Um Novo José Calma, José. A festa não começou, a luz não acendeu, a noite não esquentou, o Malan não amoleceu, mas se voltar a pergunta: e agora José? Diga: ora Drummond, agora Candessus . (...) o Malan tem miopia, mas nem tudo acabou, nem tudo fugiu, nem tudo mofou. Se voltar a pergunta: E agora José? Diga: ora, Drummond, Agora FMI. SOUZA, J. Um Novo José. Cit In: Dionísio, A P. (org.) Gêneros Textuais & Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007. CHAPEUZINHO AMARELO – Chico Buarque de Holanda. Era a chapeuzinho amarelo. Amarelada de medo. Tinha medo de tudo, aquela chapeuzinho. Já não ria. Em festa não aparecia. Não subia escada, Nem descia. Não estava resfriada, mas tossia. Ouvia conto de fada e estremecia. Não brincava mais de nada, nem amarelinha. Tinha medo de trovão. Minhoca, pra ela,era cobra. E nunca apanhava sol, porque tinha medo de sombra. Não ia pra fora pra não se sujar. Não tomava banho pra não descolar. Não falava nada pra não engasgar. Não ficava em pé com medo de cair. Então vivia parada, deitada , mas sem dormir, com medo de pesadelo. Era a chapeuzinho amarelo . . E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José ? e agora, você ? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama protesta, e agora, José ? Trecho do poema E agora, José?, de Carlos Drummond de Andrade