Livro segundo ano

alemnha 3,538 views 57 slides May 05, 2010
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ELABORADO DE ACORDO COM O REFERENCIAL CURRICULAR
DO ENSINO MÉDIO / SED/MS
OLÍVIO MANGOLIM
Possui LICENCIATURA PLENA EM FILOSOFIA pela
PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ (1981)
e CURSO INSTITUCIONAL DE TEOLOGIA pelo STUDIUM
THEOLOGICUM agregado à PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE
CATÓLICA DO PARANÁ (1985). É MESTRE em Educação
pela UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (1999).
Atualmente é presidente do INSTITUTO TÉCNICO JURÍDICO
E EDUCATIVO. Tem experiência na área de Educação, com
ênfase na Área de Concentração: EDUCAÇÃO ESCOLAR e
FORMAÇÃO DE PROFESSORES, atuando principalmente
nos seguintes temas: a questão indígena e o
desenvolvimento regional, Educação Indígena, sociedade e
índios. É professor de Filosofia e Sociologia, Geografia e
História na Escola Estadual Lino Villachá do Bairro Nova
Lima em Campo Grande/MS.
olí[email protected] ou [email protected]
(067) 3354-9265 – (067) 9284-0544
ESCOLA ESTADUAL LINO VILLACHÁ
OLÍVIO MANGOLIM
VAMOS FILOSOFAR:
“ENSAIOS DE INTRODUÇÃO À FILOSOFIA”
“DE COMO SE DÁ O DESVELAMENTO E A
INTERVENÇÃO NA REALIDADE PELA RAZÃO
CIENTÍFICA”
CONTEÚDO PARA 2 º ANO DO ENSINO MÉDIO
CAMPO GRANDE, ABRIL DE 2010

FILOSOFAR PODE SER USADO COM TRÊS SIGNIFICADOS
DISTINTOS:
·Como simples sinônimo de pensar. Doenças ou morte de
pessoas próximas, decepções, perdas irreparáveis... Fazem-
nos pensar (filosofar) sobre o sentido de nossa vida.
·Como sinônimo de “saber viver”. Aqui, filosofar é viver com
sabedoria. O sábio é aquele que se torna um exemplo vivo das
virtudes apreciadas em uma sociedade e é tomado como ponto
de referência para fortalecer o valor das tradições vigentes. É
nesse sentido que as sabedorias orientais são também
chamadas “filosofias”.
·Como “filosofar propriamente dito”, que teve início da
Grécia, em torno dos séculos VI e V a.C.
·PARA OS PRIMEIROS FILÓSOFOS: A RAZÃO É O ÚNICO
INSTRUMENTO PARA LER E INTERPRETAR A
REALIDADE.
A EDUCAÇÃO PARA TODOS
E TODOS PELA EDUCAÇÃO
"Não há mestre que não possa ser aluno” (Baltazar Gracián).
“Não se transforma o Homem em verdadeiro cidadão com
processos educativos repressivos ou de dominação. Nem
tampouco com processos educativos altamente libertadores
sendo manipulados por pessoas dominadoras e repressivas.
Verdadeiros processos educativos que visem a transformação
da sociedade em que vivemos, necessariamente, advirão de
experiências de grupos concretos, onde o processo da
construção dessa experiência de verdadeiros cidadãos, seja
coletivo, tanto na formação dos educadores quanto dos
educandos, no caso, o cidadão brasileiro em geral” (Olívio
Mangolim).

É POSSÍVEL ACREDITAR NAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, E,
QUE, A ÉTICA VALE MAIS QUE O CONHECIMENTO
Ultimamente, tenho concentrado grande parte do meu tempo a ler, um
autor, HOWARD GARDNER , pois ele tem se dedicado a estudar como o
pensamento se organiza.
Para o autor não é admissível que continuemos a medir a inteligência só
pelo raciocínio lógico-matemático, geralmente o mais valorizado na escola.
Segundo Gardner, há outros tipos de inteligência: musical, espacial,
lingüística, interpessoal, intrapessoal, corporal, naturalista e existencial. A
Teoria das Inteligências Múltiplas atraiu a atenção dos professores, o que
fez com que ele se aproximasse mais do mundo educacional.
Hoje, Gardner tem um novo foco de pensamento, organizado no que
chama de cinco mentes para o futuro, em que a ética se destaca. “Não
basta ao homem ser inteligente. Mais do que tudo, é preciso ter caráter”, diz,
citando o filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson (1803-1882). E
emenda: “o planeta não vai ser salvo por quem tira notas altas nas provas,
mas por aqueles que se importam com ele”.
Além de lecionar na Universidade de Harvard e na Boston School of
Medicine, ele integra o grupo de pesquisa Good Work Project, que defende
o comportamento ético.
No que se refere à ética, é necessário imaginar-se com múltiplos papéis:
ser humano, profissional e cidadão do mundo. O que fazemos não afeta
uma rua, mas o planeta. Temos de pensar nos nossos direitos, mas também
nas nossas responsabilidades. O mais difícil com relação à ética é fazer a
coisa certa mesmo quando essa atitude não atende aos nossos interesses.
As pessoas que tem atitudes éticas merecem nosso respeito. O problema é
que muitas vezes respeitamos alguém só pelo dinheiro ou pela fama. O
mundo certamente seria melhor se dirigíssemos nosso respeito às pessoas
extremamente éticas.
O bom trabalhador possui excelência técnica, são altamente
disciplinados, engajados e envolvidos e gostam do que fazem. Além disso,
também são éticos. Estão sempre se questionando sobre que atitude tomar,
levando em conta a moral e a responsabilidade e não o que interessa para o
bolso deles. O bom cidadão se envolve nas decisões, participa, conhece as
regras e as leis: isso é excelência. Por último, não tenta se beneficiar à
custa disso. “Há pessoas bem informadas que só promovem o próprio
interesse. O bom cidadão não pergunta o que é bom para ele, mas para o
país”.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ....................................................................... 7
INTRODUÇÃO ............................................................................ 8
1. A CIÊNCIA ............................................................................ 11
1.1. ETIMILOGIA DA PALAVRA ........................................................... 11
1.1.1. OBJETIVOS DA CIÊNCIA ........................................................... 11
1.1.2. ÁREAS DA CIÊNCIA ................................................................... 12
1.1.3. A CIÊNCIA E FILOSOFIA ............................................................ 12
1.2. SENSO COMUM E O CONHECIMENTO CIENTÍFICO .................. 14
1.2.1. CIÊNCIA E TECNOLOGIA .......................................................... 14
1.2.2. AFINAL, O QUE É O CONHECIMENTO? ................................... 15
1.2.2.1. TEORIA DO CONHECIMENTO NA ANTIGUIDADE ................ 18
1.2.2.2. TEORIA DO CONHECIMENTO NA IDADE MÉDIA ................. 18
1.2.2.3. TEORIA DO CONHECIMENTO NA IDADE MODERNA .......... 18
1.2.2.4. TEORIA DO CONHECIMENTO CONTEMPORÂNEA .............. 19
1.2.2.5. MODOS DE CONHECER O MUNDO ....................................... 20
1.3. CIÊNCIA, POLÍTICA, FILOSOFIA E PODER ................................. 21
1.3.1. O QUE É O PODER ..................................................................... 21
1.3.2. OS ELEMENTOS DO PODER ..................................................... 21
1.3.3. OS RECURSOS DO PODER ....................................................... 21
1.3.4. AS ESTRATÉGIAS DO PODER .................................................. 21
1.3.5. PODER E AUTORIDADE ............................................................ 22
1.3.6. PODER E INFLUÊNCIA ............................................................... 22
1.3.7. A DOMINAÇÃO LEGÍTIMA ......................................................... 22
1.3.7.1. A DOMINAÇÃO LEGÍTIMA TRADICIONAL ............................. 22
1.3.7.2. A DOMINAÇÃO LEGÍTIMA LEGAL-RACIONAL ..................... 23
1.3.7.3. A DOMINAÇÃO LEGÍTIMA CARISMÁTICA ............................ 23
1.3.8. AS FORMAS DE PODER ............................................................ 2 4
1.3.8.1. AS TRÊS FORMAS DE PODER SOCIAL ................................ 24
1.3.9. A CIÊNCIA COMO INSTRUMENTO DO ESTADO ...................... 24

2. A CIÊNCIA NA IDADE MODERNA ...................................... 28
2.1. UMA NOVA CONCEPÇÃO DO HOMEM E DO MUNDO ............... 28
2.1.1. O MOVIMENTO DA REFORMA .................................................. 28
2.1.2. O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA NATURAL ...................... 28
2.1.3. A INVENÇÃO DA IMPRENSA ..................................................... 28
2.1.4. O RENASCIMENTO ..................................................................... 29
2.1.4.1. PENSAMENTO MEDIEVAL E RENASCENTISTA ................... 29
2.2. OS PRECURSORES DA CIÊNCIA MODERNA ............................. 29
2.3. BACON, DESCARTES E LOCKE .................................................. 31
2.3.1. FRANCIS BACON ....................................................................... 31
2.3.1.1. O MÉTODO EXPERIMENTALCONTRA OS ÍDOLOS .............. 31
2.3.1.2. AS FALSAS NOÇÕES RESPONSÁVEIS PELO
INSUCESSO DA CIÊNCIA ....................................................... 32
2.3.1.3. O MÉTODO INDUTIVO DE INVESTIGAÇÃO ........................... 33
2.3.2. RENÉ DESCARTES .................................................................... 34
2.3.2.1. O RACIONALISMO DE RENÉ DESCARTES: IDÉIAS
CLARAS E DISTINTAS – A DÚVIDA METÓDICA
E O COGITO ............................................................................ 34
2.3.2.2. O RACIONALISMO: DOUTRINA QUE ATRIBUI
EXCLUSIVA CONFIANÇA NA RAZÃO HUMANA COMO
INSTRUMENTO CAPAZ DE CONHECER A VERDADE ........ 35
2.3.2.3. RACIONALISMO: A CONFIANÇA EXCLUSIVA NA RAZÃO .. 36
2.3.2.4. O MÉTODO CARTESIANO E HERANÇA DE DESCARTES ... 36
2.3.3. JOHN LOCKE .............................................................................. 37
2.3.3.1. EMPIRISMO: A VALORIZAÇÃO DOS SENTIDOS COMO
FONTE PRIMORDIAL DO CONHECIMENTO ......................... 37
2.3.3.2. AS IDÉIAS PEDAGÓGICAS DE JOHN LOCKE ...................... 39
2.4. O MÉTODO EXPERIMENTAL ........................................................ 39
2.4.1. ELÉMENTOS INTRODUTÓRIOS ................................................ 39
2.4.1.1. O QUE É MÉTODO ................................................................... 39
2.4.1.2. A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO ............................................... 40
2.4.1.3. BENEFÍCIOS DO MÉTODO ...................................................... 40
2.4.1.4. DIFERENÇA DE MÉTODO E TÉCNICA ................................... 40
2.4.2. DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO .......................................... 40
2.4.2.1. GALILEU GALILEI .................................................................... 40
2.4.2.2. FRANCIS BACON .................................................................... 41
2.4.2.3. RENÉ DESCARTES ................................................................. 41
2.5. CIÊNCIAS HUMANAS: TENDÊNCIA HUMANISTA E
TENDÊNCIA NATURALISTA ....................................................... 43
109
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TOBIAS, J.A. Iniciação à filosofia. 8 ed. Presidente Prudente/SP:
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VERNANT, J. P. Entre Mito e Política. São Paulo: Editora da
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_________, J. P. Mito e Pensamento entre os gregos. São Paulo:
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WEBER, Max. Ciência e Política: duas vocações. 13ª edição. São
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WEFFORT, Francisco – Os Clássicos da Política. (Vol. 1) SP: Ed.
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_________, Os Clássicos da Política. (Vol. 1). SP: Ed. Ática, 2000.
(pág. 113-120); (pág. 245-255).
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles – os caminhos do conhecimento.
São Paulo: Editora Odysseus, 2002.

108
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. 2. ed. São
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LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educação. SP: Cortez, 1994.
MARITAIN, J. Introdução geral à filosofia. RJ: Agir, 1978.
MARX, K.; O 18 Brumário de Luís Bonaparte. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1977.
MAYOR, Frederico e FORTI, Augusto. Ciência e Poder, tradução de
Roberto Leal Ferreira. Papirus, 1998.
MERLEAU-PONTY, M.; Elogio da Filosofia. Lisboa: Guimarães Ed., s/
d.
MINOGUE, Kenneth. – Política: uma brevíssima introdução. RJ: Jorge
Zahar Ed., 1998.
MONDIN, B. Introdução à filosofia. SP: Paulinas, 1981.
MORENTE, M. G. Fundamentos de filosofia. 3 ed. SP: Mestre Jou,
1967.
MOSER, P. K.; DWAYNE, H. M.; TROUT, J. D. A Teoria do
Conhecimento: Uma introdução Temática. São Paulo: Martins Fontes,
2004.
MOTTA, Nair de Souza. Ética e vida profissional. Rio de Janeiro:
Âmbito Cultural, 1984.
NOGUEIRA, Marco Aurélio. Em defesa da política. 2ª Ed. São Paulo:
Editora SENAC São Paulo, 2004.
PLATÃO; Defesa de Sócrates. Pensadores, São Paulo: Abril Cultural,
1972.
PLATÃO; República. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
PRADO JUNIOR, C. O que é filosofia. SP: Brasiliense, 1983.
REALE, G; ANTISERI, D. História da Filosofia. Vol. I. São Paulo:
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REIS, José Carlos. A história entre a filosofia e a ciência. SP: Ática,
1996.
RIBEIRO, Renato Janine. A ética na política. São Paulo: Lazuli
Editora, 2006.
RÓNAI, Paulo. Dicionário universal de citações. RJ: Círculo do Livro,
1985.
SANTOS, B. de S. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez,
2003.
SCURO, Neto Pedro. Sociologia Ativa e Didática. SP: Saraiva, 2003.
3. O PENSAMENTO POLÍTICO ............................................... 49
3.1. O CONCEITO DE POLÍTICA E PODER POLÍTICO ....................... 49
3.2. O PENSAMENTO POLÍTICO ANTIGO ........................................... 51
3.2.1. PLATÃO E CIÊNCIA POLÍTICA .................................................. 51
3.2.1.1. A POLÍTICA É TECELAGEM ................................................... 52
3.2.2. ARISTÓTELES E A CIÊNCIA POLÍTICA .................................... 52
3.2.3. OS GREGOS E A POLÍTICA ....................................................... 53
3.2.3.1. A DEMOCRACIA ATENIENSE ................................................. 54
3.2.4. O LEGADO ROMANO PARA A POLÍTICA ................................. 56
3.3. O PENSAMENTO POLÍTICO MÉDIEVAL ...................................... 57
3.3.1. O PODER NA IDADE MÉDIA ...................................................... 57
3.4. O PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO ...................................... 59
3.4.1. NICOLAU MAQUIAVÉL ............................................................... 61
3.4.1.1. BIOGRAFIA DE NICOLAU MAQUIAVÉL ................................. 61
3.4.1.2. FORMAÇÃO E ESTRUTURA DO ESTADO MODERNO ......... 62
3.4.2. THOMAS HOBBES ...................................................................... 64
3.4.2.1. BIOGRAFIA DE THOMAS HOBBES ........................................ 64
3.4.2.2. ABSOLUTISMO E CENTRALIZAÇÃO EM T. HOBBES .......... 67
3.4.3. JEAN JACQUES ROUSSEAU .................................................... 82
3.4.3.1. BIOGRAFIA DE JEAN JACQUES ROUSSEAU ...................... 82
3.4.3.2. A TEORIA DO CONTRATO SOCIAL EM ROUSSEAU ............ 83
3.4.4. MONTESQUIEU ........................................................................... 85
3.4.4.1. A TEORIA DA SEPARAÇÃO DOS PODERES ........................ 85
3.5. O PENSAMENTO POLÍTICO CONTEMPORÂNEO ....................... 86
3.5.1. JOÃO LOCKE: O PRECURSOR ................................................. 86
3.5.1.1. BIOGRAFIA DE JOÃO LOCKE ................................................ 86
3.5.1.2. CONTEXTO HISTÓRICO .......................................................... 87
3.5.1.3. TEORIA DA TÁBULA RASA DO CONHECIMENTO ............... 87
3.5.1.4. ESTADO E PROPRIEDADE – O ESTADO LIBERAL .............. 88

4. MORAL E ÉTICA .................................................................. 90
4.1. O QUE É ÉTICA HOJE? ................................................................. 90
4.2. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ............................................... 92
4.2.1. ÉTICA ........................................................................................... 92
4.2.1.1. DE COMO A TEORIA É UMA FORMA DE PRÁTICA .............. 92
4.2.2. MORAL ........................................................................................ 94
4.2.2.1. QUESTÕES FUNDAMENTAIS DO CAMPO DA MORAL ........ 94
4.3. DISTINÇÃO ENTRE ÉTICA E MORAL .......................................... 94
4.4. ÉTICA, MORAL E DIREITO ............................................................ 95
4.5. NOVOS PROBLEMAS DA ÉTICA .................................................. 96
4.6. CARÁTER HISTÓRICO E SOCIAL DA ÉTICA E DA MORAL ....... 97
4.6.1. GRÉCIA ANTIGA ......................................................................... 98
4.6.1.1. SOFISTAS ................................................................................. 98
4.6.1.2. SÓCRATES ............................................................................... 98
4.6.1.3. PLATÃO .................................................................................... 98
4.6.1.4. ARISTÓTELES ......................................................................... 99
4.6.2. A ÉTICA NA IDADE MEDIEVAL ................................................. 99
4.6.2.1. O QUE DIFERENCIA A ÉTICA CRISTÃ DA ÉTICA GREGA . 100
4.6.3. A ÉTICA NA IDADE MODERNA ............................................... 100
4.6.4. MORAL E ÉTICA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ........ 10 1
4.6.4. MORAL E ÉTICA NA POLÍTICA BRASILEIRA ......................... 10 2
CONCLUSÃO .......................................................................... 10 4
BIBLIOGRAFIA ....................................................................... 10 6
107
FAGUNDES, Márcia Botelho. Aprendendo Valores Éticos. Belo
Horizonte: Autêntica, 2001.
FARIA, M. C. B. Aristóteles: a plenitude do Ser. São Paulo: Moderna,
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à filosofia e à ética da ciência. São Paulo: Ed. UNESP, 1995.
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Porto Alegre: Le PM, 1999.
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1995.
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BOBBIO, Norberto. Política. In: Bobbio, N., Matteucci, N. & Pasquino,
G. Dicionário de Política. 13º Ed. Brasília: Ed. Universidade de
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CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1997.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. História e Grandes
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CUNHA, José Auri. O conceito de pessoa na comunidade dialógica
de investigação. Transcrição da palestra proferida na Mesa-Redonda
'Racionalidade, Ética e Educação', II Encontro Nacional de Educação
para o Pensar. Leia o texto integral em www.cbfc.com.br. (Clique em
"Biblioteca CBFC" e em "Volume 3").
DESCARTES, René. Discurso do Método. 3. ed. São Paulo: Nova
Cultural, 1983. (Col. Os Pensadores).
DROZ, G. Os mitos Platônicos. Brasília Editora Universidade de
Brasília, 1997.
APRESENTAÇÃO
“Se não tivermos presente a tradição histórica, seremos como selvagens
modernos na selva da cidade" (Jostein Gaarder).
O objetivo de elaborarmos esta apostila é colocar às mãos dos
alunos do Ensino Médio o conhecimento dos conteúdos básicos de
Filosofia que permita o desenvolvimento do raciocínio lógico,
aprofundado, sistemático, questionador.
Trata-se da disciplina Filosofia e pretende-se apresentar
aqueles aspectos da Filosofia que darão uma contribuição importante
na formação dos estudantes em relação ao pensar, o aprender, o
conhecer e o falar. Não se ensina e não se aprende a Filosofia.
Aprende-se a filosofar. Por isso é um convite: vamos filosofar.
Ensaios porque as atividades do aprender a aprender, do
conhecer como se conhece, do saber como se sabe, serão feitas
coletivamente, reelaborando o conhecimento a partir da contribuição
de cada estudante. Introdução, do latim Intus (dentro) Ducere
(conduzir), porque coloca os estudantes em contato com a ciência do
ser e do pensar. E, finalmente, a Filosofia. O conhecer é obra dos que
pensam, querem e sentem. Na medida em que se vive se filosofa.
Filosofia é uma atividade do ser humano, é a dinâmica do ser. É a
idéia, sangue do meu sangue. Produzir a idéia, o pensamento. Não
ser apenas meros repetidores. Filosofia é ser e pensar. Consegue
viver melhor quem pensa. Portanto, Filosofia é aprendizado do saber
em proveito do homem.
A coruja na capa é o símbolo da filosofia, pois consegue
enxergar o mundo mesmo nas noites mais escuras. A constituição
física de seu pescoço permite que ela veja tudo a sua volta. Essa
seria a pretensão da filosofia, por meio da razão poder ver
racionalmente e entender o mundo mesmo nos seus momentos mais
obscuros. E ainda, procurar enxergá-lo sob os mais diversos ângulos
possíveis.
Penso logo não me arrependo.
Pensar é produzir conhecimento, é ação sobre a realidade circundante.
Arrependo por não executar o que penso, por executar diferente do
pensado, ou executar sem ter planejado.
Recordo-me de ter pensado e isto é conhecimento de fato.

INTRODUÇÃO
“Nada caracteriza melhor o homem do que o fato de pensar”
(Aristóteles).
Neste primeiro encontro com a ciência chamada FILOSOFIA,
berço de todas as demais ciências, para um grupo de alunos do
Ensino Médio, o filósofo ressente-se de duas atitudes: apreensão e
estímulo.
Apreensivo porque na maioria das vezes se têm a idéia, que a
muito vem sendo disseminada, de que a filosofia é coisa de maluco,
árida e de nenhuma utilidade para a vida. Sem dúvida a ideologia
dominante assim a define, porque interessa. É conhecida aquela
definição de que “filosofia é uma ciência que com a qual ou sem a
qual o mundo vai permanecer tal e qual”
1
. Por isso há os que
zombam. Mas como disse Pascal: “Zombar da filosofia já é filosofar”
2
.
Estimulado por buscar na filosofia a razão última das coisas.
Com sabedoria afirmou o cineasta americano John Huston: “O futuro
do homem não poderá estar dissociado de seu retorno às origens”
3
. A
grande busca da contemporaneidade é a questão da qualidade. Lá na
Grécia Antiga encontramos Platão absorto na discussão de como
administrar a Pólis com justiça, buscando sempre com sabedoria o
melhor caminho. Assim a filosofia hoje há que se preocupar com um
elemento muito importante: o ser humano, aquele que cria e reproduz
a qualidade.
A cada dia que passa é maior a necessidade de que os
indivíduos sejam sujeitos de si mesmos conscientes de sua história.
Até mesmo o mercado já exige um perfil profissional que supõe uma
mão de obra criativa e atuante, e não mais meros executores de
tarefas.
Nossa preocupação, para além do mercado, é com a formação
de um indivíduo crítico e responsável socialmente pelos seus atos.
1
Gregório Marañon (1887-1960), nota à margem de uma de suas obras, Apud.
PAULO RÓNAI, Dicionário universal de citações, p. 374.
2
Pensamentos I, 4.
3
Apud Irene Tavares de Sá, Você também faz a história, p. 58.
105
A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas
atua. É a fatalidade; é aquilo com o que não se pode contar; é aquilo que
confunde os programas, que destrói os planos mais bem construídos. É a
matéria bruta que se rebela contra a inteligência e a sufoca. O que
acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato
heróico (de valor universal) pode gerar, não se deve tanto à iniciativa dos
poucos que atuam, quanto à indiferença de muitos. O que acontece não
acontece tanto porque alguns o queiram, mas porque a massa dos
homens abdica de sua vontade, deixa fazer, deixa enrolarem os nós que,
depois, só a espada poderá cortar; deixa promulgar leis que, depois, só a
revolta fará anular; deixa subir ao poder homens que, depois, só uma
sublevação poderá derrubar. (...)
Os fatos amadurecem na sombra porque mãos, sem qualquer controle a
vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva e a massa não sabe, porque não se
preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo
com visões restritas, os objetivos imediatos, as ambições e paixões
pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens ignora,
porque não se preocupa” (GRAMSCI, Antônio. La città futura. Turim, 1917).
A atitude filosófica empenha-se em conhecer o mundo para
transformá-lo a fim de restaurar a harmonia e a unidade no
pensamento e na própria realidade da existência humana. Ter uma
atitude filosófica quer dizer que estamos utilizando o raciocínio
fundamentado e lógico, tendo uma visão crítica e adulta da realidade
e convicções sustentadas.
Em todos os tempos a Filosofia tenta interpretar o mundo e
entender e transformar o homem, isto é, todo tema importante é
assunto de preocupação filosófica à procura da verdade.

