Livro Alimentação Australopiteca

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About This Presentation

O livro "Alimentação Australopiteca", na orla da saúde e bem-estar com receitas de sumos detox. O projeto editorial conta com a participação de um conjunto de personalidades e referências.


Slide Content

3 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Ficha técnica
Título
Coordenadores do Projeto
Autores
Coordenadora de Revisão
Ilustradora
Alimentação Australopiteca:
o dilema da alimentação –
testemunhos verídicos
Sandra de Sá
Rui Amaral
Mariana Mota
Wellen Fontellene
Mafalda Arnauth
Eng. ª Diana Bedoya
Dr. Duarte Marques
Professor Dr. Armando Almeida
Dr. Lourenço Castro
Atleta Olímpica Rita Borralho
Dr. Márcia Almeida
Dr. Isabel Costa
Dr. Wenquian Chen
Dr. Elsa Novais
Dr. Luís Lourenço
Teresa Pitagros
Maria Oliveira Dias

5 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Índice
Prólogo...............................................................................................................................7
Saúde no século XXI: uma revolução na alimentação impõe-se .............11
Viagens Gastronómicas ............................................................................................26
A reflexão dos nossos atos........................................................................................28
A essência da Alimentação no individuo ...........................................................30
A Alimentação no desporto ....................................................................................32
O Alimento como equilibrio energético ............................................................34
Filosofia alimentar........................................................................................................36
A força do Alimento ...................................................................................................43
O estado de arte económico da Alimentação..................................................47
O que nos leva a escolher, o que nos vende o alimento............................ 50
Ouvir a natureza ..........................................................................................................53
Terapia Detox e Feedback........................................................................................57
O que como? ................................................................................................................59
Receitas .........................................................................................................................64
Conclusão....................................................................................................................113

7 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Prólogo
A alimentação é um fenómeno incontornável, basilar paradigma da
atualidade, tema de gente magra e tema de gente gorda, que converge num
sentido aparente: o nirvana.
Na busca da plenitude alimentar intentam-se conjugações, e o ser holístico
que consome o tempo e o espaço é confrontado ao longo da sua história por
problemáticas dinâmicas do foro alimentar. Talvez a mais preocupante para a
nossa espécie seja a fome, má-nutrição, privação de comida, chamem-lhe o que
quiserem, senhores doutos da nutrição, mães de família, caçadores audazes,
agentes da indústria, políticos das nações. Ela acontece – quer se goste quer não
se goste – entre as populações do nosso mundo, e, por regra, devido a condições
geo-adversas, à instabilidade, a conflitos ou à mera pobreza. Povos famintos têm
maiores problemas no desenvolvimento da sua tribo, limitando capacidades
de produtividade, aprendizagem e evolução. A ausência de alimento, temível
flagelo, está relacionada diretamente com o grau de corpos vulneráveis e,
consequentemente, da mortalidade de um povo. Por dia, mil milhões de pessoas
ingerem menos de 1.800 quilocalorias, e isto, segundo os observatórios que medem
a felicidade dos humanos, designa-se por “fome humana”. A ausência de fome está
associada à felicidade. E, nesse caminho de pensamento, o construto “dinheiro”,
desde que aplicado em função das necessidades biológicas e emocionais do ser,
ajudará a adquirir a felicidade.
Somos originários da África – sim éramos todos mulatos no início. Com
qualquer coisa como 200 mil anos de presença terrestre, um corpo ereto que
permite o uso potencial dos braços na criação de ferramentas que possam intervir
no mundo, e, imagine-se, começamos a ficar modernos nos últimos 50 mil anos.

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Não havendo grandes diferenças desde então. Sem o facilitismo da crítica filial, o
meu pai poderia ser 50 mil anos mais velho que eu, e isso não me alteraria muito...
Somos orgânicos, somos conscientes de teorias e autênticas vagas cósmicas
de informação.
No campo da ingestão, a química preconizada por Robert Boyle, Lavoisier
e outros cientistas experimentais gera uma verdadeira ordem mundial de
relação fortemente comercial entre a indústria química e as populações,
que, discutivelmente, procuram, ou é-lhes imposto pelo sistema, a alquimia
farmacológica para cada problema físico, mental e emocional.
Vivemos no terceiro planeta mais próximo do Sol, com 4,5 mil milhões de
anos (é até relativamente jovem), cientificamente designado por Planeta Azul –
os intelectuais dos últimos séculos adoram ser poetas, e, sim, a poesia conjuga-se
com a ciência. Lar de uma multiplicidade de espécies, incluindo os humanos, é
o único corpo celeste onde é conhecida a existência de vida e de alimento. No
domínio comparativo, somos os seres que melhor inovaram. Ainda que o Lord,
aquele imponente fila-de-São-Miguel, já consiga controlar-se e entender o “senta”
da Senhora Maria sempre que a vê entrar pelo portão, e, relatam-se também
de forma bem categórica, alguns macacos que conseguem quebrar nozes com
pedras, nós somos mais espertos; sobretudo pela inovação no domínio daquilo
que ingerimos. A comida. A bebida. E, mais recentemente, na Mesopotâmia, até
a alquimia veio invadir o universo do nosso vasto “aparelho alimentar”, onde
a mente joga um papel ativo naquilo que qualquer animal terrestre interpreta
como viver mais forte, mais jovem e saudável, através das melhores ingestões
alimentares possíveis.
Quem nunca criou um prato próprio, uma sobremesa, uma bebida? Bem-
vindos ao baile das verdades! E exista um leitor que reclame para si só o prémio
secreto de quem nunca, jamais, se arriscou a conceber vida gastronómica.
Todos somos mágicos. Todos somos importantes no processo. A ingestão
(ou consumo) torna-nos em figuras centrais. Existem os Compradores, os
Operacionais, e os Conceptuais. Que lugar ou lugares ocupa você? E criamos uma
grande variedade de soluções e problemas que partem do mesmo fenómeno: a
ingestão alimentar.
Conhecidos pelos latinos antigos como o “homem sábio”, somos a última
espécie dos primatas bípedes (mais precisamente, Homo) ainda viva. Sociáveis
desde a primeira célula, física e mentalmente, somos isto que observamos desde
este último quarto de tempo da nossa concepção divina. Sentimos ultimamente
a curva do crescimento de forma mais acelerada e desconhecemos se estamos no
limiar da nossa potencialidade. Em todas as áreas e em todo o tempo da nossa
evolução, o último milénio demarca-se dos demais 199. Os sociólogos apontam
como causa o desenvolvimento da escrita e seus suportes, o que nos permitiu a
capacidade de partilha, global e intemporal, de informação.
E isso, para a nossa mente de abelhas, é mel. Somos vaidosos mentais. No
futuro prevemos telepatias, teletransportes e novos mundos. Os mais prudentes
aconselham-nos a voltarmos a ser naturais e orgânicos, por cautela a novas

9 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
epidemias ou fenómenos (não controláveis) que advenham do desenvolvimento
imparável e incontrolável da espécie humana. Já apanhámos alguns sustos nesse
domínio. Temos um cérebro grandemente desenvolvido, com acesso de raiz
operacional ao raciocínio abstrato, à linguagem, à introspeção e à resolução de
problemas. Somos sábios e consideramo-nos superiores por isso, gostamos de
influenciar o ambiente ao nosso redor, procuramos sempre explicar os fenómenos
e somos dotados de capacidade de argumento, imaginação e crença. Somos
ainda os únicos conhecidos a usar o fogo, a vestir-se, a desenvolver ideias, que
depois implementamos de forma produtiva e abrangente, e, mais curiosamente,
independentemente da nossa era ou civilização, temos, comumente na nossa
espécie, o cuidado de separar o espaço para preparar os alimentos, para a
construção de ferramentas e utensílios específicos para a confecção e para a
concepção de protocolos, regras, receitas, modos e até ciências do foro alimentar.
A alimentação tem-nos acompanhado fundamentalmente porque cada um
de nós tem de comer. E quem come pior, é mais débil. E quem come melhor é mais
forte e saudável. 
Rui Amaral

11 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
PROF. DR. ARMANDO ALMEIDA
Médico veterinário reformado.
Foi Director da Estação Nacional de Avicultura e Cunicultura,
Professor Coordenador da Escola  Superior  Agrária de Coimbra
(Nutrição Animal, Avicultura, Cunicultura).
SAÚDE NO SÉCULO XXI
uma revolução na alimentação impõe-se
Estamos já no início do século XXI e, como é do conhecimento geral, o
presente século terá de pagar a “fatura” dos erros do passado séc. XX, o verdadeiro
século da revolução industrial e sua mundialização. De facto, o século XX, que,
mercê dos avanços científicos e tecnológicos, mudou por completo a história
da Humanidade em todos os campos do saber, contribuiu como jamais algum
outro para o conforto do homem, no sentido mais lato do termo. Foi também
o século que, entre outros factos, criou graves problemas, como o aquecimento
global e a poluição (terra, ar, águas), e no qual ocorreu o maior desenvolvimento
demográfico da história, que, direta e indiretamente, acelerou o desenvolvimento
dos mesmos problemas. O aumento da população – de cerca de mil milhões no
início do século XIX, para dois mil milhões na segunda década século XX, e
para os atuais seis mil e setecentos milhões – só foi possível com o aumento da
produção de alimentos, para suprir uma necessidade vital tantas vezes ignorada
e menosprezada por parte da maioria dos cidadãos, nomeadamente a dos países
industrializados de civilização ocidental.
De facto, a esmagadora maioria dos cidadãos raramente pensa nos alimentos
no sentido “estrito do termo”, quando muito pensará na alimentação “quando a
fome aperta”. Com a evolução científica e tecnológica, a alimentação é cada vez
mais motivo de conversa, uma vez que há uma consciencialização da existência
de uma associação da dieta alimentar, com a saúde e o bem-estar. Hoje em dia
cerca de setenta a oitenta por cento (68%) da população dos países ocidentais
e industrializados habita nos centros urbanos, quando, há cem anos, a mesma
percentagem vivia nas zonas rurais.
A revolução industrial dos séculos XVIII e XIX trouxe, entre outros
acontecimentos, não só o crescimento populacional dos centros urbanos e
industriais, mas também uma diminuição de área agrícola, consequência do
alargamento daqueles centros e respetivas infraestruturas. Esta diminuição da

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área agrícola para a produção de alimentos naturais teve de ser compensada por
uma maior produção e eficiência dos sectores vegetal e animal da agricultura.
Agricultura intensiva – industrial e aquicultura
Um novo modelo de produção agrícola, denominado modelo intensivo –
intensivo industrial –, fruto da ciência e tecnologia, foi implementado e, na prática,
expandiu-se após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Constatou-se que, em
apenas duas a três décadas, a produtividade traduzida pelo aumento de produção
por unidade de superfície e tempo, bem como pela sua eficácia económica,
ultrapassou todas as expectativas, contrariando as más previsões malthusianas
do século XIX, ou seja: o aumento em progressão geométrica da população era
incompatível com o aumento em progressão aritmética dos alimentos, e daí
a fome. O aumento da produtividade deveu-se não só à genética (seleção de
raças, estirpes) mas também a fatores extragenéticos (environment dos anglo
saxónicos) – como uma nutrição correta (vegetal e animal) e um controlo das
patologias típicas de grandes concentrações e efetivos –, e daí, infelizmente, entre
outras práticas, à necessidade da introdução de substâncias químicas sintéticas –
como fertilizantes, pesticidas, antibióticos, hormonas e antiparasitários, que são
praticamente essenciais ao equilíbrio do binómio “performance - sanidade”.
O modelo intensivo de produção agrícola (vegetal e animal) é
periodicamente comentado nos meios de informação pelas suas consequências
nefastas para o ambiente e a saúde. Lembram-se das vacas loucas, das dioxinas
nos ovos e nos frangos e dos nitrofuranos na carne dos perus? Infelizmente a
memória do povo é curta… Já na década de 60, e mais intensamente a partir
de 80, problemas associados à intensificação da agricultura (vegetal e animal)
começaram a fazer sentir-se com repercussões para o ambiente dos países mais
desenvolvidos e com reflexos na saúde pública. Assim não foi apenas por acaso que
vários países industrializados e avançados já possuíam produções e regulamentos
próprios para a produção de alimentos biológicos anteriores ao Regulamento
(CEE) Nº2092/91 e ao Regulamento (CEE) Nºl804/1999 (regulamentos da década
de 90, relativos ao modo de produção biológico de alimentos vegetais e animais).
Pode-se dizer, grosso modo, que no século XIX, e anteriores, toda a produção de
alimentos pela agricultura clássica (vegetal e animal) era do tipo “biológico” (sem
fertilizantes químicos sintéticos e pesticidas).
Nas décadas recentes o grande crescimento e desenvolvimento da
criação industrial de peixes para consumo (aquicultura) surge como forma de
compensar a menor oferta das espécies “selvagens”, que, entre outros factos, se
deveu ao excesso de captura, à poluição das águas, e à diminuição da capacidade
reprodutiva.
Presentemente, a oferta de certas espécies (como a truta, a dourada, o
robalo e o salmão) a preços relativamente baixos para a maioria da população
é uma forma de compensar a qualidade, que não se limita ao gosto, facto só
compreensível por desconhecimento devido à falta de informação.
Os problemas básicos da aquicultura são semelhantes aos da produção

13 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
animal intensiva: como o excedente de quilogramas por unidade espaço (volume
de água no pescado), traduzida por poluição (excesso de dejetos, por exemplo),
e, naturalmente, a presença de anti-infeciosos e químicos sintéticos com
finalidades das mais variadas, como corantes na carne do salmão. Na aquicultura,
a alimentação é feita à base de rações, cujos componentes (alimentos e produtos
incorporados) não são consumidos pelos homólogos ”selvagens” e, como
consequência, repercutem-se na sua carne (somos aquilo que comemos).
No caso do salmão da aquicultura, as pessoas pensam, por exemplo, que a sua
carne é rica em ácidos gordos poli saturados ómega 3, e, como tal, recomendável
e saudável, quando na realidade, é rica em ácido araquidónico (ácido gordo poli
saturado ómega 6, produzido no organismo do peixe a partir dos ácidos gordos
poli saturados alimentares e percursor de mensageiros inflamatórios), cujo
consumo contribui para um excesso de produção de mensageiros inflamatórios no
organismo humano (matéria de conhecimento relativamente recente no âmbito
da imunologia), para não mencionar a cor da carne avermelhada, que se deve à
incorporação de químicos sintéticos. Ao contrário do que a maioria das pessoas
pensa, estamos ainda nos primórdios do conhecimento científico em biologia
pelo que não nos devemos admirar das frequentes contradições, fruto em grande
parte dos avanços tecnológicos, bem assim das enormes fontes de informação.
A agricultura intensiva industrial (vegetal e animal) e a aquicultura
são atividades económicas assentes em empresas de produção de alimentos
naturais, que permitiram o desenvolvimento demográfico e o combate à fome,
nomeadamente pela oferta de alimentos a preços acessíveis à esmagadora
maioria das populações. Têm, todavia, a sua parte negativa, quando encarada
como fonte de ”produtos tóxicos” que, em certas circunstâncias, causam
problemas na saúde pública, direta (vacas loucas, doenças inflamatórias crónicas,
intoxicações alimentares, antibio-resistência) ou indiretamente, a poluição do
ambiente. Hoje em dia, são poucas as dúvidas sobre a necessidade de alterar os
modelos de produção de alimentos naturais dominantes nas últimas décadas,
mas as consequências socioeconómicas são de tal natureza que a maioria dos
responsáveis prefere não pensar, e só com situações como as de muitas “vacas
loucas”, talvez, passem ou comecem a pensar em soluções alternativas, que de
facto existem.
Indústria alimentar
Ao longo do séc. XX, com decalages entre países industrializados, o
desenvolvimento e crescimento da indústria alimentar é um facto, e a sua
participação na oferta de alimentos às populações é cada vez maior. A indústria
alimentar utiliza como matéria-prima de base alimentos naturais que, ao serem
transformados/processados pela industrialização, originam um produto final que
na maioria das vezes nada tem a ver com o produto inicial, não só do ponto de
vista físico (basta apenas um olhar atento às prateleiras dos supermercados), mas
também do ponto de vista nutricional.
Atualmente a alimentação das populações dos países industrializados é,

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na grande maioria, o somatório dos alimentos naturais da agricultura e pescas
produzidos pelo modelo intensivo e aquicultura, bem como os transformados
pela indústria alimentar. Embora alguns dos alimentos transformados, como o
clássico e secular pão, cujo elevado consumo é uma realidade para a maioria dos
cidadãos, derivado em parte do seu baixo preço relativo, sejam genericamente
aceites também como alimento bom e saudável, a verdade é que, à luz dos novos
conhecimentos no campo nutricional, o assunto é altamente discutível. De facto,
o pão das últimas décadas em nada se assemelha ao pão dos nossos antepassados,
que era fabricado com cereais completos/integrais não contaminados com
químicos do ambiente, pesticidas, e fungicidas, e moídos (maior tempo de
digestão, absorção) e daí nutricionalmente superior e menos” tóxico”. De facto, a
partir dos cereais triturados pelas novas máquinas de elevada eficiência obtêm-
se, como produto final, uma farinha de estrutura semelhante ao “pó”, e, como
tal, de rápida digestão. Quando há refinação, como é frequente, a farinha obtida
é branca pela eliminação do tegumento (casca) e do gérmen, dois constituintes
estruturais e básicos em termos nutricionais (fibras, proteínas, vitaminas,
minerais, fitoquímicos). As farinhas brancas, com fins múltiplos na gastronomia,
ficam reduzidas praticamente ao “amido”, que, apesar de ser um hidrato de
carbono complexo do ponto de vista químico (múltiplas moléculas de glicose),
passa a comportar-se fisiologicamente como um hidrato de carbono simples,
(vulgar açúcar, glicose, frutose), sendo, como tal, rapidamente digerido e
absorvido, originando níveis elevados de açúcar no sangue (picos de glicemia).
Como é sabido, a utilização de alimentos transformados e industrializados
na alimentação é norma, nomeadamente aqueles que têm por base cereais
refinados. O seu elevado e frequente consumo origina picos de glicemia e
“descargas” respetivas de insulina (hormona pancreática de controlo da glicose),
com reflexos metabólicos enormes, predispondo ao desenvolvimento de doenças
inflamatórias crónicas do foro da medicina interna. É neste contexto que surge o
índice de glicemia (I.G), um índice técnico utilizado para averiguar a influência
do consumo de um alimento na taxa de açúcar no sangue (glicemia), cujo padrão
de referência é a glicose, e ao qual foi atribuído o índice 100. Variando de 0 a
100, considera-se que um índice superior a 70 é elevado, inferior a 50 é baixo, e
entre os dois é moderado. Um outro índice associado ao IG é a carga glicémica
(CG), que relaciona o IG com a quantidade de hidratos de carbono presentes
no alimento, sendo o preferido por certos nutricionistas e médicos, uma vez
que não é só o tipo do hidrato de carbono que é importante, mas também a sua
quantidade. A existência atual de largas centenas de alimentos industrializados,
em que a presença de hidratos de carbono é frequente, torna o conhecimento
do IG e da CG de um alimento quase uma “obrigação”, muito embora raramente
ou nunca esteja presente nos rótulos. Todavia é bom realçar que o índice de
glicemia dos alimentos não deve ser usado isoladamente, havendo vários fatores
que contribuem para o alterar, começando pelo consumo em que raramente os
alimentos são consumidos isoladamente (problema da interação dos alimentos e
tipos de nutrientes), e como tal, para certas situações clínicas, o aconselhamento

