido a ?reprodu??o da pobreza ao longo de ge-
ra??es?, ou seja, os descendentes dos mais pobres
tendem a ser pobres porque t?m menos oportunida-
des de ascens?o social.
b) O rompimento desse c?rculo vicioso, dessa ?condi-
??o estrutural? de reprodu??o da pobreza deve
mobilizar os cidad?os e toda a comunidade para
cobrar das autoridades governamentais as solu-
??es para os problemas apresentados. No munic?-
pio de S?o Paulo, por exemplo, vem sendo desen-
volvido o Programa de Urbaniza??o de Favelas
porque as comunidades locais v?m cobrando das
autoridades. Evidentemente, em um regime demo-
cr?tico, no qual h? elei??es livres, ? importante
conhecer os representantes que ser?o eleitos para
cargos do Executivo e do Legislativo, para que n?o
se vote em pol?ticos desonestos e descompromis-
sados com a melhoria das condi??es de vida da
popula??o. ? importante os alunos perceberem que
a segrega??o socioespacial que concentra os mais
pobres nas periferias distantes n?o ? exclusividade
de pa?ses em desenvolvimento. Embora essa reali-
dade seja mais grave nas cidades dos pa?ses em
desenvolvimento, principalmente as grandes, como
S?o Paulo, ela tamb?m ocorre em outras na??es.
Essa segrega??o aparece tamb?m em aglomera-
??es urbanas dos pa?ses desenvolvidos.
6 a) A lista do GaWC ? mais extensa e hierarquizada (com
as divis?es alfa, beta e gama) do que a da Funda??o
Mori Memorial (com lista ?nica), que consta do gr?-
fico de barras. Ao comparar as dez principais cidades
globais do mapa com as do gr?fico, o aluno dever?
perceber que metade delas coincide. Em ambas as
classifica??es, as duas cidades mais importantes s?o
Londres e Nova York, seguidas de Paris, T?quio e Cin-
gapura, que tamb?m constam das duas listas. As
cidades que n?o coincidem s?o Xangai, Pequim,
Sydney, Dubai e Hong Kong (fechando a lista das ci-
dades alfa+ do GaWC) e Seul, Amsterdam, Berlim,
Viena e Frankfurt (na lista da Funda??o Mori Memo-
rial). No entanto, essas cinco cidades, entre as mais
importantes da institui??o japonesa, aparecem como
cidades alfa e alfa? na lista brit?nica. ? importante
os alunos perceberem que isso ocorre com qualquer
classifica??o: dependendo do crit?rio adotado, os
elementos (no caso, as cidades globais), assim como
sua ordem, podem ser ligeiramente diferentes.
b) Sim, S?o Paulo (SP), que foi classificada como cidade
global pelas duas institui??es. Na lista do GaWC, a
capital paulista aparece como uma das 13 cidades
globais alfa, portanto, abaixo das alfa++ e alfa+. Na
lista da Funda??o Mori Memorial ela est? entre as 40
cidades globais, ocupando a 38
a
posi??o. Ou seja,
segundo os crit?rios adotados pelas duas institui??es
internacionais, a metr?pole paulistana ? uma impor-
tante cidade global, embora n?o apare?a nas primei-
ras posi??es em nenhuma das duas listas.
As cidades e a urbanização brasileira
Compreendendo conteœdos
1 No Brasil, s?o recenseadas como popula??o urbana to-
das as pessoas residentes no per?metro urbano dos
munic?pios. Como as prefeituras, por?m, aumentam
esse per?metro para poder cobrar IPTU em vez de ITR e,
assim, acabam abarcando algumas ?reas rurais, a po-
pula??o residente em cidades acaba sendo superesti-
mada. Como essa metodologia n?o considera a densi-
dade demogr?fica, n?mero de habitantes e presen?a de
equipamentos tipicamente urbanos, muitas aglomera-
??es com estrutura e modo de vida rural em pequenos
munic?pios t?m seus cidad?os classificados como urba-
Capítulo 10
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Manual do Professor353
nos. Essa realidade compromete a compara??o dos da-
dos estat?sticos de urbaniza??o do Brasil com os de
outros pa?ses.
2 At? a d?cada de 1930, quando efetivamente se iniciou
o processo de industrializa??o brasileiro, quase n?o
havia integra??o econ?mica entre as regi?es, e a rede
urbana estruturava-se apenas em ?mbito regional.
Atualmente, com a plena integra??o econ?mica do
territ?rio nacional, a rede urbana estrutura-se por todo
o pa?s, contando, al?m das metr?poles regionais, com
duas nacionais: S?o Paulo e Rio de Janeiro.
3 No Brasil, uma regi?o metropolitana ? um ?conjunto de
munic?pios conurbados, integrados social e economica-
mente e com problemas comuns de infraestrutura?. Nes-
sas ?reas h? a necessidade de cria??o de uma esfera
administrativa que esteja acima da existente nos muni-
c?pios que formam a regi?o metropolitana para adminis-
trar os problemas comuns de infraestrutura urbana. J?
as aglomera??es urbanas s?o constitu?das por pequenas
e m?dias cidades integradas, mas sem a presen?a de um
centro polarizador que extrapole a escala local.
4 Entre as v?rias interven??es urban?sticas que podem
ser provocadas por altera??es no Plano Diretor, desta-
cam-se: autoriza??o para a constru??o de edif?cios
altos em bairros horizontais (verticaliza??o); altera??o
nas rotas e modos de transportes coletivos; autoriza-
??o de implanta??o de estabelecimentos comerciais
em bairros residenciais; estabelecimento da densida-
de de ocupa??o em fun??o do tamanho dos lotes, etc.
Desenvolvendo habilidades
Essa atividade possibilita um trabalho interdisciplinar com
Sociologia.
5 a) Por estar localizada no interior da floresta Amaz?-
nica, onde a rede urbana ? bastante esparsa, Ma-
naus estende sua polariza??o por uma ?rea bem
maior que a polarizada por Porto Alegre.
b) Tanto na regi?o polarizada por Manaus quanto na de
Porto Alegre encontramos metr?pole, capital regio-
nal, centro sub-regional e centro de zona.
Vestibulares de Norte a Sul
Testes
1 D
2 E
3 D
4 A
5 C
6 C
7 C
8 D
9 A
10 A
11 B
12 D
Quest›es
13 a) Nesse esquema, havia forte hierarquiza??o entre as
cidades, lembrando uma hierarquia militar. As cida-
des eram classificadas segundo sua popula??o e as
rela??es econ?micas, sociais e culturais eram esca-
lonadas da metr?pole nacional at? a vila.
b) Com os avan?os tecnol?gicos nos meios de transpor-
te e telecomunica??o h? crescente inter-rela??o entre
todas as cidades, independentemente do tamanho,
rompendo com o modelo escalonado e hierarquizado
do esquema tradicional.
14 Regi?o metropolitana ? um grande centro populacional
com uma cidade principal e cidades pr?ximas integra-
das funcionalmente. Curitiba, com as 29 cidades em seu
entorno, ? um exemplo. A falta de integra??o no trans-
porte coletivo, coleta de lixo, tratamento de esgoto e
seguran?a s?o problemas que devem ser mencionados.
15 Cidade global ? um conceito qualitativo ? define as ci-
dades com melhor infraestrutura e maior oferta de bens
e servi?os, independentemente do tamanho, e que, por
isso, exercem mais influ?ncia e t?m mais capacidade de
comando sobre os fluxos na rede urbana mundial. Se-
gundo o Globalization and World Cities Study Group and
Network (GaWC), da Universidade de Loughborough
(Reino Unido), em 2012 havia 182 cidades globais: 45
de n?vel alfa, com destaque para Londres e Nova York,
cidades alfa ++, seguidas por 8 cidades alfa +, com des-
taque para T?quio e Paris, 13 cidades alfa, entre as quais
est? S?o Paulo, e 22 alfa ?; a esse grupo principal se-
guem 78 cidades de n?vel beta, entre as quais est? o Rio
de Janeiro, e 59 de n?vel gama. Segundo a institui??o de
pesquisa The Mori Memorial Foundation, sediada em
T?quio, em 2013 havia 40 cidades globais, com destaque
para Londres, que encabe?ava a lista, seguida por Nova
York, Paris e T?quio. Nessa lista S?o Paulo aparece na 38
a

posi??o.
16 A regi?o com maior popula??o absoluta vivendo em as-
sentamentos prec?rios ? o sul da ?sia, com destaque para
a ?ndia (em 2012 apresentava 105 milh?es de pessoas
vivendo nessas condi??es). A regi?o com maior popula??o
relativa vivendo em assentamentos prec?rios ? a ?frica
subsaariana, na qual diversos pa?ses t?m mais de 60%
dos habitantes vivendo nessas condi??es; a pior situa??o
est? na Rep?blica Centro-Africana, onde 96% da popula-
??o vive em submoradias. Entre as justificativas para a
grande presen?a de assentamentos prec?rios nessas
regi?es, destacam-se o r?pido ?xodo rural, a falta de pla-
nejamento e de investimentos em infraestrutura urbana
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Manual do Professor354
(como habita??o e saneamento b?sico) e a baixa renda
da maior parte da popula??o.
Caiu no Enem
1 E
2 E
3 C
4 A
5 C
6 E
7 E
8 D
9 D
10 A
Cidade e democracia
? plenamente reconhecido que as condi??es ma-
croestruturais do pa?s e sua inser??o internacional s?o
muito positivas, desdobrando uma favor?vel perspec-
tiva de desenvolvimento. Nesse processo, o sistema
urbano tem papel fundamental. S?o as cidades gran-
des, em especial as metr?poles, o lugar privilegiado do
interc?mbio econ?mico mundial, das maiores oportu-
nidades ligadas ao conhecimento, ? pesquisa e ? ino-
va??o. Hoje, 85% da popula??o do pa?s vive em cida-
des. [veja a seguir o artigo 4, de Jos? Eli da Veiga, que
questiona esse dado] Doze metr?poles abarcam 45%
do Brasil urbano, enquanto as duas maiores, S?o Paulo
e Rio de Janeiro, somadas, chegam a 20% da popula??o
urbana brasileira e se aproximam de 30% do produto
interno bruto nacional.
O desenvolvimento nacional e o desenvolvimento
urbano s?o interdependentes. Mas, na ?ltima d?cada,
quando o Brasil construiu 13 milh?es de domic?lios, 40%
deles foram constru?dos em favelas (?assentamentos
subnormais?, na express?o do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estat?stica), dos quais 88% nas metr?poles.
O cuidado com as cidades, no pa?s, tem sido muito infe-
rior ao necess?rio. Assim, ao ingressar no novo mil?nio,
o Brasil urbano apresenta elevado passivo ambiental. A
escassez de investimento no transporte coletivo de alto
rendimento e a op??o pelo transporte rodovi?rio, sobre-
tudo o est?mulo ao autom?vel, leva o tr?nsito urbano ?
quase imobilidade. O setor transporte consome 26% do
total das diversas fontes de energia do pa?s, dos quais
96% no modo rodovi?rio. Nas 438 maiores cidades, 23%
do consumo de energia no setor ? com coletivos e 73%
com autom?veis, segundo o relat?rio de 2011 da Associa-
??o Nacional de Transportes P?blicos.
As ?guas urbanas est?o polu?das, e apenas 48% dos
domic?lios est?o ligados a sistemas de esgoto. A gest?o
das cidades recebe pouco estudo e investimento. Exem-
plifica-se com o caso das cidades metropolitanas, que n?o
disp?em de estatuto pr?prio. Nesse panorama, a presta??o
dos servi?os p?blicos ? ressalta-se a seguran?a p?blica ?
? escassa e mal distribu?da. Os altos ?ndices de viol?ncia
urbana nas metr?poles j? est?o alcan?ando as cidades
m?dias. O enfrentamento desse passivo socioambiental-
-urban?stico se coloca, francamente, como uma das con-
di??es para o desenvolvimento nacional.
