kupdf.net_o-curriculo-uma-reflexatildeo-sobre-a-praacutetica.pdf

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About This Presentation

livro curriculo


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3'edição
,
'IGimenoSacristán
"" ,
UMAREFLEXAOSOBREAPRAllCA

ocurrículo:umareflexãosobreapraticaapresentauma
descriçãoreflexivadosprocessospormeiodosquaisocurrículo
setransformaempráticapedagógicacontextualizada.
Aimportânciadaculturaedomomentohistóricoemque
secriaeseaplicaocurrículo,anecessidadedeconscienlização
dafilosofiaedascrençasqueembasamapolíticacurriculare
determinamaspráticasnocotidianoescolar,bemcomoarelação
estreitaentreformaçãodocente.culturaescolareprocedimentos
aseremutilIZadoscomosalunossãoalgunsdostópicosdecrucial
ImportânciadebatidosporJ.GimenoSacnslán.
Aidéiageneralizadadafaltadequalidadedossistemas
educaclonaisencootranestetextoalguns_ paratJIrapassar
seuimpactoimobilizante:fazerrefonnascumculareshgadasao
aperleiçoamenlodoprofeS5O(adoeaocontextosoOoculturalea
cooscientizaçãodoamiculoocultosãotarefascriativaspropostas
peloautor.
ristán
5SN15-'31'-115-.
L.__ .hVii,s;;;;,ilel.;;n.;.;:os;.;;sa.;;;h0;;jm:e~pa;;,;ge:..-__~ I~IIIIlllllm

,
oCURRICULO
UMAREFLEXÃOSOBREAPRÁTICA
J.GimenoSacristán
CatedráticodeDidáctico,UniversidoddeValenciCl
SL23cSlICrist4n.J.Gimeno
oculT1culo:umarenexlosobreapráticafJ.GimcnoSacristáo;
lrad.EmaniF.daF.Rosa_3.cd.~PonoAlegre:AnMcd,2000.
L.Educaçllo-CulT1culo.I.Tímlo.
CDU371.214
Calalogaçlonapubllcaç!o:MônicaBallejoCanto-CRB1011023
ISBN&$-7307-376·4
Tr-adução:
ErnaniF.daFonsecaRosa
Consultoria,supervisãoerevisãotécnicadestaedição:
MariadaGraçaSouzaHorn
Ptdogogo.MtstrttmEducação.
~
AR"I'ta>
EI)I ToaA
PORTOALEGRE,2000
S~TU ~AL

Obraorigmalmentepubliçadasobotitulo
EJeUTneu/umullartfltxióIIsobrtlapráeliea
C&ilçlonesMorata,S.A.,1991
ISBN84-1112-326-6
c..,.
M6rioRõhlll!lt
Preparaçiodoorigmal
Supervisioeditorial
Projetográfiro
Ediloraçâoelelr6nica
ARfM:D
editográfica
Reservadostodososdireitosdepublicaçãoemlínguaportuguesa à
EDITORAARTESMÉDICASSULLTOA.
Av.JerÔnimodeOrnellas,670-Fone(051)330-3444 FAX330-2378
90040-340PortoAlegre,RS,Brasil
SÃOPAULO
RuaFranciscoLeitão,146-Pinheiros
Fone(011)883-6160
05414-020SãoPaulo,
SP,Brasil
IMPRESSONO
BRASIL
PRINTEDlN
BRAZJL
ÀEva,quetantomeajudaalembrar
areproduçãohistórica
daprátiçaescolar.

Sumário
IntroduçAo . . 09
PRIMEIRAPARTE:ACultura,oCurrfcul0e aPráticaEscolar
CAPITULOI:AproximaçãoaoConceitodeCurrfculo 13
Ocurrículo:cruzamentodepráticasdiversas . 20
Todaapráticapedagógicagravitaem tomodocumeuloo.. .....•..•..•.......•26
AsrazOesdeumaparentedesinteresse 32
Umprimeiroesquemadeexplicaçlio".....................................................34
Asteoriassobreocumeulo:elabonte;6esparciais
paraumapI1I.tic;:acomplexa _....••.........•..37
CAPITuLO2;ASeJ~oCulturaldoCurrkulo... 55
Característicasdaaprendizagempedagógica
motivadapelocurrículo:acomplexidadedaaprendizagemescolar 55
Oscódigosouoformatodocurriculo . '.....75
CAPtn.1LQ3:AsCondiçkslruititucionaisdaAprt.ndiugem
MotivadapejoCurrieulo...... 89
Acomplexidadedaaprendizagemescolar:expresslo da
complexidadedaescola, ,..........•. 90
AlgumaseonseqüfncilS..................................................................................95
SEGUNDAPARTE:OCurrículoatrav6sdesuaPráxis
CAPITuLo4:OCurriculocomoConnuEndadePráticas .
CAPITuLO5:APolíticaCurriculare oCurrículoPrt'SCrito.
Ocurrículoprescritocomoinstrumentodapolfticacurricular....
Funçõesdasprescriçõeseregulaçõescurriculares.......""....
Aconcretiz.açiohistóricadeumesquemade
intervençionaEspanha " .
Esquemadadistribuiçiodecompelenciasno
sistemaeducativoespanhol ".."" .
CAPITuLo6:OCurrieuloApresentadoa05Pro(essofU
Economia.culturaepedagogianosmatenaisdidállCOS
Pautasbúicasparaaanálisedematenaiscurriculares
101
107
107
110
123
145
147
147
160

8Sumário
..······ 201
......................207
..................
223
otrabalhoquedesenvolvemosaqui éumaperspectivasobreocurrículo,enten­
dido
comoalgoqueadquireformaesignificadoeducativoàmedida quesofreuma
sériedeprocessosdetransformaçãodentrodas
ath'idadespráticasqueotemmais
diretamenteporobjeto.Ascondiçõesdedesenvolvimentoerealidade
curricularnão
podemserentendidassenão
emconjunto.
Nossaintençãofoiadeirrepassandoasfasesouprocessosfundamentaispor
meiodosquaisocurrículoseconformacomopráticarealizadanumcontexto,
umavez
quedeixamosclaroseusignificadocultural.Aqualidadedaeducaçãoe
doensinotem
muitoaver
comotipode
culturaquenela sedesenvolve,que obviamenteganha
significadoeducativoatravésdaspráticasedoscódigosqueatraduzem emproces­
sosdeaprendizagemparaosalunos.Nãotemsentidorenovaçõesde
conteúdossem
mudançasdeprocedimentosetampoucoumafixaçãoemprocessos
educativossem
conteúdosdecultura.Apedagogiadeveresgataremseudiscursoos
conteúdosde
culturapararelativizarasformas, umavezquetambémsefazomesmo comoscon­
teúdosescolares.
Paraissonospareceuimportanteobservar,na medidadenossas
possibilidades,aspeculiaridadesdenossopr6priomeio,rastreando
algumastradi­
çõesquesãodefinidorasnestesentido.
Apráticaescolarquepodemosobservarnummomentohistórico
temmuilOa
ver
comosusos,astradições,astécnicaseasperspectivasdominantes emtomoda
realidadedocurrículonumsistemaeducativodeterminado.Quandoos
sistemases­
colaresestãodesenvolvidosesuaestrutura bem-estabilizada,existe
umatendênciaa
centrarnocurrículoaspossibilidadesdereformasqualitativasemeducação. Empri­
meirolugar,porqueaqualidadedoensinoestáestreitamenterelacionadaaosseus
conteúdoseformas,comoénatural;emsegundolugar,porque,ta!vezimpotentesou
descrentesdiantedapossibilidade
demudançasemprofundidadedossistemas
educativos,descobrimosaimportânciademecanismosmaissutisde açãoque
confi­
guramaprática. Édifícilmudaraestrutura,e éinútilfazê-losemalterarprofunda­
menteseusconteúdoseseusritosinternos.
Paran6s,taistemastêmumacertatranscendência,principalmentequandoem
nossatradição,pelahistóriadecontrolesobreaeducaçãoe aculturaquenelase
distribui,asdecisõessobreocurrículotêmsidopatrimõniodeinstânciasadministrati­
vasquemonopolizaramumcampoque,nestasociedade,sobademocracia,deveriaser
pr.opostoegestionadodeformabemdiferentedaqualsetemconhecimento.
Osistemaeducativoespanhol
seexpandiunumritmomuitoimportantenas
úl­
timasduasdécadas.Comoconseqüênciadisso,ostemasrelevantesa seremobserva­
dosestiveramrelacionadosaodesenvolvimentoquantitativoeàs demandasqueisso
implica.Noentanto,aceita-sebastanteacrençadequefaltaqualidadea
essesistema.
Introdução
194
165
176
181
187
....335
...345
....349
....311
............311
........313
.....................................................
CAPfTULO7:OCurrículoMoldadopelos
I'rofessores
Significados,dilemasepráxis ._.._ " .
Concepçõesepistemológicas
doprofessor
__ __.
DImensõesd?conhecimcntonasperspectivasdosprofessores
Estruturasocial
dotrabalhoprofissionale seupoderde
mediaçãonocurrfculo .
CAPiTULO
8:OCurrículonaAção:aArquiteturadaPrática
Astarcfasescolares:conteúdodaprática .
Aestrutura
detarefascomomatriz desocialização
CAPfllJL?9:.UmEsquemaparaoPlanejamentodaPrática
Eq
"
d•. ······ 281
ullunoecompelenclasrepartidas .
Oplanoaserrealizadopelosprofessores . 28I
Elementosaseremconsiderados
naconfiguração
contextuaIdoensino 296
........
297
CAPfTULO10:OCurrículoAvaliado.
Aavaliação:
uma
ênfasenocurrfeulo
Aavaliaçãocomoexpressão
de
juízos·~·d~~·i~Õ;;~·d~~·~~~f~~~~~·~
ReferênciasBibliográficas
fndiceOnomástico .
IndiceRemissivo

10J.GimenoSacnslán
OsvelhosusosseapoderaramdenovostemtórioselêmsIdorefratáriosamultasd~
mudançasculturaisesociaisdarealidadeespanhola.Seeslepolissêmico tennoda
qualidadesignificaalgo.esta,precisamente.relacionadoaosprofessoreseàcullura
escolar.Enlão.n50seráfácilmelhoraraqualidade doensinosenliosemudamos
conteúdos,osproce<hmentoseosconlexlOS derealizaçãodoscurrículos.Poucoadi­
anlaráfazerreformascurricularesseeslasnãoforemligadasàformaçãodosprofes­
sores.Nloexislepolfticamaiseficazdeaperfeiçoamentodoprofessorado queaque­
la
queconectaanova fonnaçlo
àquelequemotivasuaatividadediária;ocurrfculo.
Nossatradiçãoempolfticaeadministraçãodocurrículotemafiançadomuito
bemoesquemadepretendermudarapráticaàbasedemodelari~iaseprinclpios
pedagógicosnasdisposiçõesadministrativas.Umesquema queserviunaelapanlo­
democrálicae quenademocraciapodesejustificarcomotentativasesclarecidasde
melhorararealidade.Oestudodosmecanismos
deimplantaçãoe
modelaçãodocur­
rfculonosensinouqueesseesquemanãoserveparaoobjetivoquedeclaraquerer
cumprir.eque,nocaso devaleralgo.apoiar-se-ásobreafraquezaprofissionaldos
professores,afalladecapacidadeorganizativadasescolaseastentativas decontrolar
aprática.
tpreciso,emnossocontexlO.umnovoreferencialdepolhicacurricularpara
liberarnosistemaeducativoasforçascriadoras,principalmentenumaelapahislórica
naqualasescolase
umprofessoradojovemprecisam deadaptaçõesaummundoque
deixa
cadavezmaisobsoletasasvelhasproposiçõesescolaresenaqualasinstituições
educativasganhamcadavezmaisopapeldeIr.lnsmitirumcurrículooculto,quando
o
cu/ruralcompeleem
grandedesvantagemcomosnovosmeioseestfmulosnas
sociedadesdesenvolvidas.
Taisreflexõessãolraladasneslelivro,devedordoesforçoparaentenderuma
realidademuitodecisiva,queinteressadamenteficouoculta
nopassadoe
àqualnosso
pensamentopedagógicoquismaislegitimarqueentender.
Oscapfrulosquecompõemaobralêmcertadependência
dentrodeumesquema
deconexõeslinearesentrefasesefacetasdodesenvolvimento docurrículo.Muito de
seusconteúdossãofrutodereflexõeseexposiçõesparaprofessores emcontextos
muitodiversos,queagoraelaboramosdeformacoerentesob
umesquemaunitário.
PRIMEIRAPARTE
ACultura,oCurrículoeaPráticaEscolar

CAPíTULO
AproximaçãoaoConceito
deCurrículo
ocurrículo:cruzamentodepráticasdiversas
Todalipráticapedagógicagravitaemtornodocurrículo
Asrazõesdeumaparentedesinteresse
Umprimeiroesquemadeexplicaçlio
Asteoriassobreocurrículo:elaboraçõesparciaisparaumapráticacomplexa
oCUITfculoéumconceitodeusorelativamenterecenteentren6s,seconsiderar­
mosasignificaçãoquetememoutroscontextosculturaisepedagógicosnosquais
contacomumamaiortradição.Oseuusonão énormalemnossalinguagem comum,
enemo Diccionariodelaleflguaespano/a, daRealAcademiaEspaiíola,nemo
DicciOlzariodeusosde!espanol, deMariaMoliner,adotam-noemsuaacepçãopeda~
gógica.Outrosdicionáriosespecializadostomaram-noapenascomoconceitopeda­
gógicomuitorecentemente.Elecomeçaaserutilizadoemnfvel
delinguagemespe­
cializada,mastambém
nãoésequerdeusocorrenteentreoprofessorado.Nossa
culturapedagógicatratouoproblemadosprogramasescolares,otrabalhoescolar,
etc.comocapitulasdidáticos,
massemaamplitudenemordenaçãodesignificados
quequersistematizarotratamentosobreoscurriculos.
A
práticaaqueserefereocurrículo,noentanto,éumarealidadep~viamuito
bemestabelecidaatravés
decomportamentosdidáticos,políticos,administrativos,
econ6micos,etc.,atrásdosquais
seencobremmuitos
pressupostos,teoriasparciais,
esquemasderacionalidade,crenças,valores,etc.,quecondicionam ateorizaçãos0­
breocurrfcu\o.~necessáriaumacertaprudênciainicialfrenteaqualquercolocação
ingénuadeíndolepedagógicaqueseapresentecomocapaz
deregerapráticacurricular
ou,simplesmente,
deracionalizá-la.
Apartirdestaprimeiraconstatação,não
serádifícilexplicarmosasrazõespelas
quaisateorizaçãosobreocurriculonãoseencontraadequadamentesistematizadae
apareça
emmuitoscasossobasvestesdalinguagemedosconceitos
técnicoscomo
umalegitimação
aposterioridaspráticasvigentesetambémpor quê,emoutros
casos,
emmenornúmero,aparececomoumdiscursocrílicoquetrata deesclareceros
pressupostose osignificadodeditaspráticas.Comentaremosprimeiroalgumasdas
característicasmaisevidentesdaspráticasvigentesquesedesenvolvem
emtomoda
realizaçãopráticadoscurriculos,paraposteriormentetratardodiscurso
queordenaa
própriateorizaçãosobreeles.
Grundy(1987)asseguraque:

14JGlmenoSacri'lán
"0cUlTlculonlio~umconceito,masumaconstruçlioculturalIsto~,n30setraiade um
concellOabstraioquelenhaalgumlipodeexistênciaforaepreviamente.liexperiencia
humana.~,anles, ummododeorganizarumasériedepr.lticaseducativas"(p.S).
Sendoumapráticatãocomplexa,não éestranhoencontrar-se comperspectivas
diversasqueselecionampontosdevista,aspectosparciais,enfoquesalternativos com
diferenteamplitude quedetenninamavisão"maispedagógica" docurrículo.Reco­
lheremos
umaamostrapanorâmica designificadosatribuídosa umcampovastoe
pouco
anlculado.
Rule(1973),numexamehistóricodaliteraruraespecializadanorte-americana,a
partirdemais
deumacentenadedefinições,
encontraosseguintesgruposdesignifica­
dos:
a)umgrande
grupodelasrelacionadocomaconcepçãodocurrículocomoexperi­
ência,ocurrfculocomoguiadaexperiênciaqueoalunoobtémnaescola,comoconjun.
toderrspollSiÚJi/itiadudaescolaparapromoverumasériedeexperiências,sejam
estasasquepropofCionaconscienteeintencionalmente,ouexperiênciasdeaprendiza­
gemplaMjadas,dirigidasousobsupervisãodaescola,ideadaseexecutadasouoferr.
cidaspelaescolaparaobterdeterminadasmudançasnosalunos,ouainda,experiências
queaescolautilizacomafinalidadedealcançardeterminadosobjetivos;b)outras
concepções:ocurTfculocomodefinição deconuúdosdaeducação,comop/alIOSou
propostas,especifICaÇãodeobJetivos,reflexo daherançacuhural,comomudançade
conduta,programa daescolaquecontémconteúdosealividades,soma deaprendiza­
gensouresullados,outodasasexperiênciasqueacriançapodeobter.
Schubert(1986,p. 26ess.)apontoualgumasdas"impressões"globaisque,tal
comoimagens,nostrazemàmenteocooceitodecurriculo.SãosignificadosdelTWCadOS
nopensamentoespecializadomaisdesenvolvidoenostratadossobreestamatma.Tra­
tam-sedeacepções,àsvezes,parciais,inclusivecontraditóriasentresi,sucessivasesi­
multâneasdesdeumpontodevistahistórico,dirigidasporumdeterminadocontexto
político,científico,filosóficoecultural.Algumasdessasimagenssãoasseguintes:o
curriculocomoconjunto
deconhecimentosoumalériasa
seremsuperadaspeloaluno
dentro
deumciclo- neveleducativooumodalidadedeensino éa
acepçãomaisclássica
edesenvolvida;ocurrlculocomoprogramadeatividadesplanejadas,devidamente
seqüencializadas,ordenadasmetodologicamentetalcomosemostmm,porexemplo,num
manualounumguia
do
professor;ocurrículotambémfoientendido,àsvezes,como
resultadospretendidosdeaprendizagem;ocurrlculocomoconcretizaçiiodoplano
repnxlutorparaaescoladedetenninadasociedade,contendoconhecimentos,valorese
atitudes:ocurrículocomoexperiênciarecriadanosalunos
pormeiodaqual
podemde­
senvolver·se;ocurrículocomotarefaehabilidadesaseremdominadas -comoé ocaso
daformaçãoprofissional;ocurrículocomoprogramaqueproporcionaconteúdosevalo­
resparaqueosalunosmelhoremasociedade emrelaçãoàreconstruçãosocial damesma.
Organizandoasdiversasdefinições,acepçõeseperspectivas,ocurrfculopode
seranalisadoapartirdecincoãmbitosformalmentediferenciados:
Opontodevistasobresuafunçãosocialcomoponteentreasociedadee a
escola,
Projetoouplanoeducativo,pretensooureal,compostodediferentes
aspec.
tos,experiências,conteúdos,etc.
Fala-sedo
currículocomoaexpressãoformalematerialdesseprojetoque
deveapresentar,sobdeterminadoformato,seusconteúdos,suasorientações
esuasseqüênciasparaabordá-lo,etc.
Referem-seaocurrfculoosqueoentendemcomoumcampoprático.Entendê­
loassimsupõeapossibilidadede:I)analisar
osprocessos
instrutivose a
oCurnculo15
realidadedapráticaapartirdeumaper.;pectivaquelhesdota deconteúdo;
2)estudá-locomoterritóriodeintersecção depráticasdiversas quenãose
referemapenasaosprocessosdetipopedagógico,interaçõesccomunica­
çõeseducativas;3)~ustentar odiscursosobreamteraçãoenlreateoriae a
prática
emeducação.
Referem-seaele
osqueexercemumtipo deatividaciediscursiva acadêmicae
pesquisadora
sobretodosestestemas.
Dissoresulta
umconceitoessencialpara compreenderapráticaeducativa
institucionalizadae
asfunçõessociaisdaescola.Nãopodemosesquecer queocurTf­
culosupõeaconcretizaçãodosfinssociaiseculturais, desocialização,queseatribui
àeducaçãoescolarizada,ou deajudaaodesenvolvimento,deestímuloccenáriodo
mesmo,oreflexodeummodeloeducativodetenninado,peloque necessariamente
temdeserumtemacontrovertidoeideológico,dedifícilconcretizaçãonummodelo
ouproposiçãosimples.Pretender reduzirasproblemas-chavede queseocupaateoria
epráticasrelacionadascomocurrículoaproblemasdeíndoletécnica queépreciso
resolveré,nomínimo,umaignorânciaculpãvel.Ocurrículo relaciona-secoma
instrumentalizaçãoconcretaquefazdaescolaumdetenninadosislemasocial,poisl
atravésdelequelhedota deconteúdo,missãoqueseexpressapormeiodeusosquase
universaisemlodosossistemaseducativos,emboraporcond.icionamenloshistóricose
pelapeculiaridadede
cadacontexto,
seexpresseemritos,mecanismos, ele.,quead­
quirem
cena
especificidadeemcadasistemaeducativo.f.difícilordenarnumesquema
enumúnicodiscursocoerentetodasasfunçõeseformasqueparcialmente ocurrículo
adota,segundoastradiçõesdecadasistemaeducativo, decadaníveloumodalidade
escolar,decadaorientaçãofilosófica,socialepedagógica,pois sãomúltiplasecontra­
dilórias
as
tradiçõesquesesucederamesemisturaramnosfenômenoseducallvos_
Nãodevemosesquecerqueocurrículonão
éumarealidadeabstrata àmargemdo
siSlemaeducativo emquesedesenvolvee
paraoqualseplaneja.
Quandodefinimosocurrículoestamosdescrevendoaconcretização dasfunções
daprópria
escolae aformaparticulardeenfocá-Iasnummomentohistóricoesocial
detenninado,
paraumnfveloumodalidadedeeducação,numatramainstitucional,elc.
Ocurrículodoensinoobrigatório'nãotemamesmafunçãoqueode
umaespecialida­
deuniversitária,ouodeumamodalidadedeensinoprofissional,e
issosetraduzem
conteúdos,fonnaseesquemasderacionalizaçãointernadiferentes, porqueédiferente
afunçãosocial
decadanfvelepeculiararealidadesocialepedagógica quesecriou
historicamente
emtomodosmesmos.Comoacertadamenteassinala Heubner(citado
porMcNeil,1983),
Ocurrfculoéaformadeteracessoaoconhecimento, nãopodendo
esgotarseusignificado emalgoestático,masatravésdascondições emqueserealiza
e
seconvertenumaformaparticulardeentrar emcontatocomacultura.
Ocurrículoéumapráxisantesqueumobjetoestáticoemanadode ummodelo
coerentedepensaraeducaçãoouasaprendizagensnecessáriasdascriançasedos
jovens,quetampoucoseesgotanaparteexplfcitadoprojetodesocializaçãocultural
nasescolas.
Éumaprática,expressão, dafunçãosocializadoraecultural quedeter­
minadainstituiçãotem,que
reagrupaemtomodeleumasériedesubsistemasou
• NdeR.T.:Aorganiz.açãodoensinonaEspanllaatualmenleinclUInaEducaçãoBásicaObrigatóriaaEducaçlo
Pril1Ú.ria(cicloinicial.intermediárioesuperior)eaEducaçloStcundária(primeiroesegundociclos).Nosistema
deensinoanterior ~Reformade1990,aEducaçloPrim'riaeradenominadaEducação GeralBásicaeseconstitufa
daprimeiraesegundaetapas. EsteCTlIIograudeEnsinoObrigatório_

16J.GnnenoSocnslán
prát.icasdiversas,entreasquaisseencontraapráticapedaJ:ógicadesenvolvidaem
mstltulçõesescolaresquecomumentechamamosensino.Eumapráticaqueseex­
pressa
emcomportamentospráticosdiversos.Ocurrículo,comoprojetobaseadonum
planoconstrufdoeordenado,relacionaaconexãoentredeterminadosprincfpiose
umarealizaçãodosmesmos,algoquesehádecomprovarequenessaexpressão
prá~ica ~oncretiza seuvalor.~~mapráticanaqualseestabeleceumdiálogo,por
assimdizer,entreagenles
SOCIaIS,elementoslécnicos,alunosquereagemfrentea
ele,professoresqueomodelam,etc.Desenvolverestaacepção
docurrículocomo
âmbitopráticotemoatrativodepoderordenar
emtomodestediscursoasfunções
quecumpree omodocomoasrealiza,estudando-oprocessualmente:seexpressa
numapráticaeganhasignificadodentrodeumapráticadealgummodoprévioeque
nãoéfunçãoapenasdocurrículo,masdeoutrosdeterminantes.
é:oconlextoda
prática,aomesmotempoqueécontextualizadoporela.
Ateorizaçãosobreocurrículodeveocupar-senecessariamentedascondições
derealizaçãodomesmo,dareflexãosobreaaçãoeducativanasinstituiçõesescola­
res,
emfunçãodacomplexidadequesederivadodesenvolvimentoerealização do
mesmo.Apenasdessamaneiraateoriacurricularpodecontribuirparaoprocessode
autocrfticaeauto-renovaçãoquedeveter
(GirOUII,1981,p.I I3 ess.)-pretensão
quenãoéfácildeordenare
detraduziremesquemassimples.Porisso,aimportância
daanálisedocurrículo,tantodeseusconteúdoscomodesuasformas,ébásicapara
entenderamissãodainstituiçãoescolaremseusdiferentesníveisemodalidades.As
funçõesqueocurrículocumprecomo
ellpressãodoprojetodeculturaesocialização
sãorealizadasatravésdeseusconteúdos,deseuformatoedaspráticasquecriaem
tornodesi.Tudoissoseproduzaomesmotempo:conteúdos(culturaisouintelectu­
aiseformativos),códigospedagógicoseaçõespráticasatravésdosquaisseexpres­
samemodelamconteúdosefonnas.
Nossaanálisecentrar-se-ábasicamentenoscódigosenaspráticasatravésdos
quaisosconteúdosganhamvalor,comalgunscomentáriosprévios
emtomodo que
hojeseentendeporconteúdoscurriculares.
Analisarcurrículosconcretossignificaestudá-losno
contelltoemqueseconfi­
gurameatravésdoqualseellpressamempráticaseducativase emresultados.
Oscurrículos,
defato,desempenhamdistintasmissõesemdiferentesníveis
educativos,deacordocomascaracterfsticasdestes,àmedidaquerefletemdiversasfina­
lidadesdessesníveis.Istoéumadificuldadeincorporadanapretensãodeobterumesque­
maclaroeumateorizaçãoordenadasobreocurrfculo.Aomesmotempo,éumachamada
deatençãocontraaspretensõesdeuniversalizaresquemassimplistasdeanálises.
Aoenfocarotemacurricular,seentrecruzamdeformainevitávelnodiscursoas
imagens
doqueéessencialmentepróprionosistemaescolar,seincorporamtradições
práticaseteóricasdeoutrossistemas,seconsiderammodelosalternativosdoque
deveriaseraeducação,aescolarizaçãoe oensino.
Ocurrículo-dizLundgren(1981,
p.40)- é oquetematrástodaeducação,
transfonnandosuasmetasbásicasemestratégiasdeensino.Tratá-locomoalgodado
ouumarealidadeobjetivaenãocomoumprocessonoqualpodemosrealizarcortes
transversaisevercomoestáconfiguradonumdadomomentonãoseriamaisque
legitimar
deantemãoaopçãoestabelecidanoscurrículosvigentes,fixando-acomo
indiscutfvel.Orelativismoe aprovisionalidadehistóricadevemserumaperspectiva
nestasafirmações.Apple(1986)afirmaque:
"".oconhecimentoabertoeencobertoque
secncontranassituaçõesescolarescos
princípios
de
seleção,organizaçãoeavaliaçãodesleconhecimenlosãoumaseleção,
OCurrículo
17
regidapelovalor,deumuniversomuito maisamplode conhecimenlOseprincfpiosde
seleçllopassfveis" (p.66).
Oscurrículos
sãoaexpressãodoequilíbriodeinteresseseforças quegravitam
sobreosistemaeducativonumdadomomento,enquantoqueatravés
delessereali­
zamosfins
daeducaçãonoensinoescolarizado.Porisso,quererreduzir osproble­
masrelevantesdoensinoàproblemáticatécnicadeinstrumentaro
currículosupõe
umareduçãoquedesconsideraosconflitosdeinteressesqueestãopresentesnomes­
mo.Ocurrfculo,
emseuconteúdoenasformasatravésdasquaissenos apresentaese
apresentaaosprofessoreseaosalunos,éumaopçãohistoricamenteconfigurada,
que
sesedimentoudentrodeumadetenninadatramacultural,polftica,socialeescolar;
estácarregado,portanto,devaloresepressupostosqueéprecisodecifrar.Tarefaa
cumprirtantoapartirdeumníveldeanálisepolítico-socialquantoa
partirdoponto
devistadesuainstrumentação"maistécnica",descobrindoosmecanismos
queope­
ramemseudesenvolvimentodentrodoscamposescolares.
Aassepsiacientíficanãocabenestetema,pois nomundoeducativo,oprojeto
culturaledesocializaçãoqueaescolatemparaseusalunosnãoéneutro.Dealguma
forma,ocurrículorefleleoconflitoentreinteressesdentrodeuma
sociedadeeos
valoresdominantesqueregemosprocessoseducativos.Issoexplicao
interesseda
sociologiamodemaedosestudossobreeducaçãopor umtemaqueé o campode
operaçõesdediferentesforçassociais,gruposprofissionais,filosofias,perspectivas
pretensamentecientíficas,etc.Daítambémqueestetemanãoadmitaoreducionismo
denenhumadasdisciplinas
quetradicionalmenteagrupamoconhecimentosobreos
fatoseducativos.
Aescolaemgeral,ouumdetenninadoníveleducativooutipodeinstituição,sob
qualquermodelodeeducação,adotaumaposiçãoeumaorientaçãoseletivafrenteà
cultura,que
seconcreliza,precisamente,nocurrfculoquetransmite.Osistemaeducativo
serveacertosinteressesconcretoseelesserefletemnocurriculo.Essesistemase
compõedeníveis
comfinalidadesdiversaseissosemodelaemseuscurrículosdiferen­
ciados.
Asmodalidadesdeeducaçãonummesmointervalodeidadeacolhemdiferen­
testiposdealunoscomdiferentesorigensefimsocialeissoserefletenosconteúdosa
seremcursadosem
umtipoououtrodeeducação.Aformaçãoprofissionalparalelaao
ensinosecundáriosegregaacoletividadedealunosdediferentescapacidadeseproce­
dênciasocialetambémcomdiferentedestinosocial,etaisdeterminaçõespodemser
vistasnoscurriculosquesedistribuemnumenoutrotipodeeducação.
Todasasfinalidadesqueseatribuemesãodestinadasimplfcitaou explicita­
menteàinstituiçãoescolar,
desocialização,defonnação,de segregaçãooude
integraçãosocial,etc.,acabamnecessariamentetendo
umreflexonosobjetivosque
orientamtodoocuniculo,naseleçãodecomponentes
domesmo,desembocamnuma
divisãoespecialmenteponderadaentrediferentesparcelascurricularese
naspróprias
atividadesmetodológicasàsquaisdálugar.Porisso,ointeressepelosproblemasrela­
cionadoscomocurrIculonãoésenãoumaconseqüênciadaconsciência
dequeépor
meiodelequeserealizambasicamenteasfunçõesdaescolacomoinstituição.
Aprópriacomplexidadedoscurrículosmodernosdoensinoobrigatórioérefle­
xodamultiplicidadedefinsaosquaisaescolarizaçãoserefere.Issoéumfato
consubstancial
àprópria
ellistênciadainstituiçãoescolar;conseqüentemente,aanáli­
sedocurrfculoéumacondiçãoparaconhecereanalisaroqueé aescola
comoinsti­
tuiçãoculturaledesocializaçãoemtermosreaiseconcretos.Ovalor
daescolase
manifestafundamentalmentepeloquefazaodesenvolverumdeterminadocurrIculo,
independentementedequalquerretóricaedeclaraçãograndiloqüentedefinalidades.

181.GimenoSacristán
Nessamesmamedida,ocurrículoé
umelementonucleardereferênciaparaanalisar
oqueaescola
édefatocomoinstituiçãoculturalenahoradeelaborar umprojeto
alternativo
deinstituição.
Asreformascurricularesnossistemaseducativosdesenvolvidosobedecem
pretensamente
àlógicadequeatravésdelasserealizaumamelhoradequaçãoentre
oscurrículoseasfinalidades
dainstituiçãoescolar,ouadeque comelassepodedar
umarespostamaisadequadaàmelhoradasoportunidadesdosalunosedosgrupos
sociais.Masasinovaçõesserãoanalisadasdentrodaestruturasocialenocontexto
históricoqueseproduzem,queproporcionamumcamposocialmentedefinidoeto­
talmentelimitado(Papagiannis,1986).Empreendem-seasreformascurriculares,na
maioriadoscasos,paramelhorajustarosistemaescolaràsnecessidadessociaise,
em
muitomenormedida,paramudá-lo,emborapossamestimularcontradiçõesquepro­
voquemmovimentosparaumnovoequilíbrio.
Quandosefaladecurrículocomoseleçãoparticulardecultura,vememseguida
àmenteaimagemdeumarelaçãodeconteúdosintelectuaisaseremaprendidos,
pertencentesadiferentesâmbitosdaciência,dashumanidades,dasciênciassociais,
dasartes,
datecnologia,etc.-estaé aprimeiraacepçãoe amaiselementar.Masa
funçãoeducadoraesocializadoradaescolanão
seesgotaaí,emborasefaçaatravés
dela,e,porissomesmo,nosníveisdoensinoobrigatório,tambémocurrículoestabe­
lecidovailogicamentealémdasfinalidadesquesecircunscrevemaessesâmbitos
culturais,introduzindonasorientações,nosobjetivos,emseusconteúdos,nasativi­
dadessugeridas,diretrizesecomponentesquecolaboremparadefinir
umplano
educativoqueajudenaconsecuçãode
umprojetoglobaldeeducaçãoparaosalunos.
Oscurrículos,sobretudonosníveisdaeducaçãoobrigatória,pretendemrefletiro
esquemasocializador,formativoeculturalqueainstituiçãoescolartem.
Situando-nosnumníveldeanálisemaisconcreto,observandoaspráticas
esco­
laresquepreenchemotempodosalunosnasescolas,percebemosqueficamuito
poucoforadastarefasouatividades,ritos,etc.,relacionados
comocurrículooua
preparaçãodascondiçõesparaseudesenvolvimento.Aescolaeducaesocializapor
mediaçãodaestruturadeatividadesqueorganizaparadesenvolveroscurrículosque
têmencomendados-funçãoquecumpreatravésdosconteúdosedasformasdestes
etambémpelaspráticasqueserealizamdentrodela.
Oensinonãoémaisdoqueoprocessodesenvolvidoparacumpriressafinalida­
de.Algoqueseesquecemuitasvezes,quandosequeranalisarosprocessosdeensino­
aprendizagemapartirdeumadeterminadaperspectivacientíficaetécnica,esquecen­
doseuverdadeiroencargo.
Pordiversostiposdecondicionamentos,oscurrículostendemarecolhertodaa
complexagamadepretensõeseducativasparaosalunosdeumdetenninadonívele
modalidadedeeducação.Podeserqueocurrículonãoesgoteemseusconteúdosestri­
tostodososfinseducativos,nemasfunçõesnão-manifestasdaescola,maséevidente
queexisteumatendênciaprogressivaparaassumi-los
nocasodosníveisobrigatórios
deensino.Daíqueboapartedoqueéobjetodadidáticasejacompostapelaanálise
dospressupostos,dosmecanismos,dassituaçõesedascondiçõesrelacionadas
coma
configuração,odesenvolvimentoe aavaliaçãodocurrículo.
Odiscursodominantenapedagogiamodema,mediatizadopeloindividualismo
inerenteaocrescentepredomíniodapsicologia
notratamentodosproblemaspedagó­
gicos,ressaltouasfunçõeseducativasrelacionadas
comodesenvolvimentohumano,
apoiando-se
noaugedo statusdainfâncianasociedademodema,quenão ésomente
conseqüênciadodesenvolvimentodaciênciapsicológica.Porisso,serelegou
emmui­
toscasosapermanentefunçãoculturaldaescolacomofinalidadeessencial.
Emparte,
oCurrículo
19
talvez,porqueéuma fonnadeescapardodebatenoqualsedesmascaraeseaprecia
overdadeirosignificadodoensino;oqueresultacoerente
comosinteressesdomi­
nantesquesubjazemaqualquerprojetoeducativo:estabelecerseusfins
comoalgo
dado,queéprecisoinstrumemar,masnãodiscutir.
Retomareressaltararelevânciadocurrículonosestudospedagógicos,nadis­
cussãosobreaeducaçãoe
nodebatesobreaqualidadedoensinoé,pois,recuperara
consciência
dovalorculturaldaescolacomoinstituiçãofacilitadora decultura,que
redamainexoravelmenteodescobrirosmecanismosatravésdosquais cumpretal
funçãoeanalisaroconteúdoesentidodamesma.Oconteúdoé
condiçãológicado
ensino,e ocurrículoé,antesdemaisnada,aseleçãoculturalestruturadasobchaves
psicopedagógicasdessaculturaqueseoferececomoprojetoparaainstituiçãoescolar.
Esqueceristosupõeintroduzir-se
porumcaminhonoqualseperdedevistaafunção
culturaldaescolaedoensino.Um
pontofracodecertasteorizaçõessobreocurrículo
residenoesquecimentodapontequedeveestabelecerentreaprática
escalareomundo
doconhecimento(King,1976,
p.J12)oudaculturaemgeral.
-ANovaSociologiadaEducaçãocontribuiudefonnadecisivaparaaatualidade
dotema,
quecentrouseuinteresse emanalisarcomo
asfunçõesdeseleçãoe deorga­
nizaçãosocialdaescola,quesubjazemnoscurrículos,serealizamatravésdascondi­
çõesnasquaisseudesenvolvimentoocorre.
Emvezdeverocurrículo comoalgodado,
explicandoosucessoe ofracassoescolarcomovariáveldependente,
dentrodeum
esquemanoqualavariávelindependentesãoascondiçõessociaisdosindivíduosedos
grupos,édeselevar
emcontaquetambémosprocedimentosdeselecionar,organizar
oconhecimento,lecioná-Ioeavaliá-losãomecanismossociaisque
deverãoser
pesquisados(Young,1980,
p.25).Ocurrículo-afirmaesteautor
-é omecanismo
atravésdoqualoconhecimento édistribuído socialmente.Comisso,a naturezado
saberdistribuídopelaescolasesituacomoumdosproblemascentraisa sercolocado
ediscutido.Ocurrículopassaaserconsideradocomoumainvençãosocial
quereflete
escolhassociaisconscienteseinconscientes,queconcordamcomosvaloreseascren­
çasdosgruposdominantesnasociedade(Whitty,1985,
p.8).Umenfoquepuramente
economicistaparacompreenderopoderreprodutordaeducaçãonãoexplicacomoos
resultadosdaescolasão
criadostambémporelamesma,enquantoéumainstânciade
mediaçãocultural(Apple,1986,
p.12).
Bernstein(1980),umdosmaisgenuínosrepresentantesdestacorrentesociológi­
ca,expressaaimportânciadestanovaênfaseafinnandoque:
"AsConnasatravésdasquaisasociedadeseleciona,classifica,distribui,transmitee
avaliaoconhecimentoeducativoconsideradopúblicorefletemadistribuiçãodopoder
e
dosprincípiosdecontrolesocial".
"Ocurrículodefineo
queseconsideraoconhecimento válido,asConnaspedagógi­
cas,oqueseponderacornoatransmissãoválidadomesmo,e aavaliaçãodefineo que
seconsideracomorealizaçãoválida detalconhecimento"(p.47).
Taisanálisessociológicasinduziramoestabelecimentodeprogramascompen­
satóriosqueabranjamaeducaçãoinfantil,parafundamentaraexistência
deuma
educaçãocompreensivaparatodososalunosde
ummesmopatamardeidade,etc.,
enquantooscurrículospodematuarcomoinstrumentos
deaçãosocialporseuvalor
demediaçãocultural.
Numasociedadeavançada,oconhecimentotem
umpapelrelevanteeprogressi­
vamentecadavezmaisdecisivo.Umaescola"semconteúdos"culturais
éumapro­
postairreal,alémdedescomprometida.Oconhecimento,eprincipalmentealegi-

201.GimenoSacristán
timaçãosocial desuapossessãoque asinstituiçõesescolaresproporcionam, éum
meioquepossibilita
ou
nãoapanicipaçãodosindivrduosnosprocessosculturaise
econÔmicosdasociedade,ouseja,queafacilitanumdeterminadograuenumadire­
ção.Não
éindiferentesaber ounãoescrever,nemdominarmelhor oupioralingua­
gememgeral
ouosidiomas.Nãoé amesmacoisa
orientar-seemnossasociedade
situando-nosnonfveluniversitário,pelossaberesdoDireito,
daMedicinaou
pelo~
estudosdashumanidades.Ograuetipodesaberqueosindivrduoslogramnasinsti­
luiçõesescolares,sancionadoelegitimadoporelas,têmconseqüênciasnonfvelde
seudesenvolvimentopessoal,emsuasrelaçõessociaise,maisconcretamente,no
slatusqueesseindivfduopossaconseguir
dentrodaestruturaprofissionaldeseu
contexlo.
Aobsolescênciadasinstituiçõesescolaresedosconteúdosquedistribuempode
lev~rane~aressafunção,masnãonega talvalor,esimapossibilidadedequese
realize,detxandoqueoperemoutrosfatoresexteriores,aindaquenenhumcurrículo,
porobsoletoqueseja,éneutro.Aausênciadeconteúdosvaliososéoutroconteúdoe
aspráticasparamanterosalunosdentrodecurrrculosinsignificantesparaelessão
todoumcurrfculooculto.
.Arelaçãodedeterminaçãosociedade-cultura-currículo-práticaexplicaquea
atuahd.adedocurrículosevejaestimuladanosmomentosdemudançasnossistemas
educatIVOs,comoreflexodapressãoqueainsti!Uiçãoescolarsofredesdediversas
frentes,paraque adapteseusconteúdosàprópriaevoluçãoculturaleeconômicada
sociedade.Porisso,éexplicávelquenosmomentosdeconfigurardeformadiferenteo
sistemaeducativosepensemtambémnovasfórmulasparaestruturar
oscurrículos.O
próprioprogressonaformaçãodeesquemasteóricossobreocurrículoseumodeloe
desenvolvimento,temlugarnodebatedasreformascurriculares
aque~vêemsubme­
tidos
ossistema.sescolares nasúltimasdécadas. Os
momentosdecrise,osperrodosde
reforma,
osprOJetosdeinovação,estimulamadiscussãosobre osesquemasde
racio­
nalizaçãopossrvelquepodemguiar aspropostasalternativas.Apróprialeorização
sobrecurrfculoesuaconcretização
é,emmuitoscasos,osubprodutoindirelodas
mudançascurricularesqueocorremporpressõeshislóricas,sociaiseeconÔmicasde
diversosliposnossistemasescolares.
.
~aEspanha,pode-severque,devido àsreformaseducativasquesefizeram na
hlstónarecente,ospressupostosdiversos, asformaspedagógicaseosformatos
curricular~s encontramlegitimaçãoeconfirmação.Issoconfirmaofatodeque,em
nossatradIçãoenocampojurídicoadministrativo,
asreformascurricularesvãoliga­
dasamudançasnaestruturadosistemamaisqueaumdebatepermanentesobre
as
necessidadesdosistemaeducativo.
oCURRtCUlO:CRUZAMENTO DEPRÁTICASDIVERSAS
Panirdoconceitodecurrículocomoaconstruçãosocialquepreencheaescola­
ridadedeconteúdoseorienlaçõesnoslevaaanalisar
oscontextosconcretosquelhe
vãodandoformaeconteúdo,antesdepassarateralgumarealidadecomoexperiência
deaprendizagempara
osalunos.Éprecisocontinuaraanálisedentrodoâmbitodo
sistemaeducativocomseusdeterminantesmaisimediatosatévê-loconvertido
ou
modeladodeumaformaparticularnapráticapedagógica.
Nenhumfenômenoéindiferente
aocontextonoqualseproduze ocurrículose
sobrepõeemcontextosquesedissimulamese
integramunsaosoutros,conceitos
quedãosignificadoàsexperiênciascurricularesobtidasporquemdelaspanicipa
o
CUlTfculo21
(King,1986,
p.37).Seocurrrculo,evidentemente,éalgoqueseconstrói,seuscon­
teúdosesuasformasúltimasnãopodemserindiferenlesaoscontextos
nosquaisse
configura.
Conceberocurrfculocomoumapráxissignificaquemuitostiposdeaçõesin­
tervêmemsuaconfiguração,queoprocessoocorredentrodecenascondiçõescon­
cretas,queseconfiguradentrodeummundo
deinteraçõesculturaisesociais,que é
umuniversoconstrufdonão-natural,queessaconstruçãonão éindependentedequem
temopoderpara
constituf-Ia(Grundy,1987, p.115-116).Issosignificaqueuma
concepçãoprocessualdocurrículonoslevaaverseusignificadoeimportânciareal
comooresultadodasdiversasoperações
àsquaisésubmetidoenãosó nosaspectos
materiaisquecontém,nemsequerquanto
àsidéiasquelhedãoformaeestrutura
interna:enquadramento
pO](licoeadministrativo,divisãodedecisões,planejamento
emodelo,traduçãoemmateriais,manejoporpartedosprofessores,avaliaçãodeseus
resultados,tarefasdeaprendizagemque
osalunosrealizam,ele.Significatambém
quesuaconstruçãonãopodeserentendidaseparadamentedascondiçõesreais
deseu
desenvolvimentoe,porissomesmo,entenderocurrículonumsistemaeducativo
requerprestaratenção
àsprálicaspolfticaseadministrativasqueseexpressamem
seudesenvolvimento, àscondiçõeseSlruturais,organizativas,materiais,dotaçãode
professorado,àbagagem
deidéiasesignificadoquelhedãoformaequeomodelam
emsucessi
vospassosdeuansformação.
É,enfim,umcampopráticocomplexo,comoreconheciaWalker(1973),quando
afirmava:
"Osfenômenoscurricularesincluemtodasaquelasatividades
einiciativasatravésdas
quaisocUlT{culoéplanejado,criado,adotado,apresentado,experimentado,criticado,
alacado,
defendidoe
avaliado,assimcomolodosaquelesobjetosmateriaisqueocon­
figuram,comosãooslivros-texto,osaparelhoseequipamentos,osplanose guiasdo
professor,etc."(p.247).
Ocurrículomodela-sedentrodeumsistemaescolarconcreto,dirige-sea deter-J
minadosprofessoresealunos,serve-sededetenninadosmeios,cristaliza,enfim,num
contexto,queé oqueacabaporlhedarosignificadoreal.Darqueaúnicateoria
possívelquepossadarcontadessesprocessostenhadeserdotipocrítico,pondoem
evidência
asrealidadesqueocondicionam.
Imediatamentecompreendemosasdificuldades
depensaremproposiçõessim­
plesparaintroduzirmudançasnessadinâmicasocial.Umobstáculosério
paraapes­
quisaeducativa,comoreconheceWalker,
éque,aoterestadodominadaporparadigmas
empiristas,nãopôdeorganizarestacomplexidade,quenecessitaexplicaçãodeações
nasquaisseprojetampráticas,crençasevaloresmuitodiversos.
Assim,apráticatemumaexistênciarealqueumateorizaçãodeveexplicare
esclarecer
-tarefapoucosimplesquandosetratadeumterritóriodeintersecçãode
subsistemasdiversos.Essarealidadepráticacomplexasesubslanciaouseconcretiza
emrealidadeseprocessosdiversos,analisáveispor
simesmosdediferentespontos
devista,masconecladosmais
oumenosestreitamenteentre si:ocurrrculocomo
expressãodeumasérie
dedelenninaçõespolíticasparaapráticaescolar,ocurrículo
comoconteúdosseqüenciaJizadosemdeterminadosmateriais,comosaberesdistri­
buídospelosprofessoresnasaulas,comocampodasinteraçõesedosintercâmbios
entreprofessoresealunos,como"partitura"daprática,etc.
Trata-sedeumcomplexo
processosocialcommúltiplasexpressões,mascom
umadeterminadadinâmica,jáqueéalgoqueseconstróinotempoedentrodecenas

22J.GimenoSacristán
condições.é.umarealidadedifícildeaprisionaremconceitossimples,esquemáticos
eesclarecedores
porsuaprópriacomplexidadeepelofatodequetenhasidoum
campo
depensamentodeabordagemrecentedentrodasdisciplinaspedagógicas,além
decontrovertido,aoserobjetodeenfoquescontraditóriosereflexodeinteresses
conflitantes.Nãoéestranho,tampouco,queasautodenominadasteorias
docurrículo
sejamenfoquesparciaisefragmentários.
Importa,pois,esclareceroconteúdoedinâmicadessapráticaecercar,emalgu­
mamedida,ossignificadosqueesteconceitopretendesistematizar,maisdoquesim­
plificaraomesmotempoocomplexoedifusonumadeterminadaconcepçãodepar­
tida.
Schubert(1986)considera:
"Representarocurrículo
comoumcampodepesquisae deprálica
necessitaconcebê­
locomoalgo quemantémcenasinterdependências comoutroscampos daeducação.o
queexigeumaperSpectivaecológica naqualosignificadodequalquerelemento dcve
servistocomoalgoemConslanleconfiguraçãopelasinlerdependênciascomasforças
com
asquaisestárelacionado" (p.34-35).
Porissoargumentamosqueocurrículofazparte,narealidade, demúltiplos
tiposdepráticasquenãopodemreduzir-seunicamenteàpráticapedagógicadeensi­
no;açõesque
sãodeordempolítica,administrativa,desupervisão, deproduçãode
meios,decriaçãointelectual,deavaliação,etc.,eque,enquantosãosubsistemasem
parteautônomoseemparteinterdependentes,geramforçasdiversas queincidemna
açãopedagógica.Âmbitosqueevoluemhistoricamente,de
umsistemapolíticoe
socialaoutro,deumsistemaeducativoaoutrodiferente.Todosessesusosgeram
mecanismosdedecisão,tradições,crenças,conceitualizações,
etc.que,deumafor­
mamaisoumenoscoerente,vãopenetrandonosusospedagógicosepodemseraprecia­
dos commaiorclarezaemmomentosdemudança,
Seaceitamos
oqueKingsugere(1986, p.37),osignificadoúltimodocurrículo
édadopelospróprioscontextosemqueseinsere:a)umcontexto
deaula,noqual
encontramosumasériedeelementoscomolivros,professores,conteúdos,crianças;b)
OUtrocontextopessoalesocial,modeladopelasexperiênciasquecadapessoateme
trazparaavidaescolar,renetidasemaptidões,interesses,habilidades,etc.,alémdo
climasocialqueseproduznocontextodeclasse;c)existe,alémdisso,outrocontexto
históricoescolarcriadopelasformaspassadasderealizaraexperiênciaeducativa,
quederamlugaratradiçõesintrojetadasemformadecrenças,reflexosinstitucionaise
pessoais,
etc.,porquecadapráticacurricularcria,dealgumaforma,incidênciasnas
queasucederão;d)finalmente,sepodefalardeumcontextopolítico,
àmedidaque
asrelaçõesdentrodeclasserenetempadrõesdeautoridadeepoder,expressãode
rdaçõesdomesmotiponasociedadeexterior. Asforçaspolíticaseeconômicas
de­
senvolvempressõesquerecaemnaconfiguraçãodoscurrículos, emseusconteúdose
nosmétodosdedesenvolvê-los.
Umavisãotecnicista,ouqueapenaspretendasimplificarocurrículo,nunca
poderáexplicararealidadedosfenômenoscurricularesedificilmentepodecontri­
buirparamudá-los,porqueignoraqueovalorrealdomesmodependedoscontextos
nosquaissedesenvolveeganhasignificado.Trata-sedeumfenômenoescolarque
expressadeterminaçõesnãoestritamenteescolares,algoquesesituaentreasexperi­
ênciaspessoaiseculturaisdossujeitos,porumlado,préviaseparalelas
àsescolares,
realizando_senum
campoescolar,massobreoqualincidem, poroutrolado,
subsistemasexterioresmuitoimportantesqueobedecemadeterminaçõesvariadas.
oCurrículo
23
Pararealizarumaanáliseesclarecedoradenossosistemaed.ucativo,
~onvém
distinguiroilosubsistemasouâmbitosnosquai~seexpres~am ~rát.lcas relacll~na~as
comocurrfculo,nosquaissedecideounosquaIsse cnammfluenclaSparaoslgmfi-
cadapedagógicodomesmo. ..~ ,
1 - Oâmbitodaatividadepolítico-administrativa.Aadmmlstraçaoedu.catlva
regulaocurrículocomofaz
com
outro~aspectos.:profes.sores,escolas,etc, doSlslema
ducativosobdiferentesesquemasdemtervençaol?Olítlcaedentrode umcampocom
~aiores o~maisreduzidasmargensdeautonomia. A.sveze,s,chegamos,a entenderpor
currículooqueaadministraçãoprescrevecomoobrlgatónopara umn.lvel~ed~catlvo,
etc.,portermuitopresenteoaltopoderdeintervençãoquete~ e~sta msta~cta neste
temadentrodenossocontexto,comoconseqüentepoderdede~nJça~ ~areahdadeed.a
negaçãoouesquecimentodopapeldeoutros.agentestalv~zmaIsdecIS~VOS. Es.teâmbI­
todedecisõesdeixa bemevidenteosdetermmantesexteriores doc~mculo, amdaque
estejamlegitimadasporseremprovenientesdepoderesdemocratIcamenteestabele-
cid~. od. _ .
2-0subsistemadeparticipaçãoedecontrole.Emt osIstema~uC~tIVO.: a
elaboraçãoe aconcretizaçãodocurrículo,assimcomo.o~ontrol~desuareahza~a~,
eslãoacargodedeterminadasinstânciascomcompetenc13s m.alsoum~n.os d~fJm­
dasquevariam deacordocomocampojurídico, comatradIçãoadml~lst~atlva e
de~ocrática decadacontexto.Aadministraçãosempretema.lgumacompetencl.a?este
sentido.Todasessasfunçõessãodesempenhadaspelapr~pna b~rocrac13 adm~mstra­
liva,corposespecializadosdamesma,como.éoca~odalfispeçao,masà medIdaque
umsistemasedemocratizaesedescentrallza,deIxaparaoutrosagentesalgumas
decisõesrelativasacertosaspectosoucomponentes,
As
~u~ç~õe~sobre~configuração
doscurrículos,suaconcretização,suamodificação,suavlgllancla,análises deresul~a-
d t tbém""demestarnasmãosdeórgãosdogoverno,dasescolas,assocla-
oS,ec.amy- . d'~-' '1"d
çõesesindicatosdeprofessores,pais
dealunos,órgãosmterme 1i1110S
especJalzaos,
SISTEMASOCIAL
"--Subsislemade
~
participaçaosocial~
econtrole
Subsistema Subsistema
de~ /
especialislasepolitico-
depesquisaadministrativo
1 s"..'''.m.~ 1prático-
pedagógico
Subsistema
Subsislema
de
produçao
deinovaçao
/ ~
demeios
'"
./
Ordenaçao Subsistema
dosislema decriaçao
educativo deconteúdos
FIGURA1.Sistemacurricular.

