Hogwarts e a Escola Regular - As Implicações da Escola Regular no Cenário Bruxo. Ediana Ramos

939 views 87 slides Jul 07, 2017
Slide 1
Slide 1 of 87
Slide 1
1
Slide 2
2
Slide 3
3
Slide 4
4
Slide 5
5
Slide 6
6
Slide 7
7
Slide 8
8
Slide 9
9
Slide 10
10
Slide 11
11
Slide 12
12
Slide 13
13
Slide 14
14
Slide 15
15
Slide 16
16
Slide 17
17
Slide 18
18
Slide 19
19
Slide 20
20
Slide 21
21
Slide 22
22
Slide 23
23
Slide 24
24
Slide 25
25
Slide 26
26
Slide 27
27
Slide 28
28
Slide 29
29
Slide 30
30
Slide 31
31
Slide 32
32
Slide 33
33
Slide 34
34
Slide 35
35
Slide 36
36
Slide 37
37
Slide 38
38
Slide 39
39
Slide 40
40
Slide 41
41
Slide 42
42
Slide 43
43
Slide 44
44
Slide 45
45
Slide 46
46
Slide 47
47
Slide 48
48
Slide 49
49
Slide 50
50
Slide 51
51
Slide 52
52
Slide 53
53
Slide 54
54
Slide 55
55
Slide 56
56
Slide 57
57
Slide 58
58
Slide 59
59
Slide 60
60
Slide 61
61
Slide 62
62
Slide 63
63
Slide 64
64
Slide 65
65
Slide 66
66
Slide 67
67
Slide 68
68
Slide 69
69
Slide 70
70
Slide 71
71
Slide 72
72
Slide 73
73
Slide 74
74
Slide 75
75
Slide 76
76
Slide 77
77
Slide 78
78
Slide 79
79
Slide 80
80
Slide 81
81
Slide 82
82
Slide 83
83
Slide 84
84
Slide 85
85
Slide 86
86
Slide 87
87

About This Presentation

Pontos relevantes do cotidiano escolar são recorrentes na literatura, no cinema e demais demonstrações artísticas. Qual a razão? O que há de tão fascinante e/ou angustiante que inspira autores a trabalhar com tal temática e a nós reconhecê-los? Partindo das minhas inquietações e question...


Slide Content

!1
NITERÓI
2017

!2
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
EDIANA DOS SANTOS RAMOS
HOGWARTS E A ESCOLA REGULAR
AS IMPLICAÇÕES DA ESCOLA REGULAR NO CENÁRIO BRUXO


Niterói
2017

!3
EDIANA DOS SANTOS RAMOS
HOGWARTS E A ESCOLA REGULAR
AS IMPLICAÇÕES DA ESCOLA REGULAR NO CENÁRIO BRUXO
Orientadora:
Prof.a Dr.a Andrea Serpa Albuquerque
Niterói
2017
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
curso de Licenciatura em Pedagogia, como
requisito parcial para conclusão do curso.

!4

!5
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
PARECER SOBRE MONOGRAFIA
HOGWARTS E A ESCOLA REGULAR
AS IMPLICAÇÕES DA ESCOLA REGULAR NO CENÁRIO BRUXO
Autora: Ediana dos Santos Ramos

Orientadora: Prof.ª Drª. Andrea Serpa Albuquerque
Parecerista: Prof.ª Dr.ª Margareth Martins de Araújo

A presente monografia foi desenvolvida mediante análise documental e
entrevistas com leitores da saga Harry Potter e teve na Hogwarts School of Witchcraft and
Wizardry, escola fictícia, como espaço de pesquisa. Investiga, analisar e discutir alguns aspectos
presentes em Hogwarts, pertencentes à escola regular, neste caso dando, maior ênfase à brasileira a
autora buscou perceber quais os pontos relevantes do cotidiano escolar são recorrentes na literatura,
no cinema e demais demonstrações artísticas. Também aprofundou alguns questionamentos como:
Qual a razão? O que há de tão fascinante e/ou angustiante que inspira autores a trabalhar com tal
temática e a nós reconhecê-los?
É visível a dedicação de Ediana à realização processual deste estudo. Sugiro a ampliação do
diálogo entre a teoria e a prática, o aprofundamento dos achados da pesquisa e, breve revisão.
Certamente, no que se refere á tradução do movimento captado durante a pesquisa, esse é um estudo
que muito tem a revelar ainda.
Das Considerações finais destaco:
A maior conclusão que tiro deste trabalho, é que o tema abordado não se trata de fatos isolados,
acontecidos pelo acaso, possuem marcas, de tempos em tempos tendem a ressurgir e cabe a nós
ficarmos atentos, não deixar as memórias se apagarem, principalmente as mais dolorosas e as
utilizarmos para mostrar as futuras gerações a face conta qual devemos permanecer lutando,
especialmente neste momento em que torna-se mais difícil preservar a história quando ela é
intencionalmente apagada do currículo escolar. (Ramos, 2017:63)
Por considerar as contribuições trazidas pela autora ao estudo do tema, entendo que esta monografia
deva ser aprovada com nota 8,0 (oito).
Niterói, 30 de junho de 2017.
____________________________
(Parecerista)

!6
EDIANA DOS SANTOS RAMOS
HOGWARTS E A ESCOLA REGULAR
AS IMPLICAÇÕES DA ESCOLA REGULAR NO CENÁRIO BRUXO
Aprovada em 30 de junho de 2017.
__________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Andrea Serpa (orientadora)
UFF - Universidade Federal Fluminense
___________________________________________________
Prof.ª Drª Margareth Martins de Araújo (parecerista)
UFF- Universidade Federal Fluminense
Niterói
2017
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
curso de Licenciatura em Pedagogia, como
requisito parcial para conclusão do curso.

!7

À minha mãe por todos os incentivos, a Jo Rowling por
me inspirar todos os dias e ao Dobby, o elfo livre.

!8
AGRADECIMENTOS
À meus pais e irmão pelo carinho, apoio, incentivo e investimento, especialmente a
minha mãe que principalmente na reta final, falava o tempo "Ediana vá terminar essa
monografia!" mesmo se eu estivesse dormindo. Rs!
À minha orientadora Andrea por me dizer sim e com isso mesmo sem perceber, renovou
minhas forças e a vontade de continuar.
À Jo Rowling por ser um exemplo e ter nos presenteado com a Saga Harry Potter, responsável
por me inspirar a seguir uma temática diferente neste trabalho de conclusão de curso e por ter
permitido que estudasse sua obra para esta finalidade.
À Silvia, Sabrina, Mattedi e Derek por serem os amigos mais incentivadores e presentes,
sempre com uma palavra de apoio a cada capítulo que liam.
À todos os professores que foram significantes na minha vida e na minha formação, não foi
à toa que escolhi seguir esta carreira.
À FEUFF por ter me ajudado a realizar um sonho de infância, fazer parte do seu corpo
estudantil e sei o quanto amadureci principalmente como ser humano graças a tudo o que aprendi ali
dentro.
À Edith e Esteban pelos puxões de orelhas merecidos. Tourinho, Dácio, Jairo, Léa Calvão,
Lygia Segala, Débora Costa, Isabela Marotto, Delou, Sepulveda, Tania de Vasconcellos, Alessandra
Schueler, Eliane Arenas, Elza Dely, Hustana Vargas, André Martins, Maria Cecília, Percival,
Parada, Jairo, Tânia Muller, Nicholas Davies, Tathianna Dawes, Isabel Fonseca e Maria Vittória por
estimularem minha vontade de aprender cada vez mais.
À Débora Costa, Renata Silva, Céldon e Margareth pelas dicas e percepções acerca do
trabalho.
Á Jéssica por ter estado comigo nos momentos em que mais precisei, foi mais fácil passar por
isto com o seu apoio, sabendo que podia contar com alguém que estava passando pelo mesmo que
eu e que me entendia.
Ao Carlos, Lúcio, Valéria, Erica e Bruno pela disponibilidade, sensibilidade e vontade de
ajudar sempre que recorri.

!9
À Emily Muniz, Jéssica, Karen, Dani, Tamiris, Lud, Isis, May, Taye, Thayane, Simone,
Sania, Léo, Stephany , Thai Cobucci, Aline Ribeiro, Carlos, Maryvalda, Tom Fletcher, Dougie
Poynter, Emma Watson, May Nascimento, Aline Mary, Gabi Pant, Ana Salim, Kel, Lola, Diva, Jess,
Monara, Susu, Quérol, Pri, Paola, Armada, Helga Hufflepuff, e a todos que se dispuseram a
responder a entrevista: Liana Klein, Bárbara Ramirez, Silvia Wayne (de novo! Rs!!), Dal Prá, Carla
Priscilla, Ana Beatriz Nunes, Isabelle Dias, Julia Mesquita, Ana Paula Souza, Raíssa Farias, Carla
Cardoso, Marina Valle, Renan Pereira, F.G, Márcio Rebeque, Mayara Nascimento (novamenteee!
Rs!), Jonathan, Claudia Arnéz e Livia Bravo. Vocês foram espetaculares!!!!
E por fim gostaria de agradecer a galera do primeiro semestre de 2010/ Manhã pelas conversas
no térreo, pelas risadas, pela unidade, pelo companheirismo e por ser a melhor turma que poderiam
ser. Não foi por acaso que fomos parar todos juntos no mesmo lugar! Obrigada a todos por tudo!

!10

Pode-se encontrar a felicidade mesmo nas horas mais sombrias, se a pessoa se lembrar
de acender a luz.
Joanne Kethleen Rowling

!11
RESUMO
Pontos relevantes do cotidiano escolar são recorrentes na literatura, no cinema e demais
demonstrações artísticas. Qual a razão? O que há de tão fascinante e/ou angustiante que inspira
autores a trabalhar com tal temática e a nós reconhecê-los? Partindo das minhas inquietações e
questionamentos, decidi utilizar como objeto de estudos, Hogwarts School of Witchcraft and
Wizardry, a escola fictícia pertencente ao best-seller Harry Potter, e através dela tentar encontrar tais
respostas. O presente estudo, tal qual objetivos, justificam-se pelo desejo de investigar, analisar
e discutir alguns aspectos presentes em Hogwarts, pertencentes à escola regular, neste caso dando
maior ênfase à brasileira. A pesquisa pôde ser desenvolvida mediante análise documental e
entrevistas com leitores da saga, tendo em vista a elucidação dos objetivos propostos. Cada livro da
saga indiretamente pontua um ano letivo, embora um maior detalhamento no ponto de vista
educacional ocorra no primeiro, quinto e sexto livros. Neste trabalho de conclusão de curso, será
discutida a relação do preconceito presente no cotidiano escolar, com a criação de Hogwarts e
consequentemente a sua subdivisão em casas. O intuito é apresentar como a escola, seja ela muggle
ou bruxa, pode ser reprodutora da dinâmica social, legitimando a sociedade e suas desigualdades.
Pretendo também relacionar aspectos relevantes da educação brasileira durante o Regime Militar,
com os dois maiores golpes sofridos pela comunidade bruxa que resvalaram fortemente em
Hogwarts: a intervenção do Ministério de Magia no funcionamento da instituição, precedida pela
retomada de Lorde Voldemort ao poder interrompido em 1981.
Palavras-chave: Hogwarts. Harry Potter. Escola Regular. Ditadura Militar. Movimento Estudantil.

!12
ABSTRACT
Relative matters of everyday school life are recurrent in literature, cinema and other artistic
demonstrations. What is the reason? What is so fascinating and / or harrowing that inspires authors
to work on such a topic and us to recognize it? Starting from my worries and questions, I decided to
use as an object of study, Hogwarts School of Witchcraft and Wizardry, the fictional school
belonging to the bestseller Harry Potter, and through it try to find such answers. The present study,
as its objectives, is justified by the desire to investigate, analyze and discuss some items in
Hogwarts, belonging to the regular school, in this case giving greater emphasis to the brazilian
school. The research could be developed by documentary analysis and interviews with readers of
the saga, in view of the elucidation of the proposed objectives. Each book in the saga indirectly
marks a school year, although it occurs more detail in the educational point of view in the first, fifth
and sixth books. In this work of conclusion of course, will be discussed the relation of the prejudice
present in the daily school with the creation of Hogwarts and consequently, its subdivision in
houses. The intention is to present how the school, whether muggle or witch, can be a reproducer of
social dynamics, legitimizing the society and its inequalities. I intend also, to relevant aspects of
Brazilian education during the Military Regime, with the two major blows suffered by the witch
community that crashed heavily in Hogwarts: the intervention of the Ministry of Magic in the
functioning of the institution, preceded by the retaking of Lord Voldemort to power interrupted in
1981.
Keywords: Hogwarts. Harry Potter. Regular School. Military Dictatorship. Student Movement.

!13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AD ARMADA DE DUMBLEDORE
ONU ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
OWLs ORDINARY WIZARDING LEVELS EXAMINATION
NWETs NASLITY EXHAUSTING WIZARDING TEST
ECA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
URSS UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS
EUA ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
UnB UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
AI-5 ATO INSTITUCIONAL NÚMERO CINCO
PCB PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO
MG MINAS GERAIS
MIA MOVIMENTO ANTI-ARROCHO
AP AMAPÁ
CPDOC CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA
CONTEMPORÂNEA DO BRASIL
FGV FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ABC SANTO ANDRÉ, SÃO BERNARDO DO CAMPO E SÃO CAETANO DO
SUL
UNE UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES
MEC-Usaid MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO-UNITED STATES AGENCY FOR
INTERNATIONAL DEVELOPTMENT
DAs DIRETÓRIOS ACADÊMICOS
CAs CENTROS ACADÊMICOS
DCEs DIRETÓRIOS CENTRAIS DOS ESTUDANTES
UFRJ UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ALERJ ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO RIO DE JANEIRO

!14
CCC COMANDO DE CAÇA AOS COMUNISTAS
USP UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
XXX TRIGÉSIMO
UEE UNIÃO ESTADUAL DOS ESTUDANTES
DOPS DEPARTAMENTO DE ORDEM POLÍTICA E SOCIAL
DOI-CODI DESTACAMENTO DE OPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO - CENTRO DE
OPERAÇÕES DE DEFESA INTERNA
PM POLÍCIA MILITAR
DEIC DEPARTAMENTO ESTADUAL DE INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS
DOI-CODI /MG DESTACAMENTO DE OPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO - CENTRO DE
OPERAÇÕES DE DEFESA INTERNA / MINAS GERAIS
DOPS/MG DEPARTAMENTO DE ORDEM POLÍTICA E SOCIAL / MINAS GERAIS
DOI-CODI/PR DESTACAMENTO DE OPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO - CENTRO DE
OPERAÇÕES DE DEFESA INTERNA / PARANÁ
DOPS/PR DEPARTAMENTO DE ORDEM POLÍTICA E SOCIAL / PARANÁ
DOI-CODI/PE DESTACAMENTO DE OPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO - CENTRO DE
OPERAÇÕES DE DEFESA INTERNA / PERNAMBUCO
CENIMAR/RJ CENTRO DE INFORMAÇÕES DA MARINHA / RIO DE JANEIRO
DOI-CODI/RJ DESTACAMENTO DE OPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO - CENTRO DE
OPERAÇÕES DE DEFESA INTERNA / RIO DE JANEIRO
DOPS/RJ DEPARTAMENTO DE ORDEM POLÍTICA E SOCIAL / RIO DE
JANEIRO
DOI-CODI/SP DESTACAMENTO DE OPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO - CENTRO DE
OPERAÇÕES DE DEFESA INTERNA / SÃO PAULO
DOPS/SP DEPARTAMENTO DE ORDEM POLÍTICA E SOCIAL / SÃO PAULO

!15
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Charge "seleção justa".............. 30

!16
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 17
2 ESCOLAS BRUXAS, MUGGLES E A LEGITIMAÇÃO DAS DESIGUALDADES
SOCIAIS......................................................................................................................... 21
2.1 EDUCAÇÃO: BEM EXCLUSIVO DA NOBREZA...................................................... 23
2,2 CONFUNDUS: COMO A ESCOLA REPRODUZ AS DESIGUALDADES
SÓCIO- CULTURAIS..................................................................................................... 31
3 HOGWARTS, AME-A OU DEIXE-A ......................................................................... 39
3.1 A LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL NOS REGIMES DITATORIAIS ......................... 47
3.2 OPOSIÇÃO E MOVIMENTO ESTUDANTIL.............................................................. 52
3.3 TORTURA E DESAPARECIMENTOS ......................................................................... 57
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 63
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 66
APÊNDICE− ENTREVISTAS ..................................................................................... 69

!17
1 INTRODUÇÃO
Utilizando a saga Harry Potter como objeto de estudos - mais precisamente a escola em que
os personagens centrais estudam - pude perceber claramente pontos presentes na generalização da
escola que conhecemos, tão evidentes que senti-me motivada a escrever a respeito.
Hogwarts of Witchcraft and Wizardry é uma escola fictícia da literatura britânica,
presente nos livros: Harry Potter e a Pedra Filosofal, Harry Potter e a Câmara Secreta, Harry Potter
e o Prisioneiro de Azkaban, Harry Potter e o Cálice de Fogo, Harry Potter e a Ordem da Fênix,
Harry Potter e o Enigma do Príncipe e Harry Potter e as Relíquias da Morte e em filmes
homônimos.
Cada um dos seis primeiros livros representa um ano letivo do trio protagonista ,
embora seja no primeiro, quinto e sexto, que a escola ganha mais notoriedade no âmbito
educacional.
No primeiro, aborda-se a sua fundação, critérios utilizados para a admissão dos alunos,
disciplinas lecionadas, a subdivisão da escola nas quatro casas que levam os nomes dos fundadores
da instituição: Griffyndor, Slytherin, Ravenclaw e Hufflepuff. Cada uma com ideais próprios
referentes à educação e ao que o indivíduo precisaria ter a priori para integrar uma das casas.
Slytherin admitia os alunos oriundos da mais pura ancestralidade, Ravenclaw os de
inegável inteligência, Griffyndor os de nomes ilustres por grandes feitos e Hufflepuff admitia a
qualquer aluno, tratando-os com igualdade, pois acreditava na importância e no direito de todos
frequentarem a escola, respeitando a subjetividade de cada um e as vivências que traziam consigo.
Nos livros também estão presentes as consequências geradas por esta divisão, entre elas: o
bullying contra os alunos pertencentes à famílias das classes populares; órfãos; inteligentes; a
discriminação contra os muggles (não bruxos); bruxos nascidos em famílias muggles; mestiços
1
(que tenha um dos pais muggle) e ainda contra os sangues-puros (descendentes de famílias
genuinamente bruxas) que respeitam e/ou se relacionam com muggles,; a rivalidade entre alunos
das casas distintas; uma parcela de professores priorizando e favorecendo os alunos pertencentes a
suas casas, entre outras.
No quinto livro há uma abordagem mais aprofundada em relação aos exames prestados:
OWLs e NWETs. Os OWLs (Ordinary Wizarding Levels Examinations, em português, Níveis
Trouxas em português
1

!18
Ordinários em Magia) são realizados pelos alunos no final do quinto ano. Dentre as disciplinas
obrigatórias do ano, devem escolher algumas opcionais, para cada disciplina em que obtém uma
aprovação, o aluno recebe um OWL, que serve como um indicativo das suas aptidões, determinando
que disciplinas estudará no ano seguinte para prestar os NWETs.
Os NEWTs (Nastily Exhausting Wizarding Test, em português, Níveis Incrivelmente
Exaustivos em Magia), são exames finais realizados pelos alunos, no término do sétimo ano, dentre
as matérias em que foram aprovados nos OWLs, os alunos escolhem que provas prestarão nos
NWETs, a cada aprovação o aluno adquire um NWET, que serve como indicativo de aptidões mais
"preciso" que nos OWLs, determinando precocemente o futuro acadêmico e profissional do aluno.
É também neste mesmo livro que ocorre uma maior intervenção do Ministério de Magia em
Hogwarts, o ministro baseado em seus medos e devaneios, acredita que o diretor Dumbledore está
formando um exército com seus alunos para tira-lo do poder, por esta razão criou o cargo da Alta
Inquisidora, que concedia ao ocupante poderes extraordinários sobre professores, alunos,
funcionários e programa de estudos, o que inclui demissões, torturas e alterações na grade de
disciplinas, tudo em nome da ordem. O próprio Ministério extinguiu o cargo quando voltou atrás e
reconheceu o retorno do Lorde das Trevas e que não havia um complô para depô-lo. A única a
ocupar a função foi a bruxa Dolores Umbridge.
Hogwarts ainda foi votada como a 36ª melhor instituição de ensino escocesa em uma lista
online de 2008, superando escolas reais. Segundo um dos diretores da Listagem da Rede de Escolas
Independentes, a escola fictícia foi adicionada ao ranking apenas como "uma brincadeira", e depois
esteve disponível ao voto, surpreendendo a todos com a sua posição na lista.
A instituição é administrada por um diretor, possuidor de total poder sobre a escola, seguido
do vice-diretor cuja função é de auxiliar o diretor e substituí-lo quando necessário. Ambos são
supervisionados pelo conselho diretor, órgão formado por doze pais de alunos. Cada uma das quatro
casas é administrada por um diretor, que possui poderes semelhantes aos do diretor e vice, podendo
inclusive advertir, suspender e expulsar um aluno desde que pertencente a sua casa.
Pode-se dizer que a administração do instituto é marcada por bastantes disputas ideológicas e
de interesses, por todas as partes envolvidas, principalmente do Conselho Diretor, composto
majoritariamente por indivíduos pertencentes às famílias mais tradicionais e influentes da
comunidade bruxa.
Quando nasce uma criança dotada de poderes mágicos, uma pena mágica localizada dentro
do Castelo de Hogwarts escreve o seu nome em um grande livro, sejam essas crianças nascidas em
família bruxas ou não. Anualmente, o diretor ou diretora da instituição consulta este livro e envia

