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Decretos de Pedro I sobre o vestudário.
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A Ocidentalização da Rússia nos primórdios do século XVIII Ordenações petrinas aos costumes de vestuário e apresentação Licenciatura em História e Arqueologia Unidade Curricular: História Moderna I Docente: Prof. Dr ª Laurinda Abreu Discente: Miguel Gegaloto Gonçalves (48592)
Índice Introdução Contextualização da ação governativa de Pedro I Processo de ocidentalização em termos gerais Ordenações petrinas aos costumes de vestuário e apresentação Considerações finais Referências bibliográficas
Introdução É frequentemente proferida a ideia de que o reinado de Pedro I da Rússia , ou “o Grande” terá aberto uma “ janela para a Europa” em termos económicos , culturais e politicos. Esta apresentação tem como objetivo principal analizar a sua política de reforma na vertente da ocidentalização , com particular ênfase nas suas ordenações referentes aos costumes de vestuário e apresentação . Para tal efeito, o desenvolvimento da apresentação divide-se em três pontos: “Contextualização da ação governativa de Pedro I”; “Processo de ocidentalização em termos gerais”; e Ordenações petrinas aos costumes de vestuário e apresentação. Devem ser abordados no desenvolvimento questões referentes à política governativa do soberano; à incidência das reformas, causas, reação e assimilação; desenvolvimento manufatureiro têxtil e capitalismo russo.
Pedro assume o trono em 1682, com apenas 10 anos de idade, a par com o seu meio-irmão Ivan V, sob a regência da sua mãe. Antagonismo entre frações dos Naryshkins e dos Miloslavskys que desencadeia num golpe de estado pelos segundos. O golpe resulta na transferência da regência para a princesa Sofia e no afastamento da outra fração. Em 1689 é tentado um novo golpe para colocar efetivamente Sofia no trono, ao qual Pedro irá escapar para posteriormente se assumir efetivamente como co-soberano . O governo passa para as mãos da sua mãe e partidários, sendo o período de 1689-1694 descrito como “a última florescência da religiosidade moscovita, ritualismo, paroquialismo e suspeição de tudo o que é estrangeiro” (Riasanovsky, 2000, p.197) Contextualização da ação governativa de Pedro I
Em 1694 morre a Czarina Natália e Pedro assume a liderança do estado para dois anos depois se assumir como soberano único e absoluto, após a morte de Ivan. “Procedeu a participar pessoalmente em todo o tipo de assuntos de Estado, técnicos e especiais, bem como em geral, envolvendo-se profundamente na diplomacia, administração, justiça, finanças, comércio, indústria, educação”. (Riasanovsky, 2000, p.197) Ao encontrar oposição à sua política dentro dos habituais círculos governativos, vai criar um novo grupo de apoio composto por vários esquadrões sociais e nacionalidades. Contextualização da ação governativa de Pedro I
Inicia o seu reinado com um empreendimento militar contra os turcos em 1694, desatendendo ao aviso dos boiares. Só conseguirá garantir a vitória com a construção de uma marinha de guerra empreendendo as técnicas ocidentais. Entre 1697 e 1698 o czar organiza uma série de visitas pela Europa com um intuito de obter aliados no ocidente face aos otomanos. Surge entretanto uma revolta dos streltzy que será reprimida. Envolve-se num outro conflito, na Grande Guerra do Norte, contra a Suécia, como será frequente no seu reinado, uma vez que terá apenas um ano livre de confrontos bélicos, 1724. Será essencial proceder a uma série de reformas administrativas, militares e fiscais para ir de encontro tanto à necessidade prevalente de obtenção de receitas como às suas intenções de governação. Contextualização da ação governativa de Pedro I
Processo de ocidentalização em termos gerais O revoltosos de 1698 terão sido motivados pelo seu descontentamento em relação à subversão de hierarquias, pela viagem do soberano e pela sua decisão de enviar jovens boiares para a Holanda e Veneza para aprender novas línguas e a arte de navegação. Segundo Riasanovsky, neste período , mais de 750 estrangeiros terão sido recrutados para servir na Rússia . São também convidados europeus de todas as nacionalidades para o país , sendo-lhes concebidos privilégios fiscais e de iniciativa , a par de liberdade religiosa a todos os credos menos judaico . Suíços, italianos, alemães e franceses são contratados para a construção da nova São Petersburgo, empregando motivos arquitetónicos e artísticos dos seus países de origem e ensinando técnicas a discípulos russos.
