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GUERRA DO CONTESTADO: CAUSAS, INTERESSES E POSSIBILIDADE DE
PENSAR UM POVO SE LEVANTANDO CONTRA A TIRANIA - UMA
CONTRIBUIÇÃO AOS QUE INICIAM SEUS ESTUDOS SOBRE O CONTESTADO.
NILSON CESAR FRAGA
Geógrafo – Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento
Coordenador do Observatório do(s) Centenário(s) da Guerra do Contestado – UEL
Coordenador do Laboratório de Geografia, Território, Meio Ambiente e Conflito – GEOTMAC – UEL
Coordenador do Grupo: Geografia(s) Territorial(is) Paranaense(s) – UEL
Coordenador do Grupo: Geografia Política, Território, Poder e Conflito – UEL
Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Geociências – UEL
Programa de Pós-Graduação em Geografia, Mestrado e Doutorado – UEL
Programa de Pós-Graduação em Geografia, Mestrado e Doutorado – UFPR
[email protected]
“Nois não tem direito de terras, tudo é para a gente das Oropa”
Este texto, que reflete e resume, fragmentalmente, os 100 anos de uma Guerra esquecida
no(do) Paraná é fruto de buscar os limites impostos pelo silencio desta Guerra que,
lamentavelmente, não ecoa nas atividades cívicas estaduais, nem mesmo na Secretaria de Estado
de Educação.
Inicia-se, afirmando, que a região do Contestado vive, historicamente, a complexidade e
os paradoxos que serão mostrados neste texto que possui um cunho didático e pedagógico..
Qualquer proposta que venha ser elaborada no futuro, para romper o subdesenvolvimento
regional, necessita considerar os fatores da sua identidade cultural, dando razão e manutenção à
sua existência no conjunto da União Nacional – ou seja, garantir que os povos que habitam, hoje,
a região do Contestado, no Paraná e em Santa Catarina, sejam reconhecidos, antes de tudo, como
cidadãos e cidadãs, com uma forte identidade regional, nesse caso, a cabocla.
ANTECEDENTES: DOS INTERESSES, DOS CRIMES E DA GUERRA
A rigor, a Guerra do Contestado, dentro da qual se insere a cruenta e prolongada
campanha militar da década de 1910, tem como pontos extremos os anos de 1494 a 1946.
A 7 de julho de 1494, reuniram-se na localidade espanhola de Tordesilhas, os
representantes diplomáticos de Portugal e Espanha para assinar, em conjunto, a “Capitulação da
Partilha do Mar Oceano”, ato que fica conhecido como Tratado de Tordesilhas, confirmado em
Arévalo, a 2 de julho seguinte.