!19
corujas para todas as crianças que farão 11 anos, informando-as que possuem vagas asseguradas na
instituição.
O ano letivo inicia-se em 1º de setembro, com pausa no Natal, quando os alunos entram de
férias, retornam após a Páscoa e tem seu término em 30 de junho quando retornam às férias.
Os alunos pontuam ou perdem pontos para a sua casa, de acordo com o seu comportamento,
participação em sala de aula e transgressões. Ao final do ano letivo, a Casa com a maior pontuação
leva a Taça das Casas. Mais um fator considerável que ajuda a acirrar as disputas entre alunos e
professores de Hogwarts.
No último dia de aula quando a pontuação das casas é divulgada, o salão principal é decorado
com as cores da casa campeã, finalizando mais um ano letivo.
Como pudemos observar, Harry Potter fornece material suficiente para a elaboração de
centenas de monografias, dificultando-me inicialmente a delimitação dos objetivos específicos
graças as vastas possibilidades de aprofundamento encontradas no tema, inclusive no que diz
respeito às atividades pedagógicas.
O presente estudo, tal qual objetivos, justificam-se pelo desejo de investigar, analisar e
discutir alguns aspectos presentes em Hogwarts, pertencentes à escola regular, neste caso dando
maior ênfase à brasileira.
No segundo capítulo será discutida a relação do preconceito presente no cotidiano escolar,
com a criação da escola fictícia Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria, pertencente a saga Harry
Potter e consequentemente a sua subdivisão em casas. O intuito é apresentar como a escola, seja ela
muggle (real) ou bruxa (fictícia), pode ser reprodutora da dinâmica social, legitimando a sociedade
como está posta e suas desigualdades.
No terceiro capítulo pretendo relacionar aspectos relevantes da educação brasileira durante o
Regime Militar, com os dois maiores golpes sofridos pela comunidade bruxa que resvalaram
fortemente em Hogwarts: a intervenção do Ministério de Magia no funcionamento da instituição,
precedido pela retomada de Lorde Voldemort ao poder interrompido em 1981.
Estudos de (ADORNO ET AL. 1965; MARCUSE, 1972; KANT, 1992; FOCAULT, 1978;
PATTO, 1984; OLIVEIRA; OLIVEIRA; CECCON; HARPER ,1986 ;BOURDIEU e PASSERON,
1975) entre outros, contribuíram significativamente para que eu pudesse traçar um caminho e
começar a entender teoricamente a relação que buscava entre essas escolas de distintas realidades.
A pesquisa pôde ser desenvolvida mediante análise documental e entrevistas com leitores da
saga, tendo em vista a elucidação dos objetivos propostos. De acordo com Lakatos e Marconi
(2001), podemos conceituar a pesquisa como procedimento formal com método de pensamento

!20
reflexivo que requer um tratamento científico, constituindo-se no caminho para o conhecimento da
realidade ou descobrimento de verdades parciais.
Hogwarts e a Escola Regular marca seu início aqui, com o intuito de apontar que a ficção,
embora não seja regra, pode atuar como um lembrete à sociedade (de modo geral) das suas
conquistas, do preço possivelmente alto pago por elas e como uma amostra de que a qualquer tudo
pode mudar, por um descuido podemos regredir.
Considerando o atual momento político-social enfrentado pelo nosso país, retrocessos
ocorrendo em outras partes do mundo, e a renovação da esperança pelos que persistem na luta e não
nos deixam desistir, finalizo esta introdução com a seguinte citação que muito se faz presente "São
tempos sombrios, não há como negar, nosso mundo jamais enfrentou ameaça maior. Mas agora digo
a vós cidadãos, nós, sempre seus servos iremos continuar defendendo sua liberdade e repelindo as
forças que querem tirá-la de vocês." Rowling (2007)
2
Citação retirada do livro Harry Potter e as Relíquias da Morte.
2

!21
2 ESCOLAS BRUXAS, MUGGLES E A LEGITIMAÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS
Neste capítulo será discutida a relação do preconceito presente no cotidiano escolar, com a
criação da escola fictícia Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria, pertencente a saga Harry Potter e
consequentemente a sua subdivisão em casas. O intuito é apresentar como a escola, seja ela muggle
3
ou bruxa, pode ser reprodutora da dinâmica social, legitimando a sociedade e suas desigualdades.
A relação entre fatores sociais e psíquicos, é um dos principais aspectos sobre como o
preconceito se configura. Estudos de Adorno et al. (1965) apontam o preconceito como
constructo social, não inato. Ele se instala no desenvolvimento individual como um produto
das relações entre os conflitos psíquicos e a estereotipia do pensamento - que já é uma
defesa psíquica contra aqueles - e o estereótipo, o que indica que elementos próprios à
cultura estão presentes.
Conclui-se que o indivíduo propenso ao preconceito, o é, independente dos objetos
sobre os quais recai, pois são inúmeros os estereótipos presentes no preconceito,
constituindo-se de diversas formas, e dirigidos a objetos variados. Algo destes últimos deve
estar presente para a constituição daqueles, ainda que não se refira aos próprios objetos, mas
à percepção que se tem deles.
A divergência contínua entre as minorias sociais traspassada pelo preconceito, é
marcada pela oposição força-fraqueza que diz respeito à proximidade que cada qual é
julgado da natureza que deve ser dominada. No entanto, como a dominação também se dá
entre os homens, entende-se que é a própria natureza inerente ao homem atuando:
O termo preconceito já teve diversos significados no decorrer do tempo:
Refere-se à população não bruxa, em português (brasileiro) são chamados de trouxas.
3
Hoje, quando a utopia baconiana de “imperar na prática sobre a natureza”
se realizou uma escala telúrica, tornou-se manifesta a essência da coação
que ele atribuía à natureza não dominada. Era a própria dominação. É a sua
dissolução que pode agora proceder o saber em que Bacon vê a
“superioridade do homem”. (ADORNO e HORKHEIMER, 1986, p. 52)

!22
Marcuse (1972) aponta que na contrarreforma, que tinha como objetivo restaurar os bens e
poderes à Igreja e a nobreza, o termo designava a representação dos dogmas, que deveriam ser
aceitos sem questionamentos, de modo que não gerasse um "caos social".
Kant (1992) em oposição, sugeria a "autonomia da razão" como "antídoto ao
preconceito", neste caso os dogmas, que impediam o pensamento livre e a auto reflexão,
Kant ainda dizia que esse processo de pensamento poderia retirar o indivíduo do seu "estado
de menoridade".
Focault (1978), por sua vez, mostra como o discurso sobre a loucura era utilizado
como formas de poder, isolamento e punição. Tanto o saber médico, quanto a internação
psiquiátrica, tornaram-se alguns dos instrumentos de poderes institucionais da época.
Conseqüentemente, este saber médico juntamente com outras ciências podem ter sido os
grandes responsáveis por estabelecerem a fronteira entre a racionalidade e a loucura sem ao
menos ter total conhecimento de o que ela realmente é,.e a transforma em doença mental,
visto que até o século XIX o preconceito era justificado como causa das circunstâncias
sociais, passando então a ser também concebido como resultado da história de vida
individual.
Os valores excludentes e preconceituosos têm vida longa na cultura educacional
brasileira. No início do século passado teorias baseadas em ideais biológicos justificavam as
aptidões escolares como resultado da herança genética dos indivíduos.
Nas décadas seguintes, despontam outras teorias, que vão alegar que os problemas
escolares são: consequência de problemas psicológicos das crianças, carência cultural das
mesmas, entre outras. A culpabilização recai sobre as vítimas.
Segundo Patto (1984), existem dois modelos básicos que integram esta teoria: o
nutricional e o cultural. O modelo nutricional considera que as crianças pobres são mais
propensas a ser portadoras de deficiências, em decorrência de um processo de privação de
determinados estímulos equivalente ao da privação alimentar, enquanto que o modelo
cultural, entende que as crianças pobres têm uma cultura diferente da valorizada pela escola
e, consequentemente, precisam passar por um processo de aculturação para que possam
finalmente ter condições de aprender os conteúdos escolares.
Estes tipos de teorias possibilitam que a escola se isente de suas responsabilidades
quanto a relação ensino/aprendizagem e que os problemas escolares sejam explicados como

!23
conseqüência dos problemas dos próprios alunos e/ou de suas famílias. As práticas escolares
deixam de aparecer como algo possível de ser conquistado.
Segundo Adorno (1967/1995), a educação também deve se voltar para a adaptação, e essa
envolve não só a socialização, que é relevante, mas também o desenvolvimento de habilidades e a
assimilação de conteúdos, inevitáveis para a participação na sociedade.
Adorno também aponta, que a educação deve ir além da adaptação, e que a discussão e
a prática da educação inclusiva podem ser determinantes para isso, na medida em que
combatem a discriminação, caberia a elas mostrar como que a desigualdade se configura,
que é construída socialmente.
2.1 EDUCAÇÃO: BEM EXCLUSIVO DA NOBREZA
A educação adquire sua forma característica, com espaços reconhecidos, ministrada por
pessoas especializadas para este fim (curiosamente quase que em sua totalidade religiosas, e pela
primeira vez independente do universo adulto, embora descolada da realidade), a partir da Idade
Média, no continente europeu.
Por séculos este espaço educacional foi exclusivo das grandes elites. Num primeiro momento
era frequentado pelos nobres, quando a burguesia ascendeu financeira e socialmente, passou a
exigir os mesmos privilégios que a fidalguia.
A escola da Nobreza cultuava o passado: atribuía importância central à moral e à
religião, ao domínio da palavra e do saber abstrato. O conhecimento científico,
portador de mudanças, era menos importante que o espírito contemplativo e o
latim, símbolos da tradição a preservar, num mundo que se considera imune à
transformação.
A cultura livresca, refinada e letrada, convivia harmoniosamente com o meio de
origem dos alunos e correspondia às suas aspirações.
Para os herdeiros da aristocracia, seguros de seu poder, educar-se era sinônimo de
aprender a pensar e comporta-se como grandes senhores.
A escola da Nobreza durou até que as estruturas do mundo feudal, rígidas e
hierarquizadas, se tornassem anacrônicas por causa do desenvolvimento do
capitalismo industrial.
A face do mundo transformou-se pela invenção da máquina e a utilização de novas
fontes de energia. Com a revolução tecnológica, novas classes sociais emergiram:
a nascente burguesia industrial, responsável pelo progresso técnico, tomou o poder
da velha aristocracia rural; uma classe operária formada pela concentração, em
torno de novos centros de produção, de uma mão-de-obra pobre e desclassificada.
Neste panorama de um mundo em mudança, a escola mantinha-se reservada às
elites.
No entanto, o desenvolvimento industrial requer um número muito maior de
quadros técnicos e científicos. Esta exigência econômica leva a uma mudança
radical nos conteúdos da escola. Ela é forçada a se modernizar.

!24

O preconceito institucionalizado no sistema educacional assim como o ideal de uma educação
diferenciada como bem exclusivo aos detentores de capital sejam eles financeiros, sociais e/ou
culturais perpetua-se. Moura (2007) evidencia-nos uma de suas facetas para a manutenção do status
quo, especialmente no cenário brasileiro, no decurso de sua tese de doutorado intitulada: O recurso
às escolas internacionais como estratégia educativa de famílias socialmente favorecidas.
Através de apontamentos da autora, por intermédio de entrevistas com alunos, pais,
professores e equipe pedagógica de escolas internacionais de renome, destinada às elites, a escola
americana EABH e a escola italiana Fundação Torino, sediadas em Belo Horizonte, no estado de
Minas Gerais, e minha breve pesquisa acerca de duas escolas tradicionais britânicas, em suas
próprias fanpages - Saint Paul's School e The British School - localizadas respectivamente em São
Paulo e Rio de Janeiro, percebemos como se dão na prática a preservação da escola como
instituição mantenedora das desigualdades sociais assim como configuram-se as estratégias de
socialização, estratégias estas que de acordo com Bonnet (2001) buscam favorecer a emergência de
disposições transnacionais, um recurso encontrado pelas elites para perpetuar a sua posição na
estrutura social, por constituirem fator de diferenciação na sociedade.
Com exceção da Fundação Torino inaugurada em 1956, estas instituições internacionais
iniciaram suas atividades no Brasil nos anos 20. Surgem inicialmente como uma tentativa de suprir
as necessidades de atendimento a filhos de imigrantes residentes no Brasil, ligadas à trajetória de
diferenciação e inserção desses grupos no país e em seus países de origem, admitindo
posteriormente de forma gradual, alunos brasileiros e de outras nacionalidades, oriundos das
camadas mais abastadas da sociedade. "Utilizadas pelas frações privilegiadas dos grupos
estrangeiros desde o início do século XX, as escolas internacionais garantiram a acumulação de
As disciplinas científicas adquiriram importância crescente ao lado dos antigos
conteúdos clássicos e literários.
Por outro lado, a burguesia dominante, começou também a perceber a
necessidade de um mínimo de instrução para a massa trabalhadora que se
aglomerava nos grandes centros industriais. Os "ignorantes" deveriam socializar-
se, isto é, deveriam ser educados para tornar-se bons cidadãos e trabalhadores
disciplinados.
Foi assim que, paralelamente à escola dos ricos, foi surgindo uma outra escola, a
escola dos pobres.
Sua função era dar aos futuros operários, o mínimo de cultura necessário à sua
integração por baixo na sociedade industrial.
A coexistência desses dois tipos de escola cria uma situação de verdadeira
segregação social. As crianças do "povo" frequentavam a "escola primária", que
não é concebida para dar acesso a estudos mais aprofundados.
As crianças da elite seguiam um caminho, à parte com acesso garantido ao
ensino superior, monopólio da burguesia. (OLIVEIRA; OLIVEIRA; CECCON;
HARPER 1986 p.29)

!25
capital simbólico por esses sujeitos, essencial à sua distinção social e inserção na sociedade
brasileira." (MOURA, 2007, p.19)
As famílias brasileiras também utilizaram-se de estratégias de acumulação de capital
internacional por via escolar, contribuindo deste modo, na formação de várias gerações de famílias
tradicionais no país. A possibilidade de “escolha do estabelecimento” de ensino capaz de suprir
suas necessidades e expectativas, aflora como uma estratégia que dá-se de maneira desigual entre
grupos sociais distintos, privilegiando os mais favorecidos de capitais social, cultural e econômico.
Confirmando que a posse de tais recursos possibilita a seus detentores reconhecer suas melhores
chances e possibilidades, e por conseguinte tirar o proveito máximo em sua atuação no mercado
escolar. Gewirtz, Ball e Bowe (1994) ressaltam a escolha do estabelecimento como um novo e
considerável fator de manutenção da hierarquia de posições dos sujeitos no espaço social, assim
como das desigualdades sociais. Através de suas pesquisas em escolas suíças, percebem que
Prado (2002) ressalta que a ampliação do acesso à escola para as camadas populares no
Brasil, deu-se paralelamente a redução do ensino de línguas estrangeiras nos currículos escolares,
antes muito presente, em especial estudos de Alemão, Francês e Inglês. A LDB 5692/71 tornou
facultativa o seu oferecimento, desencadeando no seu desaparecimento em boa parte das escolas,
gerando um acesso majoritário ao acesso às línguas estrangeiras para as grandes elites. Quando a
escola pública era privilégio das camadas mais abastadas, o acesso a novos idiomas se dava através
dela, no momento em que a população menos favorecida passa a frequentar os espaços acadêmicos,
surgem cursos privados (Cultura Inglesa,Aliança Francesa, entre outros), as novas instituições
responsáveis pela educação no que se refere ao ensino de idiomas à elite brasileira. O domínio e a
utilização de uma língua estrangeira torna-se mais uma fonte de distinção entre os grupos sociais.
Esse processo de escolha é fortemente influenciado pelas condições sociais, os
estilos de vida e a biografia de quem a efetua. Uma contribuição importante
desses autores é o estabelecimento de uma tipologia que congrega três perfis de
famílias quanto à ação de escolha que, segundo eles, encontram forte
correspondência com as posições de “classe” desses grupos. Os “privileged/
skilled choosers” são, em geral, famílias favorecidas, habilitadas à escolha
porque dotadas dos recursos culturais, econômicos e sociais que possibilitam
discernir entre as melhores oportunidades. Os “semi-skilled choosers” são
famílias que se encontram em posições intermediárias da escala social e revelam
pouca capacidade para realizar tal escolha porque não dispõem dos recursos que
possibilitariam decodificar as diferentes mensagens do mercado escolar. Os
“disconnected choosers”, finalmente, são famílias de trabalhadores manuais, não
inclinados à escolha, “desconectados” do mercado escolar porque não
sensibilizados para as possíveis vantagens que uma ou outra escola possa
oferecer. (MOURA, 2007, p.22)

!26
Moura (2007) constata através dos depoimentos colhidos durante às entrevistas, uma
"evidente perseguição de bens culturais mais raros, proporcionados pela escola, diante de outros
percebidos como mais disseminados, menos exclusivos." Alguns recursos têm seu valor simbólico
depreciado, o que representa uma ameaça à distinção daqueles que tinham, até então, seu
monopólio (BOURDIEU, 1979). A pesquisadora acrescenta ainda, que essa desvalorização
corresponde à estratégias e investimentos em produtos ou práticas menos acessíveis, na busca de
manutenção da posição de privilégio já conquistada
Jay (2002) destaca a relevância da variável homogeneidade social e econômica como critério
dos pais no momento da escolha. O alto custo financeiro de determinados estabelecimentos já
exclui, por si só, os grupos sociais que não têm condições de assumir tal investimento. Essa
distinção econômica contribuiria, para assegurar famílias que buscam na escola um prolongamento
das relações sociais protegidas entre iguais. Essa preocupação específica está presente em relatos
que criticam a heterogeneidade social das escolas nacionais.
Moura (2007) discorre acerca da hierarquia assentida e compartilhada "pelos sujeitos
envolvidos nesse jogo escolar - pais, estudantes e professores - não diz respeito somente aos
professores e às disciplinas. Está na origem ainda de diferentes posições que os próprios alunos se
atribuem."
A soma dos relatos dos entrevistados, demonstra a existência de um ambiente hierarquizado
de relações, baseada em disputas e crenças em torno de capitais específicos. Na escola italiana a
relação de conflito ficou mais evidente, seus estudantes mostram-se convictos da singularidade da
instituição e de quem o frequenta, inclusive no ponto de vista econômico, percebendo-se "diferentes
e invariavelmente, superiores."
O evitamento do contato social parece conter,em sua origem, uma espécie de
medo de ser confundido com disposições reconhecidas como próprias dos
estudantes brasileiros, e um desejo de demarcar fronteiras claras de distinção
entre “nós” e “eles” (ELIAS, 1997, p.278)
Essa segurança da superioridade da própria formação ou cultura, porque
européias, não apóia-se, necessariamente, em práticas de investimento pessoal
para tal aquisição. É o caso, por exemplo, de uma aluna que se vê mais culta que
seus amigos que estudam em escolas brasileiras.
Assim, eu, na quinta série, eu aprendi a cantar a nona de Beethoven em dialeto
italiano. Eu, com dezesseis anos ... com ... não, na sétima ou oitava série, eu
estava lendo é ... eu estava lendo ... é ... Odisséia, sabe? Então é assim ... umas
coisas que no colégio brasileiro você nunca vai fazer! Então ... eu estava lendo
Ítalo Calvino, li Italo Calvino ... então ... Ah ... nossa! Isso daí ... minha cultura,
eu tenho certeza que é muito maior do que a das minhas amigas! Bem
maior!' (Ex-aluna do ensino fundamental e médio) (MOURA, 2007, p.117)

!27
A aluna deixa transparecer em sua fala, a convicção de que o simples fato de pertencimento ao
colégio, a torna automaticamente "especial, detentora de conhecimentos distintivos, em comparação
aos alunos de outras instituições. O acúmulo de capital cultural pressupõe um trabalho de
inculcação e assimilação que necessita de um investimento de tempo pelo investidor" (BOURDIEU,
1979).
Nas escolas de língua inglesa, a sensação de pertencimento parece se reforçar pelos pares que
se reconhecem (além dos capitais cultural, econômico e social) pelo domínio do idioma. Esta
particularidade em questão também apresenta-se como um fator que separa esses grupos, que se
percebem como "internacionais" dentre os brasileiros. A convivência diária prolongada, atividades
extracurriculares, reuniões, eventos que contam com a presença de pais e responsáveis, reforça a
ideia de pertencimento a uma comunidade, comunidade esta dissociada da que de fato está inserida.
A sensação de não pertencimento é evidenciada na fala da mãe de um aluno da escola
americana. que identifica o "ser vulgar" como característica típica do brasileiro. A escola funciona
para ela como um ambiente capaz de blindar seus filhos de uma espécie de contaminação de traços
brasileiros indignos.
Apesar dos esforços de evitar contato com não semelhantes, alunos bolsistas (embora
minoria), cujas famílias não teriam condições financeiras de arcar com os custos da sua educação na
instituição, estudam na EABH. Este fato aparece no discurso como um ponto positivo, até
romantizado, de acordo com a escola não existe preconceito ou discriminação, todos convivem em
harmonia e recebem tratamento igualitário. Entretanto alunos, ex-alunos e ex-professores, relatam a
exclusão de alunos pelos mais variados motivos, seja por serem muito estudiosos (nerds), bolsistas,
"esquisitos", não possuírem celulares de última geração ou não frequentarem os mesmos espaços,
entre outros, como prática costumeira na instituição.
Lá no [escola confessional brasileira] não existia, era tudo assim, muito
homogêneo, mas eu achava que era homogêneo para baixo. Eu achava assim, que
meus meninos é ... eles tinham condições de conviver num ambiente melhor. Lá
era meio ... eu achava meio misturado, sabe? [...] Eu achei, por exemplo, que o
[nome da escola], por exemplo, é ... os pais ... às vezes, não é gente ... assim
do ... do seu nível, sabe ... é ... econômico, social, cultural ... assim, meio
misturado. Tem também do seu jeito, mas tinha também um pessoal que não era,
sabe? Aí eu achava assim, às vezes eu ia levar os meninos numas casas que ficam
... uns colegas que moravam láááá ... sabe? Uns lugares assim ... difíceis. Aí os
meninos vinham aqui em casa, ficavam achando aqui em casa esquisito. Eu
achava que não ... Tinha outros que tinham até umas coisas melhores, mas eu ...
eu achava muito ... sabe? (Mãe de aluno do ensino médio) (MOURA, 2007, p.
136)