24J.GlmenoSacrislán
associaçõeseagentescient(ficoseculrurais.etc.Todocurrículosemserenumdeter­
minadoequillbriodedivisãodepoderesdedecisãoedeterminaçãodeseusconteú­
doseformas.
AimportânciadestesdOIssubsistemasnosesclareceasrazõesparaentendereste
campo
comoum
terrenopolíticoenãomeramenlepedag6gicoecultural
3 _ Aordenaçãodosistemaeducativo.Apr6priaestruturadeníveis,ciclos
educalÍvos.modalidadesouespecialidadesparalelasordenam Osistemaeducativo.
marcando.
emlinhasgerais, deformamuito
precisa.asmudançasdeprogressãodos
alunospelomesmo.
Regulamasentradas,otrânsitoeasaídadosistema,servindo-se,emgemi,da
ordenação
docuniculo,
eexpressamatrav6domesmoasfinalidadesessenciaisde
cadaperíodo deescolaridade.
Adistribuiçãoda
culruraentredistintosgrupossociais
6determinada,emboamedida,combasenadiferenciaçãodoscurrículosde cada
ciclo.nível ouespecialidadedosistema.i::umdoscaminhosdeinlervençãoouparcela
práticaemmãosdaestrutumpolftico-adminislnl.tivaqueregeosistema.Osníveis
educativosemodalidades
de
educaçiocumpremfunçõessociais,seletivas.profissio­
naiseculturaisdiferenciadas,eissoserefletenaseleçiocurricularquetêmcomo
conteúdoexpressoenaspráticasquesecriamemcadacaso. Àmedidaquetenhauma
descentralizaçãodedecisões,ouquandoexisteoputividadecurricularnonfvel de
escolas,aordenaçãopodeficaremníveisdedecisãomaispróximosdosusuários.
4 _ Osistemadeproduçãodemeios.Oscuniculossebaseiamemmateriais
didáticosdiversos,entrenósquasequeexclusivamentenoslivros-texto.quesãoos
verdadeirosagenles
deelaboraçl0econcretizaçãodocurrículo.Comoprática
observável,o
cuniculopor
anlonomásia'6oqueficainterpretadoporessesmateriais
queoprofessoreosalunosutilizam.Práticaseconômicas.deproduçãoedediSlribui­
çãodemeios.criamdinâmicascomumaforteincidêncianapráticapedag6gica:cri­
aminleresses.passamaseragenlesformadoresdoprofessorado.constituindo um
campodeforçamuitoimportante quenãocostumareceberaatençãoquemerece.
Estapráticacostumaestarligadaaumaforma deordenarOprogressocurricular:por
ciclos,níveis,cursos,disciplinasouáreas,etc.Osmeiosnãosãomerosagenlesins­
trumenlaisneutros,poistêmumpapeldedeterminaçãomuitoativo,sobretudo
em
nossosistema,ligadoaumaformadeexerceroconlrolesobreaprática,
asestreitas
margens
de
decisãodequedispôsoprofessorado,abaixaformação domesmoeas
condiçõesdetrabalhodesfavoráveis.
5 -Osinlbitosdecriaçãoculturais,científicos,etc.Namedidaem queo
currfculo6umaseleçãodecuhura,osfenômenosqueafetamasinstânciasdecriação
edifusão
dosaber têmumaincidênciana
seleçãocurricular.Trata·sedeumainfluên­
cia
queseexercemaisoumenosdirelamente,commaisoumenosrapidezeeficácia,e
quesedividedemododesigualentrediversascoletividadesacadêmicaseculturais.
A
importânciadessesubsistemaesuacomunicaçãocomocurrfculo éevidenteporum
duplomOlivo:porqueasinstituiçõesonde
selocalizaacriaçãocientfficaecultural
acabamrecebendoosalunosformadospelosistemaeducalivo,oquegeranecessaria­
menteumacertasensibilidadeepressãoparaoscurrfculosescolares,porumlado,
pelainfluênciaativaqueexercemsobreosmesmos,e,poroutro,selecionandocon-
·N.deR,T
AnlOnOmúia:SegundooNOII(}DiciOMnoA.uriliodaUllguoPorrugutla.slgmficaI RetSubstitui­
çllodeumIlOmepróprioporumcomum011umaperffraseEx.ocisnedeMAnlua(Virg1lI0):a'guiadeIlaia(RUI
Barbos.ll)ouvice-versa:umNero(homemcNel)2.Vcognome.
oCurrlcul02S
teúdos,ponderando-os,impondoformasdeorgani~ção, paradigmasmetodol~~icos.
produzindoescritos,textos. etc.Osgruposde~peclahstas na,culturaformamfamf·
lias"quetêmcontinuidadeecnamdependêncIasnas.co.letlVldadesdedocentes,e.
pecialmentedosníveismaisImediatosàc.n~~,epnnclpalmentequandoprofesso-
ressãoespecialistas emalgumaáreaoudlsclphna. .
Adinâmicacurricular,seuscontet1dosesuasfonnasseexplicamemalguns
aspectospelainfluênciadestesubsistemadecriaçãodocon~ecime_nto e~acultura,
Boapartedodinamismodosestudos5O~reoc~",!culo edamovaça?~umcular. s0­
bretudonasáreascientrficas.nospaísesmdustnahzadosduranteasultll'nasd&adas,
seexplicapelapressãosobreosistemaeducativo dasinstâ~ias d~pesquisa.influen­
ciadas
porsuavezpelos
interessestecnol6gic~ ~econômlc.os1.lg~osaelas.Entre
n6sexiste,
em
gel1l.l.umaclaradesconexãoexpliCitaen~asmstl~lções nasqU~lsse
criamerecriamossaberes_ auniversidade- eosníveiSeducativos
quedepoiSos
reproduzem_ oque
nãosignificaquenãoexistaumainfluência,press~o,c.analização
atl1l.v6detextos,etc.TalvezsocialmentenãosetenhatomadoconSCiência dopapel
dosníveisinferiores deeducaçãonahoradecriarumaamplabaseculturaldaqual
poderãosairmelhorescandidatosaosnfveissuperiores.
.. .
6-Subsiste.ma
tknlco-pedag6gico:formadores.espectalistase pesqul$ado­
resemeducação.Ossistemasdeformaçãodeprofessom~. osgruposdeespec!a­
listasrelacionados comessaatividade,pesquisadoresepentosemdIVersasespecia­
lidadesetemasdeeducação,etc.criamlinguagens.tmdições,prod~zem conceltua­
lizações.sistematizaminformaçõeseconhecimentossobreareah~e educ~uva,
propõemmodelos deentendê-Ia,sugeremesquemasde0m:naraprática~1~I?na­
doscomocuniculo,quet!mcertaimportânciana~nstruç~o damesma,.lOcldmdo
napolftica,naadministração,nosprofessores,etc.~na-se,digamos.uma Imguagem
econhecimentoespecializadosqueatuamcomocódigomodelado~, ~aomenoscomo
racionalizaçãoelegitimaçl0daexperi!nciaculruralasertransmitidaatl1l.vésdocur­
rículoedasformasde realizartalfunção.Costumaexpressar-senãoapenasnasele­
ção
dosconteúdos
culruraise emsuaordenação,mastambémnadelimitaçãodeobje­
tivosespecíficos
defodolepedag6gicaeemcódigosque
~lniluram todoocu"'!culoe
seudesenvolvimento.
Aincidênciadestesubsistema
t&Olcocostumaseroperallvaem
aspectosmaisperiflricos,cujainfluên~ia depended~suaprópriacapacidade deres·
postaàsnecessidadesdominantes dosistemaeducatlv~ edeseu~endente. sobreos
mecanismos
de
decisão.Umpesoquevaria dedetennmadosnfvelseducativospara
outros.
Emmenormedida,seupapeltemsidoe
6crílico.
7 _Osubsistemadeinovação.Nossistemaseducativoscomplexos,dentro de
sociedadesdesenvolvidas,asensibilidadesobreaqualidadedosmesmosaumenta,sua
renovaçãoqualitativaganhaimportância,osinteressesd~acomodaçãocon~ta~te dos
currículosàsnecessidadessociaistambémsetomammamfestos-funçõesdifiCilmen­
tecumpridasporoutrosagentesquenão.aquele~ espe~ificamente dedicadosa.reno­
varosistemacurricular.Entren6s,estamstânc18mediadora,defrente paraamter­
vençãoemtodoosistema,nãoexiste,oqueseexplicapelo~od~lodeintervenção
administrativaexistentesobreocurrículoepelafaltadeconSCiêncIasobre
suaneces­
sidade.Mastrata·se
deumaspectoque,com umcampodeaçãolimit.ado,aparec.eu
atrav6sdegruposdeprofessoresemovimentosderenovação~d~g6glca. I~so6sm­
tomadeumanecessidade.i::evidentequeumarenovaçãoquahtatlvadapráticaeXige
produçãoalternativademateriaisdidáticoses~stem":5 deapoiodiretoaosprofesso­
resemsuapráticaquegruposisoladosebem-mtenelOnadosdeprofes~res n~op0­
demresolvermassivamente.Emoutrossistemaseducativos.asestratégias demova-

26J.GimenoSacristán
çãocurriculareosprojetasrelacionandoinovaçõesdecurrfculoseaperfeiçoamento
deprofessorestêmsidoumaformafreqUente
eeficazdefazer
asreformascurriculares.
8.-Osubsistemaprátic.,.pedag6gico,Éapráticaporantonomásia,configura­
dabasicamenteporprofe.ssoresealunosecircunscritaàsinstituiçõesescolares,em­
bora
secoloqueanecesSidade deultrapassaressecampomuitasvezesisolado. Éo
quecomumentechamamos
ensinocomoprocessonoqual secomunicame sefazem
rea!ida~e as.propostas~urriculares, condicionadaspelocampoinstitucionalorgani­
zatIvoImediatoepelasmfluênciasdossubsistemasanteriores. Éóbvioqueocurrfcu­
lofazreferênciaàinteraçãoeaointercâmbioemreprofessoresealunos,expressan­
do-se
empráticasdeensino-aprendizagemsobenfoquesmetodol6gicosmuito
diver­
sos,atravésdetarefasacadêmicasdeterminadas,configurandode umaformaconcre­
taopostodetrabalhodoprofessore odeaprendizdosalunos.
Naturalmente,atravésdetodosestessubsistemas,eemcadaumdeles,seexpres­
sam.determinaçõessociaismaisamplas,sendoocurrículoumteatrodeoperações
múltiplas,d~forçasedeterminaçõesdiversas,aomesmotempoqueeletambém,em
algumamedida,podeconverter-seemdeterminadordasdemais. Seosistemaescolar
~antém p~rticulares dependê.nciaseinteraçõescomosistemasocial emquesurge,
naopode~laocorrero contránoaoconteúdofundamentaldaescolarização.
PorISSO,acompreensãodarealidadedocurrfculodevesercolocadacomore­
sultantedeintera~ões diversas.Ocurrfculo,quenummomentoseconfiguraeobjeti­
vacomoumprojetocoerente, jáéporsioresultadodedecisõesqueobedecema
fato.resdetennin~ntes diversos:culturais,econômicos,políticosepedagógicos.Sua
reall~ão ~stenor oco.rreemu':'lcontextopráticonoqual serealizamtipos depráti­
casmUitodIversas.
ASSim,oprojetoconfiguraemgrandeparteapráticapedagógica,
masé,
porsuavez,delimitadoelimitadoemseussignificadosconcretos poressa
mesma
práticaqueexistepreviamentea qualquerprojetocurricular. Todosos
subsistemasrapidamenteanalisados,incluindoopedagógico,existemdeantemão,
quando
sequerimplantarumprojetocurricularnovo.
Essessubsistemasapontadosmantêmrelaçõesde
determinaçãoredproca emre
s~,deforça~istinta, segundooscasos.Oconjuntodessasimer-relaçõesconstituio
sIstemacurncular, compreensívelapenasdemrodeumdeterminadosistemasocial
geral,quesetraduzemprocessossociaisqueseexpressamatravés docurrfculo.
Nesseconjuntodeinterações
seconfiguracomoobjeto,e éatravésdaspráticascon­
cretasdentro
dosistemageraledossubsistemasparciaisquepodemosobservaras
funçõesquecumpre
eossignificadosreaisqueadota.
TODAAPRÁTICAPEDAGÓGICA GRAVITA EMTORNODOCURRíCULO
ocurrfculoacaba numapráticapedagógica,como jáexplicamos.Sendoa
condensaçãoouexpressãodafunçãosocialeculturaldainstituiçãoescolar,élógico
que,porsuavez,impregnetodotipodepráticaescolar.Ocurrfculoé ocruzamentode
práticasdiferenteseseconverte
emconfigurador,porsuavez,detudooquepodemos
denominarcomopráticapedagógicanasaulasenasescolas.
Vejamos
umexemplodepráticapedagógica.Trata-sede uma
alividaderelacio­
nadacomoobjetivode
cultivarogosto
pewleitura,dandocumprimentoàfaceta
curricularoraldentrodaáreadelinguagem.
. Ofato
de.quetodoscontribuamcomalgumasugestãoematerialparaaaula
cultiva,além
dISSO,certas
atirudesehábitosdecolaboração,embora sejaquasecerto
queoprofessoropteporessapráticafrente
àcarênciaderecursosnaescolaenas
oCurrículo
27
salasdeaula.Essaatividadeserealizacomhvrosnemsempreadequados,visto que
osalunoscertamente
nãolevarãoseusmelhoreslivrosparaaaula.O professorse
conscientizoudoclimadeavaliaçãodesfavorávelcmquetaltarefa serealiza,ccerta­
mentetambémnãopensa
emqueapobrezaderecursosdentrodasalade aulase
corrigiriamudandoosistemadetodososalunoscompraremosmesmoslivros-texto,
pois
hátextosinéditos"paraestudar",masnãohálivrosvariados, suficienteseade­
quados"paraler".Certamente,essapráticadeaulaestárelacionadacomu
ma
faliade
propostascoerentesemníveldeescola,porquecadaprofessordecide
suaatividade
individualmente.Nãoexistenaescolaumabibliotecadeusoacessfvel
aosalunos.O
climadecontroleoudeavaliaçãotemrepercussõesmoraisnoaluno,no
momentodese
proporaresoluçãodasituaçãodesagradávelqueé,paraele, umaleituranão·adequa­
d,.
PRÁTICAPEDAGÓGICA
Alunodoquinlocurso deEGB"
Emlinguagem.alémdeoutraslarcfas,cadaalunodeveescolher umlivrodeleilUra
dabibliotecadasaladeaula.Estasefonnagraçasi'1.Sconlribuiçõesvoluntárias
queosalunosrealizam.Aofinaldocurso,eles asrecuperamoutra vez.
Oslivrossãovariados,unsatrativoseoutrosnão.Osalunososescolhemparasua
leiturasegundosuadisponibilidade
nomomentodaescolha,quando
vãoficando
livres.Sãodistribuídos
porordemdelistaoudemesas.Emoutroscasos,o
profes·
SOl'osdistribuidiretamente aosalunos.
Nãoseestabelecetempolimitadoparasualeilura.
Umalunomantémoconlfoledasentradasesaídas deexemplarescomasupervisão
doprofessor.
Oaluno
"X"escolheulivremenleA ilhadotesouro,deSlevenson.
Umavezlido,teráquenarrarpara Iodaaaulaoconteúdodaleitura seoprofessor
lhepede.Oalunoscnle queénecessárioestarpreparadopara
essemomento.Sabe
queseráavaliado
em"linguagemoral".Oprofessor lheinfonnouarespeito.
Olamanho
deletradestelivroébastante
reduzido,e oaluno,paraseguirsua
leilura,devemarcar
comodedolinhaporlinha.Alarefa selomacansativa.
Deverálero
livroemmomentoslivresdentrodohorário deaulae emcasa,sendo
umaatividadedotipo"passalempo".
Nãopodesemudardelivro,umavezescolhido,atéquenãoconcluasualeitura.
mesmo
que
nãolheagradeo queescolheuouoquelhederam.
Oentrevistador,
frente
11.dificuldadedacriança, lhesugerequeescolhaoulrolivro
diferente,menoscansativo
pelaeXlensão
epelolipedeletra,e quefaçaoresumo
como
seestabeleceuemsaladeaula,mesmo queselratede umlivroque não
pertençaàbibliotecadaaula.
Oaluno
nãosesente
livreparaproporamudança aoprofessor.
Oentrevistadorsugereapossibilidadede
sepularlrechospara seterumaidéia
geralepoderrealizaroresumo, masoaluno
temequeoprofessordescubraa
"trapaça",poisjáaconteceu
comoUlroscolegase foramadvertidosdequenão
deveriavoltara
acontecerlalcoisa.
'N.deR.T.:EGB:SignificaEducaç1l.oGeralBásica,queseconstitufanograudeensinohojedenominadono
sislemadeensinoespanholEducaçãoPrimária.

28J.GimenoSacri~lán
Podemosverumaatividadepr.ilicadecaráterpedag6gicoquemanifeslauma
formadedesenvolverumaspectoeoncrelo docurrfculo,naqualseexpressaalocali­
zaçãode umobJCIIVOcum~lar emumaelapaeducaliva,quenãoseriatãoprovável
deencontrarnobachllleratoVemoscomo, emlomodela,selomaevidentelam~m
umcertoIlpo decompelênciaprofissional,aexislênciadecertosmeiosnaaulaos
usos~aaquisiçãodemateriais,aorganização daescola,oclimadeavaliação,ce~as
relaçoesprofessor-alunopoucofluidas,etc.Sendoumapráticacurricularcircunscrita
aoc.ontexlod~ sa~adeaulaedentro deumclimasocialdeterminado,sevinculaàs
~rátlCas o.rg.am~tlvas, deconsumodemateriais,relacionadas,porsuavez,comprá­
ticasadmlOlstratlvasderegularocurrfculoecompráticasdecontroleassumidaspelo
profess?r
emseu
com~rtamento pedagógicoepessoalcomseusalunos. Osignificado
documcu~o secon~retlza eseconSlróiemfunçãodelodosessescontextoseseexpres­
sa
emprátiCasde
slgni~cações múltiplas.Aomanifeslar-seatravésdeles,sesobrepõe
emprocessosemecanismoscomplexosquetraduzemseusignificado.
Oexem.plo
queacabamos
~daréumapráticapedag6gicarelacionada comum
as~toparcial~ocurrfculodelInguagemancoradaemcontextosdiversos,isloé,
mulllcontextuallzada.Some.nte.asslmpodemosexplicá-Iaemlodososseussignifica­
dos:em.udá-Iacertamentes~gmfi7ará nãoapenasremovercrençasehabilidadespro­
fiSSIO~~S doprofessor,masmtervlrnonível doCOnteXIOorganizativo,deproduçãode
malenalS,elc.
Amaioriadaspráticaspedag6gicastemacaraclerfsticade
estarmulticon­
lextualizada.Asatividadesprálicasqueservemparadesenvolveroscurrfculosestão
sobreposlas
emcontextosaninhadosunsdentrodeoutrosoudissimuladosentresi.O
currículosetraduz
ematividadeseadquiresignificados concretosatravésdelas.Es­
sescontextossãoprodutosdetradições,valoresecrençasmuitoassentadasque
mostra~ suapresen~a eobstinaçãotimudançaquandoumapropostametodol6gica
alternallvapretendeInstalar-seemcenascondiçõesjádadas.
Out~práticamulticontextualizadaétudooqueserefereàavaliação.AvalIam­
seesedecl~em ta~fas,inclus!vepel~fatode seu.sresultadosouprodutosprevisfveis
seremounaofáceiSdeseavaliar;oc1una
deavaliaçãoserve
paramanterumcontrole
sobreosalunose,
ao
~mo!empo,expressaa~ntalidad~ dec~ntrolequeimpreg­
natudo
o.
q~eéescolar,II1Cluslvedentrodaescolandadeobngal6na,que,apriori,não
temexplicitamenteamissãodeselecionaregraduarossujeitos.
ADeal~ma mane~ pois,estãoimplicados comocurrículolodosostemasque
temalgumaImponânc18paracompreen.derofuncion~mento darealidadee daprática
~olarno níveldeaula,d~escolaedesIstema~UcatIVO. Atrever-me-iaaafirmar que
saopoucososfato~darealIdadeescolareeducativaquenãotêm"contaminações"por
algumacaracterfstlcadocurrículo dasinstituiçõesescolares.
Estacireunstânciatemumaprimeiraconseqüênciadeordemmetateórica:oestu­
do
docurrlculoservedecentrodecondensaçãoe
inter-relnçãodemuitosoutrosconcei­
toseteoriaspedagógicas,porquenãoexistemmuitostemaseproblemaseducativos
quen~otenhamalgoavercomele.Aorganizaçãodosistemaescolarpornfveise
mod~l.dades, se:ucontrole,afonnação,aseleçãoe anomeaçãodoprofessorado,a
seletlVldade
SOCial
atrav~dosistema,aigualdadedeoportunidades,aavaliaçãoesco­
lar,arenovaçãopedagógl~ domesmo,osmét~os pedagógicos.aprofissionalização
dosprofessores,etc.relaclonam-secomaorgamzaçãoedesenvolvimentocurricular.
-NdeR.T..Bat:1tilkt'rlM:OsistemaeducacionalespanholinclUIoBadUllmllo«ImOumaetapadoenslllOquese
slluaentre.EWcaçIoSecundinaeaUnIversidade
oCurrículo29
Arelevânciaquetemoproblemadapráticanoconhecimentoe napesquisa
pedagógicae,maisconcretamente,arelaçãoteoria-prálica,éouU'arazãoamaispara
aatualizaçãodadiscussãoemtomodosproblemascurriculares,àmedidaquesão
agentesnaconfiguração daspráticasdeensino.Seapráticaéimpensávelsemser
concebidacomoexpressãodemúltiplosusos,mecanismose componamentosrelacio­
nados
comodesenvolvimentodeumdetenninadocurrículo,a comunicaçãoteoria­
práticanãopodedesconsiderara
mediatizaçãocurricularcomocanalprivilegiado.
Estamosfrenteaumnúcleotemático-estratégicoparaanalisara comunicação
entreasidéiaseosvalores,porumlado,e aprática,poroutro.Umaparte imponante
dateoriamodemadocurrículoversasobreaseparaçãodessesextremosesobreas
razõesqueaproduzem.Oprópriodiscursosobrearelaçãoteoria-prática
senutreda
teoriaedaspráticascurriculares.Umdiscursoquedeveultrapassarosestreitoslimi­
tesdaaula.Naconfiguração
edesenvolvimentodocurrículo,podemos verseentre­
laçarempráticaspolfticas,administrativas,económicas,organizativaseinstitucionais,
juntoapráticasestritamentedidáticas;dentro
detodaselas
agempressupostosmuito
diferentes,teorias,perspeclivaseinteressesmuitodiversos,aspiraçõesegestão de
realidadesexistentes,utopiaerealidade.Acompreensãodocurrfculo,arenovação
daprática,amelhoradaqualidade
doensino
aU'avésdocurrfculonão devemesque­
certodasessasinter-relações.
Asidéiaspedagógicasmaisaceitáveisepotencialmenterenovadoraspodem
coexistir,e defalocoexistem,comumapráticaescolarobsoleta.Talincongruênciae
impotênciaparaatransformaçãodarealidade
OCOITC,emboaparte,porque
talprática
estámuitoligadaaotipodecurrículocontextualizado
emsubsistemasdiversoseaos
usoscriadosporseudesenvolvimento,ouqueseexpressamatravésdele,
quepenna­
necemmuitoestáveis. Porisso,arenovaçãodocurrículo,comoplanoestruturadopor
sisó,nãoésuficienteparaprovocarmudançassubstanciaisnarealidade.Odiscurso
pedagógico.senãototalizatodaessatramadepráticasdiversas,nãoinciderigorosa­
menteemsuaanáliseeseráincapazdeproporcionarverdadeirasalternativas
demu­
dançanasaulas.
Nosmomentos
emque
setomaconsciênciadafalladequalidade nosistema
educativo,aatençãosedirigeparaarenovaçãocurricularcomo umdosinstrumentos
parasuamelhora.Issolevaasefixarimediatamente emdoisaspectosbásicos:os
conteúdos
docurrfculoe ametodologianasaulas.Masapráticaescolar
éumaprática
institucionalizada,cujamudançanecessitaremoverascondiçõesqueamediatizam,
atuandosobretodosos
âmbitospráticos queacondicionam, queultrapassammuito
claramenteaspráticas
doensino-aprendizagemnasaulas.Nãobasta estabelecere
difundir
umdetenninadodiscursoideológicoetécnico-pedagógicopara quemude,
emborasematerializeinclusivenumplanoestruturado,emboraseja
condição
prévia
necessária.
Quasesepodedizerqueocurrículovemaserumconjumotemáticoabordável
interdisciplinannente,queservedenúcleodeaproximaçãoparaoutrosmuitosconhe­
cimentosecomribuiçõessobreaeducação.Essainteraçãodeconceitosfacilitaa
com­
preensãodapráticaescolar,queestátãocondicionadapelocurrfculoque sedistribui.
Daíarelevânciaque
sehádeconcedernestecapítulo àfonnaçãoeaoaperfeiçoamento
dosprofessores,aconsideraçãoquesehádeternaconfiguraçãodeuma
determinada
políticaeducativa,seu
necessárioquestionamentoquandosepretendeestabelecer
programas
demelhoradequalidadeda
educaçãoe,enfim,parafazerprogrediro
conhecimentosobreoqueé aeducaçãoquandoserealizaemsituaçõesecontextos
concretos.

30JGimcllOSaçnslán
Pedirumateoriaestruturadadocurrfculo,que~,porsuavez,integradorade
outrassubteorias,capazdeguiaraprática,~tãoutópicocomopedirumaconjunção
dossaberespedagógIcos~obreaeducaçãoquesejamcapazesdeexplicaraaçãoede
guiá-Iaquandoaescoladesenvolveumprojetoculturalcomosalunos.Mas,aomes­
motempo,conv~mressaltaranecessidadedealcançá-Iaporesseduplocarátercen­
traique
temnaexplicaçãoenaconfiguraçãodarealidadecotidianadoensino.Nãoexisteensinonemprocessodeensino-aprendil.3gemsemconteúdosdecul­
tura,eestesadOlamumaformadeterminadaemdeterminadocurrlculo.Todomodelo
oupropostadeeducaçãotemedevetratarexplicitamenteoreferentecurricular,por­
quetodomodeloeducatIvo~umaopçãoculturaldeterminada.Parecenecessário
també":,
~,uese
enfatizecadavezmaisesteaspecto.porqueumaespéciede"pedago­
gIavaziadeconteúdosculturaisadonou-se,dealgumaforma,doquesereconhece
comopensameOlopedagógicoprogressistaecientíficonaatualidade,muitomarcado
pelodomfnioqueopsicologismo
temtido
sobreodiscursopedagógicocontemporâ­
neo.acerto~que.pordiferentesrazões.nateorizaçãopedagógicadominanteexis­
temmaispreocupaçõespelocomoensinarquepeloqu~sedeveensinar.Se~evidente
queambasaspe,:&untasdevemserquestionadassimultaneamenteemeducação,a
pnmelraficavazIasemasegundaUmvazioque~aindamuitomaisevidenteem
todaat~nocracia pseudocientíficaquedominouedomina boapanedosesquemas
pedagógIcos.Aconseqüênciadestacriticaéimportantenãoapenasparareconsiderar
aslinhasdeinvestigaçãodominantesemeducação,mastambém,eespecialmente.a
formaçãodeprofessores.
Aimportânciaparaoprofessorresidenofatodeque~umpontodereferência
noqual,deformaparadigmática.podemseapreciarasrelaçõesentreasorientações
procedentesdateonaedarealidadedaprática.entreosmodelosideaisdeescolae a
escolapossível.entreosfinspretensamenteatribuídosàsinstituiçõesescolareseàs
realidadesdetivas.
Seoconteúdocultural éacondiçãológicadoensino. émuitoimportanteanali­
sarc0',ll0esseprojetodeculturaescolarizadaseconcretizanascondiçõesescolares.
Arealidade.culturalde umpaís,sobretudoparaosmaisdesfavorecidos,cujaprinci­
paloportUnidadeculturalé aescolarizaçãoobrigatória, temmuitoavercomasigni­
ficaçãodosconteúdosedosusosdoscurrículosescolares.Aculturageralde
um
povodependedaculturaqueaescolatomaposslvelenquanto
seestánela.assim
comodoscondicionamentospositivosenegativosque
sedesprendemdamesma.
Mu.itosdosproblemasqueafelamosistemaeducativoemuitasdaspreocupa­çõesmaIsrelevantesemeducaçãotêmconcomitânciasmais oumenosdiretaseex­
plfcitascomaproblemáticacurricular.Atualmente,práticaé
umdoseixosvertebrais
dopensamento.dapesquisaedosprogramasdemelhorapara
asinstituiçõesescola­
res
..0currfculoéU.llldosconceitosmaispotentes,estrategicamentefalando.para
analIsarcomonprátIca
sesustentae seexpressadeumaformapeculiardentrode um
contextoescolar.°interessepelocurrículosegueparalelocomointeresseporconse­
guir
umconhecimentomaispenetrantesobrearealidadeescolar.
afracassoescolar.adesmotivaçãodosalunos,otipoderelaçõesentreestese
osprofessores,adisciplinaemaula.aigualdade deoportunidades,etc.
sãopreocupa­
çõesdeconteúdopsicopedagógicoesocialque têmconcomitânciascomocurrfculo
queseofereceaosalunosecomomodocomoéoferecido.Quandoosinteressesdos
alunosnãoencontramalgumreflexonaculturaescolar,semostramrefratáriosaesta
sobmúltiplasreaçOespossíveis:recusa,confronto,desmotivação,fuga,etc.
°próprioconceitodoque osprofessoresconsideramaprendizagensessenciais
aquedevemdedicarmaistempo.quesão
asque
formarãooobjelivobásicodas
oCUlTÍculo31
avaliações,éprodutodaspráticascurricularesdommantes,quedeixaram comosedi­
mentOnosprofessoresoesquemadoque~paraeleso"conhecimentovalioso"
Umaltoíndicedefracassoescolarpodeserdevidoaumaexigênciainadequada
queseconsideracomomfnimoviáveleobrigatório.Osprogramasoficiais paraociclo
médioEGBreguladosem1982(DecretoRea112-JI)estabelecem, porexemplo.como
níveldereferêncianaáreadelínguaespanholaqueosalunos$3lbam:
"Lersilenciosamenteesemaniculaçlolabialumtextodeaproximadamente200pala­
vras.~uado aoseunlvel,comargumentoclaramentedefinido.Explicarll!;idtill!;
essenciais(explfcitll!;eimplfcilllS)ell!;relaçõesenlteelas.fazendoumresumoeres·
pondendoaumquestionArio(onlImenteouporesçrito)".
Aordemministerialquedesenvolvia,nomesmoano,essacompetênciamínima
curricularexigfvelatodasascriançasespanholas
deEGOconcretizavaessa
nonna
paraoterceirocurso(Objetivo1.6doBlocotemáticonúmero IdaáreadeLinguagem
oral)emqueestaSdeviamsaber:
~LeremvozaltaumtextodeIproxmtaebmenle150palavrascompronúncia.ntmo.
pausaseentonaçloadequadas,aumavelocidadedeaproximadamenteSOpalavraspor
minuto".
Estamosfrenteaumaexigênciaditadaparaordenarocurriculo.que.supomos,
teriaalgumapoiocientíficoparaserexpressaemtermostãoprecisos,que temreper­
cussõesmuitoamplasequenossugeremúltiplasperguntas:As.criançasde EGBestão
numníveladequadopararesponderaessaexigência?Essaexigência érealistapara
todas
as
crianças,sejaqualforseunfvelculturaldeprocedência?Comqueprobabili­
dades
deêxitoOSalunoscomdiferentesituaçãolingüísticaemcomunidadesbilfngües
enfrentarãoessaforma
de
rendimentoescolarpedido?Nãosemarcaumnfvelpara,a
partirdele.decidiroque~ounliofracassoescolaremlin~a~em oral?Quenor:rnade
qualidadesedifundeentreoprofessoradoquedevecontnbulfparaseconseguiressa
competênciaobrigatóriaarespeito
dascapacidadesIingüísticasdoaluno?Essapecu­
liaridadenaformadedeterminaruma
exigênciacondicionamuitasoutrascoisas.
Pense-senaacusaçãomuitodifundidadequeosprogramasescolaresestãoso­
brecarregados,oqueobrigaaaceleraroritmodotratamentodostemas,imprimindo­
lhesumacertasuperficialidadeememorialismo,sempodersedeterpararealizar
atividadesmaissugestivas,masquetomariammaislentooalcancedessesmínimos
estabelecidos.Umacaracterfsticadocurrlculo,comoé odesenvolvimentodeseUS
componentes.podeditaroqueéqualidadedeaprendizagem,provocarumaacePç.ão
maissuperficialdeste,distanciarapossibilidadedeimplantaroutrasmetodologIas
alternativas,etc.
Outroexemplo:arelaçãopedagógicaprofessor-alunoestámuitocondicionada
pelocurrfculo,que
seconverteemexigênciaparaunseoutros.Nãosepodeentender
comosão
asrelaçõesentrealunoseprofessoressemverquepapéisrepresentamam­
bos
osparticipantesda
relaçãonacomunicaçãodosaber.Arelaçãopessoalseconta­
minadacomunicação
cultural-nitidamentecurricular- evice-versa. aprofessore
osalunosestabelecem
tal
relaçãocomoumaconseqüênciaenãocomoprimeiroobje­
tivo.mesmoquedepois
umdiscursohumanistaeeducativodêimportãncia.a
essa
dimensão,inclusivecomomediadoradosprocessoseresultadosdaaprendIzagem
escolar.
Aatuaçãoprofissionaldosprofessoresestácondicionadapelopapelqu~lhesé
atribufdonodesenvolvimentodocurrlculo.Aevoluçãodoscurriculos.adiferente

32 GimenoSocristán oCurrículo33
ponderaçãodeseuscomponentesedeseusobjetivossilotambtmpropostasde
reprofissionalizaçãodosprofessores. Numn[velmais SUlil,opapeldosprofessores
estádealgumaformaprefiguradopelamargemdeatuaçãoqueapoliticalhedeixae o
camponoqualseregulaadministrativamenteocurrículo,segundoosesquemasdomi·
namesnamesma.Oconteúdodaprofissionalidadedocenleeslá empanedecididopela
estruturaçãodocurrículonumdeterminadonfvel dosistemaeducativo.
Sejaqualforalemáticaqueabordemos.,podemosenconlrarnelaumarelaçãode
interdependênciacomocurrículo.Este seconvenenumtemanoqualseentrecruzam
muitosoutros,emquesevêemimplicaçõesmuitodiversasqueconfiguramarealidade
escolar.
Comoumaprimeirasfmese,poderíamosdizer:
1)
Queo currículo
taexpressãodafunçãosocializadora daescola.
2)
Que
éuminstrumentoquecriaIoda umagamadeusos,demodo queé
elementoimprescindívelparacompreenderoquecostumamoschamarde
práticapedag6gica.
3)
Alémdisso,
estáestreitamenterelacionado comoconteúdodaprofissio­
nalizaçãodosdocentes.Oqueseentendeporoomprofessoreasfunções
quesepedequedesenvolvadependem davariaçãonosconteúdos,finalida·
desemecanismosdedesenvolvimentocurricular.
4)
Nocuniculo
seentrecruzamcomponentesedetenninaçõesmuitodiver­
sas:pedag6gicas,políticas,práticasadministrativas,produtivasdediver­
sosmateriais,
decontroksobreosistema
escolar,deinovaçãopedag6gi­
ca,etc.
5)Portudo Oquefoidito,ocurriculo, comtudoo queimplicaquantoa
seus
conteúdoseformasdedesenvolvê-los,éumpontocentraldereferEnciana
melhoradaqualidade
doensino,namudançadascondiçõesdaprática,noaperfeiçoamentodosprofessores,narenovaçãodainstituiçãoescolarem
geralenosprojetosdeinovaçãodoscentrosescolares.
ASRAZOESDEUMAPARENTEDESINTERESSE
Como
campodeestudosingularizado,asanálisessobreo cuniculonãosurgem
comoproblemasdefinidos
paraseresolver,comumametodologiaealgumasderiva­
çõespráticas,comoocorn:comoutrasáreas deconhecimentoepesquisasobreaedu­
cação,mas
comoumatarefadegestãoadministrativa,algoque umadministradortem
aresponsabilidadedeorganizaregovemar.Ocampodeestudonãosurgiuderivado
deumanecessidadeintelectual,mascomoalgoqueconvinhaproporesolucionar
paraaadministraçãodosistemaescolar(PinareGromet,1981).Estecomentárioref~rente .àorige~date~rização sobreocurrículonosEUApode seaplicarcom
mUltomaIspropnedade
amdaanossocontexto, comapeculiaridadedequeahistória
doestabelecimentode
umapolfticaede umestilodeadministraro
currículoocorreu,
emnossocaso,sobumregimepolítico
quemaisdificilmenteque emoutroscontex­
tospodiadeixarquesediscutisseapartirdeforaase1eçãoe aforma
de
organizara
culturadaescola.
Emcont~st~ comaimportânciadestecampodeestudoedeconceitualização,
afirmandoa
pnondadedo
currículonacompreensãodoensinoedaeducação,cons­
tata-seumacertadespreocupação denossopensamentopedag6gicomaispr6ximo,
quelhere~rvaumlugarhojemaisparaovazio,aomesmotempo quevimosque se
reproduzirame sereproduzemmodeloseesquemasqueprovêmdeoutros contextos
queobedecemaoutrospressupostos,necessidades,etc.Istopodeter duasexplica~
ções"qu.e,emboranllo.sejamasúnlcas,consideramosImportantes:a pedagogiamais
academlca,
comoconjuntodeconheCimentos,prál1cas
einteresses,nãoserviude
ferramentacríticadoprojetoeducativoqueasescolasrealizavam narealidadeen­
quan.toes~funcio.naramefuncioname.mtomodeumprojetodecultura muitoPou­
codiscutido.Anallsá·loecntlcá-IoeXigeestabelecerumdiscurso críticosobrea
n:alid~de que.osestudos~8:5orientaçõesdomi~antes nateoriaena pesquisapedag6­
gl~a n~oseguiramnama~onadoscasos.Ateonzaçãoexpressasobreo currículo,que
pnme.lramentesetradUZIUentren6s,seguiaaorientaçãoadministrativista àmedida
queeraminstrumentospararacionalizar,comesquemastécnicos,a gestãodocum­
culo.~~vimento maissignificativofoio da"gestãocientífica"apoiada nomodelo
deobjetlvos,queeclodeentren6snosanos70,emboraviesseseformandoantes.
Emsegundolugar,ecoerentementecomoanterior,ocurriculotem
sidomaisum
campode
decisõesdopaUticoe doadministrador,confundidosmuitasvezesnuma
mes~figura,~uepouconecessita~am dotécnicoe dodiscursote6ricoparasuas
gestoesnumapnmelraetapa.Asdecisõessobreocurriculo,suaprópriaelaboraçãoe
reforma,serealizaramforadosistemaescolareàmargemdosprofessores. Unicamen­
te,jáemdatamaisrecente,auniãodopolftico-administradore dotécnicosefez
necessária,quandoasfonnasdoscurriculossecomplicaramefoi convenientelhesdar
certaformatécnica,quandoéprecisotomardecisõesadministrativasquenecessitam
deumacertalinguagemespecializada,guardandodelenninadosrequisitoserespeitan­
doalgunsfonnatostécnicos.Masnessaassociaçãodesigualénonnalmenteotécnico
quemadaptasuasf6nnulasúteisàsexigênciasdoadministrador.A somadessesdois
papéisemnossosistema, emmuitoscasos,foicumpridapelafigura dainspeção.
Quandoocuniculoéumarealidadegestionadaedecididaapartir daburocracia
quegovernaossistemaseducativos,principalmentenoscasos detomadasdedeci­
~centralizadas,é16gicoqueosesquemasderacionalizaçãoqueessaprálicagera
sejamaqueles quemelhorpodemcumprircomasfinalidades dogestor.Adificulda­
de
deacharumateorizaçãocritica,reconceitualizadora,iluminadorae coerente
sobre
ocurriculoprovém,empane,deumahist6rianaqualosesquemas geradosemtomo
domesmoforaminstrumentosdogestorou,paraoquegestionavaesse campo,ferra­
~ntaspragmáticasmaisqueconceitosexplicativosde umarealidade.Porquenos
slste.masescolaresmodernos,principalmentequandosetomouconsciência
dopoder
queISSOrepresenta,ocurriculo
éumaspectoacrescentado,edosmais decisivos,na
ordenaçãodofuncionamentodessessistemas,quecainasmãosdaadministração. No
c.urrfculoseintervémcomosefazemoutrostemasepelofatodesua regulaçãoestar
l~gadaatodososdemaisaspectosgestionados:nfveiseducativos,professorados,va­
lidações,promoçãodosalunos,etc.
Osgestoresdaeducaçãoregulamosn(veiseducativos,oacesso
doprofessora­
doaosmesmos,anomeaçãodosprofessoresaospostosdetrabalho,os
mínimosnos
quaissebaseiaapromoçãodosalunos,asvalidaçõesescolaresque
dãoosnfveise
modalidadesdosistema,oscontrolessobreaqualidadedomesmo,etc.E, nessamedi­
da,sevêemcompelidosaregularocurrículoquesustentaaescolarização,todoo
aparatoescolare adistribuiçãodoprofessorado.Nossistemasescolaresorganizados,
aintervençãodaburocracianoaparatocurricularéinevitávelemalgumamedida,pois
ocurrículoépartedaestruturaescolar.Oproblemaresideemanalisarecontrabalan­
çarosdiferentesefeitosdasdiferentesfoonasderealizaressaintervenção.Olegado
de
umatradiçãonão-democrática.quealémdissotemsidofortemente
centrnlizac!ora,
e oescassopoderdoprofessoradonaregulaçãodossistemaeducativo, suaprópria

34JGlmcnoSacnslJ
faliadefonnaçAoparafaze-lo,fizeramcomqueasdecisõesbásicassobreocurr{culo
.sejamdacompetSncilldaburocraciaadministrativa. Opróprioprofe.ssoradooadmite
comonormal:porqueeslásocializadoprofissionalmentenesteesquemaNiloperder
devlsfatudo
Isto
EImportante,quando secentramnasinovaçõescurricularesexpec­
tativasdemudançaparaosistemaescolar.
Deludoisso,.sededuzdefonna bemevidentequeodiscursocurricularlenha
.sempreumavertentepolft~ca,equeateorização lemqueseravaliadaemfunçãodo
papelquecumprenoprópnocontextoemqueseproduzaprálicacurricular,aprecian­
do~sedesenvolveantesnopapelde umdiscursoadaplativo,refonnislaouderesis­
tência.
~raqualquercontexlo,~evidenlequeacomplexidadedoconceitoe ofalode
haverSidomaiSumcampodeaçãodosadminisuadoresegestoresdaeducaçãodifi­
cullaramdispor
deuma
ordenaçãocoerente deconceitoseprincfpios,podendose
afinnarquenãopossufmosumaleoriadoobjetopedag6gicochamadocumculo.Mas
paran~s,temumaes~ial signifi~ão, ~evidoaocampohlsl6ricoepoUlicoemque
seges~lOnou, 05~anlsmos adrrumslrallvosderegulaçãoqueherdamos,osrenexos
mentaiSqueseacenamcomopressupostosgeralmentenão-discutidoseosinStru­
mentosdedesenvolvimentocurricularqueuaduzemasorientaçõesemrecursosdos
professores.
Aima~ridade, hi~loricamenle explicáveldesdeestecampodeconhecimento
paran6.s,~xI~edescobnr ascondiçõesbásicasemqueessarealidadeseproduz,como
algo~nonl~o d?pomodevista docompromissodopensamemocom aaçãoe com
arealidadehlstónca,antesdebuscaraextrapolaçãodeleorizaçõeselaboradasapartir
deOUtl'OScomexlosprálicos,quetêmograndevalorde nosmostrarocammho do
progresso~análi~teóricaed~pesquisasobreocumculo,masquepodemdespistar_
nos.enosdlSl.anclardascondiçõesdenossaprópriarealidade.Conv~m analisara
práll~aeducativa.desdeadelenninaçãoqueocumculolemsobreela,incorporando
âmbitosde
pesqUIsaque,semestaremordenadossoborótulode
utudoscurriculares
lêmumvalorimponanteparailuminararealidade. '
UMPRIMEIROESQUEMADEEXPLICAÇÃO
ocurr(culo~W7lQopçãocullural,oprojetoquequertomar-se nacullura-con­
tel1dodosistemaeducativoparaum n{velescolarouparaumaescoladefonnacon­
c'7
ta
.Aanálisedesseprojeto,suarepresentatividade,descobrirosvaloresqueo
onema~ e.asopçõesimpl~citas ~omesmo,esclarecerocampoemque sedesenvol­
ve,condiCIOnadoporrnl1ltlplostipoSdepráticas,etc.exigeumaanálisecnticaqueo
pensamentopedagógicodominante
temevitado.
Numa
primei~aproximaçãoeconcretização dosignificadoamploque nossuge­
re,propomosdefinirocumculocomo oprojetoseletivodeculturaculturalsocial
po{(ticaead~inistrativamente condicionado,quepreencheaativid~de escol~requ;
setornareal~dade de?trodascondiçõesdaescolaralcomoseachaconfigurada.
EstaperspectIvanos.sltuafremea umpanoramaadequadoparaanalisarem Iodasua
complexidadeaquahd~de daaprendizagempedagógicaqueocorre nasescolas,por­
quesenutredoscont~udos quecompõemoscumculos; masaconcretizaçãoqualita­
!L~adomes~onAo~mdependentedosfort1UItosqueocumculoadotanemdas condi.
çoesnasquaiSsedesenvolve.Adefiniçãoqueacabamosdesugerir serefereaesses
Ireselemenlos.
oCurrfculo
35
Esteconceitodecurrfculo.referencialparaa ordenaç1l0teóricadaproblemática
correspondente,
nos
sugerequeexistemtrisgrandesgruposdeproblemasouele·
mentoseminlel1l.çãoreciproca,quesãoosquedefinilivamenteconcrellzamareali
dadecurricularcomoculluradaescola.
I _ Aaprendizagemdosalunosnasinstituiçõesescolaresestáorganizadaem
funçãode
umproJetocu uralparaaescola,para umnfvelescolaroumodalidade;islo
é,ocumculo
~,anlesdetudo,uma se/eçãodeconteúdosculturaispeculiannente
organizados,queeslão
codificadosdeforma
singular.Osconteúdosem sie aforma
oucódigosdesuaorganização,lipicamenteescolares,sãopaneintegrantedoprojeto.
2 -EsseproJelOculturalserealizadentrodedetenninadascondiçÕt!spolíticas,
administrativaseinstitucionais,porqueaescola~umcampoinslitucionalorganizado
queproporcionaumasiriederegrasqueordenamaexperiênciaqueosalunoseos
professorespodemoblerparticipandonesseprojelo.Ascondiçõesomodelamesão
fontepor simesmasde umcumculoparaleloouoculto.Ocumculonapráticanão
lemvaloranãoseremfunçãodascondiçõesreaisnasquaissedesenvolve,enquanto
semodelaempráticasconcrelasdetipo mUllodiverso.Taiscondiçõesnãosão
irrelevantes,masartíficesdamodelagemrealdepossibilidadesqueumcurrículotem
Semnotaressaconcretizaçãoparticular,poucovalorpodeterqualquerpropostaideal
3_NaseqUênciahislórica,esseprojelocultural,origemdetodocumculo,eas
própriascondiçõesescolaresestio,porsuavez,culturalmentecondicionadosporuma
realidademaisampla,quevemaseraestrutura
depressupostos,
id~iasevaloresque
apóiam,juslificameexplicamaseleçãocultural,aponderaçãodecOT?ponentesquese
realizou,aestruturapedag6gicasubseqUente,etc. Ocurrículo~seleclonadodentrode
umcamposocial, serealizadentrode umcampoescolareadotaumadelerminada
estruturacondicionadaporesquemasquesãoaexpressãodeumaculturaque pode­
moschamarpsicopedag6gica,mesmoquesuasraízesremontemmuitoal6mdopeda­
gógico.Portrásdelodocurrículoexistehoje,deformamaisoumenosexplícllae
imediala,
umafilosofia
curricufarouumaorientaçãole6ricaque é,porsuavez,sfnte­
sedeumastriedeposiçõesfilosóficas,epislemol6gicas,cientfficas,pedagógicasede
valoressociais.Estecondicionamento culturaldasformasdeconceberocurrfculotem
umaimportânciadelenninante
naconcepçãoprópria doqueseentende porlalenas
formasdeorganizá-lo.
J::fontedecódigoscurricularesqueselraduzememdirelriz.es
paraapráticaequeacabamserenetindonela.
Asconcepçõescurricularess1l0asformasquearacionalidadeordenadorado
campoleórico-práticoadota,ouseja,ocurrfculo.Embora arealidadeprática,
medializadapelaurgência
em
resolverproblemaspráticos deordenaçãodosistema
escolar,sejapréviaaqualquerproposição explíciladeordemmetateórica,quando
detenninadosesquemasderacionalizaç!iosefazemexplíciloSesedifundem,acabam
prendendoosque
fomamdecisõessobreocumculo,enessamedidaseconvertemem
instrumentosoperativos
daformaqueadotaedepois naprática.Emboraocurrículo
seja,anfesdemaisnada,
umproblemapráticoqueexigesergestionadoeresolvidode
algumafonna,osesquemasderacionalidadequeutilizanãosãotolalmenteindepen­
dentesdecertas
orientaÇõesderacionalidadeparaaordenaçãodessecampoproblemá­
tico,comtodas
asincoerênciase
contradiçõesquequeiramos.
Assim,porexemplo,oesquemadeprogramarapráticadocenteporobjelivos~
umafilosofiacurricularquecondicionaapráticaepodelerconseqüênciasnaapren­
dizagemqueocorra naaula,sendoque~,basicamente,umesquemaparadotarde
racionalidadetecnol6gicaapráticadegestores.J::umcódigoparaarticularaprática
queatuacomoelementocondicionante
doquesedecide
previamentecomocontel1do