CONCLUSÃO
“Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para
atravessar o rio da vida, ninguém exceto tu. Existem, por certo, inúmeras
veredas, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te do outro lado
do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa: tu te hipotecarias e te
perderias. Existe no mundo um único caminho, por onde só tu podes passar.
Para onde leva? Não perguntes, segue-o” (F. Nietzsche).
A ciência não é uma coleção de fatos e teorias definitivamente
estabelecidas, mas um conhecimento racional – porque crítico –
conjetural, provisório, sempre capaz de ser questionado e corrigido. A
ciência não é uma representação completa e perfeita de fenômenos
diretamente observáveis, mas uma reconstrução idealizada e parcial
da realidade, que explica o visível pelo invisível.
O cientista não realiza uma observação pura e imparcial dos
fatos, mas uma observação guiada por hipóteses e teorias. O cientista
não descobre nem verifica hipóteses por procedimentos indutivos,
mas inventa conjecturas ousadas, surgida de sua imaginação, que
serão testadas o mais severamente possível, através de tentativas de
refutação que façam uso de experimentos controlados. Desse modo,
ele busca teorias cada vez mais amplas, precisas, profundas, de
maior grau de corroboração, com maior poder preditivo e talvez, mais
próximo da verdade.
Finalmente, a visão de ciências exposta nestas aulas pode e
deve ser criticada. Novos critérios para avaliar hipóteses e teorias
científicas devem (e estão sendo) propostos. É desnecessário dizer
que estes critérios, por sua vez, devem também ser criticados, visto
que a ausência de discussão crítica e a aceitação passiva e
dogmática de um conjunto de idéias e teorias são a não ciência, é
pseudociência, enfim, a negação do espírito crítico e da racionalidade
do homem.
“Odeio os indiferentes. Como Federico Hebbel, acredito que ‘viver quer
dizer tomar partido’. Não pode existir os apenas homens, os estranhos à
cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e
partidário. Indiferença é abulia, é parasitismo, é covardia, não é vida. Por
isso, odeio os indiferentes.
A indiferença é o peso morto da história. É a bola de chumbo para o
inovador, é a matéria inerte na qual frequentemente se afogam os
entusiasmos mais esplendorosos. (...)
09
A possibilidade da formação deste indivíduo deve ser
viabilizada para o adolescente e o jovem. Ela não se dá
espontaneamente. Uma das formas de viabilizá-la é através do
processo ensino-aprendizagem das ciências, da filosofia, das artes, e
da experiência de vida de cada um.
Neste contexto, cabe à Filosofia garantir não só a visão de
totalidade da história e do processo do conhecimento, sem negar a
necessidade de especialização hoje imposta, mas também
desenvolver no educando - junto com outras disciplinas - a sua
capacidade de buscar, através da leitura, da observação, da
percepção de transformações ocorridas a partir da sua própria
interferência em situações político-econômico-sociais, o melhor
caminho historicamente possível para a organização da vida em
sociedade.
Desta forma, a disciplina de Filosofia busca fornecer ao
estudante do Ensino Médio o instrumental básico à elaboração de
uma reflexão sobre o mundo, e sobre si mesmo no mundo, de forma
a possibilitar-lhe a conquista de uma autonomia crescente no seu
pensar e agir.
Os trabalhos e atividades serão desenvolvidos a partir de aulas
expositivas; leituras e pesquisas orientadas; seminários; análise,
interpretação e discussão de temas atuais; integração com outras
disciplinas; avaliações. Pois como disse Kant: “Não se ensina
Filosofia, ensina-se a filosofar”
4
.
Ao longo dos três anos do Ensino Médio, espera-se do
estudante:
·Aprender e fixar a leitura interpretativa de textos teóricos;
·Aprender conceitos, saber relacioná-los entre si e aplicá-los em
sua realidade;
·Reconhecer-se como ser produtor de cultura e, portanto, da
história;
·Compreender a produção do pensamento como enfrentamento
dos desafios humanos;
10
4
citado em "Revista Brasileira de Filosofia" - Volume 16, Página 149, 1966.
Disponível em: http://pt.wikiquote.org/wiki/Immanuel_Kant, acessado em 23 de
março de 2010 às 14h:01min.

·Compreender o papel da reflexão, em especial, o da filosófica;
·Saber construir "universos" históricos de diferentes tempos em
seu pensamento sem preconceitos;
·Situar-se como cidadão no mundo em que vive percebendo o
seu caráter histórico e a sua dimensão de liberdade;
·Compreender o conhecimento como possibilidade de libertação
social;
·Compreender o pensamento do seu mundo como síntese de
diferentes culturas anteriores e concomitantes a ele;
·Elaborar criticamente seu próprio pensar a partir de
notícias/análises de jornais/revistas e de suas vivências
concretas.
Este é o caminho que devemos percorrer. A esperança de
caminhar nas linhas que traçamos é infinda, esperamos consegui-lo,
senão o conseguir na totalidade, ao menos em parte.
Olívio Mangolim.
103
Como se não bastasse isto, o que fora decidido ontem já não o
é mais hoje nem o será amanhã, deixando a opinião pública
completamente desnorteada e perplexa, sem saber a que se ater.
Por outro lado, a violência sobe em ritmo assustador. No
Estado do Rio de Janeiro recentemente assistimos a mais uma
chacina que deixou mortos inúmeros menores, crianças e
adolescentes entre os 12 e os 15 anos. Famílias destroçadas, dor,
luto e lágrimas incessantes por causa de um governo sem ética e
uma polícia idem. O povo se cansa e o grande perigo é que ele perca
a capacidade de indignar-se. A indignação, embora não esteja
incluída nos moldes das virtudes clássicas, não deixa de ter seu
elemento de virtude. É uma escala de valores que é agredida, são
princípios que são pisoteados, é a credibilidade naqueles que deviam
ser os guardiões da justiça e do direito e que são, ao contrário, os
primeiros a agir contra tudo isso.
A ética é a parte da Filosofia que estuda os juízos de
apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação
do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada
sociedade, seja de modo absoluto. A ética, portanto, é o estudo dos
valores que regem a conduta humana subjetiva e social. É o
parâmetro que temos para julgar as ações que beneficiam ou
prejudicam a vida humana neste mundo e nesta sociedade.
Parece que neste momento da história do Brasil, nossos
políticos perderam completamente seus parâmetros éticos. E a
impunidade os ajuda no seu esforço de destruir e lançar ladeira
abaixo as referências que fazem a vida humana tolerável e serena e
geram orgulho no coração das novas gerações de pertencerem a
determinado país.
Infelizmente nosso país não tem se esmerado nem se
destacado nisso. Pelo contrário, em recente pesquisa feita sobre
quais as instituições que mereceriam maior credibilidade no Brasil, os
políticos ficaram em último lugar. Por outro lado, é importante que os
cidadãos não permaneçam de braços cruzados vendo as coisas
acontecerem. Indignar-se é preciso. E, sobretudo precisamos de
cidadãos que gritem contra a corrupção que infesta nossas
instituições para finalmente poder caminhar em direção a um futuro
mais risonho, onde reinem a paz, a justiça e o direito.
102

Em lugar da felicidade pura e simples há a obrigação do dever
e a ética fundamenta-se em seguir normas. Trata-se da “Ética da
Obediência”. Que impede o Homem de pensar, e descobrir uma nova
maneira de se ver, e assim encontrar uma saída em relação ao
conformismo de massa que está na origem da banalidade do mal, do
mecanismo infernal em que estão ausentes o pensamento e a
liberdade do agir.
Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. O
homem, com seu livre arbítrio, vai formando seu meio ambiente ou o
destruindo, ou ele apóia a natureza e suas criaturas ou ele subjuga
tudo que pode dominar, e assim ele mesmo se forma no bem ou no
mal neste planeta.
4.6.5.MORAL E ÉTICA NA POLÍTICA
BRASILEIRA: UM GRITO DE INDIGNAÇÃO
O dicionário nos define o sentimento de indignação com as
seguintes palavras: Sentimento de cólera despertado por ação
indigna; ódio, raiva. Desprezo, repulsa, aversão. Nada parece mais
exato do que essas palavras para definirem o sentimento que se
apossa crescentemente do coração de todos os brasileiros ao
presenciarem cada dia na mídia e na imprensa as notícias sobre os
níveis intoleráveis a que chegou a falta de ética e a corrupção entre
os nossos políticos.
É moeda corrente entre nós o fato de vermos representantes
parlamentares eleitos com o voto popular legislarem em causa
própria, para aumentarem os próprios salários e benefícios, enquanto
discutem dias e meses para aumentar irrisoriamente o salário mínimo.
Os aumentos de ganhos salariais vêm por sua vez acompanhados de
atos de nepotismo intoleráveis, quando os políticos em questão
encontram sinuosos caminhos para incluir nos benefícios e benesses
dos quais se fazem possuidores parentes e amigos, desperdiçando
iniquamente o suado dinheiro do povo, que deveria estar sendo
canalizado para geração de empregos e projetos sociais.
1.A CIÊNCIA
O SOL NASCERÁ AMANHÃ? Tanto o senso comum como a
ciência diz que sim... O que diferencia o conhecimento popular do
conhecimento científico? Não é nem pela veracidade, nem pela
natureza do objeto conhecido. O que os diferencia é a forma, o
método do “conhecer”... Daí: O SOL NASCERÁ AMANHÃ, para o
conhecimento popular, porque assim o faz todos os dias. Para a
ciência, porque sabe que a terra gira completamente em torno do seu
eixo a cada 23 horas e 59 minutos, expondo-a ciclicamente à luz
solar, o que para observadores humanos em sua superfície se traduz
no movimento aparente do sol que denominamos “dia”.
1.1.ETIMOLOGIA DA PALAVRA
Etimologia: Ciência vem da palavra latina scientia, que significa
conhecimento. A Ciência é o conhecimento ou um sistema de
conhecimento que abarca verdades gerais ou a operação de leis
gerais especialmente obtidas e testadas através do MÉTODO
CIENTÍFICO. A ciência se caracteriza pela busca de conhecimento
sistemático e seguro dos fenômenos do mundo; Um dos objetivos da
ciência é tornar o mundo compreensível; O homem domina a
natureza não pela força, mas pela compreensão.
1.1.1.OBJETIVOS DA CIÊNCIA
O objetivo da ciência é compreender o universo de um modo
cuidadoso, disciplinado. A prova é a condição para a aceitação das
idéias na ciência, e a prova tem de ser empírica (observação empírica
como base da prova). A ciência deve ser entendida como uma
comunidade de estudiosos que verificam o trabalho uns dos outros,
criticam, debatem e, juntos, constroem lentamente um conjunto de
conhecimentos. A ciência é uma tentativa de generalizar. A ciência é
uma tentativa de explicar eventos, ou seja, de dizer por que as coisas
acontecem, quais são as causas e influências de uma determinada
classe de eventos na natureza. A ciência é uma tentativa de
desenvolver idéias sobre relações de causa e efeito. Melhoria da
qualidade de vida intelectual. Melhoria da qualidade de vida material.

12
1.1.2.ÁREAS DA CIÊNCIA
·Pura – O desenvolvimento de teorias.
·Aplicada – A aplicação de teorias às necessidades humanas.
·Natural – O estudo da natureza ou mundo natural. Exemplos:
Biologia, Física, Geologia, Química, etc.
·Social – O estudo do comportamento humano e da sociedade.
Exemplos: História, Sociologia, Ciências Políticas, etc.
·Biológicas – Estudo do ser humano e dos fenômenos da
natureza. Exemplos: Biologia, Medicina, Odontologia, etc.
·Exatas – Tem origem na física. Exemplos: Física, Matemática,
Computação, etc.
·Humanas – Estudo social e comportamental do ser humano.
Exemplos: Direito, Filosofia, Letras, etc.
1.1.3.CIÊNCIA E FILOSOFIA
“A Ciência está estendendo seu poderio a toda Terra. Mas a
Ciência não pensa. Pois sua marcha e seus métodos são tais
que ela não pode refletir sobre si mesma” (MARTIN
HEIDEGGER).
Por seu lado as ciências experimentais têm a esfera de sua
competência bem definida. Não há como afirmar o mesmo da
filosofia. As ciências experimentais especializaram-se, consideram
seu objeto desde um ponto de vista parcial e derivado.
Definitivamente prescindiram do resto, da totalidade do ser.
Renunciaram ter o caráter de objetos totais. Já a filosofia não recorta
na realidade um pedaço da realidade para estudá-lo, ela sozinha,
esquecendo os demais, mas antes tem por objeto a totalidade do ser.
CIÊNCIAS EXPERIMENTAIS FILOSOFIA
A Botânica estuda as plantas.
A Geografia estuda os lugares.
A História estuda os fatos.
A Medicina as doenças, etc.
E a Filosofia o que estuda? No entender dos
filósofos ela estuda tudo.
Aristóteles: “A filosofia estuda as causas últimas
de todas as coisas”.
Cícero: “A filosofia é o estudo das causas
humanas e divinas das coisas”.
Descartes: “A filosofia ensina a bem raciocinar”.
Hegel: “A filosofia é o saber absoluto”.
Whitehead: “A função da filosofia é fornecer uma
explicação orgânica do universo”.
101
De acordo com esse pensamento, para nos tornarmos seres
morais era necessário nos submetermos ao dever. Essa idéia é
herdada da Idade Média na quais os cristãos difundiram a ideologia
de que o homem era incapaz de realizar o bem por si próprio. Por
isso, ele deve obedecer aos princípios divinos, cristalizando assim a
idéia de dever. Kant afirma que se nos deixarmos levar por nossos
impulsos, apetites, desejos e paixões não teremos autonomia ética,
pois a Natureza nos conduz pelos interesses de tal modo que usamos
as pessoas e as coisas como instrumentos para o que desejamos.
Não podemos ser escravos do desejo.
No século XIX, Friedrich Hegel traz uma nova perspectiva
complementar e não abordada pelos filósofos da Modernidade. Ele
apresenta a perspectiva Homem - Cultura e História, sendo que a
ética deve ser determinada pelas relações sociais. Como sujeitos
históricos culturais, nossa vontade subjetiva deve ser submetida à
vontade social, das instituições da sociedade. Desta forma a vida
ética deve ser “determinada pela harmonia entre vontade subjetiva
individual e a vontade objetiva cultural”.
Através desse exercício, interiorizamos os valores culturais de
tal maneira que passamos a praticá-los instintivamente, ou seja, sem
pensar. Se isso não ocorrer é porque esses valores devem estar
incompatíveis com a nossa realidade e por isso devem ser
modificados. Nesta situação podem ocorrer crises internas entre os
valores vigentes e a transgressão deles.
4.6.4.MORAL E ÉTICA NA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA
Já na atualidade o conceito de ética se fundiu nestas duas
correntes de pensamento:
A ética praxista, em cuja visão o homem tem a capacidade de
julgar, ele não é totalmente determinado pelas leis da natureza, nem
possui uma consciência totalmente livre. O homem tem uma co-
responsabilidade frente as suas ações.

100
A idéia do dever surge nesse momento. Com isso, a ética
passa a estabelecer três tipos de conduta; a moral ou ética (baseada
no dever), a imoral ou antiética e a indiferente à moral.
4.6.2.1.O QUE DIFERENCIA
RADICALMENTE A ÉTICA CRISTÃ DA ÉTICA
GREGA SÃO DOIS PONTOS:
a)O abandono do racionalismo
A ética cristã abandonou a idéia de que é pela razão que se
alcança a perfeição moral e centrou a busca dessa perfeição no amor
a Deus e na boa vontade.
b)A emergência da subjetividade
Acentuando a tendência já esboçada na filosofia de estóicos e
epicuristas, a ética cristã tratou a moral do ponto de vista estritamente
pessoal, como uma relação entre cada indivíduo e Deus, isolando-o
de sua condição social e atribuindo à subjetividade uma importância
desconhecida até então.
4.6.3.A ÉTICA NA IDADE MODERNA: A ÉTICA
ANTROPOCÊNTRICA
As profundas transformações que o mundo sofre a partir do
século XVII com as revoluções religiosas, por meio de Lutero;
científica, com Copérnico e filosófica, com Descartes, imprimem um
novo pensamento na era Moderna, caracterizada pelo Racionalismo
Cartesiano – agora a razão é o caminho para a verdade, e para
chegar a ela é preciso um discernimento, um método. Em oposição à
fé surge agora o poder exclusivo da razão de discernir, distinguir e
comparar. Este é um marco na história da humanidade que a partir
dai acolhe um novo caminho para se chegar ao saber: o saber
científico, que se baseia num método e o saber sem método é mítico
ou empírico.
A ética moderna traz à tona o conceito de que os seres
humanos devem ser tratados sempre como fim da ação e nunca
como meio para alcançar seus interesses. Essa idéia foi
contundentemente defendida por Immanuel Kant. Ele afirmava que:
“não existe bondade natural. Por natureza somos egoístas,
ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que
nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos”.
13
Coerentes com estas definições, até hoje, os filósofos
estudaram todas as coisas. A filosofia é a ciência dos objetos do
ponto de vista da totalidade, enquanto que as ciências particulares
são os setores parciais do ser, províncias recortadas dentro do
continente total do ser. A filosofia é a disciplina que considera o seu
objeto sempre do ponto de vista universal e da totalidade. Enquanto
que qualquer outra disciplina, que não seja a filosofia, o considera de
um ponto de vista parcial e derivado. Concluímos então que a filosofia
estuda tudo.
SÃO DUAS AS RAZÕES PELA QUAL A FILOSOFIA SE
DEBRUÇA A ESTUDAR TUDO:
PRIMEIRA: A filosofia estuda tudo porque todas as coisas,
além de poderem ser examinadas a nível científico, podem sê-lo
também a nível filosófico. Assim os homens, os animais, as plantas, a
matéria, já estudados por muitas ciências e sob diferentes pontos de
vista, são suscetíveis também de uma pesquisa filosófica. Com efeito,
os cientistas se interrogam sobre a constituição da matéria, pergunta-
se o que é a vida, como estão estruturados os animais e os homens,
mas não chegam a enfrentar sérios problemas também referentes ao
homem, aos animais, às plantas, à matéria: por exemplo, o que seja
existir.
SEGUNDA: A filosofia estuda tudo, porque, enquanto as
ciências estudam esta ou aquela dimensão da realidade, a filosofia
tem por objeto o todo, a totalidade, o universo tomado globalmente.
Esta é a característica que distingue a filosofia de qualquer
outra forma de saber: Ela estuda toda a realidade e procura
apresentar uma explicação completa e exaustiva de um domínio
particular da realidade.

14
DIFERENÇA RESIDE NO MÉTODO E NO OBJETO DE PESQUISA
FILOSOFIA É CONSTRUÍDA COM MUITO PENSAMENTO ABSTRATO
5
CIÊNCIA EXIGE UM GRANDE ESFORÇO EXPERIMENTAL
1.2.O SENSO COMUM E O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Conhecimento Popular ou o senso comum é o modo comum,
corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto
com as coisas e os seres humanos: é o saber que preenche nossa
vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem
a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo.
Conhecimento adquirido por tradição ao qual acrescentamos os
resultados da experiência vivida em coletividade.
Conhecimento Científico: Ter informação, distinguir,
reconhecer, avaliar, de acordo com o ponto de vista da ciência.
Conhecimento Científico é um produto resultante da investigação
científica. Surge da necessidade de:
·Encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida
diária (senso comum).
·Do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam
ser testadas e criticadas através de provas empíricas e da
discussão intersubjetiva.
1.2.1.CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Na língua inglesa: CIÊNCIA=KNOWLEDGE= Ciência produz
conhecimento e TECNOLOGIA=KNOW-HOW= Tecnologia produz
técnica. Tecnologia produz técnica. Ciência produz conhecimento.
5
Aquilo que existe na mente mais do que no mundo externo; o conceptual em
contraste com o objetivo; o geral em contraste com o particular. A abstração indica
a atividade com que o intelecto obtém o conhecimento das idéias universais. O
conhecimento se elabora através da ação do intelecto, que tira dos dados da
fantasia o que é fundamental, essencial, negligenciando o que é acidental, peculiar
de um fenômeno particular. Assim, por exemplo, do fantasma (imagem) desta cor
(branco, verde etc.) o intelecto tira a idéia de verde.
99
4.6.1.4.ARISTÓTELES
Aristóteles subordina sua ética à política, acreditando que na
monarquia e na aristocracia se encontraria a alta virtude, já que esta
é um privilégio de poucos indivíduos. Também diz que na prática
ética, nós somos o que fazemos, ou seja, o Homem é moldado na
medida em que faz escolhas éticas e sofre as influencias dessas
escolhas.
O Mundo Essencialista é o mundo da contemplação, idéia
compartilhada pelo filósofo grego antigo Aristóteles. No pensamento
filosófico dos antigos, os seres humanos aspiram ao bem e à
felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta virtuosa. Para
a ética essencialista o homem era visto como um ser livre, sempre em
busca da perfeição. Esta por sua vez, seria equivalente aos valores
morais que estariam inscritos na essência do homem. Dessa forma -
para ser ético - o homem deveria entrar em contato com a própria
essência, a fim de alcançar a perfeição.
CONCLUINDO
Costuma-se resumir a ética dos antigos, ou ética essencialista,
em três aspectos:
1) O agir em conformidade com a razão;
2) O agir em conformidade com a Natureza e com o caráter
natural de cada indivíduo;
3) A união permanente entre ética (a conduta do indivíduo) e
política (valores da sociedade). A ética era uma maneira de educar o
sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar a harmonia entre o
mesmo e os valores coletivos, sendo ambos virtuosos.
4.6.2.A ÉTICA NA IDADE MEDIEVAL : A ÉTICA
CRISTÃ
Com o cristianismo romano, através de S. Tomás de Aquino e
Santo Agostinho, incorpora-se a idéia de que a virtude se define a
partir da relação com Deus e não com a cidade ou com os outros.
Deus nesse momento é considerado o único mediador entre os
indivíduos. As duas principais virtudes são a fé e a caridade.

Através deste cristianismo, se afirma na ética o livre-arbítrio,
sendo que o primeiro impulso da liberdade dirige-se para o mal
(pecado). O homem passa a ser fraco, pecador, dividido entre o bem
e o mal. O auxílio para a melhor conduta é a lei divina.
98
4.6.1.ANTIGA GRÉCIA
As teorias éticas gregas, entre o século V e o século IV a.C.
são marcadas por dois aspectos fundamentais:
Pólis: A organização política em que os cidadãos vivem -as
cidades-estado-, favorecem a sua participação ativa na vida política
da sociedade. As teorias éticas apontam para um dado ideal de
cidadão e de Sociedade.
Cosmos: Algumas destas teorias ético-políticas procuram
igualmente fundamentarem-se em concepções cósmicas.
4.6.1.1.SOFISTAS
Defendem o relativismo (subjetivismo) de todos os valores.
Concepção ética relativista. Afirmavam que não existem normas e
verdades universalmente válidas. Alguns sofistas, como Cálicles ou
Trasimaco afirmam que o valor supremo de qualquer cidadão era
atingir o prazer supremo. O máximo prazer pressupunha o domínio do
poder político. Ora este só estava ao alcance dos mais fortes,
corajosos e hábeis no uso da palavra. A maioria eram fracos ou
inábeis, pelo que estavam condenados a serem dominados pelos
mais fortes.
4.6.1.2.SÓCRATES (470-399 A.C.)
Defende o caráter eterno de certos valores como o Bem,
Virtude, Justiça, Saber. O valor supremo da vida é atingir a perfeição
e tudo deve ser feito em função deste ideal, o qual só pode ser obtido
através do saber. Na vida privada ou na vida pública, todos tinham a
obrigação de se aperfeiçoarem fazendo o Bem, sendo justos. O
homem sábio só pode fazer o bem, sendo as injustiças próprias dos
ignorantes (Intelectualismo Moral).
4.6.1.3.PLATÃO (427-347 A.C.)
Defende o valor supremo do Bem. O ideal que todos os homens
livres deveriam tentar atingir. Para isto acontecesse deveriam ser reunidas,
pelo menos duas condições:
1. Os homens deviam seguir apenas a razão desprezando os
instintos ou as paixões;
2. A sociedade devia de ser reorganizada, sendo o poder confiado
aos sábios, de modo a evitar que as almas fossem corrompidas pela
maioria, composta por homens ignorantes e dominados pelos instintos ou
paixões.
15
Em relação à Ciência pode-se dizer que a Tecnologia é um
passo à frente em direção à Sociedade.
O estudo da interação da radiação com a matéria por Einstein,
o levou a descrever as leis que fundamentam a ação laser. A
invenção do primeiro laser artificial muitas décadas depois, também
foi um grande avanço na Ciência. A fabricação de um laser em escala
industrial passou a ser um desafio tecnológico. Hoje, produzir lasers
para aparelhos de CD é dominar uma tecnologia e nada tem a ver
com Ciência. Dominar Tecnologia não implica em dominar a
Ciência que originou a técnica.
A ciência e a técnica contribuíram não só para o bem da
humanidade, mas também para o mal. Lema: “Descobrir tudo o que
pode ser descoberto. Experimentar tudo aquilo que pode ser
experimentado”.
B E M M A L
- Aumento do conforto da
sociedade;
- Aumento da capacidade destrutiva dos
aparelhos militares;
- Aumento da qualidade de vida em
nível da saúde, higiene, etc.;
- Impacto ambiental;
- Previsão e controle sobre os
fenômenos através do seu estudo.
- Desrespeito pelos direitos humanos em prol
do avanço científico;
- Utilização de conhecimentos potencialmente
benéficos para fins errados.
1.2.2.AFINAL, O QUE É O CONHECIMENTO?
O objetivo do que segue é construir com o leitor um breve
entendimento, através da história, sobre a compreensão das
influências de várias teorias do conhecimento estabelecendo
parâmetros de avaliação, critérios de verdade, objetivação,
metodologia e relação sujeito e objeto para os vários modos de
conhecimentos diante da crise da razão que se instaurou no século
XX e que há de se prolongar neste presente século, através dos