Nosso pa?s foi capaz de construir novo patamar
pol?tico e econ?mico em pouco mais de duas d?cadas,
com amplia??o dos direitos e garantias cidad?s e cres-
cimento da economia. A incorpora??o econ?mica dos
estratos mais pobres da popula??o se apresenta como
uma possibilidade demonstrada, e n?o apenas como
um desejo. Simetricamente, no ?mbito urbano, essa
conquista dever? corresponder ? busca pela equidade
no acesso e usufruto da cidade. Ou seja, um processo de
pol?ticas p?blicas que busque universalizar a presta??o
dos servi?os p?blicos; que reconhe?a as preexist?ncias
ambientais e culturais constru?das pela popula??o;
que contemple o acesso ? moradia adequada como um
direito cidad?o; que considere a mobilidade urbana
como conquista social e fator de promo??o do desen-
volvimento; enfim, que encaminhe a cidade para a sus-
tentabilidade ambiental e social. A quest?o urbana ?
pouco ass?dua no debate nacional, apesar desse quadro
de possibilidades e car?ncias enfrentado pelas cidades
brasileiras. Mesmo por ocasi?o de elei??es gerais, quase
nada ? discutido sobre a cidade, sugerindo uma baixa
conscientiza??o da sociedade sobre as consequ?ncias
negativas desse alheamento para o bem-estar geral.
Mas o sistema urbano brasileiro precisa ser tratado em
sua dimens?o estrat?gica para o desenvolvimento so-
cioecon?mico do pa?s.
A democracia veio para ficar. As cidades precisar?o
corresponder a essa dimens?o pol?tica.
MAGALH?ES, S?rgio. Ci•ncia Hoje. v. 49. Rio de Janeiro:
Instituto Ci?ncia Hoje, n. 292, maio 2012. Dispon?vel em:
<www.iabrj.org.br/cidade-e-democracia-novo-artigo-de-sergio-
magalhaes-na-revista-ciencia-hoje>. Acesso em: 22 abr. 2016.
Processos espaciais e a cidade
Vista como uma forma de organiza??o do espa?o
pelo homem, a cidade pode ser considerada, de acordo
com Harvey, como a express?o concreta de processos
sociais na forma de um ambiente f?sico constru?do so-
bre o espa?o geogr?fico. Express?o de processos sociais,
a cidade reflete as caracter?sticas da sociedade. Esta
1
Textos de apoio
2
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Manual do Professor355
defini??o tem o m?rito da universalidade, quer em ter-
mos de tempo, quer de espa?o, enquadrando tanto as
cidades cerimoniais da China antiga, as cidades maia
e asteca, como o burgo medieval, a cidade colonial e a
metr?pole moderna.
Esta ?ltima constitui-se em um produto da econo-
mia de mercado, afetada direta ou indiretamente pela
industrializa??o, e da complexa sociedade estratificada
que emerge. Como tal, a metr?pole moderna constitui-
-se em importante local de acumula??o de capital e
onde as condi??es para a reprodu??o da for?a de tra-
balho podem mais plenamente ser realizadas. Tais pro-
cessos sociais produzem forma, movimento e conte?do
sobre o espa?o urbano, originando a organiza??o espa-
cial da metr?pole. Esta organiza??o caracteriza-se por
usos da terra extremamente diferenciados tais como
o da ?rea central, ?reas industriais e ?reas residenciais
diversas, e pelas intera??es como fluxo de capital, mi-
gra??es di?rias entre local de resid?ncia e local de tra-
balho, e deslocamento de consumidores, que permitem
integrar essas diferentes partes.
Entre processos sociais, de um lado, e organiza??o
espacial, de outro, aparece um elemento mediador, que
viabiliza que os processos originem forma, movimento
e conte?do sobre o espa?o. Este elemento viabilizador
constitui-se em um conjunto de for?as que atuam ao
longo do tempo e que permitem localiza??es, relocaliza-
??es e perman?ncia das atividades e popula??o sobre o
espa?o urbano. S?o os processos espaciais, respons?veis
imediatos pela organiza??o espacial complexa que ca-
racteriza a metr?pole moderna. Tais processos s?o pos-
tos em a??o pelos atores que modelam a organiza??o do
espa?o, propriet?rios dos meios de produ??o, propriet?-
rios de terras, empresas imobili?rias e de constru??o,
associadas ou n?o ao grande capital, e o Estado, confor-
me apontam, entre outros, Form, Harvey e Capel. Cada
um destes atores tem sua pr?pria estrat?gia e entre os
tr?s primeiros h? conflitos que s?o, em maior ou menor
grau, resolvidos pelo Estado, simultaneamente ator e ?r-
bitro destes conflitos.
CORR?A, Roberto Lobato. Trajetórias geográficas.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. p. 121-122.
A organização interna das cidades: a cidade caótica
Como definir a organiza??o interna atual das cidades
brasileiras? Quanto menor a aglomera??o, menor a di-
versidade de sua ecologia social; quanto mais populosa e
mais vasta, mais diferenciadas a atividade e a estrutura
de classes, e mais o quadro urbano ? comp?sito, deixan-
do ver melhor suas diferencia??es.
As cidades, e sobretudo as grandes, ocupam, de modo
geral, vastas superf?cies, entremeadas de vazios. Nessas
cidades espraiadas, caracter?sticas de uma urbaniza??o
corporativa, h? interdepend?ncia do que podemos cha-
mar de categorias espaciais relevantes desta ?poca: ta-
manho urbano, modelo rodovi?rio, car?ncia de infraes-
truturas, especula??o fundi?ria e imobili?ria, problemas
de transporte, extrovers?o e periferiza??o da popula??o,
gerando, gra?as ?s dimens?es da pobreza e seu compo-
nente geogr?fico, um modelo espec?fico de centro-peri-
feria. Cada qual dessas realidades sustenta e alimenta
as demais e o crescimento urbano ?, tamb?m, o cresci-
mento sist?mico dessas caracter?sticas. As cidades s?o
grandes porque h? especula??o e vice-versa; h? especu-
la??o porque h? vazios e vice-versa; porque h? vazios as
cidades s?o grandes. O modelo rodovi?rio urbano ? fator
de crescimento disperso e do espraiamento da cidade.
Havendo especula??o, h? cria??o mercantil da escassez
e o problema do acesso ? terra e ? habita??o se acentua.
Mas o d?ficit de resid?ncias tamb?m leva ? especula??o
e os dois juntos conduzem ? periferiza??o da popula??o
mais pobre e, de novo, ao aumento do tamanho urbano.
As car?ncias em servi?os alimentam a especula??o, pela
valoriza??o diferencial das diversas fra??es do territ?rio
urbano. A organiza??o dos transportes obedece a essa l?-
gica e torna ainda mais pobres os que devem viver longe
dos centros, n?o apenas porque devem pagar caro seus
deslocamentos como porque os servi?os e bens s?o mais
dispendiosos nas periferias. [...]
SANTOS, Milton. A urbanização brasileira.
3. ed. S?o Paulo: Hucitec, 1996. p. 95-96.
O Brasil é menos urbano do que se calcula
Metodologia oficial de cálculo da “taxa de urba-
nização” no país está obsoleta
A vigente defini??o de ?cidade? ? obra do Estado
Novo. Foi o Decreto-Lei 311, de 1938, que transformou
em cidades todas as sedes municipais existentes, in-
dependentemente de suas caracter?sticas estruturais
e funcionais. Da noite para o dia, ?nfimos povoados, ou
simples vilarejos, viraram cidades por norma que con-
tinua em vigor, apesar de todas as posteriores evolu-
??es institucionais. N?o somente as dos per?odos p?s-
-1946, p?s-1964 e p?s-1988, mas tamb?m as que est?o
sendo introduzidas pelo nov?ssimo Estatuto da Cidade.
Por exemplo, ao dispensar da exig?ncia de Plano Diretor
quase todas as ?cidades? com menos de 20 mil habitan-
tes. Ser? razo?vel que no in?cio do s?culo XXI se considere
?cidade? um aglomerado de menos de 20 mil pessoas?
At? 1938 o Brasil n?o teve dispositivo legal que estabe-
lecesse diferen?a entre cidade e vila. Era costume elevar
? condi??o de vila, ou mesmo diretamente ? condi??o de
cidade, r?sticas sedes de freguesia, a mais antiga unida-
de territorial brasileira. E vilas e cidades surgiam at? sem
a pr?via exist?ncia de freguesias. Tanto cidades, quanto
vilas, podiam ser sedes de munic?pios. E os limites geo-
gr?ficos de sua jurisdi??o eram demarcados pelos limites
das freguesias, desde que se tratasse de espa?o com ocu-
pa??o consolidada. At? havia regras para que as cidades
e vilas pudessem exercer suas diferentes fun??es, mas a
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4
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Manual do Professor356
decis?o de criar ou elevar uma localidade ? categoria de
vila, ou de cidade, n?o respeitava qualquer norma.
Iniciativas estaduais de uniformiza??o desse quadro
territorial surgiram com a Rep?blica, mas foi o Estado
Novo que estabeleceu as regras de divis?o territorial que
permanecem em vigor. ? verdade que a partir de 1991 o
IBGE definiu tr?s categorias de ?reas urbanas (urbaniza-
das, n?o urbanizadas, e urbanas-isoladas) e quatro tipos
de aglomerados rurais (extens?o urbana, povoado, n?-
cleo e outros). Todavia, em vez de abolida ou amenizada,
acabou sendo fortalecida pela nova nomenclatura essa
r?gida e vetusta conven??o de que toda sede de munic?-
pio ? necessariamente espa?o urbano, seja qual for sua
fun??o, dimens?o, ou situa??o.
Nada disso teria muita import?ncia se fossem poucos
os casos de sedes municipais que exercem irris?ria pres-
s?o antr?pica sobre ecossistemas pouco artificializados,
?s vezes quase intocados. No entanto, a grande maioria
dos munic?pios brasileiros tem essas caracter?sticas. Bas-
ta dizer que em 70% deles as densidades demogr?ficas
s?o inferiores a 40 hab./km
2
, enquanto o par?metro da
OCDE para que uma localidade seja considerada urbana
? de 150 hab./km
2
. Por este crit?rio, apenas 411 dos 5 507
munic?pios brasileiros existentes em 2 000 seriam consi-
derados urbanos.
O mais bizarro, contudo, ? que a vigente delimita-
??o de car?ter inframunicipal dos territ?rios urbanos
s? ? adotada por um pequeno punhado de pa?ses, como
El Salvador, Equador, Guatemala e Rep?blica Domi-
nicana. Na excelente companhia desses quatro tigres
cucarachos, o Brasil considera urbanos os habitantes de
qualquer sede municipal, mesmo que tais localidades
perten?am a ecossistemas dos menos artificializados.
A distor??o chega a tal ponto que mesmo popula??es
ind?genas ou guardas florestais de ?reas de preserva??o
s?o considerados urbanos caso suas ocas ou palho?as
estejam no interior do per?metro de alguma sede mu-
nicipal ou distrital. S?o in?meros os casos de munic?-
pios com popula??o irris?ria e ?nfima densidade de-
mogr?fica, mas com alt?ssima ?taxa de urbaniza??o?.
Por exemplo, munic?pios como Ipu? (SP), Paranapoema
(PR), Itapo? (SC), ou Minas do Le?o (RS) t?m menos de
12 mil habitantes e menos de 35 por km
2
, mas ?taxa de
urbaniza??o? superior a 90%. Isso para n?o citar muni-
c?pios como Vit?ria do Jar? (AP), com 8 550 habitantes,
0,3 por km
2
, mas 80% de ?urbaniza??o?.