15 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
de especialistas é fundamental. O frequente e elevado consumo de alimentos de
elevado índice de glicémia que originam “descargas” frequentes e elevadas de
insulina para o sangue criam situações de hiperinsulinémia, que podem levar
à insulina resistência (as células deixam de ser sensíveis à insulina, no sentido
de não permitirem a entrada da glicose e daí uma acumulação da glicose no
sangue, predispondo à pré-diabetes e diabetes). Segundo a opinião de certos
investigadores, a Insulina Resistência (Síndroma metabólico, Sindroma X) é e será
um dos problemas de saúde pública do século XXI pela sua associação às doenças
crónicas do foro da medicina interna, nomeadamente a diabetes II, obesidade, e
um cortejo de situações clínicas indesejáveis.
Infelizmente a Insulina Resistência (Síndroma X ou Metabólico) é ainda
um termo pouco conhecido do grande público, que continua obcecado pela
“psicose” do colesterol devido à sua associação às patologias cardiovasculares
(aterosclerose, AVC...), primeira causa de mortalidade nas décadas recentes nos
países industrializados (sobretudo nos E.U.A.). Recentemente estes factos começam
a ser contestados pela investigação, uma vez que já se começa a conhecer melhor
a etiopatogenia da aterosclerose, começando pela constatação de que cerca de
50% dos enfartes do miocárdio ocorrem em pessoas com níveis de colesterol
aceites como “normais”. Neste caso o nível de uma substância, a homocisteína
(aminoácido presente no sangue), parece ser mais credível como fator de risco, ou
mesmo de um certo tipo de LDL (mau colesterol), nomeadamente o das partículas
mais pequenas, para não falar da necessidade da presença prévia de uma
inflamação, factor cada vez mais aceite como o principal factor determinante da
doença coronária do coração confirmado pelo teste de Proteína C Reativa de alta
sensibilidade. Isto, contudo, em nada invalida a tomada de precaução em relação
à colesterolémia (taxa do colesterol e seu tipo no sangue), cuja interpretação
cabe aos verdadeiros especialistas, uma vez que já se sabe que a participação do
colesterol alimentar no desenvolvimento das patologias cardíacas é pequena, e
que 70 a 75% do colesterol presente no sangue é fabricado pelo próprio organismo
para cobrir as suas necessidades, nomeadamente para a produção da vitamina
D, hormonas sexuais (masculinas e femininas), e hormonas corticoesteróides
(cortisona, por exemplo). Cada vez mais se pensa que o colesterol é tão responsável
pelas doenças do coração, ou a causa das mesmas, como os cabelos brancos são
responsáveis pelo envelhecimento, ou a causa do mesmo.
Um outro grupo de alimentos da civilização industrial é constituido pelos
óleos vegetais (girassol, soja, sésamo, milho), todos ricos em ácidos gordos poli
saturados ómega 6, cujo excesso de utilização e consumo os torna tóxicos para o
organismo, como adiante se verá. As margarinas, tidas como gorduras vegetais
saudáveis, e que resultam da solidificação das gorduras vegetais líquidas, foram
quimicamente transformadas por hidrogenação em gordura semi-sólida para se
assemelharem à manteiga. A hidrogenação, mesmo parcial, permite aumentar
o período de conservação, evitando o ranço. São as célebres e malfadadas
gorduras “trans”. Todas essas novas gorduras sintéticas são metabolicamente
desconhecidas pelo organismo, e, portanto, prejudiciais à saúde, havendo cada

16
vez mais investigadores que as consideram grandes fatores de risco para as
doenças cardíacas.
Um outro problema associado à industrialização dos produtos alimentares
está na adição do sal em excesso, quer para preservação dos produtos, quer
puramente para efeitos gastronómicos. O mau hábito de consumo de excesso de
sal é um problema educacional de base que se manifesta na maioria das pessoas
em problemas de hipertensão sanguínea e respetivas complicações no foro
cardiovascular, muito embora o assunto da hipertensão por excesso de sal, para
certos investigadores, seja discutível.
A imensidade de novos produtos alimentares no campo da pastelaria e
confeitaria, praticamente todos à base de farinhas (hidratos de carbono complexos
de cereais refinados), aos quais se adicionam açúcares, gorduras transformadas,
aditivos químicos dos mais diversos (os célebre E- dos rótulos das embalagens,
que visam praticamente manipular as características do produto alimentar
pela cor, sabor, durabilidade com vista a promover e aumentar as vendas
legalmente), e que globalmente são caracterizados pela sua elevada densidade
calórica (hipercalóricos), é motivo de alta preocupação pelo impacto negativo
que estes produtos têm na saúde. Estes acabam por contribuir não só para toda a
problemática associada ao excesso de peso por gordura (diabetes II com todas as
consequências), mas também, a médio e longo prazo, para outros problemas de
saúde do foro da medicina interna, que por ora se desconhecem.
Outro ramo alimentar em crescimento exponencial é também o campo das
bebidas adoçadas por açúcares naturais e sintéticos que, no fundo são constituídos
por água adoçada acrescida de um ou mais produtos para justificar o nome.
Todas elas são de elevada apetência, e o seu marketing é de uma imaginação
impressionante, só justificado pela margem de lucro. Esses produtos alimentares
de fácil acesso, baixo preço e com larga clientela, as crianças principalmente,
são presentemente dos maiores responsáveis pelas patologias associadas ao
excesso de peso (obesidade), e diabetes II, deste grupo etário. As “bebidas doces”
são, no fundo, uma fonte de calorias ”vazias” (alimentos praticamente sem
micronutrientes como vitaminas, e minerais): não saciam, mas contribuem para
um aumento de consumo de calorias. Muito recentemente já se especula, com
alguma base científica, que os doces provocam uma viciação (efeito de droga),
sendo como tal explorada pela indústria alimentar.
O ramo alimentar de produtos processados e industrializados, como o das
carnes e peixes, peca normalmente por excesso de sal, aditivos (como é o caso dos
conservantes), e por tratamentos com altas temperaturas.
Os organismos geneticamente modificados (OGM), como o milho e a soja
transgénicos, são conquistas relativamente recentes, cujo futuro na alimentação se
augura complicado, uma vez que tem sido altamente discutida a sua problemática
no campo da toxicologia alimentar. Há estudos recentes que demostram que são
um perigo para a saúde. Presentemente uma percentagem muitíssimo elevada de
milho e soja são OGM e estão presentes em um sem fim de alimentos, e, como tal,
nos pratos do nosso dia-a-dia.

17 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Evolução da dieta alimentar ao longo dos tempos
O homem atual é, em termos genéticos (99,9%), praticamente idêntico
ao Homem primitivo (caçador e recolector) e, como tal, a sua fisiologia,
nomeadamente o seu metabolismo, é a mesma.
O homem primitivo, caçador e recolector de alimentos, alimentava-se,
como omnívoro, de produtos animais (carne de caça, pescado, ovos) e de produtos
vegetais (folhas, raízes, frutas da estação). Há cerca de dez mil anos, quando
começou a dedicar-se à agricultura (revolução agrária), com o “cultivo de plantas
e domesticação de animais”, iniciou o consumo de novos produtos comestíveis,
como cereais, leguminosas e leite de outras espécies animais, possivelmente
desconhecidos ou raramente consumidos até então. Tratou-se possivelmente da
primeira grande revolução alimentar: dieta agrária. Os cereais e as leguminosas
passaram a ser alimentos básicos e, mesmo presentemente, para a maioria dos
médicos e nutricionistas, são considerados alimentos de elevado valor nutricional,
nomeadamente quando completos/integrais (boa fonte de energia, proteína, fibra,
vitaminas minerais, fitoquímicos), ao contrário da opinião dos investigadores da
relativamente recente escola da dieta paleolítica, que defendem que os alimentos
a consumir deverão estar de acordo com as características programadas no ADN
ou do genoma de origem do homem primitivo e como tal esses alimentos não
estariam incluídos.
Assim, não será por pura coincidência que, atualmente, muito mais pessoas
do que se pensa são “sensíveis ou intolerantes” ao “glúten”, tipo de proteína
resultante da associação de duas outras proteínas (gliadina e glutenina) presente
nos cereais (trigo, aveia, cevada…), e daí, possivelmente, a justificação da presença
nos rótulos das embalagens de certos produtos alimentares da designação
“ausência de glúten ” para pessoas com doença celíaca (doença alérgica traduzida
por uma má absorção de nutrientes por lesão ao nível do intestino delgado com
todas as suas consequências). Há cientistas que acreditam que o glúten dos cereais
afeta a saúde das pessoas, mesmo sem sintomas típicos da doença celíaca. Uma
outra família de proteínas dos cereais e leguminosas, as lectinas, podem também
afetar negativamente os intestinos, lesando as vilosidades intestinais, interferindo
na reabsorção de nutrientes e funcionando como anti nutrientes. A possível
participação na artrite reumatoide e em certas doenças auto imunes torna ainda
mais complexa a problemática do consumo dos cereais e leguminosas, que são
genericamente aceites como alimentos de excelência, nomeadamente o cereal
trigo, quando integral. Uma outra substância que está presente em quantidades
elevadas nos cereais e leguminosas é o ácido fítico que “adere” aos minerais, ao
cálcio, ao ferro, ao zinco e ao magnésio presentes nas sementes, tornando-os não
absorvíveis. Como se depreende, a matéria é altamente complexa e discutível,
mas o facto é que existe.
No campo do leite, o problema não será muito diferente. O leite materno
é o melhor e único alimento completo para bebés nos primeiros meses de vida,
e o não aproveitamento desse dom da natureza paga-se caro. A frequência da
amamentação é mínima (escassos dias) devido aos mais variados motivos,

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destacando-se a má informação. É de lamentar! O marketing feito nos últimos
anos à volta do leite como alimento de excelência para a prevenção da osteoporose
(doença associada à falta de cálcio nos ossos predispondo a fraturas) é lastimável.
Acontece que o homem é o único mamífero que consome leite depois de
desmamado, e nos animais – como a vaca, o hipopótamo, o elefante, enfim, todos
mamíferos, mas herbívoros – os ossos suportam centenas e milhares de quilos.
Curiosamente, países com maior ingestão de cálcio de origem láctea tendem
a ter mais, não menos, fraturas da anca (E.U.A, Nova Zelândia, Suécia, entre
outros). E mais comentários poderiam ser feitos sobre a matéria. A intolerância à
lactose do leite é um problema que afeta cerca de 70 a 75% da população mundial
principalmente a de origem asiática e africana, que é incapaz de digerir o leite
por carência do enzima digestivo láctase, que, fisiologicamente, após o desmame
ou pouco depois deixa de ser fabricado pelo organismo. O facto de o leite e os
lacticínios serem produtos agradáveis e aceites como bons alimentos para muitas
pessoas, nomeadamente para aqueles que o toleram, é uma coisa, o facto de o
seu consumo dever ser incrementado como preventivo da osteoporose já é
outra coisa. A produção de leite de vaca é, nas últimas décadas, uma atividade
empresarial da agricultura, assente basicamente no modelo de produção
intensivo-industrial e, como tal, está inserida numa economia de mercado. O leite
que se bebe é uma mistura de largos milhares de litros de explorações diversas
e sabe-se que a presença de anti-infeciosos (antibióticos para tratamento de
infeções das glândulas mamárias) é frequente. Isto para não se falar da hormona
de crescimento utilizada como estimulante de uma maior produção, como se
depreende da leitura nas embalagens de certas marcas nos E.U.A.: “este leite não
contém hormona de crescimento”.
No campo das carnes o problema também é complexo. A carne de outrora era
basicamente proveniente de animais de pastoreio – pouco gorda mas equilibrada
em ácidos gordos poli saturados ómega 6 e 3 –, apresentando uma ausência de
substâncias tóxicas de origem ambiental. Nas décadas recentes, a integração
das empresas agrícolas na economia de mercado “obrigou” a que a produção de
carnes, por exemplo a de bovino, seja feita pelo modo de produção intensivo. Neste
tipo de produção uma boa parte da engorda é na maioria das vezes feita contra
natura, isto é: os animais estão confinados, e são alimentados frequentemente
com rações à base do cereal milho e subprodutos da industrialização (bagaços
de soja) – alimentos não consumidos pelos seus homólogos “selvagens” e cada
vez mais de origem transgénica e sob a influência de hormonas anabolizantes,
sintéticas ou não, antibióticos, entre outros. Como consequência, o teor em
gordura, nomeadamente a saturada das carnes da produção animal intensiva, é
muito superior ao das carnes de animais de pastoreio, apresentando assim uma
percentagem muito mais elevada de ácido gordos ómega 6 em relação ao ómega 3,
com destaque para o ácido araquidónico (ácido gordo ómega 6 pró-inflamatório,
fabricado no organismo animal a partir de ómega 6 alimentar), e a muito provável
presença de hormonas anabolizantes, anti-infeciosos. O ácido alfa-linolénico,
(molécula “mãe” da família dos ácidos gordos ómega 3, presente nas folhas verdes,

19 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
nas nozes, na pera abacate, nos peixes gordos) e o ácido linoleico (molécula ”mãe”
da família dos ácidos gordos ómega 6, presentes no pasto, milho, soja, amendoim e
respetivos óleos), são ácidos gordos essenciais que o organismo não é capaz de os
fabricar, e uma das suas funções é a de constituírem respetivamente as matérias-
primas de construção de substâncias anti-inflamatórias e pró-inflamatórias do
organismo.
O forte desequilíbrio daqueles ácidos gordos poli saturados nas dietas
alimentares atuais (os ácidos gordos ómegas 6 chegam a ser dez a vinte vezes
superiores aos ácidos gordos ómega 3, quando não deveriam exceder possivelmente
duas a três vezes) é aceite como um dos grandes responsáveis pelas doenças
inflamatórias crónicas do foro da medicina interna das últimas décadas, sendo o
ácido araquidónico (A.A) o precursor de mensageiros inflamatórios (leucotrieno
B4, prostaglandina E2). Por outro lado, os ácidos gordos polinsaturados DHA
(ácido dodosahexanóico) e EPA (ácido eicosapentanóico), da família dos ácidos
gordos ómega 3, comportam-se, no organismo, como precursores de mensageiros
anti-inflamatórios (como a prostaglandina E3, o leucotrieno B5, as resolvinas,
e as protectinas). Também se sabe que as células gordas do tecido adiposo,
nomeadamente as da região abdominal, são muito ativas e não simples locais de
depósito e armazenamento de gorduras, desempenhando um papel importante
no fabrico de mensageiros inflamatórios como a interleucina 6, que é uma das
mais potentes moléculas inflamatórias.
É neste contexto de novos e recentes conhecimentos que se verifica o
estímulo ao consumo de peixes gordos de águas frias (sardinhas, salmão) e de
suplementos alimentares à base de ácidos gordos ómega 3, nomeadamente o
EPA e DHA presentes nos óleos de peixe e no krill (invertebrados semelhantes
ao camarão). Uma das suas grandes funções é atuarem como precursores de
mensageiros anti-inflamatórios no organismo, contrariando o papel inflamatório
dos ómegas 6 em excesso nas dietas atuais.
Hoje em dia o excesso de peso por gordura é frequente e certos estudos
clínicos e epidemiológicos têm vindo a demonstrar a existência de uma correlação
entre o grau de adiposidade, a saúde e bem-estar.
O índice de massa corporal (o quociente entre o peso em quilos e a altura
em metros ao quadrado) é um índice técnico frequentemente utilizado na prática
para averiguar esse grau. Há tabelas que permitem avaliar o I.M.C., considerando
valores inferiores a 18.5 (baixo peso), de 18.5 a 24.9 (peso correto/normal), de 25 a
29.9 (peso a mais/pré-obeso), e superiores a 30 (obeso, com diversos graus I,II,III).
Todavia, esse índice não se aplica, quando o excesso de peso se deve a elevada
massa muscular, como é o caso de certos atletas. Também a medição da cintura
(perímetro abdominal) pode dar uma ideia do grau de adiposidade (as mulheres
com cintura superior a 87.5 cm e os homens com cintura superior a 100 cm são
considerados obesos). As doenças crónicas do foro da medicina interna (mais
de cem), presentemente as predominantes no mundo ocidental industrializado,
constituem a preocupação máxima das autoridades de saúde por se desconhecer
a sua verdadeira etiopatogenia, daí a terapêutica ser puramente sintomática.

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Do pouco que se conhece, sabe-se que todas elas, embora aparentemente
não relacionadas, como a rinite alérgica e não alérgica, a asma, as doenças
cardiovasculares, as artrites (osteoartrite, artrite reumatoide), e a obesidade, têm
um denominador comum: a inflamação. A inflamação é um complexo mecanismo
de defesa e de reparação inato contra todo o tipo de agressão a cargo do sistema
imunitário. A inflamação aguda, que toda a gente conhece, manifestada por
sintomas (edema, rubor, calor e dor), é o mecanismo inato e primitivo que permitiu
a sobrevivência do homem até aos nossos dias, quando as agressões microbianas
eram as principais causas de mortalidade. Com a evolução e presentemente
com a imensidade de novos agentes «agressores», nomeadamente as de ordem
química, houve possivelmente uma adaptação de defesa por parte do sistema
imunitário em que a inflamação continua a ter o seu papel com a diferença de
ser provocada por agressões excessivas e frequentes e não se apresentar com os
clássicos sintomas, nomeadamente pela ausência de dor, passando despercebida
(inflamação silenciosa) e daí o perigo. A inflamação silenciosa pode levar anos a
manifestar-se através de uma doença crónica (aterosclerose, lúpus, acne, alergia,
asma, entre outras) cujos sintomas são em função da região do corpo afetada.
As inflamações são reguladas bioquimicamente por substâncias conhecidas
por eicosanóides (ácidos gordos polinsaturados de longa cadeia fabricados no
organismo a partir de outros ácidos gordos, ómega 6 e ómega 3, nomeadamente
A.A. e EPA.) e que funcionam como as clássicas hormonas. A relação daqueles
ácidos (A.A. / EPA.) é utilizada por certos investigadores para determinar o grau
de inflamação silenciosa e respetivos riscos, ou o teste de Proteína C Reativa.
Presentemente também se sabe que o nível de glicose e a insulina no sangue
interagem com a produção dos ácidos gordos polinsaturados no organismo, como
o A.A. (pro-inflamatório), influenciando o desenvolvimento da inflamação.
Enfim, paradoxo dos paradoxos: havendo desde há escassas décadas, no
mundo ocidental industrializado, uma abundância e variedade de alimentos de
fácil acesso aos consumidores, o principal problema da saúde pública deriva
do consumo exagerado e frequente de certos produtos alimentares, quer os
transformados pela industrialização, (espécie de alimentos ou pseudo-alimentos)
quer os naturais da agricultura intensiva e da aquicultura. De facto, uma segunda
revolução alimentar, a dieta industrial, teve lugar ao longo do século XX, mais
intensamente a partir da segunda metade. O homem passou a consumir alimentos
caracterizados basicamente por fatores como: elevado índice de glicémia, forte
concentração energética (hipercalóricos), elevada percentagem de gordura
“trans”, forte desequilíbrio nos tipos de gorduras (ácidos gordos polinsaturados
ómega 6 e ómega 3), um muito menor nível de fibras, de micronutrientes
(vitaminas, minerais) e fitoquímicos contra o que era habitual. Ou, por outras
palavras: nutricionalmente inferiores e metabolicamente inadaptados à sua
genética (ADN) com as devidas consequências nefastas para a saúde, como explica a
Nutrição Genómica e ciências afins (nutrigenética, epigenética), ciências recentes,
que estudam a “expressão” dos genes resultante da interação dos mesmos com os
fatores extra genéticos/exposoma (qualidade dos alimentos, estilo de vida, stresse).

