POEMAS
ISMÁLIA
Quando Ismália
enlouqueceu,
Pôs-se a torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se ao cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Alphonsus de Guimaraens
A UM POETAA UM POETA
Longe do estLonge do estééril turbilhão da rua,ril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchegoBeneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma de disfarce o empregoMas que na forma de disfarce o emprego
Do esforDo esforçço; e a trama viva se construao; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sRica mas sóóbria, como um templo grego.bria, como um templo grego.
Não se mostre na fNão se mostre na fáábrica o suplbrica o suplííciocio
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifSem lembrar os andaimes do edifíício:cio:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifArte pura, inimiga do artifíício,cio,
ÉÉ a for a forçça e a graa e a graçça na simplicidade.a na simplicidade.
Olavo BilacOlavo Bilac