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Pesquisa o mito e o teatro
Como vimos, o teatro ocupava lugar importante na vida das cidades
gregas. Nos palcos, as tragédias e comédias colocavam em debate o pro-
cesso de formação das cidades-Estado, confrontando os valores expres-
sos nas narrativas míticas herdadas de tempos ancestrais com as leis,
assembleias e crenças da pólis.
Em casa ou na escola investigue os seguintes temas:
1. Qual é o significado de mitologia?
r!Pesquise o significado de mitologia em uma publicação impressa (como di-
cionários, enciclopédias, etc.) ou em fontes disponibilizadas na internet.
r!Leia o ar tigo “O mito na tragédia grega”, da revista Cult. Disponível em: <http://
revistacult.uol.com.br/home/2010/03/o-mito-na-tragedia-grega/>. Acesso em:
2 jun. 2016.
r!Assista à discussão “Mito: o nada que é tudo”, com Demétrio Magnoli, Antonio
Medina Rodrigues e José de Paula Ramos Jr., no programa Café Filosófico.
Disponível em: <https://vimeo.com/132499293>. Acesso em: 2 jun. 2016.
2. Como eram as encenações no teatro grego?
3. O que você conhece sobre a encenação de tragédias ou comédias gregas no
Brasil?
Capa da revista Cult. São Paulo:
Bregantini, n. 107, mar. 2010.
O artigo “O mito na tragé-
dia grega” integra o dossiê
“Mito e verdade na tragé-
dia grega”, tema de capa
dessa revista.
Reprodução/Editora Bregantini
r!O diretor romeno Andrei Serban realizou uma montagem, que chamou A trilogia
grega, reunindo três tragédias: Medeia, As troianas e Electra. Nesses espetá-
culos os atores romenos da Companhia Nacional de Bucarest falavam os tex-
tos em grego antigo e latim. A trilogia foi apresentada no Brasil na 21
a
Bienal
Internacional de Ar te de São Paulo, em 1991. Procure na internet um trecho
desse espetáculo emocionante.
r!Pesquise trechos de Oe-
dipus rex (Édipo rei), fil-
me dirigido pelo diretor
e ator britânico Tyrone
Guthrie, em 1957. Nele
temos um exemplo de
uma encenação do tea-
tro clássico grego. Repa-
re nas máscaras, vesti-
mentas, gestual e, em
especial, no papel do
Coro.
Cena de Oedipus rex, filme
de Tyrone Guthrie,
Canadá, 1957 (87 min),
com Douglas Campbell no
papel-título, cercado
pelos membros do coro.
Granger Collection/Glow Images
r!No Brasil, muitas companhias teatrais realizaram adaptações de tragédias e
comédias gregas. Nos últimos anos tivemos algumas muito impor tantes, como
Hécuba, com direção de Gabriel Villela e Walderez de Barros no papel da rainha
de Troia, em 2011. Também para televisão e cinema houve adaptações que
merecem destaque, como Orfeu negro, do diretor Marcel Camus, de 1959.
Investigue sobre as principais adaptações do teatro grego feitas no Brasil.
r!Leia o ar tigo “A tragédia no Brasil: uma abordagem sobre a encenação”, de
Gustavo Machado de Araujo e do grupo gaúcho Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui
Traveiz. Nele você encontra um amplo panorama das encenações das tragédias
gregas no Brasil. Disponível em: <https://sagradocacete.wordpress.com/
2010/06/12/a-tragedia-no-brasil-%E2%80%93-uma-abordagem-sobre-a-
encenacao/>. Acesso em: 2 jun. 2016.
r!Pesquise no site Catraca Livre, que divulga a programação cultural de várias
regiões do Brasil, se há adaptações de teatro grego em car taz. Disponível em:
<https://catracalivre.com.br/>. Acesso em: 2 jun. 2016.
4. Em casa, procure um texto que aborde um mito e selecione um trecho dele para
ser utilizado em uma ação na sala de aula.
r!Pode ser uma frase retirada de um livro, um poema, uma letra de música, uma
notícia de jornal, um ar tigo de revista, um texto de blog ou um trecho de filme.