Enfim, o m?nimo que se pode dizer a respeito da me-
todologia oficial de c?lculo da ?taxa de urbaniza??o? do
Brasil ? que ela ? anacr?nica e obsoleta. E a evolu??o das
abordagens de delimita??o urbana no resto do mundo s?
confirma que o uso desse indicador deveria exigir extre-
ma cautela. Para que a configura??o territorial brasileira
n?o permane?a t?o obscura, ? imprescind?vel construir
tipologias alternativas, capazes de captar a imensa diver-
sidade dos munic?pios. Um desafio que come?ou a ser
enfrentado com muito sucesso no estudo Caracteriza-
??o e Tend?ncias da Rede Urbana do Brasil (Ipea/IBGE/
Nesur-IE/Unicamp, 1999). Atualizando-se os resultados
desse trabalho, percebe-se que s? est?o efetivamente na
rede urbana menos de 60% da popula??o brasileira (ver
tabela). E n?o mais de 80%, como imp?e a linha estado-
-novista que baliza a metodologia oficial.
Brasil: rede urbana ? 1991-2000
Conforme tipologia Ipea/IBGE/Nesur-IE/Unicamp (1999)
Tipos N?mero de
munic?pios
Popula??o (milh?es) Varia??o (%)
1991 2000 1991 2000
12 aglomera??es metropolitanas 200 48,5 57,4 8,9 18,4
37 aglomera??es n?o metropolitanas 178 18,5 22,7 4,2 22,8
77 centros urbanos 77 13,2 16,1 2,9 22,0
Urbanos 455 80,2 96,3 16,1 20,0
BRASIL 5 507 146,8 169,6 22,8 15,5
VEIGA, Jos? Eli da. Cidades imagin‡rias: o Brasil ? menos urbano do que se calcula. Campinas: Autores Associados, 2002. p. 63-66.
O lugar e a produção na economia global
? medida que se aproxima o fim do s?culo XX, o enor-
me desenvolvimento das telecomunica??es e a ascend?ncia
das ind?strias da informa??o levaram analistas e pol?ticos
a proclamar o fim das cidades. Estas, dizem-nos eles, devem
tornar-se obsoletas enquanto entidades econ?micas. Com a
realoca??o, em grande escala, dos escrit?rios e f?bricas em
?reas menos congestionadas e de custo mais baixo do que o
das grandes metr?poles, o local de trabalho, computadoriza-
do, poder? situar-se em qualquer lugar: em um ?escrit?rio-
-f?brica? nas Bahamas ou em uma resid?ncia em um bair-
ro elegante. O crescimento das ind?strias da informa??o
possibilitou que muitos dados sejam transmitidos instan-
taneamente a todo o planeta. A globaliza??o da atividade
econ?mica sugere que o lugar ? sobretudo o tipo de lugar
representado pelas cidades ? j? n?o tem mais import?ncia.
Essa afirma??o, por?m, ? parcial. Com efeito, todas essas
tend?ncias est?o se desenvolvendo, mas elas representam
5
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Manual do Professor357
apenas metade daquilo que est? acontecendo. Ao lado da
dispers?o das atividades econ?micas, bem documentada,
ali?s, surgiram novas formas de centraliza??o territorial,
relativas ao gerenciamento no n?vel dos altos escal?es e ao
controle das opera??es. Os mercados nacionais e globais,
bem como as opera??es globalmente integradas, requerem
lugares centrais, onde se exer?a o trabalho de globaliza??o.
Al?m disso, as ind?strias da informa??o necessitam de
uma vasta infraestrutura f?sica que contenha n?s estrat?-
gicos, com uma hiperconcentra??o de determinados meios.
Finalmente, at? as mais avan?adas ind?strias de informa-
??o possuem um processo produtivo.
Uma vez que esse processo ? submetido ? an?lise,
coisas engra?adas acontecem. As secret?rias fazem par-
te dele, do mesmo modo que os encarregados da faxina
dos pr?dios onde os profissionais exercem seu trabalho.
Emerge uma configura??o econ?mica muito diferente da-
quela sugerida pelo conceito de economia da informa??o,
por meio da qual recuperamos as condi??es materiais, os
locais de produ??o e a perten?a a um determinado lugar
que tamb?m fazem parte da globaliza??o e desta mesma
economia da informa??o. Um exame detalhado das ativi-
dades, empresas, mercados e infraestrutura f?sica envolvi-
dos na globaliza??o e concentrados nas cidades permite-
-nos perceber o papel atualmente desempenhado por es-
tas ?ltimas em uma economia global. Assim, quando as
telecomunica??es foram introduzidas em larga escala em
todas as ind?strias adiantadas, na d?cada de 1980, vimos
as regi?es centrais, onde se concentram os neg?cios nas
grandes metr?poles, e os centros empresariais do mundo
? Nova York, Los Angeles, Londres, T?quio, Frankfurt, S?o
Paulo, Hong Kong e Sydney, entre outros ? atingirem uma
densidade como jamais existiu. Essa explos?o da quanti-
dade de empresas estabelecidas nos centros das princi-
pais cidades, durante aquela d?cada, caminha em sentido
contr?rio daquele que se deveria esperar de acordo com
modelos que enfatizam a dispers?o territorial, o que ? es-
pecialmente verdadeiro dado o alto custo da localiza??o
em ?reas centrais.
SASSEN, Saskia. As cidades na economia global.
S?o Paulo: Studio Nobel, 1998. p. 13-14. (Megal?polis.)
A cidade digital
Nossa vida e nossas cidades est?o sendo e ser?o cada
vez mais marcadas pelo advento de redes eletr?nicas
como a internet. S?o mudan?as que possivelmente dar?o
origem a um novo urbanismo, tamanho o impacto que o
mundo digital tem sobre o mundo f?sico. Est? surgindo
novo tipo de cidade, onde se destacam certas por??es
de ?quarteir?es inteligentes?, locais densamente ocupa-
dos e abundantemente interligados por uma car?ssima
infraestrutura de telecomunica??es digitais, segundo
William J. Mitchell, diretor da Escola de Arquitetura e Ur-
banismo do Massachusetts Institute of Technology (MIT)
e autor do vision?rio livro City of bits.
O primeiro impacto tem sido altera??es na distri-
bui??o espacial das atividades econ?micas e sociais. As
novas e mais flex?veis formas de produ??o, marketing e
distribui??o de bens e servi?os acabar?o por eliminar os
padr?es tradicionais de estabelecimento do com?rcio,
da ind?stria e dos prestadores de servi?o dentro da cida-
de. Analisando a quest?o, Mitchell lembra que, para os
indiv?duos, isso implica mudan?as de local de trabalho,
transforma??o da qualidade e do custo de vida de deter-
minados lugares e maior ou menor dificuldade para ter
acesso aos produtos ou tarefas de que necessitam. Para
os arquitetos e planejadores, ? o desafio de conceber
novos locais para as atividades econ?micas, sem des-
cuidar das necessidades dos cidad?os, como empregos
e servi?os sociais. E, para os pol?ticos e administradores
p?blicos, a quest?o maior ? como atender a demanda de
infraestrutura gerada pelas transforma??es.
Os ?quarteir?es inteligentes? permitem que pessoas
e organiza??es atuem em lugares dispersos, mas, ao mes-
mo tempo, estejam interconectadas, em permanente in-
teratividade, com novos, flex?veis e eficientes sistemas
de produ??o, armazenagem e distribui??o.
Isso est? criando um vasto mercado virtual para o tra-
balho, os servi?os e os bens, dando aos vendedores condi-
??es de atingirem potencialmente mais compradores, ao
mesmo tempo em que se d? potencialmente aos compra-
dores mais oportunidades de escolha, pre?os mais van-
tajosos e informa??es mais detalhadas. Ao mudar os sis-
temas de distribui??o, a nova realidade est? igualmente
transformando os lugares de consumo. E, ao suportar inte-
ra??es em tempo real por sistemas de telecomunica??es,
est? produzindo e sustentando comunidades virtuais que,
apesar de dispersas, t?m pr?ticas, linguagens e culturas de
interesse comum.
Quando caracteriza as cidades do s?culo XXI como
sistemas interligados e interativos, Mitchell n?o se refere
apenas aos lugares densamente conectados. ?Vamos en-
contrar intera??o e conex?o tamb?m na escala das rou-
pas, c?modos, constru??es, campi, bairros, regi?es metro-
politanas e infraestruturas globais.?
Mitchell lembra que as atividades suportadas por qual-
quer cidade definem sua infraestrutura e acabam marcan-
do sua personalidade. Na Roma Antiga, a constru??o dos
aquedutos n?o apenas resolveu o problema do suprimento
da ?gua, mas tamb?m estabeleceu o limite entre os terri-
t?rios sanit?rios e os n?o sanit?rios. Quando a Revolu??o
Industrial trouxe g?s e redes de energia el?trica, as cidades
se iluminaram e puderam estender suas atividades para a
noite e, depois, a madrugada. ?A calefa??o, o encanamento
de ?gua quente e os dutos de ar-condicionado permitiram
criar centrais de energia dentro dos pr?dios e tornaram a
vida urbana mais confort?vel.? E Alexander Graham Bell
abriu o caminho para um mundo de lugares conectados.
Para Stephen Graham, professor da Universidade de
Newcastle (Inglaterra), a cidade e a telem?tica s?o hoje
am?lgamas que interagem. A cidade ? a concentra??o f?si-
ca que ajuda a superar as restri??es de tempo minimizando
as limita??es de espa?o. As telecomunica??es, por sua vez,
superam as restri??es de espa?o pela minimiza??o do tem-
po, interligando pontos distantes ? velocidade da luz. Disso
resultaria uma vida urbana mais vol?til e acelerada, mais
incerta, mais fragmentada e mais dif?cil de entender. Ao
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Manual do Professor358
mesmo tempo, a economia globalizada adota as grandes
cidades como centros de controle, sem, contudo, estancar a
tend?ncia paralela de descentraliza??o dos servi?os de roti-
na para fora das metr?poles. Em fun??o dessas mudan?as,
Graham considera que as grandes ?reas urbanas s?o, fun-
damentalmente, ?centros de troca de informa??es?.
A revolu??o digital nos obriga a reinventar os espa-
?os p?blicos, os bairros e as cidades. As transforma??es,
? claro, n?o ocorrem de uma ?nica vez, nem tampouco
atingem todo territ?rio e mesmo toda popula??o. Toda
mudan?a gera conflitos e cria privilegiados, mas sobre-
tudo exclu?dos, em especial no in?cio. Com o decorrer
do tempo, as diferen?as tendem a encurtar-se. Talvez
a nova realidade incentive formas de relacionamento
e outros padr?es sociais que elevem nossa qualidade
de vida. ?O resultado poder? ser pr?dios mistos de mo-
radia e trabalho, bairros 24 horas, ?vizinhos? virtuais e
produ??o e distribui??o descentralizadas?, segundo
Mitchell. ?Temos que aprender a construir ?e-topias?,
ou seja, cidades eletr?nicas, interconectadas global-
mente, para a alvorada do novo mundo.? Ele n?o gosta,
contudo, de ser considerado mais um tecnotriunfalista
ou profeta do ciberespa?o. ?Nossa tarefa ? desenhar o
futuro que queremos, e n?o adivinhar seus caminhos
predeterminados.?
Com a nova realidade, o lugar j? n?o ? mais um impe-
rativo ? basta que o local esteja eletronicamente interco-
nectado. O lugar de trabalho, por exemplo, pode ser a resi-
d?ncia. Isto ?, pode voltar a ser a casa, como j? aconteceu
no passado, antes da Revolu??o Industrial. Essa transfor-
ma??o j? est? acontecendo em muitos lares, exigindo de
arquitetos e decoradores novas concep??es de espa?o,
ambiente e infraestrutura de servi?os. Crescem tamb?m
os servi?os de entrega em domic?lio, um conforto para
quem tem a casa como o centro nervoso de tudo. O que
n?o significa, em absoluto, que os tradicionais lugares de
trabalho, como os escrit?rios, por exemplo, estejam com
os dias contados. [...]
MORENO, J?lio. O futuro das cidades.
S?o Paulo: Senac, 2002. p. 99-100. (Ponto Futuro 11.)