Processo de ocidentalização em termos gerais Fora dado especial relevo à educação dos grupos possessores de terras, muitas vezes recorrendo a tutores estrangeiros, incluindo a aprendizagem de línguas como o francês nos planos pedagógicos. Também as maneiras e etiqueta são trazidas do ocidente por manuais traduzidos. Na reação às reformas czarinas as influências ocidentais serão frequentemente tomadas como alvo, sendo espalhados rumores como que todas as raparigas russas seriam obrigadas a casar com alemães ou que o próprio czar teria sido substituído por um estrangeiro que usurpara o trono aquando da sua última viagem.
Ordenações petrinas aos costumes de vestuário e apresentação A primeira ação neste sentido é posta em prática pelo soberano pessoalmente quando chega da sua viagem em 1698. Pedro I irá cortar as barbas dos boiares mais próximos. É no seu círculo que iniciará a reforma a nível de apresentação uma vez que será estabelecido o uso de roupa de estilo europeu em corte. Em janeiro de 1700 é promulgado um primeiro decreto para o uso de vestuário ao estilo húngaro dirigido aos boiares, okolnichies , membros do conselho de boiares, membros da corte, stolniks , solicitadores, nobres de Moscovo, escrituários , residentes e militares de todas as patentes, vendedores, pessoas dos boiares, em Moscovo e noutras cidades. O traje húngaro não diferia muito do russo de então, apresentando ainda um corte mais solto.
Figura 1. Czarina Marfa Apraksina Fonte: Recuperado de https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/ba/Marfa_Apraxina_2.jpg Figura 3.Família de Pedro I Fonte: Recuperado dehttps://en.wikipedia.org/wiki/Grand_Duchess_Anna_Petrovna_of_Russia#/media/File:Family_of_Peter_I_of_Russia_by_G.Muskiyskiy_(1716-7,_Hermitage).jpg Em dezembro do ano seguinte é lançada uma nova ordenação para o uso de indumentária ao estilo alemão, alargando a sua incidência para todos os esquadrões sociais de Moscovo e outras cidades. Em 1705 promulga-se um seguinte para que todos (com exceção de clérigos) cortem a barba e bigodes. Quem optar por não o cumprir teria que pagar um imposto que iria de 30 a 100 rublos e ficaria com um crachá como indicação. Camponeses pagariam 2 copeques à entrada das povoações. No espaço entre 1701 e 1724 são emitidos 17 decretos a regulamentar os cortes, os tecidos e a ornamentação do novo estilo e ocasiões. Vestuário alemão era utilizado de semana e francês em feriados. Ordenações petrinas aos costumes de vestuário e apresentação Figura 2. Evolução do vestuário russo Fonte: Recuperado de https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/38/From_the_Brockhaus_and_Efron_Encyclopedic_Dictionary.jpg
Ordenações petrinas aos costumes de vestuário e apresentação Os novos costumes são declarados expressamente para "a glória e a beleza do Estado e da administração militar”, citando um decreto de 1701. São interpretados por Anisimov como uma contraposição à antiga ordem dos boiares e dos streltzy , à oposição com que Pedro se deparou nos seus primeiros anos de reinado. O ato de corte da barba pelo soberano aos poderosos e as obrigações a que estarão sujeitos mostra a supremacia da autoridade real, passando uma imagem de humilhação em que estão a ser corrompidas concessões tradicionais. Ivan o terrível teria dito que rapar a barba seria um pecado que o sangue de todos os mártires não lavaria. Significava manchar a imagem do homem como Deus o havia criado. A oposição argumentara “que o barbear perturbara a imagem de Deus nos homens e fazia os russos parecerem seres tão censuráveis como os luteranos, polacos, kalmyks , tártaros, gatos, cães e macacos”. (Riasanovsky, 2000, p.215)
