102J.GirnenoSacristán
ditóriasquecriam umcampode"conflitonatural",comoemqualqueroutrarealida
desocial,abrindo,assim,perspectivasdemudança
nasprópriascontradiçõesque
apresentam,opçõesalternativas,situaçõesfrente
àsquaistomarpartido,etc. Deal
gumaforma,cada
umdossubsistemasqueintervém nadeterminaçãodocurrfculo
realtemalgumgraudeautonomiafuncional,emboramantenharelaçõesdedetermi_
nação
re~fproca ouhierár~uica comoutros.Mesmoquesepretendesse,porexemplo,
que
.oslivros-textosegUIssemasdiretrizesdocurrfculopropostoereguladopela
admlnislração,elescriampor
simesmosumarealidadecurricularindependentee
concorrentecomadefinidapelaadminislração,porquedesenvolvem
umespaçode
autonomiaprópriodosubsistemadosmeiosdidáticos.
Outrapeculiaridaderesideemquecadasubsistemapodeatuarsobreosdiferen
teselementosdocurrículocomdesigualforçaedediferenteforma:conteúdosestra
tégias
pe~agógicas, pautasde,avaliação.Oequilíbriodeforçasresultantedálugara
um.pec~har gr~udeautonommdecada umdosagentesnadefiniçãodaprática.O
eqUlllbnopartIcular,emcadacaso,é aexpressãodeumadeterminadapolítica
curricular.
Umcampoparaen,tenderocurrfculodevecompreenderessasdeterminações
recíprocasparacadarealidadeconcretaepara
ascontradiçõesque
secriam,ou,igual
mente,tomarexplfcitasaslinhasdepolíticacurricularqueseseguememcadasiste
ma.Seocurrículoé umobjetoemconstruçãocujaimportânciadependedopróprio
processo,é
~n:ciso.verasinstânciasqueodefinem.Entrenós,pelatradiçãodeinter
vençãoadmInistratIvasobreocurrfculonaescolaefrenteàcarênciade
umcampo
democráticoparaanalisarediscutirpossíveisesquemasdegovernosdainstituição
escolarede.seus
co~teúdos, sec~receudequalquerproposiçãoglobalsobreessepro
blema.AqUI,atécnicapedagógicaparadesenvolveroensino foialgoquecompetia
aosprofessores,enquantoque
asdecisõessobreoconteúdodesuapráticaeramres
ponsabilidadedaadministração,eambas
asinstânciasestiveramseparadassempre
porumabarreiradeincomunicação,devido
àsrelaçõesautoritáriaseburocratizadas
entre
osprofessoreseasautoridadesadministrativasmediatizadaspelocorpodeins
petores.
. Osistema
~Iobalqueco.nfiguraocurrfculorepresenta umequilíbriomuitope_
cuharemcadasistemaeducatIvo,comumadinâmicaprópria,quepodemostrarvaria
çõessingularesemdiferentesníveisdomesmo.Podemosconsiderarqueocurrículo
queserealizapormeiodeumapráticapedagógicaé oresulladodeumasériede
influênciasconvergentese sucessivas,coerentes
oucontraditórias,adquirindo,dessa
forma,a
caracterísli~a deserumobjetopreparadonumprocessocomplexo,quese
trans,formaeconstróI
nomesmo.Porisso,exigeseranalisadonãocomo umobjetoest~tlco, mascomoaexpressão deumequilíbrioentremúltiploscompromissos.E
maiSumavezestacondiçãoécrucialtantoparacompreenderapráticaescolarvigente
comoparatratardemudá-Ia.
.
A.
vis~odocU,~culo comoalgoqueseconstróiexige umtipodeintervenção
atlvadl~c.utlda expliCItamentenumprocessodedeliberaçãoabertoporpartedosagen
tespartlc~pames d.osquaisestáacargo:professores,alunos,pais,forçassociais,gru
posdecnadores,Intelectuais,paraquenãosejaumamerareproduçãodedecisõese
modelaçõesimplícitas.Nemocurrículocomoalgotangível,nem
ossubsistemasque
osdeterminamsãorealidadesfixas,mashistóricas.
Desentranhar
asrelações,conexõeseespaçosdeautonomiaqueseestabelecem
nosistemacurricularécondição
sinequanonparaentenderarealidadeeparapoder
estabelecer
umcampodepolíticacurriculardiferenleparaumaescolaeparauma
épocadiferentedaquedefiniuaescolaqueademocraciaespanholaherdou.Um
oCurrículo103
trabalhoqueéimportanteporqueademocratizaçãodo
Estad~foiacompan~a~a de
umamudançahistóricanasuaorganização,comreflexoem
mUitasáreasdaatlvldade
política,edeformamuitoevidentena
educaçã~. _ . .