O impor tante é que se relacione de alguma forma com o mito: um trecho de
uma narrativa, uma definição, um exemplo. Esse texto será usado em uma
das ações propostas na sequência.
Carlos Rennó/Acervo do fotógrafo
Coro, ao fundo, na
montagem de Antígona,
feita pelo Centro de
Pesquisa Teatral (CPT), com
direção de Antunes Filho,
São Paulo, 2005.
96 MATRIZES culturais | CAPÍTULO 3 | A CULTURA DA GRÉCIA ANTIGA | 97
Tar sila do Amar al, A negra, 1923. Óleo sobre tela, 100 cm x 81,3 cm.
Acer vo do Museu de Ar te Contempor ânea da Univer sidade de São
Paulo (MAC-USP).
A negra é uma homenagem à mãe, à ancestralidade. Carac-
terizada pela representação exagerada das formas femi-
ninas, a pintura tornou-se um símbolo modernista.
Um olhar antropológico
Pierre Verger (1902-1996), fotógrafo francês,
veio para o Brasil em 1946 e passou a viver em
Salvador, Bahia. Seduzido pela riqueza da cultu-
ra afro-brasileira, Verger tornou-se um pesquisa-
dor do assunto, documentando os rituais feitos
para os orixás em países da África, em Cuba e no
Brasil. Os resultados de suas investigações, que
revelam diferenças e semelhanças entre as prá-
ticas religiosas desses lugares, foram publicados
em artigos e livros que tratam de forma pioneira
do trânsito da cultura negra no Atlântico.
Negro é lindo
Na década de 1960, nos Estados Unidos, ainda
não existiam direitos civis para os negros nos
estados do sul, como o Alabama. Um incidente
envolvendo uma jovem estudante negra mobili-
zou a população em protestos que se alastraram
por diversas cidades do país, pressionando pelo
fim da segregação racial. Com o movimento pelos
direitos civis, a confiança tomou conta dos ne-
gros, que passaram a dizer em alta voz: “Black is
beautiful”. O cantor James Brown (1933-2006),
um dos criadores do funk (ritmo que gravou em
um disco de 1968), dis-
se: “Fale isto bem
alto: sou negro e
tenho orgulho
disso”. A estéti-
ca negra pela
primeira vez foi
capturada pelo
mundo da moda e
do consumo.
Pierre Verger © F undação Pierre Verger, Salvador, BA.
Conexão
A negritude
Representada pelo
colonizador
No Brasil colonial, as formas de expressão
artística dos africanos e seus descendentes con-
sistiam principalmente em ritos religiosos e lú-
dicos, em que música e dança, ritmo e movimen-
to animavam uma criativa vida comunitária. No
entanto, nos registros e representações feitos por
artistas europeus, como Rugendas, Jean-Baptis-
te Debret (1768-1848) e Thomas Ender (1793-
-1875), entre muitos outros, essas manifestações
foram filtradas por um olhar preconceituoso,
muitas vezes interessado na classificação étnica
ou nos aspectos “exóticos” da vida nos trópicos.
No modernismo
Com o movimento modernista, a partir da dé-
cada de 1920, o componente africano e a misci-
genação passaram a ser entendidos como algo
positivo. Os artistas modernos reconheceram a
cultura popular e a cultura afrodescendente como
formadoras da nação brasileira. Assim, alguns ar-
tistas, como Di Cavalcanti (1897-1976), Candido
Portinari (1903-1962) e Tarsila do Amaral (1886-
-1973), representaram homens e mulheres negros
de forma elogiosa e monumental, ressaltando qua-
lidades como força física, beleza e sensualidade.
Reprodução/Arqui vo da editora
Patr ick Lichfield, fotogr afia par a a revista estadunidense Vogue, 1969.
O orgulho negro influenciou toda a estética da década de
1960. Um fotógrafo de moda inglês captou esse espírito na
imagem da atriz e modelo Marsha Hunt, com cabelos em
estilo black power, publicada em uma revista de grande
tiragem.