desafios da construção de uma ética normativa compatível com as
evoluções das descobertas e do conhecimento no campo científico.
16
Começamos por conceituar o conhecimento: Conhecimento é a
relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja
conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.
Na Grécia Antiga temos várias visões e métodos de
conhecimento: Sócrates estabelecendo seus métodos: ironia e
maiêutica.
O surgimento da pólis como a primeira experiência da vida
pública enquanto espaço de debate e deliberação, tornou o campo
fértil para a fecundação e o florescimento da filosofia. E a figura
emblemática dessa época, que nada escreveu e da qual se fala até
os nossos dias como o modelo de filósofo, foi Sócrates.
Na praça pública, Sócrates interrogava os homens e instigava-
os a refletir sobre si e sobre o mundo. Sócrates foi uma figura
misteriosa, que questionava as pessoas que encontrava dizendo
buscar a verdade. Voltando-se para fora e para o público, Sócrates
interroga os atores para saber se eles sabem exatamente porque
arriscam suas vidas, a felicidade ou a falta de felicidade (...), assim
como a felicidade dos outros. Sócrates é aquele que chega de
mansinho e, sem que se espere, lança uma pergunta que faz o sujeito
olhar para si e perguntar: afinal, o que faço aqui? É isso o que
realmente procuro ou desejo?
O que é a ironia socrática? O próprio Sócrates, nos diálogos
platônicos, diz que seu destino é investigar, já que a única verdade
que detém é a certeza de que nada sabe. Interrogava, portanto, para
saber e, empenhado nessa tarefa, não raro surpreendia as pessoas
em contradições, resultantes de crenças aceitas de modo dogmático,
de pretensas verdades admitidas sem crítica.
A ironia tinha que ser acompanhada da maiêutica, isto é, o
método socrático constituía-se de duas partes: a primeira mostrava os
limites, as falhas, os preconceitos do pensamento comum e a
segunda iniciava no processo de busca da verdadeira sabedoria.
Numa situação de conflito e de incertezas o ironista, depois de
realizar o exercício da desconstrução e da negatividade, deve ajudar
as pessoas a darem a luz às verdades que, no entender de Sócrates,
traziam dentro de si. O exercício do filosofar, a partir das verdades
encontradas, abria caminhos para múltiplas possibilidades de escolha
e ação.
97
BEM MAL
- Aumento do conforto da sociedade;
- Aumento da qualidade de vida em
nível da saúde, higiene, etc.;
- Previsão e controle sobre os
fenômenos através do seu estudo.
- Aumento da capacidade destrutiva dos
aparelhos militares;
- Impacto ambiental;
- Desrespeito pelos direitos humanos em
prol do avanço científico;
- Utilização de conhecimentos
potencialmente benéficos para fins errados.
A Internet foi um dos “produtos” da evolução do conhecimento
científico que impulsionou em larga escala a aplicação do conceito de
sociedade em rede. Contudo, a dependência deste meio acarreta
tanto vantagens quanto riscos.
VANTAGENS DESVANTAGENS
- Acesso mais rápido e fácil a todo
tipo de informação.
- Aproximação de povos, culturas.
- Oportunidade de usufruir de vários
programas associados (MSN,
Google Eart, etc.).
- Possibilidade de viver numa
“sociedade em rede”.
- Falta de rigor e segurança da informação.
- Abuso da liberdade de expressão, que
pode levar a difamação e manipulação
errada de opiniões.
4.6.CARÁTER HISTÓRICO E SOCIAL DA ÉTICA E DA
MORAL
As teorias éticas nascem e desenvolvem-se em diferentes
sociedades como resposta aos problemas resultantes das relações
entre os homens. A moral é uma construção humana. Os sistemas
morais se adequam às transformações histórico-sociais e se
fundamentam em valores como o bem a liberdade. Os contextos
históricos são, pois, elementos muito importantes para se perceber as

condições que estiveram na origem de certas problemáticas morais
que ainda hoje permanecem atuais.
96
NORMAS MORAIS E NORMAS JURÍDICAS
ASPECTOS COMUNS DIFERENÇAS FUNDAMENTAIS
- Ambas apresentam-se
como imperativas: devem
ser seguidas por todos;
- Elas propõem uma
melhor convivência entre
os indivíduos;
- Orientam-se pelos valores
culturais próprios de uma
determinada sociedade;
- Têm um caráter
histórico: mudam de
acordo com as
transformações histórico-
sociais.
- As normas morais são cumpridas a partir da
convicção pessoal de cada indivíduo enquanto as
normas jurídicas devem ser cumpridas sob pena de
punição do estado em caso de desobediência;
- A Punição, no campo do direito está prevista na
legislação, ao passo que, no campo da moral, a
sansão pode variar bastante, pois depende da
consciência moral do sujeito que infringe a norma;
- Direito: tudo é permitido que se faça, exceto àquilo
que a lei expressamente proíbe. A moral é mais
ampla: atinge diversos aspectos da vida humana;
- A moral não se reduz a um código formal, o direito
sim;
- O direito mantém uma vinculação com o Estado,
enquanto a moral não apresenta esta vinculação.
·De todas essas diferenças, talvez uma mereça maior destaque:
a coercibilidade da norma jurídica, que conta com a força e a
repressão potencial do Estado (através da ação da justiça e da
polícia) para ser obedecida pelas pessoas. Já a norma moral
não é sustentada pela coerção do Estado, isso implica que ela
depende, de certo modo, da aceitação de cada indivíduo para
ser cumprida. Por isso a norma moral costuma ser vinculada,
por alguns filósofos, a idéia de liberdade.
4.5. NOVOS PROBLEMAS DA ÉTICA
A ciência e a técnica contribuíram não só para o bem da
humanidade, mas também para o mal. É seu lema: “Descobrir tudo o
que pode ser descoberto. Experimentar tudo aquilo que pode ser
experimentado”.
17
As perguntas de Sócrates não visavam confundir as pessoas e
ridicularizar seu conhecimento das coisas, mas, motivá-las a alcançar
um conhecimento mais profundo, não só de si próprias, mas também
dos outros, dos objetos e do mundo que as rodeava, provocando
nelas novas idéias. Essa era a sua maneira de filosofar, sua “arte de
partejar”, de ajudar as pessoas a parir, a dar a luz às novas idéias,
arte que dizia ter aprendido com sua mãe, que ajudava as mulheres a
dar a luz aos seus filhos. A interrogação de Sócrates expunha os
saberes dos sujeitos e, ao mesmo tempo, mostrava o quanto as
pessoas não tinham consciência daquilo que realmente sabiam.
Essas atitudes, como dizem os historiadores, fez de Sócrates
uma figura singular e lhe angariou alguns amigos e muitos inimigos.
Embora parecesse neutra e sem um objetivo preciso (Sócrates
parecia não ser partidário de nenhuma das tendências da época e
não defendeu explicitamente nenhum regime político), essa atitude
questionava poderes instituídos, valores consolidados e, por isso,
também pedia mudanças.
Com a ironia, ao trazer à tona os limites dos argumentos
comuns, ao mostrar as contradições ocultas na ordem comumente
aceita, ao revelar, ao abalar as certezas que fundavam o cotidiano,
Sócrates convida ao filosofar como um processo metódico de
elaboração de novos saberes.
Ao afirmar que também ele nada sabia, queria apenas dizer
que um novo caminho para chegar-se a uma nova verdade seria
indispensável. Se ele soubesse esta nova verdade, ele não diria que
nada sabia, pois apenas sabia o caminho, isto é, o começo do
conhecimento e ele queria saber mais. Sócrates proclama que ele
não sabe nada, e esta é sua maneira de trazer à luz o que ele sabe e
o que já sabiam as pessoas honestas à sua volta, (hora pessoas
honestas, acreditam saber tudo e é preciso ironizar um pouco delas
para confrontá-las entre si e ensinar-lhes que elas só tinham opiniões
contraditórias, cuja verdade devia extrair-se do que tivesse verdade)
(LEFEBVRE, 1969, p. 14).

Sócrates, por meio de sua atividade, mostra-nos que o
exercício do filosofar é, essencialmente, o exercício do
questionamento, da interrogação sobre o sentido do homem e do
mundo.
18
A partir dessa atividade Sócrates enfrentou problemas, foi
julgado e condenado à morte. Na história, a filosofia questionadora
incomoda o poder instituído, porque põe em discussão relações e
situações que são tidas como verdadeiras. A filosofia procura a
verdade para além das aparências.
Platão - Doxa - A ciência é baseada na Opinião.
Aristóteles - Episteme - A ciência é baseada Observação
(Experiência).
4.6.1.1.TEORIA DO CONHECIMENTO NA
ANTIGUIDADE
Podemos perceber que os Filósofos gregos deixaram algumas
contribuições para a construção da noção de conhecimento:
a)Estabeleceram a diferença entre conhecimento sensível e
conhecimento intelectual.
b)Estabeleceram diferença entre aparência e essência.
c)Estabeleceram diferença entre opinião e saber.
d)Estabeleceram regras da lógica pra se chegar à verdade.
4.6.1.2.TEORIA DO CONHECIMENTO NA IDADE
MÉDIA
a)Na Patrística - Temos a tendência da conciliação do
pensamento cristão ao pensamento platônico, sendo seu
grande expoente Santo Agostinho.
b)Na Escolástica - Temos a anexação da Filosofia
aristotélica ao pensamento cristão, com o estreitamento da
relação Fé e razão, sendo seu grande expoente São Tomás
de Aquino.
c)Nominalismo - Temos o final do domínio do Pensamento
Medieval, com a separação da Filosofia da teologia através
do esvaziamento dos conceitos. Sendo seus expoentes
Duns Scotto e Guilherme de Oclkam.
4.6.1.3.TEORIA DO CONHECIMENTO NA IDADE
MODERNA
A primeira revolução Científica trouxe várias mudanças para o
pensamento, dentre as quais podemos destacar a mudança da visão
teocentrista (Deus é o centro do conhecimento), para visão
antropocentrista (o homem é o centro do conhecimento). O
racionalismo de René Descartes - O discurso do Método: A máxima
do cartesianismo "Cogito ergo sun".
95
·É uma disciplina teórica com preocupações práticas, a ética
orienta-se pelo desejo de unir o saber ao fazer.
4.1.ÉTICA, MORAL E DIREITO
Ética: conjunto de princípios morais que se devem observar no
exercício de uma profissão.
Moral: conjunto de regras que trata dos atos humanos, dos
bons costumes e dos deveres do homem em sociedade e perante os
de sua classe.
Direito: o que é justo e conforme com a lei e a justiça.
A ética, a moral e o direito estão interligados. A ética consiste
num conjunto de princípios morais, a moral consiste em conjunto de
regras, só que a moral atua de uma forma interna, ou seja, só tem um
alto valor dentro das pessoas, ela se diferencia de uma pessoa para
outra e o direito tem vários significados, ele pode ser aquilo que é
justo perante a lei e a justiça, aquilo que você pode reclamar que é
seu.
A ética tem uma relação maior com as profissões. Ela seria
como uma regra a ser seguida, um dever que profissional tem com
aquele que contrata o seu serviço. A partir do momento em que se
começa a exercer uma profissão, deve-se começar a praticar a ética.
A moral e o direito têm a seguinte base: a moral tem efeito
dentro da pessoa, ela atua como um valor, aquilo que se aprendeu
como certo e o direito tem uma relação com a sociedade, o direito é
aquilo que a pessoa pode exigir perante seus semelhantes, desde
que esteja de acordo com a lei, aquilo imposto pela sociedade.

94
Ninguém que reflita deixa de mudar, embora a mudança possa
ser muitas vezes sentida mais na interioridade do que na objetividade
da vida, nas pequenas do que nas grandes coisas, no que é estrutural
e não aparente. Nenhuma mudança que se dê sem uma modificação
das estruturas profundas pode ser chamada de revolução. Só idéias
sólidas, porque fundamentais para a verdade metafísica e ética de
nossa existência como espécie, sustentam nosso modo de vida, só
outras idéias e novos modos de ver o que existe é que podem mudar
nossa vida.
4.2.2.MORAL
·A palavra moral vem do latim, mos, mor = “costumes” e refere-
se ao conjunto de normas que orientam o comportamento
humano tendo como base os valores próprios de uma
comunidade ou cultura.
·Conjunto de normas de conduta de uma sociedade.
·Como as comunidades humanas são distintas entre si, tanto no
espaço quanto no tempo, os valores podem ser distintos de
uma comunidade para outra, o que origina códigos morais
diferentes.
4.2.2.1.QUESTÕES FUNDAMENTAIS DO
CAMPO DA MORAL
·O que devo fazer para ser justo?
·Quais valores devo escolher para guiar minha vida?
·Há uma hierarquia de valores que deve ser seguida?
·Que tipo de ser humano devo ser nas minhas relações comigo
mesmo, com meus semelhantes e com a natureza?
·Que tipos de atitudes devo praticar como pessoa e como
cidadão?
4.3.DISTINÇÃO ENTRE MORAL E ÉTICA
·A Ética é uma disciplina teórica sobre uma prática humana,
que é o comportamento moral. No entanto as reflexões éticas
não se restringem apenas à busca de conhecimento teórico
sobre os valores humanos, cuja origem e desenvolvimento
levantam questões de caráter sociológico, antropológico,
religioso, etc.
19
O empirismo: John Locke - a experiência; David Hume - a
Crença. O criticismo kantiano: O conhecimento a priori: Universal e
necessário. A herança iluminista: A razão.
4.6.1.4.TEORIA DO CONHECIMENTO
CONTEMPORÂNEA: A CRISE DA RAZÃO
O novo iluminismo de Habermas. A razão crítica precisa:
a)Fazer a crítica dos limites.
b)Estabelecer princípios éticos.
c)Vincular construção a raízes sociais.
A construção do conhecimento fundado sobre o uso crítico da
razão, vinculado a princípios éticos e a raízes sociais é tarefa que
precisa ser retomada a cada momento, sem jamais ter fim.
O assunto é por demais amplo e muito bem discutido por
vários filósofos. Nossa pretensão foi apensas de trazer uma reflexão
através de um esboço sistemático da história do conhecimento.
Deixamos para apreciação através de uma análise analítica e
crítica os principais modos de conhecer o mundo e suas formas de
abordagens para se chegar ao conhecimento verdadeiro.

4.6.1.5.MODOS DE CONHECER O MUNDO
Modos de
Conhecer
o Mundo
Critérios de
verdade
ObjetivaçãoMetodologia Relação sujeito-
Objeto
O Mito A Fé Dogmatismo -
Doutrinamento
e Proselitismo
A
experiência
pessoal
Relação
Suprapessoal, onde
a Revelação do
Sagrado se
manifesta (revela)
sobrenaturalmente
ao profano através
do rito (Dramatização
do mito, ou seja, da
liturgia religiosa).
A
Filosofia
A razão A razão
discursiva.
A dialética
(O discurso)
Relação transpessoal
onde a palavra diz as
coisas. O mundo se
manifesta pelos
fenômenos e é
dizível através do
logos.
O Senso
Comum
A cultura ética e
moral
A Tradição
cultural
As crenças
silenciosas
(Ideologias)
Relação interpessoal,
onde a ideologia
estabelecida pelas
idéias dominantes e
pelos poderes
estabelecidos.
A Arte A estéticaEsteticismo = A
subjetividade
do artista e do
contemplador
(observador) da
arte.
O gosto Relação pessoal,
onde a criatividade e
a percepção da
realidade do autor e
a interpretação e
sensibilidade do
observador.
A Ciência A
experimentação
Objetividade -
Comprovação
de uma
determinada
tese de modo
objetivo
A
observação
Relação "impessoal",
A isenção do
cientista diante de
sua pesquisa: O mito
da neutralidade
científica.
93
1- Ou na omissão, na passividade que é a forma negativa da
ação, uma espécie de ação contraditória, ação como não-fazer, pela
qual temos que fazer um certo esforço, no sentido de assumir uma
postura de inação. Neste caso, quando vejo o mundo e, por medo ou
por preguiça, ou mesmo por cálculo de vantagens (numa postura
utilitarista imediata) eu decido “ficar na minha”;
2- Ou conforme a ação positiva, a ação propriamente dita,
aquela pela qual temos que escolher, deliberar e responsabilizar-nos.
Em ambos os casos, posso agir movido por motivos externos ou
internos. Submetido a uma força alheia à minha vontade ou não. A
questão da decisão se torna essencial neste caso, pois é apenas a
decisão consciente que conseguimos assumir se somos éticos.
Porém, a questão maior é “se podemos assumir o que não sabemos
que fazemos”. Quem não pensa não sabe o que faz, mas hoje em dia
isto não pode ser desculpa. Pensar, refletir, tornou-se um imperativo
ético num contexto de vazio do pensamento que leva à banalização
de todas as coisas.
Todas as minhas ações são movidas por pensamentos sejam
eles conscientes ou inconscientes, sejam claros ou obscuros, sejam
meus ou não. Se não penso é possível que outrem esteja pensando
no meu lugar e promovendo minhas ações, pois o território dos
pensamentos é comum, é compartilhado.
Pensar é outra tarefa urgente. É o modo mais direto de reunião
entre razão e sensibilidade, entre o raciocínio lógico necessário à
produção da vida, às ações concretas e os dados que nossa atenção
e percepção recolhem da realidade na qual estamos inseridos.
A rigor não há teoria sem prática, do mesmo modo que não há
prática sem teoria, pois todo pensamento leva a uma ação ou
omissão, ao agir ou à inércia. Julgamos mal o pensar que leva à

omissão e à inércia, pois sabemos que não há uma ação consistente
sem uma teoria que lhe dê bases seguras de compreensão. Pensar é
o começo da prática.
Não há ação coerente sem uma compreensão prévia das
circunstâncias onde as coisas precisam ocorrer. O pensamento
reflexivo é aquele que tem o poder de provocar mudanças ao seu
redor.
92
Por isso, antes de mais nada, a urgência que se tornou
essencial hoje – e que por isso mesmo, por ser essencial, muitos não
percebem – é tratar a ética como uma trabalho da lucidez quanto ao
que estamos fazendo com nosso presente, mas sobretudo, com o que
nele se planta e define o rumo futuro. Para isso é preciso renovar
nossa capacidade de diálogo e propor um novo projeto de sociedade
no qual o bem de todos esteja realmente em vista.
4.2.CONCEITO E CARACTERÍSTICA
4.2.1.ÉTICA
·A palavra ética vem do grego, “modo de ser”, “comportamento”.
·O que se pode? O que não se pode? Fundamentado em
pressupostos. Estamos sempre diante de posições distintas e
precisamos decidir. “A característica específica do homem em
comparação com os outros animais é que somente ele tem o
sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e de outras
qualidades morais” (Aristóteles, Política, p. 15).
·A ética é uma disciplina teórica sobre uma prática humana.
·É necessário unir o saber ao fazer (TEORIA + PRÁTICA).
·Aplicar o conhecimento sobre o ser para construir aquilo que
deve ser.
4.2.1.1.DE COMO A TEORIA É UMA FORMA
DE PRÁTICA
Todo conhecimento nasce de um gesto humano pelo querer
saber. Este gesto já é em si mesmo uma atitude. Atitude é um termo
que define uma forma de prática. Teoria e prática, olhar e fazer,
perceber e agir, estão mais próximos do que costumamos pensar. Só
não estamos tão acostumados a pensar que nosso próprio pensar é
ele mesmo uma forma de ação. Por que podemos dizer isso? Porque
nossos pensamentos sempre nos levam a agir sob duas formas
básicas:
21
4.7.CIÊNCIA, POLÍTICA, FILOSOFIA E PODER
“O homem é um ser que precisa de um chefe. Até os homens que acreditam
dominar também precisam de tal chefe; e eles são pouco capazes de se
valerem desta sua chefia, se finalmente é um homem quem deve ser o último
chefe” (Kant).
4.7.1.O QUE É O PODER
Só existe poder na relação com outras pessoas que delegam
ou deixam o poder na mão de alguém.
O poder não é uma substância! Não é tangível, pois não é
coisa. Portanto, não é algo que se tem ou não. Poder é exercício. É
ato. É realização. Daí dizermos que o poder não é um jogo de soma-
zero, mas uma relação assimétrica entre dois atores políticos. Poder
é fazer valer a sua vontade.
4.7.2.OS ELEMENTOS DO PODER
·COERÇÃO: obrigar a outros, pela força ou imposição, que
façam aquilo que desejamos.
·INFLUÊNCIA: fazer com que os outros ajam como se fosse
por vontade própria, por persuasão. Coerção + Influência =
Poder.
4.7.3.OS RECURSOS DO PODER
Recurso de poder é tudo o que nos dá esta condição ou
capacidade de dominar. Podemos afirmar, então, que têm mais poder
aqueles que têm mais recursos. Quanto maiores são os recursos de
alguém, maior é a sua capacidade de fazer valer a sua vontade. Os
recursos do poder são:
·Econômicos - valores econômicos;

·Simbólicos - imagem pessoal, cargos à disposição de um
político para distribuição entre partidos que o apóiem,
informação, conhecimento, posição ocupada na organização
social, capital social, etc.;
·Subjetivos - qualidades pessoais, competência, carisma;
·Coercitivos - poder militar, poder de polícia, censura.
4.7.4.AS ESTRATÉGIAS DO PODER
Não basta possuir recursos de poder. É necessária a
estratégia. O recurso depende de estar disponível, de nossa vontade
de usá-lo, de nossa capacidade de usá-lo. Análise do poder: para
averiguar até onde alguém detém o poder, no caso, por exemplo, do
presidente da república é necessário que se tenha presente: os
recursos + estratégias.
4.7.5.PODER E AUTORIDADE
A estrutura social é composta de uma rede de posições
sociais, cada qual vinculada a um certo grau de poder, pois as
posições são recursos de poder. Ao poder que emana da posição
num grupo ou na sociedade, chamamos de AUTORIDADE.
4.7.6.PODER E INFLUÊNCIA
Definiremos influência como a capacidade de um ator A alterar
o comportamento de um ator B na direção desejada por A. Algumas
distinções úteis:
·PODER COERÇÃO: é o processo pelo qual a conduta de um
ator B é alterada mediante severas sanções aplicadas contra a
vontade de B.
·PODER INFLUÊNCIA: é o processo pelo qual a conduta ou a
disposição de agir de um ator B é alterada segundo as
preferências, desejos, expectativas ou intenções de um outro
ator.
A Influência pode se dar ainda de forma manifesta ou de forma
implícita e poderá ser uma Influência positiva ou influência negativa.
4.7.7.A DOMINAÇÃO LEGÍTIMA
Mas a dominação política não se exerce somente por meio da
influência e do recurso à força... Existe a dominação legítima, isto é,
aquela que é fundada no consenso do próprio dominado.
O poder pode fundamentar-se sobre: medo, promessas, afeto
ou ganância. Mas nada é tão permanente e estável quanto a
autoridade legítima. Dominação Legítima significa, em essência, que
alguém tem o direito de comandar outros, e esses outros têm a
obrigação de obedecer. Existem três tipos de dominação legítima:
tradicional, legal-racional e carismática.
91
Há, neste contexto, quem pense que ser corrupto não exclui a
ética. E isso não é opinião de ignorantes que não freqüentaram
escola alguma, mas de muitos ditos “cultos” e “inteligentes”. Quem
hoje se preocupa em entender do que se trata? Quem se preocupa
em não cair na contradição entre teoria e prática? Em discutir ética
para além dos códigos de ética das profissões pensando-a como
princípio que deve reger nossas relações?
Exatamente pela falta de compreensão do seu fundamento, do
que significa a ética como elemento estrutural para cada um como
pessoa e para a sociedade como um todo, é que perdemos de vista a
possibilidade de uma realização da ética. A ética não entra em
nossas vidas porque nem bem sabemos o que deveria entrar. Nem
sabemos como. Mas quando perguntamos pela ética, em geral, é
pelo “como fazemos para sermos éticos”, que tudo começa. Aí
começa também o erro em relação à ética. Pois ético é o que
ultrapassa o mero uso que podemos fazer da própria ética quando se
trata de sobreviver. Ética é o que diz respeito ao modo de nos
comportamos e decidirmos nosso convívio e o modo como
partilhamos valores e a própria liberdade. Ela é o sentido da
convivência, mais do que o já tão importante respeito do limite próprio
e alheio. Portanto, desde que ela diz respeito à relação entre um “eu”
e um “tu”, ela envolve pensar o outro, o seu lugar, sua vida, sua
potencialidade, seus direitos, como eu o vejo e como posso defendê-
lo.

A Ética permanece, porém, sendo uma palavra vã, que usamos
a esmo, sem pensar no conteúdo que ela carrega. Ninguém é ético só
porque quer parecer ético. Ninguém é ético porque discorda do que
se faz contra a ética. Só é ético aquele que enfrenta o limite da
própria ação, da racionalidade que a sustenta e luta pela construção
de uma sensibilidade que possa dar sentido à felicidade. Mas esta é
mais do que satisfação na vida privada. A felicidade de que se trata é
a “felicidade política”, ou seja, a vida justa e boa no universo público.
A ética quando surgiu na antiguidade tinha este ideal. A felicidade na
vida privada – que hoje também se tornou debate em torno do qual
cresce a ignorância - depende disso.
4.MORAL E ÉTICA
“Aquele que era totalmente divino se tornou humano, para que os humanos
se tornassem divinos”.
“O verdadeiro humanismo não tem fronteiras, nem o céu lhe impõe limites”.
4.1.O QUE É ÉTICA HOJE?
A palavra ética aparece em muitos contextos de nossas vidas.
Falamos sobre ética em tom de clamor por salvação. Cheios de
esperança, alguns com certa empáfia, exigimos ou reclamamos da
falta de ética, mas não sabemos exatamente o que queremos dizer
com isso. Há um desejo de ética, mas mesmo em relação a ele não
conseguimos avançar com ética. Este é nosso primeiro grande
problema.
O que falta na abordagem sobre ética é justamente o que nos
levaria a sermos éticos. Falta reflexão, falta pensamento crítico, falta
entender “o que é” agir e “como” se deve agir. Com tais perguntas é
que a ética inicia. Para que ela inicie é preciso sair da mera
indignação moral baseada em emoções passageiras, que tantos
acham magnífico expor, e chegar à reflexão ética. Aqueles que
expõem suas emoções se mostram como pessoas sensíveis,
bondosas, crêem-se como antecipadamente éticos porque emotivos.
Porém, não basta. As emoções em relação à política, à miséria ou à
violência, passam e tudo continua como antes. A passagem das
emoções indignadas para a elaboração de uma sensibilidade
elaborada que possa sustentar a ação boa e justa - o foco de
qualquer ética desde sempre - é o que está em jogo.
Falta, para isso, entendimento. Ou seja, compreensão de um
sentido comum na nossa reivindicação pela ética. Falta para se
chegar a isso, que haja diálogo, ou seja, capacidade de expor e de
ouvir o que a ética pode ser. Clamamos pela ética, mas não sabemos
conversar. E para que haja ética é preciso diálogo. E por isso,
permanecemos num círculo vicioso em que só a inação e a
ignorância triunfam.
Na inanição intelectual em voga, esperamos que os cultos, os
intelectuais, os professores, os jornalistas, todos os que constroem a
opinião pública, tragam respostas. Nem estes podem ajudar muito,
pois desconhecem ou evitam a profundidade da questão.
23
4.7.7.1.A DOMINAÇÃO LEGÍTIMA TRADICIONAL
É a dominação em virtude da crença na santidade das
ordenações e dos poderes senhoriais de há muito existentes. Ocorre
sempre que a relação de domínio esteja fundada na dependência
pessoal ou na honra estamental, por vínculos de fidelidade e em
princípios materiais, com ausência de direito formal. Relação de
domínio fundada na dependência pessoal.
Estrutura puramente patriarcal: servidores recrutados em
completa dependência pessoal do senhor, sob a forma patrimonial
(escravos, servos, eunucos) ou extra patrimonial (favoritos, plebeus,
parentes). Tipo mais puro: sultanato
6
.
6
País governado por um sultão. Poder absoluto do Sultão sobre uma região em
determinado período histórico, não estando sujeito a obediência de outro poder.
Caracteriza-se pela extrema influência política e econômica, ampla riqueza,
centenas de serviçais pessoais e mordomias infindáveis. Um exemplo clássico é o
Império Turco e por associação figurativa podemos usar o termo para definir
poderes exercidos por países ou seus segmentos que praticam o nepotismo, se
beneficiam do poder para obter regalias e privilégios, pouco ou nenhuma
transparecia das despesas e uso político dos cargos e funções públicas. Um
exemplo figurativo: o Senado Brasileiro.