!28

Percebemos que a escola tradicional, independente da sua roupagem, tende a prezar pela
manutenção da elite no topo da pirâmide social, consequentemente contribuindo nas práticas de
exclusão dos indivíduos pertencentes às classes menos abastadas. Como bem nos lembram Pinçon e
Pinçon-Charlot (1996) "os mais assegurados de suas posições sociais, são os que dominam as novas
dimensões de regras do jogo."
O sentimento de pertencimento de alguns pais e responsáveis à uma comunidade particular,
privada, e não reconhecimento da macro, onde estão de fato inseridos por considerarem "vulgar",
assim como o preconceito e discriminação dentro e fora da escola, em diversos aspectos, também
estão presentes no universo fantástico de Harry Potter. Através da utilização do mesmo como
ilustração dos conceitos e fatores já abordados neste capítulo, pretendo a partir deste trecho, iniciar
a apresentação de exemplos de como o preconceito pode apresentar-se no sistema educacional,
perceptível , neste caso, inclusive na ficção.
Estima-se que Hogwarts, a instituição fictícia da saga, foi fundada por volta de 990 d.C. na
Escócia por quatro dos bruxos mais brilhantes da história: Godric Gryffindor, Salazar Slytherin,
Helga Hufflepuff e Rowena Ravenclaw. Decidiram que juntos fundariam uma escola de referência e
ensinariam jovens que apresentassem algum talento mágico.
Considerando que a escola bruxa surgiu no final da Idade Média, no continente europeu, é
possível conceber a ideia de que ela foi criada seguindo os padrões das escolas do mesmo período,
4
entre eles: o culto a tradição, a educação como sinônimo de aprender a se comportar e pensar como
Hogwarts trata-se de uma escola existente apenas na ficção e no coração dos admiradores da saga.
4
Coincidentemente o ano da sua fundação (embora fictícia) ocorreu no mesmo período que as escolas do
mundo real, possibilitando assim as comparações, suposições e ilustrações no decorrer do trabalho.
Eu sou ... eu sou uma não fã da escola americana. Tirando o fato que foi a época
mais infeliz da minha infância, eu convivi com pessoas ignorantes, pessoas
superficiais, materialistas ... preconceituosas, egoístas [...]. Então, o que eu me
lembro, com muita angústia, com muita mágoa, sabe ... se você não tem seu
automóvel, se você não é rico, se você não tem isso [...] Eu detesto a escola
americana, eu não tinha um amigo, as pessoas lá ... sabe, ninguém conversava
comigo ... Mas eu não era assim “a rejeitada” não. Eu era uma das rejeitadas!
(Ex-aluna do ensino fundamental, 19 anos)
E as pessoas de lá são muito assim ... sabe, meio mesquinhas, elas acham que
elas são superiores a todo mundo que [...] Sei lá, acho que pela condição
financeira delas ... se achavam superiores. Eu tinha muito problema de
convivência mesmo. Depois que eu passei pra [escola brasileira que freqüenta
atualmente] eu não tive mais esse problema porque as pessoas são mais ... sei lá,
educadas ... elas não têm muito aquela coisa de ficar exibindo o que têm. (Ex-
aluna D do ensino fundamental) (MOURA, 2017 p.201)

!29
"grandes senhores", a manutenção do espaço como um lugar exclusivo à nobreza (na concepção de
Salazar Slytherin) entre outras.
Analisando o contexto, torna-se possível compreender o caráter excludente tão presente nos
seus anos iniciais em algumas de suas casas, assim como a valorização de ideais específicos,
mesmo nos dias atuais.
Para compreender como tais arquétipos se constituem em Hogwarts, é preciso conhecer
a história da criação da escola, assim como a sua subdivisão em casas, Rowling (2003) elucida o
5
ocorrido, através da seguinte canção:
Autora da Saga Harry Potter.
5

!30

A escola inteira aguardava, prendendo a respiração. Então, o rasgo junto a copa
do chapéu escancarou-se como uma boca, e o Chapéu Seletor prorrompeu a
cantar: Antigamente quando eu era novo
E Hogwarts apenas alvorecia
Os criadores de nossa nobre escola
Pensavam que jamais iriam se separar:
Unidos por um objetivo comum,
Acalentavam o mesmo desejo,
Ter a melhor escola de magia do mundo
E transmitir seus conhecimentos.
"Juntos ensinaremos!"
Decidiram os quatro bons amigos
Jamais sonhando que chegasse o dia
Em que poderiam se separar,
Pois onde se encontrariam amigos iguais
A Salazar Slytherin e Godric Griffyndor?
A não ser em outro par semelhante
Como Helga Hufflepuff e Rowena Ravenclaw?
A não ser em outro par semelhante
Então como pôde malogar a ideia
E toda essa amizade fraquejar?
Ora estive presente e posso narrar
Uma história triste e deplorável.
Disse Slythrin: "Ensinaremos só os da mais Pura ancestralidade"
Disse Ravenclaw: "Ensinaremos os de Inegável inteligência"
Disse Griffyndor: " Ensinaremos os de Nomes ilustres por grandes feitos"
Disse Hufflepuff: "Ensinarei todos, E os tratarei com igualdade."
Diferenças que pouco pesaram quando no início vieram a luz
Pois cada fundador ergueu para si
Uma casa em que pudesse admitir
Apenas os que quisesse,
Por isso Slytherin, aceitou apenas os bruxos
De puro-sangue e grande astúcia,
Que a ele pudessem a vir igualar,
E somente os de mente mais aguda
Tornaram-se alunos de Ravenclaw,
Enquanto os mais corajosos e ousados
Foram para o destemido Gryffindor.
A boa Hufflepuff recebeu os restantes
E lhes ensinou tudo que conhecia, Assim casas e idealizadores

!31
SalazarSlytherin
6
(Sonserina na
tradução brasileira),
como evidencia o
texto, considerava a
e s c o l a c o m o
ambiente
privilegiado, para
eleitos, a inclusão de
alunos pertencentes
as camadas mais
populares do povo
bruxo, ou ainda da
população muggle,
traria desprestígio e
uma queda
significativa no
a n d a m e n t o d a
instituição, pois tais pessoas não seriam psicologicamente capazes e nem teriam bagagem cultural
suficiente para assimilação de conteúdos específicos presentes numa, como eles intitulavam, escola
de referência.
Jo Rowling viveu alguns anos em Portugal, utilizando alguns aspectos do país para desenvolver a sua
6
escrita. O personagem Salazar Slytherin, um dos fundadores de Hogwarts foi inspirado em Antonio de
Oliveira Salazar, um professor e político português, figura máxima do chamado "Estado Novo Português", o
dirigente português que mais tempo permaneceu no poder dentro do período republicano, ditador que infligiu
restrições severas à Portugal e às então colônias portuguesas na África por 50 anos.
Mantiveram a amizade firme e fiel.
Hogwarts trabalhou em paz e harmonia
Durante vários anos felizes,
Mas então a discórdia se insinuou
Nutrida por nossas falhas e medos.
As casas que, como quatro pilares,
Tinham sustentado o nosso ideal,
Voltaram-se umas contra as outras e
Divididas buscaram dominar.
Por um momento pareceu que a escola
Em breve encontraria um triste fim,
Os duelos e lutas constantes
Os embates de amigo contra amigo
E finalmente chegou uma manhã
Em que o velho Slytherin se retirou
E embora a briga tivesse cessado
Deixou-nos todos muito abatidos.
E nunca desde que reduzidos
A três seus quatro fundadores
As Casas retomaram a união
Que de início pretenderam manter.
E agora o Chapéu Seletor aqui está
E todos vocês sabem por quê:
Eu divido vocês entre as casas
Pois esta é minha razão de ser
Mas este ano farei mais que escolher
Ouçam atentamente a minha canção:
Embora condenado a separá-los
Preocupa-me o erro de sempre assim agir
Preciso cumprir a obrigação, sei
Preciso quarteá-los a cada ano
Mas questiono se selecionar
Não poderá trazer o fim que receio.
Ah, conheço os perigos, os sinais
Mostra-nos a história que tudo lembra,
Pois nossa Hogwarts corre perigo
E precisamos unir em seu seio
Ou ruiremos de dentro para fora
Avisei a todos, preveni a todos...
Daremos agora início à seleção. (ROWLING, 2003, p.170/172)

!32
2.2 CONFUNDUS :COMO A ESCOLA REPRODUZ AS DESIGUALDADES SÓCIO-
7
CULTURAIS
Figura 1:
Fonte: Facebook (2016)
Charges e demais publicações que criticam esta lógica são veiculadas com uma frequência
considerável em redes sociais como: Twitter, Tumblr e o mais difundido, Facebook. Uma delas
apresenta animais de diversas espécies reunidos: macaco, pinguim, elefante, foca, um peixe num
aquário, entre outros. Um professor, informa que todos "numa seleção justa" deverão realizar uma
única tarefa, subir na árvore, dentre todos o macaco é o único presente capaz de realizar a tarefa
sem a necessidade de uma mediação.
Esta charge mesmo apesar de já possuir um certo tempo de publicação, gera muitas discussões
entre apoiadores e opositores, é explícita a crítica ao sistema educacional, que trata os diferentes
como iguais, colocando todos no mesmo patamar, sem mediação, como se não tivessem vida
anterior a escola e fora dela, desconsiderando sua realidade e as vivências que trazem consigo.
Bourdieu ainda afirma que





A escola define seus eleitos, através do capital cultural. Legitimado pela escola, este capital
torna-se valorizado, entendido como algo a ser conquistado pelos indivíduos que buscam
permanecer na escola, desta forma a elite assegura a sua posição.
A criança chega à escola trazendo experiências, atitudes, valores, hábitos de linguagem
compartilhada por seus familiares e o meio social em que está inserida, lugar onde desenvolveu sua
personalidade, afetividade, entre outros.
A cultura valorizada pela escola, é a mesma cultura que permeia a vida das classes abastadas,
ou seja, as crianças desse meio social têm acessos, desde os primeiros momentos de suas vidas,
inclusive à linguagem exigida pela escola. Estas crianças se sentirão muito mais pertencentes ao
ambiente escolar, suas particularidades e suas cobranças.
Feitiço de ação presente no universo bruxo. Faz com que a vítima fique confusa quanto a tudo que se passa
7
a sua volta.
[...] não recebendo de suas famílias nada que lhes possa servir em sua
atividade escolar, a não ser uma espécie de boa vontade cultural e
vazia, os filhos das classes medias são forçados a tudo esperar e a tudo
receber da escola, e sujeitos, ainda por cima a ser repreendidos pela
escola por suas condutas por demais “escolares” [...] (BOURDIEU e
PASSERON, 1975, p.55).

!33
Em contrapartida, as crianças oriundas das camadas populares podem sentir um
estranhamento quanto os valores, linguagem, normas da escola que em grande maioria são
diferentes dos que estão acostumadas. Se sentirão inferiorizadas por não poderem trazer para a
escola, a sua maneira de falar. "Elas se sentirão perdidas diante da falta de sentido e utilidade
imediata dos exercícios escolares, confusas pelo lado artificial das situações vividas em sala de
aula" (OLIVEIRA; OLIVEIRA; CECCON; HARPER 1986 p.75)

Bortoni-Ricardo (2004) enfatiza que devemos considerar que o Brasil é um país monolíngue.
A escola não pode ignorar as diferenças sociolinguísticas ou tratá-las com indiferença, a
comunidade escolar como um todo deve estar consciente da existência de mais de uma maneira de
se falar a mesma coisa. Cabe a escola incentivar o emprego criativo e competente do Português,
contribuindo, assim, para o desenvolvimento de um sentimento de segurança em relação à
utilização da língua.
No universo literário da franquia Harry Potter, Hogwarts ilustra com clareza as
consequências dessa valorização da elite pela escola, assim como sua cultura, através
principalmente da subdivisão da instituição em casas e o que dela se desencadeia, gerando disputas
e enfrentamentos no decorrer dos anos em diversas instâncias.
Na instituição, por parte de alguns professores protegendo e privilegiando os
alunos pertencentes às suas próprias casas e punindo os demais. Punições certas vezes
acompanhadas de perseguição e humilhação na frente dos colegas. Severus Snape é o
professor que melhor exemplifica a parcialidade e a perseguição. É possível perceber a
ocorrência nos seguintes trechos:
A escola trata a todos da mesma maneira, todos devem ter o mesmo ritmo de
trabalho, com o mesmo livro, mesmo material, todos devem aprender as mesmas
frases, saber as mesmas palavras.
Todos devem adquirir os mesmos conhecimentos, devem fazer os mesmo exames
ao mesmo tempo. (OLIVEIRA; OLIVEIRA; CECCON; HARPER 1986 p. 54)

!34
Alguns alunos
p o r s u a v e z , s e
empenhavam em fazer
com que seus colegas
pertencentes às
outras casas perdessem os pontos necessários para a conquista da Taça das Casas, outros iam mais
8
além, fazendo uso de ameaças, agressões físicas e psicológicas, principalmente os da Sonserina
(Slytherin), por serem quase que em sua totalidade oriundos de famílias abastadas, influentes e de
sangue puro, se achavam superiores ao demais, e beneficiavam-se da posição social para humilhar
os outros, sobretudo os da Lula-Lufa (Hufflepuff) considerados perdedores, sem talento e inferiores
justamente por pertencerem a casa que desconsiderava os dons inatos e adquiridos, essa rejeição
quanto a casa é tão forte que uma parcela considerável dos leitores também a rejeitam por esta
9
Taça das Casas trata-se de uma premiação que ocorre no final de cada ano letivo em Hogwarts, recebida pela casa que
8
obtiver mais pontuação. Os alunos ganham ou perdem pontos para suas casas através de comportamento, participação
em aula, vitórias no Quadribol (Quidditch) esporte popular entre os bruxos semelhante ao futebol e basquete, e etc.
Através das entrevistas pude comprovar a rejeição de uma parcela significativa dos leitores da saga quanto a casa
9
Lufa-Lufa (Hufflepuff).
Snape como Flitwick, começou a aula fazendo a chamada e, como Flitwick, ele
parou no nome de Harry.
- Ah, sim - disse baixinho. - Harry Potter. A nossa nova celebridade.
Draco Malfoy e seus amigos Crabbe e Goyle deram risadinhas escondendo a
boca com as mãos. Snape terminou a chamada e encarou a classe. Seus olhos
eram negros como os de Hagrid, mas não tinham o calor dos de Hagrid. Eram
frios e vazios e lembravam túneis escuros. ...
- Potter! - disse Snape de repente. - o que eu obteria se adicionasse raiz de
asfódelo em pó a uma infusão de losna?
Raiz do quê em pó a uma infusão do quê? Harry olhou para Rony, que parecia
tão embatucado quanto ele; a mão de Hermione se ergueu no ar. - Não sei não
senhor - disse Harry. A boca de Snape se contorceu num riso de desdém.
- Tsc, tsc, a fama pelo visto não é tudo. E não deu atenção à mão de Hermione.
[...] Caminhava imponente com sua longa capa negra, observando-os pesar
urtigas secas e pilar presas de cobras, criticando quase todos, exceto Draco, de
quem parecia gostar. Tinha acabado de dizer a todos que olhassem a maneira
perfeita com que Draco cozinhara as lesmas quando um silvo alto e nuvens de
fumaça acre e verde invadira as masmorras, Neville conseguira derreter o
caldeirão de Simas transformando-o em uma bolha retorcida e a poção dos dois
estava vazando pelo chão de pedra, fazendo furos nos sapatos dos garotos. Em
segundos, a classe toda estava trepada nos banquinhos, enquanto Neville, que se
encharcara de poção quando o caldeirão derreteu, tinha os braços e pernas
cobertos de furúnculos vermelhos que o faziam gemer de dor.
- Menino idiota! - vociferou Snape, limpando a poção derramada com um aceno
de sua varinha. - Suponho que tenham adicionado as cerdas de porco-espinho
antes de tirar o caldeirão do fogo?
Neville choramingou quando os furúnculos começaram a pipocar em seu nariz.
- Levem-no para a ala do hospital - Snape ordenou a Simas. Em seguida voltou-
se zangado para Harry e Rony, que estavam trabalhando ao lado de Neville. -
Você Potter porque não disse a ele para não adicionar as cerdas? Achou que você
pareceria melhor se ele errasse, não foi? Mais um ponto que você perdeu para a
Grifinória.
A injustiça foi tão grande que Harry abriu a boca para argumentar, mas Rony lhe
deu um pontapé por trás do caldeirão. - Não force a barra - cochichou - Ouvi
dizer que Snape pode ser muito indigesto. (ROWLING,, 2000, p.102/104)

!35
razão. Os alunos e ex-alunos da Sonserina são descritos em sua grande maioria como pessoas
arrogantes, preconceituosas, egoístas, desleais e não confiáveis.
Durante uma conversa informal entre Draco Malfoy e Harry Potter, antes mesmo do ano início do
ano letivo e de serem selecionados para suas respectivas casas, fica claro nas suas falas o
preconceito com os nascidos muggles e com os alunos da Lufa-Lufa (Hufflepuff), uma reafirmação
à crença de como a escola, mesmo na literatura, pode legítimar apenas os bem nascidos, além de
d e i x a r
transparecer a
pressão familiar
para que pertença
a mesma casa que
o restante da
família:
M a l f o y
p r o t a g o n i z o u
(...)Já sabe em que casa você vai ficar?
- Não - respondeu novamente Harry sentindo-se a cada minuto mais idiota.
- Bom, ninguém sabe mesmo até chegar lá, não é, mas sei que vou ficar na Sonserina,
toda nossa família ficou lá, imagina ficar na Lufa-Lufa, acho que saíria da escola,
Três garotos entraram e Harry reconheceu o do meio na hora: era o garoto pálido da
loja de vestes de Madame Malkin. Olhou para Harry com um interesse muito maior
do que revelara no Beco Diagonal.
- É verdade? - perguntou. - Estão dizendo no trem que Harry Potter está nesta cabine.
Então é você? - Sou - respondeu Harry. Observava os outros garotos. Os dois eram
fortes e pareciam muito maus. Postados dos lados do menino pálido eles pareciam
guarda-costas.
- Ah, este é Crabbe e este outro, Goyle - apresentou o garoto pálido displicentemente,
notando o interesse de Harry. - E meu nome é Draco Malfoy.
Rony tossiu de leve, o que poderia estar escondendo uma risadinha. Malfoy olhou
para ele.
- Acha o meu nome engraçado, é? Nem preciso perguntar quem você é. Meu pai me
contou que na família Weasley todos têm cabelos ruivos e sardas e mais filhos do que
podem sustentar.
Virou-se para Harry.
- Você não vai demorar a descobrir que algumas famílias de bruxos são bem melhores
do que outras, Harry. Você não vai querer fazer amizade com as ruins. E eu posso
ajudá-lo nisso.
Ele estendeu a mão para apertar a de Harry, mas Harry não a apertou.
- Acho que seu dizer qual é o tipo ruim sozinho, obrigado - disse com frieza.
Draco não ficou vermelho, mas um ligeiro rosado coloriu seu rosto pálido.
- Eu teria mais cuidado se fosse você, Harry - disse lentamente. - A não ser que seja
mais educado, vai acabar como os seus pais. Eles também não tinham juízo. Você se
mistura com gentinha como os Weasley e aquele Rúbeo e vai acabar se
contaminando. (ROWLING,2000, p.82)
Já sabem em qual casa vão ficar? Andei perguntando e espero ficar na Grifinória,
me parece a melhor, ouvi dizer que o próprio Dumbledore foi de lá, mas imagino
que a Corvinal não seja muito ruim... Em todo o caso, acho melhor irmos procurar o
sapo de Neville. E é melhor vocês se trocarem, sabe, vamos chegar daqui a pouco.
E foi-se embora, levando o menino sem sapo.
- Seja qual for a minha casa, espero que ela não esteja lá - comentou Rony. E jogou
a varinha de volta na mala. - Feitiço besta. Foi o Jorge que me ensinou, aposto que
sabia que não restava.
- Em que casa estão seus irmãos? - perguntou Harry.
- Grifinória - A tristeza parecia estar se apoderando dele outra vez. - Mamãe e papai
estiveram lá também. Não sei o que vão dizer se eu não estiver. Acho que a Corvinal
não seria muito ruim, mas imagine se me puserem na Sonserina. (ROWLING, 2000,
p.81)

!36
outros momentos preconceituosos que merecem destaque:
Considerando o fator familiar, alguns estudantes sofrem bastante pressão da família, velada ou
não, para que pertençam a mesma casa e internalizam-na.
10
Harry Potter e Hermione Granger são dois personagens muito interessantes, Hermione por ter
nascido em família muggle e Harry por ter vivido em um lar muggle entre seus 1 e 11 anos,
transitaram por escolas regulares (também fictícias) e do universo bruxo.
No que diz respeito à Hermione, os livros não mencionam sua trajetória discente anterior a
Hogwarts, mas Harry, por sua vez, teve uma vida escolar muito difícil, era discriminado por ser
órfão, por usar as roupas velhas do seu primo que tinha o triplo do seu tamanho e peso, além de ser
perseguido por ele e sua gangue. As crianças na escola evitavam se aproximar para não chatear o
Duddley e não correrem o risco de serem os novos perseguidos da escola. Em casa, Harry era
11
responsável pelas tarefas domésticas e manutenção do local em troca de refeições e um teto. Não
era bem alimentado, dormia num armário sob a escada, dividindo o pouco espaço que tinha com
insetos, não recebia algum tipo de afeto, e sofria todo o tipo de abuso psicológico dos tios que
procuravam a todo custo esconder do mundo a sua existência, e quando o contato não podia ser
evitado, apresentavam-no como um "sobrinho retardo".
Alvo Dumbledore, atualmente diretor de Hogwarts. Considerado por muitos o maior bruxo dos tempos
10
modernos. Dumbledore é particularmente conhecido por ter derrotado Grindelwald, o bruxo das Trevas, em
1945, por ter descoberto os doze usos do sangue de dragão e por desenvolver um trabalho em alquimia em
parceria com Nicolau Flamel. O Professor Dumbledore gosta de música de câmara e boliche. (ROWLING,
2010, p.78)
Primo do Harry, cresceram na mesma casa após o assassinato dos seus pais.
11

!37
Diria que até o momento que precede seus estudos em Hogwarts, a escola falhou com ele.
Embora não haja registros, é perfeitamente possível concluir que além de se mostrar indiferente aos
maus tratos sofridos por ele (e evidentemente por outras crianças) dentro do espaço escolar e
arredores, mostrou-se também alheia aos abusos sofridos em casa. Neste caso em específico, trata-
se de um estabelecimento fictício de ensino, e como tal, não teria obrigação de seguir a legislação
que assegura os direitos da criança e do adolescente. Porém se a instituição em questão existisse de
fato, estaria ferindo à Declaração Universal do Direito das Crianças, acordo publicado pela ONU
(Organização das Nações Unidas), em 1959, atualizada em 1989 e assinada unanimemente pelos
193 países do planeta, entre eles Brasil e Reino Unido. O acordo entre outros direitos, assegura que:

As Crianças têm Direitos
Direito à igualdade, sem distinção de raça religião ou nacionalidade.
Princípio I
- A criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração. Estes
direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer exceção, distinção ou
discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas
ou de outra natureza, nacionalidade ou origem social, posição econômica,
nascimento ou outra codição, seja inerente à própria criança ou à sua família.
Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.
[...]
Princípio VI
- A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e
harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o
amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um
ambiente de afeto e segurança moral e material; salvo circunstâncias
excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe. A
sociedade e as autoridades públicas terão a obrigação de cuidar especialmente do
menor abandonado ou daqueles que careçam de meios adequados de
subsistência. Convém que se concedam subsídios governamentais, ou de outra
espécie, para a manutenção dos filhos de famílias numerosas.