36J.GirncnoSllcrislán
Currlculo
eomo"eultura
~~__~d::a &Sco,;'.~"__-,
SELEÇÃOCULTURAL
• Oqueseseteciona
•Comoseorganlza
oCurrículo37
Aespecificidadedoníveleducativodoqualsetrateemprestaumcaráterpecu­
liaraessastrêsdimensõesbásicas,quepodemserdeslacadasnapráticadodesenvol­
vimentodoscurrículos.Nadiscussãosobreocurrículodaeducaçãoobrigatóriasão
ressaltadospredominantemente
osproblemasrelativosàcorrespondênciadomesmo
com
asnecessidadesdoalunocomomembrodeumasociedade,dado quesetratade
umaformaçãogeral.Noensinoprofissionalizante,semisturaaaspiraçãoaumacor­
reiaprofissionalizaçãocomodiscursosobreafonnaçãogeraldoaluno.
Nocurrículo
doensinosecundáriocostuma-seressaltarovalorpropedêuticoparaoensinosupe­
rior,tomando-seevidente
asdetenninaçõesdoconhecimentoespecializado.Noensi­
nouniversitário,sedeslacaaadequaçãodoscurrículosaoprogresso
daciência,de
diversosâmbitosdo
conhecimentoedacultura,e àexigênciadomundoprofissional.
Emcadacaso,adelimitação
doproblemaestásujeita àsnecessidadesquetemque
cumprir,mesmoquenãosejaestranhoquesemisturemlógicasdiferentes,quando
nosocupamosde
umdeterminadonívelescolar.
CONDIÇOES
INSTITUCIONAIS
•PolItica
curricular
•Estruturadosistema
educatÍYo
•Organiza~o escolar
•Explicito
•Ocutto
•Conleú_
doo
•Códigos
CONCEPÇOES CURRICULARES
•opçOespoliticas
•ConcepçOespsicolOgicas
•Concepç6esepistemolOgicas
•ConcepçOesevaloressociais
•Filosofiasemodeloseducativos
FIGURA2.Esquemaparaumateoriadocurrículo.
culturaldocurrículo.Es~ecódigo.seapresentacomo umelementotécnico-pedagógi_
coquetemportr~sde.stumasénededeterminaçõesdetipodiverso.
Oesquemastntetlzaastrêsvertentes fundamentaismaisimediatasqueconfigu­
ramarealidadecurricular.
.Todaestadinâmicacurricularnãoseproduznovazio,masenvoltanocampo
polftlcoecultu~al geral,doqualsecostumamtomarargumentos,contribuições
pretensamenteclentfficas,valores,etc.
Comoc~:>nseq~ência deludoisso,surge umquartopontoimportanteaserconsi­
dera.do,relattvoàmovaçãoe àrenovaçãopedagógica.Portrásdecadametateoria
cUITlcular,portrásdecadaconcepçãodocurrículo,existeumaformaimplícitade
entend~r oque.éa,:"udançadomesmoedapráticapedagógica,poistodocampode
conheclmenloImplicaumaformadeseconfrontarcomaprática(Habennas,1982).
Co~ooc~rrículo. temumaprojeçãodiretasobreapráticapedagógica,cujas
metateonasteraoenfatizadodeterminadosenfoquesdomesmo,ressaltandocertos
e~ementos com~especial relevânciasobreoutros,amelhoraemudançadapráticatêm
dIferentesverso.es,deacordo~omametateoriadaqualseinicie.Assim,porexemplo,
":I
udar
osconteudosparamodtficarapráticaobedecea umesquemadeanálise.Con­
sld.e~rqueessas.~udanças nacomposiçãodeconteúdos,disciplinas,acrescidasde
obJetlvos
ouhablhdades,nãoésuficienteparamudar asexperiênciasdosalunosobe~ece aoutroesquemadeanálise ouperspectivateóricadiferente.Pensarque~
práticadasaulasdepended:.fatorescurriculares,masqueestessecumpremounão
dea~ordocomoutroscondtclQnamenlosinstitucionais,respondeaoutromodelode
análise,queé oquequeremosmanter.
Oqueérelevantedentrododiscursosobreocur:ículo?A~adaumadasaproximaçõesquefaçamos,correspondeumadinâmica
deInovaçãodtferente,quandosequermelhoraraprática.
.
Se.se
~uer im~rvirnaqualidadedaaprendizagempedagógicaqueainstituiçãoesca-­
lardlstnbul,é precISOconSIderarqueé oprodutodetodaessainteraçãodeaspectos.
ASTEORIASSOBREO CURRfcUlO;ELABORAÇÕES PARCIAISPARA
UMAPRÁTICACOMPLEXA
Ateoriadocurrículo,dentrodeumatradiçãonosEUA,queparanóschegoudurantemuitotempocomobase deracionalizaçãodocurrículo,foisedefinindocomo
umateorizaçãoa-histórica,que,emmuitas ocasiões,levaa
difundirmodelos
descontextualizadosnotempoeemrelação
àsidéiasque osfundamenlam,soba
preocupaçãoutilitaristadebuscar
as"boas"práticase os"bons"professorespara
obter"bons"resultadoseducativos(Kliebard,1975).Esseutilitarismovaipelamão
doateoricismo,comaconseqüentefaltadedesenvolvimentoteóriconestecampotão
decisivoparacompreenderofenômenoeducativoinstitucionalizado.
Nossoesforçosedirigefundamentalmenteàdescobertadascondiçõesdapráti­
cacurricular,algoquetementreseusdelerminantesoprópriodiscursoteóricosobre
oqueé ocurrículo,comoacabamosderessaltar.Entrenós,essaincidência
émenos
decisiva,embora
nahistóriadecomose foiordenandoadministrativamenteocurrí­
culopossaseveraflorarfórmulasqueexpressamconcepçõesnãoapenaspolíticas,
comodetipotécnico,quepodemseratribuídas
àinfluênciadedetenninadodiscurso
racionalizadorsobrecomoelaboraredesenvolvercurrfculos.Asteoriasdocurrículo
sãometateoriassobreoscódigosqueoestruturame aformadepensá-lo.
Asteoriasdesempenhamváriasfunções:sãomodelosqueselecionamtemase
perspeclivas;coslumaminfluirnosformatosqueocurrículoadotaantesdesercon­
sumidoeinterpretadopelosprofessores,tendoassimumvalorformativo
profissia-­
nalparaeles;determinamosentidodaprofissionalidadedoprofessoradoaoressaltar
certasfunções; finalmenle,oferecemumacoberturaderacionalidade
àspráticases­
colares.Asteoriascurricularesseconvertememmediadores
ouemexpressõesda
mediaçãoentreopensamentoe aaçãoemeducação.Umaprimeiraconseqüência
derivadadesteenfoque
éadequeoprofessor,tantocomoosalunos,édestinatáriodo
currículo.Aimagemdequeumprofessorcolaboraparaque
osalunos"consumam"
ocurrfculonãorefletearealidadeemsuaverdadeiracomplexidade.
Oprimeirodes­
tinatáriodocurrículo
éoprofessorado,umdosagentestransformadoresdoprimeiro
projetocultural.
Lundgren(1983)afirmaque:

38JGlmenoSacmtán
·'0conlelidodenosso~pc:n!>llmenIO$reflelenO$SOconlextosocIaleculturalAomes­
motempo,nossll5reconstruçõessubJetivll5cognitivassobreomundorelacionado
conosco1IllcrvlmemnossasaçOes.e,dessaforma,mudamas COndIÇõeSobJellv&Sdo
conlextOsocialecultural"'(p.9)
Paraesteautor,aformalização deumaleoriasobreocurriculonaPedagogia~
umexemplodecomoestaseocupada~presemação dosproblemaspedagógicos,
quandoareproduçloseseparoudaprodução,quando~precisoordenarumaprática
paratransmitiralgojáproduzido.Ateorizaçãocunicular,conclufmos denossapane,
~aconseqüenciadaseparaçãoemreaprálicadocurrículoedosesquemasderepre­
semaçiodomesmo.
Comoaprática,nestecaso,possuicomponentespanicul~ eidiossincrálicos,o
esforçoteóricodeveproporcionarmodelosdeexplicaçãodealgo,no casodocurrícu­
lo,quesedesenvolvenumcontexlohistórico,cullural,políticoeinstitucionalsingular
Lundgren(1981,p.
42)consideraque
~impossívelinterpretarocurrlculoecom­
preenderasteoriascurricul~ foradoCOlllexlOdoqualprocedem.Porisso,fazer
aquiumasistemalizaçloexauslivadecorrentesdepensamentonão ~nossapretensão,
jáque~prioriláriodesvendarascondiçõespanicul~ deproduçAodaprática;embo­
raoprópriodiscurso
que
desenvolvemossejadeved~, emcertamedida,dealguma
delasmaisquedeOUIras.
MleoriassobreOcurriculoseconvenememreferenciaisordenadoresdascon­
cepçõessobrearealidade queabrangemepassamaserformas,ainda quesóindire­
tas,
deabordarosproblemas
pr.1ticosdaeducação.timponanterepararemqueas
teorizaçõessobreocurrículoimplicamdelimitaçõesdoque~seupróprioobjeto,
muilodiferenlesemresi.Setodateorização~umaformadeesclareceroslimilesde
umarealidade,neslecaso,talfunção~muitomaisdecisiva,emboraaindafalteum
consensoe1emenlarsobrequal~ocampoaquesealudequandosefaladecurrkulo.O
primeiroproblemadaleoria curricular-comoafirmaReid(1980,p.41)-consisteem
detenninaremqueclassedeproblemaocurrículoestáinserido.Seumateoria,numa
acepçãonlla-exigente,~umaformaordenada deestruturarumdiscursosobrealgo,
existemtamas
ICOriascomofonnasdeabordar
essediscurso,e,atrav~sdelas,opro.
prioentendimentodoque~oobjetoabordado.At~omomemo,essasteorizaçõeslem
sidodiscursosparciais,poistemfaltadoumaordemparaateorização,conseqUencia
desuaprópriaimaturidade.Ecareceudomaisfundamental:opropósitodeanalisar
umarealidadeglobalpara
transfonnarosproblemaspráticosquecoloca.
Asistematizaçãode
opçõesouorientaçõesteóricasnocurrfculodálugaraclas­
sificaçõesbastantecoincidentesentreosdiversosautores.Atítulo
deaproximação,citaremosalgunsexemplossignificativos.
Eisner(1974)propõeumasériedeconcepçõescurricularescentradas
no
desen­
volvimell/ocognitivo,nocurrfculocomoauto·realizaçiio,comotecnologia,como
instrumentode
reconstruçãosocial ecomoexpressãodo racionalismo
academico.
Reid(1980,1981)distinguecincoorientaçõesfundamentais:acentradana ges­
tãoracional
ou
perspectivasistemática,queseocupaemdesenvolvermelodologias
paracumprircomastarefasqueimplicarealizarumcurrfculosobformas
autodenominadascomoracionais,cientfficaselógicas;umasegundaoriemação,de­
nominada
radicalcritica, quedescobreosinteresses
eobjetivosocultosdaspráticas
curricularesembuscademudançasocial;aorientação
existencialquetemumaraiz
psicológicacentradanasexperiênciasqueosindivíduosoblêmdocurrfculo;outra
quedenomina
popular
maisqueacadémicaoureacionária,paraaqualopassado~
bom,sendoconvenientesuareprodução;e,finalmente,sedeslacaaperspectiva
oCurriculo39
deliberatlvaqueacreditanacontnbuiçllopessoaldosindivíduosparao processode
mudançacomosujeitosmoraIsquesão,trabalhandodentrodascondições nasquaiS
atuam,. .-"- 1d'
Schiro(1978)diferenciaassegutntes"Ideologiascumcuares:aacamIca,
apoiadanasdisciplinas,adae~ciéncia so.cial,acenrradanacriança,e.no
reconslrucionismosocial.McNe11(1981)dlstlllgueosenfoqueshum~msllc~.
reconstrucionistasocial,uof6gicoeacadémico.TannereTanner~1980)SlSlematl­
zamorientaçõessemelhantes,aorevisaremapanorâmicadepoSiÇõeseenfoques
conflilivossobreestecampo.
Essasperspeclivassãodominantesem~rtosmomentos,at:e~mdeformadesi­
gualosdiferentesnfveisdosislemaeducatiVO,expressamlradlçoese,àsvezes,se
entre:eruzamnadiscussãodeummesmoproblema.Denossapane,faremosumesbo­
çodasquatrograndesorientaçõesbásicasque.temmais.interesseparanósparaabor­
daraconfiguração
demodeloslcóricosepráticasrelacionadas comocumculo,POIS
têmrelaçllocomnossa
experi~ncia histórica.
oCurrículocomoSom~deExigênd~s Acadêmicas
Aindasepodeobservar,narealidade~asprálicas.escolares,a forçado
academicismo,principalmentenonfveldoeosmosecundãrio,mascom~maforte
projeçãonoensinoprimário,que,longe dedefenderov~?rformal~diSCiplinas
nasquaisseordenaaculturaessencial,maiselaboradaeeht~a, sobreVive,anles de
maisnada,nasfonnas quecriouenadefesadeva1o~ ~llurats queemgeralnãotem
correspondfulciacomaquahdaderealdaculturadlstnbuidanasa~las.
Boapanedateorizaçãocurricularestevecentradanosc?n~eu~o~ co~oresumo
dosabercultoeelaboradosobafonnahzaçãodasdiferen~. diSCiplinas.~u.rgeda
tradiçãomedieval quedistribufaosaberacadêmlc~ notnVlume_nocuad"vj~t
umaconcepção querecolheIodaalradlç~o ~cademlca emeducaçao.,que valonzaos
saberesdistribufdosemdisciplinasespecl3hzadas-ou,quandomUito, emáreasnas
quaissejustapõemcomponentesdisciplinares-comoexpressãodacuh.umelabora­
da,transformando-as
eminstrumentoparao
progressope~aescaladoslstem~ ~o­
lar,agomnumasociedadecomplexaquereclamauma.malOrp":paraçãonosmdlvf­
duos.Asmodalidadesepujançadestaconcepçãovanam
emdiferentes
moment~s
históricos.Apreocupaçãopeloscurrfculosimegrados.porex~mplo~ ouporconleu­
dosmaisinter-relacionados~umavariantemodemadestaone~~açao. ~tua.l~nte,
talvezeSlejamosfrenteaoauge damesma,qua~dosurge":lc?tu;:as às.I~StltUlÇõeS
culturaisescolaresporsuaineficáciaemproporcIonaraspnnclpalshabIlidadescul-
turais. . d d rd
Estaorientaçãobásica
nocurrfculotevealternativastnternas,
tratano ereoenar
osaberemáreasdiferentesdasdisciplinastradicionais,emborarec~nhecendo ovalor
dasmesmas,como~apropostade âmbitosdesignificadodePhentx(1964),masde
escassosucessonahoradesemodelarnoscurrfcu~os.
EstaSconcepções,maisformalistaseacadêmlc~, sefix~m profundame~te na
ordenaçãodosistemaeducativo,sobretudosecundárioesuperior,c?maconseqUente
contaminaçãodosníveismaiselementaresdeeduc~ção. EstárelaCIOnada,:omapró­
priaorganizaçãodosiSlemaescolar,queconcedetllUlosespecíficosevahdaçõesde
culturabásica.
Devido
à
fortemarcaadministrativaemtudooqueserefereaocurriculo,não~
deestranharqueestatradiçãopersislatãofortementeassentada. Ocurrfculosecon-

401Gimell()Sacri51án
cretizanosylabusoulistadeconteúdos.Aoseexpres5arnestestemos,émaisfácil
deregular,conlrOlar,assegurarsuainspeção.elc.,do queemqualqueroutrafórmula
quecontenh_aconsideraçõesdelipopsicopedagógico.Porisso,dopontodevistada
admJnlSlraçao,asregulaçõescumcularessea~ia~muilomaisnosconteúdosque
emqualquerOUlrollpodeconsJ(teração-émaisviávelfazê-loassim.
No

disla~te est.udorealizadoporOoUrens(1961)paraaUnesco, em1956,
re~do oensmopnrnáriodeumasériedepaíses,detectava-se,inclusiveneste,a
ten<.tênclaaexp.ressaros.programasemlermos derepertóriosdemalériasquese
enstna~am emdtferentesIdadesesedeslacava,porumlado,acontradiçãoqueexistia
emm.ultos.casos~ntreasintroduçõeseorientaçõesdosprogramas, e,poroutro,a
exposiçãosistemátIcadenoções.Estaapreciaçãopoderiaperfeitamentecontinuarsendo
aplicadahojeamuitosdosprogramasvigentesemnossosistemaeducativo.
. Ap~~são a:adêmica~ a.organizaçãodoprofessoradoeasnecessidadesdapró­
priaadml.nlstraçaopotencializamamanutençãodesteenfoque.Emboraseadmita
quealógica~aordenaçãosistemáticadosaberelaboradonàotemnecessariamente
queseralógIca
desuatransmissãoerecriaçãoatravésdoensino,oqueresultaevi­
de.nte
~que,nafaltadeinstfinciasintermediáriasquerealizemessatransformação,a
pnmelraocupaoespaçodasegunda.
ApartirdacrisedoSputnik(em1957),voltaaênfaseaosconteúdose àrenova­
çãodasmatériasnasreformascurriculares,quetinhaenfraquecidoàcustadascolG­
c~çõe~da.educa~ão "progressiva",deconotaçõespsicológicasesociais.Umaconse­
qUê.nctadiSSOfOIaproliferaçãodeprojetascurricularespararenovarseuensinoe a
reVisãodeconteúdoscomopontos-chavedereferêncianosquaisaspolíticasdeinG­
vaçãosebasearam.
O.movimentode voltaaobásico(oock.tobasics),nospa(scsdesenvolvidos,às
aprendlzagens..!Un~amentais relacionadascomaleitura,aescrilaeasmalemálicas,
frente
à
co~sclencla dofrac.asso.esc,:lareàpreocupaçãoeconomicistapelosgastos
emeduc~ao, expressa~mqulClaçoesdeumasociedadeedospoderespúblicos
J>C.losre~dlmentos educatiVOS,preocupaçãoprópria demomentosderecessãoeconô­
mica,cr:'sedevaloresecortenosgastossociais,que. dealgumaforma,direcionamas
eslratéglasparaasfórmulas
queorientarama
organizayãodocurrículo.Sensibilida­
de~comrendimemostangíveisqueafetatambémapopulação. paraaqualníveis
supenoresdeeducaçãofonnalrepresemammaioresoportunidades deconseguirtra­
balhonummercadoescasso.Éumexemploderevitalizaçãodeumaconcepçãocurricular
queenfatizaossaberes"valiosos".
Entrenós.emboradesdeumatradiçãomuitodifereme.senotamtambémcon­
frontosdemo:imemosde~piniãocriticando.por umlado,osprogramasapetrecha.
dosdeconhecllnentos;elatlvosaáreas~isciplina~s. aoladodereaçõcscontrapre­
tensões~eumaeducaçaoque dêmenosImponânclaaocullivodasdisciplinasclássi­
casemaisàsnecessidadespsicológicasesociaisdosindivfduos.
.Talvezoconflito,nestesemido,sesitueagoramaisclaramemenoensinosecun­
dáno.Anecessidadede
umtipodeculturadiferenteparaalunosquenãocontinuarão
estudos.
e~nív.elsuperior,aurgênciadeproporprogramasmaisatrativosparacama­
dass.oclalsmaIsamplas.eheterogêneas,anecessidadedesuperarumacademicismo
~trelto,fonted~aprendlz.agensdeescassosignificadoparaquemasrecebe,aurgên­
cIa
emconsegUIrumamaIorrelaçãoentreconhecimentosdeáreasdiversasetc.sãoproblemasqueimplicamconcepções docurrículorelacionadascomuma~ai~rou
menorpreponderânciadalógicadosconteúdosnadecisãosobreocurrlculo.
OCurriculo41
oCurrículo:BasedeExperiências
Apn!ocupaçãopdaexpuiênciaeinteressesdoalunoestáligadahistoricamen­
teaosmovimemos
derenovaçãodaescola,
sefinnamaisnaeducaçãopré-escolar'e
primáriaesenutredepreocupaçõespsicológicas,humanistasesociais.Entrenós,às
vezesapresentaalgummatizanticulturaJprovocadopeladespreocupaçãocomoscon­
teúdosculturaisnodesenvolvimemo
deprocessospsicológicos,pela reaçãopendularcontraoacademiclsmointelectualislaouinclusivepelanegaçãopolíticadeumacultu­
raqueseconsideraprópria dasclassesdominames.
Desdeomomento
emqueocurrículoaparececomoa
expressãodocomplexo
projetoculturalizadoresocializador dainstituiçãoescolarparaas geraçõesjovens,
algoconsubstancialàextensãodossistemasescolares,o queseentend.e'portaldeve
ampliarnecessariamenteoâmbitodesignificação,visto
queoacademlcumoresulta
cadavezmaisestreitoparatodasasfinalidadescomponentesdesseprojeto.Omovi­
mento"progressivo"americanoe omovimentoda"EscolaNova"
européia
romperam
nesteséculoomonolitismodocurrículo,centradoatéentãomaisnasmatérias,dando
lugaraacepçõesmuitodiversificadas,própriasdaruptura,pluralismoeconcepções
diferentesdasfinalidadeseducativasdentrodeumasociedadedemocrática.
Partindodopressupostodequeosaspectosintelectuais,físicos,
emocionaise
sociaissãoimportantes
nodesenvolvimentoenavidadoindivíduo,levando emconla,
alémdisso,
queterãodeserobjelodetratamentoscoerentesparaque seconsigam
finalidadestãodiversas,ter-se-áqueponderar,comoconseqüênciainevitável, osas­
pectosmetodológicosdoensino,jáquedestesdependeaconsecuçãode
muitasdessas
finalidadesenão
deconteúdosestritos deensino.Desdeentão,ametodologme a
importância
daexperiênciaestãoligadasindissoluvelmenteaoconceito decurrfculo.
Oimportante
do
currlculoé aexperiência,arecriaçãodacultura emtermosde
vivências,aprovocaçãodesituaçôesproblemáticas,segundoDewey(1967a, I%7b).
Ométodonãoémeioparaalgumfim,masparte deumsentidoampliado doconteúdo.
NaprimeirarevisãoqueaAERA(AmuicanEducalionalResearchAssociarian)
fez.em1931,ocurrlculoeraconcebidocomoasomadeexperiênciasqueosalunos
têmou
queprovavelmenteobtenhamnaescola.Aprópria
dispersãodasmatériasden­
trodosplanoseducativospro\'ocaanecessidadedeuma buscadocon!curriculum
comonúcleo deculturacomumparaumabasesocialheterogênea,instrumentopara
proporcionaressaexperiênciaunitária
emtodososalunos.equivalente
àeducação
geral,o
quelevaaumareflexãonão-ligadaeSlritamenteaosconteúdosprocedentes
dasdisciplinasacadêmicas.
Historicamente,esta
éumaacepçãodocurrfculomaismodema,maispedagógi­
ca,que,
emboaparte,seforjoucomomovimento dereaçãoàanterior.Seaeducação
obrigatóriatem
deatenderaodesenvolvimentointegraldoscidadãos,evidentemen­
te,aindaquenaproduçàodoconhecimentoespecializadosobosesquemasdedife­
rentesdisciplinasouáreasdisciplinaressereflitaoconhecimentomaisdesenvolvido,
é
insuficienteumenfoquemeramenteacadêmicoparadarsentidoaumaeducaçãogeral
Ocurrlculo,desdeumaperspectivapedagógicaehumanista,queatendaàpecul13­
ridadee ànecessidadedosalunos,évistocomoumconjuntodecursoseexperiências
planejadasqueumestudantetemsobaorientaçãodedeterminada~ola.Englobam-se
asintenções,oscursosouatividadeselaboradascomfinspedagógicos,ele.
-N
deR.T·OlermoPn!-E.scolar,a1ualmc:nlc,naEspanha,foiSubslllUrdoporEducaçloInfanliL

421.GimenoSacnstán
Aconcepçãodocurrículocomoexperifncla,partindodovalordasatividades
teveumfoneImpactonatradiçãope.dag6gicaeprovocouaconfusãoedispersão d~
sIgnificadosnumpanoramaquefunCionava comomaisahoconsensoproporcionad
pelodISCUrsosobreasdlsclplmasacadêmicas,queéumcnténomaISseg"ro(Ph.,I.o
1962,p87). IIpS,
Dentrod~a~ica maispsicol6gica,promovedoradeumnovohumanismo,apoia­
don.ãonasessenclasdacuhura,masnasnecessidades dodesenvolvimemopessoal
dosmdlvíduos,nAofaltamnovoS"místicos"eofertascontracultu'""'·'·I .
~d' .",mcUSlve,ex-
p~soes eu":lnovoromantismopedagógicoquenegatudooquenlosejaoferecer
a!lvldadesgratIficantespor simesmaseatenderaumapretensadinâmicadedesenvol­
vImento~l,sendo~e.esteéente!",.i~ comoumprocessodeautodesenvolvimento
numasocle?adequeaniqUilaaspoSSIbIlidadesdosindivíduoseàmargemdecomeú­
dosculturaiS.
Estaperspectiva"experiencial"éumaacepçãomaisdeacordo comavisãoda
escolaco.moumaagênciasocializadoraeeducadoratotal,cujasfinalidadesvãomais
alémdamtroduçãodosalunosnossaberesacadêmicos,paraabranger umprojeto
globaldeeducação. )
Estaorientaç~o ex~rie.ncial apóiatodaumatradiçãomodemaemeducaçãoque
vem.ressaltandoaI.m.portancladosproc~s~ psicológicosnoaluno, emcontraposião
aosmteressesSOCiaiSeao.sdosespeclahstasdasdisciplinas.Asnecessidadesçdo
alu~o,tamodopontode Vistadeseudesenvolvimentocomodesuarelaçãocoma
SOCIedade,passamaserpontosdereferêncianaconfiguraçãodosprojetoseducativos
Aatenç~oaosproUS!OSeducat~vos eniioapenasaosconteúdosé onovoprincípi~
queapóiaaconcepçaodo cumculocomoaexperiênciadoalunonasinstituições
e~olares. Nãoéapenasumafonnadeentenderocurrículo, comumaponderação
dlferemedesuasfinalidadesecomponentes,mastodaumateorizaçãosobreomes­
moesobreosmétodosdedesenvolvimento.
Oproblemaparaaedu~ão progressiva-segundoDewey (I967b,p. 16)-,é
sa~rqualéolugare~se~udodas~térias deensinoedaorganizaçãodeseucon­
teudodentro
da
e~per.têncla. ComISSO,secolocanoensinooproblemadecomo
conectarasexpenênclas.dosalunose1evando-as
àcomplexidade
necessáriapara
enl~çá-Ias comosconhecimentosecomaculluraelaboradaqueénecessárianuma
s~ledade avançada,aspectosconsideradosvaliosos emsimesmosportodaumatra­
diçãocultural.
OpróprioDeweysugeriaque:
"quando~concebeaeducaçlonosentidodaexperi!nda:ludooquepodese:chamar
eslooo,sejaanlml!lIca, hls~6ria,.geografiaouumadasciênciasnaturais,deveserderi­
,:adodemateTlalSqueapnndplOcaiamdentrodocampodaexperiênciavitalordin!
na"(p.91-92). -
Problemadesoluçãomaisdifíciléo:
"Desenvolvimentoprogressivodo J'experimenulolionumaformamaisplenaemais
oca,etambl!mm:usorgamzada,aumaformaqueseaproximegradualmenteao quese
apresentanamatl!nadeestudoparaapessoadestra.madura"(p.92).
Pa~Oautor,i~soexigiaaPTC?xi~ar asmatériasdcestudoàsaplicaçõessociais
posslvels
do
~onheclmen.to. Valonzaçaodacuhura,relacioná·lacomasnecessidades
doalunoeltgá-laaaplicaçõessociaiscontinuamsendoaindahojedesafiospara
oCurTÍcolo43
aperfeiçoaresquemaseofcrtarfónnulasdecurrfculo deacordocomelas,fundamen­
talmentenaeducaçãobásica.
Ainterrogaçãoquecolocaocurrículoconcebidocomoexperiências deaprendi­
zagemqueosalunosrecebemégarantiracontinuidadedasmesmascdcfiniruma
linhadeprogressoordenadoparaosabersistematizado, quecontinuasendonecessá­
rio;algoqueestábastanteobstaculizado
porumainstituiçãoqueproporciona
saberes
entreconadosejustapostosarbitrariamente.
Quandoodiscursoeducativomodernoenfatizaaexperiênciados alunosnasau­
las,pode-sededuziralgumasconseqüênciasimponalltes:
a)Porumlado,sechamaaatençãosobreascondiçÕLSambii!ntaisqueafe­
tamtalexperiência.Supõechamaraatençãosobreovalorecaracterfsti­
casdasituaçãooucontextodoprocessodeaprendizagem.Ocurrículoé
fontedeexperiências, mascstasdependemdascondições nasquaisse
realizam.Aspeculiaridades domeioescolarimediatoseconvertemdesta
forma
emreferenciaisindispensáveis docurrkulo,àmargemdosquais
estenãotemimportinciareal
b)Poroutrolado,aacepção docurrículocomoconjuntode~.xpui2ncias
planejadaséinsuficiente,poisosefeitosproduzidosnos alunosporum
tratamentopedag6gicooucurrfculoplanejadoesuasconseqüênciassão
tãoreaisedetivosquantopodemserosefeitosprovenientesdasexperiên­
ciasvividasnarealidade daescolasemtê-lasplanejado,àsvezes,nem
sequerserconscientesdesuaexistência.tooqueseconhececomocurrícu­
looculto.Asexperiênciasnaeducaçãoescolarizadaeseusefeitossão,
algumasvezes,desejadaseoutras,incontroladas;obedecemaobJetivos
explfcitosousãoexpressãodeproposiçõesouobjetivosimpUeitos;são
planejadosemalgumamedidaousãofruto dosimplesfluir daação.Al­
gumassãopositivasemrelaç10aumadeterminadafilosofiaeprojeto
educativoeoutrasnemtanto,oucompletamentecontrárias.Ainseguran­
çaeincenezapassamasernotasconstitutivasdoconhecimento quepre­
tendaregularapráticacurricular,aomesmotempo
que
senecessitam
esquemasmaisamplosdeanálisesquedêemchanceàcomplexidadedes­
sarealidadeassimdefinida.
c)Osprocessosquesedesenvolvemnaexperiênciaescolar passamater
especialrelevância,oquesupõeintroduzirumadimensãopsicopedagógica
nasnonnasdequalidadedaeducação,
com
repercussõesnaconsideração
doqueécompetêncianosprofessores.Aescolaeosmétodosadequados
sejustificampelo
comosedesenvolvemessesprocessos
enãoapenas
pelosresultadosobserváveisouosconteúdosdosquaisdizemseocupar
Acontribuiçãodestaorientaçãonopensamentoeducativomodernofoi
historicamentedecisiva.
Estaperspectivaprocessualpedagógicaganhaespecialrelevinciacomojustifi­
cativaparadarrespostanasescolasaumasociedadenaqualavalidadetemporal de
muitosconhecimentosébreve,quandooritmodesuaexpansãoéaceleradoeonde
proliferamoscanaisparasuadifusão.Nascetodaessapedagogiainvisível daqual
falaBernstein,decontornosdifusos.maisdificilmente controláveis, cUJaefetívidade
sevêmaisnoseucurrículoocultodoquenasmanifestaçõesexpressas damesma.
Amilitânciadestesenfoquespsicopedagógicosacercadasfinalidades
daescolaesobreoscomponentes docurrículo,quesãoparalelosaopredomínio dodiscurso
psicopedag6gicodaescolarenovadoraeuropéiaeamericananesteséculo,podelevar

44 GlmcooSacrisuln oCUlTfculo4S
elevouIIpropostasqueinclusivedesconsideram demaneira abenaIIdImensãoniti.
damentecultural quetodocurrículotem,comoexpressãodamissãosociale
cuhu~lizadorada escola.Trata-sedeumenfoquedocurrículomais lotalizadorqueo
pnmelro,masdentro deumreferencialpsicopedag6giconoqual,emmuitoscasos.se
perdede.~isl~ aqu~larelaçãocom IIculturafonnalizada.que étam~m IIcllpressão
dauperlUlclQmaiSmaduraeelevadadosgrupos sociais.
Oenfoqueexperiencialcostuma sereferir,geralmente.aosnfveismaisbásicos
dosistemaeducativo.A"psicopedagogização"dopensamentoedapráticaeducativa
seassimpodeserdenominada,areiaosprimeirosníveisdosistemaeducativo, IIfor:
maç~odeseusprofessoresc IIprópriaconcepçãodaprofissionalizaçãodocente. À
medl~queascendemosdenfvel~opesodosconteúdosespecializados,corresponden­
tesadIversaspa~e.lasdosaberclemífico,social.humanístico,t&nico.etc.•adquireo
valordereferenciaISparapensareorganizarocurriculo. Umproblemaiminentenas
sociedadesmaisdesenvolvidas,colocadopelopróprioprolongamento daescolaridade
obrigatória.
oLegado
TecnológicoeEficientistanoCUIriculo
. Opróprionascimentodateorização sobreocurriculoestáligadoa umaperspec­
tIVaque~phca u~ c.ontu~nte marcanes~eâmbito.AperspectivatUflOl6gica,
bUlIXrálfcaouefic/entutafOIummodeloapoiadonaburocraciaqueorganizaecon­
~;.olaocU,~culo, amplamemeaceitapela peda~ogia."desideologizada"e acritica,e
Impostoaoprofessorado
comomodeloderaclOnahdade emsuaprática.
Umadasteorizaçõescurricularesdominamesconsiderouoconteúdo
doensino
na
perspectivaacadêmica.Desdeomomentoemque,nossistemaseducativosmo­
dernos,oconteúdoseconverteunumelementodeprimeira ordemparafazerdaedu­
caçãoaet~papreparatóriadoscidadãosparaavidaadulta,respondendoàsnecessi­
dadesdosistemaprodutivo,apretensãoeficientistaseráumapreocupaçãodecisiva
nosesquemasdeorganizaçãocurricularcomovalorindependente.
Ocumculoéparteinerentedaestruturadosistemaeducativo,
aparatoquese
sustemaemtomode umadistribuiçãoeespecializaçãodos comeúdosatravésde
cursos,níveisemodalidadesdomesmo.Seocurrículoeltpressaasfinalidadesda
educaçãoescolarizadaeestassediversificamnosdiferentesníveis dosistemaescolar
enasdiversasespecialidadesqueestabelecepara
ummesmopatamardeidadea
regulaçãodocurrículoéineremeàdosistemaescolar. '
Apolfticaeducativae aadministraçãoespecializadaordenamoacessoaesses
níveisemodalidades,atransiçãointernaentre
osmesmos,oscontrolesparacreditar
o
êlti.toouofracasso,provêemmeiosparaseudesenvolvimemo,regulamoacessoe
funCIOnamentodoprofessorado,ordenamasescolas,etc.Porisso,nãoexistesistema
educativoquenilointervenhasobreocurrículo,e édifícilpensarqueissopossaser
deoutraforma.
ComoafirmamKliebarci(1975),Giroult,PennaePinar (198/)ePinareGrumet
(19~I),~preoc~p~ção 'pelostemasestritamentecurricularessurge emparteporcon­
vemênclasadmlOlstratlvas,antesquepor
umanecessidadeintelectual.Numsistema
escolarqueabrange
t~os,quesee.struturaemníveiscomdependênciasrecfprocas,
querespondeàneceSSidadedequalificarapopulaçãoparaintroduzi-Ianosdiferentes
níveisemodalidadesdavidaprodutiva,ocurrículocomoexpressãodosconteúdos
do
ensinoqueconduzaessapreparaçãocobrouumaimportânciadecisivanoaparelho
gestor
dosistemasociale dosistemaeducativo.Antesde serumcampoqueprolonga
preocupaçõesdapsicologia,dafilosofia,etc.,éumaresponsabilidade
"profissional"
da
administraç1io,eissoexplicaopoderosodomínioquesobre eleestabelecem~
noçõesemecanismosderacionalizaç1ioutIlizadospelagestãocientífica.
Porissosurgemmodelosdeorganizaregestionarestecomponente
doaparelho
escolarcomesquemasprópriosdaburocracia modema
pararacionalizartodoocon­
junto.Ogovernodocurriculoassimiloumodelosde"gestãocientífica" que,setor­
nandoindependentes
doquadroedomomentonoqualsurgem, seconverteramem
esquemasautónomosque
propõemumtipoderacionalidade emabstrato,acepção
quechega.inclusive,aequiparar-seaalgo queécientifico.Tais esquemasdegestão
docurriculoganharamautonomia comomodelosteóricosparaexplicá-lo:ametáfora
setomaindependentedoreferencialegera porsimesmaummarco decompreensãode
umarealidadedistinta;omodelometafóricopassaa sermodelosubstantivo.quando
seesquecemsuaorigeme suasraizes.
Agestãocientíficaéparaaburocraciao
queotaylorismofoi paraaprodução
industrialemsérie,querendoestabelecer osprincípiosde
eficácia,controle.previ­
são.racionalidadeeeconomianaadequaçãodemeiosafins.comoe1ementos-ehave
daprática,oquefezsurgirtoda umatradiçãodepensarocurTÍculo. cujosesquemas
subjacentesseconverteramemmetáforasqueatuamcomometateoriasdomesmo
objetoquegestionam. Osadmmistradoresescolares,aoestabeleceremummodelo
burocráticodeordenarocurriculo.respondiamemsuaorigemàspressõesdomovi­
mento
dagestãocientíficanaindústria(Callahan.1962;Kliebard,1975).
O
"managementcientífico"é aalternativatayloristaparaagestãobaseadana
iniciativadostrabalhadores.Nesteúltimopressuposto.o êxitonotrabalhodepende
dainiciativaeestimulação dosoperários.desuaenergia,engenhosidadee boavonta­
de.
Otaylorismo,emtroca,propõequeumperitoreúnatodoo conhecimentosobreagestãodotrabalho,elabornndoumaciênciadesuaexecuçãoquesubstituao empirismo
individual,paraadestrarcadaoperárionafunçãoprecisa que!emqueexecutar;assim,
seutrabalhoserealizarádeacordocomosprincípiosdanormacientífica. Omanagu
estuda,planeja,distribui.provêe,emumapalavra.racionalizaotrabalh.o;ooperário
deveexecutartalprevisãoomaisfielmentepossível(Taylor,1969,p.
51ess.).Ligado
aestemodelo,
sedifundedeummodosubterrâneoaidéiadequeo modelodoproduto
ficaforadascapacidadesepossibilidades
do
eltecutordasoperações.Oconhecimento
sobreumarealidadeseseparadahabilidadeparaobtê-Ia ouexecutá-Ia.
Ogestorpensa,planejaedecide;ooperárioexecutaa
competênciapuramente
técnicaquelheéatribuída,deacordo
comosmoldesdequalidade tambémestabele­
cidosexternamenteaoprocessoedeformapréviaaessaoperação.Aprofissionalidade
dooperárioedoprofessornatransferênciametafóricaconsistenuma
prática"norma­
lizada"quedevedesembocar,antesdemaisnada,naconsecuçãodos
objetivospre­
POStOS,definidoslogicamente com
precis1io.Anormadequalidadeéresponsabilidade
domanager,nãodotécnicoqueeltecuta,oque,nagestãodocurriculo,significaemitir
regulaçõesparaocomportamentopedagógicoporpartedequemoadministra,que
disporádealgumaparatovigilanteparagarantirseucumprimento.
Daíacontradiçãoqueseproduzquando,numsistemaeducativo gestionado
~r
estesmodelos,surgemasidéias-forçadoprofessoralivo,aindependênciaprofiSSIO-
nal,aautonomianoeltercíciodaprofissão,etc. .
Dentrodateorizaç1iosobreo cumculo,proposiçõesmaispsicopedagóglcasmis­
turaram-se,
àsvezes,comesquemasderacionalidadetécnica,quevêem nasexpenên­
ciaseconteúdoscurricularesaseremaprendidospeloalunoummeio
deconsegUIr
determinadosobjetivosdaformamaiseficazecientíficapossível.Em
outrasOCasiões,
àmargemdequalquerproposta,essesesquemas sejustificamdeforma autónomaem

46JGimenoSocrisuln
simes~os, comoumattcnicaprópriada~!aboração docurrfculo.Um enfoque
eficlentlstaqueperdedevistaovalordaexpenenClaescolaremsuaglobalidade,muito
maisampla
doqueadefinidapeloreferencialestritodemeios·fins
equepretende
padronizarosprodutoseducativosecurriculares,reduzindoahabilidadesascompe­
tênciasdoprofessor(Gimeno, 1982).
Perde·sede.vistaa~imensão histórica,socialecullural docurrfculo,para
co~vert~.Jo emobjetogestlOnáveLAteoria domesmopassaaseruminstrumentoda
racionalidadeemelh0r3:dagestão.Co.nseqüentemente,oconhecimentoqueseelabo­
rademrodessaperspecllva~ odetenmnadopelosproblemas comosquaisapretensão
dag~stão efic~zsedepara.Posiçãoquenecessariamentetevesucesso entrenós,num
ambientepolftlconão-democrático,
comuma
administraçãofortememecemraJizadora
e.inte-:vencioni~ta, ondeosúnicosespaçospossíveisparaaintervençãoeramosde
dlscutl~aeficácianocumprimento dadiretriz,antesdequestionarocomeúdoeosfins
doproje~o: tudoissoauxiliadoporumdesannamentointelectualnoprofessorado.
Acontecimento
quenão
~independente.comoveremosno momemocerto,dofalode
queseafianceemparaleloaestruturaçãodeurnapolíticarígidadecontrole daescola
sobapretens~o homogen~izadora deumregimeautoritário.Explica·seaforça do
esquematécnlco-burocrátlcoentrenóspeladebilidadecrílicadodiscursopedagógi­
coepela funçãopolíticaqueomodelocumpre.
A~rspectiva ~eT~I~r(1973)comoteoriadocurrículo,exemploparadigmático
desta
onenlação,fOIdeciSivaeestabeleceu as
basesdoquelemsidoodiscursodomi­
nantenosestudoscurricularesenosgestoresdaeducação.Oúnicodiscurso
até

poucotempoeaindaarraigadoemamplasesferasdaadministraçãoeducativa,da
ms~o, ~afonnação~professo~, elc.P~ ~yler,ocurrículoécompostopelas
expc',l!nclasde~prendlzagem planejadase dmgldaspelaescolapllniconseguiros
ObjellvOSeducativos.Suaposturaateóricaeacrítica édiáfanaquandoafinna:
''Odesenvolvimentodo~umculo éumaIarefaprática.nloumproblemateórico,cuja
pretensloéel~umsistemaparaconseguirumafinalidadeeducativaenão-dirigida
paraobteraexphcaçAodeumfenômenoexistencial.Osistemadeveserelaboradopara
queoperedeformaefetivanumasociedadeondeexistemnumerosasdemandasecom
sereshumanosquetemintenções,preferências..."CTyler,1981,P18).
. Ocurrículoaparece,assim,comooconjuntodeobjetivosdeaprendizagem se­
lec~onados que.devem~ar l~garàcriaçãodeexperiênciasapropriadasquetenham
efeitoscumulatiVOSavaltávels,demodoquesepossamanterosistemanumarevisão
conStanle,paraqueneleseoperemasoportunasreacomodações.
Out~oautort~mbtm característicoe com~~aorientaçãoparecida,aindaque
co?1~atlZesprópnos-johnson(1967)-,definmaocurrículocomooconjuntode
obJetlvoseStruturadosquesequeralcançar.Supõeproporadinâmicameios-fins
como
esquemaracionalizadordaprática.Para
esteautor,entretanto,comonovidadedecisi.
vaqueteráumaimponanteconseqüência,osmeiossão
umproblemarelativoàinstru.9
ão
enãoaocUrrfc~lo propria~ente dito.Ocurrículoprescreve osresultadosquea
mstruçãodeveter,mdlcaaqUIloquesedeveaprender,nãoosmeios_atividades
materiai.s,etc.-par.aobtê-los,nemasrazõespelasquais
sedeveaprender.Isso
origi:
naumsls.temacUlTlcular~ue ~precisoplanejar em.diversosníveis,executar(opro­
cessodemstrução)eavaltar.OcurrículoesuareahzaçãosãocoisasdiferentesneSte
enfoque.
Osprofessores,conseqUentemente,têmopapel dedefini-loimediatamente
antesdaexecução
doplano,numprocessoque
seplanejaemdiversosníveis.
oCurrículo
47
Atecnocraciadominantenomundoeducativopriorizaeste tratamentoqueevita
emsuascoordenadasodiscursofilosófico,político,socialeaté pedagógicosobreo
currículo.Estepassaa
serumobJetoa sermanipuladotecnicamente,evitandoelucidar
aspectoscOnlrovertidos, semdiscutirovaloresignificadodeseus conteúdos.Uma
colocaçãoquetemacompanhadotodaumatradiçãodepensamentoepesquisapsicoló­
gicaepedagógicaaculturaleacrítica.
APonteentreaTeoriae a
Ação:OCurrlculocomoConfiguradordaPrática
Aorienlaçãocurricularque centrasuaperspectivana dialiticar~oria'prálica é
umesquernaglobalizadordosproblemasrelacionados comocurriculo,que,numcon­
textodemocrático,devedesembocarempropostasdemaiorautonomiaparaosistema
emrelaçãoàadministraçãoeaoprofessoradoparamodelarsuaprópriaprática.Por­
tanto,éodiscursomaiscoerentepararelacionar osdiferentescírculos dosquaispro­
cedemdetenninaçóesparaaaçãopedagógica,comumamelhorcapacidadeexplicativa,
aindaquedelanãosejamdeduzíveissimples"roteiros"paraaprática.
Apreocupaçãopelapn\licacurricularéfrutodascontribuições criticassobrea
educação,daanálise
docurrículocomoobjetosocialedaprática criadaemtomodome.mo.
Váriosfatoresexplicamatualmenteapujançadestaaproximaçãoteórica: um
certodeclivenopredomfniodoparadigmapositivistaesuas conseqüênciasnacon·
cepçãodatécnica,oenfraquecimentodaprojeçãoexc1usivistadapsicologiasobrea
teoriae aprálicaescolar,oressurgimenlodopensamentocrítico
emeducaçãocondu­
zidopor
paradigmasmaiscomprometidos comaemancipaçãodohomememrelação
aoscondicionamentossociais,aexperiênciaacumuladanaspolíticase
programasde
mudançacurricular,amaiorconscientizaçãodoprofessoradosobreseu papelativoe
históricosão,
entreoutros,osfatoresquefundamentamamudançade perspectiva.
Odiscursoemdidáticasobreapráticaescolarsedesenvolveu fragmentandoo
processoglobaldoensino-aprendizagem.Emprimeirolugar,desligando
conteúdos
demétodos,ensino deaprendizagem,fenômenos deaulaemrelaçãoaoscontextos
nosquaisseproduzem,decisõest~cnico-pedagógicas dedecisõespolfticase
detenninantes
exterioresàescolaeàaula,etc.Emsegundolugar,por dependerde
detenninadasmetodologiasdepesquisapoucopropensasàcompreensão daunidade
quesemanifestanapráticaentretodosessesaspectos.
Cadatipodepesquisaedeteorizaçãofocalizaetrataderesolver problemas
peculiares.Osquearealidadeeducativae ocurrículocolocamsão problemaspráti­
cos,porqueaeducaçãoouoensino
sãoantesdetudo umaatividadeprática.Reid
(1980)considera
queocurrfculonossituafrenteaproblemaspráticos quesomente
podemosresolvermediantea
açl10apropriada.Segundoafinnam CarreKemmis(1988),
issosignifica que:
"Apesquisaeducativa
nllopodeserdefinidaquantoaosobjetivosapropriados
àsalivi·
dadesque
seocupamemresolverproblemas leÓricos,senãoasquetêmqucoperardentrodocampodereferênciadosfinspráticosaosquaisobedecem asatividades
educativas.(
...)Maisainda,vistoquea educaçll.o
éumaempresaprática,taisproblc.
masserãosempreproblemaspráticos,querdizer,aocontrário dosteóricos,nãoficam
resolvidoscomadescoberta deumnovosaber,masunicamentecomaadoçãodeuma
linhadeação"(p.121).

48JGlmenoSacnslán
Umateoriacurricularnãopodeserindiferenteàscomplexasdelenmnações de
que!!obJeloapráticapedagóg.ica,nemaopapelquedesempenhamnissoosproces­
sosquedetermmamaconcretIzação
docurriculonascondições daprálica,porqueessecurrlculo,antesdeserumobJeloIdealizadoporqualquerteorização,seconslltui
emlornodeproblemasr:ealsquesedãonasescolas,queosprofessorestêm,que
afetamosalunose aSOCIedadeemgeral.Aprópriaconcepçãodeslecomoprálica
obngaaexammarascondiçõesemqueseproduz,deíndolesubJetiva,inSlitucional
elc.A
leonado
currlculodeveconlribUlr,assim,paraumamelhoradacompreensã~
dosfenômenosqueseproduzemnossistemas deeducação(Reid,1980, p.18),mani­
feslandoocompromiSsocomarealidade.
Enãopode serumaleorizaçãoquebuscaoasc!!licoobjelivismo.jáquedeve
descobnrosvalores,ascondutaseas~titudesque~lasemesclam;tampoucopode
serneulra,porquê.esperand().seumgulaparaaprátKa.teráquedizercomoestadeve
sereIluOlInaroscondicionamentosqueaobscurecem,paraquecumpracomumasf!rie
de~?ahdades. ~acondiçãoparaque eslecampodeIeorizaçãonãosejapurodiscurso
legllllnadordeInteressesquenãodiscute. Ospressupostosdoconhecimentoacabam
traduZlnd().,seemopçõesprát~cas(Habermas,1982).Asleorizaçõessobreocurrículo
sediferenciampelo~IpodeInteressesquedefendemnossistemaseducativos:seu
afiançamento.aperfel~mento recuperadoroum~dança radical.Amelhoradapráli­
caIm~hca ~omarpartidoporumquadrocumcularquesirvadeinSlrumento
ema.nclpatóno~estabelecerasbasesdeumaaçãomaisaulõnoma.Paraissoa
teonadeveservirdeInstrumenlodeanálisedaprálica,emprimeirolugareapoia;a
renexiocriticaq.uelorneconscienteaforma comoascondições present~levamà
faltadeaulonomla(Grundy,1987. p.122).
O~uestlOn~nto dafahadeaUlonomiaafelaalodosaquelesquepanicipam
nasprállcascumculares,especialmenteosprofessoreseosalunos.Spoucocrivei
que
os.
professorespossamcontribuirparaestabelecermetodologiascriadorasque
ema;,pemosalu.nosquandoest.esestãosobumtipodepráticaaltamenteCOntrola­
da
..preciSO
paltl~deumcenoIsomorfismo,necessárioentrecondiçõesdedesen.
v.olvl
mento
profiSSional~od~nteecondiçõesdedesenvolvimentodosalunosnas
SitUaçõeSescolaresplaneJadas,emceltamedida.pelosprofessores.
Paraqueocur:fculoCOntribuaparaointeresseemancipalório, deveserentendi­
d~co~umap~x~s, ~pçlioque.segundoGrundy(1987, p.114ess),seapóianos
pnncfplosasegUirmdlcados.
a)Deve
seruma
'práticasustentadapelareflexãoenquantopráxis,maisdo
que
ser
enlendl~a comoumplanoqueéprecisocumprir,pois seconstrói
a~ravésdeumamteraçãoentreo.refletire oatuar,dentrode umprocesso
Circularquecompr,eendeoplaneJamento,aaçãoe aavaliação,tudointe­
gradopor
umaespiraldepesquisa-ação.
b)
l!mavezqueapráxistemlugarnummundorealenãoemOutro,hipot!!_
oco,oprocesso.deconstruçãodocurrículonãodeveriaseseparardo
processoderealizaçãonascondiçõesconcretasdentrodasquaissede­
senvolve.
c)Ap~xi~operanummundodeinterações,queé omundosocialecultu­
ral,slgmficando,comisso,quenãopodesereferirdeformaexclusivaa
problem~ deaprendizag.em,jáquesetratadeumatosocial,oquelevaa
veroambl~nte deaprendl~gem comoalgosocial,entendendoainteração
entreoensinoe aaprendIzagemdentrodedelerminadascondições.
oCuJTfculo49
d)Omundo daprlixis!!ummundoconstruído,nãonatural. Assim,oconteú·
do docurrfculoéumaconstruçãosocial.Através daaprendizagemdo
currfculo,osalunosse convenememativospanicipantesda elaboração
deseuprópriosaber,o quedeveobrigá-losarenetirsobreo conhecimen­
to,incluindoo doprofessor.
e)Doprincfpioanteriorsededuzqueapráxisassumeoprocesso decriação
designificadocomoconslruçãosocial,nãocarenledeconnitos,poisse
descobrequeessesignificadoacabasendoimposlopelo quetemmais
poder
paracontrolaro
currlculo.
Propõe-seumamudançaconceilualimponanteparaelucidaraimportânciado
própriocurrfculoedetodasasalividadespráticasquelêmlugar emtomodele.A
perspectivapráticaalteraaconcepçãolécnica.enquantoestavianocurrlculoum
meioparaconseguirfinsouprodu lOS.noqualosprofessores. comoqualqueroutro
e1emenlomaterialecultural, sãorecursosinstrumentais(CarreKemmis,1988, p.53).
Aolomarconsciênciadequeaprálicasedánumasituaçãosocialdegrandecomplexi­
dadeefluidez,sedescobrequeseusprotagonislaslomamnumerosasdecisõesdeprf!­
viareflexão,se!!queessaatividadeháde sesubmetera umacertanormatividade.Há
quesermediadaporumadeliberaçãoprndenleereflexivadosseusparticipantes,ain­
daqueosaiosdaqueles quepanicipamnasituaçãonãosejamconlrolados poreles
mesmos.Nessecontextooque
imponaé ojogoenlreas
detenninaçãesimpostaseas
inicialivas
dosalorespanicipantes.Parte-se dopressuposlOdeque
nlioselratade
situaçõesfechadas.masmoldáveis, emalgumamedida,atravésdodiálogodosatores
comascondiçõesdasituaçAoqueselhesapresenta.Opapelativo queeslestême o
valordosconhecimentos
doprofessorparaabordartais
situaçõesserãofundamenlais.
Odocenteeficaz!!oquesabediscernir,nlooquepossuitécnicas deprelensavalida­
deparasituaçõesindistintasecomplexas.
Oensinoe ocurrfculocomopartituradomesmo,concluem CarreKemmis(1988),
estãohistoricamentelocali:tados,sioatividadessociais,têmumcaráterpolftico,por­
queproduzemaliludesnosqueintervêmnessaprática;!!problemático,emsuma.A
perspectivalécnicaouaprelensãoreduloradocurrículoe daordenaçãodomesmoa
qualqueresquemaquenlioconsidereessascondiçõestraiaessênciadopróprioobjelo
e,nessamedida,nãopodedarexplicaçãoacertadadosfenômenos quenelese
entreeruzam.
Estacolocação
seproduznumcontexto. ComobemassinalaKemmis(1986, p,
x),nofundo,osestudossobreo
currlculonãoestãorefletindosenãoa dinâmicaquese
produzemoulroscampos.Nateoriasocial,seestávoltandoaoproblemafundamen­
taIdarelaçãoentreateoriae aprática,eistoé omesmoqueocorrenos
estudossobre
aeducaçãoesobreocurrfculoemparticular.Analisa-setalrelação
maiscomoum
problemareflexivoentreteoriaepráticadoque
comoumarelaçãopolarunidirecional
numounoutrosentido.Aanálisedo
currlculo,sobótica,significacentrar-senopro­
blemadasrelaçõesentreospressupostosdeordemdiferenleque
seabrigamnocurrí­
culo,seusconteúdos
e"aprática.
Osestudosmaisdesenvolvidosnaperspeclivasocialnosconscientizammparao
enfoquesociológicodevernocurrículoumaexpressãodacorrelaçãodediversasfor­
çasnasociedade;eosestudosmaisfuncionalislasnosmostraramocurrículocomoum
objetotécnico,ascélico,que!!precisodesenvolvernaprática.naperspectivameios-fins,
Umaalternativacrfticadeveconsiderarocurrfculocomoumanefatointermediárioe
mediadorentreasociedadeexterior
àsescolaseaspráticas
sociaisconcretasquenelasse
exercitamcomoconseqüênciadodesenvolvimentodocurrfculo.

