O dualismo cartesiano

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About This Presentation

Aula 1 da disciplina "Tópicos Especiais em Psicologia IV: Introdução à Filosofia da Mente", para o Curso de Psicologia da UNIFESSPA


Slide Content

UNIFESSPA
Tópicos Especiais em Psicologia IV:
Introdução à Filosofia da Mente
Aula 1:
O dualismo cartesiano

UNIFESSPA
René Descartes
●1596-1650
●“Pai da matemática moderna” -
fusão da álgebra com a
geometria, criação do plano
cartesiano
●Ceticismo metodológico:
duvida-se de cada ideia que
não seja clara e distinta
–Só se pode dizer que existe
aquilo que puder ser provado

UNIFESSPA
Ideias claras e distintas
●Princípios: uma ideia clara é como uma
percepção visual clara; da mesma forma como
alguém pode ter uma boa visão, com foco e
clareza, de algum objeto, uma ideia é clara
quando está em foco intelectual.
●Uma ideia é distinta quando todas as outras
ideias (conceitos) que não a compõem seu
completamente excluídos

UNIFESSPA
O cerne do argumento
●A natureza da mente (res cogitans, sem extensão no espaço) é
completamente diferente da natureza do corpo (res extensa, sem
pensamento)
●É possível que uma exista sem a outra – DUALISMO DE
SUBSTÂNCIA
●Problema fundamental: como essas duas substâncias interagem?
–Como pode a mente criar/iniciar movimentos corporais?
–Como os órgãos dos sentidos podem produzir impressões/sensações na
mente?

UNIFESSPA
O que é uma “distinção real”
●Substância: algo que não exige qualquer outra criatura
para existir – independe de outra criatura ou
substância
●Princípios, parte I – Distinção real: A distinção entre
duas ou mais substâncias
●Modo: Uma qualidade ou afeitação de uma substância
–Um modo exige uma substância para existir

UNIFESSPA
Dois exemplos
●‘Ser esférico’ é um modo de uma
substância extensa
●Não se pode ‘ser esférico’ se
não se é um objeto com
extensão em três dimensões;
não podemos conceber uma
esfera não-extensa sem
contradição
●Assim, uma esfera requer uma
substância para existir
●Uma pedra pode existir por
si só; a existência da pedra
não depende da existência
de mentes ou de outros
corpos
●Uma pedra pode existir
sem ter um tipo particular
de tamanho ou forma
(essas propriedades não
definem a pedra)

UNIFESSPA
Um aparte
●O argumento da distinção real exige que duas
substâncias possam existir por si só, sem
depender de outras substâncias; não exige que
duas substâncias precisem existir por si só
●Na distinção real, mentes e corpos poderiam
existir por si só; isso não significa que elas
existam separadamente

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Por que criar uma
distinção real?
●Motivação religiosa: criar uma base racional para a esperança da
imortalidade da alma (= mente)
–Meditações Metafísicas – Descartes considera o argumento da distinção real
como tão forte quanto as demonstrações geométricas; portanto, seus leitores
serão obrigados a aceitá-lo
–Preocupação moral; se as pessoas não acreditarem no prospecto da vida após a
morte, com recompensas para a virtude e punições para o vício, não irão buscar
uma vida virtuosa
●Motivação científica: substituir as causas finais (filosofia aristotélica e
escolástica) por explicações mecanicistas, baseadas no modelo da
geometria
–Tudo tem uma causa final, que é o objetivo para o qual o resto do organismo /
objeto / coisa se organiza (“forma sustancial”)

UNIFESSPA
O exemplo da gravidade
(Sexta réplica)
●As causas finais são disposicionais (objetos caem porque buscam
alcançar o seu objetivo de alcançar o centro da Terra)
●Para isso, os objetos devem saber o seu objetivo, como alcançá-lo, e
onde o centro da Terra se localiza!
●Mas os objetos inanimados não podem saber nada; só mentes (res
cogitans) podem ter conhecimento
●Portanto, o conceito de “forma substancial” é um erro de categoria, pois
confunde as ideias de mente e corpo; uma distinção real entre mente e
corpo pode aliviar a confusão.