Reprodução/Patrick Lichfield/Galeria Nacional de Retratos.
Londres, Inglaterra.
Johann Baptist von Spix e Car l von Mar tius, Batuque em São Paulo,
1823-1831. Litogr afia, 17 cm x 22,4 cm. Coleção par ticular.
Os corpos seminus e os gestos espontâneos chamaram a
atenção de Johann Baptist Ritter von Spix (1781-1826) e
Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), integrantes
alemães da missão artística e científica que acompanhou
a princesa Leopoldina quando veio ao Brasil para se casar
com dom Pedro I. Os europeus consideraram obscena essa
dança, que se prolongava por horas a fio. Surpreenderam-
-se ao constatar que, apesar de proibida pela Igreja, a
prática tinha muitos adeptos no Brasil.
Reprodução/Museu de Arte Contemporânea, São Paulo, SP/Tar sila do Amaral Empreendimentos
Par te do r itual do or ixá Obatalá (Oxalá), fotogr afia de Pier re Ver ger,
1949-1953.
Os primeiros contatos de Pierre Verger com o universo
religioso e profano da cultura afrodescendente ocorreram
na Bahia. No livro Deuses da África, Pierre Verger docu-
mentou, no início da década de 1950, por meio de suas
fotografias, vários aspectos das manifestações religiosas
em comunidades nos países de tradição iorubá, como a
Nigéria, mostrando pessoas, danças dos orixás, procissões
e rituais diversos.
74 MATRIZES culturais | CAPÍTULO 2 | AS CULTURAS AFRICANAS | 75
Arte moderna
O artista carioca Emiliano di Cavalcanti esteve à frente da organização da
Semana de Arte Moderna, evento que reuniu no Theatro Municipal de São
Paulo artistas, poetas e músicos. Na exposição montada no saguão do teatro,
havia pinturas da paulista Anita Malfatti (1889-1964), do pernambucano Vi-
cente do Rego Monteiro e do próprio Di Cavalcanti, além de esculturas do
ítalo-brasileiro Victor Brecheret (1894-1955), entre outros. Em comum, os
artistas que se reuniram em torno do evento tinham a rejeição ao espírito
conservador que tomava conta da produção literária, musical e vi sual no país.
To d o s c l a m a r a m e m s e u s d i s c u r s o s p o r l i b e r d a d e d e e x p r e s s ã o .
Os movimentos de vanguarda que ocorriam na Europa, que em conjun-
to costumam ser chamados de Modernismo, tinham algumas características
em comum, como o desejo de romper com as formas do passado, propon-
do novas soluções estéticas e sociais, e o interesse por questões inerentes
às linguagens artísticas. Os grupos promoviam uma troca estética entre as
linguagens: a poesia sofreu a influência do cinema e da fotografia, a litera-
tura foi afetada pela narrativa do cinema e a arquitetura adotou princípios
de composição da pintura. Nas artes visuais, a pesquisa de novas possibi-
lidades da linguagem levou os artistas a se interessar por uma arte não
representacional, isto é, abstrata, que operava principalmente com formas,
linhas, cores, texturas, pesos e volumes. Eles exploraram novas técnicas e
materiais, buscando uma aproximação entre a arte e a vida cotidiana.
Poucos meses depois da Semana de Arte Moderna, a pintora Tarsila
do Amaral, que estava na França, voltou a São Paulo. Ela logo aderiu ao
grupo dos modernistas, que trabalhava então na publicação da revista
Klaxon – palavra inglesa que significa ‘buzina’.
Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade tornaram-se o centro
do movimento modernista nos anos que se seguiram. Em 1924,
quando Oswald de Andrade redigiu o Manifesto da Poesia Pau-Bra-
sil, Tarsila realizou uma série de pinturas representando persona-
gens e paisagens tropicais. Em 1928, Oswald publicou seu Mani-
festo Antropófago. O texto propunha o termo “antropofagia” para
designar o processo de formação da cultura brasileira. Segundo o
autor, a nós, os brasileiros, cabia deglutir a estética da cultura eu-
ropeia e as influências culturais dos negros e dos indígenas para,
a partir desse “banquete”, produzir algo genuinamente brasileiro.