4.7.7.2.A DOMINAÇÃO LEGÍTIMA LEGAL-
RACIONAL
É a dominação em virtude de estatuto, de tal modo que
qualquer direito pode ser criado e modificado mediante um estatuto
sancionado corretamente quanto à forma. Ocorre sempre que a
competência de mando esteja fundada sobre regras estatuídas e que
o exercício do direito de domínio seja congruente com o tipo de
administração legal.
4.7.7.3.A DOMINAÇÃO LEGÍTIMA CARISMÁTICA
É a dominação em virtude de devoção afetiva à pessoa do
senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente, a
faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de
oratória. Ocorre sempre que a dominação se dê em função do
reconhecimento pessoal e se constitua em dever da comunidade em
relação ao líder.
4.7.8.AS FORMAS DE PODER
O poder subordina as pessoas, que lhe dão essa prerrogativa
em no intuito de se conseguir viver em harmonia com seus
semelhantes.
Vale dizer que o poder somente poderá ser considerado dentro
de uma sociedade e em relação a duas ou mais vontades, sendo que
uma irá sempre sobressair em relação à outra, submetendo as
demais.
Há quem diga que não há nenhuma necessidade a existência
de um poder social que coordene e controle a sociedade.
Embora sejam diferentes as justificativas para tal resistência ao
poder social, pode-se dizer que todos aqueles não aceitam essa
necessidade seriam todos denominados anarquistas.
4.7.8.1.AS TRÊS FORMAS DE PODER SOCIAL
·Poder econômico: que utiliza a posse de certos bens
socialmente necessários para induzir aqueles que não os
possuem adotar determinados comportamentos, como, por
exemplo, realizar determinado trabalho.
·Poder ideológico: que utiliza a posse de certas idéias,
valores, doutrinas para influenciar a conduta alheia, induzindo
as pessoas a determinados modos de pensar e agir.
·Poder político: que utiliza a posse dos meios de coerção
social, isto é, o uso da força física considerada legal e
autorizada pelo direito vigente na sociedade.
·O que essas três formas de poder têm em comum?
“É que elas contribuem conjuntamente para instituir e manter sociedades de
desiguais divididas em fortes e fracos, com base no poder político; em ricos e
pobres, com base no poder econômico; em sábios e ignorantes, com base no
poder ideológico. Genericamente, em superiores e inferiores”
7
.
4.7.9.A CIÊNCIA COMO INSTRUMENTO DO ESTADO
Na sociedade contemporânea cada vez mais a ciência
demonstra seu poder de sanar problemas. Mas, a mesma ciência que
sinaliza eficácia nas soluções de problemas é forçada a criar outros,
para sua própria sobrevivência, quem sabe?
89
2) Séc. XVIII - a burguesia não se contentava mais em ter
apenas o poder econômico, queria também o poder político e a
monarquia absoluta não conseguiu impedir a expansão capitalista –
Reis sequiosos de fundos para manter a burocracia e os exércitos
permanentes.
3) Séc. XVIII – França – Rei sugere que o clero e a nobreza
paguem impostos – recua – forças sociais emergem resultando em
uma crise social e institucional (1788) – instalação dos Estado Gerais
(duplicação do número de representantes do Terceiro Estado).
Contrato Social de Locke = importante componente teórico
para os revolucionários burgueses – idéia de indivíduo aliada a de
direitos pessoais que provém da natureza como dádiva de Deus –
doutrina do direito a resistência (vontade e consentimento)
Liberalismo = doutrina que se foi forjando nas marchas contra
o absolutismo e no crescimento do individualismo – constituição –
poder monárquico limitado e um bom grau de liberdade civil e
religiosa = Estado Mínimo (garantia de paz e segurança, apenas).
7
BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade – para uma teoria geral da
política. RJ, Paz e Terra, 1987, p. 83.

1) Moral= liberdade, dignidade e vida. Todo
indivíduo deve ser respeitado e ter a liberdade de
buscar sua auto-realização (mobilidade social)
Núcleos 2) Político-Jurídico= consentimento individual,
representação, constitucionalismo e soberania
popular.
3) Econômico= direito econômicos e
propriedade, individualismo econômico/sistema
de livre empresa/capitalismo – o mercado se
auto-regula. A competição é o termômetro.
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
1) Separação entre Estado e Sociedade Civil mediada pelo
Direito (ideal de Justiça);
2) A garantia das liberdades individuais;
3) A democracia; a origem consensual do Estado, a idéia de
representação e a imposição de um controle hierárquico da produção
legislativa através do controle de constitucionalidade.
4) Estado Mínimo.
88
- Contrato Social: Tem como objetivo evitar os inconvenientes
do estado de natureza, consolidando ainda mais os direitos naturais
que os Homens já possuíam. É baseado no consentimento unânime.
Com o pacto cria-se um corpo político único, dotado de legislação,
judicatura e da força concentrada da comunidade.
3.5.1.4.ESTADO E PROPRIEDADE. O
ESTADO LIBERAL. A DOUTRINA DO
DIREITO À RESISTÊNCIA E O
INDIVIDUALISMO LIBERAL.
- Estado: Liberal ou Estado-mínimo
8
. O povo deve escolher a
forma de governo e os representantes dos 3 poderes (legislativo,
executivo e federativo).
- Fundamento originário da propriedade: capacidade de
trabalho.
- Doutrina do Direito a resistência: quando o Estado viola
deliberada e sistematicamente a propriedade, o povo tem o direito
legítimo de resistir à opressão. Volta-se ao estado de natureza.
a)ESTADO LIBERAL
Postura ultra-individualista, assentada no comportamento
egoísta, concepção individualista e formal da liberdade onde há o
direito e não o poder de ser livre.
ANTECEDENTES HISTÓRICOS:
1) Séc. XVII - surgiu na Inglaterra (Revolução Inglesa) na luta
política que culminou na Revolução Gloriosa de 1688 contra Jaime II
– objetivos: tolerância religiosa e o governo constitucional. Os Wighs
são os ancestrais do liberalismo.
25
A ciência utiliza-se do conhecimento como instrumento para
demonstrar a “verdade” e como meio de diminuição das distâncias
entre as pessoas, sem falar na redução das doenças que trouxe
também à tona a revolução industrial, revelando os segredos da
natureza, conquistando, enfim, a liberdade de investigação.
8
O Estado Liberal apoiava-se nos princípios da liberdade pessoal, do
individualismo, da tolerância, da dignidade e da crença na vida. O Estado iria
debruçar-se sobre os direitos econômicos, a propriedade privada, o sistema da livre
empresa e a economia de mercado livre do controle estatal. O liberalismo se dava
mediante a garantia dos direitos políticos (direito ao voto, direito de participar e
decidir que tipo de governo eleger e que espécie de política seguir, o consentimento
individual, a representação e o governo representativo, o constitucionalismo político,
a teoria da separação dos poderes e a soberania popular.

Entretanto, diante de tantas benesses, há também: a miséria
trazida pelos avanços científicos que não tem a preocupação de
elastecer os benefícios para toda sociedade de forma igual. É meio
dicotômico, mas em meio à abundância, existe a miséria, a carência,
doenças que ainda matam os pobres, que não gozam dessa
“maravilha” científica.
Essa relação de ciência e poder traz conseqüências terríveis
para sociedade, a partir do momento que o Estado tem o controle e a
utiliza como instrumento de manipulação para sobrepor a outros
povos, como aconteceu num período histórico que se utilizaram desse
mesmo conhecimento para justificar a superioridade cultural de um
povo; prevalecendo a idéia etnocêntrica.
Submetendo esse povo dito inferior as suas leis; ferindo o
espírito democrático do conhecimento que deve pertencer às
pessoas, a sociedade como um todo e não como instrumento de
manipulação de um grupo ou Estado, ou seja, daquele que possui
maior poder aquisitivo.
Na fala configura-se de forma substancial o poder da ciência,
que leva uma sociedade inteira a acreditar num conhecimento
científico que beneficia alguns grupos ou grupo dessa sociedade, que
se apoderam de argumentos para justificar interesses próprios ou até
mesmo de um governo que se utiliza de meios para justificar seus
fins, ficando evidenciado que os interesses “políticos” são numa
proporção maior que os interesses científicos, divergindo assim dos
interesses da sociedade.
TIPOS DE DOMINAÇÃO
TRADICIONAL LEGAL-RACIONAL CARISMÁTICA
Conceito Dominação em virtude
da crença na santidade
das ordenações e dos
poderes senhoriais de há
muito existentes.
Dominação em virtude
de estatuto, de tal modo
que qualquer direito
pode ser criado e
modificado mediante um
estatuto sancionado
corretamente quanto à
forma.
Dominação em virtude
de devoção afetiva à
pessoa do senhor e a
seus dotes sobrenaturais
(carisma) e,
particularmente, a
faculdades mágicas,
revelações ou heroísmo,
poder intelectual ou de
oratória.
Ocorre Sempre que a relação de
domínio esteja fundada
na dependência pessoal
ou na honra estamental,
por vínculos de
fidelidade e em
princípios materiais, com
ausência de direito
formal.
Sempre que a
competência de mando
esteja fundada sobre
regras estatuídas e que
o exercício do direito de
domínio seja congruente
com o tipo de
administração legal.
Sempre que a
dominação se dê em
função do
reconhecimento pessoal
e se constitua em dever
da comunidade em
relação ao líder.
Quem manda O senhor. A regra estatuída. O líder ou o herói.
Qualidade de
quem Domina
Dignidade tradicional.Autoridade da posição
estatuída.
Qualidades excepcionais
Quem Obedece Os súditos Os membros ou
“cidadãos”
Os discípulos ou
apóstolos
Quadro
Administrativo
Servidores (servos) Funcionários
(burocracia)
Seguidor (séqüito)
Fundamento da
Relação
Dependência ou
privilégio
Competência profissionalVocação
Natureza da
Relação
Relação tradicional Relação formal Relação pessoal
Modelo da
Relação
Senhor - servo Superior - funcionárioLíder – discípulo
Natureza da
Norma
Santidade (o sagrado) Formalidade abstrata revelação
Conteúdo da
Obediência
Fidelidade Disciplina do serviço Crença ou fé
Tipo da Ordem Tradição Lei ou estatuto Sentença
Tipo mais Puro Dominação patriarcal Burocracia Apostolado oi missão
Exemplos
Históricos
Sultanato, monarquia,
senhor de engenho,
família, Estado feudal,
brâmanes hindus,
mandarins chineses,
Igreja, clérigos budistas,
aristocracias e
oligarquias etc.
Estado moderno,
corporações colegiadas,
empresa capitalista,
partido político,
sindicato, universidade
contemporânea,
administrações por
parlamento, comitês ou
colegiados etc.
Movimentos
missionários,
movimentos messiânicos
movimentos
revolucionários,
populismo (figura do
demagogo), caudilhismo,
o profeta, Napoleão,
Jesus, Péricles, Dalai
Lama, direito hereditário
de primogenitura etc.
3.5.1.2.CONTEXTO HISTÓRICO
REVOLUÇÃO INGLESA = Limitou o poder do Rei e deu as
bases para a Revolução Industrial. A Bill of Rights foi assinada em
1689.
1ª Fase: Revolução Puritana (1640-1649).
- Conflito entre Coroa e Parlamento; Implantação da República;
Execução de Carlos I.

2ª Fase: Restauração (1660-1688).
- Reativou-se o conflito entre a Coroa e o Parlamento Carlos II
é empossado e o Parlamento se divide entre Tories e Wighs.
3ª Fase: Revolução Gloriosa (1688).
- Jaime II é retirado do poder por Guilherme de Orange, seu
genro. A Revolução Gloriosa assinalou o triunfo do liberalismo político
sobre o absolutismo e, com a aprovação do Bill of Rights em 12689,
assegurou a supremacia legal do Parlamento sobre a realeza e
instituiu na Inglaterra uma monarquia limitada.
ILUMINISMO – Século das Luzes (XVIII) defende o predomínio
da razão sobre a fé e estabelece o progresso como destino da
humanidade.
- Principais obras: Cartas sobre a tolerância, Ensaio sobre o
entendimento humano e os Dois tratados sobre o governo civil.
Empirismo: doutrina segundo a qual todo o conhecimento
deriva da experiência.
3.5.1.3.TEORIA DA TÁBULA RASA DO
CONHECIMENTO
A mente é um papel em branco, desprovida de todos os
caracteres, sem quaisquer idéias e que se supre da experiência. Todo
nosso conhecimento está fundado na nossa experiência e dela deriva
fundamentalmente o próprio conhecimento.
É uma crítica à doutrina das idéias inatas, formulada por Platão
e retomada por Descartes, segundo a qual determinadas idéias,
princípios e noções são inerentes ao conhecimento humano e existem
independentemente da experiência.
- Natureza Humana: os Homens são bons por natureza.
- Estado de Natureza: Os Homens são completamente livres e iguais.
São dotados de Razão e já desfrutavam da propriedade (vida,
liberdade e bens). Era um estágio de relativa paz, concórdia e
harmonia.
86
B)TEORIA DA SEPARAÇÃO DOS PODERES OU
EQÜIPOTÊNCIA
Executivo = executa as leis.
Legislativo = elabora as leis.
Judiciário = administra as leis.
- São independentes, porém interdependentes; Trata-se de
assegurar a existência de um poder que seja capaz de
contrariar o outro poder. É um problema político, de correlação de
forças e não um problema jurídico-administrativo, de organização de
funções.
3.5.O PENSAMENTO POLÍTICO
CONTEMPORÂNEO
3.5.1.JOÃO LOCKE: O PRECURSOR DO
PENSAMENTO POLÍTICO CONTEMPORÂNEO
3.5.1.1.BIOGRAFIA DE JOÃO LOCKE
João Locke nasceu em Wrington, em 1632. Estudou na
Universidade de Oxford filosofia, ciências naturais e medicina. Em
1665 foi enviado para Brandenburgo como secretário de legação.
Passou, em seguida, ao serviço de Loed Ashley, futuro conde de
Shaftesbury, a quem ficou fiel também nas desgraças políticas. Foi,
portanto, para a França, onde conheceu as personalidades mais
destacadas da cultura francesa do "grand siècle". Em 1683 refugiou-
se na Holanda, aí participando no movimento político que levou ao
trono da Inglaterra Guilherme de Orange. De volta à pátria, recusou o
cargo de embaixador e dedicou-se inteiramente aos estudos
filosóficos, morais, políticos. Passou seus últimos anos de vida no
castelo de Oates (Essex), junto de Sir Francisco Masham. Faleceu
em 1704.
As suas obras filosóficas mais notáveis são: o Tratado do
Governo Civil (1689); o Ensaio sobre o Intelecto Humano (1690); os
Pensamentos sobre a Educação (1693). As fontes principais do
pensamento de Locke são: o nominalismo escolástico, cujo centro
famoso era Oxford; o empirismo inglês da época; o racionalismo
cartesiano e a filosofia de Malebranche.
27
Fica claro, viver num mundo informatizado, onde a informação
é central para a interpretação e a ação diante da realidade, significa,

nas falas recorrentes, estar a formação dirigida para o aprender a
aprender, não mais se justificando a formação para o aprender a
fazer. Isto vai exigir muito mais do sistema educacional, pois o
objetivo de uma educação libertária terá que está voltada para a
adequação às necessidades sociais, estimulando a capacidade do
sujeito, onde deixa de ser espectador e passa a ser protagonizador
da história, assumindo uma condição de sujeito que se apropria do
conhecimento para gerir mudanças.
2.A CIÊNCIA NA IDADE MODERNA
2.1.UMA NOVA CONCEPÇÃO DO HOMEM E DO MUNDO
2.1.1.O MOVIMENTO DA REFORMA
MUDANÇAS OU TRANSFORMAÇÕES NO SISTEMA
RELIGIOSO – que provocou a quebra da unidade religiosa européia e
rompeu com a concepção passiva do homem, entregue unicamente
aos desígnios divinos, reconhecendo o trabalho humano como fonte
da graça divina e origem legítima da riqueza e da felicidade; também
concebeu a razão humana como extensão do poder divino, o que
colocava o homem em condições de pensar livremente e
responsabilizar-se por seus atos de forma autônoma. A Reforma
manifestou uma nova mentalidade associada ao declínio do
feudalismo. Assim, a concepção medieval cristã, fundada na
infalibilidade papal, deixou de ser aceita. No seu lugar, Lutero propôs
a infalibilidade da Bíblia e a salvação pela fé. Calvino identificou a fé
cristã com o trabalho, justificando as práticas capitalistas. A Igreja
Anglicana reafirmou a autoridade da monarquia absolutista
independente do poder papal.
2.1.2.O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA NATURAL
TRANSFORMAÇÕES, NOVOS PARADÍGMAS NOS
MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA – que criou novos
métodos de investigação científicos, impulsionados pela confiança na
razão humana e pelo questionamento da submissão deste aos
dogmas do cristianismo; a Igreja Católica, por sua vez, perdia, nesse
momento, parte de seu poder de influência sobre os Estados e de
dominação sobre o pensamento. Assim, na cultura medieval, a
religião era o fundamento do conhecimento; no Renascimento, a
ciência ocupou o seu lugar.
2.1.3.A INVENÇÃO DA IMPRENSA
MUDANÇAS OU TRANSFORMAÇÕES NO SISTEMA DE
COMUNICAÇÃ0 – que possibilitou a impressão dos textos clássicos
gregos e romanos, contribuindo para a formação do humanismo. A
divulgação de obras científicas, filosóficas e artísticas, que se
tornaram a partir de então acessíveis a um número maior de pessoas,
propiciou um maior grau de consciência e liberdade de expressão.
85

A idéia foi complementada pela teoria de Rousseau, que
considerava o contrato social legítimo apenas se a aprovação do
mesmo fosse unânime. Além disso, Rousseau tenta retirar a idéia de
que os indivíduos são prejudicados com a existência do contrato, pois
esses homens ainda estão participando de seus respectivos direitos.
A única mudança é que essa participação deixa de ser individual e
passa a ser coletiva.
3.4.3.MONTESQUIEU (1689-1755)
3.4.3.1.A TEORIA DA SEPARAÇÃO DOS
PODERES E O SISTEMA DE FREIOS E
CONTRAPESOS: AS CONCEPÇÕES
CLÁSSICAS DE MONTESQUIEU.
- Preocupação Principal = compreender as razões da
decadência das monarquias, os conflitos internos que minaram sua
estabilidade e também os mecanismos que garantiram por tantos
séculos sua estabilidade è noção de moderação (estabilidade);
- Montesquieu estuda o passado para entender o presente e
formular tendências para o futuro. Ele acredita que novas revoluções
democráticas acontecerão e não há no momento nenhum regime
político com condições ótimas de estabilidade.
Sendo assim, Montesquieu cria uma saída teórica que visa
dotar a República de estabilidade (noção de moderação).
A)TIPOLOGIA DOS GOVERNOS
Natureza do poder (quem detém o poder)
- MONARQUIA - um só governa, através de leis fixas e
instituições;
- REPÚBLICA - governa o povo, no todo ou em parte;
- DESPOTISMO - governa a vontade de um só.
Princípio de governo (como o poder é exercido)
- MONARQUIA – honra – regime do presente – instituições;
- REPÚBLICA – virtude – regime frágil – passado – homens;
- DESPOTISMO – medo – extensão do estado de natureza –
regime do futuro – paixão.
84
Todavia, o pacto social não tem por fim conciliar todos os
interesses egoístas, mas antes depreender (o que é possível com a
maioria das vozes, nos debates do povo reunido) uma vontade geral.
Esta última faz abstração dos interesses divergentes e das paixões
de cada um para só cuidar do bem comum. Entenda-se bem: "cada
indivíduo pode, como homem, ter uma vontade particular contrária ou
dessemelhante da vontade geral que ele tem como cidadão". Por
conseguinte, nessa vontade geral descobriremos outra coisa que não
o interesse, o desejo de felicidade, etc. Encontraremos aí, no fundo, a
regra da consciência, esse juízo inato do bem e do mal que cada um
descobre em si mesmo, quando dissipa seus desejos egoístas "no
silêncio das paixões".
Todos os seres humanos têm direito à liberdade, sobrevivência
e de optar por um estilo de vida próprio. A partir do momento em que
todos os homens têm esse direito, durante o usufruto deste, ocorrerá
um grande choque entre os indivíduos, pois um passa a invadir o
espaço do outro. É frente a esse problema que surge o contrato
social, que consiste na entrega total dos direitos individuais de todos
os cidadãos a uma certa pessoa (o soberano), como se este fosse um
administrador geral de todos os problemas. Basicamente, 3 filósofos
elaboraram a teoria do contrato social: Thomas Hobbes, John Locke e
Jean-Jacques Rousseau.
Thomas Hobbes fundamentou a teoria do contrato social,
dando a ela o embasamento teórico mínimo, ao passo que John
Locke aprofundou essa idéia. Um dos pontos mais importantes desse
aprofundamento consiste na teoria de que, mesmo com a entrega dos
direitos do homem ao soberano, esses direitos não deixam de existir.
Portanto, se a qualquer momento o absoluto agir de uma forma que
os indivíduos não considerem justa e coerente estes têm direito de
protestar, enquanto que na teoria de Hobbes isto seria incabível.
Locke ainda afirma que o contrato tem de ser constantemente
renovado, pois os homens que nascem hoje têm direito a discordar do
contrato ora feito ontem, de que nem mesmo foi visto ou aprovado por
essas novas pessoas.
29

2.1.4.O RENASCIMENTO
MUDANÇAS OU TRANSFORMAÇÕES NO MODO DE SER E
VIVER DOS EUROPEUS – em vez de uma supervalorização da fé
cristã, do teocentrismo (Deus como centro), houve uma tendência
social antropocêntrica (homem como centro), ou seja, de valorização
da obra humana. Isso levou ao desenvolvimento do racionalismo e
de uma filosofia laica (não-religiosa), que se mostrarão de modo
geral otimista em relação à capacidade humana de intervir no mundo,
organizar a sociedade e aperfeiçoar a vida humana.
2.1.4.1.DIFERENÇAS ENTRE O PENSAMENTO
MEDIEVAL E O RENASCENTISTA
PENSAMENTO MEDIEVAL PENSAMENTO RENASCENTISTA
Teocentrismo Antropocentrismo
Verdade = Bíblia Verdade = experimentação, observação.
Vida material sem importânciaVida terrena e material também é importante
Conformismo Crença no progresso
Natureza = fonte do pecado Natureza = beleza, onde o homem se insere.
Ascetismo Hedonismo
Dogmatismo Fé diferente da razão
2.2.OS PRECURSORES DA CIÊNCIA MODERNA
Foram os trabalhos de Nicolau Copérnico e Galileu Galilei
que influenciaram fortemente o pensamento de Bacon. Copérnico
propôs, com base em suas observações, que os planetas do Sistema
Solar giravam em torno do Sol, e não da Terra. Galileu conseguiu
confirmar uma estrutura centrada no Sol, quando usou um telescópio
projetado por ele mesmo para obter dados sobre, entre outras coisas,
as luas de Júpiter e as fases de Vênus. A maior contribuição de
Galileu, porém, pode ter sido seu estudo sistemático do movimento,
baseado em descrições matemáticas simples.
30
Na época da morte de Galileu, o terreno estava preparado para
uma verdadeira revolução no pensamento científico. Isaac Newton
contribuiu bastante para impulsionar essa revolução. Seu trabalho no
campo da matemática resultou no cálculo integral e diferencial. Seu
trabalho na astronomia ajudou a definir as leis do movimento e da
gravitação universal.
Os estudos de óptica de Isaac Newton conduziram ao primeiro
telescópio reflexivo. Um tema comum a todo o trabalho de Newton
era uma capacidade quase sobrenatural de desenvolver alguns
conceitos e equações relativamente simples, mas com enorme poder
de previsão. Seus sistemas unificados de leis resistiram a séculos de
teste e reflexão e continuam permitindo que cientistas estudem outros
mistérios da física e da astronomia.
Seria justo dizer que o período coberto pela carreira de Newton
marca o começo da ciência moderna. No início do século 19, a
ciência estava estabelecida como campo independente e respeitado
de estudos, e o método científico - baseado em testes e
observação - estava sendo adotado em todo o mundo. Um exemplo
clássico de como a ciência evoluiu como esforço colaborativo - que
gera ampliação gradual do conhecimento - pode ser encontrado no
desenvolvimento do que hoje designamos como teoria celular.
NICOLAU COPÉRNICO
(1473-1543)
GALILEU GALILEI
(1564-1642)
ISAAC NEWTON
(1642-1727)
Combateu a teoria
geocêntrica (a Terra vista
como centro do
universo).
Aperfeiçoou a luneta
(telescópio) inventada na
Holanda e a utilizou
sistematicamente na
observação do céu.
Levou a termo a revolução
científica iniciada por
Galileu, dando origem à
física clássica.
Propôs a teoria
heliocêntrica
(demonstrando que a
Terra girava em torno do
Sol e que este era o
centro do nosso sistema
planetário).
Criou uma nova postura de
investigação científica.
O mundo é uma grande
máquina cujas partes
podem ser conhecidas
através da observação e
da experimentação.
- O objetivo era prever para prover