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O argumento da distinção real,
primeira versão
●“Por um lado, eu tenho uma ideia clara e distinta de mim mesmo,
conquanto sou siplesmente uma coisa pensante e não-extensa, e
por outro eu tenho uma ideia distinta de corpo, como uma coisa
extensa, não-pensante. E, de acordo, é certo que eu sou realmente
distinto do meu corpo, e posso existir sem ele” (Sexta Meditação)
●P1: Tenho uma ideia clara e distinta da mente como uma coisa
pensante e não-extensa
●P2: Tenho uma ideia clara e distinta do corpo como uma coisa
extensa e não-pensante
●C: Portanto, a mente é realmente distinta do corpo e pode existir
sem ele

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Primeiro problema: Mentes e corpos
podem existir de forma independente?
●“a existência está contida na idea ou conceito de todas as coisas, dado
que não podemos conceber algo exceto como existente”
●Corpos podem existir sem mentes; de fato, existe uma grande variedade
de objetos inanimados
–Mesmo se a ideia de Descartes não for clara e distinta, a premissa 2 está correta
●Mentes podem existir sem corpos? Não há evidência independente;
assim, é só a garantia de veracidade (clareza e distinção) da ideia que a
sustenta
–Quarta Meditação: Deus existe e não pode iludir; esse argumento sustenta a
veracidade

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Consequências internas do
dualismo cartesiano
●As ideias de mente e corpo representam duas naturezas que
não tem absolutamente nada em comum
–Substâncias, não modos
●É essa diferença completa que estabelece a possibilidade de
existência independente
●Salto da epistemologia (entendimento da mente e do corpo
como independentes) para a ontologia (existência independente
da mente e do corpo) depende da onipotência de Deus

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O argumento da distinção real,
segunda versão
●“Há uma grande diferença entre a mente e o corpo, conquanto o corpo é por
sua própria natureza sempre divisível, enquanto a mente é indivisível. Pois
quando considero a mente, ou a mim mesmo (dado que sou meramente
uma coisa pensante), sou incapaz de distinguir quaisquer partes dentro de
mim; me entendo como algo singular e completo… Por contraste, não há
uma coisa corpórea ou extensa que eu consiga imaginar que, em meu
pensamento, não possa facilmente dividir em partes; e esse fato faz com
que eu entenda que é divisível. Esse argumento é suficiente para mostrar-
me que a mente é completamente diferente do corpo” (Sexta Meditação)
●P1: Eu entendo a mente como indivisível por natureza
●P2: Eu entendo o corpo como divisível por natureza
●C: Portanto, a mente é completamente diferente do corpo

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O problema mente-corpo
●A distinção real entre mente e corpo, baseada nas suas
naturezas completamente diversas, é a raiz do
PROBLEMA MENTE-CORPO:
COMO PODEM SUBSTÂNCIAS COM NATUREZAS
COMPLETAMENTE DIFERENTES INTERAGIR
CAUSALMENTE?
●Como essa interação gera um ser capaz de movimentos
corporais voluntários e de sensações?

UNIFESSPA
O problema mente-corpo
●Segunda Meditação: Não podemos atribuir modos mentais (sensações, pensamentos,
memórias, sentimentos) para substâncias extensas, ou modos físicos (tamanho, forma,
quantidade, movimento) para substâncias pensantes
●Entretanto, seres humanos são combinações de mentes e corpos, de forma que as
escolhas de uma mente causam modos de movimento no corpo, e modos de
movimento em certos órgãos causam modos de sensação na mente
●Pierre Gassendi, Princesa Elizabeth da Boêmia: Para que uma coisa cause movimento
em outra, precisa haver contato (p. ex., bola be bilhar); no caso de movimentos
voluntários, o contato entre mente e corpo é impossível, porque a mente não possui
extensão
●Ora, se a mente deve ter superfície e uma capacidade para o movimento, deve ser
extensa, e portanto mente e corpo não são completamente diferentes

UNIFESSPA
A resposta cartesiana
●Descartes pressupõe que a resposta a essa questão se sustenta sobre o falso pressuposto
que duas substâncias com naturezas diferentes não podem agir uma na outra
●Terceira Meditação: algo “menos real” não pode causar algo “mais real”, porque algo
“menos real”
–uma substância infinita é o “mais real”, porque não requer nada para existir (Deus)
–substâncias finitas e criadas são menos reais do que Deus, porque requerem somente a atividade
criadora e conservadora de Deus para existir
–modos são menos reais do que substâncias finitas, porque eequerem a substância finita e a
substância inifinita para existirem
●Substâncias finitas podem causar a existência de outras substâncias finitas ou de modos
●Como mentes e corpos são substâncias finitas, podem causar a existência de modos em
outras substâncias finitas