Representação
Contexto e criação
Emiliano di Cavalcanti, capa do
catálogo e car taz da Semana
de Ar te Moder na. Arquivo
Anita Malfatti. Reprodução
fotogr áfica Romulo Fialdini.
Acer vo do IEB-USP, São Paulo.
O artista, um dos idealiza-
dores da Semana de Arte
Moderna, participou da ex-
posição com doze traba-
lhos e criou o cartaz e o
catálogo do evento.
Anita Malfatti, O homem das sete cores, 1 9 1 5 - 1 9 1 6 . C a r v ã o e p a s t e l s o b r e p a p e l , 6 0 , 7 c m x 4 5 c m .
Museu de Ar te Br asileir a, Fundação Ar mando Alvares Penteado (Faap), São Paulo.
Anita Malfatti, ao valorizar cores e formas em detrimento da representação, foi
precursora da pintura moderna no Brasil. Observe como ela usa o amarelo e o azul
para criar efeitos de luz e sombra que modelam as formas da figura masculina
ambientada entre bananeiras.
Pr imeiro número da revista Klaxon, que circulou
em São Paulo de maio de 1922 a janeiro de
1923.
Publicar uma revista foi a forma encon-
trada pelos artistas que participaram da
Semana de Arte Moderna para continuar
divulgando suas ideias. O escritor Paulo
Menotti del Picchia (1892-1988) definia a
revista: “Klaxon é uma buzina literária,
fonfonando nas avenidas ruidosas da ar-
te nova…”. Embora tenha sido publicada
por menos de um ano, Klaxon tornou-se
um marco nas artes gráficas brasileiras.
A capa do primeiro número mostra a ori-
ginalidade de seu design gráfico. Observe
o uso arrojado da letra A, que aparece uma
única vez, fazendo parte simultaneamen-
te de várias palavras.
Elisabeth di Cavalcanti/Coleção IEB-USP, São Paulo, SP.
Reprodução/Coleção Faap, São Paulo, SP.
Reprodução/Arqui vo da editora
Obser ve a capa da revista Klaxon e responda:
1. Que elementos foram utilizados na composição dessa imagem?
2. Como as letras foram usadas na composição?
3. Como as cores estão organizadas nesse projeto?
4. Como é a legibilidade do texto?
5. Em sua opinião, os ar tistas privilegiaram a forma visual ou o significado do texto?
168 !"#$%&"!'()$("! | CAPÍTULO 5 | MODERNISMO NO BRASIL | 169
Ação acordes e contrapontos
1. Proposição
r!Por meio das atividades propostas a seguir, você poderá experimentar, na
prática, o que já aprendeu em teoria. Sob a orientação do professor, siga o
passo a passo sugerido.
2. Tríades maiores e menores
r!Ouça novamente, no CD de áudio que acompanha este livro, os exemplos de
tríades maiores e menores.
r!Em seguida, experimente algumas combinações de tríades com a ajuda de
um piano, um teclado ou até mesmo um piano vir tual (disponível em: <http://
vir tualpiano.net/>; acesso em: 29 mar. 2016).
r!Para perceber os sons de maneira mais clara, você vai arpejar os acordes, ou
seja, tocar as notas uma a uma, e não de maneira simultânea. Enquanto toca,
tente cantar a nota que você ouve. Para começar, localize o dó central com
base na referência a seguir, que representa a combinação das teclas pretas e
brancas do piano.
20
r!E, outra vez com a ajuda de um piano, teclado ou teclado vir tual, experimente
os seguintes movimentos:
grave agudo
dó
1
ré
2
mi
3
fá
4
sol
5
lá
6
si
7
dó
1
ré
2
mi
3
r!Movimento paralelo: escolha uma nota no teclado e localize a terça acima
dela. Crie e toque uma melodia a par tir da nota inicial escolhida e, simulta-
neamente, faça outra melodia paralela a ela na terça.
r!Movimento oblíquo: escolha uma nota qualquer no teclado e, enquanto a
toca repetidas vezes, execute uma melodia que vá para o agudo ou para o
grave do teclado.
r!Movimento contrário: escolha uma nota qualquer no teclado. As duas melo-
dias vão começar nela, mas, enquanto uma melodia vai para o agudo, a
outra deve ir para o grave.