21 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Nesta perspetiva, o alimento deixa de ser não apenas uma fonte de energia mas
também uma fonte de “informação” para os genes, permitindo a sua “expressão”.
A interação entre o genoma (ADN), a nutrição (dieta alimentar) e a saúde será um
dos pilares da medicina do futuro. Não é por mera coincidência que o aumento em
espiral das doenças crónicas ocorre com a mudança do regime alimentar, como
sucedeu, com maior incidência, a partir da segunda metade do passado século
XX. Estudos clínicos e epidemiológicos comprovam tal facto, muito embora ainda
não se saiba explicar em rigor a verdadeira etiopatogenia das diversas doenças
crónicas, em que o excesso de peso por gordura e a obesidade parecem ser o ponto
central. Sempre houve pessoas gordas e obesas, mas o seu número era ínfimo, ao
contrário do que presentemente parece ser norma, como nos E.U.A.. Na U.E., em
certos países, também já começa a ser um problema, inclusive em Portugal, a nível
das crianças, por excesso de consumo de produtos à base de hidratos de carbono
refinados e açucarados e bebidas adoçadas (refrigerantes).
Da mesma forma como existem mecanismos fisiológicos inatos para
o controlo de certos padrões de normalidade (como a temperatura corporal,
a glicemia e o balanço hídrico), essenciais à manutenção da constância do
meio interno (homeostasia), deverá haver, segundo certos investigadores,
um mecanismo para o controlo da energia armazenada (gordura corporal).
A descoberta de substâncias como a leptina e a adiponectina, atuando como
hormonas ao nível do sistema nervoso central nos centros de saciedade e apetite
do hipotálamo e funcionando em sistema de feedback, parece comprovar tal
hipótese. A gordura corporal (armazenamento de energia) no homem primitivo
pode ser interpretada como um mecanismo de sobrevivência contra a escassez
periódica de alimentos e de calorias, sendo o seu controlo, presentemente, cada
vez mais imperfeito e complexo, devido basicamente à abundância de oferta de
alimentos (naturais de agricultura intensiva, aquicultura e os transformados pela
industrialização) e ao excesso de sedentarismo.
Estamos em crer que, quando os fatores “agressores” são excessivos e
frequentes, contrariando uma resposta fisiológica do organismo tendo em vista a
homeostasia, as células deixam de lhes ser sensíveis, tornando-se resistentes. Da
mesma forma como a utilização excessiva de uma chave pode tornar impossível
a abertura de uma fechadura, também um excesso e frequente consumo de
hidratos de carbono refinados e de açúcares, predispõe à diabetes 2 pela insulina
resistência. Como tal não será descabido aceitar que um excesso e frequente
consumo de calorias deveria predispor à obesidade pela saciedade resistência.
Situações clínicas como diabetes 2 e obesidade, que eram inexistentes no homem
primitivo, devem-se basicamente às diferenças na dieta alimentar e ao modelo de
vida (sedentarismo, stresse frequente e excessivo) do homem atual.
O séc. XXI será, portanto, um século complicadíssimo em termos de saúde
pública, em que as doenças crónicas do foro de medicina interna terão de ser
rapidamente combatidas, uma vez que as principais causas de morbilidade e
mortalidade de outrora (doenças infeciosas, infecto-contagiosas e parasitárias)
foram ou são praticamente controladas pelos avanços no campo da prevenção da

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medicina profilática (profilaxia higiénica, médica e sanitária) e terapêutica (anti-
infeciosos, antiparasitários).
O que comer
Após estas considerações, embora muito genéricas, o cidadão consumidor
fará naturalmente a seguinte pergunta: o que comer? É uma pergunta
aparentemente descabida, pelo menos no mundo ocidental atual em que há
superabundância e variedade de produtos comestíveis, muitos dos quais (como
os transformados/processados) os nossos antepassados não distantes jamais
denominariam alimentos.
De facto, se possivelmente há cerca de dez mil anos ocorreu a primeira
revolução alimentar com o consumo de novos alimentos naturais e completos
(verdadeiros alimentos), foi no séc. XX, e mais concretamente a partir da segunda
metade (1950), que ocorreu a verdadeira e grande revolução alimentar (dieta
industrial), passando o homem a consumir produtos comestíveis, nomeadamente
os transformados/processados cujas características são metabolicamente
desconhecidas pelo organismo ou melhor, do nosso genoma (ADN), com todas as
consequências negativas para a saúde e o bem-estar.
Apesar das diferenças económicas entre os diversos países, a maioria dos
produtos comestíveis são escolhidos pelos consumidores basicamente em função
da segurança sanitária, do gosto, do preço, e, naturalmente, do grau educacional
e do modelo de vida, não lhes passando pela mente que a sua dieta alimentar
possa ter alguma relação com o crescimento em espiral, nas últimas décadas, das
doenças inflamatórias crónicas, que no nosso entender, se deve à longa “lavagem
do cérebro” que todos sofremos sem darmos por isso, aceitando como “normal”,
os componentes alimentares da dieta industrial de há décadas. O homem atual
continua, em termos genéticos e fisiológicos, praticamente idêntico ao homem
primitivo (caçador e recolector de alimentos) de pelo menos há cinquenta a
duzentos mil anos (50.000 - 200.000) uma verdade, difícil de “engolir” para a
maioria dos cidadãos.
Antes de mais convinha informar os leitores que tiveram a paciência
de se terem debruçado sobre este artigo de que o seu autor tem como hobby
favorito, dos últimos trinta anos, a nutrição humana, tendo vindo a acompanhar
a sua evolução pela leitura atualizada de livros, escritos de revistas de autores
nacionais e estrangeiros, (médicos, nutricionistas, jornalistas científicos), estes
sendo maioitariamente americanos, cujas obras premiadas como bestsellers os
tornam, no seu entender, suficientemente credíveis. Embora tenha constatado
divergências entre autores em alguns aspetos, fruto possivelmente da necessidade
de justificar as suas obras ou, entre outros, por certos aspetos nutricionais não
serem claros e pelas dificuldades inerentes à investigação científica no homem
(amostragem, duração da experiência, custos), penso que uma alimentação
saudável, no atual contexto cultural e sócio-económico, deverá assentar, grosso
modo, nas seguintes normas:
consumo mínimo de alimentos transformados/ processados/ /

23 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
industrializados;
menor consumo, se possível, de alimentos naturais oriundos da agricultura
intensiva (vegetal e animal) e da aquicultura;
maior consumo de alimentos naturais e completos/integrais, se possível
biológicos, quer vegetais quer animais e pescado selvagem (capturado).
Na minha opinião, bem como na dos especialistas que consultei, uma
alimentação saudável, depende essencialmente do tipo de alimentos consumidos
(naturais, transformados/industrializados), incluindo o modo de os confecionar,
não esquecendo, naturalmente, a moderação no consumo. A quantificação expressa
em unidades de peso ou em percentagens, por exemplo de macronutrientes
(hidratos de carbono, lípidos/gorduras e proteínas) associadas às calorias, é
matéria, se justificável, para especialistas e situações pontuais. O homem começou
a preocupar-se com as “calorias ” e outros aspetos nutricionais há relativamente
escassas décadas; quer derivado de uma das “doenças crónicas da civilização” do
foro da medicina interna, quer por motivos” estéticos”. A verdade é que, salvo
situações pontuais, a esmagadora maioria dos cidadãos nunca se preocupou com
a alimentação no sentido nutricional/médico, do termo. A preocupação estaria
mais na possibilidade de garantir uma refeição para ”matar a fome”, conviver.
O tipo, variedade ou diversidade e moderação do consumo de alimentos
são aspetos fundamentais numa dieta alimentar saudável. A diversidade dos
verdadeiros alimentos, como os provenientes da agricultura e pescas, significa
possibilidade de ingestão de uma gama maior de diferentes nutrientes, uma
vez que, à exceção do leite materno na fase inicial de vida, nenhum alimento é
completo em termos nutricionais. O transporte e meios de conservação, uma das
grandes conquistas do século XX, nomeadamente a rede de frio, são fatores que
possibilitam o consumo de uma grande variedade de alimentos ao longo do ano.
A moderação é um conceito de significado discutível pela sua subjetividade,
mas compreensível. Todos os excessos originam frequentemente desequilíbrios
nutricionais; de facto, a individualidade biológica (genética) origina a não
existência de dietas alimentares universais e daí o conselho de especialistas para
situações pontuais.
A procura de uma alimentação ou dieta alimentar saudável tem sido,nas
últimas décadas, quase uma obsessão por parte dos governos, instituições, e
investigadores, que, por motivos diversos, não dizem abertamente que é a “dieta
alimentar industrial dos nossos dias” a principal responsável pelo aumento em
espiral das doenças crónicas não transmissíveis do foro da medicina interna,
cujas consequências sócio económicas e na saúde pública são incomensuráveis.
O problema sendo grave desde há décadas, tornou-se gravíssimo nos últimos
anos, pela associação cumulativa da saúde com a crise económica e financeira.
As pirâmides alimentares e as rodas de alimentos surgem como guias de
aconselhamento para uma alimentação saudável de forma a minimizar os
efeitos negativos da dieta industrial. Os alimentos são associados em grupos com
semelhantes propriedades nutricionais e respetivas quantificações – matéria
complexa e mais que discutível. Continuamos a pensar que o modelo alimentar

24
do homem primitivo (caçador e recolector de alimentos) deveria ser ainda uma
fonte de inspiração e merecer uma atenção especial, uma vez que há fundamento
científico assente em estudos antropológicos, arqueológicos e clínicos. No
entanto, num mundo com cerca de sete mil milhões de habitantes, o pragmatismo
terá o seu papel no sentido de olhar para um ideal, respeitando a realidade e, daí,
a complexidade para a sua solução.
O problema atual da saúde pública no campo das doenças crónicas está
em saber até que ponto o homem é capaz de se adaptar à dieta alimentar das
últimas décadas sem o recurso frequente à medicação sintomática e paliativa
como forma de minimizar os seus efeitos negativos na saúde e no bem-estar.
De facto, acreditamos que só com uma nova mutação ou mutações no genoma
humano, do tipo da que possivelmente ocorreu há cerca de nove mil anos, em
relação ao gene para a láctase (enzima digestivo para a lactose do leite), numa
parte da população humana de então, como forma de adaptação ao consumo de
leite na dieta alimentar da revolução agrária, será possível inverter tal situação,
facto que, no nosso entender, é no futuro pouco ou nada provável.
Uma solução possível, mais correta e viável, é proceder a uma revolução
no campo alimentar, começando pela educação (informação), investigação e
implementação de um modelo agrícola sustentado, como o biológico, apesar dos
enormes custos sociais económicos e financeiros pelo menos a curto termo.
Sendo a escolha de alimentos um fator indiscutível para uma dieta
alimentar saudável, é essencial, para não dizer fundamental, combater o
sedentarismo, outro grave problema da vida moderna, uma vez que a influência
deste no metabolismo é elevada, havendo quem pense que a falta de exercício
do homem moderno é tão negativa como a má nutrição. O simples andar, subir
escadas, estar menos tempo sentado, lavar o carro, entre outras actividades, são
atos que todo o cidadão pode realizar diariamente, e a velha desculpa da falta de
tempo não pega, tendo todo cabimento o velho ditado “enganar os outros é fácil
mas enganar-me a mim mesmo…”. A proliferação de ginásios é, dentro de certos
limites, uma consequência e a prova disso.
Conclusão
Tudo leva a crer que, havendo uma correlação de facto entre a dieta
alimentar, cada vez mais globalizada, dos países ricos e industrializados
ocidentais e o desenvolvimento exponencial das doenças crónicas – conforme
opinião crescente de investigadores, médicos, e nutricionistas –, somos obrigados
a aceitar que estamos perante um grave problema, cuja solução é demasiado
complexa pelas suas implicações no campo socioeconómico e, naturalmente,
político, mas que em nada invalida a necessidade de que algo deva ser feito e
depressa. Temos consciência da existência de um número aceitável de cidadãos
que foram e são periodicamente informados e alertados pelos diversos media
da problemática advinda do consumo de certos alimentos, mas a verdade é que
o problema alimentar é tão grave que deverá merecer um tratamento especial,

25 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
para não dizer revolucionário. A saúde dos cidadãos ultrapassa de longe as opções
políticas associadas ao modelo de desenvolvimento económico, repartição de
riquezas, entre outros, pelo que os mesmos têm o direito de serem, no mínimo,
bem informados para decidirem, independentemente da sua classe social.
Estamos plenamente conscientes de que continuar a colaborar na manutenção
de uma situação real e lesiva para as gerações futuras coloca-nos numa posição
indesejável, daí a razão do presente artigo, que pretende ser, acima de tudo, um
ALERTA.
Professor Doutor Armando Almeida

26
DR. LOURENÇO DE CASTRO
Estudou Gestão
Começou por ser professor de Educação Visual
Pertenceu à Direção de Empresas Multinacionais de Retalho
Especializado
Passou pela Direção de Hipermercados
Gosta acima de tudo da VIDA e dos seus detalhes
Fascina-o conhecer e aproximar PESSOAS
Viajens Gastrónomicas
Parágrafos soltos …
Perante o convite de falar sobre alimentação, não fui capaz de recusar.
Escrever será mais difícil, mas tentarei ultrapassar o desafio.
Alimentação para o comum dos  Portugueses não é uma necessidade, mas
sim um prazer. A base do amor de perdição pela comida reside, em primeiro lugar,
na qualidade dos produtos da nossa culinária, desde o peixe de mares fortes, às
carnes de pastos naturais, passando por legumes e frutas com sabores raros –
noutras regiões temos os ingredientes para os prazeres da boa mesa portuguesa.
A boa disposição e o prazer da amena cavaqueira tornam a mesa num
local de culto, a ideia de que “um bom garfo deve comer muito” é um obsoleto
paradigma, onde na sua base a “alimentação é de salutar”. E concordo que
“prolongar as refeições é um erro cultural”.
Como em quase todas as áreas, assistimos a uma falta de preparação para
este tema. Em muitas outras áreas partimos do princípio de que as pessoas nascem
ensinadas. Os pais empurram para a escola e a escola empurra para os pais muitas
matérias que as pessoas são obrigadas a absorver por autodidatismo.
Visitei a Feira de Chocolate, em Paris, e, no meio de tamanha azáfama,
deliciei-me a ver uma aula de introdução ao Chocolate para miúdos de 5 a 8 anos.
Uma professora ensinava as crianças a descobrir o Chocolate.
Numa visita ao Museu Picasso, em Paris, assisti a uma aula para crianças
frente a um dos mais famosos quadros do pintor. A professora, com perguntas
abertas, fazia as crianças descobrirem o quadro.
Estes dois exemplos mostram como se deve fazer descobrir as coisas boas
da vida.
  Ensinar a descobrir a gastronomia na vertente sensorial e na vertente
prática parecem dois eixos onde é importante investir.
Sou uma pessoa aberta a descobrir e experimentar a alimentação de várias
culturas e povos. Enquanto escrevia estes momentos cogitei felizardamente esta

27 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
humilde apreciação. Adapto-me bem e consigo descobrir os sabores e a forma de
confeccionar ótimos manjares dos Deuses. Adoro cozinhar, e parto das descobertas
que vou fazendo para a minha criatividade.
Hoje em dia assiste-se a muitas tendências na culinária, mas defendo que a
base deva ser a tradicional, pois as raízes não se devem perder.
Voltando ao tema, que é alimentação e não gastronomia. A alimentação é a
principal base para uma vida saudável. Um regime alimentar que nos traga saúde
e bem-estar é sem dúvida um motivo para ser feliz.
As pessoas que conseguem manter o seu equilíbrio são mais felizes.
Esta sociedade atual, sem tempo e sem espaço para uma alimentação
saudável, leva-nos por caminhos perigosos, dos quais só nos damos conta quando
o corpo manifesta alarmantes sinais.
No nosso mundo o sal e o açúcar são dois elementos utilizados em excesso,
principais inimigos que nos assombram nos dias festivos, nas reuniões familiares,
no convívio com amigos.
Para os estudiosos deixo uma pergunta: porque será que as coisas que mais
adoramos na alimentação são aquelas de que não devemos abusar?
Este “faz mal” e “não devemos comer” são o grande dilema da alimentação
atual.
Porque da alimentação também fazem parte os líquidos, nesta matéria
também somos bafejados por todas as delícias, desde a água da cerveja ao vinho.
A necessidade de nos educarmos para beber em quantidade certa e saber saborear
tudo o que a bebida tem é um desafio, devendo ser conseguido um equilíbrio.
Gostaria de ter tempo para desenvolver alguns destes tópicos, trabalhar
mais na arquitetura do texto, mas infelizmente o tempo é escasso.
A última conferência que ouvi de José Saramago foi na Universidade de
Arquitetura de Lisboa, a convite do meu amigo José Manuel Castanheira.
Na conferência do José, ele falava de uma “Edite Piaff”, vestida de preto
e sem mais adornos. Perante aquele mesmo discurso, eu chorava e a minha
companhia ria, o que me fez confirmar que, de facto, perante a mesma realidade,
somos tão diferentes a sentir e a saborear.
Há dias, a saborear meia dúzia de vieiras o tempo parou; o meu filho diz
muito baixinho: “estas vieiras têm tudo: o que lhe puseste no tempero, e o que
sentiste ao confeccioná-las”.
Gostava de partilhar mais sobre alimentação e menos sobre gastronomia,
mas este texto está a fazer-me sentir um gastrónomo apaixonado.
Grato por “contigo” partilhar ideias, experiências, sentimentos e paixões.
Manuel

28
DR. DUARTE FILIPE BATISTA
DE MATOS MARQUES
Licenciatura em Relações Internacionais
Frequência de Mestrado em Relações Internacionais/
Assuntos Europeus
Consultor
Deputado do PSD – pertence às comissões parlamentares
Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas
[Suplente]
Comissão de Assuntos Europeus
Comissão de Educação, Ciência e Cultura
Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo
A REFLEXÃO DOS NOSSOS ATOS
Nunca pensei que alguém tivesse a coragem, ou ousadia, ou mesmo
irresponsabilidade de me pedir para escrever um texto para um livro sobre
alimentação saudável.
Depois de pensar vários dias sobre o tema, e de ter perguntado à
coordenadora do projeto se era mesmo a mim que queria convidar, percebi,
finalmente, que podia dar um contributo.
Muitos não se apercebem mas a segunda maior causa de morte entre os
jovens, logo a seguir ao trauma, não só na Europa mas em todo o mundo, são as
doenças associadas a problemas cardiovasculares. Foi por isso que na Assembleia
da Republica promovi uma resolução sobre a ‘’alimentação e vida saudável’.
A vida que muitos levamos, tal como eu, obriga a um grande esforço e
disciplina para conseguir promover uma alimentação saudável e equilibrada.
Hoje raramente surge a oportunidade de almoçar ou jantar em casa, de fazer
uma dieta equilibrada ao longo da semana, ou de programar devidamente a nossa
alimentação.
São cafés a mais, pequenas refeições saltadas, demasiadas refeições em
restaurantes, que não são culpados pela nossa indisciplina, e falta de tempo ou
capacidade de sacrifício para uma atividade física que compense todos estes erros.
Felizmente a sociedade Portuguesa está cada vez mais desperta para os
problemas da obesidade e as consequências que isso traz. Fico contente de ver
mais gente na rua a correr, as lojas de comida saudável com mais clientes, e as
secções de produtos hortícolas e frutícolas  dos supermercados cheios de gente.
Porém, não obstante isso, as estatísticas não desarmam, os números não
baixam, antes pelo contrário. Por isso, nesse projeto que atrás mencionei

29 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
propunha uma rotulagem sobre os níveis calóricos dos alimentos, pois
acredito, cada vez mais, que a disciplina alimentar passa muito por um maior
conhecimento sobre os alimentos que consumimos.
A educação alimentar começa em casa, no que aprendemos, no que
preparamos para o nosso dia. Não devemos ter complexos, ou vergonha, de
trazer connosco uma “típica” marmita, um reforço alimentar, uma peça de
fruta que nos possa servir de “muleta” ao longo de dia. Tenho a certeza que se
houver um mínimo de esforço, um melhor conhecimento dos alimentos e um
planeamento atempado, qualquer um de nós, com vidas mais ou menos ativas,
pode ter uma alimentação saudável.
Duarte Marques

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MAFALDA AURNAUTH
Nasci em Lisboa, e, apesar de ter ingressado
na Faculdade de Medicina Veterinária, foi o
Fado e uma carreira na Música que tomaram
conta do meu percurso profissional, que tem já
20 anos. Tendo 7 álbuns de originais editados
e tenho levado esta Arte um pouco a todo o
mundo. Continua a fascinar-me a comunicação e
ligação com os outros, e uma evolução pessoal e
profissional a todos os níveis.
A ESSÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NO INDIVIDUO
Ao longo de toda a vida a alimentação ocupa um lugar preponderante no
desenvolvimento da pessoa, enquanto parte integrante da sociedade. Associa-se a
comida a encontros familiares, festividades, comemorações, prazer, mas também
desde muito cedo encaramo-la como um mundo cheio de tentações, pecados e
restrições.
O acesso a uma informação clara sobre os beneficios de diferentes hábitos
alimentares é essencial. Só muito recentemente se comunica com clareza os
terríveis efeitos do açúcar, e tal acontece numa era já completamente dominada e
manipulada por isso, especialmente se falamos de crianças.
Outro ponto muito importante é evitar tudo o que não é natural. Difícil,
muito difícil. A facilidade de qualquer coisa embalada, especialmente para quem
vive em viagem, é muito tentadora.
É essencial procurar informação sobre todos os tipos de alimentação
que, com mais ou menos garantia, nos podem trazer todo o tipo de benefícios,
quer por serem provenientes de uma cultura cuidada e de confiança, quer pelas
suas propriedades altamente nutritivas. Muitos destes tipos de alimentação
são extremamente agradáveis depois de nos desabituarmos dos vícios diários,
culturais e rotineiros. Hoje em dia, a diversidade e oferta de superalimentos é
incrível, e a junção da satisfação que esses alimentos bem confeccionados nos
pode trazer com uma sensação de leveza, de energia e vivacidade é preciosa.
Quem tiver um historial de distúrbios digestivos, dores de estômago, dores de
intestinos, enxaquecas, retenção de líquidos e tantos outros sintomas, sabe bem o
valor de se sentir bem no seu corpo.
Cuide-se! Não se prive do que gosta, mas descubra outras coisas que goste

31 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
e que também gostem de si.
As informações que recolhi guardo e divulgo neste momento ao leitor:
Evitar químicos e produtos que não sejam naturais - evitar embalados ou
alimentos processados, refrigerantes, adoçantes artificias;
Evitar as farinhas brancas e os açúcares refinados;
Evitar fritos e gorduras – cozinho sobretudo em panelas antiaderentes;
Tomar um bom pequeno-almoço, um almoço equilibrado onde os legumes
serão sempre metade do prato e o restante só proteína ou por vezes um cereal, e
fazer um jantar leve, guardando para dias de festa as loucuras que muitas vezes
nos apetecem ao fim do dia, depois de um dia grande e cheio de turbulência.
Beber bastante água ou líquidos como chá.
Se entendermos a alimentação como nossa “amiga” e os cuidados como
“bons parceiros”, esta acabará, eventualmente, por nos levar a um lugar muito
mais confortável e prazeiroso, e a um bem-estar precioso e infinitamente mais
gratificante do que o que as más escolhas alimentares nos podem trazer, por
muito enganador que seja o seu efeito no momento.
Mafalda Aurnauth