501.GimenoSacristlln
Porisso:
..asteonascumcularessloteoriassociais,nlloapenasporquerefletemahistóriadllS
sociedadesnasquaissurgem,comolambfmnosentidodequeestiovinculadascom
posiçllessobreamudançasociale,empanicular,comopapeldaeducaçlonareprodu­
çIooutransfonnaçlodasociedade"(Kemmis, 1986,p.35).
Ocurrlculo,altmdeserumconglomcnldoculturalorganizado deformapecuhar
que
pefTTliteanálises
desdemúltiplospontosdevisla,criatodaumaatividadesocial,
polflicael&:nicavariada,quadroquelhedáumsentidoparticular Comoassinala­
mos,ocampodefinidodentrodosistemacurricular
supõeumconjuntodeatividades
deproduçlodemateriais,dedivisãodecompelências,defontesde
i~iasincidindo
nasformaseformatoscurriculares,
umadeterminadaorganizaçãosociopoHtica que
lhe
emprestaumsentidoparticular,contribuindopsn.detefTTlinarseusignificadoreal.
ParaKemmis(1986),oproblemacentral daleoriacurriculartofereceraforma
decompreenderumduploproblema:por umlado,arelaçãoentreateoriae aprática,
eporootro,entreasociedadeeaeducação.Ambososaspectosadolamformas con­
cretasepeculiaresemcadacontextosociale emcadamomentohistórico.Neste
sentido,umquadroleórico quequeirailuminaraspeculiaridadesdapráticaaquedá
lugarocurrlculonessasduasdimensõesassinaladasdevefazerrefer!nciainexora­
velmenteàspeculiaridadesdosistemaeducativoaoqualsereferemeàsuagênese.
Paraesteautor:
"omodopeloqualaspessoasnumasociedadeescolhemrepresentarsuasestrulUru
internas(c.struturasdeconhecimento,relaçõeseaçiosocial),deumageraçioparaa
segulnle,alravtsdoprocc.ssoeducativo,refleteosvalorese U1IIdiçõesdessasociedade
acercadopapeldaeducaçlonamesma,suasperspectivassobrearelaçloentreoco­
nheclmenlo(teona)e aaçlo(prática)navidaenolnIbalhodaspessoaseducadas,
assimcomoSCU5pontosdevistasobrearelaçãoentreateoriae apniticanoprocesso
educativoemSI"(p.22).
Portanto,qualquerleorizaçãosobreocurrículoimplicaumametaleoriasociale
umametateoriaeducativa.Etodateoriacurricularquenãoilumineessasconexõcs
comamelateoriaecomahiSlória-conlinuadizendoKemmis -,levar-nos-áinevita­
velmenteaoelTO,aconsiderarocurrículosomentedentrodocampodereferênciae
visãoestabelecidadomundo. Danossaperspectiva,nosimeressaagoraametateoria
educativa,queporcerto
estámenosdesenvolvidadoqueaprimeira.
Aperspectivaprocessual
epráticatemváriospontos-chavedereferencia. como
sãoaselaborações deStenhouseemtornodocurrículo,concebido comocampode
comunicaçãodateoria
comaprática,relaçãonaqualo
professortumativopesquisa­
dor.Poroutrolado,háasposiçõesdeReid(1980,1981), Schwab(1983)eWalker
(1971),propensosaentenderapráticacurricularcomo
umprocessode deliberação
noqualsedesenvolveoraciocínioprático.
AposturadeStenhouse(1984)colocouoproblemade
fonnadefinitivaao conce·
berocurrfculocomocampodeestudoedepráticaque
seinteressapelainter-relação
dedoisgrandescamposdesignificado,dadosseparadamentecomoconceitosdiferen­
ciadosdecurrfculo:asintençõesparaaescolae arealidadedamesma;teoriaouidéias
paraapráticaecondiçõesdarealidadedessaprática.
"Porumlado,ocurrlculo~consideradocomo umaintenção,umplano,ouumaprescri­
ção,
uma
id~iaacercadoquedesejaríamosqueacontecessenasescolas.Poroutrolado,
oCurrfculo
51
~conceituadocomooestadodecoisll!>existentenelas,oque defatosucedenasmes·
mas"
(p.27).
"Um
currlculo~umatentatIvaparacomunicarosprincípIOSetraÇosessenCiaiSdc
umpr0p6sltOeducativo,detalformaquepennaneçalbeno todlscuss!ocr(lIcaepossa
serlnInsferidoefetivamenteparaaprática"(p.29).
Aperspectivaprnticasobreocurrfculoresgatacomoâmbitode estudoocomo
urealizad~fato.oqueacontecequandoestásedesenvolvendo.Ascon~ições e a
dinâmica
daclasse,asdemais
influênciasdequalqueragentepessoal, matenal,SOCial,
elc.impõemoudãoovalorrealaoprojelocultural quesepretendec.omocurriculoda
escola.Nemasintençõesnemapráticaslo.demodoseparado,arealidade, masambas
eminteração.Trata-se,porisso,deumateoriadocurrfculoquesechamoudeproces­
so,ouil'lminativa,comoadenommouGibby(1978,p,157),quepretendedesvendar
odesdobramenlodosprocessosnaprática. .
Semperderdevistaaimportânciadocurrfculocomoprojetocultural,_sesugere
quesuafuncionalidadeestáemsuasintaxe.como~l~oc1abor:ado,quenao~mero
puzzl~ondesejustapõemconteúdosdiversos:.suau!llldaderesIde emserummstru­
mentodecomunicaçãoentreateoriae aprátlca.Jogonoqualprofesso~ ealunos
têmquedesempenharumpapelauvomuiloimponante.Oquadro.conceituai,ospa­
péisdosagentesqueintervêmnomesmo,arenovaçiopedagógicaeapolftlcade
inovaçãoadquirem umadi~nsio novaàlu~des';Scolocação.Uma~rspectlva que
estimulaumanovaconsci!nclasobreaprofisslonalldadedosdocentes-mterrogadores
reflexivosemsuaprática-esobreosmétodosdeaperfeiçoamentodo professorado
paraprogredirattela.
Poroutrolado,apareceaimportânciadoformatodocurrfc~lo co~o ~Iemenlo
maisoumenosadequadoparacumprirafunçãodepôre~comunt~ação Idtlascoma
práticadosprofessores,semanularsuacapacidadere~ex1Va,~ Sl~comafinalida­
dedeestimulá-Ia.ApossibilidadeefonnadecomUnicaçãodasIdéiascomaprática
dosprofessoresalravtsdocurrículo,prevendoumpapelalivoeIiberadorparaesles,
nãopodeserentendidaaniioseranalisand?aadcq~ação dofonnatoque.se~hespro­
põeeverificando05meiosatravésdosquaIsserealizaestafu~ção.Issoslgmficaqu.e
estamosfrenteaumdiscursoquerecuperadoisaspectos básiCOSdoproblema:ad!­
mensãocultural docurrículoeadimensãocrílicaacercadas condlçõcsnasquaiS
opera.Stenhouse(1980)consideraque:
"umcurrículo,se~valioso,atrav~sdemateriaisecrit~riospararealizaroensino,ex­
pressatoda umavisllodoque~oconhecimentoeumaconcepçãodoproces~~ da
educaçlio.Proporcionaumcampoondeoprofcssorpodedesenvolvernovashablllda·
des,relacionando-ascom
as
concepçôc:sdoconhecimentoedaaprendizagcm"(p.41).
Estanovadimensãoouvisãodateoriaepráticacurricularnão anulaaproposi-
çãodocurrículo
comoprojetocultural,mas
si~,partindodele,anal!sa~omosecon­
verteemculturarealparaprofessoresealunos,Incorpor~ndo aeSlJ:CClr~ctdade darela­
çãoteoria-práticanoensinocomou~apartedapr6~nacomunLcaçaoc~ltural nos
sistemaseducativosenasaulas.é,poiS,umenfoquemtegradordeconteudos~for­
mas,vistoqueoprocessosecentranadialéticadea,:"bos~saspectos.Ocurrk~lo é
métodoalémdeconteúdo,nãoporqueneleseenunciemonentaçõesmetodológlca.s,
proporcionadas
emnossocasoatravés dedisposiçõesoficiais,mas.por quê.
~~melO
deseuformatoepelosmeios comquesedesenvolvena práuca,condiCionaa
profissionalizaçãodosp~fessores e a~rópria ex~riêm:ia do~alunos~oseocupare~
deseusconteúdosculturais.Vê-se,asSim,umadlmensaomllsaperfeiçoadadoenSI-

52JGJmenoSacnstán
nocomofenômenosocializador detodososquepanicipamdele:fundamentalmente
professoresealunos.
ParaSchwab
(1983~e Reid(1980,1981), osproblemascurriculares nãopodem
serresolvidoscomaaplicaçãodeumesquemaderacionalidadedotipomeios.fins
masatrav~sde~ma.racionalizaçãopráticaoudeliberação,àmedidaqueestamo;
f~nteaumaprátIcaIncertaqueexigecolocaçõesracionaisadequadasparaabordara
Sltuaçlíot~1co~se.apresenta,emmomentosconcretos,sempoderapelarparanor.
mas,t~ntcasould~lassegurasdevalidadeuniversal.Schwab(1983)ressahaque:
"asgeneralizacOUsobceaciência,aliteratura,ascriançasemgeral,ascriançasou
professoresdecertaclasseoutipoespecíficopodemsercenas,maslogramessaposi.
çioemvIrtudedoquedei.umdelado,Asquestõesomitidassumn.emdeduasmanei.
rmovalorpriucoi11eona.ComfreqUêncianlosãoapenasimportantesporsimes.
mas..mastam~m, alémdisso,modificam-porsuapresença_ascaracterísticas
gel'alSInclu{dasnasteorias"(p.203).
.Os~tudoscurricularesdeveriam, porisso,deixarométodoteórico debuscar
leiSgeraISead~aperspectivaecléticaouprática.Éprecisoescolhert.áticasque
procure.m~hz.ar tnt~lfamente ospropósitos.asmetaseosvaloresqueslo,àsvezes,
contradltónosent":SI,sempoderprevercomsegurançaoresultado daaçãoescolhida.
Um
problema
~rátlCO ~pornaturezaincertoe~precisoresolvê-lopormeiodeum
processo
de
deliberação.
Adora-se,assim. umaposiçãodeincerteza,umtantoeclética, masemqualquer
casopoucocômoda.quemuitosoulrosdissimularamadorandomodelosanalógicos
pertencentesaoutros
camposdeatividade,como
ocorreucomomodelotecnológico
Talcomo~ch~ab(1983, p.198)acenadamenleobserva,afugadoprópriocampo~~
formamal~eVidentederevelarafraquezaedependência emrelaçãoaoutrosmode.
losd~t~nUlÇão. Afraquezadosestudoscurricularesprecisa serbuscadaemsua
especifiCidadeenaprópriacomplexidade docampo.
.~a~Rei?(1980),osproblemassãodeíndoleteóricaouprática,eestespodem
~dlvldlrem Incertosouare~lver pormeiodaaplicaçãodeumdetenninadoproce­
~I~~n!o. Osproblemascumcularessãodetipopráticoeincertos, quereclamam
mlclatlv~ de,solu~ãoquepodemoscontribuircomid~iaseteorias,mas quesupõem
tambéminevitáveiS compromissosmoraisaosefazeraescolha. Quandoosfinsnão
são~x~se,a?mesmotempo,interpretáveis, quandoosmeiosparasolucioná-los são
apT/O,"múlttplos,.quandonãoexiste umaligaçãounívocameios-fins,ouentreteoria
eprátlc,a,
astentativasdesoluçãosãoincertas,experimentáveisemoralmente com­pro~etldas, Oe~tu?odecomoseresolvemosproblemaspráticosdentro dosistema
CUrricular
paradlsllntos.níveis de
decis~o(napolíticasobreocurrfculo,no planodos
pro~essores, etc,)~omelOparadescobnraspautasderacionalidadeimperantes numa
realidadeemomentosdeterminados.
.~discurso,centradonarelaçãoteoria-prática,propõeoresgate demicroespaços
SOCl8iSd~açãopar~, ~eles,poderdes
7
ov?lverumtrabalholibertador, comocontrape­
soa
teonas
detennlnJst~s .e.rep:oduclOmst~s emeducação,Masexpressamtambém,
talvez
numaopçãoPOSSib,listadentro desistemasescolaresesociaismuitoassenta-
·N.deRT:
Ponibilismo:Partido{un~oedmgJdoporCuidarnoúltimoquartodostcutoXIX,Quedefendia
umaevoluçãodemocnillCIdimonarqu.'aCOll5tlluclonaf.2."Tendênciaaaproveilar,panarealitaçiodedelermina.
dosfin~ouIdflU,as.poSSlblhdadeseXlslenlesemdouinnu,instituições,circun~l!nciu, etc.,aindaquenIosejam
afinsàqueles.(Fome,Dlccw""nodelo1t':"Iuat':lpaiíoladaRt':a/Acadt':mia&_""/,,\
oCUlTfculo53
dos,arenúnciaaproposições derefonnasocialmaisglobale dossistemasque,como
aeducação,associedadesreproduzem.
ParaproporcionarorientaçãoàaçãonasdiversassilUaçõcsnasquaisseopera
comocurrfculo.estaúlumafamfhadeteoriastemumcarátervago,mais
problemalizadorquefacilitadordeopçõesdeexccuçãosimplesequasemecânica.Um
problemaepistemológicofundamental noconhecimentosobreaeducaçãoresidena
elucidaçãodoqueseentendepor"orientaçãoteórica daação".Recusarapesquisa
dominante.admitiradebilidadeteóricaparafundamentaraprática,não~suficiente
senãosepõeemdiscussãoaomesmotempoo queentendemosporponleentreteoria
eprática;COrte-seoriscodeque,portrásdanegaçãodeumateoriadeusouniversal
para
guiaraprática,
seneguetambémovalorquemuitasdelastêmnarealizaçãode
juízosetomacladedecisõespráticas.
Ofato~que,fora dasproposiçõestecnológicas.e emmenormedidanatradição
culturalista.asteorizaçõessobreocurrlculoquemaisconseguirammudarhistorica­
menteasperspeclivassobreapráticaeducativasãoprecisamenteasmais"indefini.
das",asqueosseguidoresdereceitaspoderiamqualificar depoucopráticas:apreocu­
paçãopelaexperiênciadoalunoe ocomplexogrupodecontribuiçõescríticasepro­
cessuais.
Nãooferecem
t~nicas paragestionarocurrlculo, masfornecemconceitos
parapensartodaapráticaqueseexpressaatravtsdeleecomeleetambémpara
decidirsobreela.Seosprofessoresnão devempensarsuaaçãonemadaptaraspro­
postascurricularesquelhesslofeitas,emfunçãodeumaopçãopolíticaou
burocratizantedeseupapel,estasperspectivassãonalUralmentepoucopráticas.Se
defendemosocontrário,autilidade~indiscutfvel.
Àmedidaqueocurrículo~umlugarprivilegiado paraanalisara comunicação
entreasidéiase osvalores,porumlado,e aprática, porOUIro,supõeumaoportunida.
depararealizarumaintegraçãoimportantenateoriacurricular. Valorizandoadequa­
damenteosconteúdos.osvScomolinhadeconexãodaculturaescolarcomacultura
social.Masaconcretizaçãodetalvalorsópodeservistaemrelaçãocomocontexto
práticoemqueserealiza,oque, porsuavez,estámulticondicionacloporfatoresde
diversostipos, queseconvertememagentesativos dodiálogoentreoprojetoe a
realidade.
Sendo
expressãodarelaçãoteoria-prática emnlvelsociale cultural,ocur­
rículomoldaapropriarelaçãonapráticaeducativaconcrelaeé. porsuavez,afetado
pelamesma.
A
mudançae amelhoradaqualidadedoensinocolocar-se-ão, assim.nãoapenas
noterrenomais comumdepôremdiaosconhecimentosqueocurrículocompreende
paraseacomodarmelhoràevoluçãodasociedade,dacultura,oupararesponderà
igualdadedeoponunidadesinclusive,mas
comoinstrumentoparaincidir na
regulação
daação,transfomlarapráticadosprofessores,liberarasmargens daatuaçãoprofis­
sional,etc.
Asteoriascurriculareshaverão deserjulgadasporsuacapacidadederesposta
paraexplicaressadupladimensão:asrelações docurr!culocomoexteriore ocurrf­
culo
comoreguladordointeriordasinstituiçõesescolares.A perspectivadominante
dosestudoscurriculares, quepadeceudeumafortemarcaadministrativaeempirista
desdesuasorigens,nãopodesatisfazeranenhumadessasaspirações.

CAPÍTULO
ASeleçãoCultural
doCurrículo
Caracteristicasdaaprendizagempedagógicamotivadapelocurrículo:acom­
plexidadedaaprendizagemescolar
Oscódigosouofonnalodocurrículo
CARACTERíSTICAS DAAPRENDIZAGEM PEDAGÓGICA MOTIVADA PELO
CURRíCULO:ACOMPLEXIDADE DAAPRENDIZAGEM ESCOLAR
Naescolaridadeobrigatória,ocurrlculocostumarefletir
umprojetoeducalivo
globalizador,queagrupadiversasfacelasdacultura,dodesenvolvimentopessoale
social,dasnecessidadesvitaisdosindivrduosparaseudesempenho
emsociedade,
aptidõesehabilidadesconsideradasfundamentais,etc.Querdizer,por conteúdos
nes~
tecasoseentendealgomaisqueumaseleçãodeconhecimentospertencentesadiver­
sosâmbitosdosaberelaboradoeformalizado.lssoémuitoimportanteconceitualmente,
pois,naacepçãomaiscorrente,porconteúdosseconsideramapenas
oselementos
provenientes
decamposespecializadosdosabermaiselaborado. Osconteúdosdos
currículosemníveiseducativosposterioresaoobrigatório,
emgeral,restringem-seaos
clássicoscomponentesderivadosdasdisciplinasoumateriais.
Devidoaisso,otratamentodocurrículonosprimeirosníveisdaescolaridade
deveterum
carntertotalizador,enquantoéumprojetoeducativocomplexo,senele
refletir-se-ãotodososobjetivosdaescolarização.
Naescolaridadeobrigat6ria,ocur­
rículo
tendearecolherdeformaexplícita afimçãosocializadoratotal quetemaedu­
cação.
afatodequeestavámaisalémdostradicionaisconteúdosacadêmicossecon­
sideranormal,devidoàfunçãoeducativaglobalqueseatribuiàinstituiçãoescolar.
acurrículo,então,apenasreflete Ocaráterdeinstituiçãototalque
aescola,de
formacadavezmaisexplícita,estáassumindo,numcontextosocialno
qualmuitas
dasfunçõesdesocializaçãoqueoutrosagentessociaisdesempenharamagoraela
realizacomoconsensodafamíliaedeoutrasinstituições.Assumiressecaráter
glo­
balsupõeumatransformaçãoimportantedetodasasrelaçõespedagógicas,doscódi­
gosdocurrículo,doprofissionalismodosprofessoresedospoderes
decontroledes­
tesedainstituiçãosobreosalunos.
Vejamosalgumasdascondiçõesquecaracterizamessaaprendizagempedagógi­
cadaeducaçãobásica.
Trêsrazõesfundamentaisapóiameexplicamaapreciaçãodequeaaprendiza­
gemescolare ocurrículo,comoseureferencialordenadordesencadeante,sãocada
vezmaiscomplexos.

561 GimenoSacristán
a)Aprimeiraconsideraçãodizrespeitoàtransferência,paraainstituiçãoesco­
lar,demissõeseducativasqueoutrasinstituiçõesdesempenharamemoutrosmomen­
toshistóricos,comoafamf1ia,aigreja,osdiferentesgrupossociais,etc.Oingresso
dosalunosnainstituiçãoescolarseproduzcadavezmaiscedoe asafdatendease
retardar,oqueimplicaseencarregardeumasériedefacetasqueemoutromomento
nãoforamconsideradas,aindaquedealgumaformasecumprissematribuiçõesdas
instituiçõesescolares.
Aaspiraçãoaumaescolaridadecadavezmaisprolongadaéumdospoucos
pontosquefazempartedoconsensosocialbásicoemtomodosproblemaseducativos.
Osalunospassammuitotemponasinstituiçõesescolareseestasdesempenhamuma
sériedefunçõesqueemoutromomentonãoestiveramtãoclaramenteatribufdas.Se
estaapreciação
édealgumaformaválidaparatodotipodeinstituiçõesescolares,
paraas
queseencarregamdosníveisobrigatóriosepré-obrigatóriosémaisevidente.
Aescolarizaçãoobrigatóriatemafunçãodeoferecerumprojetoeducativoglobal
queimplicaseencarregardeaspectoseducativoscadavezmaisdiversosecomple­
xos.
b)Oprópriofatodepretenderfazerdaescolarizaçãoumacapacitaçãoparacom­
preendereintegrar-senavidasocialnasafdadainstituiçãoescolarfazdocurrículo
dessaescolarização,nosnfveisobrigatórios,umaintroduçãopreparatóriaparacom­
preenderavidareale aculturaexterior
emgeral.Reduzir-seaalgunsconteúdosde
ensinoacadêmico,
comjustificativapuramenteescolardevalorpropedêuticopara
níveissuperiores,éumaproposiçãoinsuficiente.Devidoaisso,setendeaampliare
diversificaroscomponentesqueosprogramasescolaresdevemabarcar.Oconteúdo
daculturagerale
dapretensãodeprepararofuturocidadãonãotoleraareduçãoàs
áreasacadêmicasclássicas
deconhecimentos,emboraestascontinuemtendoumlu­
garrelevanteeumaimportantefunçãoeducativa.
Asacusaçõesàsinstituiçõesescolaresdequedistribuemsaberespoucorelacio­
nadoscomaspreocupaçõesenecessidadesdosalunosnãoapenaspartemdeuma
imagemdeescolaobsoleta centradaemsaberestradicionais,emtomodosquaisesta­
beleceramumasériedeusoseritosquetendemajustificá-laporsimesma,mastam­
bémexpressamaaspiraçãomanifestaa
umcuniculodiferentequeseocupedeoulros
saberesedeoutrasaptidões.Umestudohistóricosobreaevoluçãodosprogramas
escolaresdemonstrar-nos-iaocrescimentoprogressivoe osurgimentoconstantede
novosconteúdos,objetivosehabilidades.Umaeducaçãobásicapreparatóriaparacom­
preenderomundo
noqualtemosqueviverexigeumcurrículomaiscomplexodoque
otradicional,desenvolvidocomoutrasmetodologias.
c)
PoroutTOlado,odiscursopedagógicomoderno,comoteorizaçãoquereflete
determinadasvisõesdo
quedeveseraeducação,recolhendovaloressociaismuitas
vezesdeformainconsciente,veiopreconizandoaimportânciadeatenderàglobalidade
dodesenvolvimentopessoal,unindo-se,assim,
àidéiadequeaculturadocurrículo
deveseocupardemúltiplasfacetasnão-específicasdaescolatradicional,detipomais
intelectualista.
Asescolasvãosetomandocadavezmaisagentesprimários desocia­
lização,instituiçõestotais,porqueincidemnaglobalidadedoindivíduo.Digamos
queampliamagamadosobjetivosqueseconsiderapertinentesevaliosos.Como
elastêm
quecumpriressafunçãoatravésdoscurrículosemboaparte,emborase
observematividadesparalelas
àmargemdeles,estessevêemultrapassadosquanto
aosconteúdos,aosobjetivoseàshabilidadesquedevemabordar.Umaconcepçãodo
currículoserefere,precisamente,atodasasaprendizagenseexperiênciasqueficam
sobaégidedaescola.
oCurrículo
57
Aaspiraçãoaumaeducaçãocadavezmaisglobalizadora étidacomoideologia
dominantepelasleiseregulaçõesadministrativasbásicasqueordenamtDdoosiste·
maeduclltivo,instalandodesdeoplanodalegalidadeessamentalidade
de"atenção
total"aoalunonosprópriosmecanismosdaregulaçãodosistemapor partedosiste­
madaadministraçãoeducativa.Atítulodeexemplo,oensinodaética
(curiosapre­
tensão),acriação
deatitudes,ofomentodehábitos,etc.
sãoobj.etodaregulação
administrativa,intençõesdocurrículoqueacabamsendosubmettdas
aosmesmos
padrõesdoensinodominantequeatingemqualqueroutroconteúdo.
Emborasaibamosquemuitasdasdeclarações
deprincfpiosdetodaleisão em
boaparteretóricas,aomenosacabamtendoalgumaoperatividadenos mecanismos
deintervençãoadministrativa.Aadministração,principalmente emcontextosdede·
cisãocentralizadacomoonosso,tendeuaregulartodooconteúdoeos
processosda
escolaridade,oquedáorigema
umclimadeintervençãoem
as~ctosqueemoutro
momentoospoderesdominantesdesejavamobterporoutroscammhos.
Oscontroles
passaramdeideológicos,explfcitosecoercitivos,aseremdeíndoletécnica.
Éimpor­
tanterefletirnasconseqüênciasquetem,paraocontroledoscidadãos,o
incremento
dospoderesde queainstituiçãoescolarficainvestida,numcamponoquala
adminis~
traçãoeoutrosagentesexteriorestendemaregularamplamenteo currículoeseu
desenvolvimento.
Paracitardoisexemploshistoricamentepróximos,mencionaremosadeclara­
ção
daLeiGeraldeEducaçãode1970',que, emseutítulopreliminar, declaraosfins
daeducaçãoemtodososseusníveisemodalidades:
"Um:aformaçãohumanaintegral,odesenvolvimentoharmônico dapersonalidadee a
preparação
paraoexerclcioresponsáveldaliberdade,inspirados
n.oconceitocristão
da
vidaenatradiçãoeculturapátrias;aintegraçãoepromoção SOCIale ofomentodo
espírito
deconvivência;tudoissoemconformidadecomoeSlabelecidopelosPrincf­
piosdoMovimentoNacionaledemaisLeisFundamentaisdo R.eino. .
"Dois:aaquisição
dehábitosdeestudoetrabalhoe a capaCIdadeparao
exercícIO
deatividadesprofissionais quepermitamimpulsionareenriquecerodesenvolvimento
social,cultural,científicoeeconômicodo
pais"(An.I).
Numcontextopolítico-democráticomuitodiferente,aLeiOrgânica
deDireito
daEducação(Lode),em1985,referenteaosnfveiseducativosnão-universitários,
apontaque:
Aatividadeeducativa,orientadapelosprincípiosedeclarações
daConstituição,terá,
noscentrosdocentesaque serefereapresenteLei, osseguintesfins:
a)Oplenodesenvolvimentodapersonalidade dosalunos.
b)Aformaçãonorespeitoaosdireitoseliberdadesfundamentaise noexercícioda
tolerânciaedaliberdadedentro
dosprincípiosdemocráticosdeconvivência.
c)Aaquisição
de
hábitosintelectuaisetécnicas detrabalho,assimcomo deco-
nhecimentoscientfficos,técnicos,humanlsticos,históricoseestéticos.
d)Acapacítação
paraoexercfciodeatividadesprofissionais.
e)Aformação
norespeitodapluralidadelingüísticaecultural daEspanha.
f)Apreparaçãoparapaniciparativamente navidasocialecultural.
g)Aformaçãoparaapaz,acooperaçãoe asolidariedadeentre ospovos"(An. 2).
.N.deR.T.:
EmLeisereferelilegislaçãodaEducaçãonaEspanhaem1970.

58l_GlmenoSacnstán
Nota-seperfeitamenteaincidênciadessaconcepçãoglobalizadoradaeducação
nasinstituiçõesescolares.quesereOetedepoisnasdisposiçõesqueregulamtodaa
configuração
docurrlculo. Ningu~m duvidadequeaeducaçãobásicadeumcidadãodevemcluircompo­
nentesculturais
cada
vezmaisamplos. comofacetasdeumaeducaçãointegral.Um
leque
deobjetivoscadavezmaisdesenvolvidoparaas
instituiçõeseducativasbási­
casqueafetatodos oscidadãosimplica umcurrlculoquecompreendaumprojeto
socializadoreculturaltam~m amplo.Nãoesqueçamos queessaeducaçãobásica
não~apenasaeducaçãoobrigatória, senãoqueopróprioensinomfdioestásendo
para
boa
partedejovensumnívelbásico,àmedidaque~freqüentadoporumagrande
maioriadelesquenãocontinuarãodepoisnoensinosuperior;maisainda.quando
essaeducaçãosecundáriapassaaserumnfvelobrigatório.
Exige-se
doscurrlculosmodernosque.
al~mdasáreasclássicasdoconheclnlen·
lO,deemnoçõesdehigienepessoal.deeducaçãoparaotrânsito,deeducaçliosexual,
educaçãoparaoconsumo,
quefomentemdeterminados
hábitossociais.queprevi­
namcontraasdrogas.
que
seabramaosnovosmeiosdecomunicação,querespondam
isnecessidadesdeumaculturajuvenil comproblemasdeintegraçãonomundoadul­
to.queatendamaosnovossaberescientíficoset6cnicos,queacolhamoconjuntodas
cienciassociais,querecuperemadimensãocst~ticadacultura, quesepreocupempela
deterioraçlodomeioambiente,etc.
Todaessagamadepretensõesparaaescolaridade,nummundo dedesenvolvi·
mentomuitoaceleradonacriaçãodeconhecimentoedemeiosdedifusãodetodaa
cultura,colocaoproblemacentral
de
seobterumconsenso$(Xislepedagógiconada
fácil,debatendosobreoquedeveconsistiromlcleobAsicodeculturaparatodos,
numambientenoqualoacademicismoaindatemraízesimportantes.Numasocieda­
dedemocrática,essedebatedeveultrapassar osinteressesdosprofessorese oImbilO
dedecisãodaadministraçãoeducativa.Chegara umconsenso~tarefaporsi56diffcil,
que
se
vecomplicadapelapluralidadecultural quecompõe:nossarealidade comoEs­
tadoepelac~ncia deumatradiçãonadiscussãodocurrlculobásico comoabase
cultural
deumpovo,comoaúnicabaseparamuitoscidadãos que
temessaoportuni­
dadecultural
comoamaisdecisivadesuasvidas.
Aamplitudedodebateficaexemplificadanosesforços
realizadosemoUlroS
contextosparaelucidarestasquestões.Aescolaridadebaseadanumprojetoeducativo
totalimplicacurrlculosampliadosparaesferas
quevãomais
al~mdoscomponentes
culturaistradicionaisdetipointeleclUal.
Definir
esseconteúdoculturaléalgomaisdoque ditarnovasdisposições
curricularesourealizar
uma
divisãodiferentedocurdculoentrediferentesgrupos
profissionais.Issoporquearealidadedessanovaculturadependenãoapenasdadeci­
sãoadminiSlrativasobrenovosconteúdosdoscurrfculos,mastambémdascondições
de
suarealização.
Umaaproximaçãoaoscomponentesdosnovoscurrfculosparaoensino
obriga.
t6rioserealizouapartirdeumaperspectivaantropológica,tratandodesintetizarnos
saberesescolaresoselementosbásicosparaentenderaculturanaqual seviveena
qualoalunoteráqueselocalizar.Ocurrículovemaser,nestaperspectiva,um
maparepreuntativodacultura.Estaposiçãotemseusproblemas,pois asperspectivaspara
analisarasinvariantesquesustentamaculturapodem
sermúltiplas,masaquiquere­
mosmencioná-las
comoexemplodeumaaproximaçãoàseleção docurrlculo,seeSle
hádeservircomoâmbitodesocializaçãoeinlroduçãonavidaexterioràescola.Intro-­
duzir-senaculturaenasociedade combasenoensinoescolarizadosignificaatender
a
umagamamuitovariada decomponentes
-umdebatemuitopertinente emnossa
oCurrlcul059
sociedadedentrodapolíticadeprolongaraescolaridadeobrigatória,o queSignifica
que
osalunosdevem
estarmaistempo emconlatocomaculturaeusos dasinstitUI­
çõesescolares.
Um
exemplodesteenfoque
~apresentadoporLawton(1983,p.31). Elesugere
quecomopontodepartidapararealizarumaselc:çãoculturalque configureocurrf­
culocomumparatodos osalunos,basedaeducaçãoobrigatóriA;podemsec.onsiderar
oitograndesparâmetrosousubsistemasculturaisque8i?resentamI.mponantesInleraç6c:s
entresi:I)aestruturae osistemasocial; 2)oeconômlco;3)osSistemasdeco.mumca­
ção;
4)oderacionalidade;5)atecnologia,6)osistemamoral; 7)odeconhecamentoe
8)oestético.
Necessita-se
deumcurrículo
certamemecomplexo.porqueessaculrurnexte­
riorcompreende facewmuitodiversas:
I.Sistemasdeconhecimento,decompreensãoedeexplicação darealidade:
exteriore
dopróprioserhumano.Uma
tecnologiaderivadadessessabe­
res.quecondicionaavidasocialeindivid~aI: c~msuasaplicações,na
produção,
suaincidêncianomeioeno
própnotndl~íduo, eque~preciSO
compreenderemalgumamedidaligadaao~conhe.el.menlosqueasusten­
tam,porque cadavezseintroduzmaisna VIdacotl~lana doshomens..
2.Possuilinguagensesistemasdecomunicação, verbaisenão-verbals~ apoia­
dos
emsistemasdesfmbolosvariadosecomplexos
para.tranSlTUt1rtlpos
muitodiferentes demensagens,tanto emnfveldecomunicaçãopessoal
comoatravésdemeiostecnológicos.
3.CullivafomuudeexprenãoestéticoquesereOetemempa~tasexpressi­
vasdiferentes(plástica,musical,dnunática,corporal,etc.). Impregnando
arealidadecotidiana:acasa,ovestuário,ourbanismo,ofolclore,a co-
municação,etc. . . .
4.Dispõedeumsistemaeconómicoqueregul~adlstnbUl~ão. dosbens,os
produtose osserviçosparacobrirasneceSSIdadesdosmdlVfduose dos
grupos. . ..
5.Tem umautruturasocialatravésdaqual seordenaa VIdadosmdlvíduos
edosgrupos:família,sistemasdeeSlratificação,c1ass:es~ociais.sin.dica­
tos,gruposmarginais,ordenação
dasrelaçõesentreosmdlvfduos deIdade
diferente,agrupaçãoterritorial,etc.
6.Organiza-se,
comoconjuntosocial,atravésde
siste/"tUlSde8ove~o que
regulam
osassuntospúblicos,distribuindo
res~nsabilidades, arbitrando
fórmulasparadirimir osconnitosemanter umSistemade ordementreas
pessoase osgrupossociais,etc. . ..
7.TemsistemasdevaiaresorganizadoseVISõeSdosentidodaVidaassenta­
dos
emcrençasreligiosas, emdiferentessislemasdenormas éticas.ideo­
logias,sislemasde
componamentomoral,etc.
8.Possuiuma
históriaatravésdaqualevoluCramlodosestes aspectosda
cullura,queéimportanteconhecer,paraidentificar-seou
nãocomela,
paraentenderosentidodesua
existênciaeestimularalgumtipo decoesão
social.
9.Dispõede
uma
sériedesistemasparoaprópriasobreviv2nci?e.paraa
transmissãodetudooquejáfoicitadofundamentandonostndlvfduos
pautasdealgummodohomogeneizad.oras~eperceber,explicaresentir.a
realidadequelheasseguremasobreVivênCianotempoatrav~sdasIfanSI­
çõesdas'gerações.ExiSleumadetenninadaculturasobreo cuidadodo
indivfduononfvelffsicoeosicolólZico.

60J.GimcnoSacriUÁll
Essaanálisedomeioculturalrecai nummapacurricularamplo,que!>erá
estruturadodemúltiplasformaspossfveis,agrupandoasdimensõesdaculluraem
diversasáreasdeconhecimentoedeexperiência,queàsvezespodemsedefinirem
áreasespecfficascomsentidopróprio,inclusive emdetenninadasdisciplinasnum
~do ~omento, eemoutroscasosdevemserdimensõesparaintroduzir empropor­
çaodIversaemoutrasáreas.Oesquemadeve,emtodocaso,servirdebaseparaa
seleçãodeconteúdosedeexperiências,nãoparaestabelecer"disciplinas"específi.
cas
emtodososcasos,poiseladarialugaraumajustaposição deretalhosdesconectados
ent~esi..Oresult.adofinalquantoaáre.asconcretasreguladas comotaispodeser
mUItodIverso,oImportanteéque,prev13mente,amoldagemdomapaculturalseja
completa.
Skilbeck(1984,p.193·96)sugerenoveáreasparaconstituironúcleobásicodo
cumculo,quepodemtervalorpróprio comoáreascurricularesemsimesmasouse­
remcomponentesdilufdos emoutras.Taisáreasdeexperiênciae deconhecimentosão
asindicadasaseguir.
I)Aneseofícios,queincluemaliteratura,amúsica, asartesvisuais,a
dramatização,otrabalhocommadeira,metal,plástico,etc.
2)Estudos
sobreo
meioambiente,quecompreendam osaspectosfísicosos
ambientesconstrufdospelohomemequemelhoremasensibilidadepara
comasforçasquemantêmedestroemomeio.
3)Habilidadeseraciocíniomatemático comsuasaplicações,quetêmrela­
çõescomoutrasáreas;ciência,tecnologia,etc.
4)Estudossociais,cívicos eculturais,necessáriosparacompreenderepar­
ticipardavidasocial,incluindoossistemaspolfticos,ideológicosede
crenças,valoresnasociedade,etc.
5)Educaçãoparaa
saúàe,atendendoaosaspectosffsicos,emocionaisemen­
tais,quetêmrepercussõeserelaçõestambém comoutrasáreas.
6)
Modosde
conhecimentocientíficoerecnol6gicocomsuasaplicações
sociaisnavidaprodutiva,navidadosindivfduose
dasociedade.
7)
Comunicaçãoatravésdecódigosverbaisenão-verbaisrelacionadoscom
oconhecimentoe ossentimentos,que,além dashabilidadesbásicasda
!fngua.
seocupedacomunicaçãoaudiovisual,dosmeios decomunicação
demassas,desuasignificaçãonavidadiária.nas
artes,etc.
8)Pensamento
moral,atos,
valoresesistemasdecrençasque,certamente,
devem
estarincorporadosaoutras
árease àvidadiária daclasse,maisdo
queformar
umcorpocurricularpróprio comfins
não-doutrinários.
9)Mundodo rrabalho,do6cioeestilodevida. Umaspectoparnoqual
outrasáreasdevemcontribuir,mas
quecertamenterestamoutroselemen­
tosdelocalizaçãomaisdiffcil.
Estassistematizaçõesassinalam
os"territórios"daculturade ondese
selecio­
namcomponentesdocurrfculo. Oscritériosparaselecioná·losentre elesmesmossão
osseguintes:buscar oselementosbásicosparainiciar osestudantesnoconhecimento
eacessoaosmodoseformas
deconhecimentoeexperiênciahumana, asaprendiza­
gens
necessáriasparaaparticipaçãonumasociedadedemocrática. asquesejamúteis
paraqueoalunodefina.determineecontrole
suavida,asquefacilitemaescolhae a
liberdade
notrabalhoe no
lazereasqueproporcionemconceitos,habilidades,técni­
caseeSlralégicasnecessáriasparaaprenderporsimesmo.
Aampliação
doque
estápassandoaserconsideradoculturaprópria documcu­
loprovocaconflitosecontradições,vistoquenãoexiste campoouaspectocultural
oCuniculo
61
quenãoestejasubmetIdoa
valonzaçõessociaisdlvel'"$4S.Asformasculmraisnãosão
senãoelabor3ÇÕCSsociaisvalorizadasdeformapeculiar emcadacaso.Qualquerfaceta
daculturaéobjeto deponderaçõesdiferentesnasociedade,éapreciadadefonna
peculiarpordIferentesclassesegrupossociaiseestárelacionadaainteressesmuito
diversos.Osaspectosintelectuais sãovalorizadosmais doqueosmanuais,porexem­
plo,pensa-sequedeterminadossaberessãobásicosparaoprogresso pessoalesocial
equeoutros sãoculturaacessória.Estasvalorizaçõesdesiguaissãodiferentes,por
suavez,entreosdiversosgruposculturais,classessociais,etc.,oque
introduzproble­
masquandooscidadãosdequalquerclasseecondiçãotêmquese
submeteraum
mesmocurrfculo.Veremosissomuitoclaramente, emnossocontexto, quandosefala
dapossibilidadede
umaculturacomumnumaescolacompreensiva paratodosos
alunosdeumamesmaidade,independentedesuacondiçãosociale desuasexpecta­
tivasacadêmicasposterioresaoensinoobrigatório.
Ossaberesadmitidos comoprópriosdosistemaescolar
játêm,porexemplo,a
diferenciaçã.oentreáreasoudisciplinasfundamentaiseáreassecundárias.Aimpor­
tânciadamatemáticaoudasciênciasemgeralcostumaserbastantemaiordoqueado
conhecimentoe aexperiênciaest~ticos, porexemplo.Existemmatériasfundamentais
paracontinuarprogredindopelosistemaeducalivoeoutrasnemtanto; háatividades
escolarespropriamenteditaseOUItaSconsideradas"extra-escolares",aindaquepos­
samsermaisalrativasque aspnmeiras.
Acultura
estámuitodiversificadae
seuscomponentesrecebemvalorizações
distintas.Nota-se estadiferençanaprópriacomposiçãodocurrículo, nasopiniões
dospaisedosprofessoressobreoqueéconhecimentovalioso,eaté
ospróprios
alunosacabamaceitando-a.Oconflitode
interessessemanifestadefOlTl1amaisevi­
dentequandosepretendemodificarsituaçõesestabelecidas,nasquais determinados
conteúdosestãoaceitos comocomponentes"naturais" docurrfculoe outrosnão.
Deve-seterpresente,sejaqualforaopçãocurricularque
emcadacasoseadote,
quetodosessescomponentesculturaistransformados
emconteúdosdocurrfculoofe­
recemdesiguaisoportunidades
de
conexãoentreaexperiênciaescolare aextra-esco­
larnosalunosprocedentesdediferentesmeiossociais.Bourdieu (citadoporWhitty,
1985,p.
61)destacouafaltadeneutralidadedo cumculoemduas
direçôes;porum
lado,aopçãocurricularqueseadotaé uminslrUmentodediferenciaçãoedepossfvel
exclusãoparaosalunos.
Oscumculasdominantescostumarnpedira todososaluoos
oquesóunspoucospodemcumprir.Poroutrolado,O cumculoé,deformapanicu­
lar,umobjetonão-neutro,especialmentenosconteúdosdoscursos de
Letras,Ciências
Sociaisehumanidades,nosquaishá
umapeculiardependênciaerelação como"ca­
pitalcultural"queoalunoprocedente doexteriortraz.Taisconteúdos
sãoensinados
atrav~sdeprocedimentosquerealizamcontinuamenteapelosimplícitos àbasecultu­
raldopróprioaluno.Nãosepodeesquecer,al~mdisso,que cadaumdessescompo­
nentescurricularestemdesigualprojeçãonofuturoenasaspirações dosdiversos
grupossociais.
Oalunoqueseçonfrontacomosmaisvariadosaspectosdocurrfculonãoé um
indivfduoabstrato,masprovenientedeummeiosocialconcretoe comumabagagem
préviamuitoparticularquelheproporcionacertasoportunidadesde algumafonna
detenninadase umambientepara darsignificadoao cumculoescolar.Nãoéfácil,
portanto,pensarnapossibilidade
deumnúcleodeconteúdos
curricularesobrigató­
riosparatodos,frenteaosquaisosindivfduostenhamiguaisoportunidades deêXIto
escolar.Acultura
comumdocurrfculoobrigatório émaisumobjetivo de
chegada.
porquê,frenteaqualquerproposta,asprobabilidadesdosalunosprocedentesde
meiossociaisdiversosparaaprendereobterêxitoacadêmicosãodiferentes.Daíque

62J,Glm('noSacristán
ocurrfculocomumparatodosnãosejasuficientesenãoseconsideramasOportuni.
dadesdesiguaisfrenteaomesmoeasadaptaçõesmetodológicasquede\lerãosepro­
dUZirparafa\loreceraigualdade,sempresoboprismadequeaescola,porsi"ó,nlo
podesuperarasdiferençassociais.
Seria
umerro
(Whiuy,1985,p. 68)conceberocurrfculocomumparatodos
comoaviaporexcelênciaparaaconquistadajusliçasocial,poisestaexigediscrimi.
~açõespositi\lasafavordosqueterãomenosoponunidadesperantetalcurrículo.
Incorporandoaocontel'idocomumparalodoso que~agenufnaculturadosmenos
favorecidos:aculturamanual.entreoutras.
_Aseleçioculturalquecompõeocurrículonão~neutra.Buscarcomponentes
cumcularesqueconstiluamabasedaculturabásica,queformaráoconteúdoda
educaçAoobrigatória.nãoénadafácilenemdesprovidodeconflilos.poisdiferentes
gruposeclassessociaisseidentificameesperammais dedetenninadoscomponenles
doque
deoUlroS.Inclusive osmais
desfav()(ttidosveemnoscurrículosacadêmicos
uma
oponunidadede
redençãosocial.algoquenãov&mtantonosqueIl!mcomo
funçioaformaçãomanual ouprofissionalizanleemgeral
Nocurrículotradicional daeducaçioobrigalória.aprimaziatradicionalfoi
dirigidaàculturadaclasse~iaealta,baseadafundamentalmentenosaberler.
escreverenasformalizaçõesabstraias.e,porisso.ofracassodosalunos dasclasses
culturalmentemenosfavorecidastemsidomaisfreqUente,devidoaofalodequese
traiadeumaculturaquetempoucoaver comseuambienteimedialo.Aculturaacadê·
micatradicionalnão~adominanlenacultura dasclassespopulares.Aevoluçãodos
sistemasprodulivos
em
paísesdesenvolvidoscomumsetordeserviçosmuitoamploe
processos
de
transformaçãoaltamentetecnológicos.querequeremumdomfnioamplo
demformaçãomuitovariada,levaànecessidadedepreparaçionessessaberesacadl!·
micosabslratoseformais.Aampliaçãodaculturaescolarparaosaspectosmanuais.
porexemplo.quesãocomponentesmaisrelacionados comessasclassessociais.nem
sempreéfacilmenleadmitidapelosqueestãoidentificadoscomaculturaacadêmica
eesperam,atravlsdela,aascensãoouaredençãosocialeeconómica.
Osalunosdediferentescolelividades,classesougrupossociaisque compõemo
conjuntosocialaoqualvai
sedirigirumsistemacurricular,têmpontosdecontato
comasdiferenlesparcelas daculturaediferemesformasde entraremcontalodesi·
guais
comela.Nessamesmamedida.partem comoportunidadesdesiguaisquea
escolaridadeobrigatórianão-selelivadeveconsiderar
emseusconleúdose emseus
métodos.Issosignificaquequalquerseleçãoquesefaçadosmesmosparaintegrar os
componentesbásicosdocurrfculorepercute emoponunidadesdiferenlespara osdife·
rentesgrupossociaisque,por
causadaculturaanterior
àescola,eSliodesigualmente
familiarizadosecapacitadosparaseconfrontarem
comocurrfculo.Aigualdade de
oportunidades
~vistadesdediferenlesperspectivas.e umadelas,que seligacoma
qualidadedosconteúdos
docurrículo.tendeaveraimportânciadosdéficitsculturais
particularesdosalunosparasuperar
oscurrfculos(Lawton,1975,p.27ess).
Aimportânciadodebatesobreacomposiçãodocurrfculodenfveisobrigatórios
reside,basicamente,
emqueaf
seeSládecidindoabasedaformaçãoculturalcomum
paratodososcidadãos.sejaqualfor suaorigemsocial.independenlementedesuas
probabilidadesdepennanêncianosistemaeducativo
emnfveisdeeducaçãonão-obri·
gatórios.Porisso.deveser
umaseleçãodeaspeclosqueabranjaasdiversasfacetasda
cultura.umaalternativaaosconleúdosdoacademicismo.considerandoasdiferentes
dotaçõesdosalunosparasuperarocurrfculoestabelecido.
Atarefanio~diffcil.àmedidaquesepodeenconlrarumcertoconsensosobre
habilidadeseconhecimentosiniciaisbásicospara
osprimeirosmomenlOsdessa es·
oCurrfculo63
colaridadeobrigatória.Aatual
e.'>Colaridadeprimária.aomenos~omo pontodepani­
da,oferece.aprincrpio, umcurrfculoigualparatodos.e ISSO~vIslocomoalgonatu­
raledesejável.embora,naturalmenle,nemtodoslenham
asmesmasprobabilidades
desucessoparachegaraofinal
Masoconsenso
sobreOcurrfculocomplica·seàmedidaqueopropomospara
outrosmomentosposlerioresdaescolaridade,quandojásefazemmaisevidentesas
diferençasindividuaisenlreosalunos,entredistinto~ gruposdealunosouqu~do
começamasmanifestaçõesdasexpectativasqueos~stêmparaseusfilho~.AqUI,o
debale
estritamenlecurricularmislura·se comaatitudepara comasdiferenças
inlerindividuaisouentre
gruposculturais,qualitativaequantitalivamente considera·
das.Deumpontodevistaliberalconservador".estassede~ema"c~lerislicas" dos
indivfduosqueconvfm"respeitar",favorecendo.desenvolvl~nto. m:us~uad~ para
cadaum,segundosuaspossibilidades.OconhecImentot6::mco-psl~I6glco ~mmanle
encarregou.sebastantebemdeenconlrarOSprocedimentosdediagnósticodessas
variaçõesinlerindividuais,mas nlodesuaexplicaç50.qu~onãoas~ácomoum
dado"objetivo"darealidade.SobessepressUPOSIO~legillmampráUC.8Sdeclaro
significadosocialquesegregamalunos deumamesn:aIdadeemgru~diferentesou
emsislemasdeeducaç50diferentes(ensmoprofiSSIonalizantee ensmoacacf!mlco,
porexemplo).Se,pelocontrário,asoportunidades~iguais.anle ocurriculosede·
vemadiferençasnossujeitos,explicáveispor suaongemSOCialecultural,o currícu·
10deveselomar.pelomenos. umelementodecompensação,jáquenãopoderá$l·lo
nuncadetotaligualizaçio.
Comall(1986)afirmaque:
"H'
gJllPOSdealunosdebaIliOrendImentoqueencontrampoucassatisfaçõesnotnl­
balhoalUainosúltllnosanosdieducaçloobrigatória.edevemosaceitaroobjet.vode
melhorarsuamoraleseurendimento.Masnlotevidentequeasoluçloconsista em
darrelevoIsuaSingularidadeesegregá·los.eontnllOOosospnndpi05nlo-seleuvos.
numacategoriaespecial,emIUlardenosperaunwmosq~tmudançasdtvtmosfo~er,
emellfoques.emmitodo.emmaterial.comofimdelhesaJudoragowr1os bell~ftclOs
deumcllrriclllocomumbempetUado(ogrifotnosso),quelenhaporobJetosatisfazer
asneceS5idadtsquetememcomumcomtodosseuscontemporifleosecomseus fulU­
rosconcidadlos"(p.65-66).
Este~osentidode umaeducaçãocompreensiva.naqualserealizaumcurrfculo
básicoigualpara todos,fazendoesforçosnaformaçãodoprofessorado.adaptação
metodológicaenaorganizaçãoescolar.paraquetodos osalunosposs~obterum
mínimoderendimenlO.Adiversidadedealunospode sertratadacomdiferentesfÓr·
mulasquenãosãonemequivalentesentresi,nemasc~ticas quantoa seusefeitos
sociaisepedagógicos.
I)Pode.setratardadiversidadepropondoapossibilidadede optarentredi·
ferentesculturasparadiferentestiposdesujeitos.queé a segregaçãoso°
cialqueimperanosistemaeducativo,maiorq~anlomais~oéaesc?lha
entreviasalternativasdentro domesmo.AmdaqueestejamprevIstas
ponlesdecomunicaçãoentreelas,nemsemprefuncionam
comfluidez,
nememduplosentido.Este
~ocasodaseparaçãodecullurasentreo
buchilleratoe afonnaçioprofissional.
·N.deT.:Nooriginal.liberalcOt!Ser>'fldor,