A teoria da “cidade-global”
[...]
? importante observar que a conceitua??o das ?cida-
des-globais? se desenvolve em um per?odo hist?rico (a
partir da d?cada de 70) em que os impactos espaciais da
?revolu??o da inform?tica? e da reestrutura??o produti-
va ? que Harvey (1992) apresenta como a passagem do
sistema de acumula??o r?gida do fordismo para um mo-
delo de acumula??o flex?vel do p?s-modernismo ? s?o
bastante significativos nos pa?ses industrializados. As
cidades do Norte passaram, com o desmonte das estrutu-
ras tradicionais e r?gidas do espa?o da produ??o fordista,
e com a dispers?o espacial permitida pelas tecnologias
de comunica??o, por um forte processo de desconcentra-
??o industrial, exemplarmente verificado na acelerada
degrada??o e abandono de outrora poderos?ssimos cen-
tros industriais fordistas, como, por exemplo, a cidade
norte-americana de Detroit.
Apenas alguns antigos centros industriais com know-
-how acumulado de m?o de obra e possuidores de cen-
tros de pesquisa e desenvolvimento e universidades con-
seguem reciclar-se para o uso de novas tecnologias de
produ??o (LIPIETZ). No mais, a crise de consumo e o alto
grau de desemprego levaram muitos centros urbanos
europeus e norte-americanos ? situa??o de estagna??o
e r?pida degrada??o. Assim, a matriz te?rica da ?cidade-
-global? aparece como para evidenciar um modelo ?que
deu certo?, usando o caso das cidades mais poderosas na
lideran?a desse capitalismo ?p?s-reestrutura??o produti-
va?. O discurso ? o de que s?o justamente as ?cidades-glo-
bais? aquelas que foram ? e ser?o ? capazes de superar o
processo de desindustrializa??o e degrada??o comenta-
do anteriormente, o que explica o esfor?o verificado para
rotular toda grande cidade de ?global?. Afinal, o ?selo de
qualidade global? representaria uma garantia de sobre-
vida em um cen?rio econ?mico incerto.
A busca por uma categoriza??o das cidades em dife-
rentes n?veis de ?globalidade? levou os autores de linha
te?rica a estabelecer um conjunto de ?atributos? neces-
s?rios ? cidade-global, que variam muito pouco de autor
a autor. Em uma abordagem cr?tica, Carvalho resume
com clareza esse racioc?nio:
O tipo ideal que se construiu para definir a cidade-
-global partiu das caracter?sticas comuns observadas
nas metr?poles que sofreram o impacto da globaliza??o
da economia. O que foi a princ?pio compreendido como
especificidade hist?rica vivida por algumas metr?poles
passou a se constituir em atributo a partir do qual se
poderia designar como ?global? determinadas cidades.
Seria, portanto, ?global? a cidade que se configurasse
como ?n? ou ?ponto nodal? entre economia nacional e
o mercado mundial, congregando em seu territ?rio um
grande n?mero das principais empresas transnacio-
nais, cujas atividades econ?micas se concentrassem no
setor de servi?os especializados e de alta tecnologia, em
detrimento das ind?strias. (CARVALHO, 2002, p. 72).
De maneira geral, a palavra-chave dessa interpreta-
??o ? fluxo, para denominar as diferentes din?micas de
deslocamentos espa?o-temporais t?picas da economia
global ?flex?vel? e financeirizada: fluxos comerciais, de
passageiros, de produtos, de dinheiro, de informa??es,
de conhecimento, etc. Podemos resumir da forma que
segue o conjunto de atributos das cidades-globais, se-
gundo a vis?o dos te?ricos da quest?o. Vale notar, en-
tretanto, que se trata de uma rela??o cr?tica. A apre-
senta??o dessa sistematiza??o nos servir? de base de
refer?ncia para, mais adiante, fazer as considera??es
cr?ticas que nos parecem necess?rias. Assim sendo, de-
fine-se que as ?cidades-globais?:
• S?o ?pontos nodais? de rela??o entre a economia global
e a nacional.
• S?o o palco de grande volume de neg?cios transnacio-
nais e recebem intenso fluxo de executivos a neg?cios
(?turismo de neg?cios?).
• Abrigam n?mero significativo de sedes de grandes em-
presas, preferencialmente sedes mundiais de empresas
de atua??o transnacional, com ?nfase nos setores finan
-
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Manual do Professor359
ceiro, bancário, mas também “produtivo de ponta” e
inovadores (telecomunicações, informática, etc.).
• Abrigam bolsas de valores importantes para as transa-
ções regionais e/ou, preferencialmente globais, receben-
do importante fluxo de capitais financeiros.
• Apresentam uma supremacia econômica, às vezes quan-
to ao número de empresas, às vezes quanto ao valor adi-
cionado das atividades terciárias, em especial aquelas
denominadas “de ponta” ou “avançadas”, ou seja, ativi-
dades de apoio às empresas de atuação globalizada: ser-
viços financeiros, de contabilidade, publicidade, consul-
toria de negócios, serviços jurídicos internacionais, outros
serviços empresariais, telecomunicações, apoio em infor-
mática, produção de softwares, etc.
• Concomitantemente, apresentam um declínio signifi-
cativo das atividades industriais fordistas, ou ao menos
das taxas de emprego industrial.
• Têm alto grau de especialização do emprego, em negó-
cios e serviços financeiros e nas atividades de serviços
acima citadas. Ao mesmo tempo concentram atividades
de baixa remuneração relativas a serviços de apoio lo-
gístico, como limpeza e segurança de edifícios, etc.
• Usufruem de ampla e disponível infraestrutura de te-
lecomunicações e informática, tendendo a concentrar-
-se em “distritos” com grande número de edifícios de
alta tecnologia e grande conectividade com os sistemas
internacionais de comunicação.
• Concentram sedes de empresas com significativa parte
de sua receita oriunda de exportações.
• Apresentam importante atividade hoteleira voltada ao
“turismo de negócios”.
• Oferecem infraestrutura para a recepção de grandes
eventos do circuito cultural e esportivo “global”: espe-
táculos da Broadway, grandes exposições, olimpíadas,
feiras universais, etc.
Ou seja, como apontado por Friedmann, as cidade-
-globais seriam o locus privilegiado para a acumulação e
a concentração de capital transnacional, na fase atual do
capitalismo financeiro globalizado.
FERREIRA, J?o Sette Whitaker. O mito da cidade-global: o papel da
ideologia na produ??o do espa?o urbano. Petr?polis: Vozes;
S?o Paulo: Ed. da Unesp; Salvador: Anpur, 2007. p. 22-24.
O espaço rural e a produção
agropecuária
Objetivos
Propiciar aos alunos que associem a diversidade dos
sistemas agr?colas ? heterogeneidade das condi??es natu-
rais, hist?ricas e socioecon?micas dos diversos pa?ses e re-
gi?es do planeta. Na an?lise da agropecu?ria brasileira, os
alunos dever?o compreender que a atual concentra??o da
estrutura fundi?ria, a espacializa??o dos tipos de cultivo e
os graus diferenciados de moderniza??o s?o fruto das con-
di??es hist?ricas e do papel do Estado, cujas diretrizes pol?-
ticas geralmente favoreceram o grande capital em detri-
mento das pequenas e m?dias propriedades.
Atividade complementar
• Solicite aos alunos que, em grupos ou individualmente,
pesquisem em livros, revistas, jornais e na internet as
vantagens e desvantagens socioecon?micas e ambientais:
1. da agricultura org?nica;
2. dos alimentos transg?nicos.
• Oriente-os a redigir um texto apresentando as conclus?es
sobre essas formas de produ??o.
Nessa atividade ? importante que os alunos demons-
trem capacidade de realizar uma pesquisa de forma isen-
ta, sem ideias preconcebidas, apresentando tanto os as-
pectos positivos quanto os negativos de cada modelo para,
a seguir, assumir posi??o cr?tica favor?vel ou desfavor?vel
a cada um deles.
Projeto interdisciplinar
Questão-tema: Que rela??es podem ser estabelecidas entre
a moderniza??o da agricultura e a concentra??o de terras
no Brasil, nas ?ltimas d?cadas?
Disciplinas: Geografia, Biologia e L?ngua Portuguesa.
Tempo de duração: quatro semanas (uma aula por semana,
por disciplina).
Trabalho:
• individual: pesquisa de dados estat?sticos (em anu?rios
estat?sticos, revistas e jornais especializados e na internet),
material iconogr?fico (fotos e document?rios) e pesquisa
cartogr?fica (fontes antigas e recentes).
• em grupo: troca de materiais pesquisados, produ??o de
painel-s?ntese e relat?rio de observa??o.
Forma final do trabalho: gr?ficos representando os dados
obtidos e painel-s?ntese.
Enfoques de trabalho por disciplina:
• Geografia: investiga??o e compreens?o de como as trans-
forma??es tecnol?gicas no campo interferem na estrutu-
ra fundi?ria e na produtividade da terra no Brasil.
• Biologia: identifica??o do uso de insumos no campo, re-
lacionando-o aos problemas de esgotamento e conserva-
??o dos solos.
Unidade 5
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Manual do Professor360
• Língua Portuguesa: leitura de textos e produ??o de texto
dissertativo final.
Etapas do trabalho:
1. Pesquisar, selecionar e interpretar dados estat?sticos.
2. Produzir gr?ficos para facilitar a compreens?o dos fen?-
menos pesquisados.
3. Pesquisar material cartogr?fico de diferentes per?odos
para compreender as transforma??es das paisagens ao
longo do tempo.
4. Identificar, em textos e v?deos, elementos que integram
a quest?o-tema.
5. Reconhecer no espa?o geogr?fico os fen?menos pol?ticos,
sociais, econ?micos e naturais ligados ? quest?o-tema.
6. Identificar e relacionar os elementos que comprovem
ou n?o a quest?o-tema, tais como:
• o uso de tecnologia e a degrada??o do solo;
• a rela??o entre produtividade e tecnologia;
• estrutura fundi?ria, tecnologia e desemprego;
• concentra??o de terras e urbaniza??o.
7. Sistematizar as informa??es em gr?ficos e produzir um
texto dissertativo que responda ? quest?o-tema.
Sugest›es bibliogr‡ficas
CARLOS, A. F. A. (Org.). Novos caminhos da Geografia. S?o
Paulo: Contexto, 1999. p. 76-78. (Caminhos da Geografia.)
Reuni?o de textos que abordam temas variados e episte-
mologia da Geografia.
CARVALHO, J. C. M. de. O desenvolvimento da agropecu?ria
brasileira: da agricultura escravista ao sistema agroindus-
trial. Bras?lia: Embrapa-SPI, 1992.
A primeira parte do livro apresenta uma retrospectiva
hist?rica da forma??o do espa?o agr?cola brasileiro, do
per?odo escravocrata ? forma??o do sistema agroindus-
trial. A segunda parte mostra a a??o do Estado no setor,
do per?odo colonial at? a ditadura militar.
CASTRO, I. E. de; MIRANDA, M.; EGLER, C. A. G. (Org.). Redes-
cobrindo o Brasil: 500 anos depois. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil/Faperj, 1999.
Na parte III deste livro, h? artigos de v?rios autores sobre
diversos temas ligados ? Geografia agr?ria: configura??o
socioespacial, globaliza??o, desenvolvimento sustent?vel
e alternativas para a produ??o familiar. Leia trecho desse
livro na se??o Textos de apoio.
GRAZIANO NETO, F. Quest?o agr?ria e ecologia: cr?tica da
agricultura moderna. S?o Paulo: Brasiliense, 1986.
Na primeira parte, apresenta um hist?rico da forma??o
do espa?o agr?cola brasileiro e, a seguir, analisa os efeitos
da moderniza??o, da inadequa??o tecnol?gica e a quest?o
da produtividade nas atividades agropecu?rias. Leia tre-
cho desse livro na se??o Textos de apoio.