3.4.3.2.A TEORIA DO CONTRATO SOCIAL E
AS ORIGENS DA DESIGUALDADE ENTRE
OS HOMENS EM JEAN JACQUES
ROUSSEAU
Contemporâneo da Revolução Americana e anterior à
Revolução Francesa.
Exercício da Soberania pelo povo como condição primeira de
sua libertação”.
- Natureza Humana: “os Homens nascem bons, mas a
sociedade os corrompe”.
- Estado de Natureza: precedente ao estado social, no qual o
Homem, essencialmente bom, só se preocupa com a sua
conservação.
- Contrato Social: visa superar obstáculos naturais e garantir a
liberdade e igualdade, através de um ato de associação → alienação
dos direitos do indivíduo em favor da comunidade → garantir a
liberdade do estado de natureza em estado civil → “Obedecer a lei
que se prescreve é um ato de liberdade”.
- Estado: funcionário do povo, mero executor da vontade geral.
- A associação dos indivíduos que passa a atuar
soberanamente, sempre em favor do interesse do todo que engloba o
interesse de cada componente, tem uma vontade própria, que é a
vontade geral.
- A Soberania é inalienável e indivisível.
- Rousseau não admite a representação ao nível da soberania.
Para ele, uma vontade não se representa. “No momento em que um
povo se dá representantes, não é mais livre, não mais existe”. No
entanto, a representação é um mal necessário e por isso, é preciso
fiscalizar os representantes e trocá-los com freqüência.
- O povo só recupera sua liberdade através das Revoluções.
A teoria política de Rousseau, exposta no Contrato Social,
aproxima-se bastante, aparentemente ao menos, das idéias dos
filósofos racionalistas. Nessa obra, Rousseau pesquisa as condições
de um Estado social que fosse legítimo, que não mais corrompesse o
homem. O problema que ele coloca recai no de Locke ou de
d'Holbach: "Encontrar uma forma de associação que defenda e
proteja de toda força comum à pessoa e os bens da cada associado e
pela qual cada um, unindo-se a todos, não obedeça, porém, senão a
si próprio e permaneça tão livre quanto antes; este, o problema
fundamental cuja solução é dada pelo contrato social".
82
A partir da criação do Estado, a liberdade do indivíduo fica
adstrita ao que for permitido pelo soberano. Diz Hobbes, que existem
três espécies de governos que ocorrem no Estado, que é a
monarquia, aristocracia e democracia.
E por último, vale destacar outro fator importante, pois
Hobbes trata de “doenças” que podem acometer o Estado levando-o
à dissolução. O autor diz que dividir o poder do estado é dissolvê-lo e
sendo este dissolvido, não é mais possível a garantia da paz e
segurança do indivíduo. Hobbes considera a soberania a alma do
Leviatã.
3.4.3.JEAN JACQUES ROUSSEAU (1712-1778)
3.4.3.1.BIOGRAFIA DE JEAN JACQUES
ROUSSEAU
Rousseau não conheceu a mãe, pois ela morreu no momento
do parto. Foi criado pelo pai, um relojoeiro, até os 10 anos de idade.
Em 1722, outra tragédia familiar acontece na vida de Rousseau, a
morte do pai. Na adolescência foi estudar numa rígida escola
religiosa. Nesta época estudou muito e desenvolveu grande interesse
pela leitura e música.
No final da adolescência foi morar em Paris e, na fase adulta,
começou a ter contatos com a elite intelectual da cidade. Foi
convidado por Diderot para escrever alguns verbetes para a
Enciclopédia.
No ano de 1762, Rousseau começou a ser perseguido na
França, pois suas obras foram consideradas uma afronta aos
costumes morais e religiosos. Refugiou-se na cidade suíça de
Neuchâtel. Em 1765, foi morar na Inglaterra a convide do filósofo
David Hume.
De volta à França, Rousseau casou-se com Thérèse
Levasseur, no ano de 1767.
Escreveu, além de estudos políticos, romances e ensaios
sobre educação, religião e literatura. Sua obra principal é Do Contrato
Social. Nesta obra, defende a idéia de que o ser humano nasce bom,
porém a sociedade o conduz a degeneração. Afirma também que a

sociedade funciona como um pacto social, onde os indivíduos,
organizados em sociedade, concedem alguns direitos ao Estado em
troca de proteção e organização.
2.3.BACON, DESCARTES E LOCKE
2.3.1.FRANCIS BACON (1561-1626)
2.3.1.1.O MÉTODO EXPERIMENTAL (INDUTIVO)
CONTRA OS ÍDOLOS
“Saber é Poder” e “O homem é aquilo que sabe” (BACON).
Bacon compreendeu que a pesquisa experimental levaria ao
avanço da ciência. Mas antes era preciso desfazer-se das falsas
noções, ou ídolos, pois, conforme afirmou, “as pessoas preferem
acreditar naquilo que elas preferem que seja a verdade”. Ele é
considerado um dos fundadores do método indutivo de investigação
científica. Ao afirmar que “saber é poder” revela sua firme disposição
de ânimo de fazer dos conhecimentos científicos um instrumento
prático de controle da realidade.
Preocupado com a utilização dos conhecimentos científicos na
vida prática, Bacon manifestava grande entusiasmo pelas conquistas
técnicas que se difundiam em seu tempo: a bússola, a pólvora e a
imprensa. Também revelava sua aversão ao pensamento meramente
abstrato, característico da escolástica medieval.
Para Bacon, a ciência deveria valorizar a pesquisa
experimental, tendo em vista proporcionar resultados objetivos para o
homem. Mas, para isso, era necessário que os cientistas se
libertassem daquilo que denominava ídolos, isto é, falsas noções,
preconceitos e maus hábitos mentais.
Avaliando a situação, Bacon concluiu que o conhecimento
pode ser frutífero somente se a tecnologia e a filosofia estiverem
unidas. Em vez de debater pormenores de matéria e forma, os
cientistas deviam observar diretamente a natureza, esboçar
conclusões e empregar ferramentas práticas para testá-las. Em outras
palavras, a ciência devia ser baseada na indução e na
experimentação, não na metafísica e na especulação.
Em sua obra Novum Organum, destaca quatro gêneros de
ídolos que bloqueiam a mente humana e prejudicam a ciência:
·Ídolos da tribo – as falsas noções provenientes das próprias
limitações da natureza da espécie humana;
·Ídolos da caverna – as falsas noções do ser humano como
indivíduo (alusão ao mito da caverna de Platão);
32
·Ídolos do mercado ou do foro – as falsas noções
provenientes da linguagem e da comunicação; e,
·Ídolos do teatro – as falsas noções provenientes das
concepções filosóficas, científicas e culturais vigentes.
2.3.1.2.AS FALSAS NOÇÕES RESPONSÁVEIS PELO
INSUCESSO DA CIÊNCIA
Como já explicitado anteriormente, os ídolos ou as falsas
noções precisam ser superadas. Seriam eles (as) os responsáveis
pelos insucessos da ciência. Vejamos cada um:
·Os ídolos da tribo estão fundados na própria natureza
humana, na própria tribo ou espécie humana. É falsa a
asserção de que os sentidos do homem são a medida das
coisas. Muito ao contrário, todas as percepções, tanto dos
sentidos como da mente, guardam analogia com a natureza
humana e não com o Universo. O intelecto humano é
semelhante a um espelho que reflete desigualmente os raios
das coisas e, dessa forma, as distorce e corrompe.
·Os ídolos da caverna são os dos homens enquanto
indivíduos. Pois cada um – além das aberrações próprias da
natureza humana em geral – tem uma caverna ou uma cova
que intercepta e corrompe a luz da natureza: seja devido à
natureza própria e singular de cada um; seja devido à
educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos
livros pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram;
seja pela diferença de impressões, segundo ocorram em ânimo
preocupado e predisposto ou m ânimo equânime e tranqüilo;
de tal forma que o espírito humano — tal como se acha
disposto em cada um – é coisa vária, sujeita a múltiplas
perturbações, e até certo ponto sujeita ao acaso. Por isso, bem
proclamou Heráclito que os homens buscam em seus
pequenos mundos e não no grande ou universal.

81
Deus é entendido pelos religiosos em sentido metafísico e
pelas Escrituras em sentido próprio. Milagre é uma obra de admiração
e deve ser rara, e não ter causa conhecida. O que para um homem
parece ser um milagre pode para outro não parecê-lo.
O reino das trevas é uma critica a interpretação usual das
Sagradas escrituras, onde denuncia uma vã filosofia e tradições
fabulosas. Essa critica encerra a obra. Das trevas espirituais
resultantes da ma interpretação das Escrituras. “Além destes poderes
soberanos, divino e humano, sobre os quais até aqui tenho discorrido,
há nas Escrituras referência a um outro poder, a saber, o dos
governantes das trevas deste mundo, o reino de Satanás, e a
soberania de Belzebu sobre os demônios, isto é, sobre os fantasmas
que aparecem no ar, por cuja razão Satanás também é chamado o
príncipe do poder do ar, e (porque governa nas trevas deste mundo) o
príncipe deste mundo; e por conseqüência àqueles que estão sob seu
domínio, em oposição aos fiéis (que são os filhos da luz) são
chamados os filhos das trevas”.
LEVIATÃ E A RELAÇÃO COM O ESTADO
Hobbes defende um Estado absoluto, forte marca em todo o
corpo de sua obra Leviatã. O papel do Estado como fundamental
sustentáculo na formação da sociedade civil, serve ate os nossos dias
como uma referência importante para se pensar o Estado moderno.
Segundo Hobbes, o que daria origem ao Estado, é o fato de
os homens quererem sair daquelas condições precárias em que
viviam em conseqüência do estado de natureza, fugindo da guerra
em busca da paz. Assim, é necessário um poder comum, capaz de
defender a comunidade, garantindo-lhes a paz e uma segurança
suficiente. É este Estado que Hobbes define de Leviatã, definindo-o
como deus mortal, ao qual devemos nossa paz e defesa.
O objetivo do Estado é o bem comum entre todos os
indivíduos no qual o poder de seu representante é absoluto,
soberano. Com isso percebemos que Hobbes claramente defende o
absolutismo, o poder é uno e indivisível. Esse poder pode ser
adquirido pela guerra ou pelo acordo entre os indivíduos.
80
O fim do Estado é a garantia da paz e da segurança. Por fim
trata Hobbes das doenças que podem acometer o Estado, levando-o
à dissolução. O autor considera o Estado um homem artificial pelo
que compara as causas que determinam a dissolução do Estado às
causas que levam à morte ou à enfermidade do homem natural. Ele
classifica essas doenças em três categorias: as decorrentes de uma
instituição imperfeita, as que derivam do “veneno das doutrinas
sediciosas” e as que mesmo não apresentando um perigo tão grave
de dissolução do Estado como as anteriores, são um perigo para a
manutenção do Estado.
Dentre todas as doenças destaca-se aquela que afirma que
“o poder soberano pode ser dividido”. Hobbes considera a soberania
como a alma do Leviatã.
Sendo o Estado dissolvido em razão de uma das
enfermidades por ele apresentadas não seria mais possível a garantia
da paz e da proteção aos indivíduos que firmaram o pacto social.
Voltariam os homens a ter a liberdade de proteger-se através de
qualquer meio que lhe aprouver. No dizer de Hobbes “o soberano (...)
é a alma publica que dá vida e movimento ao Estado, a qual
expirando os membros deixam de ser governados por ela como a
carcaça do homem quando se separa de sua alma posto que é
imortal”.
PARTE 3 – DO ESTADO CRISTÃO e PARTE 4 – DO REINO DAS
TREVAS
Aqui a intenção de Hobbes era estabelecer a supremacia em
questões de fé e doutrina. Tem-se nessa parte a noção de Republica
Cristã, contrapondo a realeza natural de Deus com o poder do
soberano emanado e dependente dos pactos sociais. Depois de
extrair a “a natureza do homem”, Hobbes prossegue seu discurso
apoiando-se na palavra natural de Deus. Ele analisa expressões
como “vida eterna”, “inferno”, ”salvação”, “mundo futuro”, ”redenção”

assim busca provar a existência de uma Republica que extrapola a
“sociedade civil”. Ao mesmo tempo buscam delimitar o poder
eclesiástico, os representantes da palavra de Deus enunciando os
Direitos do reino de Deus. “A palavra de Deus, transmitida pelos
profetas, é o principio mais importante da política cristã”.
33
·Há também os ídolos provenientes, de certa forma, do
intercurso e da associação recíproca dos indivíduos do gênero
humano entre si, a que chamamos de ídolos do foro devido
ao comércio e consórcio entre os homens. Com efeito, os
homens se associam graças ao discurso, e as palavras são
cunhadas pelo vulgo. E as palavras, impostas de maneira
imprópria e inepta, bloqueiam espantosamente o intelecto.
Nem as definições, nem as explicações com que os homens
doutos se munem e se defendem, em certos domínios,
restituem as coisas ao seu lugar. Ao contrário, as palavras
forçam o intelecto e o perturbam por completo. E os homens
são, assim, arrastados a inúmeras e inúteis controvérsias e
fantasias.
·Há, por fim, ídolos que imigram para o espírito dos homens por
meio das diversas doutrinas filosóficas e também pelas regras
viciosas da demonstração. São os ídolos do teatro: por
parecer que as filosofias adotadas ou inventadas são outras
tantas fábulas, produzidas e representadas, que figuram
mundos fictícios e teatrais. Não nos referimos apenas às que
ora existem ou às filosofias e seitas dos antigos. Inúmeras
fábulas do mesmo teor se pode reunir e compor, porque as
causas dos erros mais diversos são quase sempre as mesmas.
Ademais, não pensamos apenas nos sistemas filosóficos, na
sua universalidade, mas também nos numerosos princípios e
axiomas das ciências que entraram em vigor, mercê da
tradição, da credulidade e da negligência. Contudo, falaremos
de forma mais ampla e precisa de cada gênero de ídolo, para
que o intelecto humano esteja acautelado
9
.
9
Bacon, 1988: p.31-33.
2.3.1.3.O MÉTODO INDUTIVO DE INVESTIGAÇÃO
Para combater os erros provocados pelos ídolos, Francis
Bacon propôs o método indutivo de investigação, baseado na
observação rigorosa dos fenômenos naturais, que cumpriria as
seguintes etapas:
34
·Observação da natureza para a coleta de informações;
·Organização racional dos dados recolhidos empiricamente;
·Formulação de explicações gerais (hipóteses) destinadas à
compreensão do fenômeno estudado;
·Comprovação da hipótese formulada mediante
experimentações repetidas, em novas circunstâncias.
Francis Bacon dizia que “aquele que começa uma investigação
repleto de certezas acabará terminando cheio de dúvidas. Mas
aquele que começa com dúvidas poderá terminar com algumas
certezas”.
Assim, a grande contribuição de Francis Bacon para a história da
Ciência Moderna foi apresentar o conhecimento científico como
resultado de um método de investigação capaz de conciliar a
observação dos fenômenos, a elaboração racional das hipóteses e a
experimentação controlada para comprovar as conclusões.
2.3.2.RENÉ DESCARTES (1596-1650)
2.3.2.1.O RACIONALISMO DE RENÉ DESCARTES:
IDÉIAS CLARAS E DISTINTAS – A DÚVIDA
METÓDICA E O COGITO
“Cogito ergo sum” - “Penso, logo existo” (Descartes).
Descartes afirmava que, para conhecer a verdade, é preciso,
de início, colocar todos os nossos conhecimentos em dúvida. É
necessário questionar tudo e analisar, criteriosamente, se existe algo
na realidade de que possamos ter plena certeza.
Fazendo uma aplicação metódica da dúvida, o filósofo foi
considerando como incertas todas as percepções sensoriais, todas as
noções adquiridas sobre os objetos materiais. E prosseguiu assim,
colocando cada vez mais em dúvida a existência de tudo que
constituiu a realidade e o próprio conteúdo dos pensamentos.

Finalmente estabeleceu que a única verdade totalmente livre
de dúvida era a seguinte: meus pensamentos existem. E em
seguida observou que a existência desses pensamentos se confundia
com a essência de sua própria existência como ser pensante. Disso
decorreu a célebre conclusão de Descartes: “Cogito ergo sum” -
“Penso, logo existo”.
79
É evidenciado, portanto, no texto ciência e poder, a questão da
ciência e tecnologia como dois fatores imprescindíveis na organização
da sociedade contemporânea. Mas essa mesma ciência está atrelada
à relação de poder, a partir do momento que esse saber científico é
determinante na tomada de decisão, seja de ordem política ou ética.
Entretanto, na decisão política, a linguagem comum pode designar de
acordo ao interesse do poder.
Diante do exposto torna-se perceptível à funcionalidade da
sociedade que potencializa o poder da ciência, a partir do momento
que a racionalidade científica determina o que é científico e o que não
é científico. Como diz Rubem Alves no seu livro, o que é científico?
Onde diz que só é real aquilo que é pescado com a rede da “confraria
do cientista” tudo que foge dessa rede não é ciência; portanto, não é
real; não foi produzido por um método. Contudo não se pode negar
que o conhecimento trazido pela ciência serviu para reduzir
distancias, doenças, como também, para compreender melhor a
natureza. A ciência vista como instrumento para a descoberta da
“verdade”.
Mas não se pode atribuir à ciência as mazelas da sociedade
que são conseqüências não da ciência em si, mas do seu mau uso ou
até mesmo da sua má empregabilidade. E na tentativa de validar a
idéia de que na ciência tudo vale, vai tomar uma conotação perigosa
a partir do momento que passa a idéia de que é o homem que está a
serviço da ciência e não a ciência a serviço do homem. Como diz
Paulo Terra: tudo vale: é tentativa imperfeita de sintetizar a idéia de
que a adoção exclusiva de procedimentos metodológicos rígidos
limita o progresso do pensamento e de que é imperativa promover a
diversidade teórica. Mas o que acontece de forma concreta é um
determinismo provocado pelo avanço da ciência de tal forma que
quando as pessoas tomam consciência da dimensão do problema, a
sociedade já está selecionada entre aqueles que se adaptaram aos
avanços tecnológicos por bem ou por mal e aqueles que estão a
margem dessa mesma sociedade, excluídas por não saberem lidar
com essas exigências tecnológicas modernas.
78
Esse poder pode ser adquirido pela força natural ou pela guerra e
pelo acordo entre os homens, esta dá origem ao Estado Político ou
Estado por instituição. Hobbes passa à individualização dos poderes
do soberano, o poder é uno e indivisível, “é a unidade do
representante, e não a unidade do representado, que faz com que a
pessoa seja una”.
O poder soberano é indispensável para a garantia da paz
social. Se os homens viviam em guerra justamente em razão da
inexistência de leis que importassem em limites ao seu direito, é
indispensável a criação de regras que estabeleçam limites ao direito
natural década individuo. Estas regras somente podem ser criadas
pelo Estado mediante ação do soberano.
A partir da criação do Estado a liberdade do individuo fica
adstrita ao que for permitido pelo soberano, assim dentre as “ações
não previstas pelas leis os homens tem liberdade de fazer o que a
razão década um sugerir como o mais favorável a seu interesse”. Os
indivíduos não seriam obrigados a pratica de qualquer tipo de ato que
importasse na renuncia ao direito de defesa do próprio corpo, isso
não quer dizer que seria possível ao individuo resistir à força do
Estado, pois agindo assim, o individuo estaria privando o Estado dos
meios capazes de proteger a coletividade, pelo que esta ação seria
considerada injusta.
Existem três formas de governo ocorrentes no Estado: a
monarquia, aristocracia e democracia. A monarquia seria aquela em
que uma única pessoa seria a titular do poder soberano, ou seja,
aquela em que somente uma pessoa representasse a multidão que
aderiu ao pacto social. Para a aristocracia Hobbes entendia o governo

da coletividade exercido por uma assembléia composta de parte do
grupo social sendo chamada de oligarquia quando detestada por
aqueles que com ela estão insatisfeitos.
Democracia ou governo popular definiu-a como a soberania
nas mãos de uma assembléia de todos os que firmaram o pacto
social. O autor afirma que esta seria a anarquia que em realidade é a
ausência de governo daí não se podendo classificar a anarquia como
uma espécie ou forma de governo.
35
Para Descartes, esse “Penso, logo existo” seria uma verdade
absolutamente firme, certa e segura, que, por isso mesmo, deveria
ser adota como princípio básico de toda a sua filosofia.
O termo pensamento utilizado por Descartes tem um sentido
bastante amplo, abrangendo tudo o que afirmamos, negamos,
sentimos, imaginamos, cremos e sonhamos. Assim, o ser humano
era, para ele, uma substância essencialmente pensante. O
pensamento (consciência) é algo mais certo que a própria matéria
corporal. Note-se que é a partir do “penso” que ele conclui “logo
existo”.
2.3.2.2.O RACIONALISMO: DOUTRINA QUE ATRIBUI
EXCLUSIVA CONFIANÇA NA RAZÃO
HUMANA COMO INSTRUMENTO CAPAZ DE
CONHECER A VERDADE
Descartes assumiu uma tendência a valorizar a atividade do
sujeito pensante em relação ao objeto pensado ( Tendência
idealista). Em outras palavras, uma tendência a ressaltar a
prevalência da consciência subjetiva sobre o ser objetivo, e a
considerar a matéria como algo apenas conhecível, se é que o é, por
dedução do que se sabe da mente.
Descartes foi, portanto, um racionalista convicto.
Recomendava que desconfiássemos das percepções sensoriais,
responsabilizando-as pelos freqüentes erros do conhecimento
humano. Dizia que o verdadeiro conhecimento das coisas externas
devia ser conseguido através do trabalho lógico da mente. Nesse
sentido, considerava que, dentre todos os homens que buscaram a
verdade na ciência, “só os matemáticos puderam encontrar algumas
demonstrações, isto é, algumas razões certas e evidentes” (Discurso
do Método, p. 39).
Como se vê, Descartes atribuía grande valor à matemática
como instrumento de compreensão da realidade, ele próprio foi
matemático, criou a geometria analítica.
36
2.3.2.3.RACIONALISMO: A CONFIANÇA EXCLUSIVA
NA RAZÃO
O Racionalismo é a doutrina que atribui exclusiva confiança na
razão humana como instrumento capaz de conhecer a verdade.
Como afirmou Descartes: “nunca nos devemos deixar persuadir
senão pela evidência de nossa razão”. Para os racionalistas os
sentidos não são confiáveis porque podem nos fornecer ilusão da
realidade como, por exemplo, o bastão que, mergulhado na água,
parece estar quebrado. Os racionalistas afirmam que os princípios
lógicos fundamentais seriam inatos, isto é, eles já estão na mente do
homem desde o seu nascimento. Daí porque a razão deve ser
considerada como fonte básica do conhecimento.
2.3.2.4.O MÉTODO CARTESIANO E HERANÇA DE
DESCARTES
Descartes, em sua obra Discurso do método, elabora regras de
pesquisa dos Fenômenos Naturais comumente designadas como
MÉTODO ANALÍTICO ou MÉTODO RACIONAL. Destacaremos
quatro regras básicas, consideradas por Descartes capazes de
conduzir o espírito na busca de verdade:
·Dúvida metódica ou Regra da Evidência: não aceitar nada
como verdade enquanto não for conhecido como tal. Só aceitar
algo como verdadeiro desde que seja absolutamente evidente
por sua clareza e distinção. Estas idéias claras e distintas,
Descartes as encontra na sua própria atividade mental
independentemente das suas percepções sensoriais externas;

·Divisibilidade ou Regra da Análise: dividir cada dificuldade
em quantas partes for possíveis e necessárias para serem
resolvidas;
·Ordenação ou Regra de Síntese: conduzir por ordem os
pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais
fáceis de serem conhecidos para subir, gradativamente, ao
conhecimento dos objetos mais complexos;
·Enumeração ou Regra da Enumeração: realizar verificações
completas e gerais para se ter certeza (absoluta segurança) de
que nenhum aspecto do problema foi omitido.
77
A construção do pacto social que deu origem ao Estado Civil, assim
Hobbes passa a analisar o Estado. Ele apresenta uma argumentação
de uma pessoa artificial como àquela entidade que representa outras
pessoas naturais ou artificiais e é esta a personificação do Estado.
A base da criação do Estado, para o autor, esta na
necessidade de se exercer um controle sobre a natureza humana, a
qual, movida pelo desejo de poder incessante, inviabiliza a vida em
estado de natureza, forçando o homem a procurar saídas, sendo a
institucionalização do Estado uma decisão racional a qual viabiliza a
troca de uma liberdade ilimitada do estado de natureza, por uma
liberdade controlada, com segurança existente no estado de
sociedade.
O Estado surge, na visão de Hobbes, com uma restrição que
o homem impõe sobre si mesmo como forma de cessar o estado de
guerra de todos contra todos.
PARTE 2 – DO ESTADO
Hobbes trata-se aqui, na segunda parte, sobre “as causas,
geração e definição de um Estado”. Afirma que o fato de os homens
quererem sair daquelas condições precárias em que viviam em
conseqüência do estado da natureza, fugindo da guerra em busca da
paz, sendo a primeira lei natural, é o que daria origem ao Estado.
Seria necessário um poder comum capaz de “defender a comunidade
(...) garantindo-lhes assim uma segurança suficiente”.
O pacto firmado entre um homem e todos os outros homens
seria expresso da seguinte forma, de acordo com o autor: “cedo e
transfiro meu direito de governar a mim mesmo a este homem, ou a
esta assembléia de homens, com a condição de que transfiras a ele
teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações”.
Através desse pacto estaria criado o Estado.
Hobbes denomina esse Estado de Leviatã e o define como
“deus mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa paz e
defesa”. Sendo o objetivo do Estado o bem comum, manifestado
através da garantia da paz e da defesa de todos os indivíduos, o
poder se seu representante é absoluto, soberano. Neste ponto já se
manifesta clara a tendência do autor à defesa do absolutismo, já que
o poder do estado é impassível de limitações ou contrariedades.
76
Em decorrência da guerra, sendo cada um governador por sua
própria razão, inexistiriam as noções de justo e injusto, de bem e mal
e de propriedade, ”pertence a cada homem só aquilo que ele é capaz
de conseguir, e apenas quando for capaz de conservá-lo”.
E devido a situação vivida no estado de natureza, a vida do
homem seria “solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta” como dito
anteriormente, seria “miserável a condição em que o homem
realmente se encontra”.
O autor faz a diferenciação entre o direito natural e a lei
natural. O direito natural seria a liberdade de praticar ou não
determinada conduta, do que se deduz que o homem tem direito a
todas as coisas, já as leis seria aquela que obrigaria o individuo a
praticá-la ou a se omitir.
Dentre as leis naturais, Hobbes identifica a primeira delas: a
de que “todo homem deve se esforçar pela paz”, deve “procurar a paz
e segui-la”, a partir dessa decorre outra lei: “que um homem
concorde, conjuntamente com outros (...) renunciar a seu direito a
todas as coisas, contentando-se, em relação aos outros homens, com
a mesma liberdade que os outros homens permitem em relação a si
mesmo”.
Para a teoria hobbesiana, o individuo abre mão de todos os
seus direitos em favor da busca da paz, e não somente de alguns.
Isso não quer dizer que o individuo será obrigado a fazer tudo àquilo
que o poder soberano lhe ordenar. O homem não esta obrigado a
praticar atos que impliquem em renuncia ou transferência de evitar a
morte, nem tampouco de se acusar sem garantia de perdão.