64J.GlmenoSocml.lln
2)AdIversidadepode~rabordadaoferecendodentrodoscuniculosmódulos
oudisciplinasopcionaisque
pennitama
acomodaçãoentreinteressese
capacidadesdoalunocomaofertacurricularQuando essesmódulosou
materiaistêmcorrespondênciacomsubculturasdesigualmentevaloriza_
dassocialeacademicamente,adiscriminaçãosocialque
seproduzianaopçAoanteriorvoltaaserepetirdenlfOdoprópriocuniculo.Reproduz-se
dentrodeumamesmaescola,o queantesocorriaentreescolasdistintas.
Esteseriao casose,paraefeitosdaaquisição dedetenmnadoscrtditos
paraobterummesmotítulooucertificado,oalunopudesseescolherentre
ummóduloacadêmico-intelectualou outrodetipomanual.Adiscrimina­
çãoselegitimamaisseasopçõessevaloriz.amdesigualmentenoprogres­
soposteriOf"doalunoounapassagemparaoutronfveleducativo.
3)Adiversidadepode
serenfrentada
propondoopçõesmternasdentro de
umamesmama~riaouáreacomumparalodos.TraIa-se demoldaro
conteúdointerno
dasmesmas
parapodersatisfazerinteressesdiversos
dosalunos,respondendoàsdiferençasdentrodaaulacomametodologia
adequada,
ounaescola,comfórmulasque
nãosuponhamsegregaçllode
alunosporcategona,excetonos
casosestritamenteimprescindfveispara
garantiroprogresso
detodos.Pode-sepropor,porexemplo,dentro da
Ci!ncia,módulosmaisteóricosemódulosmaisaplicadosàtecnologia,
mantendo
umtroncocomumigualparatodosaolado departesopcionais
damatéria.
4)Otratamentodasdiferenças
podeserrealizadonãocomorespostasten­
dentesasatisfazerdiferentesinteressesoudesiguaiscapacidadesque de
faloseconSIderamintransponfveis,mas comocompensaçlliododéficilde
entradafrenteàculturaescolarquesepoderiasuprir ouaomenosmitigar
comumamaioratençlliotempoerecursosdedicadosaosalunosquemaiso
necessItam.Aatençãopessoaldetipopsicopedagógico,professores de
apoioparaalunos comdificuldades,horários dereforçoparaessesalu­
nos,etc.
slIiofórmulascompensatóriasquediscriminampositivamente.
5)Pode-sefazermuitopelaigualdadedeoportunidadeseducativas
dealu­
nosdiversosentresi,simplesmentemudandoametodologiaeducativa,
fazendo-amaisalrativaparatodosealiviando
oscurrículosdeelementos
absurdosparaqualquertipodealuno,queapenasuns,porpressãoeaten­
çõesfamiliaresoupelaexpectativasocialdeconseguirsatisfaçõesalongo
prazo,suportammelhore
commaiscoragemdoqueoutros.
6)Apesar
detudo,
asdiferençasindividuaise adesigualdadedeoportunida­
d~~frenteàculturaescolars~bsistirão, devendoosistema escolarpossi­
bllttarquequalqueropçãosejareversível:
entrecaminhoscurricularesdi­
ferentes,tiposdeeducação,etc.
OajusteaomercadodetrabalhoaluaIe àsdiferençasexistentes entreosalunos
e
entregrupossociaislevaapreconizarasegregaçãodosalunosemsistemas
curricularesdiferenciados,bemcomoa se
quererromperacompreensibilidadeo
quantoantes,acrescentandooargumentotécnicodeque,dessaforma,
sesuperam
dificuldadesdeorganizaçãoescolareque,inclusive,dar·se-iaumnfvelmaisbaixo
de
fracassoescolar.
Mas,porumlado,aprópriaevolução
domercadodetrabalho, comtecnologias
derápidaimplantaçllioeobsoletividade,
exigeparaaforçadetrabalho umaformação
básicageralmaispolivalente,quefacilitesucessivasadaptaçõesdostrabalhadores.
oCurrículo
65
Se.alémdisso,deumpomodeviSla SOCIal,queremutilizara escolaridadeobrigató·
riae ocurrículo comoconteúdodamesmaparamlllgardiferençasindIviduaiS, ex­
pressãodeoportunidadessociaisdeSiguais,proporcionandouma
baseculluraleS!>en­
cialmenteigualparatodos,éprecisoapoiarocurriculocompreensIvo comumnúcleo
culturalomais amplamemepossfveligualparatodos,aindaque saibamosdeante­
mãoquealunosdeprocedênciasocialmaisheterogênea,c~rsando ummesmocurri­
culodurantetempomaisprolongado.prodUZIrãOumrendunentomédIOmaISbaiXO
nosistemaescolar. Oindicedeêxito-fracassodaescolanãopode sernuncaomotivO
básicopara
julgara
eficáciadossistemasescolaresedocurrlculo,senãose~Iaciona
comamodelagemdeseusignificadoeseanalisaaculturaquecontém, dlstmgumdo
sefavoreceaunse aoutros,conectando-o comoutrasquestõesfundamentais, como
adeaquemaeducaçãobeneficia.
Aqueda
derendimemoéoque
ocorreusemprequeseprolongouo ensinoobriga­
tório,emborao
dos
melhoresalunosnaosedeteriora.como sedemonstrouemdi\'ersos
estudos(Landshoere,1987,p.42). Oargumentodoêxito-fracassoescolarrelacionan­
do-ocomumaformadeorganizaraeducaçãoe ocurrlculoéenganoso.Talcomo
assinalaesseautor,seosJogosolimpicosseabrissemaqualquerumque quisessepar­
ticipar,
ou
obrigássemostodosafazt.lo,semumaseleçãoprévia,evidentememeos
rendimemosmédiosbaixariam,amdaque semantivessemosdosmelhoresatletas.
Indubitavelmente,ocurrlculoparatodoscomumnúcleocomumnaeducação
obrigatóriaexigerecolocarosentidoeconteúdodaaprendiza~em edorendimento
escolarnasinstituiçõesescolares,abnndoseusigmficadoadiferentes senlldosda
culturaparaquetodostenhamoportunidades deencontrar"."'i~referenciaisnelae de
seexpressarmaisdiversificadamente,segundosuasposslblhdades. OColllg~ d~
France(1985)sugeriaaoPresidentedessaRepública,respondendoàpetiçãoque
estelhefezpararefletirsobreoensinodofuturo,queestedeveriacombater·
.....avisAomonistadalntelillncia.quelevaahierarquizarasformasderealizaçãoem
relac;!Oaumadelas,ampliandoasfoooasdeexcelfnciasocialmentereconhecidas"Cp
17).
"Porrazoesinseparavelmentecientificasesociais.seriaprecisocombaterIodaslb
formas.inclusiveasmaissutis.dehierarquiz.açlodepráticasesaberes,espeCialmente
aquelasqueseestabelecemenlreo'puro'eo'aplicado',enlreo'teórico'e o'prático'
ouo't~cnico" Cp·IS).
Aseleçãodeumtipodecultura
compredomfniosobreoutrainduz osprivilegia­
dos,queseligam
coma
culturadominante,aadquiriremcadavez maiseducação
especializada,comtodasasmutilaçõesqueaespecialização comporta,eosmenos
favorecidosaofracassoescolareaodistanciamentoconseqüentedo mundocultural.
Tarefa
esta
quenãoéprecisamentefácil,senão sefazemesf?rçoseseadotam~edidas
específicas,quandoboapartedoprofessoradoedosmecamsmosdedesenvolVImento
curricular,meiosdidáticos,livros-texto,etc.sãoàimagemesemelhança dacultura
intelectualistaeabstratadominante.
Esteéodebatedaescolacompreensivaparaaeducaçãosecundária obrigatória
quepretendedistribuirumaeducaçlliocentrad~ emdetenninadosconteúdos?ásicos
iguaisparatodos osalunosdeumamesmaIdade, semdesdobrá-losemSIstemas
paralelos:unsparaomundo
dotrabalhoeoutrosparacontinuarsubindo
pcl?scurrf­
culosmaisacadêmicos.Desdeohumanismosociale opensamentoprogressIsta,que
defende
os
interessesdosmaisfracos, sedáênfasenabuscadeelementosculturais
deprogressivaigualdadesocial Oconservadorismobuscarámaisoscurrfculosse-

661.GlmtnoSacristán
gregados.maiscoerentes comahIerarquiasocial.Odebatesobreosconteúdosdo
cunículoéumproblemaessencialmentesocialepolftico.Oconteúdo deconheci_
mentodocunículo,longederepresentaralgodado paradesenvolvertecnicamente
deveserviSlOcomoumaopçãoproblemáticaque éprecisoesclarecer. '
.Umexemploevidente dosconflitosdesencadeadospelaampliaçãodoconteúdo
cumcularparaoensinoobrigat6riosenotaquandosepretendeque,nocurso dames­
ma,todososalunostenhamumafonnaçãoqueabranjaosaspectosintelectuais.t&_
mco:s.manu~s,. etc.daculturae daexperiênciahumanas.Quandoaintroduçãode
oficmasouaI1vuiadesparalelasdetrabalhomanualérealizadaemumnívelelemen­
tar,apropostapodeseestabelecereseraceitasemgrandesresistências.Atépodeser
u.melementodedi~tração paraoalunoe,nessamedida,proleçãolubrificantedo
Sistema
que
transmiteoutrossaberesmaisabstratosemenosinteressantes.Agora,
quandoumaáreaoumódulosobreatecnologia damadeira,dometal,etc.tenhacena
importânciaeimpliquediminuirpossibilidadesparaaprofundarnaeducaçãomate­
mática,cientffica.etc.,porexemplo-ouemtudooquesecostumaconsiderarcomo
disciplinasfortesebásicasdocurrículo
-,émuitoprovávelquesuaimplantação
encontreprevençõesporpartedospaisquetêmexpectativasparaseusfilhosnão­
rela.cionadas
comotrabalhomanuaLEntãosefalaemdegradaçãodaqualidadedo
enSIno.
Enc~ntramos um.exe~plo doqueestamoscomentandonavalorização quefize­
ramospaiSdealunosImplicadosnarefonnadoensinodoúltimociclodaEGBque
começou~operi~oescolar1984-1985.Ocunículo,propostocomoexperimental,
supõededicarmaIsatençãoàtecnologia,aumametodologiamenosmemoristicana
qualaprimaziaestejamaisnaaprendizagemativa,naconexãocomomeioambiente
n.~~Iização deatividadesculturaisdivel'58S.etc.Oprojetodeavaliaçãodestaexpe~
"enClamostrouque,emboraospaissemostrassemmajoritariamentedeacordocomo
novoestilodeeducaçãoquesedesenvolviacomseusfilhos,asreticências devários
tiposerammaisprováveisdeseremencontradasnaquelesquehaviamcursado um
nfvelmaisaltodeeducaçloescolar(GimenoePerez,19800).
Taisreticênciastinhamavercomapoucavalorizaçãoqueeraconcedidaaos
novos.comJl:O~en~ docunículo00aoutrasatividadeseconteúdosquenãofossem
osmaistradiCionais.quesãoosque,acreditam,vãofavorecerseusfilhosapassarnos
e.s!Udosdebachilluato.Ospaiscommaiornívelculturalsãoosqueestãomaissocia­
lizadosnosv~ores ~dicionais d.osistemaescolar.jáqueelespassarammaistempo
neleetêm
maiSarraigadaa
ConVicçãOdeque05saberesacadêmicosestãoligadosa
melhoresoportunidades
depromoçãosocial.Certamente,têmexpectalivasmaisaltas
para
queseusfilhossigamestudossecundáriosetememqueonovo cunículopossa
lhestirarpossibilidades.
Asmudançascurricularesencontramincompreensõesnosqueviveramumacul­
!Uraescolardiferente,mas,nocasoqueapontamos, acreditamosvertambém, defor­
"':Ia~uito sig~ificativa, avalorizaçãosocialdosconteúdostradicionaisligadosàsdis­
clphnas
cláSSICascomorecursosdeprogressoacadêmicopelopr6priosistemaescolar.
Nãonosesqueçamosdequeosprópriosprofessores,lalvezmaisqueosoutros,visto
quepossuemmaisexperiênciaescolar,estãoimbuídosdessesmesmosvalores.
Ospaissabemmuitobemqueumconhecimento
émaisvalioso doqueoutro
paraqueseusfilhossigamprogredindopor umsistemaeducativotalcomoestefun­
cionanaatualidade.Podemconsiderarqueosnovosconleúdostêmmenor"valorde
troca"n~~sinomédioesuperioraoqualaspiram.t:umexemplodequeacrescentar
novosobjetlvOSeconteúdosnoscurrículosdesencadeiainteraçôescomplexasna trama
social,ondenemtooasoselementosdaculturatêmomesmovalor,comonãoostêmno
oCurrículo
67
própriosistemaeducauvo.Aaquisiçãodediferentestiposdecultura,nãosomentede
umtipooudevários,temefeitosimportantesna Vidadosmdlvíduosdentrodeuma
sociedadenaqualosvaloresdominantescOll'lcidemmaiscomunssaberesdoque­
comoutros.Afonnaçãocientífica,tecnol6glca,humanística,esléllCa,manual.elc.
temvalorizaçãosocialmuitodesigual.oquesetraduzematitudesdospais,dos
professoresedepoisdosalunosparacomosdiversoscomponentesdoscurrículos.
Aeducaçãoobrigatória,desdeumaótlcademocrática,nãotemafunçãodeser
hierarquizadoradosalunosparaquecontinuempelosistemaescolar, masadepro­
porcionarumabaseculluralsólidaparatodososcidadãos,sejaqualfor seudestino
social.Masatradiçãohistóricaseletivaehierarquizadora,queafetamuitodirela­
menteoprofessorado,configuradapelatradiçãoacademicistaepela
ideologiadomi­
nantenossistemaseducativosseletivos,
éumprodutodafunção dominantequeos
currículosvêmdesempenhando.Mentalidadequesetransferiuparaa
educação
bási­
caeobrigat6ria.Oscomponentescurricularesparaumaeducação básica,quesão
maisamplosquantoaaspectosculturais,exigemumatransfonnação nessaconcep­
ção,nosprocessosmetodológicosemudançasimportantesespecialmente
noprofes­
sorado,que
éseuprincipalmediador.Casocontrário,serãoosvelhos esquemasos
quedarãosignificadoconcretoaqualquerinovaçãoqueseintroduza.
Aampliaçãodeencargosdaescolaridade,queacabamserefletindo
dealguma
formanacomposição
docurrículo,temamplasrepercussões emtodaa organização
escolar,noprofessorado.nosmecanismosdecontrole,nasrelações entreainstitUI­
çãoeospais,napr6priaindefiniçãosobrequal éo
con~ecimento eosp':OCedimentos
pedag6gicosmaissegurosquepossamordenartudo ISSO,seéqueeXistealgum,e
numcertosentimento
deimpolênciaparaordenarludoissoedominá-lo comalguma
segurança.Formalizarprocedimentos
deensinoparaobjetivostãodiversos.comple­
xoseconflitivosnão
é
tarefasimples,aflorandoclaramenteaimpotência doconheci­
mentoaluaipara
entenderegovernaras
práticaspedag6gicas,oquedeixaoprofesso­
radoàmercêdeumamaiorpressãosocialeinstitucionalsobreseutrabalho,aoqual
tem deresponder
commaiscapacitaçãoprofissional.
Aampliação
dcsconteúdoscurriculares,sem umamudançaqualitativa 110tra­
duçãoqueoslivros-tatofaumdelesparaosprofessoreseparaosalunos,assim
comonosprocedimentosdetrtl1lSmissão.semumilatitudediferente!"nteaosmes­
mos,agravardosdefeitosatribuídosàeducaçãotradicional.Osconteúdosaumen­
tamquandoosencargosexplícitosdocurrfculoofazem.Ousepropõeumaescolanda­
desemfimou~precisosintetizar,filtrareselecionarmuitocuidadosamenteoscompo­
nentesdocurrículo,revisando-seaformadedesenvolvê-los.Asobrecarga
dosprogra­
mas
éodefeitoprópriodeumaampliaçãodoâmbitoculturaldaescola semessas
outrasmudançaserevisõesquedeveriamirparelhas.
Aampliaçãodocurrículoimplica,também,anecessidadederevisarosentido
dossaberesclássicos
quefonnampartedaculturaconsideradacomoo legadovalio­
so
noqualiniciar,dealgumamaneira,atodososcidadãos.Nofinal dascontas,a
experiênciahumanaacumulousabedoriaemcamposmuitodiversos
q~e,.comoleg.ado
cultural,valeapenatransmitir.Muilasvezes,dediversosângulos,alnbUl~se defiCIên­
ciasàcomposiçãodoscurrículosnosentidodenãoconteraculturamteressante,
porqueestãocompostosderetalhosde saberdesconectadosentresi.carentes
dees­
trutura,quenãorepresentamasinquietaçõesmaisrelevantesem
cadaumdeles,que
nãosabemtransmititaprópriasubstânciado
saber,queooferecemdescontextualizado
desuagênesehist6rica,comosefosseumacriaçãocarentedevidaedinamismo.As
disciplinaseáreasdosaberqueformamoscurrículosescolaroessão,emmu.itoscasos,
seleçõcsamitnirias,semcoerênciainterna,quenãotransmitemnem cultivamaes-

681.GlmenoSacmlán
sênciabásicagenuínadecadaáreaAlgoparecido sepodedizerdaapresentaçãoda
culluraqueoslivros-textorealizamemmuitoscasos.
Oconfrontoentreumcurriculopropedêutico.parapodersegUIrporníveissupe­
rioresdeeducação,eoutroquetenhasentidoporsimesmoeproporcioneumacultura
geralparte,àsvezes,deumaproposiçãofalsa.provocadapelaconcepção dacultura
queaescolatem.Esseconfrontoéproduzido,muitasvezes,pelaseleçãodoscompo­
nentes
quesãointroduzidosnocurrículopropedêuticoparaoutrosnfveisdeescolari­
dade,
quedeantemãopodedarchanceànegação deseuvalorcomocomponenteda
culturageral.Conhecerumadisciplinaou umaárea,ter umdetenninadonfvelde
domínio,
podesignificarmuitascoisasdiferentese
dedesigualvalorintelectuale
educativoparaoaluno,paracompreenderoqueaconteceàsuavollaepoderobter
aprendizagens
quelhefacilitemoposteriorprogressopelosistemaeducativo.
O
renexonosmateriaisdidáticos,dosquaisdependemosprofessoreseosalu­
nos,assim
comoaposseporpartedosdocentesde umconhecimentoqueabranja
todooessencialquecaracterizaumcampo
desaber,convertidonumaparcelado
currfculo,émuitoimportante
parafomentarumtipoououtrodeeducação.Diferen­
ciaremqueconsisteodomínio deumaáreaédecisivoparasecompreenderosvalo­
reseducativos
emgeralparatodososalunose
poderprecisarnecessidadesdefonna­
çãonoprofessorado.KingeBrownell(1976, p.68ess.)ressaltaram umasériede
dImensõesdoconhecimentonasdisciplinas,quepoderíamospornossaparteestender
paraasáreascurriculares,equeresumimosaseguirparaconsiderá·las
numaleoria
docurrículo,naseleçãodeseusconteúdos,naavaliação
demeiosdidáticos,nafonna­
ção
deprofessoresenapráticadoensinoemgeral.
I.
Umcampodeconhecimento
é,antesdemaisnada, umacomumdadede
especialistaseprofessores
quecompartilhamumaparcela dosaberou
umdetenninadodiscursointelectual,comapreocupação
derealizarcon­
tribuiçõesparaomesmo.Nãoestamosfrenteaumavisãoacabadaou
frente
àcrençade
estardiantedealgodadoemonolftico,mas,pelocon­
lrário,frentea
umacomunidadequetemdimensõesinternas
eondeseus
membrosrealizamtarefasquediferementresi:uns
sededicamaosfun­
damentos.outroscontribuemcomnovoselementosqueafazemcrescer,
outrosdiscutemsuavalidade,outroscriticamseusmétodosemUltosou­
tros
sededicamaseuensino.Odomfniodocampo,por panedacomuni­
dade,implicatodoumespectroquevaidesde
umaminoriaquecrianovas
direçõesnodesenvolvimentodocampo,outras
quetrazemcontribuições
importanteseumagrandemaioriaqueensina
eminstiruiçõesescolares.
Nessacomunidade
comdiferentesencargos seproduzemdesconexõcse
faltadecomunicaçãoimportantes.Nãoé
fácilencontrarreferênciasnos
currículosaessecarátervivo.históricoenemsemprecoerente dossabe­
rescomocamposdeatividadehumana.
2.Umaáreadeconhecimentoétambémaexpressãodeumacertacapacida­
de de
criaçãohumana,dentrode umdetenninadoterritórioespecializado
ou
emfacetasfronteiriçasentre
váriosdeles,cujadinâmica semantém
seguindocertos
prindpiosmetodológicos.mas que
tambémsealimenta
deimpulsosimaginativos.súbitoseoportunos.
3.
Umadisciplinaoucampoespecializadodeconhecimentoé umdomínio,
umterritório,maisoumenosdelimitado,comfronteiraspermeáveis.com
umacertavisãoespecializadae,emmuitoscasos,egocêntricasobrea
realidade,
comumdetenninadoprestfgioentreoutrosdomínios. comcon-
4
5.
6.
7.
8.
oCurrículo69
flitosinternoseinterterritoriaistambém.com uma
deter~inada capaci­
dade
dedesenvolvimentonumdetenninadomomento hlstónco,etc.O
papelde cadaum
delesévariávelnahlst6naesuasfunções_dlversa~.
Umcam~deconhecimento~umaacumulaçãode tradlfaa,temuma
história.J:umdiscursolaboriosoelaboradonotempo atravésdoqu~1
acumulouusosetradições,acertoseerros,te~do ~assadoporumasérte
deetapasevolutivas.nasquaissofreucortes,Ilummounovo~camposde
saber,etc.
Oqueessecampoénumdado
moment? s~exphc~poru~a
dinâmicahistóricaafetadapormúltiplosfatos,contribUIçõeseclrcunstan~
ciasdiversas.Arelativizaçãohistórica dosabercosromaestarausentenas
visõesescolaresdomesmo. .
Umâmbitodesaberestácompostoporumadetennl~ada e~trut~ra
conceituai,formadoporidéiasbásicas.hipóteses.concellOS.prmdplO~,
generalizaçõesaceitas comoválidasnummomentodeseudesenvolVI­
mento,SãoosqueSchwab(1973,
p.4)chamoude estruturassubstan­
ciais,
quedetenninamasperguntasque
pod~mos nos.colocar,reclam.am
osdadosquequeremosencontrarequecammhosdeIndagaçãosegUire­
mos.condicionando,assim,oconhecimentoque
se.
produ2..Algumasdes­
sasestruturassubstanciaissãovi2.inhasdoconheCimentonãodemaslad?
especializado(órgãoefunçãoem,fi.siolo~ia, porexemplo)eoutroseXI­
gemníveisdecompreensãoedomlOlomaiselevados.(p~rtfcula.eondana
estruturaatômica).Sãoestruturasqueevoluem,sãolimitadas,mcomple­
tas,etc.,emboranoensino,emmuitoscasos,apareçamcomoelementos
estáticosparamemorizar. ..
Umaáreadesaber~umaforma deindagar,temumaestrulUrasmtáuca.
Ocampoécomposto deumasériedeconceitosbá~icosligados.~r ~Ia­
çõesentreeles. Seosdiferentescamposdeconhecimentos. o.udl.sclphnas
perseguemoconhecimentoatravésdeestruturassubstanclalsdiferentes,
haverátambémdiferençasquantoàfortllacomocadauma delassedesen­
volvee
comoverificaopróprioconhecimento(Schwab,1973, p.7)..A
menos
queimponhamosoconhecimentodadocomoalgo acabadoe
1~­
discutível,~fundamental.naeducação,trobalharestasestruturassmláll-
casnonívelque sepossaemcadacaso. .,
Oscamposdesabersupõem/ing~a~ens eslstem.asdes~mbolos
especializados,quecriammundosdeslgmficaç5espr~~nas.emdlfe~ntes
graussegundoasdisciplinasdeque seI.rate.com~facilitaçãoco~sequente
dacomunicaçãoprecisa queessescóc!tgospermiteme comadlficuld~e
deaproximaroconhecimentoaosquenãooposs~em. Boap~e.de difi­
culdadesnoensinoprovémde
sepretenderaproximar
es~ ~I~mfi:ados
precisosàlinguagem comumdosal,unos,paraquesuaaqulSlçaonaore­
sulte
numaaprendizagemdememÓna.
~
Asdiferentesesferasdosaberconstituem um.a~eranço. ou.acu~ulaçao
deinfonnaçãoecontribuiçõesdiversasmatenallzadas emtl~Sdiversos
desuportes
querepresentamasfontes
es~nciais para~contmuldaded.o
própriocampo.Suaacessibilidade.os meIOsdecomumcá-Iaaos.demals
sãofundamentaisparaodesenvolvimento~osabereparaapro~l~ar os
estudantesasuasorigens.Emcada
campodiferememsua
matenallda~e,
localização.formadeobtê-Ias,etc.Rel.acioná-lasaosal~noscom vane­
dadedefontes.iniciá-los
emseumanejoetratamento
~Importantepara
suaeducaçãoesuavidaforadasaulas.

70J,GimcnoSa<:ristán
oCUrrfculo71
"CulturaEscolar"e"CurrículoExterior"àEscola
t:evidentequeainstituiçãoescolarassimilalentamenteasfinali~des queo
niI I'"o....f1elecomoconseqüênciadasmudanças SOCiaiSeeconô-novocucuoampl ....,..., ..._AI .
" f,."desu'spropriascondi,õcscomomSlltlllçao.eOla8SS1-nucas,e queoazap....lr.. ,..._ fu.
milaãoproduzsuascontradiçõesna própnamstl!ulçaoquantoao~u ~clonarnen-
, . I oecessidadesdonovocurrlculoampliado saocobc:naslOAsSimporexempo,as . .
g~ralment~ atravésdeatividadesJustapostasaoutraspréViasdomma.nl.cdse
demcon­
"
, I I _••situa,õesEsteé ocasode certasallVIaesexlnl­
lradl,aocomeas emagu"...... . _ . .I"
aressaídas oexteriordasescolas,elc.,quelemcaraclenstlcascutura~s
~ol, paraeseoferecemaomesmolempoqueoreslOdoculTÍculomaiS
Interessanles,masqu ._-'de d lê
d"·,.Op~pn·osp"""fessores quepodc:mserquallficdUosrenovaores,10
traIclon.....sIV....'. • .vad tras
uerealizarum cenoequiHbriodecompromissoenlrc:atuaçoesIn.ooraseou
q.d·""A,~rtuntparaomundoexteriorsefaz,emmU!loscasos,através
maisIratClonals......... ...d··1....'dd ~
deb h relaçãocomOensinodasáreasoudlsclphnasIStnuul aseorma
mais~d%i~n~l oquesupõeumarecuperaç,iodo"novo"dentrodov~lhomolde.,
• d I"'"dadesmaisdecisivasdaculturae dasociedadealuaiS,
TalvezumaaspecUI..., . ·b"dniI
. . õesoconteúdoemétodosdaculturadlsln UIanoscucuos
=o~~~~:e~: que;própriaevoluçãodosmeios detransmiti.-Ia~ncrementa ~
sSibilidadesdeque oscidadãostomemcontatoco~elapelosmaisdiversoscanaiS
pc I A ladodaculturaedosmeiosparaentraremcomatocom
fimargemdosescoares.o . ·bTdd
elassibilitadospeloscurriculosescolares,exislemmUitasoutras~~IIIa:s
de~~1Unicação cultural.Hoje,ocidadãomédio cenamenletemmaisI~formaçao
. "ê·t--nologiaasculturasdeoutrospovos,aliteratura,a
sobreoumve~,acl nc18ea......, ._. If'I
. ·d" tgr.>t'asàsrevistasdedlvulgaçaoclenufica, aosasccuos,
músIca,osIlomas,ec.,'..,. .~. ed • Ira
aosmeios decomunicação,àsvisitasamuseu.s,àsexpenenclase ucaçaoex-
escolaresàsviagens,elc.,doquepelasaprendizagensescolares..
Um~característicalamemáveldasaprendizage~s ~olares contmuasendoque
, .d·.dasd..prendizagemexponencialextra-escolar dosalunos.
se:mantemmUllOISSOCla dIIfi
Essedistanciamentosedeveàpr6priaseleçãodeconteúdosde~tro ocu~nc~o e
. . ãodosrocedimemosescolares,esclerosados
naatuahdade.Areca
a~­
ntuahzaç p.med",d.queoestfmu[oculturalfora dainstituiçãoécadavezmais
mentaeseagrava,
amploatrativoepenetrante. . .
fád
Áexperiênciaculturalpré·escolareparaescolarémUI!OImportanteese .caa
.sobretudoàmedidaqueaescolamamenhasuasfoonasdetrans':l11s~ão
~~~o~~~s'A contradiçãoentreessesmundos écontráriaànecess~dade de~ueosmdl~~­
duoslo~mumdesenvolvimentocoeremeeadquiramperspectlV~S queJntegr~":l es•
mulos~uilodiversi(icados.Oscanaisextra.escolan:ssãoatr~tIV?S, semdUVIda,e
',.m.s'precisoverquandoservemparaliberarosmdlvfduoselhesdar
neCeSS<11IOS, '" .
consciênciacríticaequandosãoelementosdeahenaç~o econ.sumo.b tde
AsinovaçõesnatecnologiadeimpressãodemeIosescntos, o.ar~teamen o,
-e oaumentodeseumercadoesobretudoapopulanzaçaodosmeios
~~~i~~~~~edi~oddee"SmObl~:s a~:sinv~~::stoa:~:~;u~~ ~~1~1~~~~~: i;~Oa~~~~~ e~
nossaSOCIa.... . 1..-1 bldquem
I eralEmboraestasituaçãonosInduzaaesta.....eceropro emae.
cuturaemgl. .fonn.,'o""quantoéumpoderparaconfigurarasmentalidades
équecontroaessaln ,
9,Umadisciplinaé,inclusive, umambienleafeliMquenão seesgotana
experiênciaintelectual.Expressavalores,fonnasdeconceberosproble.
mashumanosesociais,umtipodebeleza;temoupoderia despenarum
cenodinamismoemocional,possuitambémumadimensãoestética. Esse
componenteéinerenleficriaçãodosaberedeveria serconsideradonas
experiênciasparaseuensino,cultivandoatitudes,elc.
Odesenvolvimentodosaberemgerale odecadacampoespecializadonão
supõeapenasincrementoquantitativo,mastambémmudançasprofundasnos
parndigmascientfficosedecriaçãoqueguiamageraçãodosaber,iSloé,mudao
conceitodoqueseentendeporsaber.Arelalivizaçãodoconhecimentoquetudoisso
implicaémaisumadificuldadenahoradeselecionaroscomponentesdocurrfculoe
deveserumaspectoaserlevadoemconsideraçãonaseleçãoculturalquesepropor.
cioneaosalunos.
~necessáriaumarevisãodoqueseentendeporsabervaliosonasaulas,quando
sefazumareformacurriculareprincipalmentequandoseampliaaobrigatoriedade
doensino.Pedemparaainstituiçãoescolareparaosprofessorescadavezmaisfun.
çõesquedesenvolverãosobosesquemasquehistoricamenteseestabelecerampara
cumpriroUlrasfinalidadesrelacionadas
commllrasformasdeentenderoconteúdoe
osentido
dacultura,Os
referenciaiseesquemasexistentes,senãoserealizamas
mudançasnasdimensõesapontadas,modelarãooconteúdoinovadordosnovoscuro
rículos.
ISloéimponantequando
sefalardemelhoraraqualidadedoensinoequando
talvezseadolarareformacurricularcomoabandeiradessatransfonnação.
Atendênciaparaaampliaçãodeconteúdosnoensino éumarespostainevitável
paraodesenvolvimentodaeducaçãoobrigatória,renetidanocurrículocomoinslru­
mento
desocialização.Ampliaçãodefinalidadeseconleúdos quepode
sechocar
comodesdobramentosocialparacommélodoseaspectosconsiderados"seguros"
noambiente
de
revisãoqueossislemaseducativosdospafsesdesenvolvidosestão
vivendocomoconseqüênciadapressãoeficientistanaeducação,numafaseecon6mica
menosexpansiva,
queeSlimulaosrenexosconservadoresda
sociedadeedosrespon­
sáveispolflicos,reduz.indo-se:oOlimismoprópriodasfasesdecrescimentoacelera.
do.
Umexemploevidentenomundoocidentalsãoosmovimentosderegressoaos
saberesbásicostradicionais(backrobasics),provocadospelosreconespressupostos,
quepõememdúvidaossaberes"novos"nocurriculoe ainlroduçãodemateriaispara
responderanovosconhecimemos,e,
emgeral,todomodeloalternativodeeducação
quedêmais
imponânciaaosinteressesdosalunose àampliaçãodoconceitodecultu.
rarelevante,aosquaisseacusadenãohaveremsidocapazesdeerradicaroanalfabe­
tismofuncionaldemassasimponantes
dapopulaçãoqueesteve,inclusive,durante
longotempoescolarizada.
Aconsciênciadecrise,desdeumaperspectivaeficientista,
éevidente,porexem­
pIo,nosEUA,diantedotemordacompetênciatecnológicaemilitarquepõe_
sediz­
anaçãoemrisco;semanifestanummovimentodemaiorcentralizaçãodocurr(culo
nosistemabritlinico,comaconseqüenteperdadeaUlonomianosistema,etemoUlros
reflexos
emoUlrospa(sesdaEuropa.Tudoisso,relacionadoàascensãoemcenos
casosdasforçaspolfticasconservadoras,fazduvidardosbeneffciosdocurrlculocom.
preensivoedequalquerinovaçãoquenãoseatenhaaosfundamentosculturaisda
ciência,àintroduçãodasnovastecnologias,etc.
Emnossocaso,areformaqualitativadetodooensinoobrigat6rio
éumproble­
maurgentecomorespostaaumsistemaescolarobsoletoquenão
pôdeexperimentar
asrefoonasnecessárias,estruturais equalitatIvasnomomentodeseu
mento.
desenvolvi·

72 GlmenoSocri án
dohomemexpostoatãodiversasmfluências,proporcionaamdubitávelpossibilida_
dedeuma cenadcmocl1l;tiz.açãodossaberes.Considerandoaincidênciaque osco­
nhecimentoselaborado~ têm,especialmenlcoscientfficas,sobreaalividadedosho­
mensedassociedades.adivulgaçlo doconhecimenlopelosmaisvariadossistemas~
uminstrumentodecontroledemocráticonassociedadesmodernas. Nocampocientí­
ficoetecnológico, asconseqüênciassãoevidentes.Aconsciênciaecológica,aluta
contraamIlitarizaçãodaciência cdainvestigaçãoexpressaspordistintosmovimen.
lOSsociaissãoconseqüênciasdeumademocratização dosabercientrficoqueadver­
temcontradetenninadosusosdomesmo.
Roqueplo(1983)afinna:
"...nummundocmque.'ciência'constituiumpoderquepcnelrlattocoraçlliode
nossavidacotidianacnoqual~reivindicadacomo\egitimaçlodopodersocial,só ~
possfvelumaverdadeirademocracia-cmlodososn(\'eISdavidasocial-aopreçode
umavcrdadelrademocrallzaçiodosaber"(p.17).
Opredomíniodopoderdeinfonnaçãodosnovosmeiossobre oscurrículos
escolares~evidenteemmuitoscampos.Osmeiosdecomunicação,especialmentea
televisãoe ovfdeo,au-avésdedetenninadosprogramassobreanatureza,porexem­
plo,sioumafontedeconhecimentoeculturamaisatrativaeeficaz quemuitospro­
gramas,livrosescolareseprofessores,que cominuaminsistindo emclassificações
dosanimaiseplantas, empreconizaraaprendizagemdasfunçõesmaisdo queas
funçõesdeumaflor,etc.
Algunsoportunosprogramastelevisivossobreomundoanimalousobreanatu­
reza
e.mgeralfizerammaispelo conhecimentodeumaculturaecológica,pelasenSibilizaçãofrenteà degradaçiodavidavegetale an'mal,do quemuitosanos de
ensinodasCienciasdaNaturezaemnossasescolas.
AscriançasespanholasdeumadetenninadaidadeconhecemmaisOQuixote
at~v~sdeprogramasdedesenhosanimadostransmitidospelatelevisão doquepor
leituradessa obranasaulas.Algoparecidosepodedizerdeoutrasobrasouautorese
parcelascuhurais.Aculturaliteráriaemnossasociedadeestámaisrelacionada com
aleiturapossfvelforadaescola doquecomaprópriaescola,pelaofertademeios
exterioresepelapobrezanotralamentoqueainstituiçãoescolarfazdestetema.O
mesmopoderia
serditodaeducaçãoanfstica oudapráticaesponiva,daaprendizagem
deidiomas,etc.
Etodosessesmeiospodemcompetir
comumagrandevamagem com
ainstitui­
çãoescolar,porquesãomuitomaisatrativosque oslivros-textoou osmétodosdos
professorese opobrematerialdequeamaioriadasescolasdispõe.Nãodeixade ser
umaironia,porexemplo,queatelevisãopúblicapossatransmitirsériessobrenature­
za,geografia,história,programasliterários,cursosdeidiomas,etc.,dosquaisaesco­
lapúblicanãopodeseaproveitar.
Querdizer,naanálisedaassimilaçãoepropagaçãodacultura,ocurrfculo como
vefculodeculturagcralháde serrelativizadofrenteàconcorrênciaexterior,princi­
palmenteàmedidaquesemantenhamascondiçõesaluaisparaseudesenvolvimento
enãoseadoteocurrfculo comoinstrumemodepolfticacultural,ousepenseese
instrumentede fonnacoordenadaapolfticaculturalparaaescolaeparaasociedade
emgeral.Vamoscaminhandoparaasredesdeinfonnaçãoculturalde quefalava
IlIich(1974),quandopropunhamodelosdecomunicaçãoculturalsubstitutosdeumas
escolas
queemtodasasépocaselugarestêmasmesmascaracterfsticas.
oCurrículo
73
Consideramosnecessáriopensarnofatodequeosurgimentode novosrecursos
etécnicasde comunicaçãoculturalnasociedade,
atrav~sdemeiosescritos,audiovi·
suaisinformáticos,etc.,estádesvaloriz.andomUitodepressaovalor daprópriamMI'
tuiçã~escolar.Todatecnologiaquesirvaparacomunicarcullura,quandosedesen­
volvesocialmente,alteraopoderda
escolacomoagentecuhural,
~upondo umnovo
equilíbriodepoderesculturiz.adoresentreasfontes defonnaçãoemfonnaçãoqueo
currfculoescolare oquepodemoschamarocurrículoex..tra-escolar
desempenham.E
nãosetratasimplesmente deuma
divisãodecompetenclas,mas deu~ alt~ração do
própriovalordasfunçõesdaescolariz.ação.quetoma,dest~fonna,mais:vl~entes as
funçõesdeseucurrículooculto:"guardar" amfânciae~Juven.tude, socl~hzá-la em
cenosvalores,etc. OvalorculturaldaescolaserelatiVizamais~conSideramoso
poderdesigualdeatraçiloquetemosmétodosescol~ eosmeiospelosquaiSse
apresentaaocidadãoesseoutrocurrfculoculturalextenor., .
IstonoslevaapensaramSlltuiçãoescolareseu cumculode~trodeumnicho
culturalmaisamploqueafetaoalunoequeeste podeedeveap.rovellar,o queeXigea
transfonnaçãosubstancialdainstituiçãoescolar,dasfontes
demformaçãoedoscon­
teúdosque
ofereceaosalunos,seusmétodos,seusprocedimentosdecontrole,assim
comomelhorarseusrecursos.
I::óbvioque,nassociedadesdesenvolvidas, osest!muloscul~urais ~êm.muitos
canais,criandodisfunçõesnainstltulÇl0escolar.EssasdIsfunçõesSlO~ISeVidentes
emmomentoshistóricos comoOqueatravessamos,noqua~,comumsl:te~aescolar
rfgldoeobsoleto, setemacessoaoutrosn{velsdedesenvolVimentoeconomICOecuhu-
ral. . . A'd .I I
Taisapreciaçõesnoslevamamallzara lmponanclaocumcuoescoare a
observarnovasperspectivas emsuaconcepçãoe emsuare~orma. Amud~nça d~s
currículosparaaeducaçãobásIca.obrigat~ria paratodos.osclda.d~os, devenaconsI­
deraressasituaçãoculturalemnossaSOCiedade,aproveItard~ldldamente .'odosos
meiosdequehojesedispõe.Amelhoradaqualidade doenSino~evepanlrdess~s
novasrealidadesculturais,aexistenciademeiospotentesno extenorfrenteosquais
osCidadãostêmoportunidadesdeacessodesiguaise anecesSidadede mudarosméto­
dosdeadquirircultura.
Seaescolaridadebasica podeseruma
baseculturaldetodos
oscidadãos.emboranemtodospoderãoseaproveitardelaporigual, segundo.seus
condIcionamentosculturais,
emtroca,
~evidentequeessaoutra cultumextenoré
nitidamentemaisfavorávelaosquetemmaismeiosparaadquiri-Ia, osquepertencem
aambientesfamiliaresnosquaisasatividades
sãomaispositivaspara estimulá·lae
tambémpodem
pagá-la.Aescola,comopossfv~l instrumento~enivelaçãosocial,
perde
essapossibilidadefrente ànovaconcorrênCiaculturalextenor..
~'
Aconsciênciaentretaisdisfunções,entrecurrfculoescolareinfluenCiaexte­
rior,setomamaisevidenteparaasclasses.médiasealtasenosambientesurbano~,
quetêmacessomaisfácil11culturaexterior,aomesmotempoque devemsegUIr
imersasnosvelhosusosculturaisdaescola.Issorepercutenumapressão~a~avez
maiorsobreaescolaesobre
oshorárioscadavezmaissobrecarregados deatlvldades
complementarespara
osalunos,que
vãotendouma~scolarização paralelaforadas
aulas,dentro
deofertasatrativas,
àsvezes,necessánasparacompl.etar.ocurrfculo
escolar,
sóqueàcustade umaexcessiva
s~brec~rga doaluno.InclUSive, Jáseproduz
conflitoentreestilospedagÓgiCoseeXigênCIas
domundoescolaredessa.outra~scolarização paralela,repercutindonumainsatisfaçã~ crescente.quanto~osIstema
escolar.Ocorre
comosidiomas,comaformaçãomUSicaI, comamform,átlca,com
a
expressãoplástica,etc.Umasituaçãoqu.emovequaset~oumpseudo-sls!emae~o­
larparaleloquepressiona ospaiscomaImagem,emmUItoscasosreal,damsufiClên·

74J.GimenoSacristán
ciadaescolacomoagentedepreparaçãodeseusfilhose àqualoslOteresseseconô­
mlcosnãosãoalheios.
. A~issociação entreaculturadocurrículoe adosmeiosexterioresvaideixando
aprimeIracadavezmaisobsolela.Issotemconseqüênciasdistintasparadiversos
gruposdealunos.Naquelesqueprocedemdeníveisculturaisbaixos,aculturaesco­
lar,éalgoquecarece~esignificadoemsuavidapresentee emseusprojetosvitais.
DaIquearesposlaseja, emmuitoscasos,oabandono,adesmotivação,ofracasso
esc?lareoutrosmoel.osderesistên~ia ouarebeldiacontraumainstituiçãoque,por
~edlOsa,lemqueseImporpor melOderecursosdisciplinares.Umaescolapouco
mteressantetemqueacentuarosprocedimentosrepressivos,inevitavelmente.
.P~r~ a~classesmédias,taldissociaçãolevaasuprirapartirdeforaascarências
dam~tllUlçao esc?lar,potencializandonosalunostambémumconflitoentreacultura
exteriore aprópriadaescola,
oufomentandoumadissociaçãoconstanleentreamboso~mundos.Sóqueelestêmprobabilidadesdesobrevivernesseambiente decontra­
dIção.
AEn.quantois.so,.oscurrículos.escolarescontinuamsendoafontedavalidação
acad~~lca eprofiSSIOnalnumaSOCIedadeemqueasançãoadministrativadacultura,
adqumdaatravésdocurrículo,
temconseqüênciasIãoimportantesnomercadode
traba!hoenas
relaç?essociais.Ocurrículoescolar,frenteatodaessaconcorrência
ex.tenor,la.lvezestejaperdendoomonopóliodalransmissãodecertosvalorescultu­
~ls.ex.plfcilOS, masreforça,porissomesmo,outrasfunçõesdocurrículoocultoda
1OSt.lt~IÇão .escolar:socialização,inculcaçãodepautasdecomportamento,valores
SOCiaIS:va~ldação parasubirpelapirâmidesocial,etc.Aomenos,deixamaisevidentes
essasfmalldadese~cobertas ..Realmente,comoassinalouApple(1986, p.70),ocurrí­
culoocult?que~Oj~denommamoscomotal foiocurrículoexplícitodahistóriada
~scola.AImportancmdaescolarizaçãonumasociedadeindustrialdominadaporum
tIpOde.saberaparentarelegarovalordaescolacomosocializadoraepromotoradeum
detennmadoconsensosocialemoral.Hoje,notamosovalordocurrículoocultocomo
delatorde~maeducaçãoencoberta,emreação àvisãodaescolacomoumainstituição
g~neros~. 19ualad~ra.e propagadoradosaberedascapacidadesparaparticiparna
VIdasoclaleeconomlca.
Estasapreciaçõesnoslevamarefletiremmúltiplosaspectos.Primeiramente
mudamoprópriosentid~docurrícu.loescolardaeducaçãoobrigatória.Emsegund~
lugar,apontamnovosmeIosaseremIncorporadosaseudesenvolvimento.Alémdisso
nos
faze.m
~:dit~rsob.re~formaçãonecessáriadoprofessorado.Finalmente,pode~
terumamCldenClamUltoImportantenoaprofundamentodasdiferençassociaisvisto
queoacessoàculturaexteriornão-empacotadanoscurrículosescolaresnão
é'igual
para
to?0s,c.omotampoucoé aescolar,claro. Sóqueaescolateoricamenteparece
ummelOm31scontroláveldeigualdadesocial deoportunidades.
Ép~cisocontinuar~antendo oprincfpiodequeaescolahojetemumimpor­
tant~sentIdocultur:aleSOCial.P~e-me que,hoje,maisdoquequandoseformulou,
c~ntl~ua sc:nd~ v~ltdaacolocaçaodeDewey(1967a, p.28ess.),quandodiziaquea
mlssaodamstltulçãoescolaré a
deproverumambiente;
a)
~implificado. paraquepossibiliteacompreensãodacomplexidadeexte­
nor.
b)Ordenadoprogressivamente,paraqueajudeacompreenderOambiente
exteriormaiscomplexo.
c)
Compensat6rioouliberadordaslimitaçõesquecadaalunopossaterpelo
gruposocialaoqualcorresponde.
oCurrfculo75
d)Coordenadordasinfluênciasdispersasqueosindivíduosrecebemdos
círculosvitaisaosquaiselespertencem.
Osdesafiosbásicosdaescolaestão
emofereceroutrosentidodacultura,distinto
doquedistribuiatravésdeseususosacadêmicos,eromperacarapaça
comaqualse
encerrouemsimesma,paraseconectarmelhorcomaculturaexterior,
cadavezmais
ampla,maiscomplexa,maisdiversificadaemaisatrativa.Aomesmotempo,seria
precisoconceberarefonnadocurrículo
daescolaridadeobrigatóriade fonnacoeren­
tecomumapolíticaculturalgeral,recuperandoparaoâmbitoescolar meiose
possi­
bilidadesnão-utilizadosqueexistemforadele.Deixarparaoprofessoradoessatare­
faélhepedirmuito.
Éprecisoseprevenircontracertodiscursoingênuoantiintelectualislaousim­
plesmenteaculturalque,sobaromânticadedicação
àsnecessidadesdacriança,
mui.
tasvezesimpregnapropostaspretensamenteprogressistas,quereagem contraaesco­
latradicional;tambémsãodiscursosmuitoinfluenciadosporumpsicologismovazioe
acultural.Aescola,numasociedadedemudançarápidaefrenteaumaculturasem
abrangência,temquesecentrarcadavezmaisnasaprendizagensessenciaisebásicas,
commétodosatrativosparafavorecer asbasesdeumaeducaçãopermanente,massem
renunciaraseruminstrumentocultural.Emmuitoscasos,osmodelos
deeducação
quefogemdosconteúdosparasejustificarnosprocessosnãodeixamde
serproposlas
vazias.
OSCÓDIGOSOUOFORMATODOCURRíCULO
Aculturaqueaescoladistribuiencapsuladadentro deumcurrículoéumasele­
çãocaracterísticaorganizadaeapresentadatambémdeformasingular.Oprojeto
cultural
docurrículonãoéumamera seleçãodeconteúdosjustapostosou
desordenados,semcritérioalgum.Taisconteúdosestãoorganizadossob umaforma
queseconsideramaisapropriadaparaoníveleducativoougrupodealunosdoqual
setrate.Aprópriaessênciadoqueseentendecomocurrículoimplicaaidéiade
cultura"organizada"porcertoscritériosparaaescola.Osconteúdosforam
planeja.
dos
paraformardefatoumcurrículoescolar.Nestesentidodizemosqueocurrículo
temumdctenninado
formato,umafonnacomoconseqüênciadatecnificaçãopeda­
gógicadequetemsidoobjeto.
Quandopropomosocampodeexplicaçãodocurrículo,mencionamososcon­
teúdos,os
códigoseaspráticascomocomponenlesessenciais domesmo,quepodem
atuar
nonívelimplícitoouexplícito.Os códigossãooselemenlos quedãoforma
"pedagógica"aosconteúdos,osquais,aluandosobrealunoseprofessores,acabam
modelando,dealgumaforma,aprática.Porumarazãofundamental;porqueofonna­
todocurrículoéuminstrumentopotentedeconfiguraçãodaprofissionalidadedo
professor,quetemquedistribuí-lo.Poder-se-iadizerque
seosconteúdosdocurrícu­
lofazemreferência
aumdestinatáriobásicoqueé ogrupodealunos, asfonnas
curricularesafetammuitodiretamenteosprofessores.
Portrásdequalquercurrículo, afirmaLundgren(1983,
p.13),existeumasérie
deprincípiosqueordenamaseleção,aorganizaçãoeosmétodosparaatransmissão,
eisso
éumcódigoquecondicionaafonnulaçãodocurrículoantesde suarealização.
Ocurrfculo,paraesseautor,temumcontexto
derealizaçãoeum contextodeformu­
fação- énessecontextoqueocurrículoadquiresentidoemostramaisdiretamente
suaoperatividade.