LAMPARELLI, R. A. C.; ROCHA J. V.; BORGHI, E. Geoprocessa-
mento e agricultura de precis?o. Fundamentos e aplica??es.
Gua?ba: Agropecu?ria, 2001.
Livro t?cnico que apresenta os par?metros agron?micos e
as t?cnicas de levantamento (GPS, sensoriamento remoto),
processamento e an?lise de dados (SIG, interpola??o).
MARTINS, J. de S. A vida privada nas ?reas de expans?o da
sociedade brasileira. In: SCHWARCZ, L. M. (Org.). Contrastes
da intimidade contempor?nea. S?o Paulo: Companhia das
Letras, 1998. (Hist?ria da Vida Privada no Brasil, 4.)
Artigo que descreve os conflitos e as mudan?as no modo
de vida nas popula??es regionais (ind?genas, seringueiros
e ribeirinhos), a chegada dos posseiros, a a??o do Estado,
das grandes empresas e da Igreja na expans?o das fron-
teiras agr?colas na Amaz?nia Legal.
MOTTA, M. (Org.). Dicion?rio da terra. Rio de Janeiro: Civili-
za??o Brasileira, 2005.
Dicion?rio que explica os diversos temas de Geografia
agr?ria de forma bem elaborada e aprofundada, escrito
por especialistas acad?micos.
PRADO J?NIOR, C. Hist?ria econ?mica do Brasil. S?o Paulo:
Brasiliense, 1993.
O desenvolvimento e as crises da agricultura s?o analisados
em conjunto com outros fatores da Hist?ria econ?mica
brasileira, nos per?odos colonial, imperial e republicano.
REIFSCHNEIDER, F. J. B. et al. Novos ?ngulos da hist?ria da
agricultura no Brasil. Bras?lia: Embrapa, 2010.
A obra presenta um hist?rico da agricultura no Brasil
desde o in?cio da coloniza??o aos dias atuais; o papel da
pesquisa e do ensino, da agricultura de precis?o e da
sustentabilidade.
SANTO, B. R. do E. Os caminhos da agricultura brasileira. S?o
Paulo: Evoluir, 2001.
O autor apresenta a trajet?ria da agricultura brasileira da
coloniza??o at? os dias atuais, analisa os solos e o clima,
a renda agr?cola, o mercado de trabalho rural, o com?rcio
internacional, a pol?tica agr?cola e as principais culturas
do pa?s. Leia trecho desse livro na se??o Textos de apoio.
SCHIMIDT, B. V.; MARINHO, D. N. C.; ROSA, S. L. C. (Org.). Os as-
sentamentos de reforma agr?ria no Brasil. Bras?lia: UnB, 1998.
Re?ne textos de v?rios autores sobre a reforma agr?ria.
Apresenta v?rios dados qualitativos e quantitativos rela-
tivos aos assentamentos, com uma grande riqueza de
mapas e tabelas.
SILVA, J. B. da; LIMA, L. C.; ELIAS, D. (Org.). Panorama da geo-
grafia brasileira 1. S?o Paulo: Annablume/Anpege, 2006. p.
222-225.
Reuni?o de artigos de v?rios especialistas sobre temas
diversos, como redes e din?micas territoriais, cultura, tu-
rismo, geografia urbana, agr?ria e sistemas naturais.
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Manual do Professor361
SILVA, J. G. da. A nova dinâmica da agricultura brasileira.
Campinas: Unicamp/Instituto de Economia, 1998.
A obra analisa a forma??o dos complexos agroindustriais
no Brasil, as pol?ticas agr?colas, o padr?o de desenvolvi-
mento e a industrializa??o da agricultura.
______. Tecnologia e agricultura familiar. Porto Alegre: UFRGS,
1999.
A obra analisa os avan?os tecnol?gicos na agricultura
brasileira nas ?ltimas tr?s d?cadas, as perspectivas da
agricultura sustent?vel para os produtores familiares e
apresenta um estudo de caso dos produtores de feij?o na
regi?o de Itarar?, no estado de S?o Paulo.
______; GROSSI, M. E. D. A evolu??o da agricultura familiar
e do agrobusiness nos anos 90. In: RATTNER, H. (Org.). Brasil
no limiar do século XXI. S?o Paulo: Fapesp/Edusp, 2000.
(Estante USP ? Brasil 500 anos.)
No texto s?o analisadas a amplia??o da desigualdade
entre a agricultura familiar e as agroind?strias ao longo
da d?cada de 1990, a queda da rentabilidade, o aumento
de atividades n?o agr?colas e a import?ncia das aposen-
tadorias e pens?es para a sobreviv?ncia dos pequenos
agricultores e suas fam?lias.
SZMRECS?NYI, T. Pequena história da agricultura no Brasil.
S?o Paulo: Contexto, 1998. p. 71-73.
Livro paradid?tico que analisa a heran?a do sistema co-
lonial e da escravid?o sobre a organiza??o da produ??o
agr?cola no Brasil, a diversifica??o das culturas, a indus-
trializa??o do campo e a estrutura fundi?ria.
VEIGA, J. E. da. O desenvolvimento agrícola: uma vis?o his-
t?rica. S?o Paulo: Hucitec/Edusp, 2008.
An?lise hist?rica da g?nese do desenvolvimento da agri-
cultura moderna. O autor interpreta os modelos agr?colas
implantados em diversos pa?ses ao longo da Hist?ria;
apresenta as causas e consequ?ncias das pol?ticas agr?-
colas, detendo-se nas quest?es da estrutura fundi?ria,
nas rela??es de trabalho e de produ??o e no papel da
reforma agr?ria.
______. (Org.). Transgênicos: sementes da disc?rdia. S?o
Paulo: Senac, 2007.
Reuni?o de artigos de v?rios especialistas apontando os
riscos, controv?rsias, vantagens e desvantagens do uso
de sementes transg?nicas.
VIANA, G.; SILVA, M.; DINIZ, N. (Org.). O desafio da sustenta-
bilidade: um debate socioambiental no Brasil. S?o Paulo:
Funda??o Perseu Abramo, 2001. (Pensamento Petista.)
Cole??o de artigos sobre temas diversos: globaliza??o,
pol?ticas p?blicas, quest?es urbanas e agr?rias. Na par-
te IV, ?Amaz?nia, agricultura familiar e reforma agr?ria?,
destacam-se os textos: ?Desenvolvimento sustent?vel
na Amaz?nia: o papel estrat?gico do campesinato?, de
Francisco de Assis Costa; ?O desenvolvimento da Ama-
z?nia na vis?o dos produtores familiares rurais?, de Air-
ton Faleiro; ?Por uma reforma agr?ria sustent?vel: a
primeira p?gina do G?nesis a escrever?, de Jean-Pierre
Leroy.
Comentários e respostas das
atividades
Organização da produção
agropecuária
Compreendendo conteúdos
1 A agricultura intensiva ? praticada, sobretudo, nos pa?-
ses desenvolvidos e em algumas ?reas agr?colas capita-
lizadas dos pa?ses em desenvolvimento. Caracteriza-se
pela utiliza??o de t?cnicas aprimoradas no preparo do
solo, na sele??o de sementes, na irriga??o, na mecani-
za??o e utiliza??o intensa de fertilizantes, apresentan-
do, portanto, elevados ?ndices de produtividade e pe-
quena utiliza??o de m?o de obra.
Na pecu?ria intensiva, o gado ? de ra?as selecionadas e
geralmente criado confinado, alimentado com ra??o e
em pastos cultivados; al?m disso, recebe assist?ncia
veterin?ria.
A agricultura extensiva ? praticada nas regi?es pobres do
planeta; ?, portanto, descapitalizada: n?o utiliza m?qui-
nas nem adubos, do que decorrem a baixa produtividade
e a elevada participa??o da popula??o ativa no setor.
A pecu?ria extensiva utiliza gado de ra?as n?o selecio-
nadas, alimentado com pastagens naturais, apresen-
tando baixo rendimento.
2 Na agricultura familiar todas as decis?es relativas ? ad-
ministra??o, aos investimentos e ao que e como produ-
zir s?o tomadas pelos membros de uma fam?lia. Nesse
tipo de agricultura predomina o trabalho realizado pe-
los membros da fam?lia e, ?s vezes, de m?o de obra
contratada. Na agricultura empresarial predomina a
utiliza??o de m?o de obra contratada (assalariada) e
desvinculada do propriet?rio da terra, em car?ter per-
manente ou tempor?rio.
3 Os agroneg?cios s?o todas as atividades envolvidas na
produ??o, comercializa??o, administra??o, processa-
mento, armazenagem e outros ramos que fazem parte
da cadeia produtiva, necess?rios para que um produto
agr?cola chegue ao mercado consumidor.
4 A moderniza??o das t?cnicas agr?colas ? mecaniza??o,
irriga??o, sele??o de sementes, biotecnologia, etc. ? au-
Capítulo 11
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Manual do Professor362
menta a produtividade e reduz a necessidade de mão
de obra atuando diretamente na produção. Em contrapar-
tida, são gerados empregos em atividades secundárias e
terciárias: operadores de máquinas; motoristas; vendedo-
res; administradores; profissionais de limpeza, alimenta-
ção, segurança, etc. Além disso, vem aumentando bastan-
te a densidade de atividades ligadas ao turismo, ao lazer,
à prática de esportes, aos transportes, à energia, etc.
5 A Revolução Verde foi um conjunto de medidas voltadas
ao aumento da produção agrícola nos países pobres,
destacando-se a modernização das práticas agrícolas
(utilização de adubos químicos, inseticidas, herbicidas,
sementes melhoradas) e a mecanização do preparo do
solo, do cultivo e da colheita.
Esse modelo de produção proporcionou aumento de pro-
dutividade por área cultivada e crescimento da produção
de alimentos, mas isso ficou restrito às grandes proprie-
dades que possuíam terras planas que podiam ser me-
canizadas e capacidade de investimento para a compra
das máquinas e insumos. Em muitos países essa moder-
nização da produção, e a consequente substituição dos
trabalhadores por máquinas, provocou êxodo rural e
colaborou para o aumento dos índices de pobreza.
Quanto aos impactos ambientais provocados pela subs-
tituição de policultura por monoculturas destacam-se
a maior proliferação de pragas e doenças e a contami-
nação dos solos e dos recursos hídricos pelos produtos
químicos utilizados – adubos e agrotóxicos.
6 Aspectos positivos: redução do uso de agrotóxicos e a
consequente diminuição nos custos de produção e nas
agressões ambientais; criação de plantas resistentes a
vírus, fungos e a insetos; desenvolvimento de varieda-
des resistentes a secas e a solos ácidos; elevação nos
índices de produtividade.
Aspectos negativos: falta de conclusão nos estudos so-
bre impactos ambientais do seu cultivo em grande es-
cala e sobre os efeitos danosos à saúde humana; apa-
recimento de novas substâncias que podem desenvolver
alergias e outros sintomas; monopólio no controle das
sementes, entre outros.
Desenvolvendo habilidades
Estas atividades possibilitam um trabalho interdisciplinar
com Língua Portuguesa, Biologia e Sociologia.
7 Resposta do aluno. Pode-se comentar, utilizando os da-
dos do texto e o que foi estudado no capítulo, que os dife-
rentes sistemas apresentam vantagens e desvantagens
nos aspectos econômico, social e ambiental, destacan-
do as dimensões do desenvolvimento sustentável.
8 a) O autor reconhece a importância da Revolução Verde
para aumentar a produção e a produtividade, mas
aponta a necessidade de reformar a produção agrí-
cola para a busca do desenvolvimento sustentável.
b) Resposta do aluno. É importante destacar que as
agressões ambientais provocam a necessidade de
gastos para a recuperação do que foi degradado. Por
exemplo, o uso de agrotóxicos aumenta o lucro das
agroindústrias, mas polui as águas de superfície e
subterrâneas e quem arca com o gasto de seu trata-
mento é toda a sociedade por meio do pagamento
de impostos. O mesmo ocorre com a poluição dos rios
com o lançamento de esgoto industrial, o desmata-
mento e outros impactos ambientais.