O acordo firmado entre os indivíduos seria de acordo com
Hobbes, um pacto: a existência de um poder comum superior que,
através do medo infligido em razão de um poder coercitivo, imponha a
todos o seu cumprimento. A existência desse poder seria impossível
no estado da natureza, eis que nele “todos são iguais e juizes de seus
próprios temores”. No Estado Civil ela seria possível, pois com o
poder coercitivo os indivíduos deixariam deter medo de que os outros
indivíduos descumprissem suas obrigações, inexistindo nulidade do
pacto.
37
Com seu método da dúvida crítica (dúvida cartesiana),
Descartes abalou profundamente o edifício do conhecimento
estabelecido. Sua tentativa, porém, de reconstruir esse edifício não foi
talvez uma obra tão fecunda quanto o efeito demolidor que provocou.
Por isso, podemos dizer que Descartes celebrizou-se não
propriamente pelas questões que resolveu, mas, sobretudo, pelos
problemas que formulou. Problemas que foram herdados pelos
filósofos posteriores.
2.3.3.JOHN LOCKE (1632-1704)
2.3.3.1.EMPIRISMO: A VALORIZAÇÃO DOS
SENTIDOS COMO FONTE PRIMORDIAL DO
CONHECIMENTO
“Quem não quiser se equivocar deve construir sua hipótese, derivada da
experiência sensível sobre um fato, e não supor um fato devido a essa
hipótese” (LOCKE).
O empirismo, que foi em suas origens apenas um método de
investigação científica, acabou por se transformar, com o tempo, em
uma corrente filosófica de suma importância para o pensamento e a
ciência posteriores. Seu primeiro representante foi o inglês Francis
Bacon, que propôs tal método em seu Novum organum (1620), cujo
título era um claro convite à renovação do organum, ou seja, a
metodologia lógica de Aristóteles. Bacon postulava como elementos
fundamentais da investigação científica (cfr. p. 30) a observação, a
experimentação e a indução.
Para o empirismo todas as nossas idéias são provenientes de
nossas percepções sensoriais (visão, audição, tato, paladar, olfato).
Em outras palavras, ditas por Locke: “nada vem à mente sem ter
passado pelos sentidos”. Para o filósofo quando nascemos nossa
mente é como um papel em branco, completamente desprovida de
idéias. De onde provém, então, o vasto conhecimento de idéias que
existe na mente humana? Da experiência, que resulta da observação
dos dados sensoriais.
38
John Locke combateu duramente a doutrina que afirmava que
o homem possui idéias inatas. Ao contrário de Descartes, defendeu
que nossa mente, no instante do nascimento, é como uma tabula
rasa, um papel em branco, sem nenhuma idéia previamente escrita.
Retoma, assim, a tese empirista, segundo a qual nada existe mente
que não tenha sua origem nos sentidos. O filósofo defende que as
idéias que possuímos (isto é, todo o conteúdo do processo do
conhecimento) são adquiridas ao longo da vida mediante o exercício
da experiência sensorial e da reflexão.
·Experiência sensorial – nossas primeiras idéias, as
sensações, nos vêm à mente através dos sentidos, isto é,
quando temos uma experiência sensorial. Essas idéias seriam
moldadas pelas qualidades próprias dos objetos externos. Por
sensação Locke entende, por exemplo, as idéias de amarelo,
branco, quente, frio, mole, duro, amargo, doce, etc.
·Reflexão – depois, combinando e associando as sensações
por um processo de reflexão, a mente desenvolve outra série
de idéias que, segundo Locke, não poderia ser obtida das
coisas externas. Seriam idéias como “a percepção, o
pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar” (1978: 160).
Assim, a reflexão seria nosso “sentido interno”, que se
desenvolve quando a mente se debruça sobre si mesma, analisando
suas próprias operações. Das idéias simples, a mente avança em
direção às idéias cada vez mais complexas. Porém, para Locke, de
qualquer maneira a mente sempre tem “as coisas materiais externas,

como objeto da sensação, e as operações de nossas próprias
mentes, como objeto de reflexão” (Ibid).
Locke admitia que nem todo conhecimento limita-se,
exclusivamente, à experiência sensível. Considera, por exemplo, o
conhecimento matemático válido em termos lógicos, embora não
tivesse como base a experiência sensível. Nesse sentido, Locke não
era um empirista radical.
75
“As paixões que provocam de maneira mais decisiva as diferenças de
talento são, principalmente, o maior ou menor desejo de poder, de
riqueza, de saber e de honra. Todas as quais podem ser reduzidas à
primeira, que é o desejo de poder. Porque a riqueza, o saber e a
honra não são mais do que diferentes formas de poder”.
Este conceito de maior poder ou de poder superior, é
importante em razão de que é poder, criado através do contato entre
os indivíduos, que será capaz de garantir ao individuo tudo aquilo que
ele anseia que é a paz e a segurança.
Hobbes trata da religião, matéria afeta a todo e qualquer
individuo, ele demonstra que a religião deriva da ordem divina e do
homem também. Neste aspecto os fundadores e legisladores dos
Estados utilizam a religião como forma de manipulação, a fim de
conquistarem a paz e a obediência civis, “tão fácil os homens serem
levados a acreditar em qualquer coisa por aqueles que gozam de
credito junto deles, que podem com cuidado e destreza tirar partido
de seu medo e ignorância”.
A religiosidade é algo natural do homem, sendo impossível
deixar de existir religião na humanidade, pois a religião assume papel
importante para que a união do Estado esteja presente, pois evita a
guerra civil, que seria a morte do Leviatã, ou seja, a morte do Estado.
A partir do capitulo 14, Hobbes explica a condição que se
encontrava a humanidade antes da existência de qualquer Estado.
Ele afirma que o homem vivia em um estado de natureza, sendo que
neste momento as relações humanas eram embasadas na discórdia,
inexistia, à época, um poder capaz de manter o respeito de um para
com o outro. Sem tal respeito, cada um procurava a satisfação de seu
próprio bem, sofrendo os riscos que esta mesma conduta praticada
pelo seu próximo poderia causar-lhe.
As três principais causas para a existência da discórdia entre
os homens seria a competição, quando o ataque de um individuo
sobre o outro buscava o lucro, a desconfiança, cujo bem almejado
seria a segurança e a gloria, quando o homem buscaria a reputação.
Em razão deste estado de discórdia não haveria paz entre os
homens, que estariam em constante estado de guerra.
74
Podemos perceber também que, foram os próprios homens que
almejaram uma ordem pela garantia da paz, assim, um Estado que
garantisse a paz e segurança dos indivíduos.
Hobbes analisa que é preciso que o homem leia-se a si
mesmo, já que as paixões soam comuns a todos os homens
submetidos às mesmas circunstâncias. São os sentimentos e
emoções, que movem o homem a praticar todos os atos que lhe são
possíveis e a sentir todas as emoções ás quais estão sujeitos.
O autor manifesta-se contrario à teoria das escolas segundo
a qual um corpo tenderia ao movimento pela ausência de vontade de
ficar onde estava a para quedar em local que para ele fosse mais
adequado. Hobbes manifesta sua contrariedade aos escolásticos a às
escolas que formavam o pensamento e as opiniões da época, ele,
contrario ao entendimento aristotélico, defende que um corpo tende a
permanecer imóvel ou em movimento ate que uma força atue sobre
ele.
Os oito primeiros capítulos de sua obra, o autor conceituou o
grande número de paixões humanas e passa, após, a analisar o
poder, principal proposição sobre a natureza humana, definindo-os
como “os meios de que presentemente dispõe para obter qualquer
visível bem futuro” e o divide em original, que são os meios inatos e
instrumental que são os meios adquiridos.
Da compreensão do homem como um ser que deseja o
poder, como uma forma incessante de sobrevivência, Hobbes infere a
essência do Estado como uma entidade composta pela soma dos

vários poderes individuais dos homens em sociedade. É nesse
momento que se da a passagem do estado de natureza para o estado
de sociedade, quando o individual é sobre determinado pelo coletivo.
Dentre esses meios, o maior dos poderes humanos é “aquele que é
composto pelos poderes de vários homens, unidos por consentimento
numa só pessoa, natural ou civil, que tem uso de todos os seus
poderes na dependência de sua vontade. É o caso do poder de um
Estado”.
39
2.3.3.2.AS IDÉIAS PEDAGÓGICAS DE JOHN LOCKE
Com respeito à religião, Locke toma uma atitude racionalista
moderada. Admite uma religião natural, exigível também
politicamente, porquanto fundamentada na razão. E professa a
tolerância a respeito das religiões particulares, históricas, positivas.
Locke interessou-se especialmente pelos problemas
pedagógicos, escrevendo os Pensamentos sobre a Educação. Aí
afirma a nossa passividade, pois nascemos todos ignorantes e
recebemos tudo da experiência; mas, ao mesmo tempo, afirma a
nossa parte ativa, enquanto o intelecto constrói a experiência,
elaborando as idéias simples.
Afirma-se que todos nascemos iguais, dotados de razão; mas,
ao mesmo tempo, todos temos temperamentos diferentes, que devem
ser desenvolvidos de conformidade com o temperamento de cada um.
Esta educação individual não exclui, mas implica a educação, a
formação social, para ampliar, enriquecer a própria personalidade.
Tem muita importância a obra do educador, mas é fundamental a
colaboração do discípulo, pois se trata da formação do intelecto, da
razão, que é, necessariamente, autônoma. A formação educacional
consiste, portanto, fundamentalmente, no desenvolvimento do
intelecto mediante a moral, precisamente pelo fato de que se trata de
formar seres conscientes, livres, senhores de si mesmos. Por
conseguinte, a educação deve ser formativa, desenvolvendo o
intelecto, e não informativa, erudita, mnemônica. Igualmente Locke é
fautor de educação física, mas como o meio para o domínio de si
mesmo.
2.4.O MÉTODO EXPERIMENTAL
2.4.1.ELEMENTOS INTRODUTÓRIOS
2.4.1.1.O QUE É MÉTODO
A palavra método é de origem grega e significa o conjunto de
etapas e processos a serem vencidos ordenadamente na
investigação da verdade.
40
2.4.1.2.IMPORTÂNCIA DO MÉTODO
O Método pode validar ou invalidar um resultado; confere
segurança; é fator de economia no estudo ou na pesquisa; é um
extraordinário instrumento de trabalho.
A importância do método não exime o pesquisador do seu
talento e da ética científica: questionamento sobre a quem serve os
resultados da pesquisa, reflexão sobre neutralidade e objetividade da
ciência.
2.4.1.3.BENEFÍCIOS DO MÉTODO
Execução de atividade de forma mais segura, mais econômica
e mais perfeita. Existem métodos peculiares a cada objetivo: método
de ensinar piano, método para ler, para escrever, para resumir, para
estudar e aprender de fato, de ensinar línguas estrangeiras, etc.
2.4.1.4.DIFERENÇA ENTRE MÉTODO E TÉCNICA
MÉTODO: significa o traçado das etapas fundamentais da
pesquisa.
TÉCNICA: significa os diversos procedimentos ou a utilização
de diversos recursos peculiares a cada objeto de pesquisa, dentro
das diversas etapas do método;
A técnica é a instrumentação específica da ação, é mais
instável, obedece ao progresso tecnológico;

O método é mais geral, mais amplo, menos específico, mais
estável.
2.4.2.DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO
2.4.2.1.GALILEU GALILEI (1564-1642) catedrático de
matemática da Universidade de Pisa
Método Experimental: emprega-se nos estudos situados na
faixa intermediária entre as ciências formais e as ciências da
natureza.
Ciências físico-químicas: fenômenos da natureza, passíveis de
serem matematizados. Exemplo: extensão, massa, movimento,
partícula, elemento, carga elétrica, campo de força, etc.
73
O Leviatã surgiu do acordo de vontades entre os homens. Em
sua perspectiva, a melhor forma de governo era a monarquia, sem a
presença de um Parlamento, pois esta iria dividir o poder e seria um
estorvo ao Leviatã e levaria a sociedade ao caos.
PARTE 1 – DO HOMEM
Hobbes analisa a sociedade, no qual seus componentes
básicos é o homem e as suas sensações. Ele define as varias
paixões e sentimentos de maneira impessoal e com base em
princípios científicos. Hobbes tenta desvendar o individuo social, na
certeza de que o objetivo era pensar o Estado, que só poderia
acontecer após a compreensão do ser humano e suas relações
sociais, o que os move na vida, quais seus desejos, paixões e quais
os recursos que estes utilizam para realizá-los. Os sonhos, a
imaginação, a cadeia de imaginação são fenômenos da estrutura
psíquica do ser humano.
Hobbes descreve o homem em seu Estado Natural, como
egoísta, egocêntrico e inseguro. Ele não conhece leis e não tem
conceito de justiça, ele somente segue suas paixões e desejos
misturados com sugestões de sua razão natural. Onde não existe lei
ou governo, os homens naturalmente caem na discórdia. Desde que
os recursos são limitados, ali haverá competição, que leva ao medo,à
inveja e a disputa. Com a desconfiança, perde-se a segurança de
confiar no próximo e na busca pela gloria, derruba-se os outros pelas
costas, já que para Hobbes, os homens são iguais nas capacidades e
na expectativa de êxito, nenhuma pessoa ou grupo pode, com
segurança reter o poder. Assim, o conflito acontece sempre e “cada
homem é inimigo de outro homem”.
Enquanto que cada um se concentra na autodefesa e na
conquista, o trabalho produtivo é impossível, pois não existe
tranqüilidade para a busca do conhecimento, motivação para construir
ou explorar, não há lugar para as artes, não existe lugar para a
sociedade só “medo continuo e perigo de morte violenta”. Assim a
vida do homem será “solidária, pobre, sórdida, brutal e curta”.
72
A obra de Hobbes é, antes demais nada, uma resposta para o
caos político e social vivido pela sua geração, ou, como querem
alguns historiadores e cientistas políticos, uma reflexão crítica sobre a
turbulência política vivida pelo Estado na primeira metade do século
XVII D. C.
A sua obra mais importante do ponto de vista da Teoria Política
e do Direito é o Leviatã, -que é um monstro bíblico, cruel e invencível,
que simboliza para Hobbes o poder do estado absoluto, destacando o
símbolo de dois poderes, o civil e o religioso- destacando-se a
segunda parte, onde detalha a sua visão de Estado. Em sua
introdução, Hobbes compara o Estado a um ser humano artificial, do
qual nos, humanos naturais o criamos para proteção e defesa. Ele
fala: ‘E a arte vai mais longe ainda, imitando aquela criatura racional,
a mais excelente obra da natureza, o Homem. Porque pela arte é
criado aquele grande Leviatã a que se chama Estado, ou Cidade (em
latim Civitas), que não é senão um homem artificial, embora de maior
estatura e força do que o homem natural, para cuja proteção e defesa
foi projetado. E no qual a soberania é uma alma artificial, pois dá vida
e movimento ao corpo inteiro; os magistrados e outros funcionários
judiciais ou executivos, juntas artificiais; a recompensa e o castigo
(pêlos quais, ligados ao trono da soberania, todas as juntas e
membros são levados a cumprir seu dever) são os nervos, que fazem
o mesmo no corpo natural; a riqueza e prosperidade de todos os

membros individuais são a força; Salus Populi (a segurança do povo)
é seu objetivo; os conselheiros, através dos quais todas as coisas que
necessita saber lhe são sugeridas, são a memória; a justiça e as leis,
uma razão e uma vontade artificiais; a concórdia é a saúde; a sedição
é a doença; e a guerra civil é a morte.
SÍNTESE DO LIVRO LEVIATÃ
Thomas Hobbes escreveu seu livro, Leviatã ou matéria, forma
e poder de um Estado eclesiástico ou civil,em 1651, num período de
intensa agitação política. Hobbes analisou a essência e a natureza do
Estado Civil, ao qual, em razão se poderio e de sua força, comparou
ao monstro bíblico, tanto que o denominou de “grande Leviatã”. Para
Hobbes, o Leviatã nada mais é senão um homem artificial, de maior
estatura e força do que o homem natural, para cuja proteção e defesa
foi projetado.
41
Em 1609 – desenvolveu o telescópio. Fez uso científico desse
aparelho, transformando-o em um instrumento para observação
cuidadosa do céu: passou a existir então, a possibilidade de observar,
de forma mais clara e precisa, os astros já visíveis a olho nu e de
passar a ver outros astros e fenômenos até então ocultos à visão e ao
estudo do homem;
- Questiona o sistema geocêntrico, pelo qual a terra era o
centro fixo do universo (Ptolomeu e Aristóteles). Tal sistema assumido
durante a Idade Média, revestia-se de interpretações religiosas, era,
portanto, a doutrina oficial da Igreja, defendida ciosamente com o
auxílio da Inquisição;
- Isso implicava o abandono definitivo da idéia de um universo
estruturado e hierarquicamente ordenado;
- “Mas, meus senhores, afinal, se o homem decifra mal o
movimento das estrelas, pode errar também, quando decifra a bíblia”.
- Também afirmava que não se pode conhecer a essência das
coisas e que a ciência só se preocupa com as propriedades das
coisas e com fatos observáveis, explicita o método experimental.
- Descobre o sistema heliocêntrico, o qual contesta a idéia de
que a terra é o centro do universo.
- Galileu é considerado o cientista que inaugura a ciência
moderna (1624 e 1639) com a obra Diálogo.
2.4.2.2.FRANCIS BACON filósofo inglês (1561-1626)
a)MÉTODO INDUTIVO
- O método empírico (baseado na observação sensorial), é
empregado em parte das ciências da natureza e as ciências da
cultura ou sociais;
- principal procedimento: observação. A indução consiste em
enumerar os enunciados sobre os fenômenos através da observação,
procurando-se encontrar algo que está sempre presente na
ocorrência do fenômeno.
2.4.2.3.RENÉ DESCARTES pensador e filósofo
francês (1596 – 1650) – Discurso do Método
- Racionalista: expõe a idéia fundamental de que é possível
chegar-se à certeza por intermédio da razão;
42
- O método racional (descartiano) é empregado nas ciências
formais e parte das ciências da natureza;
- Método dedutivo: técnica que se fundamenta em esclarecer
as idéias através de cadeias de raciocínio;
- O pensamento é dedutivo: quando, a partir de enunciados
mais gerais dispostos ordenadamente como premissas de um
raciocínio, chega a uma conclusão particular ou menos geral.
Exemplo: Todo homem é mortal (geral)
Pedro é homem
Pedro é mortal (conclusão particular)
Função básica do pensamento dedutivo: explicitar ao longo da
demonstração aquilo que implicitamente já se encontra no
antecedente.
- Método hipotético dedutivo: sua maior característica é a
construção de teorias e leis;
- Considerado lógico por excelência.
- Historicamente relacionado com a experimentação.
- Fundamenta-se na observação.
- Bastante usado no campo das ciências naturais.
- Confunde-se com o método indutivo.
- Diferença: não se limita à generalização empírica das
observações realizadas.

- Pode-se chegar através das observações à construção de
teorias e leis.
- Método dialético: não envolve apenas questões ideológicas,
investiga-se a realidade pelo estudo de sua ação recíproca.
- Princípios:
a) Princípio da unidade e luta dos contrários: (contradição
dos fenômenos, unidos organicamente, constituem a indissolúvel
unidade dos opostos);
b) Princípio da transformação das mudanças quantitativas
em qualitativas: (quantidade e qualidade estão presentes em todos
os fenômenos e estão inter-relacionados).
Obs.: no processo de desenvolvimento, as mudanças
quantitativas graduais geram mudanças qualitativas;
71
Além disso, o Estado surge de um contrato, o que revela o
caráter mercantil, comercial, das relações sociais burguesas. O
contrato surge a partir de uma visão individualista do homem, pois de
acordo com essa concepção, o individuo preexiste ao Estado (se não
cronologicamente, pelo menos logicamente), e o pacto visa garantir
os interesses dos indivíduos, sua conservação e sua propriedade. Se
no estado de natureza “não há propriedade, nem domínio, nem
distinção entre o meu e o teu”, no Estado de soberania perfeita a
liberdade dos súditos está naquelas coisas que o soberano permitiu,
“como a liberdade de comprar e vender, ou de outro modo realizar
contratos mútuos; de cada um escolher sua resistência, sua
alimentação, sua profissão, e instruir seus filhos conforme achar
melhor, e coisas semelhantes”. Portanto, o Estado se reduz à garantia
do conjunto dos interesses particulares.
A importância de Hobbes para o estudo da formação e
manutenção do Estado nacional absoluto é indiscutível. Tendo
apenas quatro obras traduzidas para o português: Leviatã, Do
Cidadão, Da Natureza Humana e Behemoth (ou o Longo Parlamento).
Sendo Leviatã a obra mais importante.
a)PENSAMENTO POLITICO DE THOMAS HOBBES
Hobbes é defensor do absolutismo, e sua justificativa para
essa forma de governo é estritamente racional, livre de qualquer tipo
de religiosidade e sentimentalismo. Ele criou uma teoria que
fundamenta a necessidade de um Estado Soberano como forma de
manter a paz civil. É aqui que Hobbes se aproxima de Maquiavel e do
seu empirismo radical, a partir de um método de pensar
rigorosamente dedutivo. Em sua construção hipotética partiu do
contrário, ou seja, iniciou sua teoria a partir dos homens convivendo
sem Estado, para depois justificar a necessidade dele. Esse estágio
do convívio humano sem autoridade recebe o nome de estado
natural. Hobbes alega que o ser humano é egoísta por natureza, e
com essa natureza tenderiam a guerrear entre si, todos contra todos.
Havendo assim a necessidade de um contrato social que estabeleça
a paz, construindo assim uma teoria contratualista de Estado. Os
seres humanos, egoísta como são necessitam de um soberano que
puna aqueles que desobedecerem ao contrato social.
70
Durante a Idade Média a Igreja Católica Apostólica Romana era a
instituição mais forte, ela detinha a maior quantidade de terras da
Europa, monopolizava a educação e a cultura. Apesar de sua função
social, como cuidar dos pobres, doentes e órfãos, grande parte dos
membros do clero tinham amantes, filhos, vendiam relíquias
falsificadas e trocavam o perdão por pagamento em dinheiro.
As principais causas da Reforma Protestante era:
desenvolvimento do comercio e da burguesia, formação dos Estados
Nacionais Absolutistas, Renascimento e crise na Igreja Católica.
Cada pais reagiu de forma diferente à Reforma, conforme a situação
social, econômica e política. Os principais líderes do movimento
foram Martinho Lutero, João Calvino e Henrique VIII na Inglaterra.
Hobbes foi influenciado por Descartes, Francis Bacon, Galileu
Galilei, Tácito e Aristóteles. Sendo influenciador de John Locke,
Spinoza, Montesquieu, Rousseau, Durkheim e Nietzsche.
Durante a segunda fase do desenvolvimento do capitalismo
comercial a burguesia repudia o intervencionismo estatal, uma vez
que essa classe ascendente agora aspira à economia livre.
Para Hobbes o Estado pode ser monárquico, quando
constituído por apenas um governante, como pode ser formado por
alguns ou muitos, por exemplo, por uma assembléia. O importante é