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RITA BORRALHO
É uma Atleta Olímpica Portuguesa que
representou o Sport Lisboa e Benfica durante
20 anos. Foi uma das melhores da sua geração
em provas de atletismo de meio fundo e fundo,
nacionais e internacionais (na difícil década de 80
e inicio dos anos 90), a par de nomes como Carlos
Lopes e Rosa Mota, entre outros.
Sobressaiu nas distâncias de 10.000 metros e
maratona, sendo recordada como a primeira
grande maratonista portuguesa a nível
internacional, contribuindo para o sucesso daquela que foi considerada a
“geração de ouro” do atletismo português.
Venceu a maratona de Barcelona em 1982, a maratona de New Jersey em
1986 e a maratona de Lisboa em 1991.
Atualmente desempenha as funções de assessora desportiva, apoiando
atletas profissionais e amadores, numa vertente direcionada não apenas
para o desempenho desportivo como também para a saúde e o bem-estar
geral. Sempre permaneceu ligada ao atletismo em Portugal e no Brasil, e,
entre outras actividades, foi criadora, em parceria com a atleta olímpica
por si treinada, Janete Mayal, da assessoria desportiva Mayal Athletics, no
Brasil, fundadora do Maratona Clube do Brasil, e fundadora da assessoria
desportiva RB Running, em Portugal.
A ALIMENTAÇÃO NO DESPORTO
Como atleta de alta competição que fui, e agora treinadora, tento fazer uma
alimentação o mais saudável possível. A atividade física requer um corpo são e
mente sã, dois elementos imprescindíveis ao sucesso da minha profissão.
O pequeno-almoço é realmente a refeição mais importante para começar
o dia em plena forma e em equilíbrio perfeito depois de uma boa noite de sono.
O descanso é igualmente importante. No que diz respeito à área da alimentação
tento criar diariamente um pequeno-almoço diferente, variando conjugações
entre leite, cereais, fruta, iogurte, mel, e pão integral.
Ao longo do dia vou fazendo várias refeições: por norma, a meio da
manhã como uma peça de fruta; ao almoço começo sempre por uma sopa, e o
prato principal normalmente engloba peixe e salada, terminando a refeição com
outra peça de fruta (na minha alimentação, para além das saladas, dou bastante
prioridade ao peixe); a meio da tarde, o lanche costuma ser composto por sumos
naturais e uma peça de fruta; ao jantar, por me deitar cedo, costumo comer pouco

33 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
– chega mesmo a ser a refeição principal em que como menos –, apenas como sopa
e uma peça de fruta.
Para além do meu testemunho, pretendo ainda deixar aqui o meu contributo,
alertando para o facto de o exercício físico não se dever fazer em jejum. O corpo
é uma potente máquina que trabalha com um motor importantíssimo, que é a
nossa mente, e a força é o combustível por ela transformado em estímulo, que nos
eleva onde quisermos. Nada se faz sem treino e disciplina! Soluções milagrosas
não existem. Tudo depende de nós.
Rita

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DR.ª WENQIAN CHEN
Médica. Licenciada pela Faculdade de Medicina
Tradicional Chinesa (MTC), no Hospital de
Tianjing (China). Entre 1986 e 1992 esteve no
departamento de MTC e de Medicina Interna, no
Serviço de Urgências do Hospital de Tianjing.
Desde 1992 está a exercer em Portugal. É
detentora do SPAsia, um Centro de Terapias
Chinesas que se dedica à divugação, tratamento e
leccionamento da Medicina Tradicional Chinesa.
O ALIMENTO COMO EQUILIBRIO ENERGÉTICO
O conceito de doença para a filosofia oriental é visto como um desequilíbrio
energético. A doença não é tratada com medicação, mas sim com mudanças de
hábitos da vida. O nosso estilo de vida é que influência decisivamente o nosso
estado de saúde.
Existem três fatores que desencadeiam a doença:
1. Emoções;
2. Fatores climatéricos/ambientais;
3. Hábitos de vida.
Os fatores emocionais responsáveis são:
1. Euforia - Fogo
2. Melancolia -Terra
3. Ansiedade - Terra
4. Tristeza - Metal
5. Medo - Água
6. Terror - Água
7. Ira - Madeira
Sendo que a cada um dos cinco elementos estão associados os seguintes
órgãos:
Madeira – fígado, vesícula biliar, tendões, e unhas.

35 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Fogo – coração, intestino delgado, e sangue.
Terra – baço, pâncreas, estômago, e músculos.
Metal – pulmão, intestino grosso, pele.
Água – rim, bexiga, ossos, e dentes.
As emoções repetitivas consomem muita energia ao órgão a que está
associado, desencadeando a instabilidade nesse elemento. Os 5 elementos ficam
instáveis e daí surge a doença.
Os hábitos de vida (como os vícios, o sedentarismo, o excesso de atividade
sexual e a alimentação) são responsáveis pelo consumo exagerado e desarmónico
de energia, produzindo lentamente desequilibrios energéticos nos vários
elementos. Neste sentido, adquirir hábitos saudáveis torna-se imprescindível
para manter uma boa saúde visível e palpável.
Deste modo, a alimentação torna-se a base para o equilibrio harmónico,
pois sem ela não sobrevivemos; devemos preferir alimentos naturais e o mais
primitivos possível, como a fruta e vegetais. A natureza dá-nos tudo o que
precisamos para viver em harmonia e paz com o nosso corpo, e com os demais.
Aproveite, mas não em demasia, os frutos, o sol, a água. Seja Feliz!
Wenqian Chen

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DR.ª ISABEL COSTA
Naturopata e consultora alimentar, realizando
consultas, aulas, palestras, workshops sobre
alimentação saudável.
Autora do primeiro livro escrito e publicado em
Portugal sobre alimentação crua, intitulado “Pela Sua
Saúde!”.
Formadora externa no Instituto Medicina Tradicional. 
Colaboradora habitual da revista “Zen Energy” e do
“Portal Sapo Mulher”. 
Co-organizadora do Congresso Multidisciplinar
“Alimentação Saudável” e co-fundadora do projecto
“Vegan Chef Portugal”.
Nomeada Embaixadora da Paz em 2011 pela Federação das Mulheres para a
Paz Mundial.
FILOSÓFIA ALIMENTAR
“Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és”. Este velho ditado, que por outras
palavras nos remete para uma reflexão de nós mesmos pela constatação dos
amigos que escolhemos, também se aplica às nossas escolhas alimentares e revela
muito mais do que á primeira vista possamos imaginar.
A nossa dieta regular dá-nos os seguintes indicadores:
1. A tendência para determinados problemas de saúde;
2. Deficiências vitamínicas;
3. O nível económico;
4. A cultura;
5. As nossas crenças;
6. A nossa postura perante a vida e a natureza;
7. As emoções que condicionam a escolha alimentar;
8. A chamada de atenção do corpo para um distúrbio de saúde.
Vamos olhar um pouco para cada um destes aspetos. Se eu estiver a
conduzir numa estrada que termina num abismo, a não ser que retroceda no
caminho, inevitavelmente chegarei a um ponto de não retorno e caio no abismo. O
mesmo se passa com a alimentação. Se durante anos e anos a dieta for constituída
por carnes, enchidos, fritos, gorduras, e hidratos de carbono refinados, e em
excesso, sem alimentos saudáveis como a fruta, os legumes, e os cereais integrais,
infalivelmente estamos no caminho do abismo, em que um dia ouviremos o
diagnóstico de colesterolémia, ácido úrico, ureia e glicose elevados, que não
sendo detidos a tempo acarretam um prognóstico de problemas cardiovasculares,
hipertensão, arteriosclerose, diabetes, cancro, e demais doenças crónicas que

37 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
invadem a contemporaneidade.
Portanto, pelo que ingerimos hoje, podemos facilmente compreender
como nos sentiremos amanhã. Também lá diz o ditado “pela boca morre o peixe”!
Uma alimentação desprovida de frutas e legumes é uma alimentação pobre
em vitaminas e sais minerais, debilitando assim o nosso sistema imunitário, que
não terá uma grande capacidade de resistência face às doenças.
Sem dúvida que o tipo de alimentos que se come pode revelar o estatuto
económico, independentemente de seremos saudáveis ou não. Há alimentos que
recheiam as mesas das pessoas de um nível económico mais elevado e não são
propriamente saudáveis, como é o caso do marisco. Por outro lado, temos situações
de pessoas que vivem isoladas nas aldeias, alimentando-se apenas do que a terra
lhes dá, sem possibilidades financeiras de experiências gastronómicas caras, e que
têm uma alimentação muito saudável e uma qualidade de vida superior. Podemos
ver muitos exemplos nas aldeias portuguesas de populações idosas que com mais
de 80 anos ainda trabalham no campo e não sofrem de doenças mentais (que são
cada vez mais frequentes nas cidades – não apenas pela alimentação, mas por
vários fatores em conjunto) e que têm uma grande resistência física e qualidade
de vida.
Cada povo, na sua cultura e costumes, expressa-se na alimentação de
acordo com as suas condições geográficas, clima, alimentos da região e até mesmo
de acordo com a sua própria história.
As crenças e tradições manifestam-se em épocas festivas como é o caso
do Natal e da Páscoa (a um nível global), e influenciam e condicionam muitas
escolhas a nível individual. Existem muitos conceitos que no mínimo são
estranhos e revelam um distanciamento muito grande da nossa alma. Um desses
conceitos está ligado ao consumo de carne. Em alguns países do Oriente come-se
carne de cão porque acreditam que dá força e vigor sexual, sobretudo aos homens.
Felizmente os jovens têm vindo a abandonar esta ideia!
Em Portugal, as pessoas que gostam muito de carne em detrimento de
peixe dizem que precisam desse alimento em abundância porque “peixe não
puxa carroça” (é interessante notar que isto é afirmado sobretudo pelos homens
também), e como tal precisam de comer carne para ter força. Mas, os animais que
puxam carroça comem erva! Os animais mais fortes à face do planeta na realidade
são herbívoros e também são os de maior longevidade, ao passo que os animais
carnívoros têm muito menos resistência física e vivem menos tempo. Portanto
se olharmos para o exemplo da natureza precisamos de reformular os nossos
conceitos e não aproveitar um ditado popular para justificar a escolha alimentar.
Durante milhares de anos, a carne também foi símbolo de riqueza e de
uma posição social elevada, e como tal reservada às classes mais ricas, deixando
o povo limitado aos cereais e legumes. No Oriente existiu ao longo da história um
conceito idêntico em relação ao arroz. O arroz integral era mais barato e destinado
aos pobres enquanto o arroz branco destinado às classes mais abastadas. É irónico
como o mais saudável era considerado de baixo nível.
Em Portugal, até à data da revolução de 1974, a alimentação era simples

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e a carne não era consumida diariamente. Posteriormente, comer muita carne e
encher os carrinhos de compras no supermercado com comida empacotada de
toda a espécie, tornou-se um símbolo de melhoria de estatuto social. Felizmente
hoje em dia começa-se a ver por outra perspetiva.
A nossa escolha alimentar tem um impacto profundo na Natureza. O desejo
de consumo desenfreado de carne da sociedade ocidental tem tido consequências
dramáticas no ecossistema da Terra. Destroem-se milhares de hectares de
florestas para criar zonas de pasto para alimentar o gado, extinguindo assim
muitas espécies por destruição do seu habitat natural. O aumento da espécie
bovina e suína contribui para o aumento da poluição do ar e da água. Todos estes
fatores contribuem em larga escala para o aumento do aquecimento global. Os
terrenos utilizados em larga escala para alimentar o gado, se fossem cultivados
com cereais, poderiam eliminar a fome da face da Terra.
Não gostamos de pensar nisto, mas a realidade é que o ato do carniceiro
começa com o desejo do consumidor. O nosso desejo de comer carne contribui
para a destruição do planeta, para o aumento do aquecimento global, para cada
criança que morre de fome no mundo a cada 2 segundos, e para o sofrimento
dos animais que são maltratados desde que nascem até à morte, quase sempre
agonizante.
Talvez o leitor ache que tudo isto é um exagero, mas infelizmente não é.
Todas as nossas escolhas têm repercussões no mundo. Pode dizer: mas quem sou
eu para mudar o mundo? Sou apenas um ponto neste mar de gente. Pois, mas
todos estes pontos a pensarem assim é que constituem o mar de gente e enquanto
cada um não se consciencializar da sua mudança, continuaremos a viver num
mundo de caos. É este o mundo que querem deixar para as futuras gerações? A
escolha é feita hoje!
O que é que a alimentação revela sobre as nossas emoções? Os alimentos
menos saudáveis que escolhemos com muita regularidade são o resultado dos
nossos estados emocionais, e por isso se torna tão difícil equilibrar a dieta.
Por exemplo: quando uma pessoa se sente triste, o que escolhe comer?
Peixe cozido com brócolos? Um bife grelhado com batata cozida? Claro que não!
De um modo geral, a escolha recai no chocolate ou nos doces.
Quando estamos apaixonados sentimos que não precisamos de comer
(ou pelo menos uma dose mínima basta) e até de dormir. Vivemos num estado
“iluminado” que nos nutre. Pesquisas cientificas têm revelado que no estado de
paixão são libertadas hormonas que nos dão uma profunda sensação de prazer
e bem-estar. Por outro lado, quando sofremos uma desilusão essas hormonas
diminuem. O chocolate por seu lado contribui para que elas aumentem um pouco
dando alguma satisfação e prazer através do paladar. O chocolate também está
associado à sensualidade e é um símbolo de amor entre apaixonados.
A tristeza é a emoção que afeta os pulmões, tornando-nos mais sensíveis a
constipações e gripes.
Com excessos em momentos de tristeza e saudosismo, são as mulheres
que têm mais tendência para comer chocolates, os homens preferem petiscos e

39 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
queijos. O chocolate é mais suave e feminino, enquanto o queijo e petiscos são
“comida de homem”.
É claro que em situações de tristeza também há muitas pessoas que
simplesmente não comem ou optam por outros alimentos, mas aqui estamos a
ver de um modo geral como se processa a ligação entre as emoções e a escolha
alimentar.
A ira é a emoção que afeta o fígado. O ditado popular que refere uma pessoa
como tendo “maus fígados” não se refere ao órgão, mas ao comportamento de
alguém que é muito mal-humorado. Ao manter constantemente este padrão
energético irá afetar a energia do órgão. Com esta emoção, a pessoa tem
compulsão para carne e alimentos duros para trincar. A pressão que é exercida
pelos maxilares para mastigar ajuda a “compensar” esta emoção.
A irritação afeta a vesícula e por isso desejamos alimentos fritos, em
especial batatas fritas e salgados como croquetes, rissóis, e pastéis de bacalhau.
O medo afeta a energia dos rins e compele-nos para alimentos com muito
sal. A ansiedade e a preocupação desgastam a energia do estômago (originando
gastrites e úlceras) e do baço, e compelem-nos a petiscar um pouco de tudo sem
critério específico.
Consumir hidratos de carbono (pão, bolachas, massas) diária e
excessivamente revela uma grande solidão na alma. A comida torna-se muitas
vezes o refúgio, o escape, o “amigo silencioso”, o vício que aparentemente não
prejudica ninguém, a não ser o próprio (mas isso é mesmo aparentemente)!
Aqui reside a grande dificuldade de equilibrar a alimentação, sobretudo
a nível do sexo feminino. Existem muitos processos no subconsciente que nos
condicionam. Temos muitos exemplos: a mulher que embora “queira” emagrecer,
rapidamente recupera o que perdeu, por um lado porque fez dietas extremamente
rigorosas e impossíveis de manter, mas por outro lado pela insegurança de ter
perdido a gordura que a “protegia”. Às vezes a gordura protege de relacionamentos,
de intimidade à qual se quer distância. O medo de ser notada, de ser atraente, do
contacto sexual.
O homem, que quer ser o “rochedo” para a sua família e para a sua empresa
tem tendência a manter a barriga. É aquele com quem todos podem contar, em
quem se podem apoiar sempre, é estável, é seguro; e muitas vezes a barriga
mantem-se mesmo com restrições alimentares.
Estes são apenas alguns exemplos. É claro que temos sempre que considerar
os problemas glandulares e hormonais, mas na situação de obesidade estes são
uma percentagem mínima.
A nossa evolução e crescimento interior pressupõem uma reflexão e uma
mudança natural na alimentação. Deixo como sugestão uma autoanálise, uma
observação dos alimentos desejados e da emoção, do estado de espírito que se vive
no momento. É uma forma de autoconhecimento, de compreendermos o percurso
em que nos encontramos e a partir daí procurar as mudanças mais benéficas e
da forma mais sólida, não apenas uma solução aparente, mas a cura da raiz do
problema.

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Só nos é imposto o que nós permitimos. A escolha é sempre individual e a
melhor escolha está ao nosso alcance. Basta querer. Basta ouvir o coração e olhar
para a nossa alma.
O corpo tem uma consciência que nos mostra, pelos nossos desejos, o
desequilíbrio emocional, e o modo como isso afeta a parte física. Por exemplo,
numa situação de candidíase, sentimos um desejo muito forte por alguns alimentos,
como chocolates, queijos gordos e cogumelos. Estes alimentos vão alimentar a
Cândida Albicans (que é responsável pela candidíase), fazendo-a proliferar ainda
mais, portanto ao analisar o que desejamos comer, podemos perceber o padrão
emocional e o que está subjacente no corpo físico. Estamos no tempo de ouvir a
consciência do nosso corpo.
No nosso carro colocamos o combustível adequado, fazemos as revisões e
tudo o que seja necessário para o seu perfeito funcionamento. No entanto, com o
nosso corpo, que é precioso e insubstituível, tantas vezes lhe negamos o direito
ao que é melhor para o seu funcionamento perfeito, dando-lhe o alimento errado.
Precisamos de repensar sobre a nossa qualidade de vida, e não apenas
quando chegamos à velhice: os nossos hábitos ao longo da vida irão sem dúvida
condicionar a qualidade de vida que teremos mais tarde. Afinal, estamos sempre
a dizer que o bem mais precioso que temos é a saúde, mas fazemos muito pouco
para a manter. E o mais irónico é que se chama “fanáticos” às pessoas que tentam
viver uma vida com padrões saudáveis quando elas estão a contribuir para o bem
de todos e não apenas o seu.
Vejamos: quando uma pessoa está saudável, está feliz, pode trabalhar,
a família também está feliz, a empresa tem pessoas para trabalhar e todos
contribuímos para o bem da nação. Quando estamos doentes ficamos deprimidos,
de baixa, a família toda sofre, a empresa é afetada, o país sofre as consequências
das doenças.
Atualmente, pelo menos 70% das doenças derivam de fatores
comportamentais, isto é, aqueles sobre os quais nós temos responsabilidade,
como é o caso da alimentação. Portanto, precisamos de refletir profundamente.
Quando nós mudamos com consciência, tudo é fácil, quando não queremos
mudar, a vida impõe a mudança pelas crises que nos apanham desprevenidos. Em
pleno século XXI, o tempo exige de nós uma reflexão profunda sobre os nossos
valores e as nossas escolhas. Cabe a cada um de nós, como entidades únicas e
insubstituíveis no Universo, fazer a melhor escolha.
Após esta reflexão, surge a questão: o que comer? Independentemente do
tipo de dieta que escolherem, é fundamental a ingestão de alimentos crus (de
origem vegetal claro!) na proporção mais adequada a cada pessoa considerando
vários fatores, como o estado de saúde, época do ano, e muitos mais.
Na realidade apenas os alimentos crus mantêm a sua estrutura vital
(enzimas, vitaminas, sais minerais) na íntegra, pois a temperatura na qual os
alimentos são cozinhados destrói quase tudo, deixando-os completamente
desvitalizados. O ser humano morre se a sua temperatura interior chegar aos
42º, e da mesma forma toda a atividade enzimática cessa a partir dos 50º, sem

41 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
exceção. As enzimas são estruturas protéicas essenciais à vida e fazem parte de
todas as atividades bioquímicas do organismo, tais como a digestão e absorção
dos alimentos, atividade cerebral, equilíbrio hormonal, humor, reposição celular,
sistema imunitário, entre outras.
Quando nascemos o nosso organismo dispõe de uma determinada quota
de enzimas (endógenas), mas também precisamos de ingerir enzimas através dos
alimentos (exógenas). Quanto mais desprovida de enzimas for a nossa dieta, mais
enzimas se vão usar da nossa reserva, reduzindo assim a nossa saúde. Esta é uma
das causas de doenças degenerativas e envelhecimento precoce. Existem vários
fatores que diminuem as enzimas no nosso organismo:
Alimentação acidificante e desvitalizada (excesso de produtos animais,
fritos, produtos refinados, açúcar, chocolate, álcool, café), e falta de alimentos
saudáveis;
Stresse e emoções negativas;
Uso excessivo de medicamentos e antibióticos;
Poluição ambiental e tabaco.
Todos estes fatores diminuem a atividade enzimática e acidificam o
nosso corpo, contribuindo para vários tipos de inflamações, cancro, problemas
cardiovasculares, e osteoporose.
Perante isto, precisamos de refletir seriamente sobre os nossos hábitos
alimentares. É a nossa saúde que está em risco! Eu sei que a imagem não é
agradável, mas o bife e a costeleta que tantos gostam são alimentos provenientes
de cadáveres de animais, que assim que são abatidos entram em processo de
decomposição. Mesmo os animais carnívoros não comem animais já mortos há
algum tempo a não ser num caso de fome extrema, porque estão em decomposição.
A carne e outros produtos de origem animal vão acumular toxinas no
nosso organismo, que não é “omnívoro”, como tantos interesses da indústria nos
querem fazer acreditar. Por exemplo, o aparelho digestivo de um carnívoro tem
sucos gástricos mais potentes do que os nossos, o intestino é curto para eliminar
rapidamente e não putrificar no organismo (tem de 3 a 5 metros) enquanto o nosso
intestino tem 12 metros, o que significa que não sendo eliminado rapidamente vai
putrificar no nosso intestino, e isso é percetível até pelo cheiro nauseabundo das
fezes da maioria das pessoas.
As frutas, os legumes, os germinados, as frutas oleaginosas, os cereais
integrais, os super alimentos, são os únicos que realmente protegem a nossa
saúde:
são ricos em antioxidantes, vitaminas, sais minerais, e enzimas;
têm uma ação curativa e remineralizadora no nosso organismo;
protegem de doenças graves;
fortalecem o sistema imunitário;
diminuem os níveis de colesterol;
mantêm um estado mental e emocional equilibrado;
ajudam a emagrecer;
diminuem os odores corporais;

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regularizam o trânsito intestinal;
melhoram o estado da pele e cabelo;
trazem mais energia vital ao nosso corpo e rejuvenescem.
Nem todas as pessoas poderão ou desejarão fazer uma alimentação 100%
crua, mas se incluírem na vossa dieta normal pelo menos 50% de alimentos crus
e diminuírem o consumo de produtos animais (carne, peixe, leite, ovos, queijos)
irão sentir uma alteração profunda no vosso corpo e, na vossa mente, um grau de
energia e clareza mental muito mais intensos. Não é possível sentirmo-nos felizes
quando o nosso corpo sofre, e ele é parte intrínseca do nosso ser, o nosso fiel
companheiro 24 horas por dia enquanto vivermos neste belo planeta. Não merece
o nosso bom companheiro ser tratado com carinho e comida saudável?
A alimentação crua é o elixir da juventude ao nosso alcance, rebobinando
todo o nosso sistema para a saúde e felicidade tornando a velha máxima “mente
sã em corpo são” a realidade do dia-a-dia.
Cada um tem um percurso e respeito a vossa caminhada sagrada. Obrigada
por fazerem parte da minha vida através desta leitura.