A agropecuária no Brasil
Dialogando com as disciplinas
1 Trata-se da divisão em capitanias hereditárias, enormes
lotes de terras doados pela Coroa portuguesa aos capi-
tães donatários, com intuito de ocupação territorial, ad-
ministração e crescimento econômico do território bra-
sileiro. Apesar de não ser considerada uma propriedade
privada por si só (visto que os donatários só poderiam
ocupá-las e explorá-las), essa prática originou uma elite
rural que, mais tarde, após a Lei de Terras, que condicio-
nava a aquisição de terras à compra, pôde legitimar sua
posse por meio da violência e do pagamento de taxas.
Muitos latifúndios da atualidade podem ser considerados
uma herança dessa forma de distribuição de terras.
2 Trata-se dos coronéis, grandes proprietários rurais que
estabeleciam uma relação de clientela com os trabalha-
dores de suas terras. Utilizavam-se de métodos coerciti-
vos e da prática de troca de favores para obrigar a popu-
lação local a votar em seus candidatos, de forma a
garantir que seus interesses políticos e econômicos con-
tinuassem a ser respeitados. Seu poder vem de seu papel
enquanto senhor de terras, sendo que muitas vezes fo-
ram adquiridas por seus antepassados como capitanias
hereditárias e legitimadas após a Lei de Terras.
3 A proposta de Reforma Agrária no Brasil surge como
resposta ao temor capitalista da possível influência da
revolução socialista de Cuba nos países latino-america-
nos. Assim, o Estatuto da Terra, que visava a redistribui-
ção de terras concentradas nas mãos de grandes lati-
fundiários, surge como “solução democrática” à “opção
socialista”. Ou seja, trata-se de uma solução capitalista
que busca apaziguar, por meios capitalistas, os anseios
socialistas de divisão igualitária da propriedade privada.
Compreendendo conteœdos
1 Desde o período colonial há predomínio das grandes
propriedades em nossa estrutura fundiária. Mais re-
Capítulo 12
GGB_Geografia_v3_PNLD2018_MP_290_314a368_PE.indd 362 6/4/16 2:20 PM

Manual do Professor363
centemente, entre as d?cadas de 1950 e 1980, a mo-
nocultura e a mecaniza??o em grandes latif?ndios
foram estimuladas por sucessivos governos como mo-
delo de desenvolvimento e crescimento econ?mico.
Dessa forma, at? aproximadamente meados da d?ca-
da de 1990, ?poca em que come?ou a receber mais
apoio e investimento governamental, a agricultura
familiar esteve relegada a segundo plano na formula-
??o das pol?ticas agr?colas, resultando na transfer?ncia
de pequenos propriet?rios e trabalhadores rurais do
campo para as cidades.
2 Nas ?ltimas d?cadas vem ocorrendo grande redu??o na
participa??o da PEA que se dedica ?s atividades agr?co-
las devido a uma associa??o de fatores: ?xodo rural,
mecaniza??o do cultivo e da colheita, industrializa??o
de propriedades rurais com deslocamento da m?o de
obra para atividades secund?rias e terci?rias e instala-
??o de novos empreendimentos no campo (hot?is e
pousadas, parques tem?ticos, usinas hidrel?tricas, etc.)
3 Alguns fatores que podem colaborar para o Brasil au-
mentar sua participa??o no com?rcio internacional de
produtos agr?colas s?o: grande disponibilidade de ter-
ras agricult?veis ? sobretudo no Cerrado; presen?a de
importantes centros de pesquisa, com destaque para
a Embrapa; disponibilidade de tecnologia de ponta e
forma??o de m?o de obra qualificada nas universida-
des e escolas t?cnicas.
Entre os fatores que dificultam esse aumento vale des-
tacar: as defici?ncias de infraestrutura nos setores de
energia el?trica, transportes e armazenagem; as pol?-
ticas protecionistas praticadas por diversos pa?ses
importadores e a baixa disponibilidade de cr?dito e
financiamentos.
4 Observando o gr?fico da estrutura fundi?ria brasileira,
notamos uma enorme concentra??o de terras nas m?os
de uns poucos propriet?rios. 49,7% dos estabelecimentos
ocupam apenas 2,3% da ?rea agr?cola em im?veis meno-
res que 10 hectares, enquanto 1% dos estabelecimentos
ocupa 45,1% da ?rea em im?veis de 1 000 hectares ou
mais. Considerando que os pequenos propriet?rios s?o
os principais respons?veis pelo abastecimento do mer-
cado interno, que existem numerosos trabalhadores
rurais sem terra pr?pria para trabalhar e muitos latif?n-
dios improdutivos, torna-se evidente a necessidade de
realiza??o de uma reforma agr?ria que modernize a es-
trutura fundi?ria, as rela??es de trabalho e a produ??o
agr?cola do pa?s.
Desenvolvendo habilidades
Essas atividades possibilitam um trabalho interdisciplinar
com Hist?ria e Sociologia.
5 a) Pela an?lise do gr?fico, o aumento da produ??o (cer-
ca de 2 milh?es de toneladas em 1970 e 40 milh?es
em 2006) e da produtividade (cerca de 800 kg/ha
para 2600 kg/ha no mesmo per?odo) aconteceu num
ritmo muito superior ao do aumento da ?rea culti-
vada (cerca de 2 milh?es de hectares em 1970 e 15
milh?es em 2006).
b) Esse significativo aumento da produ??o e da produ-
tividade ? fruto de grandes investimentos em meca-
niza??o, irriga??o, pesquisa e desenvolvimento em
biotecnologia.
6 a) Nos Estados Unidos, onde os imigrantes podiam
optar entre se fixar nas cidades ou ?ir para o Oeste?,
formou-se um setor agr?cola composto de unidades
familiares que tinham poder aquisitivo para ajudar
a impulsionar a produ??o industrial e a demanda
por servi?os; al?m disso, a disponibilidade de terras
criou uma relativa escassez de m?o de obra que le-
vou tanto os empres?rios urbanos quanto os agri-
cultores a buscarem aumento de produtividade
associado ao desenvolvimento de novas tecnologias,
conduzindo o desenvolvimento econ?mico do pa?s
como um todo.
b) Nesse item, pode-se enriquecer a discuss?o fazendo
compara??es entre Estados Unidos e Brasil. Segun-
do o texto, ?[...] Nos Estados Unidos, onde as oligar-
quias escravocratas foram derrotadas militarmente,
as elites formadas de imigrantes e descendentes
tinham uma clara consci?ncia do pa?s como uma
na??o em forma??o. Esta consci?ncia se expressa
claramente com o ?Homestead Act?, de 1862, que
visava garantir legalmente a abertura do Oeste para
as levas de imigrantes que come?avam a afluir em
massa da Europa. ? extremamente revelador notar
que, um pouco antes no Brasil, as elites escravocra-
tas procuravam, ao contr?rio, fechar a fronteira agr?-
cola atrav?s da Lei de Terras, de 1850. [...]?. No Brasil,
a exclus?o dos imigrantes e ex-cativos ao acesso ?
propriedade provocou, ao longo da Hist?ria brasi-
leira, intensifica??o do ?xodo rural em condi??es
muito prec?rias, inchamento urbano, limita??o da
expans?o do mercado interno de consumo e conse
-
quentemente do volume de produ??o industrial,
que poderia ser incrementado com a inclus?o de
milh?es de fam?lias no mercado.
c) O acesso ? propriedade promove maior inser??o dos
exclu?dos no mercado de trabalho e de consumo, o
que proporciona possibilidades de crescimento eco-
n?mico e desenvolvimento social. Por sua vez, com
aumento da produ??o e do consumo de mercadorias
agr?colas e industriais, h? gera??o de empregos, au-
mento da participa??o dos sal?rios na renda nacio-
nal, maiores possibilidades de qualifica??o da m?o
de obra, aumento da produtividade, melhoria nas
condi??es de moradia, sa?de, alimenta??o, educa-
??o e lazer, etc.
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Manual do Professor364
Vestibulares de Norte a Sul
Testes
1 C
2 D
3 C
4 A
5 C
6 Os itens 01, 02 e 04 est?o corretos.
7 B
8 E
9 A
10 D
11 D
12 C
Quest›es
13 a) No Rio Grande do Sul h? predom?nio de m?o de
obra familiar porque desde o per?odo colonial foi
incentivada a ocupa??o do territ?rio, principalmen-
te na regi?o serrana, por pequenas e m?dias pro-
priedades que praticam policultura voltada ao
mercado interno de consumo; nesse estado, as
grandes propriedades se localizam predominante-
mente na Campanha Ga?cha por causa do relevo
relativamente plano (coxilhas), que favorece a cria-
??o de gado bovino e a agricultura mecanizada em
grandes extens?es. Em S?o Paulo h? certo equil?-
brio entre m?o de obra familiar e contratados por-
que h? regi?es do estado onde predomina a pro-
du??o mecanizada em grandes propriedades (casos
das produ??es de laranja, caf? e cana-de-a??car,
principalmente) e a produ??o para o mercado in-
terno em pequenas e m?dias propriedades, como
no Vale do Ribeira, Para?ba, sudoeste do estado e
outras localidades.
b) Da d?cada de 1950 aos dias atuais houve grande
aumento de ?rea onde se pratica agricultura em-
presarial no estado de S?o Paulo, o que provocou
substitui??o de produ??o alimentar voltada ao
mercado interno por produ??o de energia (?lcool)
e produtos de exporta??o (laranja, caf?, a??car,
entre outros). Com isso, houve concentra??o de
terras e substitui??o de m?o de obra familiar por
empregados permanentes.
14 a) A maior disponibilidade de alimentos nas d?cadas
recentes est? associada ao aumento da produ??o
e da ?rea destinada ? produ??o agropecu?ria e ao
aumento da produtividade resultante do desenvol-
vimento de novas tecnologias e amplia??o dos
investimentos em insumos e irriga??o, entre outros
fatores.
b) O desenvolvimento sustent?vel busca a preserva-
??o ambiental, o crescimento econ?mico e a justi-
?a social; o desafio consiste em aumentar a produ-
??o agr?cola e pecu?ria com pr?ticas sustent?veis,
evitando a eros?o e a contamina??o dos aqu?feros,
entre outros fatores.
15 Os complexos agroindustriais s?o as unidades agro-
pecu?rias que possuem cadeias produtivas integradas
na busca de articular a produ??o, armazenagem, in-
dustrializa??o, comercializa??o e outras atividades.
Por exemplo, as fazendas que cultivam cana-de-a??-
car para produzir a??car e ?lcool concentram ativida-
des prim?rias, secund?rias e terci?rias (cultivo e co-
lheita, processamento na usina e comercializa??o,
entre outros), caracterizando um complexo agroin-
dustrial.
16 a) Os principais avan?os produtivos obtidos com a re-
volu??o verde foram a manipula??o gen?tica das
plantas, o que aumentou a resist?ncia delas a con-
di??es clim?ticas adversas e a pragas e doen?as, e
grande aumento da produtividade com a utiliza??o
de tratores e sistemas de irriga??o.
b) Com a implanta??o das t?cnicas da revolu??o verde
nos pa?ses pobres e em desenvolvimento houve con-
centra??o de terras e ?xodo rural, entre outros fatores.
17 a) O consumo de agrot?xicos (fertilizantes qu?micos e
inseticidas) provoca aumento na produtividade agr?-
cola porque acelera o ritmo de crescimento das
plantas e evita a ocorr?ncia de pragas e doen?as,
entre outros fatores, alterando o tempo da natureza.
b) A forma??o de um oligop?lio, ou seja, o dom?nio do
mercado por um pequeno grupo de empresas.
c) Contamina??o dos solos, dos aqu?feros e das ?guas
superficiais, a poss?vel contamina??o dos trabalha-
dores e redu??o da biodiversidade.