4. Cantando em contraponto
r!“Samba em prelúdio” é uma canção composta por Vinicius de Moraes e pelo
violonista Baden Powell (1937-2000), em 1962, no período da bossa nova.
Procure ouvi-la na internet, especialmente a interpretação de Baden Powell e
Miúcha (1937), do álbum Vivendo Vinicius (ao vivo), BMG Brasil, 1999.
r!Para conceber “Samba em prelúdio”, seus compositores utilizaram o recurso
do contraponto para combinar duas melodias diferentes. Ouça o áudio que
acompanha este livro para aprender essa canção. Repita a audição até apren-
der a música toda.
r!Observe que a canção pode ser dividida em duas par tes: a primeira vai do início
até o verso “Sem você, meu amor, eu não sou ninguém”; a segunda começa em
“Ah, que saudade...” e vai até “Sem você, meu amor, eu não sou ninguém”.
r!Junte-se a um dos dois grupos em que a turma vai se dividir – grupo A ou
grupo B. Cada par te da canção será cantada por um grupo.
r!O grupo A vai cantar a primeira par te e o grupo B, a segunda. Depois, os dois
grupos deverão cantar a melodia de sua respectiva par te simultaneamente e
terminar juntos.
r!Para não se perder no tempo e manter a simultaneidade das melodias, será útil
retomar a marcação com passos que aprendeu no Capítulo 4. Com todos an-
dando juntos, vai ficar bem mais simples!
5. Avaliação coletiva
r!Troque ideias com o professor e os colegas acerca da execução das ações
propostas: Como foi a experiência de cantar de forma polifônica, ou seja, com
duas melodias simultâneas? Você esperava que as melodias se encontrassem
novamente? Você acha que é possível sobrepor quaisquer músicas, ou seja,
cantar duas melodias diferentes simultaneamente? As atividades desta seção
contribuíram para o entendimento dos conceitos musicais apresentados?
22
Reprodução/Arqui vo da editora
Reprodução/Arqui vo da editora
dó central
Par a achar a nota dó, basta localizar o gr upamento que inclui duas teclas pretas. A nota br anca que inicia esse
gr upamento sempre ser á o dó. Na ilustr ação, localizamos o dó mais adequado par a essa atividade com base
no piano vir tual (disponível em: <http://vir tualpiano.net/>; acesso em: 29 mar. 2016).
r!Vamos chamar a nota dó de 1. Assim, experimente as seguintes combinações:
Acorde A: dó – 1 / mi – 3 / sol – 5
dó
1
ré
2
mi
3
fá
4
sol
5
lá
6
si
7
dó
1
ré
2
mi
3
Acorde B: ré – 2 / fá – 4 / lá – 6
dó
1
ré
2
mi
3
fá
4
sol
5
lá
6
si
7
dó
1
ré
2
mi
3
r!Agora, reflita sobre sua experimentação:
r!Compare a sonoridade dos acordes. Qual é a diferença entre eles?
r!Observe a distância entre 1 e 3 e a distância entre 2 e 4 no teclado. Qual é a
diferença entre elas?
r!Que outras combinações, usando apenas as notas brancas, você pode fazer
para criar acordes maiores e menores?
3. Contrapontos
r!Ouça novamente, no CD de áudio que acompanha este livro, os exemplos dos
diferentes movimentos contrapontísticos.