!38
A declaração
coincide com as
legislações:
brasileira - Estatuto
da Criança e do
Adolescente (ECA) -
e a britânica -
P r o t e c t i o n o f
Children Act 1989 -
ratificadas
celeremente como
efetivação do acordo.
Um ano após a atualização do texto no que diz respeito aos Direitos Universais da Criança, A
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 foi sancionada no Brasil, assegurando que:
O Estatuto da Criança e do Adolescente ainda determina qual a responsabilidade cabe às escolas
no que diz respeito
aos seus educandos,
a s s i m c o m o o s
Direito á educação gratuita e ao lazer infantil.
[...]
Princípio VII
- A criança tem direito a receber educação escolar, a qual será gratuita e
obrigatória, ao menos nas etapas elementares. Dar-se-á à criança uma educação
que favoreça sua cultura geral e lhe permita - em condições de igualdade de
oportunidades - desenvolver suas aptidões e sua individualidade, seu senso de
responsabilidade social e moral. Chegando a ser um membro útil à sociedade.
O interesse superior da criança deverá ser o interesse diretor daqueles que têm a
responsabilidade por sua educação e orientação; tal responsabilidade incumbe,
em primeira instância, a seus pais.
A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão
estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão
para promover o exercício deste direito.
Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes.
Princípio VIII
- A criança deve - em todas as circunstâncias - figurar entre os primeiros a
receber proteção e auxílio.
Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho.
Princípio IX
- A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e
exploração. Não será objeto de nenhum tipo de tráfico.
Não se deverá permitir que a criança trabalhe antes de uma idade mínima
adequada; em caso algum será permitido que a criança dedique-se, ou a ela se
imponha, qualquer ocupação ou emprego que possa prejudicar sua saúde ou sua
educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral.
Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e
justiça entre os povos.
Princípio X
- A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a
discriminação racial, religiosa, ou de qualquer outra índole. Deve ser educada
dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e
fraternidade universais e com plena consciência de que deve consagrar suas
energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes. (ONU. Declaração Universal
do Direito das Crianças. 1959. Atualizada em 1989)
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta
Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. (Brasil. Estatuto da
Criança e do Adolescente. 1990)
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão
ao Conselho Tutelar os casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos
escolares;
III - elevados níveis de repetência. (BRASIL. Estatuto da Criança e do
Adolescente. 1990)

!39
procedimentos a serem tomados:
Ou seja, devemos ter em mente que a instituição de ensino também é responsável por
garantir que seu corpo discente goze dos seus direitos instituídos. Desconfiando da violação à esses
direitos, cabe à direção, e demais gestores, informar às autoridades responsáveis, neste caso, o
Conselho Tutelar, a respeito de qualquer suspeita. Legalmente é inadmissível que crianças ou
adolescentes sofra os mesmos abusos que o personagem Harry sofreu nos livros.
Em suma, a comunidade - por via de regra - deve prezar pelo bem-estar e desenvolvimento
pleno das nossas crianças e adolescentes.

!40
3 HOGWARTS - AME-A OU DEIXE-A
O Brasil vivenciou no decorrer do século XX um considerável desenvolvimento industrial,
ao mesmo tempo em que as classes sociais antagônicas, burguesia e proletariado, adquiriam sua
forma mais definitiva.
No início da década de 60, os movimentos sociais emergiam e ganhavam força - movimentos
estudantis, sindicatos, associações de moradores, partidos políticos e entre outros - comprometeram-
se com a elaboração de um projeto político para o país em oposição aos ideais facistas, nazistas e
populistas. Em contrapartida, a burguesia com a assistência do Exército Brasileiro, da Igreja
Católica, classes conservadoras e da classe média, se organizava para abolir esta "efervescência de
ideias", visando a manutenção do poder e interesses de classe.
Segundo Florestan Fernandes (1980), a burguesia propendia obstar a transição de uma
democracia restrita para uma democracia de participação estendida, que ameaçava a consolidação
de um regime democrático-burguês.
No cenário internacional, vivenciávamos a Guerra Fria, a Europa recém saída da 2º Guerra
Mundial com grandes dificuldades econômicas, aliou-se aos Estados Unidos da América (já
recuperado da crise de 1929 e com status de potência). Com o intuito de obter investimentos vira-se
contra a URSS, segundo o governo norte americano, inimiga da democracia e do desenvolvimento
capitalista, surgindo então uma potente aliança anti-comunista, comandada pelos EUA.
No cenário nacional, após a renúncia de Jânio Quadros em 1961 e posse de seu vice João
Goulart (1961-1964), o país experienciou um governo marcado pelas reformas de base, reformas
estas que visavam transformações universitárias, agrárias, administrativas, bancárias e fiscais,
almejando ainda o direito de voto aos analfabetos. O suficiente para preocupar a burguesia, aliados
e inclusive os Estados Unidos que temiam o que chamavam de implantação do comunismo e
aliança do Brasil com o Bloco Socialista.


As décadas de 50/60 foram muito ricas para a educação brasileira. Houve, em
1958,um segundo Manifesto: Mais uma vez Convocados, ampliado com mais de
160 assinaturas de educadores, intelectuais e políticos, que reafirmavam os termos
do Manifesto dos Pioneiros e ampliavam suas reivindicações, exigindo uma
educação pública, gratuita, liberal, sem distinção de classe, raça e crenças, apoiada
nos valores democráticos e, de liberdade, de solidariedade, de cooperação, de
justiça, de cidadania, de igualdade, de respeito, de tolerância, e de convivência
com a diversidade étnico-cultural. Uma educação voltada para o trabalho e o
desenvolvimento econômico. (SILVA, 2005, p. 60).

!41
Os anos que antecederam a tomada do poder pelos militares, no âmbito educacional, foram os
mais produtivos, contando com a contribuição de nomes como Paulo Freire e Anísio Teixeira,
perseguidos e exilados posteriormente ao golpe, deflagrado em 31 de março de 1964.


Considerando o breve histórico apresentado, que contextualiza a implantação da ditadura
civil-militar brasileira (1964-1985) e as afirmações de Facini (2004, p.25) acerca do papel social
da literatura, não como "[...] espelho do mundo social, mas parte constitutiva desse mundo" uma
expressão de "[...] visões de mundo que são coletivas de determinados grupos sociais. Essas visões
de mundo são informadas pela experiência histórica concreta desses grupos sociais que as
formulam, mas são também elas mesmas construtoras dessa experiência. Elas compõem a prática
social material desses indivíduos e dos grupos sociais aos quais eles pertencem ou com os quais se
relacionam. Nesse caso, analisar visões de mundo e idéias transformados em textos literários supõe
investigar as condições de sua produção, situando seus autores histórica e socialmente." Pretendo
neste capítulo, relacionar aspectos relevantes da educação brasileira durante o regime, com os dois
maiores golpes sofridos pela comunidade bruxa, nos livros de Jo Rowling, que resvalaram
fortemente em Hogwarts: a intervenção do Ministério de Magia no funcionamento da instituição,
precedido pela retomada de Lorde Voldemort ao poder interrompido em 1981.
Com a instauração do Regime Militar no Brasil, ocorreu uma crescente onda de perseguição
aos cidadãos contrários ao referido governo, que lutavam em prol da defesa dos direitos civis e
democráticos. Os militares interpretaram as resistências como um convite para interferir no sistema
educacional.
O ideal almejado de educação neste período também se sustentava em um desenvolvimento
econômico pautado no controle da Segurança Nacional e de acordo com (Fonseca, 1993) reprimir
João estava só. Ao amanhecer de 1º de abril, os generais Luís Carlos Guedes e
Olímpio Mourão Filho, com o apoio do governador Magalhães
Pinto,sublevaram Minas Gerais e logo contaram com o apoio militar de outros
estados e dos governadores Carlos Lacerda, da Guanabara, e Ademar de
Barros, de São Paulo. A reação ao golpe foi nula. O governo, sem defesa
militar ou civil, desmoronou (SILVA, 1992: 288).
[...] Assim, surgiu a Lei 5.540/68, baseada nos interesses do regime
estabelecido.Esta foi instaurada pelos militares,e trouxe consigo uma série de
medidas que mudaram em muitos aspectos as políticas educacionais. Através
desta lei, foi oficializado o ensino dos estudos sociais nas escolas brasileiras,
ou seja, a historiografia foi repensada, uma vez que ficando os específicos da
História destinados somente ao segundo grau. (SCHIMIDT e CAIINEL, 2004,
p.11).

!42
as opiniões e os pensamentos dos cidadãos, de forma a eliminar toda e qualquer possibilidade de
resistência ao regime autoritário.
Não diferente, no universo Potteriano, Cornélio Fudge, ministro da Magia, nomeara Dolores
Umbridge, num primeiro momento, ao cargo até então vago de professora de Defesa Contra as
Artes das Trevas. A nomeação foi fruto de uma tentativa de manutenção da sua própria posição, ao
supor que o diretor da instituição, Alvo Dumbledore, juntamente com seus alunos, conspirava para
sobrepujá-lo e presidir a comunidade bruxa. Umbridge seria seus "os olhos e ouvidos", uma
infiltrada que mantinha-o informado de tudo o que se passava em Hogwarts.
Dumbledore pareceu surpreso por um instante, então, sentou-se com elegância
e olhou atento para a Profª Umbridge, como se ouvi-la fosse a coisa que mais
desejava na vida. Os outros membros do corpo docente não foram
competentes em esconder sua surpresa. As sobrancelhas da Profº Sprout
chegaram a desaparecer por baixo dos cabelos rebeldes, e Harry nunca vira a
boca da Profª McGonagall mais fina. Nenhum professor novo jamais
interrompera Dumbledore antes. Muitos estudantes sorriam abobados; era
óbvio que essa mulher não conhecia os hábitos de Hogwarts.
- Obrigada, diretor - disse a professora, sorrindo afetadamente -, pelas
bondosas palavras de boas-vindas.
Sua voz era aguda, soprada e meio infantil, e, mais uma vez, Harry sentiu uma
onda de aversão que não conseguia explicar; só sabia que tudo nela o enojava,
desde a voz tola ao casaquinho peludo cor-de-rosa. Ela tossiu mais uma vez
para clarear a voz (hem,hem), e continuou.
- Bem, devo dizer que é um prazer voltar a Hogwarts! - Ela sorriu, revelando
dentes muitos pontiagudos.
- E ver rostinhos tão felizes voltados para mim!
Harry olhou para todos os lados. Nenhum dos rostinhos que viu pareciam
felizes. Pelo contrário, todos pareciam meio chocados ao ver alguém se dirigir
a eles como se tivessem cinco anos de idade.
- Estou muito ansiosa para conhecer todos vocês, e tenho certeza de que
seremos bons amigos!
Os estudantes de entreolharam ao ouvir isso; alguns mal conseguiram
esconder os sorrisos.
- Serei amiga dela desde que não tenha de pedir emprestado aquele
casaquinho - sussurrou Parvati para Lilá, e as duas desataram a rir em
silêncio.
A Profª Umbridge tornou a pigarrear (hem, hem), mas quando continuou, um
pouco do modo soprado de falar desaparecera de sua voz. pareceu muito mais
objetiva, e suas palavras tinham um tom monótono de um discurso decorado.
- O ministro da Magia sempre considerou a educação dos jovens bruxos de
vital importância. os dons raros com que vocês nasceram talvez não
frutifiquem se não forem nutridos e aprimorados por cuidadosa, instrução. As
habilidades antigas, um privilégio da comunidade bruxa, devem ser
transmitidas às novas gerações ou se perderão para sempre. O tesouro oculto
de conhecimentos mágicos acumulados pelos nossos antepassados deve ser
preservado, suplementado e polido por aqueles que foram chamados à nobre
missão de ensinar.
A Profª Umbridge fez uma pausa e uma reverência aos seus colegas, mas
nenhum deles lhe retribuiu o cumprimento. As sobrancelhas escuras da Profª
McGonagall tinham se contraído de tal modo que ela decididamente parecia
uma falcão, e Harry a viu trocar um olhar significativo com a Profª Sprout ser
estimulado, pois as nossas tradições comprovadas raramente exigem

!43

O primeiro procedimento tomado por Umbridge como professora de Defesa Contra as Artes
das Trevas, foi substituir as aulas práticas por aulas exclusivamente teóricas, realizadas somente
através da leitura do livro didático.
Em seguida foi nomeada Alta Inquisidora, a primeira conhecida por Hogwarts, acumulando
cargos. Prática também conhecida na realidade brasileira, mais precisamente em 1964 quando a
UNB foi invadida e Anisio Teixeira, o então reitor deposto e substituído por Zeferino Vaz, indicado
remendos. Então um equilíbrio entre o velho e o novo, entre a permanência e
quando Umbridge fez mais um hem,hem, e continuou o discurso.
- Todo diretor e diretora de Hogwarts trouxe algo novo à pesada tarefa de
dirigir esta escola histórica, e assim deve ser, pois sem progresso haverá
estagnação e decadência. Por outro lado progresso pelo progresso não deve
a mudança, entre a tradição e a inovação... Harry percebeu que sua atenção
estava oscilando, como se seu cérebro estivesse entrando e saindo de sintonia.
O silêncio que sempre prevalecia no salão quando Dumbledore falava ia se
rompendo à medida que os alunos aproximavam as cabeças, cochichando e
abafando risinhos. Na mesa da Corvinal, Cho Chang conversava
animadamente com as migas. Alguns lugares adiante de Cho, Luna Lovegood
puxara seu Pasquim. Entrementes, na mesa de Lufa-Lufa, Ernesto Macmillian
era um dos poucos que ainda olhavam para a Profª Umbridge, de olhar
vidrado, e Harry tinha certeza de que estava apenas fingindo ouvir, numa
tentativa de honrar o novo distintivo de monitor que reluzia em seu peito. A
Profº Umbridge não pareceu notar o desassossego da platéia. Harry teve a
impressão de que uma revolta de grandes proporções poderia ter estourado
bem embaixo do nariz dela e a bruxa teria continuado a discursar. Os
professores, porém ainda ouviam com muita atenção, e Hermione parecia
estar bebendo cada palavra que Umbridge dizia, embora, a julgar por sua
expressão, a desagradasse totalmente. - ...porque algumas mudanças serão
para melhor, enquanto outras virão, na plenitude do tempo, a ser reconhecidas
como erros de julgamento. Entrementes, alguns velhos hábitos serão
conservados, e muito acertadamente, enquanto outros, antigos e desgastados,
precisarão ser abandonados. Vamos caminhar para a frente, então, para uma
nova era de abertura, eficiência e responsabilidade, visando a preservar o que
deve ser preservado, aperfeiçoando o que precisa ser aperfeiçoado e cortando,
sempre que encontrarmos, práticas que devem ser proibidas. A bruxa se
sentou. Dumbledore aplaudiu. O corpo docente acompanhou a sua deixa,
embora Harry reparasse que vários professores bateram as mãos apenas uma
ou duas vezes antes de parar. Alguns alunos secundaram os aplausos, mas a
maioria foi apanhada de surpresa pelo fim do discurso, porque não ouvira
mais do que umas poucas palavras do todo, e antes que eles pudessem
começar a aplaudir devidamente, Dumbledore tornou a se erguer. - Muito
obrigado, Profª Umbridge, foi um discurso muito esclarecedor - disse,
curvando-se para a bruxa. - Agora, como eu ia dizendo, os testes de quadribol
serão realizados...
- Certamente que foi esclarecedor - disse Hermione em voz baixa.
- Você está me dizendo que gostou? - perguntou Rony baixinho, virando o
rosto, perplexo para ela. - Foi o discurso mais chato que já ouvi, e olha que fui
criado com o Percy.
- Eu disse esclarecedor e não agradável. Explicou muita coisa.
- Foi? - admirou-se Harry. - me pareceu uma grande enrolação.
- Mas havia coisas importantes no meio da enrolação - disse Hermione, séria.
- Havia? - perguntou Rony sem entender.
-Que tal "o progresso pelo progresso deve ser estimulado"? Ou então

!44
por Luiz Antonio da Gama, Ministro da Justiça e Ministro da Educação e Cultura, um colecionador
de funções assim como a Umbridge.

MINISTÉRIO QUER REFORMA NA EDUCAÇÃO
DOLORES UMBRIDGE NOMEADA PRIMEIRA ALTA INQUISIDORA
DA HISTÓRIA
- Ontem à noite, o Ministro da Magia surpreendeu a todos aprovando uma lei
que concede ao próprio órgão um nível de controle sem precedentes sobre a
Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
"Já há algum tempo, o ministro tem se mostrado apreensivo com o que
acontece em Hogwarts", comentou seu assistente-júnior, Percy Weasley.
"O decreto é uma resposta às preocupações expressadas por pais ansiosos que
sentem que a escola está trilhando um caminho que desaprovam."
Não é a primeira vez nas últimas semanas que o ministro Cornélio Fudge tem
usado novas leis para realizar aperfeiçoamentos na escola de magia. Em 30
de agosto recente, foi aprovado o Decreto de Educação n.º 22, para assegurar
que, na eventualidade do atual diretor não conseguir apresentar um candidato
a uma vaga de professor, o Ministério selecione uma pessoa habilitada.
"Foi assim que Dolores Umbridge acabou sendo indicada para o corpo
docente de Hogwarts", disse Wasley ontem à noite. "Dumbledore não
conseguiu encontrar ninguém, então o Ministério nomeou Umbridge, e,
naturalmente ela alcançou imediato sucesso..."
- Ela o QUÊ? - exclamou Harry em voz alta.
- Espere, ainda tem mais - disse Hermione séria: - "...imediato sucesso,
revolucionando inteiramente o ensino da Defesa Contra as Artes das Trevas e
informando em primeira mão ao ministro, o que está realmente acontecendo
em Hogwarts."
É esta função que o Ministério está formalizando agora ao aprovar o Decreto
de Educação n° 23, que cria o cargo de Alta Inquisidora de Hogwarts.
"Inicia-se assim uma nova fase no plano ministerial para enfrentar o que
alguns têm chamado de queda nos padrões de Hogwarts", diz Wasley "A
Inquisidora terá poderes para inspecionar seus colegas educadores e se
assegurar de que estejam satisfazendo os padrões desejados.
O cargo foi oferecido à Profº Umbridge, que aceitou a nova incumbência e a
irá acumular com o cargo de docente que ora exerce."
As novas medidas do Ministério receberam o apoio entusiastas dos pais dos
alunos de Hogwarts.
"Eu me sinto muito, mas muito mais tranquilo agora que sei que Dumbledore
está sujeito a avaliações justas e objetivas", declarou o Sr. Lúcio Malfoy, 41,
à noite passada de sua mansão de Wilshire. " Muitos de nós que no fundo
queremos que nossos filhos seja felizes e bem-sucedidos, estávamos
preocupados com algumas decisões excêntricas que Dumbledore andou
tomando nos últimos anos, e ficamos contentes de saber que o Ministério está
atento à situação."
Sem dúvida, entre as decisões excêntricas mencionadas encontram-se as
nomeações controversas apontadas pelo nosso jornal, entre as quais se
incluem a contratação do lobisomem Remo Lupin, do meio-gigante Rúbeo
Hagrid e do ex-auror delirante Olho-Tonto Moody. Naturalmente, correm
boatos de que Alvo Dumbledore, que no passado foi o Chefe Supremo da
Confederação Internacional de Bruxos e Bruxo-presidente da Suprema Corte,
não está mais a altura de administrar a prestigiosa escola de Hogwarts.
"Acho que a nomeação da Inquisidora é o primeiro passo para assegurar que
Hogwarts tenha um diretor em quem possamos depositar nossa confiança",
declarou uma fonte do Ministério à noite passada. Os juízes da Suprema Corte

!45

Por trás de todo
golpe há uma mídia
t a m b é m g o l p i s t a ,
manipulando os fatos,
publicando entrevistas
de aliados, "pessoas de
b e m " c o m o
representantes da
opinião da maioria,
travestidos de cidadãos
comuns para aproximá-
los da comunidade e
desacreditar os que se opõem, apresentando-os como ameaças. A imprensa fictícia, assim como a
brasileira, foi crucial para a legitimidade do discurso golpista. O Profeta Diário, jornal de maior
influência na comunidade bruxa foi o veículo de comunicação que mais apoiou os golpes,
principalmente a ascensão de Voldemort, aperfeiçoando uma imagem deturpada dos divergentes, em
especial Harry e Dumbledore, ante a comunidade mágica, difundindo a ilusão de imaculada
segurança e proteção por parte do Ministério.
No Brasil, a Rede Globo de Televisão fundada no regime cumpria este papel, de acordo com
Brasil de Fato (2013) o apoio ao golpe militar não foi um ato isolado. A Globo apoiou,
incondicionalmente, os 20 anos de ditadura em nosso país. Em dezembro de 1968, renovou seu
apoio ao governo ditatorial, tornando-se conivente com o Ato Institucional número 5 (AI-5). As
prisões políticas, os exílios, casos de torturas e assassinatos de militantes políticos não mereceram
uma linha de repúdio ao governo militar, nos noticiários da família Marinho, além de ser uma
beneficiária direta do regime.
- A senhorita é uma especialista educacional do Ministério da Magia, Srta.
Granger? - Não, mas... - Bem, então, receio que não esteja qualificada para
decidir qual é a "questão central" em nenhuma disciplina. Bruxos mais velhos e
mais inteligentes que a senhorita prepararam o nosso programa de estudos. A
senhorita irá aprender a respeito dos feitiços defensivos de um modo seguro e
livre de riscos...
- Para que servirá isso? - perguntou Harry, em voz alta. - Se formos atacados,
não será em um...
- Mão, Sr. Potter! - entoou a Profº Umbridge. Harry empunhou o dedo no ar.
Mais uma vez, a professora prontamente lhe deu as costas, mas agora vários
alunos tinham erguido as mãos.
[...] Agora o Ministério acredita que um estudo teórico será mais do que
suficiente para prepará-los para enfrentar os exames, que, afinal, é para o que
existe a escola. E o seu nome é? - acrescentou ela, fixando o olhar em Parvati,
que acabara de erguer a mão.
- Parvati Patil, e não tem uma pequena parte prática no nosso N.O.M de Defesa
Contra as Artes das Trevas? Não temos de demonstrar que somos capazes de
realizar contra feitiços e coisa assim?
- Desde que tenham estudado a teoria com muita atenção, não há razão para não
serem capazes de realizar feitiços sob condições de exame cuidadosamente
controladas - respondeu a professora, encerrando o assunto.
- Sem nunca ter praticado os feitiços antes? - perguntou Parvati incrédula. - A
senhora está nos dizendo que a primeira vez que poderemos realizar feitiços será
durante o exame?
- Repito, desde que tenham estudado a teoria com atenção...
- E para que serve a teoria no mundo real? - perguntou Harry em voz alta, seu
punho mais uma vez no ar. A professora Umbridge ergueu a cabeça. - Isto é uma
escola, Sr. Potter, não é mundo real - disse mansamente. (ROWLING, 2003, p. )

!46
Durante os períodos de golpe no mundo bruxo, mídias opositoras independentes ganharam
notoriedade, como o programa de rádio Potterwatch conhecido por atualizar a lista de
12
desaparecidos políticos e a revista coincidentemente intitulada O Pasquim (assim como um dos
13
maiores jornais opositores ao governo militar no Brasil) dirigida por Xenophilius Lovegood, editor
chefe e proprietário. Sua filha Luna foi sequestrada a caminho da escola como medida de retaliação
a seus artigos contrários ao governo.
A censura foi uma tentativa satisfatória de domínio. No sistema educacional brasileiro, deu-se
na educação básica através do controle ao conteúdo, livros utilizados e termos mencionados em sala
de aula. Professores que lecionaram durante o período afirmam que os livros didáticos
tratavam-se de manuais contendo questionários que objetivavam respostas prontas, não
estimulavam o pensamento crítico e nem reflexivo, aos alunos cabia apenas a memorização e a
repetição. Os militares transitavam pelas escolas, e caso professores e alunos descumprissem as
ordens, eram perseguidos, torturados psicológica e fisicamente ou até mesmo assassinados.
Em setembro de 1969 a Lei 869 entrou em vigor, estabelecia em caráter obrigatório a inclusão
das disciplinas Educação Moral e Cívica e Estudos Sociais em todos os sistemas educacionais
brasileiros. O intuito da implementação da Moral e Cívica era fortalecer a unidade nacional,
aprimorar o caráter e preparo para o exercício das atividades cívicas fundamentadas na moral e
patriotismo.
A substituição da História e da Geografia por Estudos Sociais e exclusão da Filosofia visava
desenvolver nos alunos uma postura submissa, meros contempladores da realidade por meio da
observação. De acordo com Helfer e Lenskij (2000) "os alunos não atuavam como sujeitos da
construção do processo histórico e do conhecimento".
Em Hogwarts, instituição de ensino fantástica mencionada no decorrer deste trabalho, a
disciplina Defesa Contra as Artes das Trevas até então prática, foi substituída por monótonas
Em português Observatório Potter.
12
Na tradução para a Língua Portuguesa.
13
Introduzir as disciplinas sobre civismo significa impor a ideologia da ditadura,
reforçada pela extinção da Filosofia e diminuição da carga horária de História e
Geografia, que exerce a mesma função de diminuir o senso crítico e consciência
política da situação (VEDANA,1997, p.54).