que, uma vez instituído, o Estado não pode ser contestado: é
absoluto.
Além disso, Hobbes parte da constatação de que as disputas
entre rei e parlamento inglês teriam levado à guerra civil, o que o faz
concluir que o poder do soberano deve ser indivisível.
Embora Hobbes defenda o Estado absoluto, e sob esse
aspecto esteja distante dos interesses da burguesia que aspira ao
poder e luta contra o absolutismo dos reis, é possível descobrir no
pensamento hobbesiano alguns elementos que denotam os
interesses burgueses.
A doutrina do direito natural do homem é uma arma apropriada
para ser utilizada contra os direitos tradicionais da classe dominante,
ou seja, a nobreza. Da mesma forma, a defesa da representatividade
baseada no consenso significa a aspiração de que o poder não seja
privilegiado de classe.
43
c) Princípio da negação da negação: desenvolvimento se
processa em aspiral, isto é, suas fases repetem-se, mas em nível
superior;
Obs.: o método dialético é contrário a todo conhecimento
rígido, tudo é visto em constante mudança, pois sempre há algo que
nasce e se desenvolve e algo que se agrega e se transforma.
- Há um consenso de maior rigor e exatidão nas ciências
experimentais que nas ciências humanas;
- As ciências experimentais: estudam os fenômenos físicos,
regidos por determinismo da natureza, por leis fatais passíveis de
previsão e que podem até ser provocados para serem observados;
- Nas ciências humanas: há maior ou menor liberdade
humana, leis mais flexíveis, tratam de fatos humanos, qualitativos, por
isso não admitem avaliação exclusivamente quantitativa.
2.5.CIÊNCIAS HUMANAS: TENDÊNCIA NATURALISTA E
TENDÊNCIA HUMANISTA
É pela declaração de novas exigências humanas que surge a
intolerância à cultura medieval, assim, o humanismo marca o
nascimento da Idade Moderna.
Historicamente falando, o Humanismo é uma expressão
cultural que, refletindo os pensadores da cultura clássica, grega e
romana, por um lado induz a imitação das formas literárias e artísticas
destes e, de outro propõe a descoberta e assimilação dos teores e
valores humanos transmitidos por estes padrões. Filosoficamente
pensando, o humanismo menciona o homem como o centro das
explicações de todos os seres.
No Humanismo, portanto, não se observava mais aquela
adoração e respeito referentes a alguns grandes, mas uma autêntica
reverência pelos Antigos. Os gregos pela sua orientação de beleza,
harmonia, graça, força, ascensão de pensamento; os romanos pela
sua coragem, virtude, disciplina, lealdade. Esses se transformaram
em mestres, sábios, padrões, símbolos da verdade. Entretanto, isto
não evitou que, ao menos os grandes autores, fossem dotados de
personalidade e criatividade. Os Antigos eram fontes de inspiração,
não de reprodução.
44
Mas todo esse ânimo respectivo à Antiguidade, a capacidade
criadora, não aconteceram por acaso. São movimentos incentivados
por uma força essencial que os excita e dinamiza: a intensa atração e
interesse pelo homem. Ao passo que, na Antiguidade, os homens
veneravam e dedicavam sua atenção a Deus, no Renascimento,
estes, sem negá-lo, se dão contam de que têm um espaço neste
universo, uma personalidade sua, um pensamento e faculdade seus.
Como se, repentinamente, descobrissem que possuíam mais poder
do que tinham em consciência.
E do homem, espontaneamente, a primeira coisa que causa
impressão material e moral é o seu corpo. A forma humana
transformou-se no objeto preferido da arte.
Essa atração pelo homem motivou a obra de retratos. Estes
eram tão realistas e expressivos que pareciam falar. No entanto, a
veneração pelo homem não se restringiu apenas à adoração, mas
também proporcionou a formação, aparecendo assim ilustres
educadores, como Vittorino de Feltre e Guarino Verona, e livros sobre
a conduta humana, como o Cortesão de Baldassare Castiglione.
Os homens da Renascença, muito mais do que os de qualquer
época, descobriram que o homem não é um tolo espectador da
natureza, mas um ser que tem a capacidade de transformar,

aperfeiçoar, recriar. A compostura e o valor do homem se tornaram o
estímulo da especulação filosófica e da literatura humanista. Todos
enalteciam o homem como a natureza que estabelece a ligação entre
o mundo da matéria e o do espírito. Como uma síntese do universo –
microcosmo. E, além disso, o homem faz parte do divino e só nele
atinge a plenitude da perfeição e felicidade. Como dizia Santo Tomás
que “o homem é o horizonte do universo, microcosmo e imagem de
Deus”.
A feição criativa do homem estimulou os humanistas que
passaram a modificar intensamente a estimativa do engajamento da
terra e das atividades temporais. Deste modo, segundo Pico della
Mirandola, a particularidade do decoro do homem sintetiza-se na idéia
de que enquanto todos os outros seres têm a natureza definida, que
especifica, condiciona e restringe a sua atividade, o ser humano é a
única criatura que é livre da natureza determinante. O homem é quem
designa a sua natureza. Ele é o agente, projeto de si mesmo.
69
Assim, percebemos que durante a Idade Moderna os principais
acontecimentos foram a Expansão Marítimo-Comercial, o
Renascimento e a Reforma Protestante.
Com base na atividade comercial, a busca pelo lucro envolvia,
cada vez mais, não apenas a burguesia em formação, como também
os novos Estados nacionais. A aliança entre a burguesia e os novos
Estados nacionais visava a valorização do comércio, centralização do
poder e enfraquecimento da nobreza feudal. Os burgueses forneciam
capitais necessários para a formação e armamento de um exército
nacional e centralização do poder nas mãos de um rei absoluto,
enquanto o rei promovia o desenvolvimento do comércio, atendendo
aos interesses da burguesia.
A expansão marítimo-comercial, no século XV, integrou-se a
esse processo, contando também com a crescente estruturação do
absolutismo monárquico – a total centralização de poderes nas mãos
dos monarcas, apoiados pela burguesia mercantil – e também do
mercantilismo (metalismo, balança comercial favorável, protecionismo
e o exclusivismo comercial) – política econômica dos Estados
nacionais europeus em busca do enriquecimento e fortalecimento. Os
dois países que mais se destacaram foram Espanha e Portugal.
Opondo-se ao modo de vida e pensamento da Idade Média,
cuja a população concentravam-se nos feudos, submissão aos
senhores feudais e papa ( Igreja Católica Apostólica Romana) –
teocentrismo – surgiu na Itália algumas cidades-Estados governadas
por famílias de poderosos comerciantes, que mais tarde converteram
aos Estados italianos da época moderna. Desenvolveu-se o
movimento cultural renascentista, que por sua vez, contribuiu para o
desenvolvimento de técnicas de navegação. Emerge o Humanismo
nos grandes centos centros econômicos europeus, quebrando os
tradicionais valores difundidos pela Igreja Católica.
Manifestações culturais, como a pintura e a literatura, por
exemplo, passaram a refletir a preocupação com o homem, com os
aspectos concretos da vida humana, do mundo que o cercava,
levando artistas e intelectuais a aprofundar seus conhecimentos.
Retomavam-se e aprimoravam-se os valores culturais da Antiguidade
clássica, grega e romana.
68
1541 - João Calvino consolida seu poder em Genebra.
1542 - O papa autoriza a reorganização dos tribunais da Inquisição.
1545 - Início do Concílio de Trento. A Igreja Católica reage ao avanço
do protestantismo. Os conquistadores espanhóis descobrem minas
de prata em Potosí (Bolívia).
1580 - Portugal e seus domínios são anexados à Espanha. A
chamada União Ibérica estende-se até 1640.
1584 - Fundação da Virgínia, na América do Norte, pelos colonos
ingleses.
1588 - A esquadra inglesa vence a Invencível Armada espanhola.
Consolida-se a supremacia naval britânica. Nascimento de Thomas
Hobbes em Malmesbury, Inglaterra.
1618 - Inicio da Guerra dos Trinta Anos na França.
1621 - Fundação da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais.
1649 - Na Inglaterra, Cromwel, comandando Revolta Puritana,
destrona e executa o rei Carlos I.
1651 - O inglês Oliver Cromwell promulga o Ato de Navegação. O
objetivo é desenvolver a marinha inglesa. Cromwell exerce o poder na
Inglaterra de 1649 a 1658.

1661 - Na França, tem início o reinado de Luís XIV, o Rei Sol, que se
estende até 1715.
1679 - Morte de Thomas Hobbes em Hardwick Hall, Inglaterra.
1689 - Revolução Gloriosa, na Inglaterra. Guilherme de Orange
assina Declaração de Direitos.
1715 - Na França, início do reinado de Luís XV que se estende até
1774.
1748 - O jurista Montesquieu escreve o Espírito das Leis defendendo
a separação funcional dos poderes do Estado em legislativo,
executivo e judiciário (Iluminismo).
1762 - O filósofo suíço Rousseau escreve O Contrato Social
(Iluminismo).
1769 - James Watt aperfeiçoa a máquina a vapor. Desenvolve-se na
Inglaterra a Revolução Industrial.
1776 - Elaboração da declaração de Independência dos Estados
Unidos.
1787 - Proclamação da Constituição dos Estados Unidos.
45
Tendência Naturalista Tendência Humanista
Quanto à maneira de perceber o fato psíquico
·Uma coisa (realidade objetiva)
·Fatos descritos em sua
aparência sensório-motora
·Ênfase na natureza orgânica dos
fenômenos psíquicos
·Uma consciência (doadora de
sentido)
·Valorização do vivido, dos
conteúdos anímicos e espirituais.
·O homem é um ser-no-mundo
Quanto à natureza da percepção
·Associacionismo
·Atomismo (sensação, percepção,
idéia)
·Noção de estrutura (percepção
do todo)
·Totalidade (não é a soma dos
elementos)
Quanto à explicação do comportamento
·Mecanismo (o comportamento se
explica pela relação causa e
·Todo comportamento existe num
contexto que deve ser
efeito) interpretado
Quanto ao modo de inteligibilidade
·Explicação legal (por leis) e
quantitativa (matematizável)
·Aceitação só do que pode ser
verificado experimentalmente
·Limitação dos métodos das
ciências da natureza
·“Compreensão” por tipo
quantitativo ou modelos ideais
·Aceitação de pressupostos não
verificáveis experimentalmente
(por exemplo, a hipótese do
inconsciente).
·Procura do método próprio das
ciências do homem
Quanto à terapia
·Técnicas retlexológicas que
alteram os sintomas
·O sintoma é um “símbolo” (é
preciso procurar o que ele
significa)
46
Durante a primeira metade do século XVIII, o racionalismo
enciclopedista concentrou a maioria dos seus ataques contra a Igreja.
A partir da segunda metade do mesmo século, a crítica foi dirigida,
sobretudo, contra a organização social e política então dominante. O
objetivo que passou a empolgar os espíritos não foi apenas o de
demolir a ordem de coisas reinante, mas também o de construir uma
sociedade ideal. O meio utilizado não foi mais a razão. A tirania do
racionalismo tinha sido superior à tirania da autoridade.
Generalizava-se a crença de que não se podia confiar na
fidelidade dos sentidos, nem na infalibilidade da razão. E começou a
considerar os sentimentos como as verdadeiras expressões da
natureza humana, superiores aos cálculos frios e egoístas da razão e,
portanto, normas muito mais seguras para a orientação do
pensamento e da conduta.
O movimento cultural da segunda metade do século XVIII,
baseado na concepção da bondade natural do homem, revestiu-se
dum impulso de simpatia pelas massas populares, enquanto que o
anterior resultara na formação de uma aristocracia intelectual.

Voltaire, racionalista, céptico, sarcástico, aristocrata, amante do
refinamento e do artificialismo foi o líder do primeiro movimento.
Rousseau, sentimental, romântico, otimista, democrata, apologista da
vida em plena natureza, foi o líder do segundo movimento. Mas
ambos combatiam a ordem social, a disciplina moral e o respeito à
Tradição, à Autoridade e à Igreja.
É possível explicar, em termos claros, o que é exatamente a
filosofia Humanista moderna. É fácil resumir as idéias básicas
sustentadas em comum tanto pelos humanistas seculares como pelos
humanistas religiosos.
Essas idéias são as seguintes:
1. O Humanismo é uma daquelas filosofias para pessoas que
pensam por si mesmas. Não existe área do pensamento que um
humanista tenha receio de desafiar e explorar.
2. O Humanismo é uma filosofia que se concentra nos meios
humanos de compreender a realidade. Os humanistas não afirmam
possuir ou ter acesso a um suposto conhecimento transcendental.
67
3.4.2.2.ABSOLUTISMO E CENTRALIZAÇÃO
EM THOMAS HOBBES
b)CONTEXTO HISTÓRICO
Para facilitar e compreender melhor os pensamentos de Thomas
Hobbes é importante nos situarmos historicamente. Afinal de contas
aos mesmo tempo que o indivíduo é representante da coletividades a
partir da coerção da sociedade, o indivíduo como ser social, também
reflete e projeta a sociedade.
Thomas Hobbes nasceu durante a Idade Moderna (século XV ao
século XVIII). Logo, citarei os principais fatos históricos que
influenciaram a época:
1453 - Os turcos conquistam Constantinopla, destruindo o que
restava do Império Bizantino.
1488 - O navegador português Bartolomeu Dias contorna o cabo da
Boa Esperança. Grande marco da navegação pelo Atlântico em
direção à Ásia.
1492 - Navegando a serviço da Espanha, o genovês Cristóvão
Colombo descobre a América. Início da conquista européia do
continente americano.
1494 - Tratado de Tordesilhas. Espanha e Portugal dividem o Novo
Mundo (América Latina) entre si.
1498 - O navegador português Vasco da Gama atinge a Índia.
1500 - Cabral toma posse do Brasil. Início do período pré-colonial
brasileiro que vai até 1530.
1513 - O florentino Maquiavel escreve O Príncipe. O navegador
espanhol Balboa atinge o Oceano Pacífico.
1517 - O bispo Lutero revolta-se contra a venda de indulgências.
Início da Reforma Protestante.
1519 - O espanhol Cortés inicia a conquista do México. O navegador
português Fernão de Magalhães inicia a primeira viagem de
circunavegação pelo mundo.
1520 - Lutero é excomungado pelo papa Leão X.
1534 - O parlamento inglês confirma a independência da Igreja
anglicana.
1540 - O papa aprova a criação da Ordem dos Jesuítas. A Igreja
Católica luta contra os protestantes.
66
·Era visto como um pensador maldito, pois acreditava que:
1)O Estado é monstruoso;
2)O Homem é belicoso;
3)Nega o direito natural a propriedade.
·Pai do conceito moderno de Estado:
1)Idéia de soberania;
2)O Estado deve regulamentar a vida econômica;
3)O Estado é representativo.
- Natureza humana = “Os Homens são egoístas, luxuriosos,
agressivos e insaciáveis”.
- Estado de natureza = “Os Homens viveriam, naturalmente,
sem poder e sem organização” → caótico, de guerra de todos contra
todos, onde “O Homem é o lobo do Homem” → natureza humana vil +
“os Homens são tão iguais que...” + imaginação = generalização da
guerra.

- Contrato Social
10
= pacto que firma regras para o convívio
social → só o fundamento jurídico não basta = sanção. Contrato
Social = Soberano não assina o contrato social, pois surge devido ao
Contrato → A sociedade nasce com o Estado.
- Estado = dotado de espada, armado, para forçar os Homens
ao respeito → poder pleno e ilimitado.
- Igualdade x Liberdade
- Medo: Estado de Natureza x Estado?
47
3. O Humanismo é uma filosofia de razão e ciência em busca
do conhecimento. Portanto, quando se coloca a questão de qual é o
meio mais válido para se adquirir conhecimento sobre o mundo, os
humanistas rejeitam a fé arbitrária, a autoridade, a revelação e os
estados alterados de consciência.
4. O Humanismo é uma filosofia de imaginação. Os humanistas
reconhecem que sentimentos intuitivos, pressentimentos,
especulação, centelhas de inspiração, emoção, estados alterados de
consciência, e até experiência religiosa, embora não válidos como
meios de se adquirir conhecimento, são fontes úteis de idéias que nos
podem levar a novas maneiras de olhar o mundo. Estas idéias, depois
de racionalmente acessadas por sua utilidade, podem em seguida ser
postas para funcionar, geralmente como abordagens alternativas para
a solução de problemas.
10
A Ciência Política da era moderna tem, na noção de ‘Contrato Social’, a mais
expressiva fundamentação político-filosófica que explica a criação do Estado – e do
Poder que lhe é inerente, por haverem sido dois conceitos praticamente
indistinguíveis naquele período. Segundo Boaventura de Souza Santos, o
“Contratualismo” é conhecido como a doutrina fundadora da racionalidade político-
social do Estado na Modernidade, e pode ser considerado metafórico porque seus
teóricos partem da hipótese de um Estado de Natureza (onde cada autor descreve
como entende estes Estados naturais e a natureza dos homens que o compõem) e
abstraem a ocorrência de um Pacto Social que, factualmente, não ocorreu. Este
“Contrato Social” firmaria a sociedade civil, que seria posteriormente diferenciada do
Estado, o qual é considerado uma sociedade política. Assim, o contratualismo
propugna pela idéia de que a sociedade política nasce da vontade expressa dos
homens, sendo, portanto, um ato de vontade livre a adesão ao corpo social.
5. O Humanismo é uma filosofia para o aqui e agora. Os
humanistas encaram os valores humanos como tendo sentido apenas
no contexto da vida humana, mais do que na promessa de uma
suposta vida após a morte.
6. O Humanismo é uma filosofia de compaixão. A ética
humanista preocupa-se apenas em atender às necessidades
humanas e em responder aos problemas humanos - tanto pelo
indivíduo como pela sociedade - e não dedica atenção alguma à
satisfação dos desejos de supostas entidades teológicas.
7. O Humanismo é uma filosofia realista. Os humanistas
reconhecem a existência de dilemas morais e a necessidade de
cuidadosa consideração sobre as conseqüências imediatas e futuras
na tomada moral de decisões.
8. O Humanismo está em sintonia com a ciência de hoje. Os
humanistas reconhecem, portanto, que vivemos em um universo
natural de grande tamanho e idade, que evoluímos neste planeta no
decorrer de um longo período de tempo, que não existe uma
evidência premente de uma "alma" dissociável, e que os seres
humanos têm determinadas necessidades inatas que formam
efetivamente a base de qualquer sistema de valores orientado para o
homem.
48
9. O Humanismo está em sintonia com o pensamento social
esclarecido de nossos dias. Os humanistas são compromissados com
as liberdades civis, os direitos humanos, a separação entre Igreja e
Estado, a extensão da democracia participativa, não só no governo,
mas no local de trabalho e na escola, uma expansão da consciência
global e permuta de produtos e idéias internacionalmente, e uma
abordagem aberta para a resolução de problemas sociais, uma
abordagem que permita a experiência de novas alternativas.
10. O Humanismo está em sintonia com novos avanços
tecnológicos. Os humanistas têm boa-vontade em participar de
descobertas científicas e tecnológicas emergentes, de modo a
exercerem sua influência moral sobre estas revoluções à medida que
surgem especialmente no interesse de proteger o meio ambiente.

11. O Humanismo, em suma, é uma filosofia para aqueles que
amam a vida. Os humanistas assumem responsabilidade por suas
próprias vidas e apreciam a aventura de participar de novas
descobertas, buscar novo conhecimento, explorar novas
possibilidades. Em vez de se satisfazerem com respostas
préfabricadas para as grandes questões da vida, os humanistas
apreciam o caráter aberto de uma busca e a liberdade de descoberta
que este proceder traz como sua herança.
MOVIMENTO HUMANISTA
“O Movimento Humanista é um conjunto de pessoas de várias
idades, credos, raças...” E que hoje se faz presente em mais de 120
países, nos cinco continentes é uma nova sensibilidade que prioriza a
ação de base, a comunicação direta, a prática da não violência e a
não-discriminação. É um novo pensamento porque parte da
necessidade do Ser Humano de superar a dor e o sofrimento. Além
de resgatar o melhor de cada cultura e da própria história humana. É
uma nova ação no mundo porque se baseia nas virtudes de cada ser
humano, na força do conjunto, na reciprocidade e na verdadeira
solidariedade. Estamos conformando as bases para uma verdadeira
transformação pessoal e social. Construindo a Nação Humana
Universal, distante do mito do dinheiro, do pragmatismo e do sem
sentido da época atual.
65
A vida de Hobbes esta ligada a monarquia inglesa, cujas
intrigas e políticas afetaram sua existência e pensamento político.
Depois de formado Hobbes foi preceptor do filho de uma família
de prestigio. Com isso viajou a França e a Itália.
Mas tarde Hobbes se dedicou a vida intelectual, do qual em
1629 traduziu a obra de Tucídides – historiador grego analista político
e moral da guerra do Peloponeso. Partir daí, Hobbes começa a
mostrar suas tendências políticas. Em mais uma de suas viagens,
Hobbes teve a oportunidade de se encontrar com Galileu e René
Descartes, cuja ciência e filosofia o impressionavam. Refugiado em
Paris por temer sua segurança após ter publicado DE CIVE, Hobbes
escreveu sua obra prima, "O Leviatã"; ou "Matéria, Forma e Poder da
Comunidade Eclesiástica e Civil", um estudo filosófico sobre o
absolutismo político que sucedeu a supremacia da Igreja medieval. A
obra foi publicada no ano seguinte, 1651, englobando todo o seu
pensamento. No final do livro colocou que os súditos tinham o direito
de abandonar o soberano que não mais os podia proteger em favor
de um novo soberano que pudesse fazê-lo. Esta posição foi
considerada como ofensa ao herdeiro Carlos II, exilado em Paris
enquanto a república sucedia a Carlos I na Inglaterra. Hobbes foi
olhado como oportunista e repudiado pelos exilados de Paris, ao
mesmo tempo que o governo francês o tinha sob suspeita devido a
seus ataques ao papado. Em fins do mesmo ano de 1651 Hobbes
voltou à Inglaterra procurando estar em paz com o novo regime.
Tendo retornado à Inglaterra aos 63 anos Hobbes por mais
vinte anos manteve sua energia e combatividade, envolvendo-se em
várias polêmicas no campo científico e religioso.
Hobbes morreu em 1679, famoso no exterior, apesar de detestado
por muitos inimigos na Inglaterra. Sua reputação foi logo superada
pela de John Lock. Somente no século XVIII seu pensamento ganhou
nova importância. É hoje considerado um dos grandes pensadores
políticos da Inglaterra.
É o primeiro contratualista. Era tutor e preceptor. Chegou a
ensinar matemática para Carlos I em seu exílio na França, durante os
anos da Revolução.
a)CARACTERÍSTICAS DO ESTADO MODERNO
1) autonomia e plena soberania do Estado;
2) distinção entre Estado e sociedade civil - ascensão da
burguesia;
3) identificação absoluta entre o Estado e o monarca è Séc.
XVIII è Rei Luiz XIV afirmava "O Estado sou eu". Estado Medieval =
Estado patrimonial.
b)ESTADO ABSOLUTO
É primeira expressão do Estado Moderno. É a uma nova forma
estatal, baseada na idéia de soberania e que está intrinsecamente
relacionada à concentração de todos os poderes nas mãos dos
monarcas. Personificação do Estado na figura do rei – Luiz XIV, o rei

Sol: O Estado sou eu. Estado como propriedade: poder de imperium,
como direito absoluto do Rei.
Rei = Senhor Feudal: Assegurar a unidade territorial dos
reinos.
Concentração de poder: Autoridade ilimitada pela origem divina
do monarca.
Jean Bodin = a soberania do monarca era perpétua, originária
e irresponsável.
Absolutismo é diferente de tirania, despotismo, ditadura,
totalitarismo, autocracia e autoritarismo.
Absolutismo x capitalismo = a burguesia “abriu mão” do poder
político delegando-o ao soberano por razões econômicas.
Elementos Constitutivos do Estado Moderno: Soberania,
Território e Povo.
3.4.2.THOMAS HOBBES (1588-1679)
3.4.2.1.BIOGRAFIA DE THOMAS HOBBES
Filosofo e cientista político, Thomas Hobbes nasceu na
Inglaterra em 05 de abril de 1588, vindo a falecer em 04 de dezembro
de 1679. Seu pai, um vigário humilde, entregou-lhe ainda criança,
devido a uma briga na porta de sua igreja, ao irmão que
proporcionou-lhe uma boa educação. Estudou na escola da igreja e
depois em uma escola privada, e mais tarde aos 15 anos foi estudar
em Oxford onde consagrou a maior parte do tempo a ler livros de
viagem e estudar cartas e mapas, e onde formou-se em 1608.
2.O PENSAMENTO POLÍTICO
“A desgraça dos que não se interessam por política é serem
governados pelos que se interessam” (Weffort).
"Política é o processo de formação, distribuição e exercício do poder" (H.D.
Lasswell e A. Kaplan).
3.1.O CONCEITO DE POLÍTICA E PODER POLÍTICO
O significado do termo Política advêm de pólis (polítikos), que
significa tudo o que se refere à cidade, ou seja, tudo que é urbano,
civil, público ou mesmo, o que é sociável ou social. A obra “A Política”
do filósofo grego Aristóteles (384 a 322 a.C), a quem nos referiremos
adiante é a responsável pela expansão do termo Política.
Esse termo foi utilizado durante muito tempo para designar o
estudo da esfera de atividades humanas que se refere de algum
modo às coisas do Estado.
Já na época moderna, o termo foi sendo substituído
paulatinamente por expressões como “ciência do Estado”, “doutrina
do Estado”, “ciência política”, “filosofia política”, etc., porém sempre
indicando a atividade ou conjunto de atividades que, de alguma
maneira, têm como termo de referência a pólis, ou seja, o Estado.
De maneira geral, o termo Política pode ser entendido como
forma de atividade humana estreitamente ligada ao poder. Nesse
sentido, a conceituação de Max Weber parece-nos bastante acertada.
Segundo esse autor, Política pode ser entendida como “o
conjunto de esforços feitos com vistas a participar do poder ou a
influenciar a divisão do poder, seja entre Estados, seja no interior de
um único Estado” (Weber, 2005: 56).
Já o termo poder define-se como uma relação entre dois
sujeitos, dos quais um impõe ao outro a própria vontade, lhe
determinando o seu comportamento. Inclui-se nessa conceituação
tanto o domínio do homem sobre outro homem, como o domínio do
homem sobre a natureza.
O poder político compreende apenas o poder do homem sobre
o outro homem como, por exemplo, a relação entre governantes e
governados, entre soberanos e súditos, entre Estado e cidadãos,
entre autoridade e obediência.
50
Para a teoria política há uma diferença básica entre a política
dos antigos e a dos modernos. Os gregos e romanos antigos
empreendiam uma política voltada para as virtudes, mas não se trata
da idéia de virtude secularizada pelo cristianismo e sim da idéia de
que o bem para a sociedade deve estar no centro do discurso político.
A busca pelo interesse próprio, tão comum entre os modernos existia,
mas não fazia parte da fala pública.
A política moderna, tal qual a conhecemos tem inicio por volta
do Século XVI (1500 d.C.) e diferentemente da política antiga passa a

reconhecer e legitimar a busca por vantagens pessoais, dando mais
atenção à questão dos interesses (Ribeiro, 2006).
Mas, modernamente, qual seria o elemento específico do
poder político? Para Bobbio (2006), o poder político, tem como
diferencial a posse dos instrumentos mediante os quais se exerce a
força física. Seu caráter coator é o elemento que o distingue dos
outros tipos de poder. Mantêm-se aqui, a relação entre fortes e fracos
e/ou entre superiores e inferiores.
É importante ressaltar que embora a possibilidade de recorrer
à força seja o elemento que distingue o poder político de outras
formas de poder, o uso da força deve ser entendido como condição
necessária, porém não suficiente para a existência do poder político.
Uma quadrilha de criminosos ou um grupo terrorista apesar de
fazerem o uso da força, não possuem o poder político, como
sabemos.
O poder político só é conferido aos grupos que detêm o
monopólio da posse e do exercício da coação física, e que recebeu
esse monopólio a partir de um processo determinado por um contexto
social específico, como o processo eleitoral, por exemplo.
A compreensão da natureza do poder político nos remete ao
conceito de Estado e à clássica definição de Max Weber:
“Por Estado se há de entender uma empresa institucional de caráter
político onde o aparelho administrativo leva avante, em certa medida e com
êxito, a pretensão do monopólio da legítima coerção física, com vistas ao
cumprimento das leis” (apud Bobbio, 2007: 956).
63
- Guerra das Duas Rosas na Inglarerra - Séc. XV.
- Guerra Civil Inglesa – Séc. XVII.
- Guerra dos Trinta Anos na Alemanha – Séc. XVII.
O Estado Moderno virou inteiramente de cabeça para baixo a
idéia de política e isso aconteceu em resposta a mudança religiosa.
Visão liberal do Estado = preocupados acima de tudo com a salvação
acreditavam que o Estado deveria apenas garantir a paz necessária à
realização dos projetos individuais.
Duas atitudes contrastantes revelam o ritmo da política
moderna:
1)Visão liberal do Estado, herdeira das concepções medievais de
liberdade e realeza como defensora de uma ordem civil a ser
usufruída;
2)Estado como algo repressivo, erguendo-se contra as
aspirações dos súditos explorados, o Estado como problema,
porque é uma coisa repressiva que precisa ser humanizada.
(revoluções democráticas)
A política moderna é, em larga medida, um diálogo entre essas
duas alternativas.
Gramsci afirma que Maquiavel foi o teórico da formação dos
Estados modernos. O pensamento de Maquiavel se molda numa Itália
onde havia fracassado a revolução das Comunas (cidade-Estado),
num país fragmentado em muitos Estados pequenos, e que está a
caminho de perder sua independência nacional desde a invasão das
tropas do rei francês Carlos VIII, em 1494. Maquiavel, refletindo sobre
a experiência de outros países (Espanha, Inglaterra e, principalmente,
França), analisa a maneira como se deveria construir na Itália um
Estado moderno e unitário, graças à iniciativa do Príncipe.
·Henrique VIII - Inglaterra - oposição ao papa e separação da
Igreja Católica.
- Triângulo amoroso: Henrique VIII & Catarina de Aragão & Ana
Bolena.
- Afirmou que o poder absoluto pertence ao Estado, que a
Soberania estatal é absoluta e não depende de nenhuma outra
autoridade - Absolutismo. Fundador da Igreja Anglicana.
62
1498 – Maquiavel passa a exercer um cargo público →
Savonarola é deposto → Maquiavel passa a ocupar a Segunda
Chancelaria.
1502 a 1512 – esteve a serviço de Sonderine → Maquiavel
instituiu uma milícia nacional → Sonderine é destronado e os Médicis
voltam ao poder, demitindo Maquiavel.
1512 a 1513 – Escreve “O Príncipe”.
1527 – Restauração da República.