21
Reprodução/Arqui vo da editoraReprodução/Arqui vo da editora
218 !"#$%&"!'()$("! | CAPÍTULO 6 | UMA ARTE TROPICAL | 219
Reflexão
O Grupo Corpo, já em seu primeiro espetáculo, Maria, Maria, de 1976,
convidou Milton Nascimento para compor a música original que foi core-
ografada. Muitas das coreografias apresentadas pela companhia nesses
quarenta anos de existência foram criadas com base em trilhas originais
concebidas por músicos como Caetano Veloso, Tom Zé, João Bosco, José
Miguel Wisnik e Lenine, entre outros. Para o espetáculo O corpo, que
estreou em 2000, o músico paulista Arnaldo Antunes foi convidado para
criar a trilha sonora. Leia a seguir um fragmento do que o músico escreveu
sobre essa experiência.
As trilhas de um corpo
Síntese estética
No início do processo, trabalhei os momentos
separadamente. Mas logo foi surgindo o desejo
de que aqueles módulos fossem emendados
numa única peça ininterrupta do começo ao fim
do espetáculo. Aí passamos a trabalhar várias
peças no mesmo andamento, ou em andamen-
tos múltiplos uns dos outros, para facilitar as
transições. Passei então a pensar a trilha como
algo meio sinfônico – uma grande peça, com
uma espécie de desenvolvimento (quase um
enredo), em que se desenrolam alguns motivos
recorrentes. O maior desafio foi conseguir trans-
formar organicamente um momento musical em
outro. Várias vezes, o que seria passagem entre
dois momentos acabava por se tornar um ter-
ceiro, composto a partir da intersecção entre
as ocorrências musicais dos dois outros.
[...]
Apropriar-se da ideia de corpo para
criar a música
Antes de começar a gravar, senti a necessida-
de de partir de um motivo, um conjunto de
sentidos, um enredo ou uma ideia, algo que
pudesse ao mesmo tempo inspirar e justificar
a música. O nome do grupo me deu a chave.
Em primeiro lugar, pelo que há de óbvio nisso
– pelo fato de o corpo humano ser a matéria-
-prima da dança, que é música incorporada.
Como se isso já fosse inevitavelmente o assun-
to ali, e faltasse apenas reconhecê-lo. A músi-
ca, assim, passava a adquirir uma nova função:
tornava-se o elo entre o conteúdo (o corpo) e
o meio (o corpo que dança).
Em segundo lugar, pela questão de o corpo já
ser um tema recorrente em meu trabalho, em
várias canções, textos ou imagens, deixando-me
assim muito à vontade para lidar com ele. E a
partir da escolha desse pano de fundo concei-
tual, as coisas foram fluindo naturalmente: as
ideias dos textos, a escolha dos timbres, a pes-
quisa dos ritmos, a edição de sons de voz, etc.
Produzi alguns textos inéditos e selecionei ou-
tros já escritos anteriormente, que de alguma
forma abordavam ou tangenciavam tematica-
mente o corpo humano, para usar na peça.
Alguns deles tiveram uma função quase ins-
trumental, tornando-se apenas parcialmente
compreensíveis, entre muitos canais de vozes
e/ou de cacos de vozes simultâneos. Outros
aparecem com mais clareza. E outros ainda
ficam nesse limiar da inteligibilidade, às vezes
fazendo a referência se diluir no som (como
no início da peça, quando palavras soltas são
repetidas e vão se transformando em ritmo
puro); outras vezes deixando emergir da mas-
sa amorfa algumas luzes esparsas de sentido.
De qualquer forma, tudo que há de palavra na
peça se refere abertamente a corpo.
O tema também me levou a usar (ou a querer
simular) ruídos orgânicos: grunhido, grito, res-
piração, pulsação, som de pele, arfar, salivação,
o sangue bombeado dentro das veias, roçar de
pele, os cabelos batendo, o roncar da barriga,
etc. Eu queria ritmos muito primários, tribais,
tratados com modernidade tecnológica. Como
se tentando criar um híbrido (às vezes harmô-
nico, às vezes contrastante) do corpo como
organismo e do corpo como mecanismo. Isto
é, pensando o corpo como uma manifestação
da natureza e ao mesmo tempo como uma tec-
nologia muito complexa e sofisticada.
O resultado da trilha
Fazer música para dança é diferente de com-
por canção, que é a modalidade musical com
a qual trabalhei desde sempre. O fato de saber
que aquilo vai dialogar com outro código muda
a intenção da feitura.