!47
leituras do livro didático durante os tempos de aula, não havendo espaço para o surgimento de
dúvidas, perguntas e
questionamentos,
como evidencia o
seguinte fragmento:

- Bom, o ensino que receberam desta disciplina foi um tanto interrompido, e
fragmentário, não é mesmo? - afirmou a Prof° Umbridge, virando-se para
encarar a turma, com as mãos perfeitamente cruzadas diante do corpo. - A
mudança constante de professores, muitos dos quais não parecem ter seguido
nenhum currículo aprovado pelo Ministério, infelizmente teve como
consequência os senhores estarem muito abaixo dos padrões que esperaríamos
ver no ano dos N.O.M.s. "Os senhores ficarão satisfeitos de saber, porém, que
tais problemas serão corrigidos. Este ano iremos seguir um curso de magia
defensiva, aprovada pelo Ministério e cuidadosamente estruturado em torno da
teoria. Copiem o seguinte por favor." Ela tornou a bater no quadro; a primeira
mensagem desapareceu e foi substituída por "Objetivos do Curso".
1. Compreender os princípios que fundamentam a magia defensiva.
2. Aprender a reconhecer as situações em que a magia defensiva pode legalmente
ser usada.
3. Inserir o uso da magia defensiva em contexto de uso.
Por alguns minutos o som das penas arranhando pergaminhos encheu a sala.
Depois que todos copiaram os três objetivos do curso da Profº Umbridge, ela
perguntou: - Todos têm um exemplar de Teoria da magia defensiva de Wilbert
Slinkhard? Ouviu-se um murmúrio baixo de concordância por toda a sala. - Acho

!48
que vou tentar outra vez - disse ela. - Quando eu fizer uma pergunta, gostaria que
os senhores respondessem: "Sim, senhora Prof° Umbridge" ou "Não, senhora,
Prof° Umbridge". Então: todos têm um exemplar de Teoria da magia defensiva
de Wilbert Slinkhard?
- Sim, senhora Prof° Umbridge - ecoou a resposta pela sala.
- Ótimo Eu gostaria que os senhores abrissem na página cinco e lessem o
Capítulo Um, "Elementos Básicos para Principiantes". Não precisarão falar.
A Prof° Umbridge deu as costas ao quadro e se acomodou na cadeira, à
escrivaninha, observando todos os alunos, com aqueles olhos empapuçados de
sapo. Harry abriu á página cinco do seu exemplar de teoria da magia defensiva e
começou a ler. Era desesperadamente monótono, tão ruim quanto escutar o Prof.
Bins. Sentiu sua concentração ir fugindo; logo tinha lido a mesma linha meia
dúzia de vezes, sem absorver nada além das primeiras palavras. Vários minutos
se passaram em silêncio. Ao seu lado, Rony virava e revirava a pena entre os
dedos distraidamente, os olhos fixos no mesmo ponto da página. Harry olhou
para a direita e teve uma surpresa que sacudiu o seu torpor. Hermione sequer
abrira seu exemplar de Teoria da magia defensiva. Olhava fixamente a Prof°
Umbridge com a mão levantada. Harry não se lembrava de Hermione jamais ter
deixado de ler quando a mandavam fazê-lo, ou resistir à tentação de abrir
qualquer livro que passasse embaixo do seu nariz. Olhou-a, indagador, mas ela
meramente balançou a cabeça, a indicar que não ia responder perguntas,e
continuou a encarar a professora, que olhava com igual resolução para o outro
lado. Depois de se passarem vários minutos, porém, Harry já não era o único que
olhava para Hermione. O capítulo que a professora os mandara ler era tão
tedioso que um número cada vez maior de alunos estava preferindo observar a
muda tentativa de Hermione de ser notada pela professora a continuar penando
para ler os "Elementos Básicos para Principiantes".
Quando mais da metade da classe estava olhando para Hermione e não para os
livros, a professora pareceu decidir que não podia continuar ignorando a
situação.
- Queria me perguntar alguma coisa sobre o capítulo querida? - perguntou ela a
Hermione como se tivesse acabado de reparar nela.
- Não, não é sobre o capítulo - respondeu Hermione.
- Bem, é que o que estamos lendo agora - disse a professora, mostrando seus
dentinhos pontiagudos. - Se a senhorita tem outras perguntas, podemos tratar
delas no final da aula.
- Tenho uma pergunta sobre os objetivos desse curso - disse Hermione.
A Prof° Umbridge ergueu as sobrancelhas.
- E como é o seu nome?
- Hermione Granger.
- Muito bem, Srta. Granger, acho que os objetivos do curso são perfeitamente
claros se lidos com atenção - respondeu em um tom de intencional meiguice.
- Bem, eu não acho que estejam, concluiu Hermione secamente. - Não há nada
escrito no quadro sobre o uso de feitiços defensivos.
Houve um breve silêncio em que muitos alunos da turma viraram a cabeça para
reler, de testa franzida, os três objetivos do curso ainda escritos no quadro-negro.
- O uso de feitiços defensivos? - repetiu a Prof° Umbridge, dando uma risadinha.
- Ora, não consigo imaginar nenhuma situação que possa surgir nesta sala de
aula que exija o uso de um feitiço defensivo, Srta. Granger. Com certeza não está
esperando ser atacada durante a aula, está?
- Não vamos usar magia? - exclamou Rony em voz alta.
- Os alunos levantam a mão quando querem falar na minha aula Sr...?
- Weasley - respondeu Rony, erguendo a mão no ar.
A Prof° Umbridge, ampliando o seu sorriso, virou as costas para ele. Harry e
Hermione imediatamente ergueram as mãos também. Os olhos empapuçados da
professora se detiveram por um momento em Harry, antes de se dirigir a
Hermione.
- Sim, Srta Granger? Quer me perguntar mais alguma coisa?
- Quero. certamente a questão central na Defesa Contra as Artes das Trevas é a
prática de feitiços defensivos.

!49
A nova estrutura dada à disciplina Defesa Contra as Artes da Trevas, especificamente neste
período, é muito familiar a pedagogia tecnicista (relacionando à realidade fora dos livros), visando
o desenvolvimento intelectual, através da memorização do conteúdo, e de conhecimentos
considerados essenciais para o sucesso educacional, sem reflexão e confronto com a realidade do
educando. Umbridge na sua fala, inclusive explicita que o objetivo das aulas é dar suporte para as
avaliações, assim como a a existência da escola e sua manutenção é para meramente ser um espaço
destinado a aplicação de exames.
3.1 A LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL NOS REGIMES DITATORIAIS
Outra característica que assemelha os períodos ditatoriais brasileiro e bruxo, foi a implantação
de Decretos-Leis e demais leis autoritárias. Os decretos educacionais realizados em Hogwarts,
relacionam-se com os Atos Institucionais impostos no Brasil durante o regime militar, que
vivenciava um período de exceção e de constantes mudanças legislativas com o intuito de controlar
e reprimir os movimentos sociais. Na sociedade bruxa, os decretos criados pelo Ministério da
Magia, visavam modificar ou definir padrões, almejando a supressão do surgimento de grupos
opositores, especialmente oriundos da instituição.
Na nossa realidade, as leis mais significativas no que diz respeito a repressão no cenário
educacional são:
O Decreto-lei Nº 477: de 26 de fevereiro de 1969, baixado pelo então presidente Artur da
Costa e Silva, previa a punição de professores, alunos e funcionários de estabelecimentos de ensino,
considerados culpados de subversão ao regime. Aos professores cabiam a demissão, além de
ficarem impossibilitados de exercer a profissão em todas as instituições do país por cinco anos,
funcionários também recebiam o mesmo tempo de punição, os estudantes por sua vez eram
expulsos e impossibilitados de estudarem em qualquer universidade do país por um período de três
anos.

!50

DECRETO-LEI Nº 477, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1969.
Revogado pela Lei nº 6.680, de 1979
Define infrações disciplinares praticadas por professôres, alunos, funcionários ou
empregados de estabelecimentos de ensino público ou particulares, e dá outras
providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe confere o
parágrafo 1º do Art. 2º do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968,
DECRETA:
Art. 1º Comete infração disciplinar o professor, aluno, funcionário ou empregado
de estabelecimento de ensino público ou particular que:
I - Alicie ou incite à deflagração de movimento que tenha por finalidade a
paralisação de atividade escolar ou participe nesse movimento;
II - Atente contra pessoas ou bens tanto em prédio ou instalações, de qualquer
natureza, dentro de estabelecimentos de ensino, como fora dêle;
III - Pratique atos destinados à organização de movimentos subversivos,
passeatas, desfiles ou comícios não autorizados, ou dêle participe;
IV - Conduza ou realize, confeccione, imprima, tenha em depósito, distribua
material subversivo de qualquer natureza;
V - Seqüestre ou mantenha em cárcere privado diretor, membro de corpo
docente, funcionário ou empregado de estabelecimento de ensino, agente de
autoridade ou aluno;
VI - Use dependência ou recinto escolar para fins de subversão ou para praticar
ato contrário à moral ou à ordem pública.
§ 1º As infrações definidas neste artigo serão punidas:
I - Se se tratar de membro do corpo docente, funcionário ou empregado de
estabelecimento de ensino com pena de demissão ou dispensa, e a proibição de
ser nomeado, admitido ou contratado por qualquer outro da mesma natureza,
pelo prazo de cinco (5) anos;
II - Se se tratar de aluno, com a pena de desligamento, e a proibição de se
matricular em qualquer outro, estabelecimento de ensino pelo prazo de três (3)
anos.
§ 2º Se o infrator fôr beneficiário de bolsa de estudo ou perceber qualquer ajuda
do Poder Público, perdê-Ia-á, e não poderá gozar de nenhum dêsses benefícios
pelo prazo de cinco (5) anos.
§ 3º Se se tratar de bolsista estrangeiro será solicitada a sua imediata retirada de
território nacional.
Art. 2º A apuração das infrações a que se refere êste Decreto-lei far-se-á
mediante processo sumário a ser concluído no prazo improrrogável, de vinte
dias.
Parágrafo único. Havendo suspeita de prática de crime, o dirigente do
estabelecimento de ensino providenciará, desde logo a instauração de inquérito

!51
Lei N° 4464: de 9
de novembro de 1964,
criada cinco anos antes
do Decreto lei 477,
conhecida como Lei
Suplicy de Lacerda,
colocou na ilegalidade
instituições estudantis
como a UNE (União
Nacional dos
E s t u d a n t e s ) e d e
contrapartida criou e
legitimou os centros e
diretórios acadêmicos
(restritos a cada curso)
e o Diretório Central
dos Estudantes
(abrangendo a universidade), com o intuito de segregar e eliminar a representação estudantil no
âmbito educacional e impedir que se organizassem de modo a criar uma ação política efetiva
independente dos estudantes.

Policial.
Art. 3º O processo sumário será realizado por um funcionário ou empregado
do estabelecimento de ensino, designado por seu dirigente, que procederá às
diligências convenientes e citará o infrator para, no prazo de quarenta e oito
horas, apresentar defesa. Se houver mais de um infrator o prazo será comum e
de noventa e seis horas.
§ 1º O indiciado será suspenso até o julgamento, de seu cargo, função ou
emprêgo, ou, se fôr estudante proibido de freqüentar as aulas, se o requerer o
encarregado do processo.
§ 2º Se o infrator residir em local ignorado, ocultar-se para não receber a
citação, ou citado, não se defender, ser-lhe-á designado defensor para
apresentar a defesa.
§ 3º Apresentada a defesa, o encarregado do processo elaborará relatório
dentro de quarenta e oito horas, especificado a infração cometida, o autor e as
razões de seu convencimento.
§ 4º Recebido o processo, o dirigente do estabelecimento proferirá decisão
fundamentada, dentro de quarenta e oito horas, sob pena do crime definido no
Art. 319 do Código Penal, além da sanção cominada no Item I do § 1º do Art.
1º dêste Decreto-lei.
§ 5º Quando a infração estiver capitulada na Lei Penal, será remetida cópia
dos autos à autoridade competente.
Art. 4º Comprovada a existência de dado patrimonial no estabelecimento de
ensino, o infrator ficará obrigado a ressarcí-lo, independentemente das sanções
disciplinares e criminais que, no caso, couberem.
Art. 5º O Ministro de Estado da Educação e Cultura expedirá, dentro de trinta
dias, contados da data de sua publicação, instruções para a execução dêste
Decreto-lei.
Art. 6º Êste Decreto-lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas
as disposições em contrário.
Brasília, 26 de fevereiro de 1969; 148º da Independência e 81º da República.
A. COSTA E SILVA
Luís Antonio da Gama e Silva
Tarso Dutra
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 26.2.1969 (BRASIL.
DECRETO-LEI Nº 477, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1969).
LEI Nº 4.464, DE 9 DE NOVEMBRO DE 1964.
Revogado pelo Decreto-Lei nº 228, de 1967
Vide Lei nº 7.395, de 1985
Dispõe sôbre os Órgãos de Representação dos Estudantes e dá outras
providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º. Os órgãos de representação dos estudantes de ensino superior, que se

!52
Decreto-Lei N°
228: de 28 de
fevereiro de 1967,
ampliou o caráter
repressivo contra o
movimento estudantil, e teve um longo período de vigência, sendo revogado apenas no final da
década de 70.
têm por finalidade:
a) defender os interêsses dos estudantes;
b) promover a aproximação e a solidariedade entre os corpos discente, docente e
administrativo dos estabelecimentos de ensino superior;
c) preservar as tradições estudantis, a probidade da vida escolar, o patrimônio
moral e material das instituições de ensino superior e a harmonia entre os
diversos organismos da estrutura escolar;
d) organizar reuniões e certames de caráter cívico, social, cultural, científico,
técnico, artístico, e desportivo, visando à complementação e ao aprimoramento
da formação universitária;
e) manter serviços de assistência aos estudantes carentes de recursos;
f) realizar intercâmbio e colaboração com entidades carentes de recursos;
g) lutar pelo aprimoramento das instituições democráticas.
Art. 2º. São órgãos de representação dos estudantes de ensino superior:
a) o Diretório Acadêmico (D.A.), em cada estabelecimento de ensino superior;
b) o Diretório Central de Estudantes (D.C.E.), em cada Universidade;
c) o Diretório Estadual de Estudantes (D.E.E.), em cada capital de Estado,
Território ou Distrito Federal, onde houver mais de um estabelecimento de
ensino superior;
d) o Diretório Nacional de Estudantes (D.N.E.), com sede na Capital Federal.
Parágrafo único - VETADO
Art. 3º. Compete, privativamente, ao Diretório Acadêmico e ao Diretório Central
de Estudantes, perante as respectivas autoridades de ensino da Escola, da
Faculdade e da Universidade:
a) patrocinar os interêsses do corpo docente;
b) designar a representação prevista em lei junto aos órgãos de deliberação
coletiva e bem assim junto a cada Departamento constitutivo de Faculdade,
Escola ou Instituto integrante de Universidade;
§ 1º. A representação a que se refere a alínea b dêste artigo será exercida, junto a
cada órgão, por estudante ou estudantes regularmente matriculados, em série que
não a primeira, sendo que, no caso de representação junto a Departamento ou
Instituto deverá ainda recair em aluno ou alunos de cursos ou disciplinas que o
integrem, tudo de acôrdo com regimentos internos das Faculdades, Escolas e
estatutos das Universidades.
[...]
Art. 17. O Diretor de Faculdade ou Escola e o Reitor de Universidade incorrerão
em falta grave se por atos, omissão ou tolerância, permitirem ou favorecerem o
não-cumprimento desta Lei.
[...]
H. CASTELLO BRANCO
Flávio Lacerda.
Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.11.1964
(BRASIL. DECRETO-LEI Nº 477, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1969).
(...)
Art. 12. A fiscalização do cumprimento dêste decreto-lei caberá ao Diretor do
estabelecimento ou ao Reitor da Universidade, respectivamente, conforme se tratar
de D.A. ou D.C.E.
§ 1º O Diretor do estabelecimento de ensino ou Reitor da Universidade incorrerá
em falta grave se, por ação, tolerância ou omissão, não tornar efetivo o
cumprimento dêste decreto-lei.
§ 2º Caberá às Congregações e aos Conselhos Universitários a apuração da

!53

Os Decretos Educacionais institucionalizados em Hogwarts pela Alta Inquisidora Dolores
Umbridge em 1995, apoiados integralmente pelo então Ministro da Magia Cornélio Fudge visava
acirrar ainda mais o controle. Os decretos que influenciam diretamente no funcionamento da escola
estão listados abaixo:
Decreto Educacional N°128: proibia a existência de qualquer organização estudantil não
aprovadas pela Alta Inquisidora, uma reformulação do anterior Decreto Educacional N°68.
Decreto Educacional N°127: dava plenos poderes à Alta Inquisidora para destituir os
professores do cargo.
Decreto Educacional N° 41: proibia estudantes de conversarem sobre ocorrências.
Decreto Educacional n° 22: Assegurava ao Ministério o poder de apresentar um candidato a
vaga de professor, caso o diretor da instituição não consiga fazê-lo.
Decreto Educacional N°44: institucionalizava o envio de advertências por escrito à alunos,
professores e funcionários de Hogwarts.
Decreto Educacional N° 29: permitia à Alta Inquisidora rever a toda e qualquer atividade
extracurricular.
responsabilidade, nos têrmos dêste artigo, aplicando, em decorrência, as
penalidades que couberem.
§ 3º Em caso de omissão das autoridades, caberá ao Ministro da Educação e
Cultura impor as penalidades.
Art. 13. As Universidades e os estabelecimentos de ensino superior adaptarão seus
Estatutos e Regimentos, respectivamente, aos têrmos do presente decreto-lei, no
prazo improrrogável de sessenta (60) dias.
Art. 14. Os atuais órgãos de representação estudantil deverão proceder à reforma
de seus regimentos, adaptando-os ao presente decreto-lei e os submetendo, através
do Diretor do estabelecimento ou do Reitor da Universidade, à Congregação ou ao
Conselho Universitário, dentro de trinta (30) dias da aprovação da reforma dos
Regimentos e Estatutos, a que se refere o artigo anterior.
Art. 15. Serão suspensos ou dissolvidos pelas Congregações ou pelos Conselhos
Universitários, conforme se trate de Diretório Acadêmico ou de Diretório Central
de Estudantes, os órgãos de representação estudantil que não se organizarem ou
não funcionarem em obediência ao prescrito neste decreto-lei e nos respectivos
Regimentos ou Estatutos.
§ 1º A suspensão não poderá ultrapassar noventa (90) dias, findos os quais serão
dissolvidos os órgãos se não provarem adaptação às normas legais e regimentais.
§ 2º No caso de dissolução, será promovida, pelas autoridades escolares, a
imediata desocupação da sede do D.A. ou D.C.E., porventura situada no recinto da
Faculdade ou Universidade, devolvendo-se os bens e recursos colocados à
disposição dos órgãos.
§ 3º Os bens e recursos, a que se refere o item anterior, ficarão sob a guarda da
Congregação ou do Conselho Universitário, até que se reorganize o órgão.
(BRASIL. DECRETO-LEI Nº 228, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967).