Caiu no Enem
1 E
2 B
3 E
4 A
5 B
6 A
7 E
8 B
9 A
10 A
11 C
12 D
13 C
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Manual do Professor365
Redes agroindustriais
Com a difus?o desse conjunto de inova??es [tecnol?-
gicas] configurando novos sistemas t?cnicos agr?colas, a
agropecu?ria tornou-se crescentemente dependente do
processo cient?fico-t?cnico de base industrial, minimi-
zando a anterior vantagem relativa representada pela
produ??o localizada nos melhores solos, nas topografias
mais adequadas, entre outros. Al?m disso, aumentou a
possibilidade de aproveitamento dos solos menos f?rteis
e de ocupa??o intensiva de territ?rios desprezados para
tal atividade, relativizando-se as quest?es locacionais,
antes imprescind?veis.
[...]
Nesse sentido, um dos principais signos do agroneg?-
cio e da agricultura cient?fica no Brasil ? uma crescente
interdepend?ncia com os demais setores da economia.
A partir desta interdepend?ncia ocorrem processos fre-
quentes de fus?o com capitais dos setores industriais,
comerciais e de servi?os. Tais fus?es se d?o juntamente
com o aumento de sua presen?a no circuito superior da
economia (SANTOS, 1979).
Outra caracter?stica da difus?o do agroneg?cio ? seu
financiamento totalmente regulado pela economia de
mercado, em raz?o das demandas urbanas e industriais.
As rela??es entre os setores agr?cola e industrial merecem
destaque, por propiciarem o desenvolvimento de muitos
ramos industriais, notadamente dos que fornecem insu-
mos e bens de capital para a agricultura, assim como das
ind?strias que processam os produtos agropecu?rios ?
agroind?strias ?, transformando-os em mercadorias pa-
dronizadas para o consumo de massa globalizado.
Tudo isto leva ? multiplica??o dos espa?os da produ-
??o e das trocas agr?colas globalizadas, e induz os espa?os
agr?colas a in?meras transforma??es, os quais se mos-
tram extremamente suscet?veis de aceita??o do capital
do agroneg?cio. Isto se deve, em parte, ao fato de pos-
su?rem pequena quantidade de peda?os de tempo ma-
terializados, o que permite imediata difus?o do capital
novo e possibilidade de responder mais rapidamente aos
interesses das empresas hegem?nicas dos setores agrope-
cu?rio e agroindustrial.
[...]
Podemos considerar um outro aspecto da reestrutu-
ra??o produtiva da agropecu?ria brasileira, que seria um
processo de integra??o de capitais a partir da centraliza-
??o de capitais industriais, banc?rios, agr?rios, etc., ex-
pans?o de sociedades an?nimas, cooperativas agr?colas,
empresas integradas verticalmente (agroindustriais ou
agrocomerciais), assim como a organiza??o de conglo-
merados empresariais por meio de fus?es, organiza??o
de holdings, cart?is e trustes, com atua??o direta nos
CAIS [complexos agroindustriais] (Delgado, 1985).
Desta forma, a reestrutura??o produtiva da agrope-
cu?ria brasileira resulta na forma??o de redes agroindus-
triais globalizadas que associam: empresas agropecu?-
rias, fornecedores de insumos qu?micos e implementos
mec?nicos, laborat?rios de pesquisa biotecnol?gica,
prestadores de servi?os, agroind?strias, empresas de dis-
tribui??o comercial, empresas de pesquisa agropecu?ria,
empresas de marketing, cadeias de supermercados, em-
presas de fast-food, etc.
Como consequ?ncia, temos a intensifica??o da di-
vis?o social e territorial do trabalho agr?cola, das trocas
intersetoriais, da especializa??o da produ??o e a forma-
??o de diferentes arranjos territoriais produtivos agr?co-
las. Refor?am-se as determina??es ex?genas ao lugar de
produ??o, especialmente no tocante aos mercados cada
vez mais long?nquos e competitivos. Fato semelhante
ocorre em rela??o aos pre?os, internacionais e nacionais,
comandados pelas principais bolsas de mercadorias do
mundo, sobre os quais n?o h? controle local. Da mesma
forma, aumentam as dist?ncias entre os produtores e os
centros de decis?o e de pesquisa.
Tudo isso tem profundos impactos sobre os espa?os
agr?colas, que passam, desde ent?o, por um processo ace-
lerado de reorganiza??o, mostrando-se extremamente
abertos ? expans?o da tecnosfera e da psicoesfera (SAN-
TOS, 1994, 1996, 2000). Organizam-se verdadeiros siste-
mas t?cnicos (de eletrifica??o, de armazenagem, de irri-
ga??o, de transportes, de telecomunica??es, etc.) voltados
para o objetivo de dotar o espa?o agr?cola de fluidez para
as empresas hegem?nicas do setor. Isto induz ? mecani-
za??o dos espa?os agr?colas, e onde a atividade agrope-
cu?rias se d? baseada na utiliza??o intensiva de capital,
tecnologia e informa??o, ? vis?vel a expans?o do meio
t?cnico-cient?fico-informacional, revelando o dinamis-
mo da produ??o do espa?o resultante da reestrutura??o
produtiva da agropecu?ria.
Uma vez que a reestrutura??o produtiva da agrope-
cu?ria privilegia ?reas, produtos e segmentos sociais,
tem acarretado profundos impactos sociais, territoriais e
ambientais, a culminar na territorializa??o do capital no
campo e na oligopoliza??o do espa?o agr?rio.
Desse modo, agrava-se a hist?rica concentra??o
fundi?ria e imp?e-se uma nova din?mica ao mercado
de terras, com forte intensifica??o do valor de troca em
detrimento do valor de uso, contrariando ainda mais
as aspira??es pela Reforma Agr?ria, que se mercantili-
zou na ?ltima d?cada (com a substitui??o da desapro-
pria??o pela compra da terra). Tudo isto promove deci-
sivas transforma??es nas formas de trabalho agr?cola,
no espa?o agr?cola e no incremento da urbaniza??o da
sociedade e do territ?rio.
ELIAS, Denise. Redes agroindustriais e produ??o do espa?o
urbano no Brasil agr?cola. In: SILVA, Jos? Borzacchiello da; LIMA, Luiz
Cruz; ELIAS, Denise (Org.). Panorama da geografia brasileira 1. S?o
Paulo: Annablume/Anpege, 2006. p. 222-225.
1
Textos de apoio
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Manual do Professor366
O acesso ao meio de produção terra
Ao longo de d?cadas, megapropriedades serviram
mais como reserva de valor e/ou para afirma??o de po-
der pol?tico e econ?mico do que para garantir produ??o
e produtividade, portanto, n?o cumprindo a sua fun??o
social. H? 37 anos foi promulgada a Lei n. 4 504/64, co-
nhecida como Estatuto da Terra, que busca for?ar o cum-
primento desse princ?pio. Portanto, o problema n?o ?
de legisla??o. Al?m disso, houve ?desinteresse? durante
d?cadas em se utilizar as terras devolutas da Uni?o para
ceder ?s fam?lias sem terras. Enfim, por mais de um s?cu-
lo, os dirigentes de nossa na??o n?o foram capazes de dar
uma solu??o razo?vel a uma quest?o explosiva. Este foi o
caldo cultural para a ideologiza??o da mat?ria.
O que fizeram outros pa?ses? Tomemos o caso dos
EUA, a maior pot?ncia capitalista. Equacionaram a
quest?o logo no s?culo XIX, ou seja, antes do processo
de industrializa??o do pa?s. A enorme ?rea no meio-
-norte, compreendendo os melhores solos, conhecida
como ?corn belt?, teve uma ocupa??o baseada numa es-
trutura??o fundi?ria planejada. Glebas com menos de
150 acres foram vendidas a pre?os pouco mais que sim-
b?licos, ao longo de uma grande faixa de terras desde o
estado de Michigan at? o de Arkansas. Os estados e os
munic?pios participaram do programa de assentamen-
to. A cada 5 km, constru?ram-se uma escola e uma igre-
ja. Assim, todos tinham acesso a essas duas atividades
b?sicas de sua cultura, sem grande esfor?o de desloca-
mento. ? verdade que, mais tarde, as glebas foram au-
mentando de tamanho at? chegar ao tamanho m?dio
atual da ordem de 400 hectares, tendendo para a faixa
de 500 a 700 hectares, que ? o m?dulo mais adequado
para lavouras de gr?os com os equipamentos modernos.
No Brasil, al?m de vedar o acesso a tanta terra dis-
pon?vel, foram criadas dificuldades adicionais. Uma de-
las foi a institucionaliza??o da figura do ?coronel?, com
poderes de pol?cia em jurisdi??o definida, substituindo a
presen?a do Estado, que se declarava incapaz de prestar
esse indispens?vel servi?o de natureza p?blica pelo inte-
rior do pa?s. Essa ?obra? correspondeu a criar um quase
senhor feudal, com direito a for?a militar e a faculdade
de praticar o arb?trio. Evidentemente, essa pe?a na estru-
tura pol?tico-administrativa serviu tamb?m para garan-
tir a intocabilidade dos latif?ndios.
Outros resqu?cios de formas atrasadas de organizar
o sistema produtivo ainda continuam por a?: ?meia??o?,
pela qual troca-se o direito de plantio pelo pagamento de
parcela da produ??o; e a concess?o do ?direito? de plantar
em troca de pagamento com servi?o nas terras do pro-
priet?rio (na Idade M?dia, a isso se chamava ?corveia?).
Ainda hoje, assiste-se a pr?ticas ?generosas? de grandes
propriet?rios em ?reas de expans?o de fronteira. Cedem
parcelas de mata virgem ?s fam?lias para que desmatem,
? m?o, com t?cnicas rudimentares ? base de machado e
fogo, plantem arroz, milho ou feij?o e devolvam a gleba
com a pastagem formada. Em seguida, oferecem uma
nova ?rea para desmatamento. Milhares de fam?lias es-
t?o aceitando essa parceria, por falta de alternativa de
vida. A isso se d? o nome de agricultura itinerante. Por
sinal, o termo ? apropriado e bem expressivo, pois da?
pode-se esperar s? o que os n?mades conseguem: quase
nada. Isso em pleno s?culo XXI.
A administra??o da posse e do uso da terra era uma
quest?o de poder pol?tico, al?m de econ?mico. A rela??o
social de produ??o manteve as conveni?ncias do poder
estabelecido at? a fase da chamada ?Rep?blica Velha?.
Contudo, a economia de mercado n?o convive com for-
mas pr?-capitalistas de produ??o. A t?tulo de exemplo,
tome-se o caso do Jap?o, segunda maior pot?ncia capita-
lista do mundo. Os EUA, ap?s derrotarem aquele pa?s na
2
a
Guerra Mundial, implantaram a reforma agr?ria como
uma das primeiras medidas de pol?tica econ?mica para
modernizar a economia nip?nica.
SANTO, Benedito Rosa do E. Os caminhos da agricultura brasileira.
S?o Paulo: Evoluir, 2001. p. 95-96.
Os desafios da agricultura no contexto do desenvolvimento sustentável
Pensar o desenvolvimento (rural) sustent?vel implica
pensar que estrat?gias e desafios ser?o utilizados para tor-
nar o progresso humano vi?vel. Assim, o planejamento do
desenvolvimento deve levar em conta, simultaneamente,
seis dimens?es, assim constitu?das, a partir das ideias de
Sachs (1994), Flores e Nascimento (1994) e Cruz (1995):
• sustentabilidade econômica: deve ser viabilizada atrav?s
de projetos e iniciativas (p?blicas e privadas) que pos-
sam gerar uma rentabilidade econ?mica, tornando pos-
s?vel a participa??o da popula??o para melhorar sua
qualidade de vida;
• sustentabilidade ecológica: deve ser orientada para bus-
car a harmonia e o equil?brio com a natureza, atrav?s
de pr?ticas que n?o destruam o meio ambiente;
• sustentabilidade social: deve fazer com que os benef?cios
do desenvolvimento atinjam todos os membros da so-
ciedade para que possam satisfazer suas necessidades
econ?micas, sociais, pol?ticas e culturais;
• sustentabilidade espacial ou geográfica: deve ser di-
rigida para obter uma configura??o rural-urbana
mais equilibrada e uma melhor distribui??o territo-
rial dos assentamentos humanos e das atividades
econ?micas;
• sustentabilidade cultural: as a??es devem respeitar as
tradi??es, os costumes e as especificidades das diferen-
tes sociedades;
• sustentabilidade política: os enfoques do desenvolvi-
mento devem ser capazes de gerar bases consensuais e
de participa??o democr?tica, considerando os diferentes
setores e posi??es ideol?gicas da sociedade.