Quanto a estilo ou gênero eu não saberia res-
ponder precisamente. Eu sempre evito me
situar muito dentro de um estilo reconhecível
enquanto tal. Quero sempre o samba que não
é muito samba, o rock que não é só rock, a
As trilhas de um corpo
[...] Comecei trabalhando sobre alguns temas que compus ao violão e
desenvolvendo outros de forma meio laboratorial dentro do estúdio,
partindo muitas vezes apenas de um procedimento: gravando textos e
decompondo-os, sobrepondo vários canais de vozes, sampleando sons
diversos e construindo ritmos com eles, improvisando melodias sobre
essas bases rítmicas, etc. A isso, somaram-se as colaborações de cada
um dos músicos, que improvisaram e experimentaram livremente, gra-
vando vários canais de ideias para serem mapeadas posteriormente.
Assim, uma parte do trabalho (alguns temas, melodias, textos, sequên-
cias harmônicas, etc.) foi composta antes da gravação e outra a partir
dos sons já gravados, com os recursos de edição em computador, reali-
zada conjuntamente por mim e pelo produtor Alê Siqueira.
O corpo, Gr upo Cor po.
Foto de 2000.
Arqui vo/Grupo Corpo
arte contemporânea | CAPÍTULO 8 | ARTE DE NOSSO TEMPO | 329 328
Contexto e criação Trata de temas relacionados à
linguagem artística abordada, descrevendo as circuns-
tâncias e a estética de uma cultura em determinado pe-
ríodo e lugar específico. Na Representação uma obra é
apreciada de forma atenta por meio de uma reflexão que
estimula a percepção do aluno para o trabalho artístico.
Ação Proposta de atividades indivi-
duais ou coletivas com base na lingua-
gem abordada, respaldadas por orien-
tações teóricas e técnicas detalhadas.
Síntese estética Para encerrar o estudo do capítulo,
os alunos são convidados a produzir coletivamente pro-
postas artísticas em uma linguagem a sua escolha, par-
tindo da leitura de um texto autêntico, de artista ou espe-
cialista no assunto abordado no capítulo.
Pesquisa Proposta de levantamento de
informação que tem por objetivos aprofun-
dar os temas do capítulo e estimular o reco-
nhecimento da cultura local pelo aluno.
Conexão Subdividida em três partes, convida
o aluno a estabelecer vínculos entre os saberes
adquiridos no estudo do capítulo no tempo, no
espaço e no momento em que vive.
Abordagem o hip-hop em duas
linguagens
Proporção
Para fazer grandes painéis nas empenas dos muros, os artistas concebem as imagens inicial-
mente em pequena escala. Em geral, trabalham sobre papel, desenhando suas ideias na mesma
proporção dos painéis que planejam realizar – isto é, usando para cada parte da imagem dimensões
que mantêm com o todo a mesma relação que se observará na imagem ampliada para dimensões
monumentais. Por exemplo, se a empena de um prédio tem 30 metros de altura por 10 metros de
largura, o desenho pode ser estudado dentro de um retângulo de 30 centímetros por 10 centímetros,
isto é, cem vezes menor que o painel final, mas que mantém a mesma proporção. Nesse caso, o de-
senho será feito na escala 1:100.
Essa relação pode ser expressa por meio de duas frações:
3 000
1 000
=
30
10
. E deve ser lida assim: 3 mil
centímetros está para mil centímetros assim como 30 centímetros está para 10 centímetros.
A escala 1:100 pode ser útil para trabalhos em dimensões monumentais, mas é possível tra-
balhar também em outras escalas. Por exemplo, para realizar um painel de 2 metros de altura
por 1,5 metro de largura, um estudo do desenho pode ser feito em um retângulo de 20 centíme-
tros por 15 centímetros, isto é, dez vezes menor que o painel, mas de mesma proporção. Nesse
caso, a escala utilizada é 1:10.