!54
Decreto Educacional N°46: proibia em Hogwarts toda a literatura de autoria não-bruxos ou
mestiça.
Decreto Educacional N° 75: instaurava o confinamento dos animais de estimação dos alunos,
e proibição de utilizar suas próprias corujas para enviar/receber correspondências.
Decreto Educacional N°82: obrigava os alunos a responderem a qualquer questionamento
sobre "atitudes ilícitas".
Decreto Educacional N°88: cria-se a Brigada Inquisitorial.
Decreto Educacional N° 129: restringia o uso da biblioteca escolar e Salões Comunais.
Decreto Educacional N°133: autorizava à Alta Inquisidora, o confisco de qualquer livro não
autorizado de estudantes.
3.2 OPOSIÇÃO E MOVIMENTO ESTUDANTIL

Apesar das leis, decretos e atos institucionais e da dura repressão sofrida, a oposição sempre
fez-se presente.
No Brasil diversas organizações confrontavam o regime, mediante greve, conscientização da
população e em frentes de luta contra os militares, foram eles: o movimento operário, estudantil,
algumas organizações ligadas à Igreja Católica e a partidos políticos como o PCB (Partido
Comunista Brasileiro).
Um dos marcos da resistência no período ditatorial, ocorreu em abril de 1968, os metalúrgicos
de Contagem/MG, entraram em greve reivindicando melhores salários e condições de trabalho,
saíram vitoriosos, mas ao voltarem a paralisar em outubro foram duramente reprimidos.
Em São Paulo, no dia 1º de maio do mesmo ano, metalúrgicos de posição mais radical
expulsaram o então governador Abreu Sodré do palanque montado na Praça da Sé em comemoração
ao Dia do Trabalhador. Sodré havia sido nomeado ao cargo pela ditadura, segundo SUL 21 (2014)
"fora convidado pelo Movimento Intersindical Anti-Arrocho (MIA), de tendência moderada, que
congregava sindicalistas do PCB e os chamados pelegos".
Em julho foi a vez dos metalúrgicos de Osasco paralisarem, seguidos posteriormente pelos
trabalhadores da Cobrasma, Granada, Brown Boveri, Lonaflex, Barreto Keller e Braseixos. Os
operários exigiam reajuste de 35% e reposição salarial trimestral. O governo declarou a greve ilegal

!55
e interveio no sindicato. Os líderes passaram para a clandestinidade ou foram para o exílio. O real
objetivo era confrontar a ditadura, provocando uma crise militar.
Em resposta, em apenas dois anos, o governo afastou a diretoria de mais de quinhentos
sindicatos, com o objetivo de reprimir qualquer levante político.
O historiador Yuri Rosa de Carvalho (2012) afirma em seu estudo, O movimento operário
e a Ditadura Civil-Militar: resistência, luta armada e negociação, que “dos 498 trabalhadores
processados pela Justiça Militar por envolvimento com a esquerda em geral, 98 teriam ligações com
a Ala Vermelha/PCdoB, uma dissidência do PCdoB, com a Ação Popular, a AP, e o Partido Operário
Revolucionário (Trotskista)”.
No final da década de 1970, as lutas sindicais ganharam uma nova cara, com o surgimento de
Luiz Inácio Lula da Silva, que viria a ser eleito presidente da República, entre 2002 a 2010.
Lula presidia pela segunda vez o sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no
ABC Paulista, quando, em maio de 1978, foi deflagrada a greve da categoria, tendo seu inicio na
fábrica da Scania. Segundo a CPDOC da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mais de 150 mil
metalúrgicos pararam em todo estado de São Paulo. Os trabalhadores exigiam um aumento de
70% , além da legalização dos representantes sindicais nas empresas.
Em 1980 foi deflagrada a maior de todas as greves, tendo como resposta uma repressão maior
ainda. Os dirigentes sindicais, incluindo Lula, foram presos, resultando numa intervenção no
sindicato, o que posteriormente culminou no afastamento de Lula da presidência do mesmo.
Os estudantes por sua vez, em sua grande maioria, simpatizavam ou pertenciam ao PCB
durante o período ditatorial. Com o aumento da repressão aumentou também o número de
trabalhadores e estudantes que aderiram à luta armada.
Fundada em 1937 e colocada na ilegalidade pelos militares, a União Nacional dos Estudantes
(UNE) anunciara às vésperas que o golpe seria instaurado. Teve em 1º de abril, sua sede saqueada ,
incendiada e liderança exilada. O movimento estudantil lutava pelo fim dos acordos MEC-Usaid e
da Lei 4464, conhecida por Lei Suplicy de Lacerda, ambas destroçaram a autonomia da
universidade. A UNE foi fechada em 1964 por uma lei promulgada no mesmo ano, e substituída
pelos D.As, C.As e DCEs.
A UNE foi fundada em 1937, como resultado de um grande movimento
estudantil em defesa da criação de uma entidade que congregasse todos os
estudantes universitários na discussão das grandes questões nacionais. A UNE
surgiu às vésperas do Estado Novo, sistema autoritário, o que significou a
manutenção de um determinado controle do Estado sobre suas atividades durante
algum tempo. (SANFELICE, 2008, p. 17).

!56
Cunha (1963, p. 61) explicita que a gestão da UNE da metade da década de 50, foi um divisor de
águas para a entidade, por finalmente ter assumido um caráter de agente transformador social “[...]
os estudantes universitários, até então buscados como massa de manobra para conflitos entre
segmentos das classes dominantes, passaram a atuar como aliados explícitos das classes
trabalhadoras na construção de uma nova ordem social”.
Em 28 de março de 1968, o estudante de 18 anos, secundarista, Edson Luís Lima Souto, que
participava do protesto contra o fechamento do restaurante estudantil da UFRJ, Calabouço, foi
assassinado pela repressão. Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa do então estado da
Guanabara, atual ALERJ. Os militares proibiram manifestações. mas ainda assim mais de 60 mil
pessoas acompanharam o cortejo até o Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
“A resposta foi violenta” declara Mário Maestri (1968), integrante do corpo docente do curso
de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo e ex-preso político. “Por diversos
dias, a cidade (Rio de Janeiro) tornou-se campo de acirrada batalha. De um lado, estudantes e
populares. De outro, polícia e Exército”. Maestri ainda relata que “Universitários, secundaristas e
populares são mortos. Ao deslocarem-se pelas ruas do Centro, os soldados protegem-se debaixo das
marquises dos objetos atirados desde os edifícios. Um policial militar, a cavalo, morre ao receber na
cabeça um pesado balde, ainda carregando cimento fresco, lançado desde um edifício em
construção”.
Apesar da ilegalidade e da repressão violenta, a UNE continuou a promover passeatas, às
quais também aderiram intelectuais, religiosos, professores. Outro símbolo de resistência contra o
golpe ocorreu em 26 de junho de 1968, a Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro. Em São Paulo,
aconteceu a Batalha da Rua Maria Antonia, via do centro da capital paulista, onde se confrontaram
estudantes da Faculdade de Filosofia da USP, ligados à UNE, e da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, integrantes do Comando de Caça aos Comunistas (CCC). Uma bala perdida tirou a
vida, do estudante secundarista, José Carlos Guimarães.
1968 também é marcado pela realização clandestina do XXX Congresso da UNE, num sítio
da cidade de Ibiúna, localizada no interior do estado de São Paulo. Estima-se que aproximadamente
mil alunos foram presos por policiais do DOPS e da Força Pública de São Paulo, os estudantes
foram delatados pelos moradores da localidade que desconfiaram da movimentação, os líderes
universitários foram presos e enquadrados na Lei de Segurança Nacional, entre os presos estão:
Vladimir Palmeira (presidente da União Metropolitana de Estudantes), José Dirceu (presidente da
UEE), Luís Travassos (presidente da UNE) e Antonio Guilherme Ribeiro Ribas (presidente da
União Paulista de Estudantes Secundários). Todos foram levados para o DOPS. O governador

!57
Abreu Sodré - o mesmo que foi expulso do palanque pelos metalúrgicos - afirmou sobre a ação
policial: “Agi com energia para reprimir a agitação e a subversão quando determinei, após horas de
angústia e apreensão, a prisão de estudantes subversivos que participavam do congresso da UNE”.
O mundo bruxo durante seu regime de repressão, contou com a organização denominada
Ordem da Fênix, criada na primeira ascensão de Voldemort ao poder. Composta por membros das
mais variadas profissões, incluindo professores, escritores, estudantes, comerciantes e funcionários
do Ministério de Magia, atuavam protegendo os pontos de resistência, a escola e a comunidade
bruxa como um todo.
A Ordem da Fênix foi duramente perseguida e punida durante a sua existência, seus
integrantes quando capturados eram presos, torturados ou assassinados. Dependendo da posição que
ocupasse na comunidade, ilustravam as páginas dos jornais como vítimas de acidentes ou mortes
misteriosas, como no trecho a seguir:

Ter uma Alta Inquisidora em Hogwarts gerou consequências consideráveis. Após a queda do
diretor Dumbledore (que pode ser relacionada à queda do presidente brasileiro, João Goulart),
Umbridge extinguiu as aulas práticas de autodefesas, assim como qualquer forma de expressão que
pudesse culminar em reflexão e/ou questionamentos. No Brasil disciplinas como História, Filosofia
e Sociologia foram extintas pela mesma razão (pasmem, mesmas disciplinas na berlinda em 2017
no governo Temer), além da repressão à música, cinema e ao teatro. Os alunos insatisfeitos com à
MORTE TRÁGICA DE FUNCIONÁRIO DO MINISTÉRIO DA MAGIA
O Hospital St. Mungus prometeu um inquérito rigoroso sobre a morte do
funcionário do Ministério de Magia, Broderico Bode, 49 anos, encontrado em
sua cama, estrangulado por uma planta envasada. Os Curandeiros chamados não
conseguiram reanimar o Sr. Bode, que fora ferido em um acidente de trabalho
algumas semanas antes.
A Curandeira Miriam Strout, que se encontrava de serviço na enfermaria do Sr.
Bode na hora do incidente, foi suspensa de suas funções, sem perda de
remuneração, e não foi encontrada ontem para comentar a notícia, mas um porta-
voz do hospital declarou:
" O Hospital St. Mungus lamenta profundamente a morte do Sr. Bode, que estava
em plena recuperação antes deste trágico acidente. Temos diretrizes rigorosas
para as decorações permitidas em nossas enfermarias, mas aparentemente, a
Curandeira Strout, muito atarefada durante o período natalino, não percebeu o
perigo da planta à cabeceira do Sr. Bode. Á medida que sua fala e mobilidade
melhoravam, a Curandeira Strout encorajou o Sr. Bode a cuidar sozinho da
planta, sem saber que não era uma inocente diafanina, mas uma muda de visgo-
do-diabo que, ao ser tocada pelo convalescente Sr. Bode, estrangulou-o
instantaneamente."
O St. Mungus ainda não soube explicar a presença da planta, e pede a quem tiver
alguma informação para se apresentar. (ROWLING, 2003 p. 446-447)

!58
sua educação negligenciada e com suas vidas e notas em risco, decidiram praticar juntos o
conteúdo referente a Defesa Contra as Artes das Trevas que no momento se restringiam a leitura do
livro didático em sala de aula. Este grupo de alunos ficou conhecido como Armada de Dumbledore
A necessidade de sigilo era vital, se Umbridge descobrisse, os membros da Armada seriam
severamente punidos. Cada estudante assinou seu nome num pergaminho com o intuito de
confirmar seu compromisso. Hermione posteriormente lançou um feitiço anti-traição, caso alguém
os traísse, a palavra "dedo-duro" apareceria na testa do traidor em forma de espinhas.
Em contrapartida Umbridge , reuniu os alunos que considerou mais adequados à compor a
Brigada Inquisitorial, grupo de suporte ao seu controle em Hogwarts, garantindo a ordem sobre o
corpo estudantil. O grupo era composto em sua totalidade por alunos da Sonserina. Abusavam do
poder adquirido importunando e punindo os alunos das demais casas. Seus principais adversários
eram os membros da Armada, tinham como objetivo descobrir os locais de suas reuniões.
O Decreto Educacional N°24 f oi criado especificamente para dissolver toda as organizações
estudantis não aprovadas pela Alta Inquisidora, em outras palavras, qualquer uma que se opusesse
aos seus interesses. Posteriormente os professores foram também impedidos de conversar ou
transmitir qualquer informação aos seus alunos, que fugisse às imposições do Ministério.

Este último decreto recebeu duras críticas tanto ao absurdo das suas exigências, quanto às
suas incoerências, pois ela mesma, Alta Inquisidora não poderia por exemplo advertir nenhum aluno
oralmente caso o motivo não fosse referente às suas aulas.
Se comunicar verbalmente não era um método seguro, para resolver o impasse, Hermione
enfeitiçou várias moedas com um Feitiço de Proteu, uma para cada membro da AD. Quando
ativados, os números contidos em cada moeda mudariam para informar aos membros a data e
horário da reunião. Praticando juntos, o grupo conseguiu progredir gradativamente.
POR ORDEM DA ALTA INQUISIDORA DE HOGWARTS
Doravante, os professores estão proibídos de passar informações aos estudantes
que não estejam estritamente relacionadas com as disciplinas que são pagos para
ensinar.
A ordem acima está de acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Seis
Assinado: Dolores Joana Umbridge, Alta Inquisidora
(ROWLING, 2003, p. 450)

!59
A AD foi descoberta após a traição de um dos seus membros, Marieta Edgecombe, sua mãe
era funcionária do Ministério e trabalhava diretamente com Umbridge. O grupo soube a tempo que
seriam localizados, graças a isso uma parte significativa dos integrantes conseguiu escapar, Os
demais foram punidos e a Armada dissolvida. Ressurgindo dois anos mais tarde, lutando junto com
a Ordem da Fênix na segunda ascensão de Lorde Voldemort ao poder, contra o próprio Voldemort,
seus soldados (Comensais da Morte) e partidários.
3.3 TORTURA E DESAPARECIMENTOS
Não poderia iniciar esta narrativa sem citar as primeiras reflexões acerca do significado de
"tortura" e a incoerência da sua trajetória na história que encontrei, trazidas de maneira clara e
objetiva no projeto "Brasil: Nunca Mais" (1985), pertencente à Arquidiocese de São Paulo.
Tortura e casos de desaparecidos políticos são comuns dentro da saga, assim como ocorreram
no período ditatorial brasileiro. Um exemplo é a morte da professora de Estudo dos Trouxas,
Caridade Burbage.
Ao ter um texto publicado no jornal O Profeta Diário, a favor da população muggle, Burbage
foi torturada e morta. A docente foi considerada desaparecida perante a sociedade bruxa.
" A tortura, deixou para sempre, de existir", dizia Victor Hugo, em 1874.
Infelizmente, o século XX demonstra que o escritor francês se equivocou.
Segundo dados da Anistia Internacional, a tortura física, moral e psicológica é
hoje sistematicamente aplicada - ou pelo menos tolerada - por governos de 60
países.
A 10 de dezembro de 1948, a Assembléia Geral das Organizações das Nações
Unidas (ONU) aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, cujo
artigo 5º reza:
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo
cruel, desumano ou degradante.
Atualmente em mais de um terço dos países signatários da carta Magna dos
Direitos Humanos, a tortura é parte substancial dos métodos interrogatórios da
polícia e das forças militares, sendo praticada para se obter informações,
humilhar, intimidar, aterrorizar, punir ou assassinar prisioneiros políticos ou
comuns. (Projeto "Brasil: Nunca Mais" , 1985, p 1)
À medida que seus olhos se acostumaram à penumbra, sua atenção foi
atraída para o detalhe mais estranho da cena: o vulto de uma pessoa
aparentemente desacordada suspensa de cabeça para baixo sobre a mesa,
girando lentamente como se estivesse presa por uma corda invisível, e se
refletindo no espelho e na superfície nua e lustrosa da mesa. Nenhuma das
pessoas sentadas à roda dessa visão singular a encarava, exceto um jovem
pálido que estava praticamente embaixo. Parecia incapaz de se conter e

!60

Dentro da escola a tortura tornou-se banal, iniciando com o protagonista Harry Potter,
obrigado a escrever com uma pena que mutilava seu pulso e que utilizava seu próprio sangue como
a todo instante.
[...] - Muitas de nossas árvores genealógicas mais tradicionais, com o tempo, se
tornaram bichadas - disse, enquanto Belatriz o mirava, ofegante e súplice. -
Vocês precisam podar as suas, para mantê-las saudáveis, não? Cortem fora as
partes que ameaçam a saúde do resto.
- Com certeza, Milorde - sussurrou Belatriz, mais uma vez com os olhos
marejados de gratidão, - Na primeira oportunidade!
- Você a terá - respondeu Voldemort. - E, tal como fazem na família, façam no
mundo também... vamos extirpar o câncer que nos infecta até restarem apenas os
que têm o sangue verdadeiramente puro.
Voldemort ergueu a varinha de Lúcio Malfoy, apontou-a diretamente para a
figura que girava lentamente, suspensa sobre a mesa, e fez um gesto quase
imperceptível. O vulto recuperou os movimentos com um gemido e começou a
lutar com invisíveis grilhões.
- Você está reconhecendo nossa convidada, Severo? - indagou Voldemort.
De baixo para cima, Snape ergueu os olhos para o rosto pendurado. Todos os
Comensais agora olhavam para a prisioneira, como se tivessem recebido
permissão para manifestar sua curiosidade. Quando girou para o lado da lareira, a
mulher disse, com a voz entrecortada de terror:
- Severo, me ajude!
- Ah, sim - respondeu Snape enquanto o rosto da prisioneira continuava a virar
para o outro lado.
- E você, Draco? - perguntou Voldemort, acariciando o focinho da cobra com a
mão livre. Draco sacudiu a cabeça com um movimento brusco. Agora que a
mulher acordara, ele parecia incapaz de continuar encarando-a.
- Mas você não teria se matriculado no curso dela - disse Voldemort. - Para os
que não sabem, estamos reunidos aqui esta noite para nos despedir de Caridade
Burbage que, até recentemente, lecionava na Escola de Magia e Bruxaria de
Hogwarts!
Ouviram-se breves sons de assentimento ao redor da mesa. Uma mulher
corpulenta e curvada, de dentes pontiagudos, soltou uma gargalhada.
- Sim... a profª Burbage ensinava às crianças bruxas tudo a respeito dos
trouxas¹... e como se assemelham a nós...
Um dos Comensais da Morte cuspiu no chão. Em seu giro, Caridade Burbage
tornou a encarar Snape.
- Severo... por favor... por favor...
- Silêncio - ordenou Voldemort, com outro breve movimento da varinha de
Lúcio, e caridade silenciou como se tivesse sido amordaçada. - Não contente em
corromper e poluir as mentes das crianças bruxas, na semana passada, a profª
Burbage escreveu uma apaixonada defesa dos sangues ruins no Profeta Diário.
Os bruxos, disse ela, devem aceitar esses ladrões do seu saber e magia. A
diluição dos puros-sangues é, segundo Burbage, uma circunstância
extremamente desejável... Ela defende que todos casemos com trouxas... ou, sem
dúvida, com lobisomens...
Desta vez ninguém riu: não havia como deixar de perceber a raiva e o desprezo
na voz de Voldemort. pela terceira vez, Caridade Burbage encarou Snape.
Lágrimas escorriam dos seus olhos para os cabelos. Snape retribuiu seu olhar,
totalmente impassível, enquanto ela ia girando o rosto para longe dele.
- Avada Kedavra.
O lampejo de luz verde iluminou todos os cantos da sala. Caridade caiu
estrondosamente sobre a mesa, que tremeu e estalou. Vários Comensais pularam
para trás ainda sentados. Draco caiu da cadeira para o chão.
- Janta, Nagini! - disse Voldemort com suavidade, e a grand cobra deslizou
sinuosamente dos ombros dele para a lustrosa mesa de madeira. (ROWLING
2007, p.10-17)

!61
tinta. Posteriormente alunos dos anos iniciais passaram a sofrer o mesmo tipo de tortura, e serem
obrigados em aula a utilizarem feitiços que causavam ferimentos graves uns nos outros, quem se
negasse também era torturado para que servisse de exemplo.
— Ah, não — disse Umbridge, dando um sorriso tão grande que parecia ter
acabado de engolir uma mosca particularmente suculenta. — Ah, não, não, não.
Este é o seu castigo por espalhar histórias nocivas, maldosas, para atrair
atenções, Sr. Potter, e com certeza os castigos não podem ser ajustados para
atender à conveniência do culpado.
Não, o senhor estará aqui às cinco horas amanhã, depois de amanhã, e na sexta-
feira também, e cumprirá as suas detenções conforme programado. Acho muito
bom o senhor estar sendo privado de alguma coisa que realmente queira fazer.
Isto irá reforçar a lição que estou querendo lhe ensinar.
— Pronto — disse a professora com meiguice. — Já estamos começando a
controlar melhor o nosso gênio, não estamos? Agora o senhor vai escrever
algumas linhas para mim, Sr. Potter. Não, não com a sua pena — acrescentou,
quando Harry se curvou para abrir a mochila. — O senhor vai usar uma especial
que tenho. Tome aqui.
E lhe entregou uma pena longa e preta, com a ponta excepcionalmente aguda.
— Quero que o senhor escreva: Não devo contar mentiras — disse a professora
brandamente.
— Quantas vezes? — perguntou Harry, com uma imitação bastante crível de boa
educação.
— Ah, o tempo que for preciso para a frase penetrar — disse Umbridge com
meiguice. — Pode começar
— A senhora não me deu tinta.
— Ah, você não vai precisar de tinta — disse ela, com um leve tom de riso na
voz.
Harry encostou a ponta da pena no pergaminho e escreveu: Não devo contar
mentiras.
E soltou uma exclamação de dor. As palavras apareceram no pergaminho em
tinta brilhante e vermelha. Ao mesmo tempo, elas se replicaram nas costas de sua
mão direita, gravadas na pele como se tivessem sido riscadas por um bisturi —
contudo, mesmo enquanto observava o corte brilhante, a pele tornou a fechar,
deixando o lugar um pouco mais vermelho que antes, mas, de outra forma,
inteiro.
Harry virou a cabeça para olhar para a Umbridge. Ela o observava, a boca
rasgada e bufonídea distendida em um sorriso.
- Pois não?
- Nada - disse Harry em voz baixa.
Ele tornou a voltar sua atenção para o pergaminho, tocou-o com a pena, escreveu
Não devo contar mentiras, e sentiu a ardência nas costas da mão pela segunda
vez; e de novo, sararam segundos depois.
E assim a tarefa prosseguiu. Repetidamente Harry escreveu as palavras no
pergaminho, não com tinta, como logo veio a perceber, mas com o próprio
sangue. E sucessivamente as palavras eram gravadas nas costas de sua mão,
fechavam e reapareciam da próxima vez que ele tocava o pergaminho com a
pena.
A noite desceu à janela da Umbridge. Harry não perguntou quando teria

!62

No Brasil, no período compreendido pela Ditadura Militar, segundo o BRASIL: Nunca Mais
(1985) "a tortura foi sistematicamente aplicada aos acusados de atividades consideradas
"subversivas". Entretanto a incidência retratada nos procedimentos judiciais é bem menor que sua
real extensão e intensidade." Ocorria porque "os Conselhos de Justiça, via de regra, evitavam que as
denúncias de torturas fossem consignadas aos autos das ações penais. Quando toleravam incorporá-
las, o faziam de forma superficial, simplificada, genérica, demonstrando assim, conivência com o
comportamento criminoso dos órgãos de segurança do Estado. Raros os juízes-auditores que
fizeram consignar nos autos a descrição pormenorizada das sevícias sofridas pelos réus e os nomes
de seus algozes." Afirma ainda que " muitas vezes as vítimas de tortura, por sua própria vontade ou
aconselhada por familiares, grupamentos políticos ou advogados de defesa, optaram por silenciar
em seus interrogatórios na Justiça, sobre as torturas que padeceram, temendo como a muitos
sucedeu, que a denúncia induzisse a uma condenação antecipada."
Estima-se que entre os anos de 1964 e 1977, mais de seis mil pessoas denunciaram ter sofrido
torturas, diferente da crença popular que é socialmente aceita, menores de 18 anos ocupam a lista
das vítimas de torturas do país. Entre as formas de tortura estão: açoitamentos, afogamentos,
estupros ou ameaças de estupros à familiares, abortos provocados, choques elétricos, baratas e ratos
introduzidos nas partes íntimas. A maioria das práticas ocorriam dentro de órgãos
institucionalizados, como: DOI-CODI, Quartel da Polícia do Exército, Regimento da Cavalaria da
PM, DOPS, Polícia Federal, Secretaria de Segurança Pública, DEIC, delegacias de polícia,
Capitania dos Portos de Santos, Batalhão de Polícia da Aeronáutica, unidades de pronto socorro,
carros ou viaturas policiais, entre outros. As dependências do DOI-CODI /MG, DOPS/MG, DOI-
CODI/PR, DOPS/PR, DOI-CODI/PE, CENIMAR/RJ, DOI-CODI/RJ, DOPS/RJ, DOI-CODI/SP, e
DOPS/SP foram consideradas as de maior incidência de torturas e tipos de tortura ao longo tempo,
do país. o que justifica as posições de estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e
parar. Sequer consultou seu relógio. Sabia que ela o observava à procura de
sinais de fraqueza, e ele não iria manifestar nenhum, nem mesmo se tivesse de
sentar ali a noite inteira, cortando a própria mão com aquela pena...
- Venha cá - disse ela, depois do que lhe pareceram muitas horas.
Ele se levantou. Sua mão ardia dolorosamente. Quando baixou os olhos, viu que
o corte fechara, mas a pele estava em carne viva.
- Mão - disse ela.
Ele a estendeu. Umbridge a segurou nas dela. Harry reprimiu um
estremecimento quando ela o tocou com seus dedos grossos e curtos, que
exibiam vários anéis velhos e feios.
- Tss, tss, parece que ainda não gravou fundo o bastante - disse sorrindo. - Bom,
teremos de tentar outra vez amanhã a noite, não é mesmo? Pode ir. (ROWLING,
2003, p. 222-223)

!63
Paraná, "encabeçando" a lista dos estados com maiores números de denúncias de tortura, lembrando
que esses não chegam nem perto dos números reais.
No universo bruxo, as torturas mais comuns eram através das Maldições Imperdoáveis:
Imperius, Cruciatus e Avada Kedavra. As três maldições têm seu uso proibido legalmente por
possuírem caráter maligno e objetivo cruel, como controlar, torturar e matar.
A Maldição Imperius controla a vítima, fazendo-a cumprir fielmente às ordens do bruxo que
a lançou.
A Maldição Cruciatus causa dores físicas e psicológicas, levando suas vítimas a loucura e/ou
morte.
A Maldição Avada Kedavra causa morte instantânea, sem deixar o menor vestígio. Harry
Potter foi o único sobrevivente à esta maldição, ainda quando bebê.
Frank e Alice Longbottom, membros da Ordem da Fênix e pais de Neville Longbottom,
aluno de Hogwarts foram torturados pela Maldição Cruciatus até enlouquecerem, possivelmente
nunca se recuperaram, vivendo o restante de suas vidas na Ala Psiquiátrica do Hospital St. Mungus.