Ordenações petrinas aos costumes de vestuário e apresentação Na cultura popular manifesta-se a oposição às reformas. São criados lubki que a evidenciam, o mais popular de um barbeiro a atacar um tradicionalista pela barba. O czar é identificado em representações com a deusa Minerva como “ícones do Anticristo [e as suas] botas alemãs como os cascos do diabo”. ( Lieven , 2006, p.107) A recusa aos novos costumes é frequente, sobretudo no meio rural, e muitas vezes são descartados fora de ambientes públicos, mesmo que tivessem sido estabelecidas penas como exílio e trabalho forçado para os incumpridores. No entanto, com o passar das décadas, os novos hábitos generalizaram-se, contradizendo os contemporâneos que descredibilizariam a eficácia das reformas. Acentua-se, porém, uma maior discrepância entre os altos grupos da sociedade e a baixa sociedade rural que não os absorvera. Figura 4. Lubok . Fonte: https://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-6095311/Priceless-300-year-old-coin-men-buy-avoid-Russian-Beard-Tax-Pskov.html
Ordenações petrinas aos costumes de vestuário e apresentação Pedro I desempenhará um papel decisivo no desenvolvimento manufatureiro da Rússia, afirmando-se que a sua ação terá criado a industria têxtil russa. Será necessário colmatar a dependência externa de tecido, para qual são recrutados do estrangeiro desde pastores de ovelhas a técnicos de tecelagem. O Estado vai estabelecer empresas para fazer o trabalho e atribuir benefícios a privados para fomentar a sua iniciativa, pretendendo posteriormente atribuindo-lhes as que pertençam à hasta pública. Tal não surtirá o efeito desejado, dada a falta de empreendimento e da baixa capacidade de competição. Pogodin , no século XIX escreve: "É tempo de vestir - a nossa roupa é feita de acordo com a moda estabelecida por Pedro o Primeiro, o nosso uniforme de acordo com o seu modelo. O tecido é tecido numa fábrica que ele criou; a lã é tosquiada das ovelhas que ele começou a criar”. (Riasanovsky, 2000, p.217)
Considerações finais Pedro I embarca num projeto de reforma com maior relevância na história da Rússia até à revolução de 1917. A sua ação irá alterar a organização do Estado, recaindo sobre a economia, produção e costumes, aproximando o país numa monarquia de estilo europeu. No entanto, pouco será o impacto nas estruturas sociais, a par do desenvolvimento deveras pouco significativo no meio rural, com a permanência da servidão. As reformas de vestuário vão acentuar a superioridade do soberano à antiga ordem e produzir um grupo de elite iluminada. O fosso entre este e as massas inferiores da população aprofundar-se-á, o que irá marcar o século XVIII russo e a posterior história imperial. Os decretos, reformas em geral dão uma ideia da forma de obtenção de receitas estatais da época. A introdução manufatureira e do capitalismo russo mostra a sua dificuldade de desenvolvimento e precariedade.
Referências bibliográficas Anisimov, E. V. (2015). The Reforms of Peter the Great: Progress Through Coercion in Russia ( The New Russian History ). New York: Routledge. Boris Yeltsin Presidential Library . ( s.d .) Peter I decree “On wearing clothes in the Hungarian manner” . Retrieved 19 december 2021 from https://www.prlib.ru/en/history/618943 Bushkovitch, P. (2012). Peter the Great . In P. Bushkovitch. A Concise History of Russia (pp.95-114). New York: Cambridge University Press . Kampmann , U. (2010, may, 6). Peter the Great as his nation’s barber. Retrieved 19 December 2021 from https://coinsweekly.com/peter-the-great-as-his-nations-barber/ Lieven , B. (Ed.).(2006). The Cambridge History of Russia (Vol. 2). New York: Cambridge University Press . Papmehl , K. A. (Ed.). (1981). History of Russia (Vol. 29). Gulf Breeze : Academic International Press . Riasanovsky, N. V. (2000). A History of Russia (6ª ed.). New York: Oxford University Press .