Quanto ao espa?o rural, os objetivos da sustentabili-
dade est?o associados ao objetivo da produ??o agr?cola.
Portanto, os desafios b?sicos s?o no sentido de aumentar
a produ??o e a riqueza social em depend?ncia externa
(desafio econ?mico); reduzir as desigualdades sociais, pro-
porcionando uma distribui??o mais equitativa dos bene-
2
3
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Manual do Professor367
f?cios ? popula??o envolvida no processo (desafio social); e
manter a qualidade do meio ambiente e a preserva??o das
fontes de recursos energ?ticos e naturais para as gera??es
futuras (desafio ecol?gico).
Para tornar esses desafios realidade ? necess?rio que
um programa de desenvolvimento rural sustent?vel con-
sidere o homem como centro do processo, conforme j? evi-
denciado, assumindo uma perspectiva a longo prazo, pois
uma mudan?a radical do padr?o tecnol?gico adotado n?o
ser? feita de forma r?pida.
Para ?cumprir? os desafios que s?o impostos ? gran-
de empresa rural (ou ? agricultura moderna), algumas
medidas a serem tomadas s?o fundamentais na ruptura
com o atual padr?o produtivo da Revolu??o Verde, ?pois
n?o ? f?cil entender como o uso de produtos qu?micos
que t?m contaminado o ambiente, os recursos naturais e
os alimentos possa ser enquadrado no conceito de agri-
cultura sustent?vel? (Paschoal, 1995:12).
A participa??o da sociedade civil no empreendimen-
to dessas medidas ? de fundamental import?ncia e deve
ser viabilizada no ?sentido? de lutar:
• por uma pol?tica ambiental e conserva??o dos recursos
naturais;
• por uma coopera??o para satisfazer as necessidades da
popula??o;
• por melhor distribui??o das riquezas e otimiza??o de
resultados, com o objetivo de reduzir a pobreza, eliminar
a mis?ria, aumentar a oferta de empregos;
• pela seguran?a alimentar;
• pela ado??o de pol?ticas p?blicas que estimulem a subs-
titui??o de sistemas produtivos simplificados por siste-
mas rotacionais diversificados;
• pela produ??o de alimentos com elevada qualidade nu-
tritiva e em quantidades suficientes para atender ? de-
manda global;
• pelo fortalecimento da pesquisa agropecu?ria.
Em s?ntese, um dos maiores desafios da humanidade e,
seguramente, o maior desafio do s?culo XXI no processo de
desenvolvimento rural sustent?vel ser? ?conciliar o atendi-
mento da seguran?a alimentar de uma popula??o mundial
? que continuar? a crescer rapidamente ? com a necessidade
de conservar os recursos naturais? (Ehlers, 1995).
PESSOA, Vera L?cia Salazar. Desenvolvimento rural sustent?vel:
desafios na quest?o ecol?gica, econ?mica e social da grande empresa
rural no Brasil. In: CASTRO, In? Elias de; MIRANDA, Mariana; EGLER,
Cl?udio A. G. (Org.). Redescobrindo o Brasil: 500 anos depois. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil/Faperj, 1999. p. 246-248.
Industrialização da agricultura
De 1930 a 1970 estabeleceu-se e consolidou-se no pa?s
um novo padr?o de desenvolvimento, crescentemente
baseado nos setores urbanos e industriais da economia
e cada vez mais voltado para o atendimento de um mer-
cado interno em franca expans?o. At? o final da d?cada
de 1920, a economia brasileira fora predominantemente
rural e correspondia grosso modo ao chamado modelo
prim?rio-exportador, no qual o setor agropecu?rio cons-
titu?a o setor dominante. Nas d?cadas subsequentes ?
grande crise de 1929/30, ela evoluiu para uma economia
urbanizada e industrializada, na qual o setor agropecu?-
rio deixou de constituir o segmento dominante, cedendo
lugar aos setores industrial e de servi?os, nada perdendo
todavia de sua import?ncia em termos absolutos, no que
se refere ? gera??o de renda, de empregos e de divisas. [...]
Deixando de lado essa quest?o conceitual e voltando
para o que nos interessa mais de perto, podemos consta-
tar que foi no per?odo de 1930 a 1970 que se completou a
integra??o funcional dos setores agropecu?rio e indus-
trial da economia brasileira. Trata-se de um processo da
maior import?ncia para o desenvolvimento de ambos,
inclusive porque acabou se dando em ?mbito nacional,
e n?o apenas em n?vel regional. Dentro desse processo, a
produ??o agropecu?ria do pa?s teve um comportamento
dos mais din?micos, sem o qual, ali?s, o novo padr?o de
desenvolvimento econ?mico nem teria podido assumir
as propor??es e a intensidade que chegou a alcan?ar no
per?odo em pauta. E isto se deu porque foram em boa
parte as transforma??es na produ??o agropecu?ria que
condicionaram tanto o ritmo como o car?ter da indus-
trializa??o e da urbaniza??o no Brasil.
Os principais aspectos dessas transforma??es foram,
al?m da diversifica??o da produ??o analisada no cap?tu-
lo anterior, de um lado, a expans?o da fronteira agr?cola
e, de outro, o aumento da produtividade do trabalho ? ou
seja, das quantidades produzidas por pessoa ocupada
no setor. Tal aumento ? atestado pelo fato de a produ-
??o agropecu?ria nunca ter cessado de crescer, apesar da
continuidade e da cada vez maior intensidade das migra-
??es rural-urbanas, e n?o obstante o baixo incremento
num?rico e, ?s vezes, a estagna??o e at? o decr?scimo
num?rico da for?a de trabalho no campo. A crescente
produtividade da m?o de obra empregada no setor agro-
pecu?rio aumentou a disponibilidade dos produtos de
origem vegetal e animal por habitante, possibilitando
o abastecimento em n?veis relativamente satisfat?rios,
n?o apenas de uma popula??o urbana cada vez mais nu-
merosa (e, em alguns casos, cada vez mais rica), mas tam-
b?m de um crescente n?mero de ind?strias compradoras
e transformadoras de seus produtos.
SZMRECS?NYI, Tam?s. Pequena história da agricultura no Brasil.
S?o Paulo: Contexto, 1998. p. 71-73.
A modernização da agricultura brasileira
Primeiro ? necess?rio discutir algo sobre o conceito
de moderniza??o. Normalmente quando se fala em mo-
derniza??o da agricultura pensa-se apenas nas modifi-
ca??es ocorridas na base t?cnica de produ??o, na substi-
tui??o das t?cnicas agr?colas tradicionalmente utilizadas
por t?cnicas ?modernas?: o burro pelo trator, o estrume
pelo adubo qu?mico, a enxada pelo arado. E, quando se
pretende avaliar o processo de moderniza??o, procura-se
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analisar apenas a evolução dos índices de utilização das
máquinas e dos vários insumos agropecuários.
Modernização, porém, significa muito mais que isso.
Ao mesmo tempo que vai ocorrendo aquele progresso téc-
nico na agricultura, vai-se modificando também a organi-
zação da produção, que diz respeito às relações sociais (e
não técnicas) de produção. A composição e a utilização do
trabalho modificam-se, intensificando-se o uso do “boia-
-fria” e do trabalhador volante; a forma de pagamento da
mão de obra é cada vez mais a assalariada; os pequenos
produtores, sejam proprietários, parceiros ou posseiros,
vão sendo expropriados, dando lugar, em certas regiões, à
organização da produção em moldes empresariais.
Com este processo de transformação da agricultura,
os chamados agricultores de subsistência – cuja princi-
pal determinação da produção é o consumo próprio da
família trabalhadora, levando ao mercado apenas o exce-
dente da produção – vão dando lugar ao surgimento das
empresas rurais, capitalistas, onde as determinações do
mercado e a racionalidade do lucro são os condicionan-
tes fundamentais do processo de produção. Ou, então, os
agricultores de subsistência dão lugar a empresas fami-
liares, que não usam trabalho assalariado, mas se rela-
cionam com o mercado, ou seja, produzem mercadorias.
[...]
Qualquer processo de transformação, portanto, pode
ser ótimo para uns e um desastre para outros. E nunca
vai ser diferente nas sociedades divididas em classes,
principalmente naquelas onde as classes sociais têm in-
teresses contraditórios e opostos, onde há classes domi-
nantes e classes dominadas.
A rápida acumulação de capital da qual certos setores
agrícolas e industriais se beneficiam com nossa transfor-
mação agrícola e a miséria crescente que esta tem pro-
vocado na população de baixa renda são os dois lados da
moeda. É preciso tirar o véu da modernização para ver
seus verdadeiros traços.
GRAZIANO NETO, Francisco. Questão agrária e ecologia: cr?tica da
agricultura moderna. S?o Paulo: Brasiliense, 1986. p. 26-28.
A revolu•‹o tecnol—gica
A revolução tecnológica está provocando transfor-
mações, embora ainda persista a essência do problema
[concentração de terras e precárias relações de traba-
lho]. A lógica do sistema de produção está mudando.
O ritmo de comercialização atual requer rotativida-
de mais rápida no ciclo produção-comercialização. O
custo-oportunidade das inversões no campo concor-
re, hoje, com alternativas atrativas, buscando capitais
que, no passado, tinham menos opções de aplicação.
A produtividade do trabalho no campo tornou-se uma
variável mais importante, de forma semelhante ao
que ocorrera no meio urbano. Os custos referentes às
obrigações trabalhistas praticamente inviabilizaram o
modelo antigo de grandes fazendas com elevado nú-
mero de trabalhadores e outras formas de agregados.
Tudo isso induz à utilização mais intensa do solo, de-
sestimula as megapropriedades e torna anacrônicos
os latifúndios improdutivos.
Na outra extremidade, ocorre fenômeno preocu-
pante. Os pequenos estabelecimentos têm dificuldade
de incorporar novas tecnologias e equipamentos, os
quais exigem nível de produtividade e escala mínima
de produção. E, se continuam no sistema produtivo tra-
dicional, têm poucas chances de melhorar as condições
de vida de seus ocupantes e de subsistir. Recentemente,
surgiu mais um desafio: oferecer produtos a comprado-
res com exigências crescentes, seja aos industriais, seja
aos comerciantes. A apresentação do produto e suas
características intrínsecas podem abrir ou fechar mer-
cados, além de condicionar a remuneração. Para tanto,
são necessários equipamentos e tecnologia modernos.
Excetuando nichos de mercado, essas novas exigências
colocam mais dificuldades aos pequenos do que aos
grandes produtores. Assim, infelizmente, os pequenos
produtores que não acompanham a inovação tecnológi-
ca são rejeitados pelo mercado e derivam para um mo-
delo de subsistência, com baixas produtividade e renda.
Entretanto, suas chances de competir aumentam quan-
do ingressam na trilha do associativismo e do coopera-
tivismo, onde podem assimilar inovações tecnológicas
em grupo.
[...]
SANTO, Benedito Rosa do E. Os caminhos da agricultura brasileira.
S?o Paulo: Evoluir, 2001. p. 97.
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Tratores em um campo de milho na Calif?rnia (Estados Unidos), em 2014.
Mardis Coers/Moment Mobile/Getty Images
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