- Que é isso! - exclamou a Sra Longbottom com severidade. Você nunca contou
aos seus amigos o que aconteceu com os seus pais, Neville?
Neville deu um suspiro profundo, olhou para o teto e balançou a cabeça. Harry
não se lembrava de ter sentido mais pena de alguém, mas não conseguia pensar
em algum jeito para ajudar Neville a sair daquela situação.
- Ora, não é uma vergonha! - disse a Sra. Longbottom zangada. - Você devia
sentir orgulho, Neville, orgulho! Eles não deram a saúde e a sanidade para seu
único filho ter vergonha deles, entende!
- Eu não sinto vergonha - explicou Neville com a voz fraquinha, ainda olhando
para qualquer lado menos para harry e os outros. Rony agora estava na ponta dos
pés para espiar os pacientes nas duas camas.
- Bom, você tem uma maneira engraçada de demonstrar! - disse a Sra.
Longbottom - meu filho e a mulher - continuou ela virando-se com arrogância
para Harry, Rony, Hermione e Gina - foram torturados até a insanidade pelos
seguidores de Você-Sabe-Quem.
Hermione e Gina levaram as mãos à boca. Rony parou de esticar o pescoço para
dar uma espiada nos pais de Neville, e pareceu mortificado.
- Eles eram aurores, sabem, e muito respeitados na comunidade bruxa.
Excepcionalmente talentosos, os dois. Eu...sim, Alice, querida, que foi?
A mãe de Neville viera andando lentamente pela enfermaria de camisola. Já não
tinha o rosto cheio e feliz que Harry vira na velha fotografia de Moody com os
participantes da Ordem da Fênix inicial. Seu rosto estava fino e cansado agora,
os olhos pareciam grandes demais e seus cabelos haviam ficado brancos, ralos e
sem vida. Ela não parecia querer falar, ou talvez não fosse capaz, mas fez gestos
tímidos em direção a Neville, segurando alguma coisa na mão estendida.
- Outra vez? - disse a Sra. Longbottom, parecendo um tantinho cansada. - Muito
bem, Alice querida, muito bem.... Neville, apanhe, o que quer que seja.
Mas Neville já esticara a mão, em que a mãe deixou cair uma embalagem de
Chicles de Baba e Bola.
- Muito bem, querida - tornou a avó de Neville num tom falsamente animado,
dando palmadinhas no ombro da mãe do garoto.
Mas Neville disse baixinho:

!64

Escrever sobre regimes ditatoriais, sobretudo neste momento, mexe demais comigo por ser o
período da história brasileira que mais me deixou marcas. Não por ter sofrido diretamente na pele,
mas ainda assim me causou e causa indignação, revolta, tristeza, talvez por esta razão tenha sido
fácil identificar as semelhanças e incidências nas linhas de Harry Potter.
Ler relatos sobre os sofrimentos, técnicas de torturas e objetivos por trás desses regimes é
doloroso, principalmente quando vejo indícios tão claros da história se repetindo hoje, estudantes,
professores, servidores, indo às ruas reivindicando a manutenção dos seus direitos e sendo
agredidos como resposta, e ao invés do ocorrido gerar indignação, ouvem que "bom era na época da
ditadura, todo mundo vivia bem e só os bandidos eram penalizados". Algumas pessoas sofrem de
problemas de memória, caráter ou ignorância, mas felizmente para a memória e para a ignorância
há solução.
Acredito fielmente que uma das alternativas para acabar com esse tipo de discurso e evitar
revivermos momentos como os que estamos passando, é a escola despertar para cumprir o seu papel
na transformação social, formando cidadãos críticos e reflexivos, que não aceitem o "tem que ser
assim porque eu quero", que conheçam a legislação, os seus direitos e saibam como exigir o seu
cumprimento. Sonho com a possibilidade de vivenciar esses dias brevemente e que apesar de ser
muito grata, não precisemos chorar por mais Franks, Alices, Freds, Dobbys, Vlados, Abelardos,
Alfeus, Anas, Angelinas,Beneditos, Stuarts ou Zuzus, que o seu sofrimento não tenha sido em vão.
Como sabiamente nos ensinou o mestre Paulo Freire, a "educação não transforma o mundo.
Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo".
- Obrigado, mamãe.
A mãe voltou vacilante para o fundo da enfermaria, cantarolando para si mesma.
Neville olhou para os outros, uma expressão de rebeldia no rosto, como se os
desafiasse a rir, mas Harry achava que nunca vira nada menos engraçado na vida.
(ROWLING, 2003, p. 420-421)

!65
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os recentes acontecimentos político-sociais enfrentados pelo Brasil, me reaproximaram do
tema desenvolvido neste trabalho, me fazendo refletir sobre o quanto as mudanças implementadas
na sociedade interferem drasticamente na escola e vice e versa.
Após a consumação do impeachment da presidenta eleita, Dilma, e da ascensão do Temer, seu
vice, ao poder, perdi as contas de quantos posts recebi no Facebook, comparando o Brasil a
Hogwarts, dentre eles: a manipulação da verdade pela imprensa e a vil tentativa de descredibilizar
quem se opõe ao regime; a interferência do Ministério de Magia na escola, alterando disciplinas e
excluindo as que julgavam prejudiciais para sua permanência no poder, disciplinas estas capazes de
conscientizar a população em relação a seus direitos, dando meios de obter o cumprimento, fazendo
uma alusão à reforma do Ensino Médio, aprovação da PEC 241 e alterações na LDB, as quais além
de inconstitucionais, apagam drasticamente todas as conquistas obtidas para a educação após muita
luta. Disciplinas como Artes, Sociologia, Filosofia, Música e Educação Física deixam de ser
obrigatórias, assim como o ensino da cultura afrobrasileira. O Estado se desobriga a fornecer o mais
básico dos direitos, a garantia da gratuidade do ensino público na Educação Básica.
Durante todas as vezes que li sobre injustiças que ficaram marcadas na história, me
perguntava como as pessoas deixavam isso acontecer, como eram incapazes de ter empatia, ou até
perceber absurdos muitas vezes tão explícitos que prejudicavam a eles próprios. Percebo que em
partes, casos como estes possam ser reflexos de uma grande falha da educação, que não preparou
estes indivíduos para serem cidadãos críticos e reflexivos, mas apesar dos pesares ainda tenho
esperanças, não poderia ser educadora se não as tivesse.
Todos os posts ressaltando a gravidade da situação, e o quão importante é nosso papel como
educadores em tempos difíceis como estes. O que mais me choca é a apatia da população e a
tentativa de justificar todos os abusos com um "mal necessário" e a criminalização dos que ainda
encontram forças e motivação no caos, assim como todos os estudantes universitários e
secundaristas ocupando suas instituições de ensino e mostrando para a sociedade a razão da sua
luta. Sou grata a essas pessoas que resistem por eles e por aqueles que ainda se encontram na
caverna e reproduzem falas alheias a sua realidade.
Por diversas vezes senti que perdia a fé na humanidade, algumas coisas são simplesmente
incompreensíveis, como a ascensão e popularidade de pessoas à la Bolsonaros, Trump, Malafaia, e
com elas a eclosão de fanáticos preconceituosos, homofóbicos, misóginos fascistas, racistas, e
demais "istas" . Vai além de ser um ser humano desconstruído, é difícil entender como discursos de

!66
ódio, determinadas vezes protegidos sob o manto da fé, possam ser tão difundidos e socialmente
aceitos.
Muitas vezes só somos capazes de perceber a realidade daquilo que nos cerca quando são
retratados na ficção, meu objetivo com este trabalho é que leitores consigam contextualizar o que
lêem com o que vivenciam e que por sua vez os acadêmicos em geral, percam um pouco do
preconceito com a literatura e entendam que livros não acadêmicos podem auxiliar direta ou
indiretamente no que almejamos na educação, a formação do sujeito reflexivo, crítico, tolerante,
empático. Um novo estudo realizado por cientistas ingleses e italianos divulgado pela TKM United
States, apurou o comportamento de várias crianças e adolescentes que lêem os livros da série
“Harry Potter” com a intensão de analisar como isto afeta a percepção de mundo destes jovens. Os
resultados encontrados mostram que leitores desta saga tendem a ser mais tolerantes, mais aberto a
grupos estigmatizados, minorias oprimidas, além de serem menos preconceituosos. Ao perguntarem
aos jovens que leram os livros de Rowling sobre temas como imigração, homossexualidade e
refugiados, a grande maioria dos jovens identifica que as atitudes de Harry diante as diferenças
demonstradas nos livros auxiliaram na aceitação de minorias, já que o próprio Harry, assim como
outros personagens como Dobby, Luna Lovegood, Hagrid e Neville, passaram por inúmeros tipos
de indiferenças ao longo da série, demonstrando serem personagens fortes e importantes ao final
dos livros. O estudo, intitulado “A grande mágica de Harry Potter: reduzir o preconceito”, também
elogia o papel da escritora J.K Rowling em proporcionar uma experiência de inclusão e tolerância
nas crianças e adolescentes de todo o mundo, identificando nas obras de “Harry Potter” um respeito
ás diferenças, colaborando com a construção do caráter das futuras gerações.
De acordo com Laura Green (2016), professora do Departamento de Língua Inglesa da
Northeastern University, o desenvolvimento emocional resulta da relação criada entre leitores e
personagens, laços emocionais podem se formar a partir da leitura de certos tipos de romances,
sobretudo naqueles em que há o crescimento e desenvolvimento de um personagem. Segundo
Laura, os leitores se sentem atraídos por livros dessa categoria para pegar emprestadas as emoções
da ficção, em especial os acontecimentos vividos pelos personagens: amor, ódio ou busca de justiça
em um ambiente injusto.

As experiências repetidas na identificação literária – de colocar-se no lugar do
outro, encontrando novos dilemas morais, as demandas da sociedade ou desejos
individuais, quase como se fossem os próprios – podem muito bem fazer os
leitores mais dispostos a levar mais a sério o ponto de vista de outras pessoas. E
essa é a raiz da empatia. (GREEN, 2016)

!67
A maior conclusão que tiro deste trabalho, é que o tema abordado não se trata de fatos
isolados acontecidos pelo acaso, possuem marcas, de tempos em tempos tendem a ressurgir e cabe a
nós ficarmos atentos, não deixar as memórias se apagarem, principalmente as mais dolorosas e as
utilizarmos para mostrar as futuras gerações a face conta qual devemos permanecer lutando,
especialmente neste momento em que torna-se mais difícil preservar a história quando ela é
intencionalmente apagada do currículo escolar.
Enquanto tiver força seguirei lutando!
Temer jamais...

!68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, T. W. (1995). Educação para quê? In T. W. Adorno, Educação e emancipação. Rio de
Janeiro: Paz e Terra. (Trabalho original publicado em 1967)
ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO. Brasil: Nunca Mais. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1985.
BONNET, François. L’internationalisation des enfants des classes superieures lyonnaises.
Mémoire de DEA. Institut d’Éstudes Politiques de Paris, 2001
BRASIL. DECRETO-LEI Nº 477, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1969 . Revogado pela Lei nº
6.680, de 1979. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/
Del0477.htm. Acesso em: 13 fev. 2017.
BRASIL. LEI Nº 4.464, DE 9 DE NOVEMBRO DE 1964. Revogado pelo Decreto-Lei nº 228, de
1967 Vide Lei nº 7.395, de 1985. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
1950-1969/L4464impressao.htm. Acesso em: 13 fev. 2017.
BRASIL. DECRETO-LEI Nº 228, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967 . Revogado pela Lei nº
6.680, de 1979 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0228.htm.
Acesso em: 13 fev. 2017.
CHERVEL, A. História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. PA:
Teoria & Educação, n. 02, 1999.
COLLARES, C. L.; MOISÉS, M. A. A. Preconceitos no cotidiano escolar – ensino e
medicalização. São Paulo: Cortez Editora, 1996.
CROCHIK, J.L. Preconceito, Indivíduo e Cultura. São Paulo: Robe Editorial, 1995.

CUNHA, Luiz Antonio e GÓES, Moacyr de. O golpe na educação. Rio de Janeiro, Zahar, 1985.
ELIAS, Norbert. Logiques d’exclusion. Paris : Agora, 1997
FERNANDES, Florestan. A democratização do Ensino. In: BARROS, Roque Spencer Maciel
(Org.). Diretrizes e Bases da Educação Nacional. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1960. p.
154 - 165. (FERNANDES, 1960 a)
FERNANDES, F. Brasil, em compasso de espera, São Paulo: Hucitec, 1980.
FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M. Educação básica no Brasil na década de 1990: subordinação
ativa e consentida à lógica de mercado. Educação e Sociedade, Campinas, v. 24, n. 82, p. 93-130,
abr. 2003.
GEWIRTZ, S., BALL, S., BOWE, R. Markets, choice and equity in education.Buckingham: Open
University Press, 1995

!69
GGN O Jornal de todos os Brasis. Disponível em: https://jornalggn.com.br/noticia/leitores-de-
classicos-tem-mais-empatia-que-os-de-livros-populares-e-de-nao-ficcao. Acesso em: 01 out. 16.
JAY, Edouard. As escolas da grande burguesia: O caso da Suiça. In ALMEIDA, A. M. F.,
NOGUEIRA, M. A., (Orgs.). A escolarização das elites, um panorama internacional da pesquisa.
Petrópolis: Vozes, 2002.
Saint Paul's School. Disponível em: http://www.stpauls.br/ . Acesso em: 14 abr. 16.
TEIXEIRA, Anísio. Educação não é privilégio. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1999.
The British School. Disponível em: http://www.britishschool.g12.br/ . Acesso em: 14 abr. 16.
HELFER, Nadir Emma. A Memória do Ensino de História. In: LENSKIJ, Tatiana et al. (Org.). A
Memória e o Ensino de História. Santa Cruz do Sul: EDUNISC; SãoLeopoldo: ANPUH/RS,
2000.
MOURA, Andrea. O recurso às escolas internacionais como estratégia educativa de famílias
ocialmente favorecidas. Tese de doutoramento, FAE/UFMG. Belo Horizonte, 2007.
OLIVEIRA, M.D; OLIVEIRA, RD; CECCON, C & HARPER, B. Cuidado, Escola! desigualdade,
domesticação e algumas saídas. 22° Ed. São Paulo, Brasiliense, 1986.
ONU. Declaração Universal dos Direitos das Crianças. 20 de Novembro de 1959. Disponível em:
https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10120.htm. Acesso em: 17 fev. 17.
Orientação normativa para TCC (monografia). Disponível em: http://www.bibliotecas.uff.br/binf/
content/orientação-normativa-para-tcc-monografia. Acesso em: 10 Jan. 17.
PATTO, M.H.S. Psicologia e Ideologia – uma introdução crítica à Psicologia Escolar. São Paulo:
T.A. Queiroz Editor, 1984.
PINÇON, M., PINÇON-CHARLOT, M. A infância dos chefes – A socialização dos herdeiros ricos
na França. In: ALMEIDA, A. M. F., NOGUEIRA, M. A., (Orgs.). A escolarização das elites, um
panorama internacional da pesquisa. Petrópolis, Vozes, 2002.
PRADO, Ceres Leite. Intercâmbios culturais como práticas educativas das camadas médias. Tese
de doutoramento, FAE/UFMG. Belo Horizonte, 2002.
Preconceito e Educação Inclusiva/ José Leon Crochík (Coordenador) - Brasília: SDH/ PR, 2011.

!70
ROWLING, J. K. Harry Potter e Pedra Filosofal. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
.
_____________. Harry Potter e o Câmara Secreta. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
.
_____________. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
_____________. Harry Potter e o Cálice de Fogo. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
_____________. Harry Potter e a Ordem da Fênix. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.
_____________. Harry Potter e o Enigma do Príncipe. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.
_____________. Harry Potter e as Relíquias da Morte. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.
SANFELICE, J. L. Movimento estudantil: a UNE na resistência ao golpe de 1964. Campinas:
Alínea, 2008.
SILVA, D.J. Educação, preconceito e formação de professores. In SILVA, D.J; LIBÓRIO, R.M.C.
Valores, Preconceito e Práticas Educativas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
VEDANA, Léa Maria. A educação em SC nos anos 60. Esboços. Florianópolis. v. 5,n 5, dez. 1997.
p. 39-47.

!71
HOGWARTS E A ESCOLA REGULAR
AS IMPLICAÇÕES DA ESCOLA REGULAR NO CENÁRIO BRUXO
Esta pesquisa fará parte da minha monografia (trabalho de conclusão de curso) tendo mais
precisamente HOGWARTS como objeto central da pesquisa.
NOME QUAL A SUA
ORDEM DE
PREFERÊNCIA
DAS CASAS DE
HOGWARTS?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
GRIFINÓRIA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
LUFA-LUFA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
CORVINAL
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
Liana Klein da
Conceição
Griffyndor,
Hufflepuff,
Slytherin e
Ravenclaw
A Grifinória é a
minha preferida
pela questão da
coragem que
envolve o perfil
dos seus alunos,
sempre
personagens
fortes em algum
sentido.
Lufa-Lufa é a
minha casa!!!
Admiro muito
porque
realmente
condiz com a
minha
personalidade, a
questão da
sensibilidade e
da lealdade.
Lindo.
Pra ser sincera,
acho a Corvinal
bem sem graça!
kkkkkkkkkk
NOME

!72
Bárbara
Ramirez Barua
A princípio era
Griffyndor, mas
hoje.. acho que é
Ravenclaw
hahahah
Pessoas que
lutam pelo que
acreditam
Lealdade por
seus amigos
Pensar com
sabedoria, nao
agir de forma
ilogica, seguem
um raciocínio
logico que
auxilia na
resolução de
problemas
Silvia Vitória
Motta Ferreira
Griffyndor,
Ravenclaw,
Slytherin e
Hufflepuff
Acho a melhor
casa ,simplesme
nte por os
personagens que
mais amo são
dessa casa. Fred,
Jorge e Minerva.
Tem o simbolo
mais perfeito e
tem os alunos
mais
impressionantes
em uma mistura
perfeita com
inteligência e
físico (ação,
ativos)
Essa casa é
muito ampla.
Acho que acolhe
todos os alunos
que sejam
sinceros e
amorosos
Não sei bem o
porque,mas essa
é a casa que me
parece mais
rígida com os
alunos, onde sua
excelência
intelectual tem
que ser sua
marca
registrada.
Daniel de
Abreu Dal Prá
ravenclaw/
hufflepuff/
griffyndor/
slytherin
serumaninhos
metidos à heróis
muito amigos ,
pessoas
confiáveis
lindos,
inteligentes e
loucos
Carla Priscilla
Americano da
Silva
Ravenclaw,
Griffyndor,
Hufflepuff e
Slytherin
Metidos Apagados Inteligentes
QUAL A SUA
ORDEM DE
PREFERÊNCIA
DAS CASAS DE
HOGWARTS?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
GRIFINÓRIA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
LUFA-LUFA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
CORVINAL
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
NOME

!73
Ana Beatriz
Nunes
Slytherin,
griffyndor,
hufflepuff,
ravenclaw
Heróis Amigos Inteligentes
Isabelle Dias
Sousa
Slytherin Pessoas com
coragem
inverossímil
Pessoas que
tiveram a
oportunidade de
estudar
Nerds
Julia Mesquita
Carneiro
Slytherin,
Ravenclaw,
Griffyndor/
Hufflepuff
Casa dos
queridinhos, a
maioria só gosta
dela por ser a
dos
protagonistas.
Casa dos mais
simples, mais
bonzinhos e
mais de boa.
Casa dos
inteligentes e
muito
admirável.
QUAL A SUA
ORDEM DE
PREFERÊNCIA
DAS CASAS DE
HOGWARTS?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
GRIFINÓRIA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
LUFA-LUFA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
CORVINAL
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
NOME