Um grande bem-haja para todos.
Isabel Costa

43 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
DR.ª MÁRCIA ALMEIDA
É presidente da ComMedida IPSS.
Naturopata, economista e psicóloga  faz clínica e
escreve sobre temas voltados para a alimentação
natural, medicinas alternativas, bem-estar e
qualidade de vida. Estudou Medicinas Alternativas
em Lisboa e em Madrid, abriu uma clínica na
margem Sul, onde trabalhou por mais de uma
década. Pioneira em Portugal na divulgação
da comida viva, com workshops, palestras
e consultas, autora do site e blog “Leite da Terra”
e autora do ebook “ Cruzinhando - Receitas de
Comida Vivas”.
A FORÇA DO ALIMENTO
Neste meu testemunho vou falar sobre a Comida Viva em Portugal, ou devo
dizer o Crudivoriamo, ou simplesmente Raw Food.
Foi em meados de 2003 que comecei a olhar o cru como uma solução para
os problemas de saúde dos meus pacientes, mas na realidade só vim a investir de
um modo cultural no cru em 2006. Foi um caminho difícil, cheio de altos e baixos,
erros e acertos. Além de aumentar o consumo, de um modo que não esperava,
em oleaginosas (antes simples aperitivos), hoje um indispensável complemento
alimentar.
Com uma curiosidade quase infantil assisti ao processo de germinação
das sementes, ou, nas palavras da professora Ana Branco, observei as sementes
acordando, colocando os “narizinhos” de fora, uma prova indubitável da vida
nelas existente.
Apesar de em minha casa ser a única a seguir uma dieta crudívora, estava,
de facto, animada e motivada a consultar toda a informação disponível relativa
ao conceito e à prática de raw food, onde para além do consumo dos alimentos
em crú (ou amornados a um máximo de 45º), os ingredientes deverão ser
maioritariamente biológicos.
Deparei-me com novas formas de fome, mas, verdade seja dita, também
conheci novos níveis de saciedade. Foi uma aprendizagem contínua, o saboroso
tomou gradualmente outras formas, outros cheiros, outros paladares.
O meu corpo sofre as consequências da desintoxicação abrupta. Desde a
fase de negação, passando pela barriga inchada, as cólicas, as enxaquecas até a
aceitação, a persistência ganhou e eu... Sobrevivi.
A minha cozinha ganhou nova vida, o robô de cozinha começou a trabalhar

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afanosamente em todas as refeições, do pequeno-almoço à ceia; a “panela
furada” (um simples coador de voal) passou a ser a minha melhor amiga. Como
consequência directa, a minha dieta passou a ser 100% viva, aproximadamente
60% de hortaliças e vegetais, 30% de frutas e 10% de grãos, sementes e castanhas,
germinadas. O raw food não permite o aquecimento aquecidas a mais de 38° / 45º
porque destrói a vida dos alimentos.
PLANEAR AS REFEIÇÕES
Quando se decide mudar os hábitos alimentares para outro tipo de
alimentação a que não se está habituado, o mais difícil nos primeiros tempos
é reaprender a organizar-se. No fundo, aprender as receitas, providenciar e
preparar os alimentos.
Quem, numa alimentação tradicional, convidar amigos para uma
churrascada e não tiver, por exemplo, descongelado a carne comprada na véspera
terá com certeza problemas na hora da refeição. No crudivorismo germinar
alimentos é um acto essencial do qual não se pode prescindir nem tão pouco
apressar, pois as sementes necessitam de tempo para se completar a preceito.
Em alternativa, há a possibilidade de comprar sementes já germinadas em
estabelecimentos especializados, mas pagando um custo mais elevado, e estando
sujeita à sua disponibilidade em stock, o que nunca é garantido.
Nas reais emergências posso sempre recorrer as frutas e as saladas.
COMO BAPTIZAR OS MEUS PRATOS
Um factor essencial para cativar os recém-vindos ao crudivorismo é atribuir
designações aos pratos confeccionados com alimentos crús, que estabeleçam
uma analogia com as receitas da alimentação tradicional. Assim, a utilização de
vocábulos como “esparguete”, “soufflé”, “mousse”, criará na mente uma imagem
associada aos pratos da cozinha tradicional, que levará, de imediato, a uma maior
predisposição para a aceitação de novos sabores, utilizando a memória gustativa
para um padrão de comparação inevitável. Dou um exemplo: quando chamo a um
prato crudívoro de “lasanha de courgette” toda a gente lembrará a tradicional
disposição em camadas de tiras de massa alternadas com recheio de carne, mas
na verdade, o que irá encontrar serão finas tiras de courgette com recheio de
molho de tomate e amêndoas picadas que simula na perfeição a carne da receita
tradicional. Ocorre o mesmo com a “mousse” de chocolate onde as natas dão lugar
ao abacate batido sendo que a grande diferença é que aqui não terei problemas
quando pensar em repetir!
Regras Raw
Deve-se seguir sempre a regra principal: tudo tem de ser vegano, fresco,
integral e maduro; nada é cozido, frito, ou assado, muito menos processado. Pode
comer todo o tipo de frutas, vegetais, hortaliças, grãos, sementes e castanhas
germinadas.
Dados Crus

45 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Comer Raw food ou ser “crudicista” significa comer grandes quantidades
de enzimas vivas – os catalisadores de energia e na digestão que ajudam a
restaurar a eficiência do combustível do seu corpo. Segundo o Dr. Edward Howell,
o primeiro pesquisador das enzimas, “as enzimas são substâncias que tornam
a vida possível. São necessários para todas as reacções químicas que ocorrem
no corpo. Sem enzimas nenhuma actividade alguma vez aconteceria. Nem as
vitaminas nem os minerais ou as hormonas conseguiriam fazer o seu trabalho
sem enzimas.” As enzimas constituem uma reserva limitada e a sua ausência
conduz inevitavelmente à morte.
A ingestão de alimentos crus evita, assim, a destruição das enzimas que
a comida contem, facilitando a digestão e evitando gastar as nossas próprias
reservas. Ainda segundo Howell, a falta de enzimas na comida cozida é, também,
uma das razões maiores do envelhecimento e morte precoce e a causa subjacente
à maior parte das doenças. Se o nosso corpo está ocupado com a digestão de
alimentos cozidos e a consequente produção das enzimas destinados à saliva, ao
suco gástrico, ao suco pancreático e aos sucos intestinais, haverá uma produção
diminuta de enzimas para outros propósitos. Quando isto acontece, sofrem outros
destinatários da produção de enzimas, como o coração, rins, músculos, e outros
órgãos e tecidos.
Esta falta de enzimas ocorre na maioria da população dos países civilizados,
que se alimenta de modo tradicional (alimentos cozidos e processados).
Segundo estudos científicos recolhidos ao longo de mais de 40 anos, pelo
Dr. Howell, “o homem é o que menos enzimas da digestão dos amidos tem no seu
sangue, entre todas as criaturas”.
Outra grande personagem crudívora foi a Dra. Kirstine Nolfi, famosa médica
dinamarquesa, falecida em 1967, com 66 anos, que descreveu as suas experiências
com os alimentos vivos numa pequena brochura traduzida para varias línguas, e
do qual não resisto a tirar um excerto:
“(…) Adotei uma alimentação exclusivamente crua porque fiquei
gravemente doente.
Tive cancro da mama. A doença, é claro, havia sido precedida de má
nutrição e maus hábitos durante doze anos de formação hospitalar. Inicialmente,
descobri um pequeno nódulo no seio direito. Cansada e sem ânimo, não prestei
muita atenção ao nódulo, até cinco semanas mais tarde. Descobri que estava do
tamanho de um ovo de galinha.
Havia crescido aderindo à pele — um sinal característico do cancro. Como
médica, estava suficientemente bem informada para não me querer submeter ao
tratamento geralmente usado nesses casos. Lembrei, então, de passar para uma
alimentação 100% vegetariana crua.
Parti em busca da natureza. Vivi durante algum tempo numa pequena
ilha. Tomava banhos de sol durante várias horas por dia, dormia numa barraca
e tomava banhos de mar. Alimentei-me exclusivamente de frutas e hortaliças
cruas. Mais tarde, introduzi esse hábito de vida no sanatório Humlegaarden.
Após dois meses, comecei a melhorar. O nódulo foi regredindo e minhas

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forças voltaram. Aparentemente, estava curada e senti-me muito bem.
Após um ano de boa saúde — persuadida pelo Dr. Hindhede — tentei
voltar, a título de experiência, a uma alimentação vegetariana que incluía 50% de
alimentos vegetais cozidos. Após alguns meses, comecei a sentir uma dor aguda
no seio onde o tumor havia aderido à pele. A dor aumentou e percebi que o cancro
estava crescendo novamente. O cancro voltara devido aos alimentos cozidos. Mais
uma vez, voltei à alimentação crua. A dor diminuiu rapidamente e eu senti-me
menos cansada.
Como médica, achei que deveria usar a experiência adquirida para ajudar
outras pessoas doentes. Sob minha iniciativa, foi criada uma sociedade anónima
que comprou a propriedade Humlegaarden. Bem adequada ao meu propósito,
ela foi adaptada como sanatório onde todos os doentes e funcionários seguiam
somente a alimentação crua.
Alimentos crus são vivos (…).”
Por que razão a alimentação 100% crua exerce um efeito tão
comprovadamente benéfico para as pessoas que a adotam?
Em primeiro lugar, isso ocorre porque o alimento cru é um alimento vivo,
isto é, tal como nos oferece a Natureza. É somente a planta, com as suas finas
folhas verdes abertas, que consegue absorver a luz solar e transformá-la em raízes,
tubérculos, frutas e sementes. Por isso, tanto os homens como os animais usam
as plantas para proporcionar energia solar ao seu organismo. Nessa perspectiva,
chamo os alimentos crus de “alimentos vivos”, ao contrário dos alimentos cozidos,
que considero “alimentos mortos”. Devemos cuidar para que os alimentos não
contenham substâncias que contrariam a química do organismo de modo a evitar
que os resíduos não fiquem retidos por muito tempo e apodreçam no intestino
grosso. Portanto, o melhor alimento é aquele que é totalmente natural — não
passou por nenhum tipo de processamento. É ainda preciso acrescentar que o
alimento vivo é muito mais fácil de digerir.
Os alimentos crus ajudam e fortalecem o organismo de todas as maneiras
porque eles contêm enzimas, elementos vivos básicos, e vitaminas que se
combinam de forma natural, dissolvendo e eliminando as toxinas. Toda a pessoa
sensata percebe que a nossa alimentação atual é muito destrutiva. É a causa
mais comum e mais grave das doenças físicas e psicológicas, e da degeneração
constitucional do organismo. Precisamos de procurar hábitos de vida, e
alimentação, mais saudáveis, se queremos viver melhor agora e no futuro. Não
podemos contentar-nos fazendo concessões sem colocar em jogo a vida e a saúde.
Precisamos, por isso, de adoptar a única solução correcta, e esta passa por uma
alimentação 100% crua.
Márcia Almeida

47 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
DR. LUÍS LOURENÇO
Membro diretivo no banco Millennium BCP,
entre 1999 e 2012; foi responsável por diferentes
áreas e projetos. Entre 2009 e 2012 foi Diretor de
Análise da Concorrência e Benchmarking, com a
responsabilidade das áreas de Análise Financeira,
Internet Banking, Imagem e Reputação de Marca, e
Satisfação de Clientes Externos. Entre 2007 e 2009
foi Gestor de Relação de Clientes, altura em que foi
responsável por vários projetos nas áreas de Internet,
Banca de Retalho e Informação de Gestão. Entre
2003 e 2007 foi Responsável por diferentes processos
na fase de implementação de um contrato de Outsourcing, que incluía a
transferência dos sistemas de informação do banco para a IBM, incluindo
a migração de 200 empregados para aquela companhia. Conduziu os
processos “Gestão da migração dos Recursos Humanos”, “Gestão da Procura
(capacidades de sistemas)”, “Benchmarking” e “Gestão da Reversibilidade
do contrato”. Em anos anteriores foi Diretor da Qualidade na área de
Internet Banking, gestor de projetos de compatibilidade dos Sistemas
de Informação, para a passagem para o ano 2000, e entrada de Portugal
na moeda única (Euro), Diretor de Sistemas de Informação, e Membro da
equipa de lançamento e implementação de uma companhia de Factoring.
Numa fase inicial da carreira foi professor do ensino superior em Sistemas de
Informação para Gestão e Sistemas de Gestão de Bases de Dados.
É licenciado em Sistemas de Informação para Gestão pela Universidade
Europeia, tem uma pós-graduação em Engenharia Informática –
Telecomunicações pelo Instituto Superior Técnico, tem dois MBA pela
Universidade Católica, em E-Business e em Finanças, e uma pós-graduação
em Empreendedorismo e Inovação pela Universidade Europeia.
O ESTADO DE ARTE E CONÓMICO DA ALIMENTAÇÃO
Pediram-me para escrever umas páginas para este livro, nomeadamente
que escrevesse sobre dados económicos do setor da alimentação saudável.
Penso que me sugeriram que escrevesse sobre este tema, por ter um MBA em
finanças e por ter trabalhado na banca durante mais de 20 anos, alguns dos quais
a produzir e a escrever trabalhos semelhantes sobre outros setores da economia.
Podia fazê-lo, para corresponder às expetativas, mas vou antes escrever sobre

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algo que considero ter muito a ver também com a economia e com o mercado
da alimentação saudável ao longo dos últimos anos. Mas não vão aqui encontrar
dados estatísticos ou análises económicas.
O assunto da minha contribuição vai ser o da arte de fazer sumos e de
comer de forma mais saudável. Perguntam o que tem isso a ver com economia
ou com o mercado da alimentação saudável? Tem tudo! Tem tudo porque, como
todos sabemos, a economia mudou profundamente ao longo das últimas década,
especialmente da última. E com ela mudaram as leis de mercado. Continua a
ser verdade que existe uma lei da procura e da oferta, que faz com que exista
um equilíbrio de preços e com que se mantenha a lei da concorrência. O que já
não existe é o mesmo tipo de cliente para o qual muitas indústrias continuam a
trabalhar. Mas voltarei a isso mais à frente.
Comparo as pessoas que se dedicam a fazer crescer o setor da alimentação
saudável (seja isso a Sumoterapia, o Vegetarianismo, o Crudivorismo, ou outras) a
artistas. Os artistas são por definição irreverentes, inconformados, revolucionários.
Muitas são as pessoas desconhecidas que fracassaram a tentar fazer valer as suas
ideias e habilidades. Mas não deixam de ser artistas por isso. Aliás, ser artista é
isso mesmo. É arriscar, é lutar por ideais, é ser revolucionário. É muitas vezes
vencer e também… fracassar. Mas o fracasso não é em si um fim, é antes uma
etapa no percurso até ao sucesso. Sabemos que Thomas Edison foi o inventor da
lâmpada, o que poucos sabem é o número de falhanços e de experiências que
foram necessárias até alcançar a experiência finalmente bem-sucedida.
Quem está no setor da alimentação saudável é um artista. Escolheu ser
diferente face às mensagens instituídas, que, desde pequenos, nos ensinam a
comer mal, e cada vez pior. Como artistas estas pessoas escolheram afrontar o
caminho mais seguro e mais consensual. Escolheram ser diferentes, e influenciar
outros de modo a que também eles possam ser diferentes. Alguns até se atrevem
a querer liderar uma mudança, a revolucionar hábitos. Isto sempre, sempre,
implica estar disposto a sofrer. A ultrapassar fracassos. A ser persistente. A lutar
por aquilo em que se acredita. Hoje em dia vivemos uma nova forma de arte.
Não são só artistas aqueles que expõem algo em museus, ou que cantam canções
em público, ou que constroem peças únicas. Todos os que acreditam em algo de
forma apaixonada e o põem em prática todos os dias são igualmente artistas que,
tal como os outros, acreditam de forma apaixonada que aquilo em que acreditam
vale a pena.
O público destes artistas é construído diariamente pelas ligações que criam
à sua volta. Pela ligação a pessoas que pensam da mesma maneira e querem
participar na mudança.
A área da alimentação mais saudável é a expressão da arte feita pelas
pessoas que são apaixonadas por este tema. E todos os dias estes artistas atraem o
seu público entre aqueles que querem também fazer parte desta arte.
Muitas pessoas ligadas à alimentação saudável tentam conquistar público
para a sua arte através de sites, blogues e páginas do facebook. São habitualmente
pessoas com reduzidos recursos financeiros para se lançarem em grandes

49 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
aventuras, mas também não seriam talvez essas aventuras a forma mais adequada
de crescerem. Estes novos artistas partilham a sua arte muitas vezes de uma forma
desinteressada. É uma arte humana, pública, porque a paixão move o artista.
Atrás disse que voltaria a falar do cliente e do seu novo papel nesta nova
economia. Ao surgirem novas formas de as empresas estarem no mercado,
abriram-se as portas a novas formas de participação nos desenvolvimentos de
produtos e de serviços. Os clientes agora comentam facilmente as opções das
empresas, criticam, fazem sugestões. E se não estão satisfeitos não voltam. Por
outro lado, se estão satisfeitos, voltam e trazem amigos. Comentam. Espalham a
palavra. Optam por fazer parte da revolução, da arte. Participam nela.
É com base neste novo paradigma que escrevo estas linhas. Considero-me
artista porque sou apaixonado por esta área diferente, pouco consensual. Quero
participar na revolução e ajudar a fazer crescer este setor, contribuindo assim
para melhorar milhares (ou milhões) de vidas futuras.
Lutar contra a ignorância e a desinformação. Lutar contra a alimentação
processada que todos os dias envenena mil milhões de pessoas em todo o mundo.
Sei que o mercado da alimentação saudável tem vindo a crescer todos os
anos. É uma felicidade! Contudo também sei que este mercado podia crescer mais
e que a crise económica dos últimos anos levou as pessoas a procurar soluções de
alimentação mais baratas e fáceis de encontrar. Essa realidade é incontornável, as
pessoas têm realmente menos dinheiro. Mas ao invés de procurarem alimentação
(eventualmente) mais barata, porque não procurar alterar hábitos de vida,
reduzindo outro tipo de despesas e, por essa via, conseguindo comer melhor? Ou
cozinhando mais vezes em casa?
Uma contribuição ativa para uma melhor alimentação fará de nós melhores
pessoas mas também fará com que construamos um legado. Ao procurarmos um
sentido para as nossas vidas, nunca encontramos respostas nas coisas materiais.
Sempre nos deparamos com as realizações que conseguimos ou não alcançar.
Uma das minhas realizações é poder contribuir para uma vida mais saudável de
todos aqueles que vou conquistando para meu público.
E a sua realização, qual é?
Luís Lourenço