76J.GimenoSaCriSlán
En~endcn~?As P?r~6djgoqualquerelemento .ouidéiaqueintervémnaseleção,
ordenaçao,sequencla,mstrumentaçãometodológIcaeapresentaçãodoscurrículosa
alunoseprofessores.Oscódigosprovêmdeopçõespo/{ticasesociais(separaçãoda
culturamteleclUaldamanual,porexemplo), deconcepçõesepistemológicas(ovalor
demétodocientífico
na
prálÍcadaaprendizagemdasciências ouoda"novahistória"
~~ en.sino~,deprillcípiospsicológicosoupedagógicos(osemidoeducativoda expe_
nenclaaCImadosconteudosa.bstrato~ elaborados,aimportânciadaaprendizagem
pordesc~berta, o~alorexp.resslvodalmguagem,etc.),deprincípiosorganizativos (a
ordenaçaodoensinopor CIciosouporcursos,etc.)eoutrosmais.
Umaanálise.po~en?rizada dosmesmosnãoestáaoalcancedenossapretensão
nestemomentoeImplicanapassarparaoscurrículosconcretos, quesãomuitovaria­
dos.Porisso,refletiremossomentesobreaimportânciadealgunsdelesquesãode
relevânciamaisdiretaegeral.
oCódigodaEspecializaçãodoCurrículo
.0fonnalocurricularésubstancialnaconfiguraçãodocurrículo,derivando-se
deleImportantesrepercussõesnaprática.Comoseorganizam
osdiversoselementos
quecompõemo
~esmonãoéumameraqualidadesemtranscendência oufonna!.mas
passaas~rparteIntegrantedamensagemtransmitida,projetando-senaprática.
.
ASSim,por
ell.emplo,ocurrículoagrupadoemcadeiras,queéprópriodenosso
ensmosecundário,émuitodiferente
emformatodoagrupadoemáreasquesecursaduran~ea~educação del°grau.Agruparobjetivoseconteúdossobumesquemade
~r~amzaçao ououtrotemconseqüênciasmuitodecisivasparaaelaboraçãodemate­
nalS,quesãoosquedesenvolverãorealmenteosconteúdoscurricularesparaaforma­
ção,aseleçãoe aorganizaçãodoprofessorado,paraqueoprofessorsintadeforma
distintaoconcei~o dees~cialidade aqueelesededica,paraaprópriaconcepçãodo
queéco~pet~ncla profiSSIOnalnosprofessores,oell.ercfciodessacompetênciae otipo
deexpenenclaqueosalunospodemobternumcaso ounoutro.Porisso,considera­
mosqueafonnadeor.ganizaçãodosconteúdoséparteconslÍtutivadoprópriocurrí­
culoeumdeseuscódigosmaisdecisivos.
M.encionarcm~s algunsexemplosdecomoocódigo,soboqualseorganizao
conheclT~ento seleclOnadocomopertinenteevaliosoparaformarocurrículo,éparle
substanCIald~ste,enquantocondicionaaexperiênciaqueosalunospodemobterdele.
Mas,alémdISSO,veremoscomotalcódigotemimportantesrepercussõessobrea
própriaestruturaefuncionamentodosistemaeducativoedasescolas.
Talvez,umadasconlribuiçõesmaisincisivassobreestecódigo foiadeBernstein
(1.980)aodistinguiroscurrículosdeacordocomarelaçãoquemantêmentre sios
dIferentesconteúdosque osfonnam,ouseja,emfunçãodotipodebarreirasefrontei­
~asqueseestabelecementreeles,seestãoounãoisoladosunsemrelaçãoaosoutros,
mdependentementedostarusdocampodeconhecimento dequesetrate.
EsseaUlorusaestecritérioparadiferenciardoistiposbásicos
decurrículos:o
collection,quepoderíamostraduzirporcurrfculo
decomponentesjustapostos,noqual
os
el~mentos.se diferenci~m claramenteunsdosoutros.Pensemos,comoexemplo,
umaJustapOSIçãodeca~elrasouoacréscimodecomponentesquesedáemalgumas
áreasdaatualEGB;otnugrado,noqualosconteúdosaparecemunsrelacionados
aosoutrosdefonnaaberta.Umell.emplopoderiaserumcurrfculo deciênciaintegra­
daouumaáreadeEGBquetenharealmenteocaráterdetaláreaquesuprimeoudilui
oscontornosdisciplinares.Noprimeiromodelo,
osconteúdosaparecemclaramente
o
ClIrríClllo77
delimitadosunsemrelaçãoaosoutros,comfronteirasnftidas,diferenciadoscom
clareza.Nosegundotipo,isso
nãoacontece..'
"
OcurrículoorganizadosoboesquemamosaIco ouJustapo~to relegaodomfnlo
dasúltimaschavesdoconhecimento
àsfasesfinaISdaaprendIzagemdascadeIras
especializadas.
Asprimeirasetapase asintennediárias
sã~escalões.propedêuticos
para
asseguintes,sendotodasordenadasporaquelametafmal.P?r
ISS~.quandose
propõeosentidodaculturaquehá~epreen~her aeduca5ãoobngatóna,qued~~e
proporcionaru~conteúdocom.sen!,doemSImesma:naocomo .mera.preparaçao
paraetapassegumtesdeescolanzaçao,.seproduzatensaoentreopnnc.fplOq~eorde­
na
osconteúdoscombasenumcódIgomtegradoe oqueofaznum
cócllgomaIsespe-
cializado. .
Naeducaçãoinfantil, aaceitaçãodocócligointeg~do ép.ratl~arnente total.A
educaçãoprimáriaprogrediunosentidodeumapaulatmaacelt~çao dessemesm.o
código.Porisso,seaceitaafónnuladaáreacomo!e~ur~o org~mzad~r ~e con~ecl~
mentosamplosquetranscendemOâmbito deumadlsclplmamultodelimitada,amda
queinternamenteaáreasejaaindaumajustap~sição decomponentes,comoacontece
nasCiênciasSociais,etc.Odebatesobreocóchgoquecomentamossecentraagorano
ensinosecundário,quandoestepassaaserdefatoumnfvel~efonnaçãobásicapara
muitosescolaresemidadedecursá-lo.Essalutaentre oscócllgosordenadoresganha
certavirulência,emalgumasocasiões,noprofessorado,qu~temde?istribuí-Ios,que
é oprimeirodepositárioereprodutordolegadodeumatradição
cUTTlcularbaseadana
separaçãodedisciplinas. _ .
Apartirdocurrículomosaico,os
professo~s.manterao ent~SIas.mes~as b?r­
reirasqueguardamentresiosdiferentesesre:c1811stas?amaténaa cUJa16glcatem
quesesubmeter.Ou,
aomenos,terãoquerealizarpor
s~mesmosesforço~ paraesta­
beleceracomunicaçãoentreeles,emnomedeumprOjetoeducatlv?maIscoe.rente
para
osalunos.Oestabelecimentodefronteirasentretipos.de
c?nheclmel":to~ cnaum
fortesentimentodegrupoe,porissomesmo,umaforteIdentIdadeprofl.sslOnalem
tomodaespecialização
nadisciplina.
Pri.ncíp~o q.uepodemosverell.emplJfi~a~o nos
professoresdoensinosecundárioouumv.erslt~no _emt?rnodesuasespeCialidades
respectivas,enquantoquenaeducação
pnmánanaoeXIsteessesenso de
gru~oem
tomodaespecialidadepraticada,seéprofessorde~mlongoperíododeescolandad_e,
masnãodeumaparcelaeducativa.Poder-se~ia dlze,r~ueoprofess~r deeducaçao
infantil
ouprimáriacentramàis seuautoconcelto
proflsslOnalnumpenododeescola­
ridadedoquenoconteúdodamesma,enquantoquenoensinode2°grauesuperior
ocorreocontrário.
Mas
aomesmotempo-asseguraBernstein(1980, p,51)-,ocurrfculoe,labora­
docombase
nocódigomosaicoreduzopoderdosprofessoressobreo
cont~udo que
transmitem.Oscurrículosdecarátermaisintegradodeill.amaoprofessormal.sespaço
profissionalparaorganizaroconteúdo,
àmedidaqueserequeremoutrasló.glcas,que
nãosão
asdosrespectivosespecialistas.Podem
,darlugarao~des~nvolv\mentode
umaprofissionalizaçãoprópria
ao
elaborarocumc~lo equenaosejaa desedobrar
àlógicadosespecialistasqueproduzem
os
conhecl.men~os emparcelasseparadas.
Umpoderquenãodeill.adeserteórico,poi~, ~omodlscutlTemose~outro~omento,
afonnaçãoatualdoprofessoradoeascondlçoesdeseutrab~lhonaoperrmtemexer­
cermargensamplasereais
deatuaçãoautônomanessesentIdo.
,.
Aintegraçãodoscurrículospodeseapoiar noprofessor,como UnlCOdoce~teque
distribuietrabalhaconteúdosdiversoscom
ummesmogrupo dealunos,realizando
programaçõeseexperiênciasqueenglobamaspectosec.onteúdosdiversos,equeos
distribuiaolongodepenodosdehoráriosgeralmente
malSamplosdetempo.Esta éli

78J.GimenoSacristán
possibilidadequeofereceomodelodeorganizaçãodeconteúdosemtomodeáreasem
lugardefazê-loc?mbaseem~isci~linas. ~spectos parceladostendem,nainstituição
escolar,aselocalizaremhoráriosdIferenciadosecomprofessoresdistintos.
~elaci~nan~o estadistinçãoaonossocontexto,pode·seafirmarqueocurrículo
doensmo
pnmánotemumcarátermaisintegrado,aindaqueemmuitoscasossetrate
demera
ju~taposição d~compon~ntes. combarreirasinternasdelimitadas;enquanto
que,noeosmosecundárioenauniversIdade,ocurrículotemnitidamente °caráterde
r:n~saico. AintegraçãocurricularnoI"grauseapóianoregime demonodocência(um
UnlCOp~fessor paratodas~áreas),queatribuiumprofessoracadagrupodealunos,e
noprópnoformatodocumculoque,aoordená-losobocódigodeáreasdeconheci_
mentoedeexperiência,obrigadealgumaformaaseligaraconteúdosdiversosna
elabora5ãodemateriaiselivros-textoenaprópriapráticadocentedosprofessores.
.P?r~mgrupodeprofessoresdeespecialidadesdiversasemcontatosempreé
~ats. dl~fclldoqu:-conseguirque umúnicoprofessorc~rdene componentesqueele
d~s.tnbUl. Os.curnc~l~s estr~l1u.ra~os emáreasdeconhecimentoeexperiênciapossi­
bIlitam
o.ensmomaIS
I~terdlsclplmar, masexigemdoprofessoradoumaformaçãodo
mesmotipo.Amentalrdadedominantedenossoprofessoradodeensinosecundário
~ãoéessaprecisamente-formadepensarquecomeçaaconfigurartambémamenta­
lidade
d.os
p:ofessoresdaúhimaetapadaeducaçãode1<>grau,sendoquetodareforma
nesta~Ireç~o choca~se comatitudesdesfavoráveis.Oprestfgioe oconceitode
~rofi~slon~hda~e a~eltopeloprofessoradodo2"grauestãomaisnamedidadaespecia­
hzaçaoulllversltánadoquedeacordocomasnecessidadesfonnativasgeraisdos
alunosdesseintervalo
deidade.
.Outra~ormadeintegraçãoseapóianaequipe deprofessoresquetêmqueconse­
gUI-IarelaclO.nando-seuns~omosou~ros,oquese~preémaisdiffcilnainstituição
escolar,consIderandoo
estLlo
'p~fisslonal predommanlementeindividualista queo
pro~essorado costu~a te.re adificuldadedeestruturarequipesdocentes.Umaforma
mdlrel~de~onsegUlr am~egração dec~mponentes dentrodocurrfculo,apoiadana
pro.fisslOnall?adecompartll~ad~, se.reall~adentrodosprojetoscurriculares,que, por
meIOdeeq~lpesdeco.m'pet~~clas dIverSIficadas,elaborammateriais queosprofes­
sorespode~oconsurrurmdlvld~almente depois.Neste~aso,aintegraçãosesustenta
foradaprátIca,emtomodoprOjetoque,elaboradomaIsoumenosdefinitivamente
apresentar-se-ádepoisaosprofessoresparasuaconcretizaçãoeaplicação_fónnul~
quesetentoulevantaremdIversasexperiênciasdeestudossociais,ciênciaintegrada
estudossobreomeioambiente,etc. '
.Estere.curso,amplamenteexperimentadoemoutroscontextos,éumaviamais
dlretaerápIdaparalograroobjetivodeumcurrfculoorganizado
comumcódigo
mais.integrado,
jáque
háqueseesperarparaqueoprofessoradomudedeformação,
deatitudeseformadetrabalhar;aconsecuçãodoobjetivosedilataatéoinfinito.O
p~jetocurricularinte~r~do partedanecessidadedecolaboraçãoentreprofissionais
dIversoseentreespecIalistasdasparcelasqueneleseintegram.
.
A.
tran~cendência quelemaparcelaçãodoconhecimentonaconfiguração da
prof~sslOnalldade doprofessore,atravésdela,numtipodepráticapedagógicatoma
mamfestososefeitosdestecódigocurricularcomoformadedirigiraexperiênciado
al~no,a.travésdocondicionamentodaatividadedosprofessores,exemplificandoo
pnnclplOdequeosformatosdoscurrículossãoelementosformadoresdeprimeira
importânciadirigidosaosprofessores.
Aespe.cializaçã~ do~professoresemparcelasdocurrículoéumamanifestação
dapro~resslva t~ylonzaçao queocurrículoexperimentou,separandofunçõescada
vezmaisespecíficasaseremexercidasporpessoasdistintas.Podesenolarcomotal
oCurrículo79
especializaçãorepercutenumadesprofissionalizaçãonosentidodeque umdomfnio
decamposcurricularescadavezmaisespecializadosleva
emsiaperdadecompetên­
ciasprofissionais,comoé ocaso
dacapacidadedeinter-relacionar conhecimentos
diversosparaquetenham umsentidocoerenteparaoalunoque osrecebe.A
desprofissionalizaçãoemtalcompetênciaexigeumareprofissionalização
numacom-
petêncianova:adecolaborardentroda equipe.docente.
.. .
Oinevitávelefeito
daespecializaçãocumculardevelmpltcar esforços
Impor­
tantesdecontrapesoparacontrabalançarsuasconseqüênciasnaculturaeeducação
dosalunosfortalecendoasestruturasorganizativasdoprofessoradonas
escolas.Mas
comoisso
~xigecondiçõesorganizativasedefuncionamentodaequipe deprofesso-­
res,nemsemprefáceisdeobter,omaisprovável équeoprojetoeducati~o:vá per?endo
coerência,àmedidaqueaescolaridadeavançaparaosalunos.AespeCialidadeImpõe
umtipodeculturae,atravésdocódigocurricularquecarrega,também ummodelode
educação.Problemaquenãodeveseralheioàdificuldadedosalunos
paramantero
interessepelosconteúdos
dosistemaeducativo.
Alémdisso,umavezassentadaamentalidadedo
cunículoparceladoparaespe­
cialistasdiversos,quandoumaestruturaescolarseapóianaclara
separaçãodoscon­
teúdos,seproduzemfortesresistênciasàstentativasdemudança.Umsislema.c.urricular
serefletenumadeterminadafonnadeselecionarprofessoresedeadmitI-losnos
postosdocentes.Aprolongaçãohistóricadeumdetenni.nadouso,neste
senli?o,cria
umsentimentodeidentidadeprofissional,direitostrabalhistas,estruturasorgamzatlvas
nasescolas,etc.
Poroutrolado,sendoaculturamutante,inclusiveaespecializada
emdiscipli­
nas,erequerendoaeducaçãoobrigatóriacomponentesmuito
diver~os, qualquer
mudançaquesejanecessária nocurrfculo,numdadomomento,suscItaproble.~as
sériosdereestruturaçãodosprofessores.Nãosepode pensaremfórmulasqueeXIJam
incorporaçõesdenovosprofessoresparacada"acréscimo"novoquese
lenhadeintro­
duzirnoscurrÍCulos,amenosqueosistemaeducativoestejaemmomentos
deexpan­
sãoacelerada.Aculturamutantepodenecessitar,nossistemaseducativosorganiza­
dos,dadisponibilidadedoprofessoradoparasuapossívelreconversãoou,talvez,
umapolivalênciaemsuaformaçãoefunção.
Adinâmicadaespecializaçãodoprofessorado,ligadaao
cunículomosaico,co­
locadificuldadesorganizativasimportantes
dereconversõesperiódicas dosprofesso­
res,pelaevoluçãodosaberepeladesigual
der~·13nda deumtiP?~uoutrodeformaç~o
emmomentoshistóricosdiferentes.AcadUCidadedasespeclahdades emformaçao
profissional,odec1fnio
doensinodeunsidiomasafavordeoutros,etc. sãoexemplos
dessasituação. . .
..
~.
Osentimentodegrupodosprofessoresespectahzados,anegativa
ouretlcenCI3
àintroduçãodeoutrosnovosdificultamaintroduçãodeconleúd?s
novosque.não
encaixamnoscampospreexistentes.Anecessidade
delograrproJetospedagógiCos
coerentesnaescola,dentrodosquaisharmonizarmentalidadeseestilospedagógicos
apoiados
napeculiaridadededetenninadosconleúdos,abuscadeestnIlurasdeco­
nhecimentoqueintegramfacetasvariadas
dacultura,elc.encontram-se
~norme~ente
dificultadasquandoamentalidadedominanteestáconfiguradapelocó<hgocumcular
não-integrado.Nãoé deestranharqueasrefo.nnasquepr~tendem incluir.as
A
~as
comobasedaorganizaçãodosconteúdos noensmosecundárioencontremreslstenclas
entreoprofessorado. .,
Pode-severassimmoldadooprincípiodequeosaspectosfonnals documculo,
essescódigossubjacentes
àseleçãoeorganizaçãodecon.teúdos,
sãoopçõesquetêm
repercussõesdiretasnaaprendizagemdosalunos,àmedidaqueestesseconfrontam

801.Gimc:noSal:ristán
comformasdiferentesdeorganizaçãodoconhecm'lento,docometidodesuaexpenên­
c~adeaprendizagemc:,lndlrelamente,alnl.vésdocondicionamentoqueessasformas
lemsobreaconfiguraçãodotipodeprofissionalidadenosprofessores.
AJusllfi.callvapedagógicamaisgenuína
deum
currículoorganizadoem tomo
d~á~":5 slgmfic~ umes~or.çoparaconectarco~hecimentos provenientesdecampos
dlsclphnaresmaiSespeclahzados,paraproporcionar umaexperiênciadeaprendiza_
gemmaissignifi-c~liva eglobaliuuinparaoalunoqueaprende.Esteaspectoéfunda­
m~ntal nosníveiSdaeducaçãoobrigal6ria.A áreapennitebuscarestruturas
um~cadoras ~conleúdos diversificados,deler-senaquiloque éprópriodeumafa­
mnladedlsclphn~ comestllllurasepistemol6gicasmaisparecidas, emvezdealer­
s:àeSlllltur~ particulardecadaumada~parcelasespecializadas.Estaformadeorga­
nrzarocu~culopode lev~raumadesigualponderaçãodecomponentesdesdeum
ponlodev~staeplsle.moI6glco.Nãopodemosesperarqueoaluno porsuacontainle­
g~con~lmentos dispersosadquiridoscomprofessoresdiferentes,sobmetodologias
diferenciadas,
comexigênciasacadêmicaspeculiares,avaliados
separadamente.A
falta
deuma
cullurainlegradanosalunosquepermaneceramfongotemponainstitui­
çãoescolaré oreflexodeumaprendizadoadquiridoemparcelasestanquessemrela­
çã~ recfpr~a ..lsso!etraduznumaaprendizagemválidapararesponderàsexigências
e
ntOSda
Instltulça~ escolar,masnãoparaobtervisõesordenadasdomundoeda
culturaquenosrodela.
Aseparaçãoníti~a ~nlreconhecimenlospordiSCIplinas,isolados unsdosoUlros
den.lro
desua
es~clahdade, ouadébilconexãode componentesdisciplinares
sU~Jac~nI~s emm~lto.scasosnasaluaisáreasdenossaeducaçãode10grau,lemoutro
efeitomdlreto
mUitolmportanlelambémassinaladoporBernstein(1980, p.58).
eo
obstáculo'paraaconexãodossaberescomoconhecimentodesensocomum, comas
panlc~land.ades dosconlextossociaiseculturaiSsingulares, comaexperiência
Idlosslncrátlc~ decadaa~uno?u grupodealunos.Ocódigoinlegrado émaispropício
atolerareesllmularadiversIdade
doqueocódigomosaico. IslOéassimporqueo
conhecimenloespecializado
0caliberadodetodarelaçãocomopanicular, como
l~a.l, ~omqualqueroutra16glcaquenãosejaaordenaçãoinlemadosconleúdosda
dISCiplina.
~formaindirela, osdiferemescódigosformaisqueestruturamoscurrículos
contnbuemparaconectarosignificadodoqueseconsiderarárendimenlOidealacei.
tável.paraosaluno~nasprov~deconlroleedeavaliação.Oprópriosemidodo
rendlmemoacadêmiCOsubstanCial,ocomeúdosemânticodoêxilOedofracassoes­
co.larparaospro.fes~ores queavaliamsedefinedemrodoscodigoscurricularesdo­
minantes.SerádlffcllconSideraracapacidade
derelacionarcomeúdosdiversosden.
tro
~umaestruluracurricularcomconteúdosIsoladosunsdosoUlros.Defato,a
avaliaçãoc~moprocesso.conlínuonoqualsealendeaobjeuvoscomunsouacompo­
nentesc~mculares relaCionados,enãoaomerodomíniodosconteúdosisolados
caloumaisnaeducaçãode10graudoquenade2
0
grau,emboraomodelodominant~
emcodoosistemaeducativolemSidomaisodesleúltimo,sendoquenãoédese
eslranharsuapersislência.
Nãoéquep3J1irdaáreacomoelementosustemador,demro deumcódigoime.
grado,produzaessesefeitosporsimesmo,poiséprecisoelaboraressaformacurricular
~onã~ p~.ede~ denenhumcampodeconheclO1emO- éumcammhoapercorrer.A
Inl~rc:Jlsclpl!narrdade noensinoéumaideologia,comoafinnaPalmade(1979),um
obJel.lvo,nao
umpontodepanlda,umaopçãopara
voltaràunidadeperdidadoco­
nhecImento.Mas,ao.menos,sealenaoprofessoradoparaquesesituefrenteao
problema
dequea16glca comaqualseproduzIUoconhecimemo
especializadonão
oCurrfculo
81
temquesernecessáriaesimetricamemereproduzidaquandoosalunos,
paraosquais
sebuscaumaculturacomsenlido,aprendemessesconleúdos.
UmcurrículoorganizadoemáreasimpliCa,porOUlrolado,uma formadedislri­
buiçãodosprofessoresenavidanaescola.Ataylorizaçãodocurrfcul~ temseu
correlatoefiançanaprópriaorganizaçãoescolar:tempos,espaços,
orgamzaçãoderecursos,etc.UmsiSlemadeumúnicoprofessorparaumgrupode alunospennile
fórmulasflexíveisdeorganizaroespaço,diSlribuirolempo,variar detarefasacada­
micas,etc.Aespecializaçãodocurrículoimplicaformasdeorganizaçãoescolarnas
quais
umnúmerodeprofessoresdiferentesinlervêm
co~umme:smognI~Odealunos.
Aintegração
cumcularsignificatambémumagama
~alsredUZidadeestllo~ JlC7d~gó­
gicos,deesquemasderelaçoespessoais,deestratégiasdeconlrole, ele.,Incldmdo
sobreessesalunos;mensagenslalvezmenosconlradil6nasentresi,pautasdeadapta­
çãomaissimplesparaoaluno,elc.
Ocurrículo,concentradoouorganizadoporáreas,permitetáticas deacomoda­
çãoaoalunoparaindividualizaroensino,maisfacilme.!,1le.qu~~mcumeuloorgam­
zadoemcadeiras,noqualaoplatIvidade.eaacomodaçaomdlvldualgeralmente.po­
demexigir escolhaexcludenteentrecadeiras,deprofessor,dehoráno,etc.OrgaOlzar
aadaptaçãodentrodeumaárea,queestánasmãosdeumúnic~professor,~maisfácil
epróximoaoaluno
doqueexerceraoptalividade
entrecadeIrascomovIaparadar
sarda
àspossibilidadeseinteresses doaluno.
oCódigoOrganizativo
Outroexemplodecódigomcidindona
experiê~cia deapren~izagem dosalunos
enaforma
deo
professorexerceraativldadeprofiSSIOnalé orelacIOnadocomaorga­
nizaçãodocurriculoemfunçãodascaracleríslicasdosislemaescolar.Trata-se,em
geral,deopçõesquecorrespondemàregulaçãoadminislrativadocurrículo.E";Iou­
troscasos,sereferemadisposiçõestomadasnasescolas.Umexemplo
deste
códl~go.é
aordenaçãodocurrículopormeiodeciclosfrenteàordenação~rcursosac~e~l­
cosoOcicloéumaunidade queenglobavárioscursos.quepermlleumaorgaOlzaçao
docomeúdocomumlempomaisdilatado parasuasUJ'C.ração,avaliaç~o.' etc.Trata­
sedeumcódigoformal docurTÍculoquerepercutenacnaçãode~tenalS, naf?~
deplanejaroensino,naseqüêncialemporal,napossfvelprogramaçao 1.lOearouclchca
deconteúdoscexperiênciasdeaprendizagem.naso~ões .metodoI6g.lca~ e~aforma
emqueoprofessoradoestruturasuaprópriaprofisslOnahdade.AdlstnbUlção..por
exemplo,deconleúdosmínimosespeclficosparacada~mdoscursosdaescola~dade
implicaopiarimplicilamenteporumaseqüêocia dellpohnea~noplanocu~cul.:u­
queasescolaseosprofessorespodemrealizar.Ocicl~ ~~moumdade~eor~anlzaçao
proporcionaaoprofessorumamargemmaiordefleXibilidade,demaisfáciladapta­
çãoaoritmodosalunos
emgruposhelerogêneos,toleramelhoraidéiadediversidade
entreosalunos,pennitemaisfacilmenleagruparconleúdos
di.ve~sosemlomode
unidadesglobalizadoras.Osciclos,comounidades,tomampenódlcoso
calendáno
de
avaliaçãoparaoscontroles depassagementreosmesmos,elc. Umprofessorou
grupo
deprofessoresquedispõede umperíodode
váno~cursosparalenlarcumpnr
comcenosobjelivosedesenvolverumdetermlOadocu~culo I~~.umcamponoqual
podeproporalternativasmuitodiferenles,dispõede
maIOrfleXibilidadeparaseorga-
nizar. .
Aorganizaçãocurricularpornfvei.s
~uais, so~~tudo quandoésancIOnadapela
avaliação,deveatribuircomeúdos,obJetlvos,hablhdades,etc.aessesperíodosde

82JGllncnoSacrislán
tempo.oquenemsempre~fácil,compartimenlandootempodeaprendizagemno~
alunosedandoaosprofessoresomotiVOparaqueseespecializememmomentos
muitodelimitados
daescolaridadee.porissomesmo.nummomento do
processo
evolutivodosalunos.Anormaderendimentosanuaissequenciadosobrigamaisli.
acomodaçãodorilmodeprogressodosalunos. li.seqüênclaeSlabelecidana
periodizaçãotemporaldocurrículo.t;umaforma deoferecerespaçosmaisdelimila_
dosparaodomfniodeconteúdostamlXmmaisdetalhados,inslalandoumaidéia de
"nonnalidade"noprogresso doalunoqueéprecisocomprovarcommaisfrequência,
commenoslolerlnciaparacomadiversidadederitmos deprogressonosalunos.
Nestesentido,ataylorização
do
currículolevaosprofessores aodomíniodos
problemasrelacionadoscomumlempoevolUlivodosalunos.comumaproblemática,
oucomumaparceladocurrículoatribuídaaessesperíodostemporais.Umavez
mais,alecnificaçiodaorganizaçãocurricular[Cmconseqüênciasparaaconfigura­
çãodaprofissionalidadedosdocentesqueperdemoportunidadesdetratarcomalu­
nosmaisdiferenciadosentresi.Professores
decursoanualfrenteaprofessoresdecklotêmmenosoportunidadesdeseconfrontaremcomperlodosevolutivoseeducativos
maisamplosparanotaramplastransformações.
oCódigodaSeparaçãodeFunções
Aorganizaçãodossistemaseducativosedocurrículoleva,muitasvezes,de
modoparalelo,àdivisãodefunçõesenlreosprofessoreseentreesleseoutrosprofis­
sionais,àperdadeunidade emseutrabalhoeaodesap8JUimentodedelerminadas
compelênciasprofissionaisacompanhadasdosconhecimentosinerentes aodesem­
~nhodasmesmas.Quandoumprofessornãoexercedeterminadacompetênciaprá­
tIca,desaparecedeleanecessidadedosesquemasderacionalização,asanáliseseas
propostasinerentesaessesesquemaspráticos.Aosesquemasprálicosdesaparecidos
ou.não-.exercidosc~rresp~:mde acarênciadeesquemasteóricoshomólogos
raclOnaltzadoresde I8JSprátICas.Esteéocasodocrescentedistanciamentodospro­
fessoresdafunção
doplanodocurrículo.
Àmedidaqueosprofessoressãoosprimeirosconsumidoresdoscurrículos,
decididosdesdeforaeelaboradosatravésdosmateriaisdidáticos,
sãoreceptoresda
prefiguraçãodaexperiênciaprofissionalqueestánessaselaboraçõesexteriores;estas
têmumaforçaimportantedesocializaçãoprofissionalsobreosdocentes,porquetrans­
mitemmensagensexplfcitaseocultassobreaseleçãodeconteúdos,fonnas deorganizá­
los,deapresentá-losaosalunos,elaborá-losatravés demeiosdiversos,relacioná-los
comaculturaprópria
doaluno,integrá-loscomoUlrosconteúdos,etc.Transmite-seo
modus
operandimetodológico,umaformaparticulardeentenderaidentidadeprofis­
sional,umespaçomaisoumenosamploparaoexercíciodaautonomia,dentro
do
qualse
exerceesedesenvolveaprofissionalidade.Essesusosvãosecondensando
numaformadeentenderooficio,queépeculiarparacadanívelemodalidadede
educaçãoescolarizada.
Aselaboraçõesexterioresàprática
do
currículosão,àsvezes,tálicasapoiadas
nafaltadepreparação
doprofessorado,nadesconfiançaparacomosprofessores,na
imposiçãodeesquemastécnicos,nasprópriascondiçõesdetrabalhonegativasdos
mesmos.Separarplano
deprática,planocurricular deexecuçãoimplicatirardos
professoresashabilidadesrelacionadascomasoperaçõesdeorganizaroscomponen­
lescurriculares,deixando-lhesopapeldeexeculores
deumapráticaqueelesnão
organizam,oquemaistardesetraduziráemcenasincapacidadesparaquedesenvol-
oCunfculo
83
vammodelosrealizadosforadeseuâmbito.Poresla
razão,aimagemdoprofessor
capaz
deelaborarseusprópriosmateriais,organizadordesuaprópriaprálica,
~uma
imagemIiberadoraprofiSSionalmente,queexigeumadetermmadacapacltaçãoprofis
sional.OUlroproblemabemdiferente,consideradasasnecessidades
doprofessorado
emdadomomento,
éque~precisoumadosedeelaboraçãopréviadocurrículo.Ao
tratarotema
doplanoteremosoportunidade decomentarascontradiçõesque,neste
sentido,arealidadedoscomplexos
currículosatuaisnoscoloca.
Aprópriaespecializaçãodocurrículo,comaconseqüenteespecializaçãodos
professores,propaga
deformaencobertaumcódigo de
comport~~to dosmesmos
queinduzaparcializarsuasfunçõeseducatiVas,separandocom~tenclas doe~smode
oUlrasdetipoeducativoparacomosmesmosalunos.Separaçaoqueapropoaorga­
nizaçãoadministraliva
do
currículoedofuncionamentodasescolaslomalegftlma ao
regularafunçãodoc~ntee afunçãoruforialcomofacetasseparadas.Nesl~sentido,a
taylorizaçãOseparafunçãodeensmodefunçiodeatençãoaoaluno.oquedIfiCilmente
podesersupridomaislardeporumsóp~fessc.>r quefaçao!,apeldetu.tor.Como
dissemosanterionnente,aperdadaprofisslOnahdadequesupoeseespecIalizartem
quesercompensadacomacoordenaçãoentreoprofessorado,.mas~mdeixarde
considerarquecadaumdelestemque cumpnrasfunçõesdeensmoe amerenteaten­
çãopessoalaoaluno,sendoqueacoordenaçãoabrangeosdoisaspectos aomesmo
tempo.
OregulamenlodafunçiotutorialseparadadadocenteéumreconhecimenlO
implícito
dequeaespecializaçãodoprofessoradoimplicaperda daunidade
dafun­
çãoeducativa,pensandoafigura dotutordogrupodealuno.squetem~iriosprofes­
sorescomoarestauradoradaunidadedotratamentoeducatiVO,mas dlfundmdoIm­
plicitamenteamensagemdequeessasfunçõesdeatençãomaispessoal aoaluno­
própriadaaçãotutorial-éexercidaporumapessoa,enquanloqueasoutras sópodem
ensinar.
OsCódigosMetodológicos
Éocódigomaisevidenteemqualquer
expressãodocurrículo,sejaeSlaapres­
criçãoquefazaadministração,osmat~~ais queel.aboramocu.rriculo:livros-texto,
guiasparaosprofessores,outrosmateriais.etc.,sejamasprópriasprogramaçõesou
planosqueoprofessor,aescola,elc.realizam.Ocurrfculoéalgoelaboradosob
determinadoscódigospedagógicos.
Odiscursopedagógicomodernoqueserefereàescolarizaçãodesdeocomeço
doséculo,comosmovimentosda"EscolaNova"naEuropaouomoviment?"pro­
gressivo"nosEUA,supõequeoensinodevedesenvolversuafunção cullunzadora
incorporandoumasériedeidéiasedeprincfpiossobreaap.rendizagemd~salunos,.a
natureza
deseudesenvolvimenloetodaumafilosofiarelaciOnadacoma
ImportânCia
daformapeculiardeseredesecom~rtar nasi~stiluições ~scolares. ~oje,éparte~a
própriaidéiadecurrfculoqueestesejaumproJ~to ed~catl~o, ouseJ~,umaseleçao
culturalmoldadaeorganizadadeacordocomidé13S,pnnciplosefinalidadespedagÓ­
gicas.Destemodo,aestruturapedagógicadocurrículoganhaumvalorrelevante
dentrodafilosofia,
doplanopedagógicoedosmélodospedagógicos.
Boa
panedas
concepçõesdecurrículonaliteraturaespecializadarelacionasua
conceitualizaçãocomoplanoouprojeloorganizado"pedagogicamente".Chamamos
códigosmelodológicosàprojeçãoquetêm
naelaboraçãodocurrículodeterminados

(ConI'"UQ)
84 Gimcno Slll:ri~lán
pnncipioseid~iassobreneducação,odesenvolvunenlo,aaprendizageme0$mél
dosdeenSinO. o-
Stcnhouse(J984)consideraque:
"Umcuni'culo~umatentativaparacomunicarospnnc:rp.osetroçosnstncioisdeum
propóSItOeducatIvo,deformatal quepermaneçaaberto1 discussiocrilicacpouaser
transfendoefcllvamenlepanapcltica
n
(p.29).
Issosignificaqueaseleçãodeconteúdosf!realizada,porexemplo, conSlderan·
doasPOSSibilidadesdeaprcn<:hzagemdosalunos,seusimeresses,suafonnadeapren­
der,ouque.elessãoorgamzadosemtomodeunidadesglobalizadasparadarmais
5lgmficallvldadeàaprendizagem;quesãoordenadoscomumaseqü~ncia quesecoo­
slde~maisadequ~: emespiral,linear,etc.;queosmétodoseas disciplinassão
seleclonadosconsiderandolodosessesfalo~psicológicosepedagógicos,alémde
op~porpnncfplO$comoa:onexãodaaprendizagemformalcomasexperiências
p~vlasdoaluno,comasrealidadesculturaisdomeioimediato,etc.
AI~mdiSSO,como~mentamos aodefinirfamíliasteóricas:ocurriculoelabo­
rado~umaformapnvllegladaparacomunicarteoriapedagógicaeprática, conectar
pnncfplOsfilosóflCos.conclusõesdepesquisa,etc.comapráticaqueserealizanas
au~as;porquea~nasatravbdoplanoerealização detarefasparacumprircomas
eX.lg!nclascumculares~quedetermmadospnncfpiospodemserconvenidosem
one.ntadoresdapráticae daaprendizagem.Porisso,definimosocurriculocomoo
proJ~rocuüural~/aborado sobc1wv~s P~da8ó8icas Umdosproblemasteóricose
prátiCOSmaisI~teress.anles naInvestigação.curricular~chegaraeselarecerquecami­
nhossloos~ISefetlvosparaessacomumcaçãoentreprinclpiospedagógicoseprá­
tiCOScomoviademelhoradaqualidadedoensino.
~ãofáceisdedeterminaro~~igos pedagógicos,porexemplo,naspropostas
obJellvlSdecurriculoqueaadministraçãoeducativafaz. Quandoestaregulaocurrf­
culo,~xpressa emmUllasocasiões~pçõespedagógicasnasorientaçõesgeraiS ouna
propnap,,?postadecont~údos mlmmoscomofimdeorientaroprocessoemseu
desen~olvm~nto naprática.Osprincfpiospedagógicossão, algumasvezes,meros
enunctado.sJustaPOSIOSouintrodutóriosaosconteúdose,emoutras,sedefinemde
formamaiSprecisanaordenaçãodetaisconteúdos, podendosedarcontradições
entreunseoUlros.
Vejam.osalguns
exemplossimplesdecódigospedagógicosordenandoocurri·
culopresento:N~r:egul.açlodoensinodeEducaçãoPré-escolare CicloInicialdeEGB(Or­
demMmlstenalde17-1-1981.B.O.E.21-1), sedispõe:
".Art..'·,2
..0desenvolvimentodoensino deLínguaCastelhana,Matemáticae
Expe­
rlfnClaSoel~1eNaturalserá/tita~mcad~rnos d~trabalho,livrosd~ l~ilufll ~material
d~usaco/~/lvo".
NoblocotemáticorelativoàeducaçãovocaldentrodaEducaçãoMusicaldeter-
mina-se
comoconteúdonessamesmadisposição: '
"2.1
Formarumaponteentrefalarecantar, deformaqueainiciaçlio aocantosede
espontaneamente,comnaturalidade"
oCurrículo
85
Naproposta
curricularparaa~Mat~nas M~dias realizadapeloMinist~rio de
Educação(1985),naáreadeUn8ua,sepropõeque:
"'Eslamat~riatemcomo fimliltlmodc~nvolver acapacidadedoalunoparaseexp~­
sarOI1Ilmcnteeporescnto demaneiracorreiaeparacompreendereanalisar asmensa­
gensIingü(sticas".
"OprópriodiscursodoalunohideseroponlOdepartidae arefetinciaconstanle para
•III'Cfadidál.ica,quedeveIe......osestudantes.umconhecimentoreflexivo doidioma..um
domínioadequadodovocabulárioe •umautilizaç50criativadalíngua"(p.IS).
Oscódigospodemdeterminartam~maconfecçãodeumprojetocurricularba­
seadoemmateriaisparnrealizaratividadesnaclasseemfunçãodetodaumateo­
ria.Aconfecçãodemaleriais~ummeiodecomunicarateoriacomaprntica(Eisner.
1979,p.144e
55.).aformademodelarumcurriculoorganizado em10mode
idl!:ias
parnqueosprofessoresoexperimentememsuaprntica(Stenhouse.1980).Esse~o
casodosmateriaisdeensinoprogramado,porexemplo,oudenumerososprojelos
baseadosemconcepçõesgeraissobreanaturezadoconhecimentonaeducaçãoou
sobreoensinoe aaprendizagem.AlgunsexemplossãooprojetoMACOS(Man.A
Cuneo/Study),elaboradoapanirdoprincípiOdeaprendizagempordescobenade
Bruner.OHunwnitiesCurriculumProJect,deSlenhouse(1970),estruturadosobo
princípio
dequeOS
professoresnãodevemimporsuasopiniõessobreuma~riede
problemassociaiscruciais, masfacilitaracompreensãodesituaçõescomplexasede
atashumanospormeiododiálogocomosalunossobretemasqueenvolvamconside­
raçõeseopçõesdevalor.O ExploringPrinwryScience7-lJ(Brown.1982),elaborn­
dosoboprincípio deensinarciênciaexplorandoarealidademaisimedialadascrian­
ças, etc.
Oscódigospedagógicospodemestimulararenovaçãodoensinoouestabiliz.á-
lo
emestilosobsoletos.Darei umexemplodecomoumconleúdocurricularinovador
nocasodeciências,
~traldopelo códigopedagógicoregressivoqueservepara
apresentá-lonomaterialdidálicoqueoalunolemqueaprender.Trata-sedeuma
"lição"ouunidadedeumIivro-texto.
Livro-Iexto:ESPORA. t:i~nt:iasnaturalu(J987J
S.deEGB.AprovadopeloMinist~rio deEdueaçãoeCiência.(B.O.E.28-9-1984)
Unidade26:Apuquisacientífica(p.136-141)
Informaçãoproporcionadaaoaluno:
I_Ohomempensaepesquisa
Ohomem
écapazde
seadaptaraomeIo deformadiferentedosoutrosanimais.
Parasuperarosproblemasquelhe
sAoapresentados,ohomem
pensaepesquisa.
Comissoconsegueummaiorconhecimentodascoisasedosfenômenosnaturais
ParafornecerumaexplicaçãodosfenÔmenos,experimentadiferentespossibili­
dadesaléencontraramaisacenada
2 _Asetapasdapesquisa
Apesquisaércalizadapararesolverproblemas.Oscientistas,quando pesqUISam,
costumamseguirumasl!riedepassosquevoeetambémdeveseguirquandoqui­
serresolveralgumproblema:
_ObS~rvClosfenÔmenoseanotadados.

86l.Gmleno S8Cri~lll.n
~Ord~"oec!lUsifjcaosdadosobtidos.
-ImaginaoupropõehipóltStS,istof.pos.sfveisexplicaçOcsdoproblema.
Ex~nmtn/o. criandosituaçOcsparecidIU par.!comprovarahipótesequefor·
mulou.
-A\ltllioouvalonzaosresultadosobtidos,ouseja,tiraconclu.sõcs
3- Olaboratório
Astltsprimeirasetapasdapesqui51slorea.lizadasnomesmolugarondesepro­
duZIUofatoaserestudado.
Au:~ril"ôo ffeita00laboratório.
Nolabontórioescolar hãinstrumentos,aparelhos,rninel'1is,produtos,ete.En­
treosmateriais.háalgunsmuitofnlogeisequaselodossão carosAlgunsprodu­
lOSslodelicadosouperigosos:etprecisolidarcomcuidado.
4 _ Otrabalbopolaboratório
Numlaboratório,a1tmdaprognmaçiOqucoprofCSSOffaz,tnecessário~panr
experiencias.1:precisocumprirexatamenleasfIOnrlQSdefuncionamento,quese
referemIIordem,1limpezae1SCguJ1ll\Ça,par.!evitarqueomaterialsequebree
causedanosffsicos.
ATIVIDADES(Paraoaluno)
I.Explicaporqueohomemprecisapesquisar.
2Ordenaasetapasdapesquisacienlíflcaescritasa5tguir.ordenaçloe c!wifica·
çlodedados.formulaçlodebipóteses,observação.experimentaçãoeavaliação
deresultados.
3.Escreveumacaracterfsticadeelida.umadasetapasquelCabade Ofdcnar.
4.Aquesereferem asnormasdefuncionamentodeumlaboratórioeJCOlar?
S.Escrevefrasescomasseguintespalavras:hipótese,uperimentaçlo.avaliação.
(Maisadiantedesenvolve OUIrospontosigualmenleesquemáticos:apreparaçãode
umaexperihcia,odesenvolvimentodeumae.xperiencia,aanáli5tdosresullados.o
cadernodetrabalho.Sugere,altmdisso.atividadesdomesmotipoqueasanteriores
ecompletacom"Outrassugestões~. como:1.-"Descrevenocadernocomoeum
laboratórioescolar,queInstrumentosemateriaistem,etc. 2.-Realizaaseguinte
investigaçlo:averiguaarelaçloentreonúmerodevogaiseodeconsoantesdeduas
páginasdestelivro~.)
Nota:Otextomisturaestainformaçloepropostadeatividadescomdes~"hos
ilustrativos:umhomemobservandoatrav6;deummicr()SÇópio,oplanoesquemalizado
deumlaboratório.algunsobjetoscomo umfmã,umdinamômetro,algunsparafusos,
umblocodenotllSeumacriançatomandonotasdiante deumaplanta.
oautorouautores,oua editoracorrespondentecertamentepretendeurenelir
umaidéiarelacionada coma"importânciadométodocientífico noensinodaciên­
cia".Mais
doquesustentarosconteúdosdotextointeiroe dasatividadesquese
sugerememcadaunidadecomesseprincípio,o quefazem
étransformarométodo
cientfficoemmaisumaliçãodolivro-texto,aúltima(talvez porquesejaacréscimo
posteriora umamaqueteprévia).Atéolaboratóriosetomaobjetodeaprendizagem
"nacarteira",sem quesejanecessáriovê-loouobservá-lo;a únicainvestigaçãoque
sesugerefazeré"delápisepapel",analisandoasletras doprópriolivfO--texto;O
restantedos
exerdciosserefereà
compreensãodotextoescrito. Atéoconceitode
"cadernodecampo"e"cadernodelaboratório"nãoéalgoqueserealiza,senão como
conceitosparaaprenderediferenciarentresi. Ovalordetalprincípiopotencialmente
oCunículo87
inovadorficaabsolutamentedesnaturalizado aosubmeterumaidéiainteressanteao
esquemadeaprendizagemlivrescocentrado nohvro-texlo.
Primeiro,
deveriasequesttonarseesseconteúdoaseraprendidoporalunosde
1(}..11anos_ aestruturaefases dométodocientffico, por
exem~lo.- éap,"?pnadoa
eles.Ainfonnaçãoéclaramenteincorretaemalgunscasos:édlffcdacrc:dttarqueo
astTÔnomo
ouo
ecologistadesenvolvamastrlsprimeirasetapasdapesqUisanolugar
ondeseproduzemosfatosedepois continuemnolaJ;>oralóno. .
Oscódigosqueassinalamos,quenãosãoosúmcosq~eafetarnaprá.tlcapeda­
gógica,deixammanifestodoisprincfpios, queporhoradeiXamoS apenasindicados.
Porumlado,o dequeapráticadocentetemreguladoresextem~s .aosprofessores,
emboraatuempormeiodelesconfigurandoa fonnaqueoeXeTClCIOdesuaprállca
adota.EstanãopodeserexphcadapelasdecIsõesdosprofessores,poiS.seproduz
dentrodecamposinstitucionaise decódigosqueorgamza~ odesenvolvllne~to do
currículocomoqualtodaaprática pedagógicaestátãodlretamenteen'Volvlda.A
estruturaçãooufonnadocurriculoeseudesenvolvimentodentro deumsistema.de
organizaçãoescolarmodelamapráticaprofissionaldoprofessor.configuramumtiPO
deprofissionalizaçãoinstitucional ecurricularmenteenquadrada
Poroutrolado.éprecisoassinalar que,àmedIdaqueoprof~ n~otenhao
domínio
na
decisãodesuaprática,umasériedeconhecimentose.compe~ncl~ intelec­
tuaisdeixarãodelhepertencercomoprofissionalizadoras.Amstltuclonahzaçãoda
prática,oscódigoscurriculares queemboapanesãop_ro~t?S eela~dos forado
âmbitoescolarpassamaserdistribUidoresdascompetenclasmtelectualsdo~profes­
sores.Ainteraçãodateoriacomaprática,aoníveldoprofessorado.ficadelimitada,
naseleçãodefacetasqueseconsiderarãopróprias dos~ocentes. deacordocomo
poder
dedetenninaç!oqueosagentesexternos
detalpráticatenham.