Concluídos os estudos e o projeto final em escala, é preciso ampliar o desenho. Há várias manei-
ras de fazer a ampliação; a seguir, oferecemos duas delas:
1. Trabalhando a partir de uma malha quadriculada
t!%FQPJT!EF!TF!DIFHBS!B!VNB!JNBHFN!TBUJTGBUØSJB!
final, o desenho ou mesmo a pintura, se a imagem
for colorida, devem ser quadriculados. Para isso,
medem-se os lados do retângulo, divide-se cada
lado em unidades iguais, de modo a compor uma
malha de quadrados regulares, e traça-se a malha
sobre o desenho. Veja, ao lado, como ficaria o
quadriculado na parte do painel correspondente
ao rosto da mulher loira de Melim.
t!0!QSØYJNP!QBTTP!Ï!NBSDBS!PT!QPOUPT!EB!NFTNB!
malha no suporte em que será feita a ampliação
seguindo a proporção. Se for sobre folhas de
papel, cada folha pode ser cortada de modo a
corresponder a um quadrado. Fica bem mais fá-
cil desenhar em cada folha as formas determi-
nadas em cada quadrado. Veja, ao lado, como
seria a pintura de uma parte do painel corres-
pondente à boca da mulher.
2. Usando projeção da imagem
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parede ou o suporte final. Nesse caso, um esboço pode ser traçado a lápis, diretamente sobre
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vas cores.
Dança de rua
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ciadas pelas artes marciais, sobretudo pelo kung fu, como a do salto ágil para recuperar a vertical
que os dançarinos fazem depois dos giros no chão. São também reconhecidas as marcas do sapate-
ado estadunidense, como a rapidez dos movimentos dos pés.
Sempre vigorosos, de grande precisão e acrobáticos, os movimentos da dança de rua exigem
muito controle dos dançarinos. No moinho de vento, por exemplo, uma das manobras mais conhe-
cidas da break dance, o B-boy e a B-girl realizam giros no solo em nível baixo, com o dorso em
contato com o chão, em torno de dois eixos simultaneamente. Há outros giros no chão, como o pião
de mão, em que dançarinos, apoiados com apenas uma das mãos no chão, usam o braço como eixo
para girar. Já no pião de cabeça, o giro tem apoio somente na cabeça, com os pés orientados para o
alto, numa posição incomum.
Veja a manobra do moinho de vento nas imagens a seguir:
Vanessa Volk/Fotoarena
Reprodução/<youtu.be/aqTRJTWcSDc>
Reprodução/<www.youtube.com/watch
?v=BE4BeJH9aqY&feature=youtu.be>
Vanessa Volk/
Fotoarena
0!footwork, movimento básico dos B-boys e das B-girls, consiste em um trabalho ritmado e in-
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circular. Mas é por meio do top-rock, outro movimento de pés, que os dançarinos mostram seu esti-
lo quando entram na roda para as batalhas. Muitas manobras se iniciam ou terminam em freezes –
posturas em que o corpo parece congelar. Lembrando a origem estadunidense da break dance, esses
passos e manobras, como muitos outros, ainda são identificados em inglês.
0CTFSWF!P! footwork nas imagens a seguir:
Aventurar-se pela dança de rua significa estar disponível para treinar e desafiar a coordenação
motora e o equilíbrio. Além de boa escuta musical, é preciso desenvolver força física, flexibilidade
e grande controle muscular, para que os movimentos sejam realizados sem risco.
Cenas de tutor ial em vídeo How to Dance Popping Footwor k, com o dançar ino El Tiro. Disponível em: <http://youtu.be/BE4BeJH9aqY>. Acesso em: 30
maio 2016.
Cenas de tutor ial em vídeo Como dançar break – Moinho. Disponível em: <http://youtu.be/aqTRJTWcSDc>. Acesso em: 30 maio 2016.
352 arte contemporânea | CAPÍTULO 9 | ARTE URBANA | 353
Abordagem Traz teorias, fundamentos,
comparações, técnicas e especificidades
da linguagem artística em estudo com o
objetivo de instrumentalizar o aluno para
a atividade prática proposta na sequência.
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