Umaprimeiraconseqüênciadestasaprecmçoesé a neceSSIdadedequalificarO
campocurricularcomoobjetodeestudo,distinguindosuasdim~nsões episte~ológicas,
suascoordenadastécnicas,aimplicaçãodoprofessorado, asvmspelasqUaissetrans
mitememodelamasinfluênciasdentrodosistemacurriculareseusdeterminantes
políticos.Senãoentendemosestecaráterprocessual,c?ndicio~ado .desdemúl~iplos
ângulos,podemoscairnaconfusão ounumavisãoestátl~aea,-hlstóncado~u.ITIculo.
Emmuitoscasos,fala-sedecurr(culoreferindo-seàsdispoSIçõesdaadmmlstração
regulando
umdeterminadoplanodeestudos,àrelaçãodeobjetivos,aosconteúdos, às
habilidades,etc.;emoutroS,aoproduto"engarrafado"em
determina.d~s materiais,
comoé o casodoslivros-texto;
àsvezes,serefere
àestruturaçãodeatlvldadesqueo
professorplanejaerealizaemsaladeaul~;às.vezes,serefere àsexperiênciasdoaluno
naaula.Informesdeavaliação
de
expeTlênclasouprogramastambémencerramum
significadodocurr(culooudosprocess~s e.produtos~eaprendizage~ consideradas
valiosas.
Oconceitocurrículoadota
sIgnificadosd,versos,porque,alémdeser
suscetívelaenfoquesparadigmáticosdiferentes,éutilizadoparaprocessos oufases
distintasdodesenvolvimentocurricular.
Aplicaroconceitocurrfculosomente.aalg~nsd.esses'processosoufases:além
deserparcial,criaumpuzzledeperspectIvasdlffcelsdemtegrarnumateoTlzação
coerente.Seencontramosconcepçõestãodiferentessobreoqueé ocurrfculo,deve
seemparte
aofatodequesecentramemalguma das.fasesou
mome~tos do~~ocesso
detransformaçãocurricular.Porisso,emcertamedida,todaselassaoparCiaiS e,de
algumaforma,contêmpartedaverdadedoqueé ocurrfculo. .
Poroutrolado,reproduzindoodiscursoteóricosobreocurrículo,
queserealiza
emoutroscontextosculturaiseeducativos,temosacessoaenfoques
semcorrespon
dênciaclaraemnossarealidade,pois,emoutrospaíses,sobretudo
nomundoanglo
saxão,houveumalongatradiçãodetrabalhocomo
cu~cul~, no_qual.sedifere~cia
ramfacetasefunçõesmuitodiversascomooplano,adlssemlna~a~, aIm~lantaçao, a
avaliaçãocurricular
ouainovação,nasquaistrabalhamespeCialistas
dlvers~s que
nãoproporcionaramumateoriaunitáriadoproce~so docurrfculo~m~uatotalidade,
masquecriaramdiscursosparciais.AfaltadeIntegraçãode
lalS.dlscursoséum
defeitodateoriatradicionalsobreocurrfculo(Gundry, 1987,
p.41).Finalmente,qual
quertentativadeorganizarumateoriacoerentedeve
da~contadetudooqueocorre
nessesistemacurricular,vendocomoaformadeseu
funCIOnamentonumdadocontex
toafetaedásignificadoaoprópriocurrículo.
Oimportantedestecaráterprocessualé
analisareesclarecerocursoda
objetivaçãoeconcretizaçãodossignificadosdocurrícul?dentrode.u~processo
complexonoqualsofremúltiplastransformações.
Umpohtlcoouadmmlstradorque
acreditapodermudarapráticamodificandoocurrículoqueeleprescrevedesde
~s
disposiçõeslegislatixasouregulaçõesadministrativases~uece, po.rexemplo,quenao
sãosuasdisposiçõesasqueincidemdiretamentenaprática.Obv18~ente, .ospr?fes
sares,quandoprogramameexecutamaprá.tica,não~o~tum~m partirdasdispOSições
daadministração.
Asoriemaçõesouprescnções
admlnlst~atlva;> ~ostumam ter.escas
sovalorparaarticularapráticadosdocentes,p~raplaneJaratlvI~ades deensmoou
paradarconteúdodefinidoaob~e~ivos pedagógiCo,::,quepor mUIto,e~pecfficos que
sejamepormaisconcretadefimçaoquetenham,n~o pod~m.transmlllr aoprofes~or
oqueéprecisofazercomosalunos,oquelhesensmar.Multl~los dadosdepesquIsa
apontaramestefato.Osprofessores,quandoprevêemsuaprátlca,atravésdosplane-