CAPíTULO
AsCondiçõesInstitucionais da
AprendizagemMotivadapelo
Currículo
Acomplexid.ded••prmdwSfll\ecoIar:vcpresslodi.complexid.ded.
""".
Algumascoruequlncias
Asaprendizagensqueosalunosrealizam emambientesescolaresnãoaconte­
cemnovazio,masestão,nslilUcionalmenlecondicionadaspelasfunções queaesco­
la,comoinstituição.devecumprir comosIndivíduosqueafreqüentam. Éaaprendi­
zagempossfveldentrodessacullumescolarpeculiardefinidapelo currkulopelas
condiçõesquedefinemamSlituiçlio-teatronoqualsedesenvolveaação.
Issotcmuma~riedeconsequenciasimponanles,eamaisdecisiva deseressal­
tarnomomemo ~queaqualidade daeducaçãoficadefinidapelascaracterísticasda
aprendizagempedagógica,lal comoacabamosdecaracterizá-Ia, modeladapela
contextualizaçãoescolardentro daqualocorre.Potenciaraqualidade daeducação
exigeamelhoradascondiçõesnasquaisessaaprendizagempedagógicaseproduz.A
mudançaqualitativanoensino,
quetemmuitoaver comotipodemelodologiaou
prálicaqueosprofessoresdesenvolvamecomosconteúdoscurricularesseapóia,
alémdisso,emtodososcomponentescontextuaisquecondicionamaaprendizagem
escolar,algunsdelespoucoevidentes
àprimeiravista.
Porissodissemos
queo
currfculoéoprojeloculturalqueaescolatomapossí­
vel.Não
équequalquerfalorqueincida no
currfculodevaserconsideradocomoum
componenteestritodomesmo,masque,aoconsiderá-locomoaculturaqueaescola
tomaposs!vel,osdelerminantesescolaresseconvertemalgumasvezes emfontesde
estfmuloseducativosdiretose,
emqualquercaso,moduladores daspropostas
curriculares.
Nãopodemossepararconteúdoseexperiência,tampoucoestadascondiçõesda
mesma.Skilbeck(1984,
p.178)afirmaquesão
dimensõesdocurrículobásicoas
áreasdeconhecimentoedeexperiência,osprocessoseosambientesdeaprendizagem,
poisdessaslrêsdimensõesdependeaconsecuçãodoscomponentesbásicosdeforma­
çãoquedevemconstituirasbasesdeumaeducaçãogeralextensívelatodos.Ospro­
cessosdeaprendizagemquetenhamaceitaçãosãoresponsáveisdiretos paralograrou
nãoasfinalidadesdoscurrículos.Taisprocessos
deaprendizagem,no quesereferea
certosconteúdos,têmoutroscondicionamentosnosprofessoreseemgeralnascondi·
çõesambientaisescolares.

oCUrTÍculo9J
Apráticadoensinonãoé,pois,umprodutodedecisõesdosprofessore,s,anão
serunicamenteàmedidaquemodelampessoalmenteesteca':llPoded:tennlllaçõe~,
queédinâmico,flexívelevuln.erável àpressão,m~s.que:xtgeat~aço~s emníveiS
diversos,nãoodidático,massimo
pohtlCO,oadmllllstrallvoe oJurídiCO,
paralhe
imporrumosdistintos. .
Asaprendizagensderivadasdocurrfculosã?~squeserealizamdentrodessas
condições.Oprópriocurrfculoincorporaessaslimitaçõesquand?seapresent~ aos
professores.SChubert(1986,
p.233)consideraocontextocomo
~I~umaextensaoda
organizaçãocurricular.Oambien~e contextuaIdocurrícul.oécondlçaoparaq~edel:r­
minadosefeitospossamserobtidosdomesmo,àmedidaquesãoumadlmensao
relevantedasatividadesdeensinoedeaprendiz.agem.
Oprojetoculturalsedánum"ambiente"que
é
po~s!s~el~mento modeladorou
medializadordasaprendizagens
efomedeestímulos
on~lIIals, IIIde~ndentes d~pró­
prioprojetoculturalcurricular,fonnando,~mseuconjunto,opr?Jetoeducativo.e
socializadordainstiruição.Aescolae oambienteescolarquese enasobsuascondi­
çõessãoumcurrículo
oculto,
fo~tedeinum:ráveisaprendizagensparaoaluno.fa
derivaçãoconceituaiqueseextrai,talc0':ll0vlmos~deenfocarocurrfculocomoexpe-
riênciaoucomointersecçãoentreateonae apráttca. .~
Apesquisasobreosambientesescolarestemumalonga.tradtçao(Fraser,1986~,
aindaqueelestenhamsidoanalisadosemge~alcomote~a mde~ndent:, aosegUIr
umatradiçãoempiristapoucoatentaadetennmaçôesdediversostgnoe
mvel,
embo­
ramaisrecentementesejarelacionadacomocurrfculoenquant~ secon~erte nu~a
dimensãocontextuaidomesmoeinclusivenumadasmetas .doprojetocumcular~ p?IS
muitosoutrosobjetivospropostosnoscurrfculosnecessttamdecertascondlçoes
ambientaispréviasparasuarealização.Assim,pois,"criarambientes"pod~passara
serconsideradoobjetivodecertosprojetasdecurrículo.O
casoébemeVidenteem
educaçãoinfantil,porexemplo. . _
DesdeafonnulaçãodeLewinsobrea
exphcaça~ dacondutahumanaco~ouma
funçãodainteraçãoentrepersonalidadeemeioamble~te háumalongatradlç.ãona
pesquisaeducativarelacionada,sobretudo,comos~mblente~ deaula,emsuadlm~n­
sãopsicossocialfundamentalmente, comfreqüênctaconcebidoscomocontextos 111-
FIGURA3.Modelodedetenninaç1iodaprática,segundoLundgren.
I
I
Regra.
formais
Regulam
CULTURAL
Restringem
C.mpod.
refer&ncla
I
I
ESTRUTURA
SOClAL
PROCESSO EOUCATIVO
I
Metas
1
Cirigem
CURRlcULO
ECONOMICA
"Aeducaçãotransfonna-se emreprodução,nãoporsimplestransmissfiodeconheci­
mentos,habilidades
ouatitudes,masatravésdatransfonnaç1io
dinâmicadasestrutu­
raseconómicas,sociaiseculturais dasociedade,atravésdocontextodoensino ..
"Porissomesmo,ateoriadocurrfculonuncapodeserconstrufdasomentesobreo
estudodosprocessos
deensino-aprendizagem,masem
rdaçliocomoestudodosva­
loresdessesprocessos numasociedadeconcreta" (p.35),
Acapacidadedetransformaressea~bi,ente :xigetambémnovasrelaçõescomo
meioexterioroutrashabilidadesdeadmlnlstraçaodosprofessoresApreocupação
pelasconquis'tasleva,àsvezes,aodesprezodaqualidadedo queéconquistado.A
vigilânciadaqualidadedasexperiências éumaconstantedopensamentopedagógico
modemo
Argumentamosaimportânciadocurrículocomodeterminantedoqueocorre
nasaulasenaexperiênciaqueoalunoobtémdainstituiçãoescolar.Destacou-se
tambémaimplicaçãodepráticaspolrticas,administrativas,institucionais,etc.,junta­
mente
comoquecostumamosentendercomogenufnapráticapedagógica,todas
entrecruzadasnodesenvolvimentodocurrículo.Todaaregulaçãoqueafetaainsti­
tuiçãoescolar,opessoaldisponfvel,osmeiosdidáticos,osespaços,otempoesua
distribuição,otamanho
dasclasses,oclimadecontrole,etc.,sãooscamposmais
imediatos
daaprendiz.agemescolar.Frente àmentalidadedidáticaquerestringeessa
aprendizagemaoqueseesgotanasmatériasouáreasdocurrfculo,
éprecisomanter
umavisãomaisecológicadoambiente
escolarcomofontedeaquisições.Sãoestfmu­
losparaaprendernãoapenasossistemassimbólicosoucomponentesestritamente
culturais,detipointelectual,massimumagamamuitomaisampla.
São,comoafirmaLundgren(1979,
p.20),asforças queenquadramaaçãopos­
sível,
quedirigem
econstrangemoprocessodeensino.Essasforçasdeterminamas
decisões
quesetomame oprocessoqueresulta,condicionandodeigualmodoos
resultados.
Paraoautorcitado,oscampos
dereferência
sãointernalizaçôesdefunções
externas
daeducação,constiruídosporfatoresdeterminadosforadoprocessodeen­
sino.Osprocessos
deaprendizagemdependemdefatoresexternoseinternosescola­
res,anterioresesimultâneosatalprocesso.Circunstânciaqueexplicaporqueas
funçõesdaeducaçãoescolarizadasãomaisamplasqueasexpressadas
emqualquer
currículo,poramploqueestepretendaser:reprodução,seleção,hierarquização,con­
trole,etc.Ocurrfculo,
àsvezes,asrefleteexplicitamente,mastambémestãonascon­
diçõesdentrodasquaiselesedesenvolve.
Lundgrendestacatrêssistemasquecondicionamosprocessoseducativos:ocur­
dculo,osistemaadministrativo etodasas regulaçõeslegaisqueafetamaescola.
Trêssistemas
quevêmcondicionadospelaestruturaeconómica,social,culturalepo­
líticamaisgeralnaqualseenquadram.
~freqüenteque,namaioriadoscasos,
essessistemasfiquemforadocontroledosprofessoresedosalunosepodemsermodi­
ficadossomenteatravésdosprocessosdeintervençãopolítica.Ostrêssistemasdãoao
ensinoasmetas,ocampodereferênciaeasregrasqueincidemnoprocessoeducativo,
restringindo-oou,simplesmente,regulando-o.
Lundgren(1981)afirma:
90l_
GimellOSacrislÁn
ACOMPLEXIDADE DAAPRENDIZAGEM ESCOLAR:EXPRESSÃO DA
COMPLEXIDADE DAESCOLA

92J.GlmenoSacnslán
dependentesdoambientedaescolae àmargemdequalquer OutrocontextomaIs
amplo.Essatradiçãodepesquisademonstroucorrelaçõesestatísticasentreefeitos
cognitivo~. afetlvosedecondutasnosalunosecaracterísticas domeiodaclasse:
laçossociaISentrecolegas,relaçõesprofessor-alunos.etc.Aomesmotempo.en­
quantoacriação
deumdetenninadoambiente
aparecenãoapenascomomediatizadOl1l.
dasaprendizagenspropriamenteescolares,mascomoumobJetivoecritériode
efetividade
emcertasrefonnascurriculareseprogramas deinovação.isso
levoua
aperfeiçoaranálisesnasdimensõesnessesambientespsicossociais(Fraser.1986.p
120
ess.). Centrar-senosambientesdeaulacomounidadesecol6gicas,eespecialmente
emsuascondiçõespsicossociais,semversuarelaçãocomaspeculiaridades
organizativaseins!llucionaisqueafetamtodaavidaescolar.acadaaulaconcreta­
menteeaodesenvolvimentodocurriculo.éumavisãomíopequenãopodecompre_
enderIIinclusãodealgunsnichosecol6gicos emoutrosmaisamplos.Issoimpede de
colocaranecessidadedeoutroscenáriosambientaisparaoensino,emfunção de
outrosmodelosdeorganizaçãodasescolas. Tratan:InOSmaisdetidameme,maisadiante,
docondicionamentodaatuaçãodoprofessoremfunçãodevariáveisorganizativas.
dotempoquepodededicaraseusalunos.doclima deavaliaçli.onainstituiçãoesco­
lar,departicipaçli.onaescola,darealizaçãodeatividades,etc.,todascomocondições
quedelimitamoambiemeescolardeaula,masquesedetenninamforadamesma.
Reduziroestudo domeioambienteàaulaeexplicá-loemsuadimensãoprópria.com
todaaindubitávelimportânciaquetem,implicaadmitiropressuposto dequeos
aspectosorganizativosnãotêmnenhumarelaçãocomocomportamentodosalunos,
dosprofessoresoucomasrelaçõesentreambos.Asestruturasorganizativasafetamo
espaço,otempoeasrelações,etc.
Oambienteescolar
écriadopeloclimadetrabalhoorganizadode
umaforma
peculiar
emtomodetarefaspara
desenvolverumcurrículo,quetemavercoma
organizaçãodainstituiçãoescolar,refletindooutrosdetenninantesexterioreslipró­
priainstituição.
Talvez,paralograrmaisprecisãoconceituaI.convenhadelimitar,
deforma
res­
tritaoconceitodecurrículoparaoprojetoculturaldaescola,massemesquecero
fato
dequesuasignificaçãoúltima, ao
seconverteremexperiênciasparaosalunos,
estámuitomediatizadopelascondiçõesdoambienteescolar.Ocurrículo,comopro­
jetoprévioasuarealização,incorpora,inclusive,muitospressupostosorganizativos
escolares,como
jáassinalamos,atravésdoscódigosdeseufonnato.
~umobjeto
socialehist6riconãoapenasporqueé aexpressãodenecessidadessociais,mastam­
bémporquesedesenvolveatravésdemediatizaçõessociais,eascondiçõesescolares
sãoumaparteimportantedelas.
Adimensãoambientaldocuniculosereflete,muitoclaramente,àsvezes,nos
modeloseducativosreferidossobretudonaeducaçãoinfantil,eumpoucomenosno
primeirograu,ondeexplicitamentesepropõeadisposiçãodomeioambienteescolar
comoprimeiroinstrumentoparaconseguiralgunsobjetivoseregularasatividades.
Trata-sedautilizaçãoconsciente
doambiente,nestecaso,paraquenãosejauma
dimensãoocultasemcontrole(King,1977;LoughlineSuina,1987;SmitheConnolly,
1980).Nosoutrosníveisescolaresestamosacostumadosaperceberumambiente
maishomogêneo,quetendeaseraceitocomoumapaisagemnatural
aherávels6em
ocasiõesoportunas.Para darumexemplo,pense-senasdesiguaispossibilidadesque
umlaboratório,umaoficina,umaaulaclássica,safdasparaoexterior,etc.oferecem,
paraentenderaimportância daestruturadomeioambientenoqualocurrículose
desenvolve.
oCurrfculo93
oambienteescolarimediato,noqualocorremasaprendizagens,temcertas
dimensõesqueoconfiguram.SeguindooesquemapropostoporApple(1973),pode­
mosdistinguirseisaspectosbásicos
doambienteescolardesala deaula,
Quesecon­
sideramcomoparteintegrantedocuniculoefetlVoparaosalunos:
I)Oconjunwarquiletônicodasescolas,queregulaporsimesmo,como
qualqueroutraconfiguraçãoespacial,umsistema
devida,de
relaçõc.s,de
conexãocomOmeioexterior,etc.Aarquitetura deumacrechema<lemaé
umespaçomuitodiferenteaodequalqueraula
deensinode2°grau,por
exemplo.Adisposição
doespaço
paraprofessoreseparaalunosexpressa
umaformadeentenderopoder,arelaçãohumana,osusos decompana­
mentocotidianos.(Podeseversobreestetemaa obrade LoughlineSuina,
1987).
2)
Os
asputosmateriaisetecnológicas.Adotaçãodemateriais,aparelhos,
modelos,etc.fornecemdiferentespossibilidadesdeestimulaçãoedeapren­
dizagemmuitosdiversas.Aprendizagenspropiciadaspela
riquezadeestimulaçõespossfveisepelospadrões deusodessasdotações.Quem
temacessoadiversostipos dematerial,quando,paraquê, sãoaspectos
ligadosanonnas
deusodosmesmos.Osignificadoeducativodosmate­
riais
nAoderivadesuaprópriaimportânciaeexistência,mas danatureza
daatividadenaqualsãoutilizados,umaatividadeorganizadasocialmen­
te(Apple,1986,
p.76ess.).
3)
Os
sistemassimbólicosedeinformação,queé oaspectomaispróprio de
cuniculo.Amentalidadetnldicionalconsiderouistocomooconteúdo
porantonomásia.Ocurrfculoexplícitoouescritodaescola.
4)
As
habilidadesdoprofessor.Oprofessoréumafontedeestimulação
particular,oprimeiroemaisdefinitivorecursodidáticodoensino,ao
mesmotempoquetransmissoremoduladordeoutrasinfluênciasexterio­
res.Dafquesuafonnaçãoculturalepedag6gicasejaoprimeiroelemento
detenninantedaqualidade
doensino.Masnãopodemos esquecerque
suas
habilidadesprofissionaisnãosãotudo,porquê,emgrandemedida,
seupapelpedag6gicoestámarcadopeladivisãodecompetênciasprofis­
sionaisqueaprática
de
desenvolvimentodocurrlculolhereserva.Nas
atuaiscircunstâncias,oprofessorétantooexecutor
dediretrizesmarcadas
apartirdeforaquantoocriadordascondiçõesimediatasdaexperiência
educativa.
S)Os
e.swdanteseoutrotipodepessoal.Ainfluênciaentreiguaisfoiconsi­
deradacomoumdosâmbitoseducativosmaisimportantes
daeducação
escolarizadaeextra-escolar.O
grupodeiguaisébásiconodesenvolvi­
mentosocial,moraleintelectualecomofonte
deestimulose deatitudesde
todotipo.Sãoconhecidososcorrelatosentrediferentesaspectosdasocia­
bilidadedentrodaaulae orendimentoacadêmicoouasatitudesparacom
aescola,etc.Outrotipodepessoal,comopodeserocasodasatendentes
naeducaçãoinfantil,sãoelementoscomponentes
doambientedeaprendi-
zagem.
pod...
_ .
6)Componentesorganiz.ativosede er.AmslltUlçaoemSI,com~uas
pautasdeorganizaçãodotempo,doespaço,dopessoal,com suasrotmas
ecomumafonna
deestruturarasrelaçõesentreosdiversoscomponentes
humanosnuma
estruturahierarquizadorasãofontedeaprendizagensmui­
toimportantes.Asatividadesacadêmicassãocamposderelaçãosocial,

94J.GlmenoSacristán
comoosãoosritosdeentradaesaídadasaulas,umverdadeirocurrfcul
deh.abilidadessociaiscontraditórias,
emmuitoscasos,comobjetivos
ex~
phcltamentepersegUIdospeloprofessor.
DeacordocomSchubert(1986),asdimensõesdoambienteescolarsãoasse.
gulntes:
Física:Con~.gu.rada peloselementosmaleriais daaulae daescola,desdeoedifTcioaté
omoblháno,adisposiçãodeespaços,osserviços,etc.
Mat~r;ais: Disponibilidadedemateriaisdidáticosnaescola,suaacessibilidadepara
osalunos,nonuas
deuso.
Interp~ssoal: Relativaaotipodeorganização dosgruposhumanos,critérios de
agrupaçãodealunos,relaçõesentreprofessores,etc.
If/.Stilu~;onal: Oestilodegestãoegovernoqueafetaoclima detrabalhoe deapren.
dlzagem.
Psicossocial:
é.aatmosferapsicossocialcriadapelasrelaçõessociais.
.Acreditamosqueatodasessasfontesdeaprendizagemoudimensõesdoam­
~Iente, ~eladoras dosefeitosdocurriculo,haveriaqueacrescentarumacaracterís­
tica
mUIto
~eclslvados:ontextosescol.a.;res,queéofatodepossuirpautasespecfficas
para,!JoMJ~r ~aprendlzage~. e~volta.lD. Quandosetrata deumaaprendizagem
planeJadaSignifica
quea
sequencl8pelaqualseoptee ograu derigidezdamesma
ordenaonuxodeestf~ulo.s e~ação,isto.é,nãosetratade umambienteque nuade
f~espontânea.Amnuenclaqueaavaliaçãoemprestaatodootranscurso daação
é
ev~dente,
ecertamenteestamosfrenteauma dascaracterísticasmaisdecisivasdo
amble~te deaula.Estasduascondiçõescristalizaramde ummodomuitoincisivoa
ment~hdade ~os prof~sores, emsu.aspa~t~ depensamentoecomportamento,por­
quesaocondiçõesbásicasdapropnamstltUlçãoescolar.
Naescola,normalmente,nãose
podeaprenderqualquercoisaemqualquermo­
men.to,embora
~nharelevlnciaeinteresseindubitávelpara osalunos.Inclusive,a
partirdedetermmadosesquemaspedagógicosemodelosoufonnatosdeaprendiza­
gem,sedefineumaaltaestruturaçãodeprocessoseconteúdosdidáticosparadesen­
volverocU,:"culo.Umfatoéanecessidadedeumprocessoestruturadoparalograr
umaap~ndI7.age.m muitodefinidadeumoumaisconceitosrelacionados,oudeIoda
umaunIdade
maISampla,que
éprecisoterplanejadomaisoumenosdetidamentee
outT?fatoéamentalidadegeraldeatividadeordenadaeseqUencial,semnenhu~a
explicação.daordem.queafetalongosperíodosdeaprendizagemetodaaescolarida­
de.Mentalidadefomentad~ pelaregulaçãoadministrativadocurriculo,queoordena
ell)cursos,blocos,etc.,emstrumentadapelaseqüênciainternaqueoslivros-texto
seguem.Umadasvantagensdaexperiênciaescolaréadeproporcionarexperiências
or.den~das, talcomoreconheciaDewey,outracoisa édefendero currkulocomose­
qUêncl~ altamenteestruturadaquesepodepreverdeantemãoeque éseguidode
formamexorável,acompanhandoo[ndicede
umlivro-textoouqualqueroulroes­
quemadeprogramaçãorrgida.
Algo
parecidoaco~tece comaavaliação.Avalia-secomoexigênciadocontrole,
enãoapenasporneceSSidadedeconheceroprogressodosalunos,oqueinduzauma
mentallda.de.tambémgeneralizadadequetudo
éavaliávelequetudodeveseravalia­?O,atéobJ~tlvos econteúdosquesãopraticamenteimpossíveisdesê-lo,quenempor
ISSOha.veraodede~merecer aatençãoe oesforço.Asaprendizagensescolaressão
aprendlza~ens avaliadas,oquenãoacontecenavidarealexterior. EmtodoOsistema
escolarsemstalaumaespécie
dementalidadedecontrolequeafetatudo queocorre.
oCurrículo
95
Aavaliação,mais doqueumafonnadeconheceroqueacontece,se tomouoelemen­
to-chavedaconfiguração
deum
climaescolar.
Ainteração
detodasessas
dimensõesdoambienteescolarpreencheo conteúdo
docurriculoocultoefiltraosefeitoslogrados docurriculoexplícito.A condição
institucionaldaescola,comomeioestruturadoffsicaesocialmente,a transforma
numambientedecisivo,noqualastarefasescolaresacabamconcretizandoasmar­
gensdeatividadedoaluno,osprocessosde assimilaçãoeaspautas
deautonomiados
participantesnessa
situação.
ALGUMASCONSEQÜt:NOAS
a)Aprimeiraconclusãoimportanteéqueoscurriculosampliadosdaescolari­
dadeobrigatóriasupõemumamudançamuitodecisivanoconceitoe conteúdoda
profissionalidadedocentee,ponanto,naformaçãoculturalepedagógica
de
queos
professoresnecessitarão.Ascompetênciasdoprofessoridealsãoresultado dapecu­
liarponderaçãodeobjetivosdos cumculosemdiferemessituaçõeshistóricas,geo­
gnificas.culturais,etc.Essasaptidõesdoprofessorsãoexigênciadeumprojetocom­
pletodesocialização.demandadopeloquesedenominaeducaçãointegralepela
própriaevoluçãosocial.
Asmudançasno cumculo,renexodeumadinâmicasocial
mais
ampla.exigemumnovoprofessor.
AprimeiraconseqUência.pois,équeoprofessorvêsuascompetênciasprofissio­
naisampliadas.Odocentedaeducaçãoobrigatóriatemnecessariamenteatribuídas
funções
quecobremaspectosdiversos
paraalémdarelaçãocomosabere oconheci­
mento.
Umcurriculoglobalampliado,
comênfasenashabilidadesbásicas paraconti­
nuaradquirindocultura,exigeumatransformaçãopedagógicanos
conteúdosque
podemserselecionados dediferentescamposculturais.exigindoprofessoresmelhor
emaisamplamenteformados,paraabordarobjetivoseconteúdosmais
complexos,
vistoquesuafunção
étransformaraculturaelaborada emculturaválida paraocida­
dãocomumque
umdiasaidainstituiçãoescolarenecessitadeumapreparação
bási­
ca.Aseleçãoculturalqueocurrículodevecompreenderesuaelaboraçãopedagógica
paraquecumpraafunçãoeducativadentrodaescolaridadeobrigatória
exigeum
papelativomuitoimponantedosprofessoreseumafonnação
emconsonância,anão
serqueprevejamosparaelesumaatividadequeconsista
em"consumir"edesenvol­
ver
emsuasaulas guiascurricularesconfeccionadosporoutrosagentesexteriores,
editoras,etc.Algoque,emborasejaem
cenamedidainevitável,devidoàsituaçãode
panida,não
éummodelocoerente comumaimagem deprofessordesenvolvidodes­
deopontodevistaprofissional.
Oconhecimentofragmentado,talcomosecriaemâmbitosespecializados(se
hádecumprirumafunçãoculturalnaeducaçãodetodososcidadãos),a
existênciade
paradigmasconflitivos,Orelativismoquetudoisso
componaexigemprofessores
commaiscapacidadeparaentendertodaessadinâmicaculturale comcritérioprofis­
sionalparaenfrentarasmudanças
inexoráveisquevãoexperimentardurante suavida
profissional.Aoprofessorsepropõem,hoje,conteúdosparadesenvolvernos cum­
culosmuitodiferentesdos queeleestudou,sem quecompreendaosignificadosocial,
educativoeepistemológicodasnovaspropostasfrenteàsanteriores.Asfontesda
segurançaprofissionalnãopodemvirderespostasfixasemsituaçõesvolúveis.
Nosistemadeprodução-reprodução
dosaberexistempoucasinstânciasinter­
mediárias,pessoase
instituições,dedicadasameditar,pesquisareproduziriniciati-

961.GlmenoSacrislán
vasrelacionadascom asrepercussõesquetêm,paraaeducaçãoemgeralepara as
etapasobrigatóriasemparticular,asmudançasqueacontecemnosn[veisdeprodu.
çãodosaber,relacionando-oscom asnecessidadesdosalunosedasociedade.Nor.
malmente,aescolae,sobretudo, oscurrículossofremapressãodasnecessidades
políticas,econômicasesociais
deformamaisoumenosdiretaeprementeparaque
transfonnemseusconteúdos,e odiscursopedagógiconestesentido,se
seproduz,
costumaanalisá-lo
aposteriori.
Namaioriadoscasos,oprofessornãocostumadominar, noníveldo
I~grau,as
chavesqueexplicamaevoluçãodosaberedacultura. Nocasodoprofessordo2~
grau,tambémnãosecostumaatenderentrenósaestasfacetas"educativas"doco­
nhecimentoesuarelaçãocomaeducaçãoemgeral.Porisso,oprofessorficaprofis­
sionalmenteinertefrenteaestecomponentedesuaprofissionalidade:tendocomo
funçãobásicaareproduçãodosaber,nãopodepartiCIparnaelaboraçãopedagógica
domesmo,peloque
selimitaou
àdependênciaemrelaçãoaagentesexterioresque
lhedãomodeladoocurrículo(livros-texto),
ouareproduziroconhecimentoporele
adquirido.Aparticipaçãoativa,profissionalmentefalando,requerformuçãocultural
cientifica,etc.sólidaeumaatençãoespecfficaaesteproblemaquandoaformaçãoé
denívelaceitável.Estaéumajustificativapararequererníveisdefonnação
debase
maiselevadanoprofessoradoatual
daeducaçãode
l~grau.Essaformaçãocultural
maiselevadanãoéumareivindicaçãoparaenfrentarconteúdoscurricularesmais
complexoseelevados,quepoderiarepercutir,semquerer,numensinomais
academicistaelivresco,masacapacitaçãoparapoderentender
aschavesdaprodu­
çãodosaber,suaevoluçãoeseusignificadoeducativoesocial.Aqualidadedoensi­
nodeveconsiderarestachaveepistemológica,assimcomoaformaçãodeprofesso­
re'.
h)Essascompetências,numaperspectivatécnico-p.ofissional,nãosãofáceis
depropiciardesdeaformaçãoinicialdoprofessorado,àmedidaqueexigemcapa.
cidadeparaestruturarambientescomplexos,deliberaremsituaçõesambíguase
conflitivas,acomodarexperiências
àsnecessidadesdosalunos,ouoperarcompro­
cessosdificilmenteprevisíveis.Exigemumaformaçãoaberta
noprofessorqueo
capaciteparadiagnosticarpor
simesmoassituaçõesetomardecisõesadequadas
autonomamenteeemgrupo.Maisdoque
armá·loderespostas,énecessáriolhe
facilitaresquemasgeraisdeaçãoeinstrumen!Osdeanálisepara!omardecisões
responsáveis.
Aessacondiçãoacrescentamosqueaampliaçãodeobjetivosdoscurrículos
supõecapacidadespararegular
ouestimularprocessoseducativosmuitodiversos,
quenão
sóafetamfacetasintelectuais,comotambémsociais,afetivasemoraisdo
indivíduo.Nestesentido,acompetênciadocentenão
sóseamplia,comotambém se
dilui,porqueentraemcamposdedifícilregulação. Asmudançascurricularese a
ponderaçãodecomponentesnasmesmastêmrepercussõesnaprópriafonnade
en·
tenderoconceitodehabilidadeprofissionaldocente. Vaisemodelandoumespectro
decompetênciascadavezmenosdelimitadas,maisindistintas,vistoqueseexerce
emfunçõesmaiscomplexas,emâmbitosdeintervençãoemqueoscritériosdoque
sãoenãosãoosprocedimentoscorretosparaumaeducaçãoacertadaoudequalidade
sãomuitoincertosediscutíveis.
Asfunçõesdoprofessor seconfiguram,progressiva­
mente,
noãmbitodapedagogiaqueBernstein(1983)chamoude invis{vel,maisdo
quenavisível.
Osnovosencargoseducativossupõemumaatençãoprimordialaosprocessos
educativos,emgeral,eaosprocessos
deaprendizagem,emparticular.Ocurr[culo
o
Currículo97
queserealizavemorientadopor umplanocadavezmaisglobal,cujosefeitoscon­
cre!osdependemdascondiçõesnasquais
serealiza.
c)Onovocurrículoexigemetodologias,saberese habilidadesprofissionaisdi­
ferentes,oquelevaaumaalteraçãonaprópriaforma
derelacionar-secomosalunos,
emesquemasdedireção,avaliaçãoecontrolenovos.Osprofessorese oconhecimen­
topedagógicoatualnãopodemresponderacertasexigênciascrescentes emterrenos
muitasvezesmovediçosnosquaisédifícilestabelecercritériosdecompetênciapro­
fissionaleesquemasdeatuaçãoquepossamserconsideradosválidos.
Tudoissose
refleteemtensõesparaoprofessorado.Acrescenteresponsabilidadequeéatribuída
aele,comaconseqüentepressãosocial,nãotemcorrespondênciacom
osmeios,as
condiçõesdetrabalhoe asuaformação.
Cria-seumacertaespeculaçãopedagógicasobreumtipodeprofessorideal,
cadavez"maiscompleto"ecomplexoquecontrastacomobaixo
srarusreal,econô­
mico,social,intelectual,etc.queoprofessorcostuma
ternasociedade,comaimpor­
tânciaque
sedáasuafonnação,etc.,correndooperigodemodelarumprofissional
queécadavezmaisdifícildeencontrar
narealidade.Idealiza-seumdiscursopeda­
gógicocadavezmaisdistante
dascondiçõesreaisdetrabalho,dapreparaçãoeda
seleçãodeprofessores,oqueinexoravelmentelevaaestimularnosprofessoreso
sentimentodeinsatisfaçãosobreainstituiçãoescolaresobreaprópriaprofissão.
d)Oprofessor,principalmentenumasociedadeheterogêneaepluralista,se vê
submetidoacontradiçõesdiversas,porque asdemandasquerecaem sobreelenão
sãounfvocas:
asprovenientesdeterquefavorecerumprogressoacadêmicopara
facilitaroacessoaestudossuperiores,seguindoalógicadasdisciplinas;favorecer
funçõesporpressãosocial,enquantoéservidorsocial;prepararparaa
vidaexteri­
oràsaulas,oquenemsempreéalgocoerentecom asnecessidadesdosindivíduos,
ater-se
àscondiçõesdedesenvolvimentodosalunos,asuasnecessidadeseinteres­
ses,etc.
Currículosmaisamploseprofessoresqueseconsideraquedevemintervirem
funções,objetivoseconteúdosmuitodiversoslevam,definitivamente,a
umatrans­
formaçãodasrelaçõespedagógicas.Nãoé omesmoumainteraçãodidáticanaqual
assegurarumadeterminadaaprendizagemdeconteúdosclássicosdematemática
queumarelaçãonaqualéprecisoconsideraraspectosmaispessoais,normassoci­
ais,morais,meiosdeexpressão,etc.Seosnovosmodeloseducativosrequeridos
pelafunçãoquecumpreaescolaridadenasociedaderecaememnovoscurrículos,
paracumprircom
osfinsdosmesmos,éprecisotodaumatransformaçãopedagógi­
ca,nãoapenasdosconteúdos,
mastambémdosmétodosedascondiçõesescolares.
Oquesignificalevaremconsideração:ainovaçãodocurrículo,aformaçãode
professores,atransformaçãodascondiçõesdaescola,assimcomoosconflitoscom
oambienteexteriorpelamudançadeatitudesqueissocomportabasicamentenos
pais.
Essatransformaçãodasrelaçõespedagógicas,emâmbitoscadavezmaisam­
plos,supõeuma
mu~ção dasrelaçõesdepodernaeducaçãoexercida emâmbitos
diversos:naesferadainteraçàoentreprofessoresealunos,fundamentalmente,
mas
tambémnasrelaçõesdoalunocomainstituiçãoescolar,nasdosprofessorescoma
escolaenasdaadministraçãoqueregulaoscurrículoscom
osdocenteseosalunos.
Quantomaisamplassão
asfacetasconsideradasobjetodocurrículo.obrigató­
rio,maisamplaé aintervençãodosprocessoseducativosconscientes,
m~lsamplos
sãoosaspectosnosquais
seexerceocontroleatravésdas
rel~çõespedagó!llcas.Algo
inevitável,maspreocupante,enquantonão
sealteresubstanc13lmenteoclimadecon­
troledainstituiçãoescolar.Setemos,porexemplo,queavaliar
osalunosporseu

981.GlmeooSac::rislán
domrniodasoperaçõesmatemáticas,pelapossedecertosconhecimentoscientrficos
ele.,issodefineumcampomuitoconcretoedelimitado derelaçllio.Massetemosqu~
avaliá-losporsuacapacidadeexpressIva,porseushábitospessoais,porsuasatitu_
des,pelodomíniodedeterminadashabilidadesffsicas,porseudesenvolvimentoe
comportamentosocial,etc.,compreenderemosqueopoder
dainstituiçãoe dopro­fessoradosobreosalunosseincrementanotavelmente.
SEGUNDAPARTE
OCurrículoatravésdesuaPráxis

oCurrículocomo
ConfluênciadePráticas
CAPíTULO
Desdeumenfoqueprocessualouprático.ocurrfculo éumobjetoquesecons­
tróinoprocessodeconfiguração,implantação,concretizaçãoeexpressãodedeter­
minadaspráticaspedagógicaseemsuaprópriaavaliação,comoresultado dasdiver­
sasintervenções
queneleseoperam,Seuvalorrealparaosalunos, queaprendem
seusconteúdos,dependedessesprocessosdetransformaçãoaosquais
sevêsubmeti­
do.
Vimos,noconjuntodefenômenosrelacionados comoproblemacUlTicular,como
seentrecruzammúltiplostiposdepráticasousubsistemas:políticos,administrativos,
deproduçãodemateriaisinstitucionais,pedagógicos,decontrole,etc.
ComoSchubert
(1986)assinalou:
"O
campodocurrfculonão
fsomenteumcorpodeconhecimentos,masumadispersa
eaomesmotempoencadeadaorganizaçãosocial" (p.3).
Trata-se,pois,deumcampo deatividadeparamúltiplosagentes, comcompe­
tênciasdivididas
emproporçãodiversa,queagematravésdemecanismospeculiares
emcadacaso.Sobreocurrfculoincidemasdecisõessobreosnúnimosaque
sedeve
aterapolíticadaadministraçãonumdadomomento,ossistemasde
examese
contrl}­
lesparapassarparanfveissuperioresdeeducação,assessoresetécnicosdiversos,a
estruturadosaber
deacordocomosgruposdeespecialistasdominantes numdado
momento,elaboradoresdemateriais,osseusfabricantes,editores
deglliaselivros­
texto,equipesdeprofessoresorganizados,etc.Ocurrfculopodeser
vistocomoum
objetoquecria
emtomode sicamposdeaçãodiversos,nosquaismúltiplosagentese
forças
seexpressamemsuaconfiguração,incidindosobreaspectosdistintos.t:oque
Beauchamp(1981,
p.62)chamoudesistemacurricular.Parasua compreensãonão
bastaficarnaconfiguraçãoestáticaquepodeapresentarnumdadomomento,
éneces­
sáriovê-lona
constrnçãointernaqueocorreemtalprocesso.
Nessesistema,asdecisõesnão
seproduzemlinearmenteconcatenadas,obede­
cendoa
umasupostadiretriz,nemsãofrutosde umacoerênciaouexpressãodeuma
mesmaracionalidade.Nãosãoestratos
dedecisõesdependentesumas deoutrasem
estritarelaçãohierárquicaoudedeterminaçãomecânicae
comlúcidacoerênciapara
comdeterminadosfins.Osnfveisnosquais sedecideeconfiguraocurrfculonão
guardamdependênciasestritasuns
comosoutros.Sãoinstânciasque atuamconver­
genrementenadefiniçãodapráticapedagógicacompoderdistintoeatravés
demeca­
nismospeculiaresemcadacaso.
Emgeral,representamforçasdispersaseatécontra-

102J.GirnenoSacristán
ditóriasquecriam umcampode"conflitonatural",comoemqualqueroutrarealida­
desocial,abrindo,assim,perspectivasdemudança
nasprópriascontradiçõesque
apresentam,opçõesalternativas,situaçõesfrente
àsquaistomarpartido,etc. Deal­
gumaforma,cada
umdossubsistemasqueintervém nadeterminaçãodocurrfculo
realtemalgumgraudeautonomiafuncional,emboramantenharelaçõesdedetermi_
nação
re~fproca ouhierár~uica comoutros.Mesmoquesepretendesse,porexemplo,
que
.oslivros-textosegUIssemasdiretrizesdocurrfculopropostoereguladopela
admlnislração,elescriampor
simesmosumarealidadecurricularindependentee
concorrentecomadefinidapelaadminislração,porquedesenvolvem
umespaçode
autonomiaprópriodosubsistemadosmeiosdidáticos.
Outrapeculiaridaderesideemquecadasubsistemapodeatuarsobreosdiferen­
teselementosdocurrículocomdesigualforçaedediferenteforma:conteúdosestra­
tégias
pe~agógicas, pautasde,avaliação.Oequilíbriodeforçasresultantedálugara
um.pec~har gr~udeautonommdecada umdosagentesnadefiniçãodaprática.O
eqUlllbnopartIcular,emcadacaso,é aexpressãodeumadeterminadapolítica
curricular.
Umcampoparaen,tenderocurrfculodevecompreenderessasdeterminações
recíprocasparacadarealidadeconcretaepara
ascontradiçõesque
secriam,ou,igual­
mente,tomarexplfcitasaslinhasdepolíticacurricularqueseseguememcadasiste­
ma.Seocurrículoé umobjetoemconstruçãocujaimportânciadependedopróprio
processo,é
~n:ciso.verasinstânciasqueodefinem.Entrenós,pelatradiçãodeinter­
vençãoadmInistratIvasobreocurrfculonaescolaefrenteàcarênciade
umcampo
democráticoparaanalisarediscutirpossíveisesquemasdegovernosdainstituição
escolarede.seus
co~teúdos, sec~receudequalquerproposiçãoglobalsobreessepro­
blema.AqUI,atécnicapedagógicaparadesenvolveroensino foialgoquecompetia
aosprofessores,enquantoque
asdecisõessobreoconteúdodesuapráticaeramres­
ponsabilidadedaadministração,eambas
asinstânciasestiveramseparadassempre
porumabarreiradeincomunicação,devido
àsrelaçõesautoritáriaseburocratizadas
entre
osprofessoreseasautoridadesadministrativasmediatizadaspelocorpodeins­
petores.
. Osistema
~Iobalqueco.nfiguraocurrfculorepresenta umequilíbriomuitope_
cuharemcadasistemaeducatIvo,comumadinâmicaprópria,quepodemostrarvaria­
çõessingularesemdiferentesníveisdomesmo.Podemosconsiderarqueocurrículo
queserealizapormeiodeumapráticapedagógicaé oresulladodeumasériede
influênciasconvergentese sucessivas,coerentes
oucontraditórias,adquirindo,dessa
forma,a
caracterísli~a deserumobjetopreparadonumprocessocomplexo,quese
trans,formaeconstróI
nomesmo.Porisso,exigeseranalisadonãocomo umobjetoest~tlco, mascomoaexpressão deumequilíbrioentremúltiploscompromissos.E
maiSumavezestacondiçãoécrucialtantoparacompreenderapráticaescolarvigente
comoparatratardemudá-Ia.
.
A.
vis~odocU,~culo comoalgoqueseconstróiexige umtipodeintervenção
atlvadl~c.utlda expliCItamentenumprocessodedeliberaçãoabertoporpartedosagen­
tespartlc~pames d.osquaisestáacargo:professores,alunos,pais,forçassociais,gru­
posdecnadores,Intelectuais,paraquenãosejaumamerareproduçãodedecisõese
modelaçõesimplícitas.Nemocurrículocomoalgotangível,nem
ossubsistemasque
osdeterminamsãorealidadesfixas,mashistóricas.
Desentranhar
asrelações,conexõeseespaçosdeautonomiaqueseestabelecem
nosistemacurricularécondição
sinequanonparaentenderarealidadeeparapoder
estabelecer
umcampodepolíticacurriculardiferenleparaumaescolaeparauma
épocadiferentedaquedefiniuaescolaqueademocraciaespanholaherdou.Um
oCurrículo103
trabalhoqueéimportanteporqueademocratizaçãodo
Estad~foiacompan~a~a de
umamudançahistóricanasuaorganização,comreflexoem
mUitasáreasdaatlvldade
política,edeformamuitoevidentena
educaçã~. _ . .
Umaprimeiraconseqüênciadestasaprecmçoesé a neceSSIdadedequalificarO
campocurricularcomoobjetodeestudo,distinguindosuasdim~nsões episte~ológicas,
suascoordenadastécnicas,aimplicaçãodoprofessorado, asvmspelasqUaissetrans­
mitememodelamasinfluênciasdentrodosistemacurriculareseusdeterminantes
políticos.Senãoentendemosestecaráterprocessual,c?ndicio~ado .desdemúl~iplos
ângulos,podemoscairnaconfusão ounumavisãoestátl~aea,-hlstóncado~u.ITIculo.
Emmuitoscasos,fala-sedecurr(culoreferindo-seàsdispoSIçõesdaadmmlstração
regulando
umdeterminadoplanodeestudos,àrelaçãodeobjetivos,aosconteúdos, às
habilidades,etc.;emoutroS,aoproduto"engarrafado"em
determina.d~s materiais,
comoé o casodoslivros-texto;
àsvezes,serefere
àestruturaçãodeatlvldadesqueo
professorplanejaerealizaemsaladeaul~;às.vezes,serefere àsexperiênciasdoaluno
naaula.Informesdeavaliação
de
expeTlênclasouprogramastambémencerramum
significadodocurr(culooudosprocess~s e.produtos~eaprendizage~ consideradas
valiosas.
Oconceitocurrículoadota
sIgnificadosd,versos,porque,alémdeser
suscetívelaenfoquesparadigmáticosdiferentes,éutilizadoparaprocessos oufases
distintasdodesenvolvimentocurricular.
Aplicaroconceitocurrfculosomente.aalg~nsd.esses'processosoufases:além
deserparcial,criaumpuzzledeperspectIvasdlffcelsdemtegrarnumateoTlzação
coerente.Seencontramosconcepçõestãodiferentessobreoqueé ocurrfculo,deve­
seemparte
aofatodequesecentramemalguma das.fasesou
mome~tos do~~ocesso
detransformaçãocurricular.Porisso,emcertamedida,todaselassaoparCiaiS e,de
algumaforma,contêmpartedaverdadedoqueé ocurrfculo. .
Poroutrolado,reproduzindoodiscursoteóricosobreocurrículo,
queserealiza
emoutroscontextosculturaiseeducativos,temosacessoaenfoques
semcorrespon­
dênciaclaraemnossarealidade,pois,emoutrospaíses,sobretudo
nomundoanglo­
saxão,houveumalongatradiçãodetrabalhocomo
cu~cul~, no_qual.sedifere~cia­
ramfacetasefunçõesmuitodiversascomooplano,adlssemlna~a~, aIm~lantaçao, a
avaliaçãocurricular
ouainovação,nasquaistrabalhamespeCialistas
dlvers~s que
nãoproporcionaramumateoriaunitáriadoproce~so docurrfculo~m~uatotalidade,
masquecriaramdiscursosparciais.AfaltadeIntegraçãode
lalS.dlscursoséum
defeitodateoriatradicionalsobreocurrfculo(Gundry, 1987,
p.41).Finalmente,qual­
quertentativadeorganizarumateoriacoerentedeve
da~contadetudooqueocorre
nessesistemacurricular,vendocomoaformadeseu
funCIOnamentonumdadocontex­
toafetaedásignificadoaoprópriocurrículo.
Oimportantedestecaráterprocessualé
analisareesclarecerocursoda
objetivaçãoeconcretizaçãodossignificadosdocurrícul?dentrode.u~processo
complexonoqualsofremúltiplastransformações.
Umpohtlcoouadmmlstradorque
acreditapodermudarapráticamodificandoocurrículoqueeleprescrevedesde
~s
disposiçõeslegislatixasouregulaçõesadministrativases~uece, po.rexemplo,quenao
sãosuasdisposiçõesasqueincidemdiretamentenaprática.Obv18~ente, .ospr?fes­
sares,quandoprogramameexecutamaprá.tica,não~o~tum~m partirdasdispOSições
daadministração.
Asoriemaçõesouprescnções
admlnlst~atlva;> ~ostumam ter.escas­
sovalorparaarticularapráticadosdocentes,p~raplaneJaratlvI~ades deensmoou
paradarconteúdodefinidoaob~e~ivos pedagógiCo,::,quepor mUIto,e~pecfficos que
sejamepormaisconcretadefimçaoquetenham,n~o pod~m.transmlllr aoprofes~or
oqueéprecisofazercomosalunos,oquelhesensmar.Multl~los dadosdepesquIsa
apontaramestefato.Osprofessores,quandoprevêemsuaprátlca,atravésdosplane-

J041.GlmenoSocnslán
Jamentosquerealizam,consideramquesuaexperiênciaanterioreoslivros-textot!m
tamautilidadequantoconsiderarosdocumentoscurricularesoficiais(Salinas,1987).
~umexemplodeque,seentendemosporcurrículoassuasprescriçõesadministrati·
vas,estaremosfalando
deuma
realidadequenãocoincidecomOcurrfculocomo
qualosprofessoreseosalunostrabalham.
Brophy(1982)distingue
setemomentosou
fasesnosquaisocurrículo sereduz,
distorceoualtera:ocurrículooficial,astransfonnaçõesemnfvellocal,ocurrículo
dentrodeumadeterminadaescola,asmodificaçõesqueoprofessorintroduzpessoal­
mente,oqueelerealiza,atransformação
que
ocorrenopróprioprocesso deensinoe,
porúltimo,
Oquerealmenteosalunosaprendem.
Desentranharesteprocessode"construçãocurricular"
~condiçãonãoapenas
paraenlender,mastam~mparadetectarospontosnevrálgicosqueafetamatransfor­
maçãoprocessual,podendoassimincidirmaisdecisivamentenaprática.Distinguire­
mosseismomentos,nfveisoufasesnoprocessodedesenvolvimento,quedescobrem
camposdepesquisapeculiares,quenosajudamacompreenderconexõesentretais
níveisequetomammanifestocomo,previamentee emparaleloaoquedenominamos
práticapedagógica,existemessasoutraspráticas.~precisoutilizar,nessesnh'eiS,
perspectivasemetexlologiasdiversas,o quemostraqueocampodocurrículo~tam­
~mdeIntegraçãodeconhecimentosespecializados,paradigmasemodelosdepes­
quisasdiversos.
Nafiguraaseguirpropomosummodelo
de
inlerpretaçãodocurrículocomo
algoconstrufdonocruzamento deinfluênciasecampos dealividadediferenciadose
inter-relacionados.
Acreditamos
que
~ummexleloexplicativoadequado,sobretudoparaumaestru·
turadegestãocentralizadanaqualosespaçosdeautonomiadasinslinciasintenne­
diáriassãobastantelimitadosapriori.Emborapareçaummexlelodedependências
linearesehierarquizadas,nosserviráparademonstrarsuasdisfunçõeseesferasde
autonomiaquerepresentamforças,
como
dizl'amos,concorremes.Ahistóriarecente
docurrículonaEspanha,paraosnfveisuniversitários,deixouumdecisivolegadode
intervencionismoadministrativocompretensãodedeterminardeformaconcretaa
práticapedagógicae
compoucasconcessões emníveisintermediários dedecisão.
Não
setrata,pois, de
oferecerummexlelononnativodetomada dedecisõesa
seguir,pois,nessecaso,proporíamosromper
cenospressupostosdesse
mexleloveni­
cal.Narealidade,comdiferemegraueforça
deinfluênciaemreelementos,trata-se
deummodelocujasfasestêminter-relações
recíprocasecircularesentresi,mas,na
atualconjunturaespanhola,ofluxodeinfluênciastemfuncionadopredominanlemente
econtinuafazendo-oemdireçãoverticaldescendente.
Esclareceremosbrevementeosignificadodessesníveisoufasesnaobjetivação
dosignificadodocurrículo,cujodesenvolvimentopoderá
servistonospróximos
capítulos.
1.Ocurrfculoprescrito.Emtodosistemaeducativo, comoconseqUênciadas
regulaçõesinexoráveis
àsquaisestásubmetido,levando emcontasuasignificação
soeial,existealgumtipodeprescriçãoouorientaçãodo
quedeveserseuconteúdo,
principalmente
emrelaçãoàescolaridadeobrigatória.Sãoaspectos queatuamcomo
referênciana
ordenaçãodosistemacurricular,servem depontodepartidaparaa
elaboT1lçãodemateriais,controledosistema,etc.Ahistória decadasistemae apol(­
licaemcadamomentodãolugaraesquemasvariáveisdeintervenção.quemudamde
um
pafsparaoutro.
2.Ocunfculo
apresentadoaosprofessores.Existe umasériedemeios,elabora·
dospordiferentesinstâncias,
quecostumamtraduzir
paraosprofessoresosignificado
oCurrículo
105
r--
I
CURRIcUlOPRESCRITO
!
r
CURR[CULO APRESENTAOO AOSPROFESSORES
t~
1
r
CURRICULO MOOE1.AOOPELOSPROFESSORES
].-.- ~.
••
1
•I+----<
8.2
-e
ENSINOlNTERATlVO
,