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DR.ª ELSA NOVAIS
Elza Novais, 46 anos. Nasceu em Paris e é licenciada
em gestão.
Empregada e empresária. Co-fundadora da empresa
KeyMotion, Lda., detentora de um franchising da
Sumo Pontífice no centro comercial Almada Forum e
life Coach certificada.
Amante da natureza no seu estado mais puro e
primitivo. Gosta de cultivar os seus legumes e de
fazer caminhadas em montanha.
O QUE NOS LEVA A ESCOLHER, O QUE
NOS VENDE O ALIMENTO
“Somos aquilo que comemos.” Inúmeras vezes ouvimos esta afirmação e, de
uma forma ainda mais abrangente, somos aquilo em que pensamos. A realidade é
que a nossa vida é um reflexo dos nossos pensamentos e crenças, do nosso mundo
interior. Pensamentos de bondade, de gentileza, de valorização pessoal, de auto-
estima, de amor por nós próprios, trazem escolhas acertadas para a nossa vida. No
caso que agora nos interessa, trazem escolhas mais saudáveis e mais conscientes
daquilo que decidimos colocar na nossa boca. A consciência, por sua vez, leva-nos
a saber o porquê das nossas escolhas – a saúde, o bem-estar, a agilidade, uma pele
bonita, a longevidade e tantos outros motivos que poderíamos inúmerar.
É importante criar dentro da nossa mente uma nova perspectiva em relação
à saúde. A ciência tem-nos afastado da natureza e das suas leis. Acreditamos que
é natural surgirem doenças e que é normal recorrer aos médicos e à ciência para
as resolver. Não há dúvida de que os avanços na medicina trouxeram muita coisa
boa, mas também nos afastaram da nossa essência.
O nosso corpo foi concebido para ter uma saúde perfeita e funcionar como
um relógio suíço. Assim como estamos atentos e sabemos que um relógio está
com problemas quando se atrasa ou se adianta, também deveríamos saber ouvir
os sinais do nosso corpo quando algo não está a funcionar como deveria ser. O que
fazemos se o nosso relógio precioso e caríssimo cai ao chão e parte o mostrador?
Certamente corremos a arranja-lo; mas principalmente passamos a manuseá-lo
com cuidado redobrado para que tal não volte a acontecer! Atrevo-me a perguntar
o que fazemos quando tal se passa connosco, com o nosso corpo. Poderemos ir a
correr às urgências de um hospital, ao médico, mas será que daí em diante iremos
ter o máximo de cuidado, como se fossemos o relógio precioso? Isto leva-nos a

51 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
perguntar: será que aquilo que queremos (saúde perfeita) é de facto aquilo em que
acreditamos? Por que é afinal tão difícil tomar as decisões acertadas, sendo que
estas não são nada mais, nada menos do que um conjunto de opções de estilo de
vida? Cada indivíduo tem o poder de criar para si uma saúde perfeita.
Hoje em dia, já não são as doenças infecciosas/contagiosas que matam
mais gente, mas sim o cancro, os AVC, a diabetes. Todas elas assentam nas nossas
escolhas pelo tabaco, álcool, falta de exercício físico e má alimentação. Cada
escolha que fazemos a cada dia que passa afecta a nossa saúde e o nosso bem-
estar futuro.
Bruce Lipton, especialista mundial em biologia celular, conta-nos no seu
livro, “A biologia da crença”, o novo paradigma da saúde: a ciência da epigenética.
Bruce realizou algumas experiências que demonstram que os nossos genes não
controlam a nossa biologia, ou seja, não são os genes que controlam as células.
Bruce demonstra que as células respondem ao ambiente em que se desenvolvem,
em que o ADN é controlado pela energia que irradia dos pensamentos, sendo
que cada célula responde a cada pensamento emitido. Neste sentido, um padrão
contínuo de pensamentos e crenças produzem comportamentos. Reforço assim a
minha crença em que a nossa saúde é um reflexo da relação que temos connosco
próprios. Porém, nem sempre aquilo que queremos é aquilo em que acreditamos.
Veja-se o seguinte exemplo, pelo qual todos já passámos: “assim que acabar este
stresse, esta tarefa, este projecto, então vou pensar em mim, vou começar, vou
fazer (...)”. Já nos vimos muitas vezes a colocar os outros em primeiro lugar e a
pensar “o que pensarão de mim se agora eu pensar mais em mim?”, e “estamos
sempre a dar, a dar e vemos tão pouco em troca “. Tudo isto são sinais de que
não nos colocamos a nós próprios, e à nossa saúde, em primeiro plano, ou,
melhor dizendo, ainda não nos amamos o suficiente para transformar as nossas
circunstâncias.
À primeira vista pode parecer um contra-senso, pois todos os anos o
mercado da perda de peso aumenta, parecendo que as pessoas, essencialmente as
mulheres, se preocupam e fazem entre quatro a cinco tentativas de dietas por ano.
Acontece que estas dietas, na sua maioria, nada têm a ver com a saúde, correndo
o risco até de poderem ser extremamente prejudiciais. Esta procura desenfreada
das dietas que se verifica todos os anos, principalmente na altura que antecede a
época balnear, tem essencialmente a ver com o “pacote exterior” e em nada com
a procura de um estilo de vida (alimentação) mais saudável.
No entanto, a obesidade não pára de aumentar, tendo a Organização
Mundial da Saúde (OMS) estimado para 2014 mais de mil milhões de adultos
obesos, dos quais 300 milhões clinicamente obesos. E os números não param de
aumentar.
Fica a questão: como é possível que, com um mercado crescente da indústria
da perda de peso, haja este aumento exponencial da obesidade?
Exatamente por causa desta mesma indústria, bem como da indústria da
moda, que engloba não só o vestuário, mas também, por exemplo a cosmética, e a
perfumaria. Toda a divulgação de mensagens passa pela comunicação social, e estas

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mesmas mensagens são entendidas, subconscientemente ou inconscientemente,
principalmente pela grande maioria das mulheres, da seguinte forma: eu não
consigo ser assim, eu não sou bonita o suficiente, eu não sou magra o suficiente,
se eu fosse magra seria mais apreciada, teria mais sucesso. Esta contínua emissão
de pensamentos negativos leva-nos a criar uma aversão pelo nosso corpo, que não
deixa que o amor-próprio impere e a consciência ganhe razão.
Para finalizar o que essencialmente quero transmitir: apenas com amor
conseguimos elevar o nosso nível se consciência a um estado que nos leve a
preocupar com um maior bem-estar para nós próprios. Este estado pode começar
por um maior cuidado com o nosso habitáculo – o nosso corpo –, dando-lhe os
ingredientes necessários ao seu bom funcionamento e banindo aquilo que o
prejudica. No momento em que este conceito se enraíza nos nossos hábitos, a
nossa aproximação à natureza e à terra surge naturalmente, florescendo assim
uma vida mais “ligada” e mais plena.
Elsa Novais

53 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
ENG.ª DIANA BEDOYA
Diana Bedoya, CEO da Sumo Pontífice Chef e
Engenheira do produto responsável pela criação dos
sumos e smoothies detox da Sumo Pontífice.
OUVIR A NATUREZA
Os portugueses estão a passar por um momento de iluminação ao nível da
consciência alimentar. Ingredientes novos estão em auge. Aqueles que tinham
sido usados em culturas ancestrais, como os Astecas e os Maias, agora estão a ser
introduzidos na dieta mediterrânica, de forma a complementá-la e potenciar a
sua longevidade. A influência dos alimentos na saúde nunca foi tão falada.
Da ótica de uma cidadã do mundo, que nasceu na Colômbia e agora faz
parte de Portugal, vejo com felicidade aquela mudança de hábitos alimentares; há
intercâmbio, há riqueza, há evolução.
Estamos num ponto privilegiado do mundo, com estações não agressivas,
e com possibilidades de ter alimentos provenientes dos arredores e mais além
com facilidade. Neste sentido, esses segredos dos antepassados chegam até nós
cada vez com mais força, em forma de superalimentos, de frutas exóticas ou até
mesmo de diferentes usos e preparações para um ingrediente que já conhecíamos.
A pergunta acaba por ser a seguinte: qual o melhor momento para os usar? A
resposta é simples: sempre! São um complemento à nossa dieta; será mais fácil
consumir uma colherzinha de bao bab para obter uma grande fonte de vitamina
C que comer 3 laranjas. As duas ideias são boas e uma não exclui à outra, o poder
está em comê-las juntas.
É aqui que falamos da Alimentação Funcional. O nosso corpo necessita
diariamente de fontes de vitaminas, minerais, proteínas e hidratos de carbono,
e estes podem mudar de acordo com os nossos estados anímicos, os nossos
gastos energéticos, ou podem mudar radicalmente em cada estação. A questão é
interpretar os sinais emitidos pelo nosso corpo, e comer por funcionalidade mais
que por gosto. Obviamente requer uma postura aberta à experiência e a deixar
paradigmas alimentares para trás, e, principalmente, disposta a ouvir o nosso
corpo.

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Pensemos agora qual seria a alimentação funcional ideal para o outono.
Durante o outono os alimentos são mais ricos nutricionalmente, a natureza é sábia
e nesta altura presenteia-nos com alimentos que nos permitem prepararmo-nos,
progressivamente, para o inverno: romã, abobora, diospiros, uvas, espinafres,
couves, acelga, leguminosas e frutos secos, entre muitos outros; a gama é ampla
e rica em vitamina A, C e E, antioxidantes, fibras, ácido fólico, ácidos gordos e
ómega 3. Parece que a Terra nos quer fornecer energia e preparar para evitar
infeções pelo câmbio climático.
O nosso papel é ver o que a terra nos proporciona e sentir o nosso corpo:
perceber o que nos apetece comer.
Sendo todos estes alimentos habitualmente consumidos cozinhados,
convido-vos a experimentá-los crus, e em bebidas, poções magicas ultra
poderosas, que vão tornar a vossa alimentação mais divertida e vos vai ajudar a
manter a linha.
Curiosidades
Temos 3 tipos de gorduras, as saturadas, as insaturadas e as trans. As
primeiras provêm de animais. As segundas são gorduras que provêm de vegetais.
E as últimas contêm gorduras insaturadas que são transformadas por meio de um
processo de hidrogenação. Tanto as primeiras como as últimas estão diretamente
relacionadas com índices altos de colesterol, triglicerídeos e problemas
circulatórios, sendo as insaturadas as mais saudáveis entre elas.
No entanto, a maneira como vamos consumir estas gorduras faz toda a
diferença: fritar um alimento não é o mesmo que consumir a gordura em estado
natural, por exemplo, numa salada. Importa é o método de preparação.
Se formos cozinhar o alimento, devemos escolher a gordura que tenha
maior índice de fumaça, isto é, que resista a temperaturas mais elevadas sem
comprometer as suas propriedades benéficas, e que não queime, entre eles temos
o azeite de dendê, de abacate, de soja, de milho, e de arroz. Se for consumido como
componente de vinagretes para saladas, ou na sua forma pura, devemos escolher
com base no seu índice calórico e nas suas propriedades: entre os melhores
temos o azeite de oliva extra virgem, de canola. Considero que o óleo de coco é
altamente calórico, com 135Kcal por 10g, quando comparado com o de oliva, com
90Kcal na mesma quantidade; contudo, têm propriedades culinárias certamente
interessantes. Já no critério do sabor, cada qual saberá o que preferir.
Recentemente o leite foi retirado do Healthy Eating Plate, uma guia
alimentar desenvolvido por especialistas em saúde pública da Harvard School e
editores das publicações Harvard Health.
Quando as pessoas pensam em cálcio pensam imediatamente em leite, e
por vezes o leite animal não é a melhor fonte.
Se por um lado, o leite nos pode ajudar a ter baixos índices de osteoporoses
e cancro de cólon, por outro lado aumenta o risco de contração de cancro da
próstata e dos ovários, e de se ficar com ossos quebradiços, devido à quantidade

55 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
de retinol (vitamina D), que em altos níveis descalcifica os nossos ossos.
Existem ainda os problemas relacionados com as gorduras saturadas, que
acidificam o nosso organismo e a composição de caseína: o leite de vaca tem uma
proteína que equivale a três vezes a do leite materno, sendo, por isso, um leite
propício para bezerros, não para humanos.
Existem muitas outras e melhores opções para a obtenção de cálcio, como os
vegetais da família das crucíferas (couves), as folhas escuras (como os espinafres),
leguminosas, e as oleaginosas, especialmente as amêndoas, por conterem três
vezes mais cálcio.
Uma grande percentagem da soja tem sido modificada geneticamente
(aproximadamente 90%) para suportar melhor os herbicidas, resistir melhor aos
insetos, ou mesmo atingir mudanças nas propriedades e nutrientes.
O risco do surgimento de várias doenças, do cancro e da infertilidade, estão
altamente relacionados com o consumo de transgênicos e não, diretamente, com
o consumo de soja. Devemos, por isso, quando compramos soja, ter em atenção
os rótulos e procurar as que indiquem que não foram modificadas, são exemplos:
“não contem OMG” ou “soja de agricultura biológica”.
Os hidratos de carbono são o grupo alimentar que mais nos proporciona a
energia suficiente para realizar os nossos processos metabólicos, e para executar
as nossas atividades do dia-a-dia. Considero que é necessário saber quais comer e
em que momento. Existem hidratos de carbono simples e compostos.
Dentro dos primeiros estão as frutas e os produtos processados, tais como
bolachas, pães, e bolos. São uma fonte explosiva e curta de energia, contêm
gorduras saturadas, e não são gastas com exercício físico, logo, têm tendência a
ficar acumuladas no nosso organismo.
E os segundos são as leguminosas e os cereais. Os quais nos fornecem
energia por mais tempo, são mais facilmente digeríveis, e não se acumulam
no nosso corpo em forma de gordura localizada, salvo se forem consumidos
conjuntamente com proteínas animais.
Portanto, é recomendado comer frutas nos lanches, e leguminosas e cereais
em momentos chave do dia, para recarregar o corpo com as energias suficientes.
É ainda essencial ter-se em atenção as combinações que se fazem.
O Healthy Eating Plate propõe que ¼ do nosso prato seja composto por
proteínas: peixe, frango (preferivelmente do campo), leguminosas, algas, cereais
integrais e nozes. As proteínas também são uma fonte de energia e um recurso
para regenerar células, sendo o almoço a melhor hora do dia para as consumir.
Existem também proteínas vegetais, como a mistura entre leguminosas e
cereais, as algas Spirulina e Chlorella, e a proteína do cânhamo, que são ótimas
fontes de proteína para o nosso organismo, sem gorduras saturadas e baixas em
calorias, consumidas em sumos são uma excelente opção para manter a linha.
O estilo de vida atual impede muitas vezes que consumamos vegetais
e frutas nas quantidades necessárias. Os horários de trabalho restringidos, a
contaminação, o comer fora e a falta de oferta, entre outras, contribuem para
que o corpo entre em desequilíbrio por não conseguir eliminar os resíduos do

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intestino, purificar o sangue apropriadamente, e contar com os antioxidantes
necessários para se proteger das doenças.
Os sumos detox têm imensos benefícios para o nosso organismo, não só
nos ajudam a eliminar excessos como também fornecem um boost energético ao
nosso corpo.
Os sumos detox oferecem a possibilidade de fazer um “break” na nossa
alimentação, tentar reequilibrar o corpo para receber adequadamente os
nutrientes de cada dia, revitalizar a pele, cabelo e unhas, e energizarmos
saudavelmente. Os sumos detox devem ter um aporte de proteína vegetal, e de
hidratos de carbono compostos (podem ser obtidos através dos cereais e dos
rebentos de leguminosas). Todos os dias temos necessidades nutricionais que
precisam de ser satisfeitas, torna-se, por isso, imperativo que nos mantenhamos
bem informados e saber onde adquirir estes programas (com profissionais da área
por trás da sua estruturação). Um corpo em equilíbrio tem o peso ideal e consegue
eliminar tudo aquilo que não lhe serve.
Diana Bedoya

57 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
TERESA PITAGROS
A minha vida é muito fácil de resumir. Sempre
trabalhei em hotelaria e até viajei para Londres à
procura de uma vida diferente. Até há 4 anos atrás
nunca estive ligada à Sumoterapia; foi um tema
que entrou na minha vida, não só profissional
mas também pessoal. Mudei alguns hábitos
alimentares e apaixonei-me por tudo o que
envolve este novo mundo cheio de vitalidade.
As minhas ambições futuras não me direcionam
em caminhos diferentes, no futuro a Sumoterapia
vai permanecer mais enraizada no meu ser...
Brevemente iniciarei um curso de naturopatia.
TERAPIA DETOX E FEEDBACK
O conceito Detox nasceu dentro da Sumoterapia, que é uma forma
alternativa de ingerir todos os nutrientes e vitaminas dos frutos e vegetais em
forma liquida. Esta é sem dúvida uma das melhores formas, não só de o nosso
corpo não acumular gorduras, resíduos ou toxinas, como também, tal como o
nome indica, promover a desintoxicação do organismo. Desintoxicar o organismo
com a ajuda de frutas e vegetais em forma líquida é uma prática antiga, apenas
recentemente um maior número de pessoas tem vindo a aderir a este conceito.
Um plano Detox é normalmente feito durante 3 a 7 dias e consiste na
ingestão de sumos verdes durante todo o dia. Os sumos de qualquer plano Detox
devem ser elaborados cuidadosamente de maneira holística, isto é, encarando
o indivíduo como um todo (psicológica, física e emocionalmente), de forma a
corresponder às diferentes necessidades de cada indivíduo.
Durante o Detox é perfeitamente normal que se sintam alterações no
nosso corpo e estado de espírito; tais como alterações de humor, dores de cabeça,
náuseas. Mas por outro lado,  também se sente boa disposição, aumento de energia
e vitalidade, uma pele mais brilhante, unhas e cabelos fortalecidos, entre outros.
Tudo isto deve ser considerado normal, afinal   o organismo entrou no “ciclo
de limpeza”. A libertação de toxinas prejudiciais ao nosso corpo, que acontece
quando ingerimos grandes quantidades de frutas e vegetais, faz com que o nosso
corpo reaja dessa forma. 
Estes sintomas de “limpeza” podem e devem ser amenizados através de
uma preparação adequada antes de se fazer um Detox. Deve-se, por exemplo, 
eliminar o consumo do café, tabaco e bebidas alcoólicas e diminuir a ingestão
de carnes vermelhas,  pelo menos até 48horas antes,  de maneira a evitar que o

58
nosso corpo sofra um “choque” de vitaminas. Convém também que exista uma
preparação mental/psicológica da parte do indivíduo que irá fazer o Detox.
É necessário, imperativo até, que se esteja psicologicamente saudável antes e
durante o programa,  para que mais facilmente se consiga ultrapassar qualquer
situação adversa com que se possa deparar, seja a dificuldade em seguir o plano à
risca, ou a súbita vontade de comer alimentos sólidos.
Desintoxicar o nosso corpo com sumos verdes tem imensos benefícios
para o organismo. Melhora sobretudo a saúde intestinal, que é essencial
para o bom funcionamento do corpo. Melhora o funcionamento dos rins e
fígado. Rejuvenesce a pele, ajudando a controlar a sua oleosidade natural,
tal como fortalece o crescimento de unhas e cabelo mais saudáveis.
Auxilia na prevenção da hipertensão, colesterol alto e diabetes.
Enquanto master detox da Sumo Pontífice, já recebi os mais variados
comentários/feedback de pessoas que fizeram uma desintoxicação. Numa
situação, uma senhora sentiu-se muito mal,  com diarreia e vómitos, logo
no primeiro dia.  Durante a nossa troca de informação diária percebi que não
se preparou devidamente para o programa, tendo na noite anterior feito uma
refeição de fast food. É importante entender que nestas situações é praticamente
impossível ao nosso organismo reagir de forma natural. Os dias seguintes foram
naturalmente mais fáceis. 
Numa outra situação, uma outra cliente achou o primeiro dia super fácil,
Não sentiu fome ou qualquer outro sintoma anormal. Já no segundo dia a situação
complicou-se; foi um dia de stresse que fez com que não conseguisse prosseguir
com o programa. Nestes casos, o melhor é parar o programa e recomeçar numa
altura em que a preparação mental seja mais forte.
Mas estas são situações excepcionais. Cerca de 90% do feedback é positivo e
muito semelhante de pessoa para pessoa. No primeiro dia custa um pouco, sente-
se alguma fome,  dores de cabeça, nada de assustador ou grave.
No segundo dia já se sente um nível mais alto de boa disposição, energia,
vitalidade, clareza mental e mais facilidade de pensamento rápido. No terceiro dia
é como se já se fizesse Detox há imensos dias,  sente-se uma leveza extraordinária,
a pele está mais radiante que nunca e até a qualidade do sono é melhor. Em
bastantes casos dá-se uma perda de peso (em cerca de 95% dos casos 1,5kg a 3kgs
em 3 dias Detox) embora não seja esse o principal objetivo.
Teresa Pitagros

