A catolicidade acontece através do encontro entre a plenitude das energias dadas em Cristo
e operantes na Igreja e a plenitude potencial contida na pessoa humana, que por sua vez, é
inseparável do cosmo, visto que Jesus Cristo é a cabeça.
A catolicidade é um atributo de toda a Igreja, também da Local. Cada fiel é, por sua vez,
também católico. É essa relação com o universal que distingue a Igreja da seita. O que faz a seita
não é o pequeno número, mas a falta da referência à totalidade. Por isso, as Igrejas Locais devem
realizar, manifestar e representar a Igreja única total, universal, assim, católica.
À catolicidade pela comunhão deve ser acrescentada a catolicidade pela extensão ou
expansão entre todos os povos, tarefa está de toda a Igreja, pois foi dada pelo Senhor Ressuscitado
(Mt 28, 18-20). Assim, a catolicidade qualitativa e quantitativa são inseparáveis. E delas derivas,
diretamente, a missionariedade da Igreja, pois a salvação universal deve atingir todas as pessoas,
através do esforço missionário dos cristãos. Assim como a Igreja é chamada e convocada, isto é,
reunida como ekklésia, ela é enviada como mensageira e anunciadora da Boa Nova da salvação.
Como consequência da unidade, a Igreja é católica, pois a salvação trazida pelo Senhor
Jesus se destina e deve atingir a todos os povos, pois Ele é Luz e Senhor para todos e para todo o
tempo. E nesse sentido de catolicidade, encontra-se o Espírito Santo, que a estende a todos os fieis
e a cada uma das Igrejas Particulares (LG, 23). Assim, o Espírito Santo assegura, tanto a
catolicidade interna, quanto externa da Igreja.
O Espírito Santo torna católica a Igreja, no decorrer do tempo, pois a catolicidade vai-se
fazendo no decurso da história, enquanto a Igreja vai realizando a tarefa de evangelizar, visto que
o Espírito Santo é o “agente principal da nova evangelização” e “nunca será possível haver
evangelização sem a ação do Espírito Santo” (EM, 75). Somente no fim, quando Cristo “for tudo em
todos” (1Cor 15,28), é que a Igreja será, realmente e totalmente, católica. Para tal, concorrem
todos os movimentos, pastorais e iniciativas diversas, que visam propagar o Evangelho a todos os
lugares e povos. Por isso, mais do que nunca, hoje, é preciso superar o medo e o comodismo, pois o
cristão, guiado e motivado pelo Espírito Santo, torna-se o baluarte da esperança e da coragem por
excelência.
4) A APOSTOLICIDADE DA IGREJA
A Igreja não é una, santa e católica de qualquer modo, mas relacionada com os “Doze” e,
nesse sentido, apostólica. O adjetivo “apostólico” surge com o uso cristão, sempre relacionado com
os “Doze”.
Assim, o princípio da apostolicidade existia, desde a origem, na concepção de uma Igreja
como comunidade iniciada com os Apóstolos e destinada a uma extensão e uma duração
indefinidas, de modo que esta não era outra do que a dilatação ou prolongamento, se assim pode
ser dito, do primeiro núcleo apostólico.
Segundo o teólogo Y. Congar, apostolicidade é a propriedade graças à qual a Igreja
conserva, através dos tempos, a identidade dos seus princípios de unidade como ela os recebeu de