~~
• ~.
~CUlO EMAçAo J §
U•

~.~
( •
CURRICUt.OREALIZADO e •

uEIertotCCllfll)lex1llexpMotos-oeutos
S1m.Nnot.~__,lMIoutenor,.te
"
r •I+----<
u
CcURRICUlOAVAlJAOO '-
FIGURA4.AobJet;vaçlOdocurrlculonoprocessodeseudesenvolvimento.
eosconteúdosdocurrículoprescnto,realizandoumaint:rpre~o deste.~sprescri­
çõescostumamsermuitogen~ricas e,nessamesmamedIda,naosãosufiCIentespara
orientaraatividadeeducativanasaulas. Opróprioníveldeformação doprofessore
ascondições
deseutrabalhotomam
mui~o di~c~1atarefadec:onfigurarapráticaa
partirdocurrículoprescrito.OpapelmaIs decISIVOnestesentIdo édesempenhado,
porexemplo,peloslivros-texto. . .
3 Ocurrículomoldadopelosprofessores. Oprofessoréumagenteatlvomulto
decisi~o naconcretizaçãodosconteúdosesignificadosdoscurr~cu'os,. moldandoa
panirdesuaculluraprofissionalqualquerpropostaquelhe~felt.a,.seja.atra~~sda
prescriçãoadministrativa,sejadocurrfculoelaboradopelosmatenalS,gUias,livros­
t tetcIndependentementedopapelqueconsideremosqueelehá
deternestepro­
c~:s~deplanejaraprática,defato~um"tradutor"queintervémnaconfiguração.dos
significadosdaspropostascurriculares.Oplanoqueosprofesso~s f~ze.mdoensmo,
ouoqueentendemosporprogramação,~ummomentodeespecmlslgmficadonessa
tradução.
..I niza
Osprofessorespodemaluar.emníveli.ndlvlduaoucomogrupo
queorga._
conjuntamenteoens.ino.A.organtzaçãosoemldotrabalhodocenteleráconseqüên
ciasimponantes
pataaprática. .
4.Ocurrfculoemação.énapráticareal,guiadaApe!OSesquem~ teónco~;
práticosdoprofessor,queseconcretizanastarefasacademlcas,asquaIs,c~m~e
mentosbásicos,sustentamoque~aaçãopedag6gica,.que.pode~os notaraslgnlfic:­
dorealdoquesãoaspropostascurriculares. Oensmomteratlvo-~ostermose
Jackson_~oquefiltraaobtençãodedetenninadosresultados,apartir dequalquer
propostacurricular.éoelemenlonoqualo cunículosetransformaemm~todo o~o
qual,desdeoutraperspectiva,sedenominaintrodução.Aanálisedestafase~queo

oCURRÍCULOPRESCRITOCOMOINSTRUMENTO DAPOLiTICACURR1CULAR
Umateoriasobreocunicul0.alémdenosfornecerumaidéiaordenadasobrea
validadedesteaspectOtãoimportantedaeducação,devecontribuirparaidentificar
osaspectosdaordemsocialexistemequedificultamaperseguiçã~ definsracionais
ouquemarcamotipodenteionalidadelegi.nmadaporessas~n~lções. paraquese
possatomarconsciênciadosmesmoseassimsuperaroscondiCIonamentos(Carre
Kemmis,1988,p.143).
Ocurrfculonãopode serestendIdo
àmargemdocontextonoqual seconfi~urn
etampoucOindependentementedascondições em.quesedesen~olve; é~mohJeto
socialehist6ricoe
suapeculiaridadedentro deumsIstema
edu~atlvo éumI~portan­
tetraçosubstanciaLEstudosacademicistas oudiscussõesteóncasquenãolflCOrpo­
remocontextorealnoqualseconfiguraedesenvolvelevamà incompreensãoda
própriarealidade
que
sequerexplicar.Lawton(1982)consideraque~diffcil,se,não
impossível,discutirocurriculo defonnarelevantesem~olcx:ar ~uas ~aracterfsucas
numcontextosocial,culturnlehist6rico,sendoparte mUItoSignificativadessecon­
textoapolfticacurricuhuqueestabelecede~isivamen~e ascoorde.nadasdetalcon­
texto,ApoHticacurriculargovernaasdeCISõesgeraIsesemamfestanumacerta
ordenaçãojurrdicaeadministrativa. . .
.'
Apoliticasobreo
cuniculoéumcondICIOnamentodarealtdadeprátIca daedu­
caçãoquedeveserincorporadoaodiscursosobreocurrr~ulo; éumcampoordenador
decisivo,
comrepercussõesmuitodiretassobre essa
prátlca:sobreopapelemarge~
deatuaçâoque osprofessorese osalunostêmnamesma.Naos6 éumdadoda.realt­
dadecurricular.comomarcaosaspectosemargens deatuaçãodosagentesqueLOte~·
vêmnessarealidade.Otipo deracionalidadedominantenaprática escolarestácondI­
cionadapelapolfticaemecanismosadministrntivosqueintervêmnamodelaçAodo
currículodentrodosistemaescolar.
Essapolíticaqueprescrevecertosmrnimoseorien~ações curricularestemuma
importânciadecisiva,nãoparacompreend~r oestabe~eclmento .d~fo~asdeexercer
ahegemoniaculturaldeumEstadoorgamzadopolítIcaeadmmlstratlvamen~e num
momentodetenninado,massimcomomeiodeconhecer,desdeumaperspecu
va
pe-
106J.GimenoSacnstán
sentidorealàqualidadedoensino.acimadedeclarações,propósitos,dotaçãode
melos~etc.ApráticaultrapassaospropóSitosdocurrlculo.devidoaocomplexotráfi.
codeInnuências.àsinlerações.etc.queseproduzem name.sma.
5.Ocurrlculorealizado.Comoconseqüênciadaprnticaseproduzemefeitos
comple~os dosmaIsdiversostIpoS:cognitivo.afetivo.social.moral,etc. Sãoefeitos
aosquaiS,algumasvezes,seprestaatençãoporquesãoconsiderados"rendimentos"
valiososeproeminentesdosistemaoudosmétooospedagógicos.Mas,aseulado se
d~omuitosoutrosefe~tosque.porfa.ItadesensibilidadeparacomosmesmosePor
dificuldadeparaaprecIá-los(POISmunosdeles,alémdecomplexoseindefinidos,são
e~eitosamédioelongoprazo),ficariocomoefeitosocultos doensino.Asconseqüên­
CIasdocurrlculoserefletememaprendizagensdosalunos.mas tambémafetarnos
professores.nafonnadesocializaçãoprofissional,einclusive seprojetamnoam­
bientesocial,familiar,etc.
6.
O
cwrfculoavaliado.PressõesexterioresdetipodIversonos professores­
co~podemseroscontrolesparaliberarvalidaçõesetítulos,cultura,ideologiase
teonaspedagógicas-levamaressaltarnaavaliaçãoaspectosdocurrlculo.talvez
coerentes,talvezIncongruentescomospropósitosmanifeslos dequemprescreveuo
cu~culo. dequemoelaborou,ou comosobjetivosdopróprioprofessor.Ocurrlculo
avalIado,enquantomantenhaumaconstância
em
ressaltardeterminadoscomponen­
tessobreoutros,acabaimpondocritériosparaoensinodoprofessoreparaaaprendi­
zagemdosalunos.Atrav~docurrlculoavaliado sereforçaumsignificadodefinido
naprática~o~ue ~realmente.Asaprendizagensescolaresadquirem,paraoaluno,
desdeospnmelfOSmomentos desuaescolaridade,apeculiaridade deserematividades
eresultadosvalorizados.
Ocontroledo
saber~inerenteàfunçãosocialeslratificadorn
da~caçãoe acabaporconfigurartooaumamentalidadequeseprojetainclusivenos
nfvelS
deescolaridadeobrigal6riae empráticaseducalivas quenãotêmumafunção
seletivanem
hierarquizadorn.
Pode~comprovarqueemcadaumdessesnh'eissecriamatuações,problemas
parapesqUisar,etc.,que, comotempo.costumamdeterminartradições quesobrevive­
riocomocomportamentosautÔnomos.Imersosnelas sedificultaa vistointegraldo
processodetransformaçãoeconcretizaçãocurricular,principalmente quandorece·
bematençãocomocapftulosdesconecladosnopensamentoenapesquisapedagógi-
".
Analisaremosasprnticasqueseoriginamemcadaumadessasfases ouesferas
det~nsformação. porquetooaselassãoelementosqueintervêmnapráticapedag6gi.
ca,atndaqueosâmbitosnosquais sedecidecadaumasejaexterioràinstituição
escolar.
Seaeducação
refleteprocessossociaiseculturaisexteriores,selhesserve ou
lhesremodela emalgumamedida,apráticacurricular éumbomexemplodesseprin.
cipiogeral.
CAPiTULO
APolíticaCurricular
e oCurrículoPrescrito
• o
cutriculopractllOromoinstrumentodapoliticacurricular
FUfIÇ6eSdasprescriçOeSe~~ curriculares
Aconcretiuçlohi$t6ricadeumesquemade1J ervençlona Espanha
Esquemad.dislnbuiçJoderompetênciasnosi5t~e<!UClIbvoesp~1

108J.GlmenoSacnsl'n
dagógica,o
queocorrena
realidadeescolar,àmedidaque,nestenfveldedetennma_
ções,
se
tomamdecisõese!'eoperammecanismosquetêmconseqüênciasemoutros
nfvels
de
desenvolvimentodocurriculo.
Apolrtica
cumcularcriaumadinâmica de
consequênciasdiversas.NaEspanha
od~t>:atepodeteromte~se adIcionaidanovidadehistóricaquesupõeareeStruturação
edlVIMOdascompetênciasnoEstadoapartir daaprovaçãodaConstituiçãode1978
edos
respectiVOSEstatutosnasComunidadesAutônomas,ao
sereflelirarospoderes
quecadainstânciaadmlOlstratlvapossui.Atransformaçãoquesesegueaestanova
etapahistóncafoipropostadesdeumavertenteeminentementepolftica.dedivisão
depoderes.reconhecimentodenacionalidadeseregiõesdentrodoEstadoEspanhol.
mauemquesetenhafeItoumaanãliseexplícitacoerentedosproblemas depolftica
cumcularqueonovomodeloImplica. Porisso,nãoseráestranhoquesereproduzam
mecanismoshlstoncamente mUitoassentadosemetapasanteriores.
Noprimeirocapftulodeclarávamosqueosistt!mocurricularéobJelode
regul~ões econômicas,poHticaseadministrativas.Tendoocurrlculoimplicações
tãoeVIdentesnaordenação dosistemaeducativo.naestruturadoscentrosenadistri­
buiçlodoprofessorado.élógicoqueumsistemaescolarcomplexoeordenadotão
diretamentepelaadmimstraçãoeducallvaproduzauma regulaçlodocurrlculo.Isso
~expli~anlosópelointeressepolíticobásicodecontrolaraeducação comosistema
IdeológiCO.mastambémpelanecessidadet&nicaouadministrativadeordenaro
própriosistemaeducativo,oqueéumaformatecnificadaderealizaraprimeirafun­
ção.
Apassagemdealunospelosistemaescolar.anecessidadedequesuaprogres­
sãotenharelaçJocomodomínioprogressivodealgunsconteúdoseaprendizados
básiCOS,aordenaçãodoprofessoradoespecializadoemáreasoucadeirasdocurrlcu­
l~,oc~nt~le mfnimonaexpediçãodevalidações,etc.levaa umaintervençãoadmi­
m~tr'8tlva m~~oráveJ. Aregulaçãodossistemascurriculares porpartedosistemapc-­
Ilucoeadmmlstratlvoéumaconseqüênciadaprópriaestruturadosistemaeducativo
e
dafunçllosocialquecumpre.Pensaremoutrapossibilidadesuporia
sesituarem
outrosistemaeducativoeemoutrasociedade.
O~currlculosrecaem emva1i~ações que,dentrodeumasociedadenaqualo
conheclTn-=:nt~ éco?,ponenteessenclalaqualquersetorprodutivoeprofissional.têm
umafortemCldênclanomercadodetrabalho.Aordenaçãodocurrfculofazparte da
intervençãodoEstadonaorganizaçãodavidasocial.Ordenaradistribuição doco­
nhecimentoatravésdosistemaeducativoéummodonão sódeinfluirnacultura,mas
também
emtodaaordenaçãosocialeeconômicadasociedade.Emqualquersocieda­
decomplexaéinimaginávela
aus!nciaderegulaçõesordenadorasdocurrículo.Po­
demosencont.rargrausem~alidades diferentesdeintervenção,segundoépocase
modelos
polítiCOS,quetêmdiferentesconseqüênciassobreofuncionamento detodo
osistema.
Dessafonna,aadministraçãoordenadoradocurrículoe apolfticasobreomes­
mo
n1l0poder.nsers~pa~das emnossocaso.FalardapolfticacurricularnaEspanha
élratarderetirarOslgmficadodaordenaçãodoconteúdo
daescolaridadeatravésde
umemaranhado
dedisposiçõesadministrativassobreestesfatosapósumalongaeta­
padecemralizaçãoe
deautoritarismoquelevouaumintervencionismomuitoacen­
tuado.Umcasamentoque
seexpressadeformamuitodiferentenosdistintosníveis
dosistemaeducativo,deacordocomaimportânciapolfticadocontroleemcada
nívele
em
funçãodograudeautonomiaatribuídaaosprofessores emcadaumdeles.
. Apartir.destaproposição,sededuzemdoisefeitosimportantes: a)Mudara
práticaeducativasupõealterarapolfticasobreocurrículonoqueaafeta.Arenova-
oCurrículo
109
çãopedagógicatemumcomponente poUIICOiniludível.b)Poroutrolado,cna·se
umadependênciadoelementotécmco-pedagóglco,e dealgumafonnatambémde
todoopensamentosobreocurrlculo,quantoàsdecisõesadministrativasqueorde·
namarealidadeescolar,umavezqueessemodelodeInterven~ão geratodoumsiste­
maburocrático.umadetenninadalegalidadeeaté umamentahdadeem professorese
emespecialistasout&nicosquechegariaaconsidel1ltomodelodeintervençãocomo
umdadoda"realidade",
Aoquenosreferimosquandofalamos depolíticacurricular?~teiumaspecto
especificodopof{ticoeducativa.queestabeleCi!afonnadese/eclOnor;ordenare
mudarocurrículodentrodosistemaeducativo,tornandocloroopodereaautono­
miaquediferentesagentes timsobrr:ele,Intervindo,dessa{o.rma.nadi~tribuiçãodo
conhecimentodentrodosistemaescolareinCidindonopraticoeducativa,enquanto
aprr:sentoocurrículooseusconsumidores,ordenoseusconteúdosecódigosdedife­
rr:ntt!tipo.
Emtermosgerais,poderíamosdizerqueapolíticacurricularétoda aqueladeci­
sãooucondicionamentodosconteúdoSe dapráticadodesenvolvimento docurrículo
apartirdasinstãnciasdedecislopolíticaeadministrativa,estabelecendoasre~~do
jogodosistemacurricular.PlaneJ8 umcampodeatuaçãocom um,~raudeflexJblhda­
deparaosdiferentesagentesmoldadoresdocurricul~. ~polttlCaéumpnmelro
condicionantedireto docurriculo.enquantooregula.eIndlretamenteatravésdesua
açãoemoutrosagentesmoldadores.,..A
ApolíticacurricularestabeleceoucondiCionaa~ncl~encia decadaumdos
subsistemasqueintervêmnumdetenninadomomentohlstÓnco.
..
Ocurriculoprescritoparaosistemaeducativoeparaosprofessores.maiseVI·
dentenoensino
obrigatório,.éasuaprópna~finição, deseusconteúdose,demais
orientaçõesrelativasaoscóchgosqueoorgamzam,9ue _o~em ~detennl~~ções
queprocedemdofatodeser umobjetoreguladoporInstanclaspolítlcaseadminIstra­
tivas.
Aintervençãopolíticasobreocurrlculo,aoestabelecerco?Cretamente.osmíni­
mosparatodoosistemaeducativoouparaalgum
deseus
ní~e~s.cump.rediferentes
funçõesqueéprecisoesclarecerparadaraestafasede declSOCSseujustovalore
analisarasconseqüênciasdeexpressarasprescriçõesdessaoudaquela~onna.
Apanirdaexperiênciahistóricaquetemos,qualquere~uema deIntervenção
nestesentidopodeparecernegativoecerceador daautonomia.dosdocent.escomo
supostosespecialistasdaatividadepedag6gic~ edodesenvolvH~nto cumcular.t:'­
intervençãoadministrativasupOsumacarêncIademargensdeliberdadenasquaIs
expressarastendênciascriadorase~novadoras do~i~tem~socialeeducativo. Num.a
sociedadedemocrática,queademaiSgaranteapartlclpaçaodosagentes dacomum­
dadeeducativa emdiversosnfveis,éprecisoanalisaraintervençãoouregulaçãodo
currículodesdeoutraperspectiva. ._ '
Emmuitoscasosapolrticacurricularestálongede serumaproposlçaoexplrclta
ecoerente,perdendQ-senumamentalidadedifusa,aceitamuitasvezes
comouma
práticahistoricamenteconfigurada,dispersa
num~sériederegulaçõesde;sconectadas
entresi.t:maisclaraaliondeocontroleérealizadodemodo explfcnoeondeé
exercidapormecanismoscoercitivosquenãoseocultam..Mas.àmedid~queocon­
troledeixa
desercoercitivoparaseteenificare serexercidopormecamsmos
~ur~
cráticosseocultasobregulamentaçõesadministrativase"orientaçõespedagógicas'
combo~intenção,quetêmapretens!iode"melhorar"aprática.Afal~adedare,zae
deummodelopolíticonestesentidotambémtemrelaçãocomacarêncIadeumSISt~·
maexplicitamentepropostoeaceitodecontroledocurrlculoecomafalta deconsl-

110JGllnenoSac:nsl'n
deraçll.odapolíticacurricular comopaneessencialdapolfticaeducativa,instrumen_
toparaincidirnaqualidadedoensino.
Apoliticacurricularpodesersistematizadaem tomodeuma~riedeaspectos
ouItensquecontribuemparalhedar (onuaeparaquelogre, SCJamquaisforemos
caminhos,suafunçãoreguladora.Analisandoessescaminhosdeintervençllocom­
preenderemososentidodocurriculocomo camponoqualseexpressaumaaçãoque,
nãoscndodetipopedagógico,temamplopoder
deenquadraro que
tapráticano
ensino.
Paradispor
deumaprimeirasislematização,consideramosconvenienteobser­
varos
seguintesaspeclOS:
a)As/ormasderegularouimpor umadeternunadadistribuiçllo doconheci­
mentodentrodosistemaeducativo.
b)Estruturodedecisõescentralizadasoudescentralizadasnaregulaçãoeno
controle
docurriculo.
As.opçõesqueforemlomadasnestadimensãode­
limitamosespaços
de
liberdadeatriburdasadiversosagenteseinstâncias
queintervemnaconfiguraçãodocurriculo:administmçãocentral.outras
adminislrações,escolas,professores,criadoresdemateriais,etc. Oupor­
queregulaexplicitamenteessasmargensouporqueaspermiteouasesti­
mula_Emcadacaso sedesenvolvemmecanismosde"resistencia" que
flexibilizamea~fazeminoperantesasregulaçõesemalgumassituações,
semdeixardeeslardentro dosistema.
c)As~ctos sobreosquaisessecontroleincide:vigilânciaparadetermmaro
cumprimentodosobjetivose aprendizagensconsideradosmínimos,
ordenamentodoprocessopedagógicoouintervençãoatravtsdosmeios
didáticos.
d)Mecanismosexplfcitosouocultospelosquaisseexerceocontrolesobre
apráticae aavaliaçãodaqualidade dosistemaeducativo:regulaçãodo
processo,inspcçlosobreasescolaseprofessoreseavaliaçãoexterna.~
imponanteanalisarograudeconhecimentoetipo deutilizaçãodasinfor·
maçõessobreosistemaeducativo.
e)Aspolfticas
deinovaçãodocurriculo,assistência
àsescolase deaperfei­
çoamentodosprofessores
comoestratégiasparamelhoraraqualidade do
ensino.
~imponameveropapelespecíficodosmeiostécnicosexpressa­
mentedirigidosparaorganizarocuniculo emplanosouesquemasmoldáveis
peloprofessorado,devidoàdecisivainfluencianaintervençãodocurrfcu­
lo.Ponanto,desdeapolíticacurricularéprecisover quecamposeoferece
parasuacriação,consumoeinovação.
FUNÇÕESDASPRESCRiÇÕESEREGULAÇÕES CURRICULARES
oprimeironfveldedefiniçãodocurrfculonossistemaseducativosminimamente
organizados
panedainstância
político-administrativaqueoordena.Taldefiniçãoeas
formasderealizá·lacumprem
umasériedefunçõesdentrodosistemasocial, dosiste­
maescolarenapráticapedagógica,queserealizapordiferentescaminhos.
Cada
sistemaeducativo emfunçãodo
esquemadepolíticacurricular quesegue,deacordo
comsuaprópriahistória,estabelecepautasdefuncionamentopeculiaresqueocarac­
terizam.Comentaremosessasfunções,quevêmaserascoordenadasbásicasparaa
análisedapolíticacurricular.
oCurrfculo
111
o
CurrículoPrescritocomoCulturaComum
Emprimeirolugar,aprescriçlodeminimose dediretrizescurricularesparaum
sistemaeducativoouparaumníveldomesmosupõeumprojetode culturacomum
paraosmembrosdeumadeterminada~omunidad~, à.medidaqueareiaa escolaridade
obrigatóriapelaqualpassamtodososcldae:tãos.Aldél3docurricul~comumnaedu~a.
çãoobrigatÓriaéinerenleaumprojeto umficadodeeducaçã~ nacIOnal.Numa.socle.
dadeautoritáriaexpressaomodelodecultura queopoderImpõe. NumaSOCiedade
democráticatemqueaglutinaroselementos
deculturacomum
~~fonuamoc~senso
democráticosobreasnecessidadesculturaiscomunseessenCl3lSdessacomumdade.
Delerminaressenúcleo emculturasesociedadesmaishomogeneaséumatarefame·
nosconflitivadoque nocasodesistemasqueacolhemculturasheterogéneasou com
minoriasculturais dediversostipos.
Abuscadeumdenominadorcomumparaessaculturabásicalemseureflexo
numproblema quemanifesta,pois,vertentespolíticas,culturaise educativas;é a
discussãosobreocorecurriculwnoucomponentescurricularesbaseadosnasneces·
sidades
delodososalunos.
Dessaculturacomumfazempaneosconteúdos,asaprendizagens básicaseas
orientaçõespedagógicasparaosistema,avalorizaçAodeconteúdosparau,:"determ!­
nadocic1odeestudosetc.Detennmá·lanospnmeirosmomentos daescolandadeobn­
gatórianãocolocagrandescontrovérsias, aoexistirumconsensomaior sobreoquehá
defazerpartedaeducaçllonessaetapa;faz!-Io~aisadiante,q~andoaculturaescolar
tendeasediversificaremopçõesdistintasrelacIOnadas comdiversosâmbitoscultu­
raiseprofissionaismaisespecializados(científicos.hum~ísticos, artísti~os, técni­
coserelativosaopçõesprofissionaisdiversas,etc.),obngaalomardecisõescUJo
significadotemumatranscen~ncia socialdepri~ira o~m,poisessescam.pos
culturais
deformaçllo
supõemopç6csdedesenvolVlOlCntomtelectual,comvalonza·
çõesdistintasnasociedadeecomdive~ oportuni~ deconexãocom~mundodo
trabalhoespecializado.Nocasodoensmosecundário.ocurriculobásiCOouc~~e
curriculumé apanecomum,paratodos,complementada comtemposematenals
diversificadosporopç6cs.
Porisso,aidéia deumcurriculomínimo comumestáligadaàpretensãodeuma
escolatambtmcomum.Aexisteoc:iadessecurriculomínimoobrigatório sejuslifica
nocasoparafacilitarumaescolafreqüentadaportodososalunos,seja qualforsua
condiçãosocial(Skilbeck,1982),sejaaprimária,sejaaescolacompreensivanonfvel
deeducaçãosecundária.
Odebatecurricularépartedajustificaç.ão
soci~l.culturale
educativadaescolaridadeobrigatória,completandoedandosentidoà
missãodecus­
tódiaqueaescolarizaçãonassociedadesmodernasinexoravelmentetem.
Panindo
dofatodequeemnossasociedadeexistemdiferençasculturaisedesi·
guaisoponunidadesligadasadesigualdadessocioeconômicas
e.culturais,
~defini·
çãodonúcleocurricularmrnimo-oudequalque~ c~hura no~~t1zad.ora -na~~ u~a
decisãoinocenteeneutraparaasdiferentescoletlvldades SOCiaiS,cUjasexpenencl3s
culturaisextra-escolaresesuasexpectativasdefuturoconeclamdesigualmentecom
essacultura
comumecomoquefiqueforadela.Numasociedadeheterogêneaecom
desiguaisoportunidadesdeacessoàcultura,o
curr!culoc~mumobrigat6riotemque
serenfocadoinexoravelmenledesde umaperspeCflvaSOCial.
Ocurrfculocomumcontidonasprescriçõesdapolíticacurricular supõeadefi·
niçãodasaprendizagensexigidasatodososesrud.antese,pon~to, _éhomogêneo
paratodasasescolas.Implicaaexpressão
deumtiPOdenormahzaçaocultural, de

1121.GlmenoSlICristán oCunítulo113
umapoliticaculturaledeumao .....~de ....,.lIO ­
definida. ~o mleg....,...osocialemtomodaculturaporele
oCurrfculoMínimoPrescritoe a IgualdadedeOportunidades
Oeumpontodevistasocialportamo..al .
~om a;n~ros priva~osepúblicosq~eacolhe~~~::nt~~;:sn~:als~~:~ ::~~:ti\iO
v~~d: ~~~o~~~~~~:::~ reguladosdeveexpr:essaruma.culturaque~consi~~
nãosejatachadadeiguala~ ~~~~sU;:n:I~~~:d~~u~:~lval pr,ogre;sista.(para.que
maeducativoe aqualidadedoensino),anecessidackde:~~;~~h~_~s~m osls.te­
paratomaressaculturacomumefetiva, qu I os meIOS
çãodequalidadeaosquetêmmenosrecu,.:or;a;:nlegarantaodireitoaumaeduca-
doa.igualdadedeoportunidadeàsafdadosiste~. ~~r:f~ti~,~:::::r:cesso, buscan­
quahdadede.conhecimentoseaprendizagensbásicasparatoo.uma
nomad,e
~~;~: ~~:c~i~o~~~:~ri:r:~%e~sm:fti~ ~~:~v~u~OS.oEoV~II:le~~ ~~~I~~I~
çõcssociais,isto~.dequenemtodospoderãoabordá-loscuecer-seesuasImphc~-
dadesdesucesso. omasmesmasprobablh-
Orceh' des
currículoc
on
ecllnentosevalorfundame~tal, quearegulaçãodosmínimos ou
.omumtem,nãodevenosfazercaunaingenuidadedeacred'ta
CU~pTlrá talpoten~ialidade pelofatodeserreguladaadministrativamente
l
ique,se
anIsarseu~erIgualadorenonnatizadorculturalatrav~sdosmeiospel~sP"7
ISO
exerce,querdizer,comque'procedimentoseinstrumentosaculturacomur::I~:
~se:gere~se!oma ~fetlVa.Porq~!, e~identemente, eapesarda boavontadede
com:pod°~ md~~ten~:J°dnados, asdISp?SIÇÕC$administrativasnãotêmtantopoder
nase~UZlr acontundênCiaedaproliferaçl à
~Xae:~i:::Sd: existênciaounãodemeioseficazesdecontrole°s~~: aq~~ti~av::~I:~~
loamatiza::f~';:~~ao C~;r~UIO apresentaapro~essores e,aalunosajudar-nos­
incidênciadiretanacultura~Iar~::e :l~ presc~~o curncularcomofontede
maisdetalhesnocapftuloseguinte. lza
naptlca.Algoquesetratarácom
Adefiniçãodemrnimosparaoensinoobrigatórionã
é .
puramentetécnico ouderegul",ob
~.dO,poiS,umproblema
,
nda
. .
UI"OC'dtlcaocurrfculomassim
adq,
prouslgmficaçãoculturalesocial,expressandoumaim' Ire.u.ma
daqual~precisoexaminartodas asconU!nciasN portante~!;'Çãopo!lttCa,
seconvertenumelementodapolftica~cativa ~cu~~era~::to apolItlc;curncular
dapolfticasocialparatodaumacomunidade Nadec'ã dmoexpressotam~m
~~~famínimaeobr.iga~ória estáseexpressand~ otil>?d~n~~a(~~çcã~~u~t:~Jde~~n~
propõeaosIndlVfduos,aculturae oconheCImentoconsideradrq
pad~pelosquaistodosserão,dealgumafonna,avaliadosed'do va10SO,os
depoISparaasociedadeovalorue aJcaram melOS,expressando
lural.Setodoocurrículocont~~umanç nessep'roce.ssodenonnallzaçãocul-
mosreguladoscomoexigenciaspara t':~t~e~t:I:~çc~~~:n~ea~~~:'f~~Ç~~~j-
oCurriculoPrescritoeaOrganizaçãodoSaberdentrodaEscolaridade
Talcomosedisseanteriormente,aregulaçãodocurrículo~inerenteà.própria
existênciadeumsistemaescolarcomplexoque,atraV~sdasvalidaçõesquedistribUI,
regulaoconsumoculturalequalificaparadarentradaaosindivfduosemdiferentes
postos,numasociedadenaqual
os
saberesescolares,ouaomenossuavalidade,são
tãodecisivos.OcurrfculoprescrilO,quantoaseusconteúdose aseuscódigos, em
suasdiferentesespecialidades,expressaoconteúdobasedaordenaçãodosistema,
estabelecendoaseqUênciadeprogressopelaescolaridadeepelasespecialidadesque
ocompõem.Parcelasdocurrfculoemfunçãodeciclos,etapasounfveiseducativos,
marcamumalinhadeprogressãodentrode
ummesmotipodeconteúdos ouassina­
landoaspectos diversosque
~necessárioabordarconsecutivamentenumplanode
estudos.
Aregulaçãoouintervençãodocurrfculo~realizadademúltiplasfonnase
pode
sereferiraosmaisvariadosaspectosnosquaisincide ou
~feito;emseus
conteúdos,emseuscódigosounosmeiosatrav~sdosquaisseconfiguranaprática
escolar.Umaintervenção~tãoeficazquantoaoulra,aindaquedesigualmentema·
nifestanumcasoenoutro,pode-serealizarde
fomadiretaouindirela.
Interv~m-se
detenninandoparcelasculturais,ponderandoumasmaisqueoutras,aooptar por
detenninadosaspectosdentro dasmesmas,quando sedãoorientaçõesmetodológicas,
aoagruparousepararsaberes,aodecidiremquemomentoumconhecimento~
pertinentedenlrodoprocessodeescolaridade,aoproporcionarseqUênciasdetipos
deculturaedeconteúdosdentrodeparcelasdiversas,quandoseregulaoprogtesso
dentrodaescolaridade- apromoçãodosalunos
-,aoordenarotempodesua
aprendizagem_porcurso,porciclos
-,dizendooque
~currfculoobrigatórioeo
que~currfculooptativo.intervindonaofertaquesepodeescolher,atribuindotipos
desaberesaramosespecializadosparalelosdentrodosistemaescolar,regulando
osmeiose omaterialdidático,incidindoindiretamentecomadotação demateriais
queseconsideramnecessários
ounãonasescolas,ordenandooespaçoescolar­
teatrododesenvolvimentodocurrfculo- omobiliário.ofuncionamentodasesco­
las,estabelecendodiligênciasintermediáriasparaodesenvolvimentocurricular,
regulandoaavaliaçAo,etc.
Essaordenação,quepodemanifestar-secomdistintosgrausdeconcretização
naprescrição,
seapresenlaàsvezescomofacilitadoraeorientadoradoprofessorado,
nãoapenasparaindicaroscaminhosquerealizema
prescriçãocurricular,mastam­
~mcornoumaajudaprofissionalquenãosupõeprescriçãoobrigatÓriaemsimesma.
A
regulaçl!ioadministrativadocurrfculo,comsuaminuciosidadeeentradaem
terre­
noestritamentepedagógico,quissejustificarentrenóscomoumaviaindiretade
formaçãodosprofessoresquetêmquedesenvolvernapráticaocurrfculoprescrito,
paraoqualditanãoapenasconteúdoseaprendizagensconsideradasmínimas,
mas
trata
tam~m deordenarpedagogicamenteoprocesso.Fornece"orientações"
metodológicasgerais..sugereàsvezespautasmaisprecisasdetratardetenninados
temas;nãoapenasregulaasavaliaçõesquesefarãoeemquemomentos,masfala
tambémdasttcnicasdeavaliaçãoaseremrealizadas,etc.
Amisturadessasduasfunçõesbásicaseàsvezescontraditórias-prescreveros
mfnimoseorientaroprocesso
deensino
eaaprendizagempedagógica-levaauma
polrticacontraditóriaquecertamente~ineficaznoexercíciorealdecadaumadessas
duasfunçõesemseparado.NemseconlrOlamosmfnimosnapnitica,porqueomodelo
decontrolevigenteentrenósnãoopennite,nemseorientaoprocessopedagógicoou
sefonnarealmenteoprofessoradoatrav~sdestatáticadeintervenção.Publicarmíni-

114JGuncnoSacristán
oCurr(cu]o115
moseorienlaçôes~expressarumadelenninadaopçãoquenãosecumprepelofalo
deexphcná-Ia,senãoalravtsdeOUlrosmeios.Pormaismte""encionismoque
queiraexercer,
nunca
sepodechegaràpráticadirelamenle,mesmotendo-seefeit:
IIIdlretos,POSitiVOSnopreuuposlodequesejaumaboaOrientaçãoealgunsneg.
VOSemqualquercaso, 111_
UmasériedefatorespodeexplicaressalentativadeintervIrnaprálicanasa"_
las:
oCurrículoPrescritocomoVia deControlesobreaPráticadeEnsino
Ord~~araprática.curriculardentrodosistemaeducalivosupõeindubitavelmente
prf:condl~lonar oensmo,porqueasdecisõesemlomodedelenninadoscódigos se
p,rojelamInexor:avelrn:enteemmetodologiasconcretas,comdistintograu deeficiên­
ciaemseus.efeitos,aindaquenãoexiSlisseumaintençãoexplíciladefazê-lo, seé
queseconSIdera.esleaspeclOumâmbitodecompetênciaprópriodasescolasedos
professon:s.láVimos,porexemplo,asimplicaçõesquepodemteroordenarosaber
daescol~dade emparcelas especializadas-cadeiras-oufazê-loemtomodeáreas
deconh~lI:nento. Omesmosepodedizerdeoutroscódigoscurricularesregulados
pela.adnunJsl~ação dentrodeumcampodepolíticacurricularquepretendaguiara
prátIcapelaV13.deregulardealgumafonnaosprocessospedagógicos,Considera-se
todaes~aorgaOlzaçãocomoalgoinerenteàexistênciadosistemaescolar.
Amtervençã.os:obreosconteúdoscurriculares,aoprescreverumcurrículo,obvia­
mentesupõemediatIzaraculturapossívelnasinstituiçõeseducativas.Mas,àmedida
que,~entrodocu~culo, es~ial~nte noc~o ~aeducaçãoobrigatória,passamase
con,slderaraprendlza~ens multodIversaseObjetlvoseducativosquecobremtodoum
projeto.de~nvoJvlmento. humanoemsuasvenentesintelecluais,afelivas,sociais
e,moraiS,aInlervençãocumcular,prescrevendoouorienlando,ganha umvalordeci­
SIVOeu~f?fÇamuit,omaior.Estepoderacrescenlado~ umaconseqüénciadaamplia­
çãodeobjeuvoscumcularespostanasmãosdepautas deCOntrolee deumaeslrutura
.)
b)
<)
"":valorizaçãonllo-rnanifeslaporpartedaadministraçllodequenãose
diSpõedeum,~rofessorado adequadopedagogicamenle,unidoàboa in­
lençãodefaclluarsuaadequaçãoanovasorienlaçõespedagógicaspara
desenvolverocurrlculo.Apreciaçãoquejuslificaarazãoparaaqual
ent-:enós:ap~riçllo minuciosasedesenvolveusobreludononfveld~
enSinOprlmáno,
Aaparentefa~ilidade eb.aixocustoquesupõe"expor"eproporummo­
delopeda~óglco,d~sde dIsposiçõesadministrativas comacrençadeque
sua.próprlapub.hcldadefazcomque seimplanteemalgumamedidana
prállca.Umalátlcadeatuaçãoadminislrativaque
1I1époderiaaUlojustificar
emcerloscasos,afaliadeatençãoaoaperfeiçoamentodos
professores~
aausênciademedidasnoutroscampos comoodadependênciadesles
qU~loacen?smaleriaisdidáticos,que,porsuavez,aprópriaadminis_
traçaoeducativaaprova.
Asobreviv!nci~ deumesquemadeintervençãoe decontrolesobreo
processo~ucat~vo que,porcimadeinlençõesdeclaradas,induz àpre­
lensão
deintervirnaexecuçãoprátic,ado cumculo,molivadoporcertadesc~nfi~ça noprofessorado,própna deumalongahistóriaeducaliva
aUlontária.
escolarque evolUIUpoucoquantoasuaspaulasbásiCasdefuncionamenlo.Algopara
oqualoprópriodiscursopedagógicocolabora,comojáargumenlamosemOUlro
momenlo.
Oaperfeiçoamenlodapróprialécnicapedagógica paraelaboraroscurrkulo.)
argumentaqueum cumculo,comoplanotangfvelexpressadodocumentalmenle,não
develimitar-seàespecializaçãodelópicosdeconteúdos,masdeve conterumplano
educativocompleto.
Aampliaçãodeobjelivoscurriculares.juntoaesseconceilolécnico decurricu­
lo.resultaque.senãoserevisamasnonnasdeintervençãosobreomesmo.ocurrlculo
prescritoeaspautas
decontroleabrangerãonãosomenteunsmínimos culturaisde
ordeminteleclualparacumprir comas
funçõesdepoliticaeducativaassinaladasnos
pontosanteriores,mastambémconduzirãoaumaintervençãonopr6prioprocessodo
ensinoe
emaspectospessoais,sociaisemorais,incidindo emseusconteúdoseem
suasfonnaspedagógicas.Afunçãotécnicaedecontroleinevitavelmenle semisturam,
com
umainter-relaçãoquenãoéconveniente;ainstânciaadministrativa seatribui
umafunçãotécnica
quenãopodecumpriremboascondições, tampoucodeveser
estrilamentesuafunção,
emproldcumaautonomiamaisampladas escolasedos
professoresnesleaspecto,Aadministraçãopodeedeveregularo
sistema
curricular
enquantoéumelementodepoUticaeducativaqueordenaosistemaescolar.facilitando
osmeiosparaque
sefaçaumdesenvolvimentotécnico-pedagógico adequadodomes·
mo,mas
nãopropondoomodelodefinilivo.
Aevoluçãopedagógicae aampliaçãodefins
daescolaridade,reflelindonos
conteúdoscurricularesdentrode
uma
tradiçãoadministrativaintervencionistae
controladora,resultanaintençãodegovemar,modificaroumelhorarapráticaescolar
arravtsdasprescriçõescurriculares.Éumesquema decontrolemuito maisfoneem
suaproposiçlo,que, comocontrapartida,tem "avinude"deserbaslantemeficaz,se
secolocas.secomintençãodesubmeteraspráticasescolaresaosesquemasprescritos_
Algoquenosservepararelativizaraimportânciae aerlC!ciadasprescriçõescurriculares
nocasodequeselraduzamempautasdecomponamenlonaprálica,quandosequer
utilizá-Iasparamelhoraraqualidadedosprocedimentospedagógicos.Masainterven­
ção
poressaviagerahábitosdedependênciaenãopropiciaodesenvolvimenlo deagentesespecificamentededicadosafacilitaroauxOioaoprofessoradonodesenvolvi­
mento
docurrfculo,
NaEspanha,
umalongahislóriadesubmissãodaescolaaesquemasideológicos
impostos,
deintervencionismoemseus
conteúdoseemsuasfonnaspedagógicasnão
pôdeevitaraexistênciadeprofessoresquefizeramoutraeducação
maisadequada
comospostulados
dapedagogiamodemanem IIorganizaçãodosprofessoresinquie­
tosnos
MovimentosdeRenovaçãoPedagógica. Desdeumaproposiçãodepolftica
ilustradaerenovadora,aintervençãosobosmesmosesquemas,ainda
quefossepara
propormodeloseducativosdiferentes,nãoevitarátampouco
quehajaprofessoresque
nãoossigam.
Oquenãosignificaquesejaomesmo umaopçãopolítica ououtra,mas
simmanifestaranecessidadeparaencontraroutroscaminhosparamelhoraraquali­
dade
doensinoatravésdapolítica
curricularquenl0sejaaregulaçãoburocráticada
práticadedesenvolvimentodocurrículo.aindaqueasuaprescrição
tenhaovalorde
manifestarumafilosofiaeducativa.
Oquequeremos
deixarclaroéquetalfilosofiase
instalaounlonamentalidadedosprofessoreseemseusesquemasdeatuaçãoprática
poroUlrosmeios.
quesãoosquedeveriamestimularapolíticaeducativa.
Esteesquemade
controledoprocessopedagógicotemváriasconseqüências
negativas:

116 J_GlmenoSacri~lán
I) Não.pro~rciona umverdadeirosistema decontroledocurriculopara
avalIaroSlslemaescolaresuasescolas,deleclarasdesigualdadesen~
asmesmasouentrezonas,dlagnosllcarnecessidadesdeformaçãodopro­
fessoradoou
de
educaçãocompensatória,etc.
2)DeixaentregueàinstAnciaadminislrativa,queregulao cunfculo,aatua­
çãoemcampostl!:cnicosquecorrespondemaoutrosâmbitos dedecisão
pe.dagógica.Confunde-seafunção decontrolecomafunçãot&:nicade
on~ntação, c~ntribu!ndo assimp~raforjarumclima dedependênciapro­
fiSSIOnalda~instânCiaSquepropnamentedeveriamatuarnocampotécni­
co-pedagógico,escolaseprofessores,quantoàburocraciaadministrati_
v~,mantendoadebilidadeprofissionaldosdocentes. Àmaiordependên_
ciadoprofessordasregulações daadministraçãocorresponde ummenor
desenvolvimenlo
de
insliinciasdemodulaçãointennediária docurriculo
3)Criaailusão dequeumapolíticaeducativaprogressistapodeassimatu~
defonnarápidaebaratasobreosistemaescolar,melhorandoaqualida­
de.
4)Descuidaoun~o po~dera sUficiente~nte oscaminhose acriaçãode
rtt~rsos e.slávelsm~seficazesam&iIOelongoprazoparaproporcionar
maISqualidadeaosistema,comoamelhoradaqualidadedoprofessora­
d.o:oaper.t"eiçoamen!opróximoseulocal detrabalhoe acriaçãodemate­
nalSe
meiOSdequalidadequetransfiramo cunfculo
paraplanospráticos
deatuação,adotação demelhoresmeiosnasescolase a melhorordena­
çãoefuncionamentodasmesmas.
5)O.control~ daqualidadedoprocesso,pormeiodainspeçãoeducativa,
ena.umclImad~relaçõesrarefeitas naeducaçãopelaambigüidadeecon­
tradiçãoentrediferentesfunçõesatribuídasàfigura
doinspetor.
~a E~panha, umaIr:"dição~einte~encionismo burocráticonaadministração,
umahlstónadecontroleIdeológiCOmUlloforte,sobretudo nosistemaescolarsobre
~s profe~so~es, acul~ura eos~eiosque~.facilitam,noslegouumesquema
IntervenCIOfi1stadedecisõesnasmaos daadlTlJmslraçio,moldoumuilOShábitosden­
trodosislemaeducativoe.oquepodeserpior,criouumamentalidadeOqueleva
emmuit~scasosa quenemsesinlanecessidadedeproporodebatesocialecultural
queestaImportanledecisãomerece,lransformandoprofundamenteaspaulasdein­
tervençãosobreo
sistemaescolar,iniludfveis emalguns
casoseconvenientese ne.
cessáriasemoutros.E oqueI!:maisgrave:a crençaimplícilaemmuitos,inclusive
n~~professores,dequeessasdecisõessãoprópriasdaburocraciae nãodasociedade
cml,nemdascoielividadesprofissionais.
..Umaespecificaçã~ detalhadadocurncul.oéincompatfvel comaadaptaçãopara
oindiVíduo,comasvanadasemUlantescondIçõesfora dasaulase comaautonomia
dospr~fessores. Umap~ssãonosentidodequeaescolarespondaàsnecessidades de
aprend~zagem paraconttnuarprogredindopelosistemaescolareadaptar-seaum
detenntnadomercadodetrabalhoe apreocupaçãosocialepolfticapela"rentabilida­
de"daescolaapoiarãoaespecificaçãodosconteúdoscurriculares emdiretrizese
conteúdosmfnimos,apoiando-seinclusive
nafaltadecompet€nciadoprofessorado
(LaugloeMcLean,1985).
A
c~ncepção e.fi~ienlista docurrículoquequeiraresponder compragmatismo
~necesSidadesSOCI~ISedomercadodeI~ho facililoutambémessaconcepção
mstrumental.documculo,gerandoanecessIdade desuaregulação,e atéimpôsum
formato
técmcosobaformadeesquemaseficientespara
expressarosobjelivospre-
oCuniculo117
cisesqueseperseguem(Tyler,1973;Gimeno.1982). UmformatoqueinclUSivepe_
netrounasformas deprescreverocurrículo mínimodaeducaçãoobr-igatóriana
Espanhaemdeterminadosmomentos deápicedatecnocraciaeducaliva,comovere-
""".
Aconcepçãoburocráticadaeficáciaresulta nummodelodealtadefiniçãoou
especificaçãodosmeiosedosfins quesepodematribuira cadaumdoselementosda
organização,deacordocomaposiçãoquenelaocupem,coordenandodeformahie­
rárquicasuasatividades(LaugloeMcLean,1985,p.21).Desdeo
esquemadefuncio­
namentodeumaburocraciaeficientista,algo quesepodedefinir comprecisãoper­
miteajustarprocedimentosemeiospara
consegui-lo;se,peloconlrário,édifuso,
não-especificávele
temquecontarcom
aspeculiaridadesdecontexlose indivíduos,
nãosepodeprecisarfacilmente,perdendo-seeficácia noajustedemeiosparafinse
nabusca
deresultados.
Pormaisintervencionismo
queaadministraçãoqueira
fazereporprecisasque
suasorienlaçõespretendamser,normalmenteosprofessoresnão podemencontrar
nasdisposiçõesoficiaisumguiaprecisopara suaação.Asprescriçõescurriculares
coslumamsereferiraconleúdoseorientaçõespedagógicasquepodemser
determinantes,nomelhordoscasos,paraaelaboraçãodemaleriais,seseajustarema
elas,
oupararealizarocontrole dosistema,masmaisdificilmente costumamser
reguladorasdapráticapedagógica dosprofessoresdeumaformadireta. Oeslenível
dedecisõesou deorientaçãonãosepodecondicionaraprática pedagógicaemler­
mosdefinidos,ainda
quesefaçaatravés deoutroscódigos oude
fonnaindirela.
Tampoucoapartir
dessaregulação
I!:possíveltransmitir aosprofessoresumavisão
coerenteearticulada
deumcampodosaber,umaponderaçãodeseuscomponentes,
umadeterminadavisão dovalordeumcertoconhecimento oudeexperiênciasque
abarquemumadisciplinaouáreadelenninada. Cadadisposiçãooficial teriaqueser
uma
espl!:ciedelratadopedagógico.
Damosumexemplo:
naregulaçãocurricularreferente aoCicloMédiodaEGB,
dentrodaáreadeCiênciasSociais,paraoquintocurso, dentrodo
blocotemálico
IniciaçãoaoEstudodaEspanha, aprescriçãocurricular emdisposiçãolegalde1982
estabelece
comonfveisde
referenciaparaoaluno:
"2.LocalizareenumerarasregiOesespanholaseasprovínciasqueasconsliluem.Des­
creverdemodoelemenllU'esituarosprincipaisacidentesdorelevo,osclimasmais
caraclerísticos(medilerrineo,interior,atlântico)e asbaciasfluviaismaiSimponantes
daEspanha.Esludar,
emdetalhe,umsistema
montanhosodaEspanhaeumabacia
fluvial"(Decreto
Realde12-11-1982).
EstadisposiçãogeralparaoEslado seconcretizou,paraoterrilório controlado
peloMinistériodeEducação,emprescriçõesumpoucomaisprecisas:
Objetivos:
"5.4.3.Situaredescrever,
de
fonnaelementar,orelevo, ascosIaseasprincipais
baciasfluviais.
5.4.4.Descrever
osclimasmaiscaracterísticos
(mediterrineo,interior,atlAnlico)e
suainnuencianasplantações,nacriaçãodegado,nadistribuiçãodapopulaçloeno
tipodemoradia"(Ordemde6-V-1982).
Esugere-se
aoprofessor,comoatividadesparaesteúltimoobjetivo:

118JGimenoS:lcrislán
lnformar·seal1av6;doIivro-teJltooudeconsulta,daeJlplicaçlodoprofessor.dosmeios
audiovISuaiS,.sobreostrfstiposdechma(me<Ílterrânco,interior.a'''nlico),
DesenharomapadaEspanhaeassinalarcomcoresdiferentesasdiferenteslOnas
cJnnáucas
Indicaraquelonaclimáticapcnenceàregiãoeàcidadedoaluno.Anolardadosde
alguns.fatorescllmálJcos(chuva,tempcralura..)ecompani~los comosdeOutraszonas
chmátlcas.
Ob~rvar alIav!!:sdeslides.filmeseoutrosmeiosaudiovisuais comooclima
condiCiona
I
p8!Slgern,otipodemoradia,aroupa.otipodepopulaçlo.
IlustrarummapadaEspanha,semosnomesdasregiões,destacandoaEspanha
secae aEspanhaúnuda.
ConfeccionarummuralilusrradocomfDlografias,postais,elc.,dosdiferentescul.
tivosdaEspanha.
Recolheremlistascompantivas osprodutostfpicO$decadazonachmáuca.
Osob.it:tiv?Sexpressamdeforma~tensamente precisaoque~ n~sárioapren_
der,mas~dlflctlqueoprofessor,apantrdessaformulação,tenhaumaidéia dovalor
queessesconhecimentosrep~ntam paraquenãodêemlugaraaprendizagens c1a­
~ntedecoradasealgumaIdéiasobreaformadeorganizá-Iasematividadessubs­
tanllVas.Nofimdascontas,osexemplosdealividadessugeridasnãodeixamde ser
exem~los descamadosquenecessitamdeumaproposiçãometodológicamais
globahzadora.Asonentações,poroutrolado,exigemumasériederecursosquenão
estãoàdisposição
deboapartedeescolaseprofessores.excero
àmedidaqueolivro-­
textoosapresente.
OcumcuIoprescritonãopodenemdeveserentendidocomoumtratadopeda­
gógicoe
umguia
didát!coqu.e.ofertaplanoselaboradosparaosprofessores,porque
tem0u.trasfunçõesmaISdeciSIVasparacumprir,desdeopontodevistadapolítica
edu~auva geral,doque.ordenarosprocessospedagógicosnasaulas,Seapolítica
cumcularpodee deveajudarosprofessores,devefazê-loporoutrosmeios,
ControledeQualidade
Aorden~ção e aprescriçãodeumdeterminadocurrículoporpartedaadminis­
tração.educatlva~umaformadepropororeferencialpararealizarumcontrolesobre
aq~ahdade doslstema.e~ucal.ivo. Ocontrolepode serexercido,basicamente,por
meIOd.aregulaçãoadminIstratIvaqueordena comodeVi!serapráticaescolar,ainda
quesejasobaformadesugestões,avaliandoessapráticadocurrlculoatravésda
inspeçãooupormeiodeuma avaliaçãoexterna dosalunoscomofonte deinforma­
ção.Emnosso
sislemaeducativo,asduasprimeirastáticascaracterizaramdecidida­
men!eaforma.decontr~lar aprática,comresultadospoucoeficazesparamelhorara
qualidadedosistemaesimcomamplasrepercussõesnoestabelecimentodeumsiste­
ma~erelaçõesdedomf~io misturadascomaimposiçãooupropostademodelosde
fun.cl?nan;'entopedagógICo.Aprópriaextensãodosistemaeducativo tomainoperante
aVigilânCiadoprocessoporpartedainspeção.
Asformasfun.damentaisderealizarocontroledocurrlculodependemdos
as.
pectossobreosquaIssecentra,dopontodereferêncianoqual sefixaopodersendo
basicamentedois(Broadfoot,1983): '
a)
Ocontrofedoprocesso dedesenvolvimentocurricular
atravtsdasrela­
çõesburocráticasentreoagentequecontrolae oprofessorouescolas
oCurrículo
119
controladas,esupervisionando,
atrav~sdainspeção,a qualidadedapráti­
cadopróprioprocessoeducativo.
b)Avaliaçãooucontra/i!ci!ntradonosprodutosourendimentosqueosalu.
nosobtêmque,paratervalordecontrasteecomparaçãoentreescolas,
gruposdealunos,etc.,deve serrealizadodesdefora,não sendoválidasas
avaliações
queosprofessoresrealizam.
Oprimeiromodelotratadeincidirmaisdiretamentenascondições doensino,
enquanto
queosegundo
sefixanosprodutosdaaprendizagem.
Cadamodelotemsuasvantagenseseusinconvenientespeculiares.
Ocentrado
noprocessodedesenvolvimentocurricularenapráticaeducativa, queéprópriodo
nossosistemaeducativo
não-universitário,temoperigo decairnapretensãodeesta­
belecermecanismosrígidos
de
bomogeneizaçãonasescolasenos própriosconteú­
dosdeensino,aoserexercidoemboaparteatravtsdaregulaçãodos materiaisdidá­
ticos.Regulaeordenaascondiçõesdaprática,masdepoisnão podesabersese
cumpremounãoascondiçõesestabelecidas.Podechegararegulare ordenartudo,
menosapráticadosprofessores,comotam~msedizironicamentedosistemafran­
cês(Broadfoot,1983,p.259),oque,narealidade,podedar,defato. maisautonomia
aosprofessoreseàsescolasqueaavaliaçãodeprodutos.senãoseacompanhade
umarigidezburocráticaesesecontacomrecursosvariadosparadesenvolverocur­
rículonaprática,semseateraumreduzidonúmerodelivros-texto.Querdizerque
suavantagem,doponto devistadasalvaguardadaautonomiadosprofessores,está
emsuaprópriaineficiência.Avigilância daqualidadedeveriacontar comumgrande
número
deinspetoresefetivos pararealizaressafunção,algoque
tonerosoenada
fácil.
Sea
presençadoinspetorn.lio~efetiva,omodelo~ineficaze nominal,obvia·
mente.Havendooperigo,queentrenósseconhecemuitobem,decriarrelações
rarefeitasentreprofessoreseinspetores,ao semisturarafunçãoavaliadora, quedá
um
enonnepoder,comadeassessoramento,naqualomodelo dequalidadedefendi­
dopeloinspetorficafora dequalquercomparaçãoeinvestidodaautoridadequelhe
dásuaposição.
Ocontrolesobreosprodutos,realizadoporagentesexteriores,dáteoricamente
maisautonomiaaosistemaeaosprofessorespara
seorganizarem.mas, aolegitimar
umanormadequalidadeedeculturanasprovasquerealizaparaos
alunos,acaba
provocando,
emalgumamedida.asujeição doprocessopedagógicoaotipo de
co­
nhecimentoerendimentoavaliado desdefora.Aautonomiarealdosprofessores~
provocadamaispelograudeformaçãoecompetênciaprofissional doquepelas
regulaçõesexteriores.
Umquadrodeliberdadecurricularsemmeiose semprofesso­
rescompetentesoslevaráàdependênciadeoutrosagentes,como,
porexemplo,os
materiaisdidáticos.Umquadrointervencionistadoprocessocomprofessores
com·
petenteslevaráàbuscadebrechas,paraexerceraautonomia,e a
tálicasderesistên­
cia.
Ocontroledoproduto,liberalizandoaomáximoocurrículoqueas escolasdistri­
buam,podeconduzira
umadispersãoedesigualdadesnasexigênciasdasescolasque
chegueahipotecarafunçãosocialdosmfnimoscurriculares.Alémdisso,ocontrole
doprodutocolocaautilidadedesuaprópriarealização,entãopara
queseempregam
osdadosdaavaliaçãoexterna:validações,controledequalidadedoensino,avaliação
derendimentosdosistema,dasescolas,avaliaçãoindiretadeprofessores.detecção
denecessidades...
?Issonoslevaarelacionaressaavaliaçãocom outrosaspectos
fundamentais
dapolíticaeducativa.
Porexemplo,conviriacolocarsuautilidadequandoexiste
umarededeescolas
privadasepúblicasnoensinoobrigatóriofinanciadaspelasverbas
doEstado.Tem