59 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
MARIA DE OLIVEIRA DIAS
É a fundadora da empresa The Love Food e do blog
com o mesmo nome.
É vegetariana desde os 12 anos e vegana há muitos.
Actriz de formação, estudou e trabalhou em teatro,
cinema e televisão em Bruxelas, Paris, Nova Iorque
e Lisboa, e é Mestre em Estudos de Teatro pela
Faculdade de Letras de Lisboa.
A paixão pela cozinha vem de família e é iniciada
através da influência da avó e da mãe, exímias
cozinheiras. Depois de abrir o seu mundo
gastronómico com muitas viagens e livros, começa
a aprender a arte da culinária saudável em cursos no Instituto Macrobiótico
Português, em oficinas com a chef Sarah Britton e com a chef Tatiana
Cardoso.
O QUE COMO?
É uma pergunta que nos surge muitas vezes, não só porque não sabemos o
que fazer para o jantar mas porque somos inundados por informações, produtos,
publicidades, livros, dietas, artigos, ingredientes, cursos, blogs, lojas especializadas
e tantas outras coisas que nos confundem. É como estar no meio de um tiroteio:
uns dizem “coma isto que é bom” e os outros “aquilo é veneno, o aqueloutro é que
é milagroso”.
Tornou-se difícil saber o que comer, quando o ato de comer, para além de
um prazer, é uma questão de sobrevivência e é algo que o nosso corpo percepciona
(ou deveria percepcionar) muito naturalmente.
Quando me tornei vegetariana, há 21 anos, não havia informação sobre o
assunto nem a quantidade de produtos que hoje conseguimos encontrar nas lojas
especializadas e também no mais simples supermercado.
O aumento da informação disponível e o fácil acesso a esta, estão na origem
do aumento do número de vegetarianos, que, consequentemente, levou ao
aumento da quantidade e diversidade de produtos disponíveis. Todavia, passaram
todos esses anos (entretanto tornei-me vegana) e as perguntas e comentários das
pessoas há minha volta continuaram os mesmos. Porque quando uma pessoa
passa a ser vegana todas as outras à sua volta se tornam nutricionistas.
Mudar não é fácil, e sempre que alguém muda (sobretudo se for para
melhor, e com vantagens visíveis) as pessoas à volta gostam de criticar. Então,
temos conversas como:
– Estás com melhor aspecto! Emagreceste um bocado, não foi? Estás com

60
melhores cores!
– Tornei-me vegana.
– Ah, mas e as carências nutricionais? Vais ter de comer mais hidratos!
Vais engordar! Vais ter de tomar suplementos! Vais ter de fazer análises todos os
meses!
– (suspiro)
Qualquer pessoa ficaria insegura perante uma conversa destas. Vai pensar
que dá tanto trabalho, que é arriscado e ainda por cima se vai engordar então é
que não vale a pena. E depois depara-se com a questão fundamental: mas o que é
que eu como?
E perante a falta de informação e de estímulos, e depois de comer três ou
quatro pratos caríssimos e pre-fabricados, com sabor a palha, ou passar dias a
comer arroz com batatas, desiste e atira a toalha ao chão.
Foi por isso que criei o The Love Food.
Primeiro criei o blog de receitas, com receitas simples e capazes de agradar
a toda a família, com dicas e conselhos práticos que tornam tudo mais fácil, com
o objetivo de pura partilha e de ajudar a simplificar e descomplicar o veganismo,
que é, já por si só, algo de muito simples.
Depois do blog, exactamente 4 anos depois, criei a empresa The Love Food,
com uma fábrica a trabalhar todos os dias para fornecer comida pronta (salgados
e doces) para espaços comerciais e para particulares.
O meu objectivo era ter, finalmente, comida vegana e saudável que fosse
realmente deliciosa. Porque é pelo palato que se pode fazer a diferença.
Estava farta ou de não ter nada para comer fora de casa ou da falta de
qualidade das opções disponíveis. Quis provar com o The Love Food que é possível
fazer comida boa, vegana, saudável, com opções sem glúten, sem açúcar, baixa em
gorduras e absolutamente deliciosa e suculenta. Todas as noites adormeço com a
sensação de estar a contribuir para um mundo melhor. E isso é maravilhoso.
Mas porquê comida vegana? O veganismo (e o vegetarianismo) está envolto
numa bruma de mitos que é importante dissipar. Ao longo do tempo foram
lançados uns chavões sem sentido, nomeadamente pela indústria poderosíssima
da carne e do leite, que são muito fáceis de desmentir. Contudo, por estarem
tão enraizados nos hábitos de consumo das pessoas, torna-se difícil de os fazer
desaparecer ou tornar mainstream. Os malefícios da soja e o consumo elevado
de hidratos de carbono são alguns dos exemplos, assim como o facto de ser mais
caro, de os ingredientes serem muito difíceis de encontrar, do elevado tempo de
preparação e confecção das refeições, da comida sensaborona castanha e verde,
entre outras.
No início pode parecer complicado porque não estamos “sintonizados”
para pensar para além do binómio “peixe + acompanhamento” e “carne +
acompanhamento”. A alimentação que um omnívoro tem é, no geral, muito
básica, e é “roda o disco e toca o mesmo”.
Se reparar nas cores dos pratos das pessoas que comem num restaurante
poderá verificar que são sempre as mesmas: branco, amarelo e castanho. Por

61 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
vezes, com sorte, lá aparece algum feijão-verde ou uma salada mista a destoar.
Não admira que no estudo feito pelas Nações Unidas e pela F.A.O., em 2006, se
tenha afirmado que 75% das doenças da sociedade actual se deve ao consumo
excessivo de proteína animal. As refeições fazem-se à volta da proteína, o que é
um erro tremendo com impacto directo na saúde.
E é mais saudável? Se olharmos bem à nossa volta vemos claramente que
as pessoas estão doentes ou vivem em constante desconforto. E não deixa de ser
curioso notar como gostam de achar que esse desconforto físico que sentem é
normal. Passam a vida com dores, com prisão de ventre, diarreia, dores de cabeça,
azia, inchaço abdominal, e outros sintomas. E para cada queixa há um comprimido
que resolve momentaneamente cada sintoma. É mais simples, mais imediato e,
sobretudo, mais cómodo tomar um comprimido do que mudar de estilo de vida
e de alimentação. E todas as soluções para estes problemas apenas passariam
por uma mudança na alimentação, que normalmente só acontece quando há um
susto, como um problema grave de saúde. Por vezes é tarde demais. Quando não
é, depois da mudança as pessoas não sentem qualquer vontade em ser como eram
antes porque não perderam nada, só ganharam. Ganharam saúde, bem-estar,
energia, vitalidade, descobriram uma nova alimentação, uma nova maneira de
comer (e de viver) e não precisaram de abdicar de nada, muito pelo contrário!
Sobretudo não abdicaram do prazer da gula!
As vantagens em se tornar vegana/o são imensas e não incluem apenas o
seu bem-estar; também traz inúmeros benefícios para o planeta e para os animais.
“Mas um vegano só come soja? Mas a soja não faz mal? E a soja não está a
destruir florestas e é geneticamente modificada?” Estas são alguma das questões
acerca da soja que confrontam os veganos. Há uma grande confusão relativamente
à soja: existe, de facto, uma destruição massiva de florestas para a plantação de
campos de soja, mas não é para a percentagem mínima (embora cada vez maior)
de veganos que há no mundo, é, sim, para o fabrico de rações para o gado. Para
milhões de cabeças de gado que a indústria pecuária cria para satisfazer a procura
absurdamente exagerada de produtos de origem animal.
Se a soja faz mal? Porque é que uma leguminosa tão versátil e rica
nutricionalmente haveria de fazer mal? A soja é consumida no Oriente há milénios,
apesar de só há poucos anos produtos como o tofu terem aterrado nas prateleiras
dos nossos supermercados. A maior parte dos produtos com soja para consumo
humano são originários de agricultura biológica, logo não são geneticamente
modificados. Em muitos rótulos de embalagens consegue encontrar informação
sobre a origem da soja. E a soja é apenas um dos milhões de alimentos que um
vegano come, e não se situa no centro do prato. Não vem substituir a carne ou o
peixe, porque a alimentação vegana não é uma alimentação de substituição, ela
vale por si só, é complexa e rica e tem uma diversidade incrível de ingredientes à
disposição.
As carências nutricionais são outro mito que se generalizou. Qualquer
pessoa pode ter carências, seja vegana ou não, sendo que há uma probabilidade
muito maior de ser um omnívoro a ter carências e não um vegano, que tem,

62
normalmente, uma alimentação muito diversificada. Quem alerta os veganos para
os perigos das carências alimentares são aquelas pessoas que comem carne com
batatas ao almoço e peixe com arroz ao jantar, com algum pão com manteiga
pelo meio. Um prato colorido, diversificado, com diferentes texturas, com uma
maioria de legumes e uma parte de leguminosas ou outra proteína vegetal, e
outra de feculentos ou cereais, é o que basta para se ser saudável. E dentro destes
alimentos existem combinações e receitas infinitas. E não, não precisa de passar
horas na cozinha, muito pelo contrário! Lembre-se de que não tem de tirar ossos,
nervos ou espinhas, o que é logo uma vantagem. Para os mais preguiçosos existem
legumes já cortados, leguminosas em frasco e saladas já lavadas.
Mesmo assim a alimentação vegana vai ser sempre mais barata do que
outro tipo de alimentação, e terá acesso a ingredientes de maior qualidade,
nomeadamente de origem biológica certificada.
Faça as suas compras nas mercearias biológicas, nas lojas de produtos
naturais, nas feiras semanais, e/ou em mercados, onde conseguirá encontrar
produtos locais muito mais saborosos e baratos do que os do supermercado. Se
não tiver disponibilidade há várias empresas que entregam em casa cabazes de
fruta semanalmente. Ou seja, não só é melhor para sua saúde como é mais barata,
variada, rica nutricionalmente, deliciosa e rápida de preparar.
Mas as vantagens não ficam só por aqui. Em 2010 a UNEP (United Nations
Environmental Programme) publicou um relatório onde afirma que o veganismo
é vital para evitar as alterações climáticas, o aquecimento global e outros
problemas ambientais. A indústria pecuária é a maior responsável pela emissão
de gases de estufa e, consequentemente, pelo aquecimento global, assim como é a
indústria que mais gasta e polui as águas. São terríveis e sobejamente conhecidas
as desgraças causadas pela indústria pecuária no nosso planeta, e estou a incluir
nesta lista os produtores de ovos e leite. E chegamos a um outro ponto que é
fundamental: os animais a crueldade para com os animais e a leveza com que se
matam milhares de criaturas por dia não deve ser tolerada na sociedade actual.
Porém, não é só por razões éticas que aconselho a não se incluir ingredientes
de origem animal no seu prato, embora as razões éticas, na minha opinião, sejam
mais do que suficientes. Os ingredientes animais demoram imenso tempo a serem
digeridos pelos nossos intestinos intermináveis (sim, por isso se sente letárgica/o
e pesado depois de comer!), para além de criarem um ambiente ácido dentro do
nosso corpo. É nos ambientes ácidos que as doenças e infecções proliferam, por
isso é muitas vezes aconselhada uma alimentação 100% alcalina (vegana, portanto)
a doentes crónicos, com resultados muito positivos. Mas não é só! Os malefícios
associados ao consumo de carne, mesmo de carnes brancas, são sobejamente
conhecidos: tem gorduras saturadas que geram colesterol, químicos de vacinas,
pesticidas, desparasitantes e da panóplia de medicamentos usados na pecuária
(incluo a produção de leite e ovos); para além disso os animais levam injecções de
hormonas e alimentam-se de rações duvidosas, com ingredientes geneticamente
modificados. É de referir também os níveis brutais de stresse e adrenalina
que os animais têm durante toda a sua vida e que passam directamente para a

63 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
carne, e, consequentemente, para quem a come. Para além disso está a comer
um pedaço de comida desvitalizada, sem energia vital, com várias substâncias
para a conservar e manter o aspecto e a cor, que são tóxicas e potencialmente
cancerígenas. Mesmo os que dizem que são “criados ao ar livre” estão sujeitos a
todos estes condicionantes.
Mas então o que é que eu como? As primeiras experiências culinárias, desde
as compras até à mesa, podem ser difíceis. Apesar de não saber o que cozinhar,
vai descobrir que, afinal, há um leque enorme de ingredientes novos à sua espera.
Dentro dos ingredientes disponíveis há ainda marcas que os fabricam e que são
muito diferentes de umas para as outras. Se comeu seitan uma vez e não gostou
há duas possibilidades: ou a marca que comeu não produz um seitan bom ou não
o soube cozinhar. E em relação a saber cozinhar, é tudo uma questão de tempero!
Use os seus temperos habituais, cozinhe o que conhece e comece por substituir a
carne e o peixe por tofu, seitan, soja e tempeh.
Passado algum tempo já não precisa deste apoio da cozinha tradicional e
irá magicar opíparos manjares sem estar colada/o às receitas habituais. De certeza
que irá inventar um Tofu com Natas e uma Feijoada de Shitake que toda a família
irá querer devorar todos os dias.
E vou estar a comer tudo o que preciso? Não vou ter carências? E os
suplementos? Hoje há tanta informação disponível, tanta informação diferente e
contraditória, tanta desinformação também, que parece que uma pessoa tem que
tirar um curso só para saber comer. E, para comer, são tantas as escolhas, tantas
prateleiras de alimentos, tantas receitas, que parece que somos atropelados
diariamente. Ao longo do tempo desaprendemos a comer. Não é fácil encontrar
produtos da estação. Não é fácil orientarmo-nos em lojas onde tudo parece super
saudável porque tem um rótulo verde ou diz “com óleos essenciais e tudo aquilo
que o seu corpo precisa”, mas, vai-se a ver, e está cheio de açúcares e óleos
manhosos. Não é fácil percebermos o que devemos comer.
Os alimentos são vendidos apenas com base nos seus benefícios para a
saúde: um vai reduzir o colesterol, o outro vai melhorar o trânsito intestinal, o
outro reforça a massa muscular, entre outros. Os nutrientes tornaram-se mais
importantes do que a comida em si. Será que estou a ingerir a minha dose certa de
cálcio? E de Zinco? E de Vitamina C? Assustados, pomo-nos a tomar suplementos
vitamínicos, com vitaminas sintetizadas (feitas em laboratório), que, na maior
parte das vezes, não só o corpo não as reconhece como podem mesmo ser
prejudiciais.
Os alimentos são muito mais do que a soma dos nutrientes que contêm.
Eles funcionam juntos, não autonomamente. Precisamos de um pouco de tudo,
nada em exagero, excluindo completamente todos os produtos de origem animal.
Precisamos de um prato colorido, dando preferência ao que cresce na nossa
região, de acordo com a estação. Depois tudo depende do nosso estilo de vida.
Da nossa profissão. Se passamos o dia sentados em frente ao computador ou se
andamos a cavar batatas. Da nossa idade. Da nossa forma de vida.
Maria

64
Receitas

67 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Todas as receitas são preparadas sem água e sem açúcar. Se pretende o
sumo fresco reserve antes do procedimento de preparo os insumos no frigorífico
ou congelador. Os sumos devem ser consumidos de imediato porque oxidam.
Neste capítulo poderá encontrar receitas de sumos naturais, sendo cada
um deles denominado pelo efeito característico resultante da sua composição.
É importante saber que:
Nenhuma receita tem na sua composição água ou açúcar;
A medida standard aplicada em todas as receitas é de 500 ml. (proporção
recomendada para 3 elementos);
Aos ingredientes destes sumos naturais designa-se “insumos”;
A preparação leva entre 3 a 5 minutos;
O preço final de cada receita é bastante acessível;
Dependendo das receitas, necessitará, entre outros instrumentos, de uma
centrifugadora, uma liquificadora, e de um espremedor de citrinos;
Todo o conteúdo passa pela liquificadora no final.
Existem insumos que serão introduzidos na centrifugadora com o objectivo
final de encorpar com os restantes insumos sólidos (na liquificadora), produzindo
um sumo consistente e ao mesmo tempo bebível.
Os insumos sólidos indicados para a liquificadora poderão ser cortados
e reservados por algumas horas no congelador para obter um sumo fresco. Em
algumas receitas a medida estipulada é mais elevada do que a medida final, isto
deve-se a factores intrínsecos do próprio insumo em questão (como o peso,
volume e consistência do mesmo).
Todos os insumos sólidos que devem passar pela liquificadora (uvas,
abacaxi, mangas) estão sujeitos à sua própria configuração, ou seja, as medidas
estipuladas estão dependentes do formato dos insumos. Por exemplo: cubos,
bolas, rectângulos juntos formam espaços vazios entre si num copo medidor
cilíndrico, o que justifica o aumento da sua proporção.
Em todas as receitas que contenham o insumo abacaxi recomendamos um
escoador para separar a espuma libertada pelo mesmo na liquificação, separando-a
do sumo.
Convém relembrar que nenhum destes sumos é recomendado para
substituição de refeições, salvo se trate de um acontecimento esporádico, e que
o consumo de frutas e vegetais diário é aconselhado por especialistas na área da
alimentação.
Os sumos apresentados neste capítulo serão uma mais-valia e um adjuvante
para a manutenção saudável dos processos bioquímicos do nosso organismo,
contribuindo assim para manter uma alimentação saudável.

68

1º Sumo Energético 70
2º Sumo Energético 71
3º Sumo Energético 72
Sumo High Power 73
Sumo Setembro Paixão 74
1º Sumo Antioxidante 75
2º Sumo Antioxidante 76
3º Sumo Antioxidante 77
1º Sumo Imunidade 78
2º Sumo Imunidade 79
1º Sumo Mente 80
2º Sumo Mente 81
Sumo Nutrimax 82
Sumo Digestivo 83
1º Sumo Derme 84
2º Sumo Derme 85
Sumo Divino 86
1º Sumo Zen 87
2º Sumo Zen 88
3º Sumo Zen 89
1º Sumo Fitness 90
2º Sumo Fitness 91
1º Sumo Coração 92
2º Sumo Coração 93
1º Sumo Detox 94
2º Sumo Detox 95
3º Sumo Detox 96
4º Sumo Detox 97
5º Sumo Detox 98
Sumo Amanhecer Feliz 99
Sumo Força Plus 100
Sumo Tonificador 101
Sumo Purificador 102
Sumo Libido 103
Sumo Rejuvenescedor 104
Sumo Regenerador 105
Sumo Pernas Leves 106
Sumo Bronze 107
Sumo Hydration 108
Sumo Nourishment 109
Sumo Anti Rust 110
Sumo SoftSkin 111
Sumo Slim 112

70
Insumos:
Leite de coco
Manga
Morango
Banana
Hortelã
Cenoura
Topping: Aveia
Num copo medidor verta 150ml de leite de coco, junte manga cortada
até atingir os 300 ml, 6 ou 8 morangos, 3\4 de banana, três folhas de hortelã. Na
centrifugadora coloque cenouras até encher por completo 500 ml do seu copo
medidor. Por fim, todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o
seu sumo energético está pronto num minuto.
1º Sumo Energético
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora e de uma
liquificadora.

71 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Leite de coco
Manga
Morango
Banana
Abacaxi
Topping: Pólen
Num copo medidor verta 150ml de leite de coco, junte manga cortada até
aos 200ml, 8 morangos, 3\4 de banana, e abacaxi até atingir os 700 ml. Por fim,
todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo energético
estará pronto num minuto.
2º Sumo Energético
Para um copo de 500 ml
Vai precisar de uma liquificadora.