- Natureza Humana = “Os Homens são ingratos, volúveis,
simuladores, covardes ante o perigo e ávidos de lucro”.
- A história é cíclica: é impossível domesticar a natureza
humana e refrear as paixões do Homem.
- Causas da instabilidade e desordem:
1) imutável natureza humana;
2) duas forças opostas: povo x elite – correlação de forças
(Principado ou República).
- Príncipe = agente de transição – “Há vícios que são virtudes”
– Deve-se agir certo na hora certa.
- Virtù = verdadeira virilidade e inquestionável coragem.
- Fortuna = deusa boa, é mulher e quer ser seduzida → possui
honra, glória, poder e riqueza = significa sorte.
- Virtù e Fortuna = “A força do leão e a esperteza da raposa”.
3.4.1.2.FORMAÇÃO E ESTRUTURA DO
ESTADO MODERNO
Século XVI (França, Inglaterra e Espanha) = surgimento do
Estado Moderno (religião no centro da história, determinando a
história). É necessária a presença de poder político (soberania), povo
e território para que se possa falar de Estado.
Estado Moderno = Estado unitário dotado de poder próprio
independente de quaisquer outros poderes
c)POLÍTICA NO ESTADO MODERNO
Os reinos tendiam a fragmentar-se a se unificar em outros.
Monarcas centralizadores adquiriram os poderes concentrados da
soberania, mas alguns usufruíam de grandes privilégios.
Fatos históricos relevantes:
51
Ainda segundo Weber (2005), a violência não é o único
instrumento utilizado pelo Estado, mas é seu instrumento específico.
A relação entre o Estado e a violência é particularmente íntima e para
nos certificarmos disso basta assistir ao último grande sucesso da
cinematografia nacional: Tropa de Elite.
Agrupamentos políticos os mais diversos, desde sempre,
começando pela família, recorreram à violência física como
instrumento normal do poder.
Porém, o poder político não pode ser tomado única e
exclusivamente a partir de seu elemento característico. Enquanto luta
para moldar as decisões que terão impacto sobre a vida da
coletividade, na forma de leis e políticas públicas o exercício do poder
político oscila entre dois pólos: a coerção, ou seja, o uso da força
física ou ameaça desse uso e a legitimidade, ou seja, a idéia de
aceito, consentido que está revestida pela legalidade dos valores
prezados pela sociedade.
Em uma democracia indireta como a brasileira concorda-se
que o vencedor das eleições tem poder de governar durante um
período de tempo específico. Para manter-se no poder, no entanto,
esse vencedor pode lançar mão também da coerção, tendo o cuidado
de jamais desequilibrar os dois pólos que sustentam o poder político.
3.2.O PENSAMENTO POLÍTICO ANTIGO – A POLÍTICA
NORMATIVA
3.2.1.PLATÃO E A CIÊNCIA POLÍTICA
"Ele foi o primeiro e talvez o último, a sustentar que o estado deve ser
governado não pelos mais ricos, os mais ambiciosos ou os mais
astutos, mas pelos mais sábios”.
Para Platão – Aristocracia – que seria formada num processo
educacional (a idéia de democracia não aparece).
Apelando para o mito da destruição e reconstrução do cosmo,
Platão descreveu no seu diálogo "Político", num primeiro momento, a
Era de Cronos, o tempo, e sua transição para a Era de Zeus, o seu
filho (quando a Idade de Ouro dos homens esfumara-se nos
pretéritos).
52
A seguir, tratou dos humanos nascidos neste novo período
pós-Paraíso, quando eles perceberam que os tempos eram outros,
que desaparecera a harmonia que havia outrora entre eles e os
animais, que os bichos não só perderam a fala, como se tornaram
hostis e ferozes, obrigando os homens a se organizarem em grandes
grupos, fechados em regimes políticos, para poderem sobreviver à
crescente selvageria dos tempos de Zeus.

Para Platão, o primeiro e fundamental problema da política é
que todos os homens acreditam-se capacitados para exercê-la, o que
lhe parece um grave equívoco, pois ela resulta de uma arte muito
especial. Distingue então três tipos de artes:
·Aquelas que ele chama de auxiliares (que podemos classificar
como as de ordem técnica, como o artesanato, a marinhagem,
o pastoreio, etc.);
·Em seguida vêm as artes produtoras (o plantio, a tecelagem, o
comércio, etc.), e por último;
·A arte de saber conduzir os homens, que seria a política
propriamente dita superior a todas as outras.
3.2.1.1.A POLÍTICA É TECELAGEM
Para melhor ilustrar o seu ponto de vista, recorre a uma
comparação: a atividade do político, disse ele, assemelha-se à da
tecelagem. Nada mais é do que a arte da vestimenta, o que implica
na escolha do tecido, das peças que devem ser costuradas à mão, e
da armação final, pois seu objetivo maior é dar segurança e abrigo,
da mesma forma que um trajo protege das intempéries e assegura os
pudores. Por isso, o político deve desenvolver habilidades tais como
saber cardar e fiar, porque um dos seus afazeres maiores é conseguir
misturar o tecido maior e melhor com o menor e o pior (isto é,
encontrar o equilíbrio entre os fortes e poderosos e os mais fracos e
indefesos).
3.2.2.ARISTÓTELES E A CIÊNCIA POLÍTICA
Para Aristóteles não há conceito de igualdade universal. A
política é natural para humanos mais avançados.
61
Mas uma sociedade tão precária e incerta que se torna
conveniente sair dessa situação para fazer surgir uma instituição
jurídico-política organizada.
Direitos inatos, estado de natureza e contrato social, conquanto
diversamente entendidos pelos vários escritores, são os conceitos
característicos do jusnaturalismo moderno; acham-se de tal modo
presentes em todas as doutrinas do direito natural dos séculos XVII e
XVIII, que se pode falar [na verdade, impropriamente] de uma "escola
do direito natural". Isto permitiu que muitos reservassem a expressão
jusnaturalismo para as doutrinas desse período histórico.
O ideal jusnaturalista do século XVIII teve assim enormes
resultados políticos: foi na doutrina do direito natural que se inspirou,
conquanto confluíssem também outros elementos históricos e
doutrinários, oriundos, sobretudo da tradição constitucionalista inglesa
- a Declaração da Independência dos Estados Unidos da América
[1776], onde se afirma que todos os homens são possuidores de
direitos inalienáveis, como o direito à vida, à liberdade e à busca da
felicidade; e é de caráter genuinamente jusnaturalista a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão [1789] que constituiu um dos
primeiros atos da Revolução Francesa e onde se proclamam
igualmente como "direitos naturais", dentre outros, a liberdade, a
igualdade e a propriedade.
A "Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948"
reconhece como núcleo básico dos direitos fundamentais da pessoa
humana o do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à justiça, à
segurança, à família, à propriedade, ao trabalho, à saúde, à educação
e à cidadania.
Já a Constituição brasileira de 1988 em seu artigo 5º afirma
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e a propriedade...”.
3.4.1.NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527)
3.4.1.1.BIOGRAFIA DE NICOLAU
MAQUIAVEL
1494 – Os Médicis são expulsos de Florença.
60
Desse modo, foram partícipes de uma das mais importantes
revoluções burguesas que já se teve notícia. Hobbes vive a revolução
de 1640 e Locke vive a Revolução Gloriosa de 1688, que juntas
fazem parte do mesmo fenômeno, a Revolução Inglesa.
Thomas Hobbes, defensor do estado absolutista, introduziu o
individualismo radical no pensamento político e estabeleceu as bases
teóricas do conceito moderno de contrato social, que seria

desenvolvido, posteriormente, por Jean-Jacques Rousseau. John
Locke afirmou o caráter natural do direito à vida e à propriedade e
defendeu uma divisão de poderes voltada para combater a
centralização absolutista.
Montesquieu era profundo admirador da Inglaterra liberal que a
Revolução Inglesa construiu. Preocupado com a estabilidade dos
governos e a manutenção do poder cria a teoria da tripartição dos
poderes, claramente influenciado por Maquiavel e Locke. A divisão do
Estado em três poderes é uma realidade para nós brasileiros que
convivemos com os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
A ascensão econômica da burguesia criou, na segunda metade
do século XVIII, a necessidade de encontrar fórmulas políticas que
abrangessem as propostas burguesas sobre a configuração da
sociedade e do estado: participação, igualdade jurídica, liberdades
individuais e direito de propriedade. Novas teorias políticas
contribuíram para compor a ideologia da burguesia revolucionária.
Rousseau, dessa forma, através da crítica radical do
absolutismo político e da desigualdade social se torna um dos
fundadores do pensamento democrático moderno e é personalidade
que influencia fortemente a Revolução Francesa.
Os contratualistas, de maneira geral, foram influenciados pela
idéia de um Direito Natural ou Jusnaturalismo, mas procurando o
fundamento desse direito, assim como da organização social e do
poder político, na própria natureza humana e na vida social.
Em algumas doutrinas jusnaturalistas modernas, o
individualismo é levado até o ponto de se considerar a própria
sociedade como efeito de um contrato entre os indivíduos; o contrato
social se desdobraria assim em dois momentos, pacto de união e
pacto de sujeição. Mas isto' é mais raro do que comumente se crê,
porque, também entre os jusnaturalistas modernos, o estado de
natureza é geralmente representado como uma forma de sociedade.
53
O texto aristotélico da Política teve uma grande influência no
desenvolvimento da ciência política em nossa tradição e faz parte de
um conjunto de estudos que inclui o exame de um grande número de
constituições das cidades-estados gregas da época, das quais só
chegou até nós A Constituição de Atenas. A passagem selecionada
contém a célebre definição aristotélica do homem como "animal
político" (zoon politikon).
É evidente que a cidade faz parte das coisas naturais, e que o
homem é por natureza um animal político. E aquele que por natureza,
e não simplesmente por acidente, se encontra fora da cidade ou é um
ser degradado ou um ser acima dos homens, segundo Homero (Ilíada
IX, 63) denuncia, tratando-se de alguém: sem linhagem, sem lei, sem
lar.
Aquele que é naturalmente um marginal ama a guerra, e pode
ser comparado a uma peça fora do jogo. Daí a evidência de que o
homem é um animal político mais ainda que as abelhas ou que
qualquer outro animal gregário. Como dizemos freqüentemente, a
natureza não faz nada em vão: ora, o homem é o único entre os
animais a ter linguagem [logos]. O simples som é uma indicação do
prazer ou da dor, estando, portanto, presente em outros animais, pois
a natureza destes consiste em sentir o prazer e a dor e em expressá-
los. Mas a linguagem tem como objetivo a manifestação do vantajoso
e do desvantajoso, e, portanto, do justo e do injusto. Trata-se de uma
característica do homem ser ele o único que tem o senso do bom e
do mau, do justo e do injusto, bem como de outras noções deste tipo.
É a associação dos que tem em comum essas noções que constitui a
família e o estado.
3.2.3.OS GREGOS E A POLÍTICA
Os gregos se sentiam superiores pela distinção que faziam
entre o seu sistema de governo (democracia) e o despotismo
(tirania) suportado pelos vizinhos orientais (persas e egípcios). A
partir do horror que sentiam pela relação de prostração denotada
pelos orientais em relação aos seus senhores, os gregos se
identificavam como ocidentais. Assim, podemos ver que a política
está no centro de sua civilização.
54
Os aristocratas gregos e romanos estudavam leis, filosofia e a
arte da oratória para realizar a vocação política decidida de berço. A
política podia ser a base da educação porque bem cedo se tornara

uma atividade consciente que provocava reflexão, gerando soberba
literatura.
A política, entre os gregos antigos, era uma nova maneira de
pensar, sentir e, acima de tudo, se relacionar com os outros. A única
forma de relação entre seres racionais era a persuasão.
Foram os gregos e os romanos que lançaram os fundamentos
da nossa concepção de política.
3.2.3.1.A DEMOCRACIA ATENIENSE
A cidade-Estado de Atenas tinha por volta de 300 mil
habitantes. 40 mil eram considerados cidadãos. Havia cerca de 100
mil escravos e o resto da população era composta por mulheres e
estrangeiros (metecos). Os 40 mil cidadãos gozavam da mais
absoluta liberdade. Nunca mais um cidadão poderia ser transformado
em um escravo por outro ateniense. Todos participavam diretamente
das decisões políticas por meio dos mecanismos da democracia
(Eclésia e Boulé)
A Eclésia ou Assembléia do Povo não podia ser considerada
uma instituição, já que se tratava do povo reunido. Todos os cidadãos
atenienses tinham não apenas o direito, mas o dever de assistir às
sessões. Porém, nem sempre isso acontecia e apenas uma minoria
se ocupava dos negócios da Pólis.
Nessas sessões, havia uma tribuna da qual os oradores
dirigiam a palavra aos que se sentavam nas bancadas. A Eclésia
contava com 01 presidente e com secretários que eram sorteados
diariamente e era composta por 50 cidadãos.
Já a Boulé (Conselho) era composta por 500 cidadãos que
eram escolhidos em suas tribos de origem por sorteio. Todos os anos
novos componentes eram sorteados. Como 500 homens não podiam
permanecer em sessão permanentemente, havia um conselho mais
íntimo, a Pritania, composta por 50 homens, 5 de cada uma das 10
tribos e que permaneciam em sessão durante a décima parte do ano.
59
Século XIII – direitos e liberdades eram primeiro elaborados
pela nobreza e os habitantes mais ricos das cidades, comumente no
interesse deles, e só então filtrados muito lentamente, ao longo das
gerações, para os escalões mais baixos da sociedade. “O eleitor de
hoje, em outras palavras, herda os direitos inicialmente defendidos
pelos barões de outrora”.
A essência da política medieval está no fato de que o rei não
podia governar – ao ponto de não poder executar as funções muito
limitadas de governo tais como entendidas na época – sem a
cooperação de parceiros. Tinha que consultar os nobres, a Igreja e os
representantes ricos das cidades. Assim surgiram os parlamentos.
A vida na Europa era extremamente violenta, mas o
cristianismo teve para a vida política uma grande importância, pois
operou uma transformação nos valores humanos . Afirmou a
igualdade sob os olhos de Deus em cada alma humana e o valor de
cada indivíduo está não em sua participação na razão universal, mas
numa personalidade que responde ao desafio do pecado. O
cristianismo desviou a atenção humana da conquista política e das
coisas materiais do mundo para o cultivo de uma vida interior.
O Império Romano do Ocidente transformou-se na Igreja
Católica Romana, as províncias romanas tornaram-se dioceses, o
poder do papa cresceu à medida que o do imperador declinava. Havia
uma forte unidade na Igreja, enquanto não havia unidade política.
3.4.O PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO:
MAQUIAVEL, HOBES, MONTESQUIEU,
ROUSSEAU E KARL MARX
A importância de Maquiavel está relacionada à maneira como
ele passa a ver o Estado. Com sua visão dura e implacável sobre o
fenômeno do poder, Maquiavel chocou seus contemporâneos e ainda
hoje provoca o fascínio dos estudantes que se debruçam sobre sua
obra.
A contribuição dos contratualistas Hobbes, Locke, Montesquieu
e Rousseau está intrinsecamente relacionada ao seu contexto
histórico e também a idéia dos direitos naturais. Hobbes e Locke
viveram em uma Inglaterra que passava por uma guerra civil. Viram o
poder do rei ser limitado e o Parlamento ser criado.
58

A Europa como a conhecemos hoje, é o resultado de
sucessivas ondas de migração de tribos empurradas para o oeste
pela pressão de outras à retaguarda. Eram atraídos pela evidente
prosperidade e civilização do Império Romano (hunos, godos,
visigodos, anglos, francos). Fizeram pressão sobre o Império durante
séculos, sendo de início absorvidos pela estrutura romana, mas
depois rompendo-a e destruindo-a. Esses bárbaros fundaram seus
próprios reinos nos capôs e com o tempo foram se convertendo ao
cristianismo. Cada reino tinha um rei e um grupo de magnatas aos
quais geralmente se concediam terras em troca de lealdade. Essas
concessões de terra logo se tornaram hereditárias.
Há três elementos sobre os quais foi construída a civilização da
alta Idade Média:
1)O amor vital pela liberdade herdado dos próprios bárbaros
(havia um forte senso moral e o rei era o guardião da lei).
Assim, a política na Idade Média se baseava na relação entre
um rei e seus vassalos mais importantes;
2)A ordem civil tinha que ser construída através do acordo com
um grupo de magnatas cujo controle sobre seus próprios
rendeiros lhes dava uma posição independente. As condições
geográficas favoreciam os governos centralizados e despóticos
e no século XI encontramos um mosaico de principados
governados por duques e condes, algumas cidades mercantis
independentes e o começo de reinos a partir dos quais
podemos ver o surgimento das nações-estados da Europa;
3)A religião é o mais importante elemento da política medieval.
Só era possível tornar-se cristão com a adoção de certas
crenças e o cristianismo era uma religião de livro, o que
valorizava a educação e a alfabetização, o que exigiu vasta
reflexão intelectual. O cristianismo acreditava que os humildes
é que estavam mais próximos do espírito amoroso que se
supunha exigido por Deus. Isso incluía as mulheres, que
ficaram entusiasmadas com uma fé que pregava a paz e o
amor.
55
Os cidadãos tinham riqueza, beleza e inteligência diversas,
mas como cidadãos eram iguais. Os gregos obedeciam
espontaneamente à lei da sua polis e tinham orgulho disso. Sua
própria identidade estava inseparavelmente ligada à cidade. O pior
dos fados era o exílio, uma forma de morte cívica por vezes imposta
pela pena do ostracismo a estadistas atenienses cujo poder se
supunha ameaçar a constituição.
Entre os gregos encontramos a maioria das condições da
liberdade: uma vida vivida entre iguais, submetida apenas à lei, cada
um governando e sendo governado. Os gregos foram os primeiros a
criar sociedades com essa forma e foram também os primeiros a
investigar essa experiência através da literatura. A política era a
atividade específica dessa novidade chamada “cidadão”.
Os gregos são humanistas, mas de um tipo diferente do
humanismo cristão. Ser humanista para um grego significa que o
homem é um animal racional e que o significado da vida humana está
no exercício da racionalidade. Quando sucumbem as paixões ou ao
orgulho rebaixam-se. Porém, ao deliberar sobre a lei e a política, o
homem encontra a sua mais elevada e pura forma de auto-expressão.
O que só se poderia desfrutar na vida política da cidade.
Uma vez que uns são menos racionais que outros, então são
também menos humanos (escravos e mulheres). A cidadania estava
circunscrita aos adultos livres do sexo masculino e em algumas
cidades nem mesmo a todos eles.
As leis e políticas de uma cidade grega não provinham,
portanto do palácio de um déspota, mas da discussão entre cidadãos
conceitualmente iguais na agora, a praça de mercado que também
servia de arena política. Os cidadãos gozavam de igualdade perante
a lei e oportunidade igual de falar na assembléia. Numa grande
cidade como Atenas, milhares de pessoas deviam comparecer a
essas reuniões, de modo que os discursantes eram na maioria
aristocratas que haviam estudado a arte da oratória ou líderes
destacados que conseguiram angariar um grupo de adeptos. Nas
democracias, muitos cargos eram ocupados por sorteio, mas os
principais funcionários eram eleitos e provinham comumente de
famílias poderosas.
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Na atividade política, os homens se dirigiam uns aos outros pelo
discurso, que é uma habilidade a ser aprendida. Ela requer o domínio
de idéias, a construção de argumentos, a capacidade de
compreender a audiência, um reconhecimento das paixões
dominantes da natureza humana e muito mais. Pela primeira vez na
história, as decisões de interesse público eram tomadas à luz do dia e
submetidas abertamente à crítica.
São duas as características essenciais da política grega:
1)A política estava baseada em unidades territoriais combinadas
a lealdades tribais ou de clã;
2)Após construir a nova constituição, Sólon (VI a.C.) deixou
Atenas por 10 anos para que as reformas fossem colocadas
em prática por outros (espécie de separação de poderes).
A chave da política, para os gregos, é o fato de que se trata de
uma conexão de cargos abstratos aos quais correspondem deveres e,
em princípio, o trabalho pode ser feito por qualquer funcionário
competente. Assim, os governantes políticos agem de acordo com os
deveres que correspondem a seus cargos.
3.2.4.O LEGADO ROMANO PARA A POLÍTICA
A política grega era baseada na Razão e a romana no amor,
no amor pela própria Roma. Os romanos pensavam na sua cidade
como uma família e no seu fundador Rômulo como o ancestral
comum de todos.
Herdamos nossas idéias dos gregos (democracia, tirania,
polícia, política), mas nossas práticas dos romanos (civilidade,
cidadão, civilização).
Para Dante e Maquiavel os romanos eram um povo que se via
na missão de civilizar o mundo. Roma foi fundada por Rômulo em 753
a.C., foi governada por reis até 509 a.C., quando Tarquínio, o
Soberbo, foi expulso por Lúcio Júnio Bruto, líder de uma facção
aristocrática supostamente furioso com o estupro de Lucrecia.
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Mesmo alterando a constituição a antiga estrutura continuou intacta.
A monarquia que havia sido substituída por dois cônsules que
detinham em conjunto o imperium da função real, manteve uma forma
de autoridade religiosa chama rex sacrorum. O senado, detentor dos
auspicia (símbolos e instrumentos de governo), sustentou a
continuidade da tradição política romana. Os plebeus tinham pouca
participação, pois quem governava o Estado eram os patrícios.
Quando os plebeus deixaram Roma e se estabeleceram em uma
colina próxima, os romanos encontraram uma saída constitucional à
crise, criando um foedus, ou seja, um tratado que dava aos plebeus
uma representação própria no governo, os tribunos da plebe. A
monarquia deu lugar à República e a República deu lugar ao Império.
Uma das grandes contribuições dos romanos à política foi a idéia de
auctoritas. Esse termo significava a união da política com a religião
romana, que incluía a veneração de famílias e, portanto dos
ancestrais.
Políbio atribuiu o sucesso de Roma ao fato de que não se
podia realmente descrever sua constituição como monárquica ou
aristocrática ou democrática, pois continha elementos de todas as
três. Assim, ela era forte o suficiente para suportar todas as
emergências.
A fama de Roma em grande parte apoiava-se numa força
moral evidente a todos que com ela lidavam. O castigo após a morte
era a melhor maneira de manter as pessoas virtuosas. Nos tempos
iniciais predominava o amor pela pátria, mas aos poucos o sucesso e
a riqueza começaram a corromper os romanos, que então caíram sob
o domínio de formas despóticas de ordem que antes achavam
repugnantes.
3.1.O PENSAMENTO POLÍTICO MEDIEVAL: ESTADO E
IGREJA
3.1.1.O PODER NA IDADE MÉDIA: SUBORDINAÇÃO DA
POLÍTICA À RELIGIÃO, AUSÊNCIA DE ESTADO
SOBERANO E PODER LOCAL
Na Idade Média, a ordem civil na Europa ocidental foi fruto da
brutalidade e da violência e pela primeira vez a religião desempenhou
um papel independente.
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