!74
Ana Paula
Ferreira de
Souza
Hufflepuff,
Griffindor,
Ravenclaw,
Slytherin
Griffindor é uma
ótima casa, onde
os alunos
demonstram
aptidão para
grandes feitos e
os ajuda a ser
tornarem
grandes bruxos,
sem desrespeitar
sua origens.
A fundadora
festa casa, não
via problema
algum em
aceitar novos
alunos, mesmo
não sendo puro
sangue, sem
discrimina-los.
Foi uma casa
que não teve
tanta
notoriedade na
série, justamente
por seus alunos
não
apresentarem
grandes feitos
talvez por
consequências
destanser a casa
que mais sofria
com as
diferenças. E
sem apoio dos
demais.
Era uma casa
que visava
apenas os alunos
mais inteligentes
e por isso
deixava passar
despercebido
muitos alunos
bons. Talvez do
trio de amigos a
única a ser
aceita seria a
Hermione já que
ela é uma
personagem
dotada de uma
inteligência
invejável. na
minha opinião,
seria a casa mais
intimidadora já
que além da
inteligência, sua
fundadora
prezava a beleza
e ali teria espaço
para bruxos
surpreendentes!
Raíssa Silva
Farias
Ravenclaw,
Griffyndor,
Hufflepuff,
Slytherin
Lar dos
corajosos, dos
aventureiros,
mas as vezes
sinto um pouco
de presunção
nos alunos dessa
casa
Lar para todos,
formado por
pessoas muito
humildes e boas
de coração
Lar dos
inteligentes,
com um pouco
de arrogância
QUAL A SUA
ORDEM DE
PREFERÊNCIA
DAS CASAS DE
HOGWARTS?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
GRIFINÓRIA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
LUFA-LUFA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
CORVINAL
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
NOME

!75
Carla Cardoso
Macedo
Ravenclaw,
Griffyndor,
Hufflepuff e
Slytherin.
(Questão de
identificação,
nada contra
nenhuma casa)
Corajosos Meigos Inteligentes,
lindos, tudo de
bom <3
Marina Fíngola
Valle Brevilato
Novaes
Griffyndor,
Ravenclaw,
Slytherin,
Hufflepuff
Sensacional! Falta
personalidade.
Amigável e
focada.
L.S.A. Slytherin Corajosos Gentis Inteligentes
Renan Santos
Pereira
Hufflepuff,Griff
yndor,Ravencla
w e Slytherin
A casa onde os
alunos menos
ligam para
limites, sejam
acadêmicos, nos
esportes ou até
as regras em
geral, parecem
que são mais
guiados pela
vontade própria.
A casa é a mais
receptiva e de
fácil
convivência no
dia a dia, acedito
que a tolerância
é uma das
principais
características
da casa.
A capacidade
intelectual é
uma das
características
dos integrantes
mas acho que o
tipo de
inteligência é
abrangente, não
é só do tipo
visto por
exemplo na
Hermione.
F.G. Sonserina Repletos de
energia e
acostumados a
ser o centro das
atenções
Discretos porém
presentes e
necessários
Estudiosos e um
pouco nariz em

Márcio Araújo
Nogueira
Rebeque
Pereira
Griffyndor,Slyth
erin,Ravenclaw
e Hufflepuff
A melhor , as
pessoas mais
corajosas e leais
são de lá
As pessoas mais
pacientes , leais
e que jogam
super limpo
A pessoas mais
tranquilas e
amorosas
QUAL A SUA
ORDEM DE
PREFERÊNCIA
DAS CASAS DE
HOGWARTS?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
GRIFINÓRIA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
LUFA-LUFA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
CORVINAL
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
NOME

!76
Mayara
Pacheco
Nascimento
Griffyndor,
Ravenclaw,
Hufflepuff e
Slytherin
Uma das
melhores casas
pois tem como
característica o
estímulo à
valentia o
espírito de
equipe.
Tem grande
valor por incluir
a todos.
Segunda melhor
casa por
fomentar a
inteligência e
perspicácia dos
alunos.
Jonathan
Moraes Corrêa
Pereira
Griffyndor A nível
narrativo, é a
casa boa, a que
expressa o
valores que o
leão na lógica
cristã busca
expor.
Pouco
explorados
como casa.
Os típicos
populares e
descolados sem
ser rudes. Ou
seja, os hipsters
de hoje.
Claudia
Maribel Arnéz
Vasquez
Gryffindor,
Hufflepuff,
Ravenclaw e
Slytherin
Estudantes
corajosos, leales
a seus amigos e
respeitam seus
valores
Estudantes
inteligentes ,
dedicados e
creativos
Estudantes
nobres de
coração ,
determinados na
busca de seus
ideais
Livia Bravo grifinoria,
sonserina,
corvinal, lufa-
lufa
corajosos chatos inteligentes
QUAL A SUA
ORDEM DE
PREFERÊNCIA
DAS CASAS DE
HOGWARTS?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
GRIFINÓRIA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
LUFA-LUFA
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
QUAL SUA
OPINIÃO A
RESPEITO DA
CORVINAL
(INCLUINDO O
PERFIL
ESTUDANTIL)?
NOME

!77
NOME QUAL A SUA
OPINIÃO EM
RELAÇÃO A
SUBDIVISÃO
EM CASAS?
SE VOCÊ
FOSSE UM DOS
FUNDADORES
DA ESCOLA,
QUAIS
CRITÉRIOS
CONSIDERA
RIA PARA A
ADMISSÃO DE
UM ALUNO?
QUAIS
ELEMENTOS
PRESENTES
EM
HOGWARTS
VOCÊ
CONSIDERA
MAIS
FAMILIAR
COM O
MODELO DE
ESCOLA QUE
CONHECE?
ANTES DE
CONHECER O
TEOR DESTA
PESQUISA, JÁ
HAVIA
PENSADO EM
HOGWARTS
CONSIDERAN
DO O ÂMBITO
EDUCACIO
NAL?
JUSTIFIQUE.
Liana Klein da
Conceição
Acho que ajuda
a organizar
melhor a grande
quantidade de
alunos, além de
ser melhor para
os jogos que são
organizados
como quadribol
ou até mesmo
para avaliar na
copa das casas.
Consideraria o
grau de interesse
dele e a abertura
para esse
mundo.
Professores
exigentes!
hahaha
Incrivelmente
não. Não sei o
porquê.
Bárbara
Ramirez Barua
"Não sou capaz
de opinar"
Criatividade,
imaginação e
praticidade.
Agora nao
consigo pensar
em muitas
coisas além da
divisão de
grupos
Bom, é uma
escola hahaha
NOME

!78
Silvia Vitória
Motta Ferreira
Acho
problemático ,po
r poder gerar
conflitos,
preconceito ,mas
também pode
gerar incentivo
para que alunos
se superem, um
sentimento de
equipe,porém se
for bem
orientado e não
excludente, que
não é o que
acontece
sempre.
Dedicados e
bons em oratória
A divisão de
turmas,
matérias,
provas,
atividades extra
curriculares,
trabalhos,
avaliação
valendo nota,
divisão por
idade entre
outras coisas.
Sim, sempre que
me deparava
com questões
como Niens e
Nons
Daniel de
Abreu Dal Prá
acho ótimo ,
assim pessoas
com perfis
diferentes batam
de frente
dificilmente.
raciocínio ( pra
ver se a pessoal
não um
completo débil
mental ) e seu
niver de
inteligência.
as salas de
aulas , as zoeiras
e etc
claro, qual fã de
harry potter
nunca pensou ?
por favor né
Carla Priscilla
Americano da
Silva
Eu acho que é
justa.
A inteligência e
sagacidade do
aluno.
A divisão de
grupos de
alunos.
Sim. Queria
muito estudar
nela, apesar das
subdivisões
dentre elas, vejo
isso como algo
que funciona.
QUAL A SUA
OPINIÃO EM
RELAÇÃO A
SUBDIVISÃO
EM CASAS?
SE VOCÊ
FOSSE UM DOS
FUNDADORES
DA ESCOLA,
QUAIS
CRITÉRIOS
CONSIDERA
RIA PARA A
ADMISSÃO DE
UM ALUNO?
QUAIS
ELEMENTOS
PRESENTES
EM
HOGWARTS
VOCÊ
CONSIDERA
MAIS
FAMILIAR
COM O
MODELO DE
ESCOLA QUE
CONHECE?
ANTES DE
CONHECER O
TEOR DESTA
PESQUISA, JÁ
HAVIA
PENSADO EM
HOGWARTS
CONSIDERAN
DO O ÂMBITO
EDUCACIO
NAL?
JUSTIFIQUE.
NOME

!79
Ana Beatriz
Nunes
Não é
extremamente
necessário mas o
sentido de
competição e
pertencimento
pode ser
benéfico em
alguns aspectos
para a vida
acadêmica
Se ele consegue
ou não fazer
magica
Sistema de
provas e aulas
Nunca
Isabelle Dias
Sousa
Necessária por
questão de
organização.
Crianças e
adolescentes
demais juntos -
tinha que haver
algum tipo de
separação.
Poderiam ter
adotado o
esquema de
séries/anos para
fazer a divisão
também.
Provavelmente,
seguiria o
critério adotado
por Hufflepuff.
Séries/anos,
professores de
tipos diversos,
matérias
tediosas.
Não. A parte que
mais me
interessa em
livros infanto-
juvenis é
justamente a que
mais se afasta da
realidade
(magia, deuses,
seres mágicos,
etc).
QUAL A SUA
OPINIÃO EM
RELAÇÃO A
SUBDIVISÃO
EM CASAS?
SE VOCÊ
FOSSE UM DOS
FUNDADORES
DA ESCOLA,
QUAIS
CRITÉRIOS
CONSIDERA
RIA PARA A
ADMISSÃO DE
UM ALUNO?
QUAIS
ELEMENTOS
PRESENTES
EM
HOGWARTS
VOCÊ
CONSIDERA
MAIS
FAMILIAR
COM O
MODELO DE
ESCOLA QUE
CONHECE?
ANTES DE
CONHECER O
TEOR DESTA
PESQUISA, JÁ
HAVIA
PENSADO EM
HOGWARTS
CONSIDERAN
DO O ÂMBITO
EDUCACIO
NAL?
JUSTIFIQUE.
NOME

!80
Julia Mesquita
Carneiro
Boa e ruim. Boa
prq é legal você
se enxergar em
um das casas, e
ruim prq já vi
muitas brigas
entre adoradores
de determinadas
casas e
preconceito
explícito.
Pertencer ao
mundo bruxo.
Disciplina.Não sei, não me
lembro de ter
discutido sobre
tudo isso. As
discussões são
sempre menos
sérias,
principalmente
em relação as
casas e como
elas atuam.
Ana Paula
Ferreira de
Souza
Separatista, até
porque as casas
só foram
criadas, devido
ao conflito de
opniões entre
seus criadores.
Talvez se não
tivessem sido
criadas, não
haveriam tantas
discriminações.
Interesse pelos
estudos, e
respeito às
diferenças. Estes
são pré
requisitos
básicos, pois
não importa
quem seja, não
se deve negar o
direito ao
aprendizado.
A obrigação de
usar uniformes,
os livros, as
aulas práticas,
os passeios,
festas,
campeonatos,
obviamente cada
uma na sua
modalidade.
Sim. Imaginei
que muitas
escolas
poderiam adotar
a metodologia
de ensino de
Hogwarts, os
métodos de
avaliação, e a
orientação
pedagógica aos
alunos.
Raíssa Silva
Farias
Acho
interessante,
mas concordo
que existe uma
rotulação muito
forte,
principalmente
pra crianças
mais novas.
Eu não
conseguiria
rotular ninguém,
então usaria o
mesmo critério
da Hufflepuff
As provas do
Ministério, que
lembram muito
o ENEM, as
grades de
horários das
aulas com
diferentes
professores...
Não.
QUAL A SUA
OPINIÃO EM
RELAÇÃO A
SUBDIVISÃO
EM CASAS?
SE VOCÊ
FOSSE UM DOS
FUNDADORES
DA ESCOLA,
QUAIS
CRITÉRIOS
CONSIDERA
RIA PARA A
ADMISSÃO DE
UM ALUNO?
QUAIS
ELEMENTOS
PRESENTES
EM
HOGWARTS
VOCÊ
CONSIDERA
MAIS
FAMILIAR
COM O
MODELO DE
ESCOLA QUE
CONHECE?
ANTES DE
CONHECER O
TEOR DESTA
PESQUISA, JÁ
HAVIA
PENSADO EM
HOGWARTS
CONSIDERAN
DO O ÂMBITO
EDUCACIO
NAL?
JUSTIFIQUE.
NOME

!81
Carla Cardoso
Macedo
Na verdade,
nunca parei para
pensar nisso. É
uma espécie de
segregação, né...
Ser bruxo. Professor
tratando com
diferença cada
aluno e alunos
ignorando
regras.
Não exatamente,
mas sempre quis
estudar lá.
(risos)
Marina Fíngola
Valle Brevilato
Novaes
Acho que cada
aluno tem uma
personalidade e
que as casas são
os reflexos das
pessoas; gosto
da existência
delas.
Caráter, força de
vontade e
capacidade de
aprendizado.
Provas. Sim, o tema
sempre me
chamou atenção.
L.S.A. Tá ótima do
jeito que é
Ambição Provas, lições e
etc.
Sim, penso em
Hogwarts como
um exemplo de
escola
QUAL A SUA
OPINIÃO EM
RELAÇÃO A
SUBDIVISÃO
EM CASAS?
SE VOCÊ
FOSSE UM DOS
FUNDADORES
DA ESCOLA,
QUAIS
CRITÉRIOS
CONSIDERA
RIA PARA A
ADMISSÃO DE
UM ALUNO?
QUAIS
ELEMENTOS
PRESENTES
EM
HOGWARTS
VOCÊ
CONSIDERA
MAIS
FAMILIAR
COM O
MODELO DE
ESCOLA QUE
CONHECE?
ANTES DE
CONHECER O
TEOR DESTA
PESQUISA, JÁ
HAVIA
PENSADO EM
HOGWARTS
CONSIDERAN
DO O ÂMBITO
EDUCACIO
NAL?
JUSTIFIQUE.
NOME

!82
Renan Santos
Pereira
Acredito que é
normal pois as
características
das casas, não
são regras
definitivas, pois
existe uma
variação nos
tipos de alunos
em cada casa.
Tanto que
existem alunos
com
características
totalmente
opostas. E não
interfere pois
existem aulas
onde turmas de
asas diferentes
assistem juntas.
Acredito que o
modelo de
Hufflepuff, acho
muito bom,
então seria esse
ou algo bem
similar.
Dever de casa,
as aulas como
são ministradas,
provas escritas,
horários fixos.
Já, pq na época
que reli os livros
cursava a
faculdade e era
na área de
educação.
QUAL A SUA
OPINIÃO EM
RELAÇÃO A
SUBDIVISÃO
EM CASAS?
SE VOCÊ
FOSSE UM DOS
FUNDADORES
DA ESCOLA,
QUAIS
CRITÉRIOS
CONSIDERA
RIA PARA A
ADMISSÃO DE
UM ALUNO?
QUAIS
ELEMENTOS
PRESENTES
EM
HOGWARTS
VOCÊ
CONSIDERA
MAIS
FAMILIAR
COM O
MODELO DE
ESCOLA QUE
CONHECE?
ANTES DE
CONHECER O
TEOR DESTA
PESQUISA, JÁ
HAVIA
PENSADO EM
HOGWARTS
CONSIDERAN
DO O ÂMBITO
EDUCACIO
NAL?
JUSTIFIQUE.
NOME

!83
F.G. Eu gosto, mas
acho que
pessoas podem
ser descritas em
Casas, mas não
definidas por
elas.
Caráter, aptidão
e potencial.
Não temos
Casas, mas
temos
"panelinhas"
muito similares.
E clubes e
competições
entre eles.
Sim porque amo
estruturas
educacionais. Só
não levei a
fundo por ser o
reflexo do que a
autora
necessitava
explorar nos
conflitos do
livro. Por
exemplo, ter
estudos sobre
Trouxas, mostra
a importância da
tolerância e
convivência mas
não é super
explorado
porque não
precisa ser. Mas
acho que
poderiam
publicar textos
em paralelo
sobre isso.
Márcio Araújo
Nogueira
Rebeque
Pereira
Acho que pode
ser bom ao
mesmo tempo
não , causando
discórdia e
amizades
Não haveria
nenhum tipo de
problema , todos
seriam bem
vindos
As amizades Não, pois sim
Hogwarts está
presente em
nosso dia-dia e
não percebemos
QUAL A SUA
OPINIÃO EM
RELAÇÃO A
SUBDIVISÃO
EM CASAS?
SE VOCÊ
FOSSE UM DOS
FUNDADORES
DA ESCOLA,
QUAIS
CRITÉRIOS
CONSIDERA
RIA PARA A
ADMISSÃO DE
UM ALUNO?
QUAIS
ELEMENTOS
PRESENTES
EM
HOGWARTS
VOCÊ
CONSIDERA
MAIS
FAMILIAR
COM O
MODELO DE
ESCOLA QUE
CONHECE?
ANTES DE
CONHECER O
TEOR DESTA
PESQUISA, JÁ
HAVIA
PENSADO EM
HOGWARTS
CONSIDERAN
DO O ÂMBITO
EDUCACIO
NAL?
JUSTIFIQUE.
NOME

!84
Mayara
Pacheco
Nascimento
Penso na divisão
das casas vão de
acordo com a
personalidade
dos alunos.
Inteligência,
esforço e senso
de unidade.
A divisão de
grupos e a super
cobrança de
produção e notas
sobre os alunos.
Sim. Fiz escola
técnica no
Ensino Médio e
fazia a divisão
de cursos por
casas em
Hogwarts
exatamente pela
divisão que
existia.
Jonathan
Moraes Corrêa
Pereira
É uma tentativa
de agrupar os
alunos para que
eles sejam
doutrinados em
alguma
ideologia a qual
são mais
próximo
naturalmente.
Nenhum, apenas
ser um bruxo.
No Brasil, creio
que nenhum, a
dinâmica é
muito
características
dos internatos
anglosaxões.
Não. Eu já
observei as
alegorias,
contudo, não via
como a escola
brasileira possa
ser
compreendida
frente a
Hogwarts.
Claudia
Maribel Arnéz
Vasquez
Consegue
agrupar
estudantes
conforme as
suas
particularidades
que os fazem
especiais e bons
amigos
Lealdade,
nobreza e
respeito
Horario de
aulas, tarefas,
uniforme e
estudar é
importante se
você quiser
passar de curso
Não, para mim
era parte de um
mundo que não
consigo sequer
tentar mudar
alguma coisa ,
ele é perfeito
Livia Bravo acho deveria ser
uma coisa só.
para unir
ser bruxoas avaliações, a
direção, as
herarquias.
sim, totalmente
educacional
QUAL A SUA
OPINIÃO EM
RELAÇÃO A
SUBDIVISÃO
EM CASAS?
SE VOCÊ
FOSSE UM DOS
FUNDADORES
DA ESCOLA,
QUAIS
CRITÉRIOS
CONSIDERA
RIA PARA A
ADMISSÃO DE
UM ALUNO?
QUAIS
ELEMENTOS
PRESENTES
EM
HOGWARTS
VOCÊ
CONSIDERA
MAIS
FAMILIAR
COM O
MODELO DE
ESCOLA QUE
CONHECE?
ANTES DE
CONHECER O
TEOR DESTA
PESQUISA, JÁ
HAVIA
PENSADO EM
HOGWARTS
CONSIDERAN
DO O ÂMBITO
EDUCACIO
NAL?
JUSTIFIQUE.
NOME

!85
NOME VOCÊ PERMITIRIA A
VINCULAÇÃO DO SEU
NOME À PESQUISA?
GOSTARIA DE FAZER
ALGUMA
CONSIDERAÇÃO?
Liana Klein da Conceição Sim, concordo.
Bárbara Ramirez Barua Sim, concordo. Só te desejo sorte e que
consiga realizar sua pesquisa
tranquilamente :3
Silvia Vitória Motta
Ferreira
Sim, concordo. Achei o seu tema ótimo e faz
a gente avaliar questões que
podem ser mudadas dentro
da própria realidade de o que
é uma escola, qual deve ser
seu objetivo,o que queremos
dos alunos e o que eles
querem de si mesmos e da
escola.
Daniel de Abreu Dal Prá Sim, concordo. sim , avada kedavra em
todos os trouxas , bye o/
Carla Priscilla Americano
da Silva
Sim, concordo.
Ana Beatriz Nunes Sim, concordo.
Isabelle Dias Sousa Sim, concordo.
Julia Mesquita Carneiro Sim, concordo. Minha monografia será sobre
algo relacionado a HP, quero
muito, mas isso só mais pra
frente rs
Ana Paula Ferreira de
Souza
Sim, concordo. Muito interessante esta
pesquisa e me fez pensar
nesta saga de uma forma
diferente.
Raíssa Silva Farias Sim, concordo. Espero ter ajudado na sua
monografia. Tomara que dê
tudo certo. Parabéns pelo
tema.
NOME

!86
Carla Cardoso Macedo Sim, concordo. Acho que Harry Potter e
Hogwarts tem muitos
ensinamentos a passar.
Parabéns pela monografia!
Espero ter ajudado.
Marina Fíngola Valle
Brevilato Novaes
Sim, concordo.
L.S.A. Não, discordo.
Renan Santos Pereira Sim, concordo. Acho que Harry Potter e
Hogwarts tem muitos
ensinamentos a passar.
Parabéns pela monografia!
Espero ter ajudado.
F.G. Não, discordo.
Márcio Araújo Nogueira
Rebeque Pereira
Sim, concordo.
Mayara Pacheco
Nascimento
Sim, concordo. Acho esse tema de
monografia ótimo e você
pode estender também ao
Ministério da Magia como
Instituição e terá também
vários objetos de estudo
levando em conta a
similaridade na influência
das decisões sociais.
Jonathan Moraes Corrêa
Pereira
Sim, concordo.
Claudia Maribel Arnéz
Vasquez
Sim, concordo. Parabéns pelo tema
escolhido, confeso que
jamais imaginé que meu
livro prefirido, melhor dito ,
meu mundo mágico no qual
eu gosto ingresar para me
esquecer dis neu problemas
pudese ter este olhar.
Livia Bravo Sim, concordo.
VOCÊ PERMITIRIA A
VINCULAÇÃO DO SEU
NOME À PESQUISA?
GOSTARIA DE FAZER
ALGUMA
CONSIDERAÇÃO?
NOME

!87
CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS ENTREVISTAS
1.A entrevista foi feita através do Google Forms, no link http://goo.gl/forms/
ocg7TAnxXtRUd3NX2 entre os dias 09/06/16 e 14/07/16, disponível para quem quisesse
responder.
2.Os entrevistados que tiveram o seu nome divulgados, permitiram a vinculação com a pesquisa,
assim como os que discordaram tiveram seus nomes substituídos por suas iniciais.
3.A transcrição da entrevista respeitou as respostas em toda a sua estrutura.
4.A estrutura utilizada para a transcrição foi a tabela, por facilitar a visualização das respostas que
têm perguntas em comum.
5.Através da entrevista, objetivava conhecer as opiniões de demais leitores acerca da relação
entre o sistema educacional presente em Hogwarts com o familiarizado por eles.