72
Insumos:
Leite de coco
Manga
Melão
Abacaxi
Beterraba
Maça
Topping: Pólen
Num copo medidor verta 150ml de leite de coco, junte manga cortada até
atingir os 350 ml, melão até 450ml, e abacaxi até aos 500ml. Na centrifugadora
coloque 1 beterraba e adicione maçã até chegar aos 500ml. Por fim, todo o conteúdo
do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo energético esta pronto num
minuto.
3º Sumo Energético
Para um copo de 500 ml
Vai precisar de uma centrifugadora e de uma
liquificadora

73 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Gengibre
Kiwi
Uva
Morango
Beterraba
Maçã
Topping: Pólen
No copo medidor coloque 3 rodelas de gengibre, 3 kiwis, 12 uvas, 1 tomate
e meio, 8 morangos. Na centrifugadora coloque 2 beterrabas e uma maçã,
até chegar aos 500 ml. Por fim, todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo energético está pronto num minuto.
Sumo High Power
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora e de uma
liquificadora.

74
Insumos:
Leite de amêndoas
Morangos
Uva
Beterraba
Maçã vermelha
Num copo medidor adicione 150 ml de leite de amêndoa, 8 morangos, e
uvas até atingir 500ml. Na centrifugadora coloque 1 beterraba e maçã vermelha
até chegar aos 500ml. Por fim, todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo estará pronto num minuto.
Sumo Setembro Paixão
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora e de uma
liquificadora.

75 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Melancia
Banana
Casca de limão
Hortelã
Maçã Vermelha
Topping: Linhaça
Num copo medidor coloque a melância cortada e sem sementes até
atingir os 550 ml, 3\4 de Banana, cascas de 2 limões, e 5 folhas de hortelã. Na
centrifugadora coloque maçã vermelha até chegar aos 500 ml. Por fim todo o
conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto
num minuto.
1º Sumo Antioxidante
Para um copo de 500ml
Vai precisar de uma centrifugadora e uma
liquificadora.

76
Insumos:
Uva
Banana
Casca de limão
Hortelã
Limão
Maçã vermelha
Topping: Linhaça
Num copo medidor junte uva até atingir 500 ml, 3\4 de Banana, casca de
um limão e meio e 5 folhas de hortelã. No espremedor esprema um limão e meio.
Na centrifugadora coloque maçã até chegar aos 500ml. Por fim todo o conteúdo
do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
2º Sumo Antioxidante
Para um copo de 500ml
Vai precisar de uma centrifugadora, de uma
liquificadora e de um espremedor de citrinos.

77 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Uva
Açaí
Espinafres
Beterraba
Maçã
Topping: Sementes de Girassol
Num copo medidor coloque 20 uvas, açaí até chegar aos 350ml, e 3 mãos
de espinafres. Na centrifugadora junte uma beterraba e meia, e maçã ate atingir
os 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o
seu sumo está pronto num minuto.
3º Sumo Antioxidante
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora e
liquificadora

78
Insumos:
Papaia
Beterraba
Limão
Laranja
Topping: Pólen
Num copo medidor coloque papaia até chegar aos 300 ml; na centrifugadora
adicione 2 beterrabas; e no espremedor de citrinos esprema limão e meio,
e laranja até aos 500ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
1º Sumo Imunidade
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de um espremedor de citrinos, de
uma liquificadora e de uma centrifigadora.

79 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Abacaxi
Mel
Hortelã
Limão
Laranja
Topping: Pólen
Adicionar, num copo medidor, abacaxi até os 300 ml, 3 colhers de mel, e 3
folhas de hortelã. No espremedor espreme-se limão e meio e laranja até atingir
os 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o
seu sumo está pronto num minuto.
2º Sumo Imunidade
Para um copo de 500ml
Vai precisar de um espremedor de citrinos e de
uma liquificadora.

80
Insumos:
Leite de amêndoas
Melão
Banana
Gengibre
Topping: Pólen
Num copo medidor junte leite de amêndoa até aos 200 ml, melão até aos
550 ml, 3\4 de banana, e 3 rodelas de gengibre. Por fim todo o conteúdo do copo
medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
1º Sumo Mente
Para um copo de 500ml.
Vai precisar de uma liquificadora.

81 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Leite de amêndoa
Papaia
Banana
Cenoura
Topping: Pólen
Num copo medidor adicione leite de amêndoa até aos 200 ml, papaia até
aos 400 ml, e 3\4 de banana. Na centrifugadora coloque cenoura até obter 500 ml.
Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo
está pronto num minuto.
2º Sumo Mente
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora
e de uma liquificadora.

82
Insumos:
Tomate
Abacaxi
Gengibre
Beterraba
Pepino
Cenoura
Maçã vermelha
Topping: Sementes de Girassol
Num copo medidor 1 e 1\2 tomate, abacaxi até 500 ml, 3 rodelas de
gengibre, na centrifugadora 1e 1\2 beterraba, pepino até 400 ml, cenoura até 450
ml, maçã vermelha até 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto
na liquificadora e o seu sumo esta pronto num minuto.
Sumo Nutrimax
Para um copo de 500ml.
Vai precisar de uma centrifugadora e de
uma liquificadora.

83 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Abacaxi
Pera
Kiwi
Mel
Aveia
Laranja
Topping: Linhaça
Num copo medidor coloque abacaxi até atingir 300 ml, pera e meia, 2 kiwis,
um pouco de mel, e 3 colheres de aveia. No espremedor de citrinos esprema a
laranja até obter 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
Sumo Digestivo
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora e de um
espremedor de citrinos

84
Insumos:
Manga ou pêssego
Aveia
Laranja
Cenoura
Topping: Aveia
Num copo medidor coloque manga ou pêssego até aos 300 ml, e 3 colheres
de chá de aveia. Esprema no espremedor de citrinos a Laranja até obter 450 ml.
Na centrifugadora coloque a cenoura até atingir 500 ml. Por fim todo o conteúdo
do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
1º Sumo Derme
Para um copo de 500ml
Vai precisar de uma centrifugadora, de uma
liquificadora e de um espremedor de citrinos.

85 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Papaia
Framboesa
Laranja
Cenoura
Topping: Linhaça
Num copo medidor junte papaia até aos 300 ml, e framboesa até aos
400ml; no espremedor de citrinos esprema a laranja até atingir os 450 ml; e na
centrifugadora adicione cenoura até ter 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo
medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
2º Sumo Derme
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora, de um espremedor de citrinos e de uma
centrifugadora.

86
Insumos:
Manga
Coentros
Cenoura
Topping: Germen de trigo
Num copo medidor coloque manga até aos 300 ml, e 8 folhas de coentros.
Na centrifugadora junte cenoura até atingir os 500 ml. Por fim todo o conteúdo
do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
Sumo Divino
Para um copo de 500ml.
Vai precisar de uma centrifugadora e de uma liquificadora

87 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Manga
Pêra
Banana
Aveia
Cacau
Leite de avela
Topping: Cacau
Num copo medidor adicione manga até chegar aos 300 ml, pera e meia,
3\4 de banana, 3 colheres de chá de aveia, 3 colheres de sopa de cacau, e leite
de avelã até atingir 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
1º Sumo Zen
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora.

88
Insumos:
Morangos
Abacaxi
Hortelã
Pera
Topping: Cacau
Num copo medidor adicione 8 morangos, abacaxi até chegar aos 500 ml,
e 5 folhas de hortelã. Na centrifugadora adicione pera até obter 500 ml. Por fim
todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está
pronto num minuto.
2º Sumo Zen
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora
e de uma liquificadora.

89 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Framboesas
Abacaxi
Pera
Leite de Avelã
Topping: Cacau
Num copo medidor junte framboesas até ter 300 ml, e abacaxi até aos 500
ml. Na centrifugadora coloque pera e meia, e leite de avelã até aos 500 ml. Por
fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está
pronto num minuto.
3º Sumo Zen
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora e de uma
liquificadora.

90
Insumos:
Abacaxi
Gengibre
Hortelã
Pepino
Maça Vermelha
Topping: Sementes de Girassol
Num copo medidor junte abacaxi até aos 300 ml, 3 rodela de gengibre,
e 3 folha de hortelã. Na centrifugadora coloque pepino até aos 300 ml e maçã
vermelha até aos 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
1º Sumo Fitness
Para um copo de 500 ml
Vai precisar de uma centrifugadora e
liquificadora.

91 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Abacaxi
Laranja
Espinafres
Pepino
Gengibre
Topping: Sementes de linhaça
Num copo medidor adicione 300 ml de abacaxi, 3 rodela de gengibre,
e 3 mãos de espinafres; na centrifugadora junte pepino até aos 300 ml; e no
espremedor de citrinos esprema laranja até atingir os 500 ml. Por fim todo o
conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto
num minuto.
2º Sumo Fitness
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora, de uma
liquificadora e de um espremedor de citrinos.

92
Insumos:
Abacaxi
Gengibre
Beterraba
Cenoura
Topping: Amêndoa
Num copo medidor junte abacaxi até chegar aos 300 ml, e 3 rodela de
gengibre. Na centrifugadora adicione beterraba e meia, e cenoura até aos 500 ml.
Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo
está pronto num minuto.
1º Sumo Coração
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora e de uma
liquificadora.

93 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Kiwi
Espinafres
Beterraba
Maçã
Topping: Amêndoa
Num copo medidor junte 3 kiwis a 3 mãos de espinafres. Na centrifugadora
coloque beterraba e meia, e maçã até atingir os 500 ml. Por fim todo o conteúdo
do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
2º Sumo Coração
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora e de uma
liquificadora.

94
Insumos:
Abacaxi
Gengibre
Hortelã
Aipo
Maçã Verde
Topping: Sementes de Girassol
Num copo medidor junte abacaxi até aos 300 ml, 3 rodelas de gengibre,
e 3 folhas de hortelã; na angel juice adicione aipo até atingir os 400 ml; e na
centrifugadora junte maçã verde até chegar aos 500 ml. Por fim todo o conteúdo
do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
1º Sumo Detox
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora, de uma
liquificadora e de uma angel juice.

95 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Beterraba
Maçã verde
Pepino
Meloa
Topping: Linhaça
Num copo medidor coloque meloa até obter 300 ml. Na centrifugadora
junte 3\4 de beterraba, pepino até aos 400 ml, e maçã verde até aos 500 ml. Por
fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está
pronto num minuto.
2º Sumo Detox
Para um copo de 500 ml
Vai precisar de uma centrifugadora e de uma
liquificadora.

96
Insumos:
Meloa
Espinafres
Curgete
Pepino
Topping: Sementes de Girassol
Num copo medidor junte meloa até atingir os 350 ml, e 3 mãos de
espinafres. Na centrifugadora junte curgete até aos 450ml e pepino até aos 500
ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o seu
sumo está pronto num minuto.
3º Sumo Detox
Para um sumo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora e de uma
liquificadora.

97 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Leite de avelã
Meloa
Espinafres
Pepino
Maçã Verde
Topping: Sementes de Linhaça
Num copo medidor adicione 150ml de leite de avelã, meloa até aos 400
ml, e 3 mãos de espinafres. Na centrifugadora coloque pepino até aos 400 ml e
maçã verde até aos 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
4º Sumo Detox
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora e de uma
centrifugadora.

98
Insumos:
Abacaxi
Gengibre
Salsa
Manga
Aipo
Maçã Verde
Topping: Sementes de Linhaça
Num copo medidor adicione 250 ml de abacaxi, 3 rodelas de gengibre, 2 mãos
de salsa, e manga até atingir 500 ml, na angel juice junte aipo até aos 400ml e
maçã verde até aos 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
5º Sumo Detox
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma angel juice, uma
centrifugadora e uma liquificadora.

99 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Morango
Banana
Leite de Avelã
Mel
Aveia
Laranja
Topping: Pólen
Num copo medidor junte 8 morangos, banana e meia, leite de avelã até aos
400 ml, 2 colheres de chá de mel, e 2 colheres de chá de aveia. No espremedor de
citrinos esprema o sumo de laranjas até atingir 500 ml. Por fim todo o conteúdo
do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
Sumo Amanhecer Feliz
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora e de um espremedor de citrinos.

100
Insumos:
Leite de amêndoas
Banana
Abacaxi
Alga Espirulina
Maçã verde
Topping: Sementes de Girassol
Num copo medidor junte 150 ml de leite de amêndoas, 2 bananas, abacaxi até aos
500 ml, e 3 colheres de chá de espirulina. Na centrifugadora junte maçã até atingir
os 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o
seu sumo está pronto num minuto.
Sumo Força Plus
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora e uma liquificadora.

101 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Abacaxi
Kiwi
Alga espirulina
Pepino
Maçã vermelha
Topping: Sementes de Girassol
Num copo medidor junte abacaxi até chegar aos 300 ml, 3 kiwis, e 3
colheres de espirulina. Na centrifugadora adicione pepino até aos 400ml, e maçã
vermelha até chegar aos 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é
posto na liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
Sumo Tonificador
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora e de uma
centrifugadora.

102
Insumos:
Pepino
Kiwi
Abacaxi
Alga clorela
Pepino
Maçã vermelha
Topping: Sementes de Girassol
Num copo medidor junte abacaxi até obter 300 ml, 3 kiwis, e 3 colheres de
clorela. Na centrifugadora adicione pepino até aos 400ml, e maçã vermelha até
aos 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o
seu sumo está pronto num minuto.
Sumo Purificador
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora e de uma
centrifugadora.

103 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Leite de coco
Manga
Maca Root
Cenoura
Topping: Sementes de Girassol
Num copo medidor coloque 150 ml de leite de coco, manga até aos 350
ml, abacaxi até aos 500 ml, e 1 colher de maca. Na centrifugadora junte cenoura
até atingir os 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo esta pronto num minuto.
Sumo Libido
Para um copo de 500 ml
Vai precisar de uma centrifugadora e de uma
liquificadora.

104
Insumos:
Tomate
Uvas
Azeite virgem
Hortelã
Bagas Gogi
Maçã Verde
Topping: Bagas Gogi
Num copo medidor junte tomate e meio, uvas até chegar aos 500 ml,
3 fios de azeite, 5 folhas de hortelã, e 5 bagas goji. Na centrifugadora coloque
maçã até obter 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
Sumo Rejuvenescedor
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora e de uma
centrifugadora.

105 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Melão
Abacaxi
Gérmen de trigo
Maçã verde
Topping: Canela
Num copo medidor adicione melão até chegar aos 350 ml, abacaxi até aos
500 ml, e 3 colheres de chá de gérmen de trigo. Na centrifugadora junte maçã
verde até aos 500 ml. Por fim, todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
Sumo Regenerador
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora e de uma
centrifugadora.

106
Insumos:
Manga
Abacaxi
Casca de limão
Chá verde
Limão
Maçã verde
Topping: Sementes de Linhaça
Num copo medidor junte manga até atingir os 350 ml, abacaxi até 500
ml, casca de 1 limão, 3 colheres de chá de chá verde; no espremedor de citrinos
esprema o sumo de um limão; e na centrifugadora adicione maça verde até aos
400 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o seu
sumo está pronto num minuto.
Sumo Pernas Leves
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora, de uma
liquificadora e de um espremedor de citrinos.

107 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Leite de Amendoa
Pêssego
Alface
Bao Bab
Laranja
Cenoura
Topping: Coco
Num copo medidor junte 150 ml de leite de amêndoas, 2 pêssegos, 3 mãos
de alface, e 3 colheres de chá de bao bab; no espremedor de citrinos esprema 350
ml de laranja; e na centrifugadora junte cenoura até obter 500ml. Por fim todo
o conteúdo do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto
num minuto.
Sumo Bronze
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora, de uma centrifugadora e de um espremedor
de citrinos.

108
Insumos:
Melancia
Manga
Alface
Espinafres
Chia
Pepino
Topping: Linhaça
Num copo medidor coloque melancia até atingir os 350 ml, manga até
aos 450 ml, 3 mãos de alface, 3 mãos de espinafres, e 3 colheres de chá de chia.
Na centrifugadora junte pepino até 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo
medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
Sumo Hydration
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora e de uma
centrifugadora.

109 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Kiwi
Abacate
Agrião
Espinafres
Salsa
Hemp protein
Laranja
Topping: Girassol
Num copo medidor adicione 4 kiwis, 3\3 de abacate, 3 mãos de agriões, 3
mãos de espinafres, 3 mãos de salsa, e 3 colheres de hemp protein. No espremedor
de citrinos esprema laranjas até chegar aos 500 ml. Por fim todo o conteúdo do
copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
Sumo Nourishment
Para um copo de 500 ml
Vai precisar de uma liquificadora e de um espremedor de citrinos.

110
Insumos:
Framboesa
Alface
Maqui berry
Aipo
Pera
Topping: Cacau
Num copo medidor junte framboesa até aos 250 ml, 3 mãos de alface, e 3
colheres de chá de maqui berry; na angel juice adicione aipo até aos 350 ml; e
na centrifugadora coloque pera até chegar aos 500 ml. Por fim todo o conteúdo
do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo esta pronto num minuto.
Sumo Anti Rust
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma liquificadora, de uma centrifugadora e de uma angel juice.

111 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Insumos:
Papaia
Abacaxi
Espinafres
Maca root
Laranja
Pepino
Topping: Aveia
Num copo medidor junte papaia até aos 350 ml, abacaxi até aos 500 ml,
3 mãos de espinafres, e 3 colheres de chá de maca; no espremedor de citrinos
esprema laranjas até chegar aos 350 ml; e na centrifugadora coloque pepino
até chegar aos 500 ml. Por fim todo o conteúdo do copo medidor é posto na
liquificadora e o seu sumo está pronto num minuto.
Sumo SoftSkin
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de um espremedor de citrinos, de uma liquificadora e de uma
centrifugadora.

112
Insumos:
Melão
Couve-galega
Espinafres
Alface
Coentros
Alga clorela
Limão
Pera
Topping: Cacau
Num copo medidor junte framboesa até aos 250 ml, 3 mãos de alface, e 3
colheres de chá de maqui berry; na angel juice adicione aipo até aos 350 ml; e
na centrifugadora coloque pera até chegar aos 500 ml. Por fim todo o conteúdo
do copo medidor é posto na liquificadora e o seu sumo esta pronto num minuto.
Sumo Slim
Para um copo de 500 ml.
Vai precisar de uma centrifugadora, de uma liquificadora e de um espremedor
de citrinos.

113 ALIMENTAÇ?O AUSTROLOPITECA
Alimentamo-nos pelo motivo imediato da saciedade da necessidade
fisiológica, e, não obstante, a humanidade tem ofendido, e continua a não
respeitar, espécies em risco – quantas espécies terão já sido erradicadas pelo
motivo de uma aparente “fome”? Existem malucos para comer de tudo: afinal a
terra oferece sabores, texturas, propriedades, efeitos e aromas muito particulares
na diversificada cadeia alimentar, como se a terra fosse um restaurante e tudo o
que respira e nos desperte desejo entra no menu. Urge impor fronteiras no que à
qualidade alimentar concerne; no intuito final de que tudo deveria ser biológico
e eco-sustentado.
É importante salientar e relembrar que a nossa consciência da preservação
ambiental não se encontra muito motivada para agir em defesa da nossa melhor
aliada: a natureza. Esta é todos os dias maltratada: a poluição da nossa civilização
agride drasticamente as nossas florestas; somos os senhores da inovação,
os senhores da destruição; matamos todos os dias a possibilidade de novas
gerações poderem respirar ar puro.
Onde nos dirigimos com este apetite desmesurado por comer o mundo?
Esfomeados e incentivados pelos denúbios e catástrofes naturais, inventamos
alimentos procesados, que perduram por séculos, que nos tornam, de certa
forma, independentes do alimento da nossa natureza. Alimentos estes
produzidos para todas as faixas etárias e para todas as personalidades: o leitinho
em pó para os bebés, as barras de cereais milagrosas para manter a silueta,
especialmente para quem quer emagrecer, a água nutritiva para os atletas, o fast
food para quem não tem tempo para esperar pela deliciosa comida caseira, as
gomas e chocolates para mimar aqueles de quem mais gostamos porque não
temos tempo para o fazer, ou até mesmo para afogarmos as nossas magoas com
eles. Outro exemplo são os enlatados e os químicos que preservam o alimento:
inventados para nos alimentarmos durante as guerras e catástrofes naturais, são
agora o pretexto ideal para a confeção de refeições mais rápidas. Farão esses
alimentos bem à nossa saúde orgânica? Novas epidemias globais surgem com o
consumo de produtos tóxicos ao organismo.
E apesar de dependermos da alimentação para viver, é curioso que
vivemos num mundo sem lei alimentar – uma ordem global aceite por todos os
estados, que legislasse os solos e os mares, com uma constituição basilar e de
simples aplicação e seguimento, que, de forma indelével, funcionasse como uma
jurisdição sob o que não se pode fazer. 10 mandamentos, não mais, genérico
e aplicado por essa Ordem dos Mares e Terras no domínio da proteção das
espécies alimentares (ou seja, todas). O futuro seria mais longínquo, e o alimento
teria mais qualidade nutricional.
Sandra de Sá

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