Disciplina: Língua Portuguesa Professor: Rafael Teixeira de Souza Gêneros textuais e sequência didática : Do poético ao cotidiano – poema, receita e notícia 1
O que é um gênero textual? Forma de ação comunicativa reconhecida socialmente. Todo texto nasce de uma intenção e de um contexto. Cada gênero tem função, estrutura e estilo próprios. 2
A língua em uso A língua não é só norma, é interação. Ao falar ou escrever, escolhemos um gênero. O ensino de português deve aproximar o aluno da vida real da linguagem. BNCC (2018): o texto é a unidade básica de ensino. 3
Panorama dos três gêneros Poema – emocionar (versos, ritmo, linguagem conotativa) Receita – ensinar (lista e etapas, linguagem denotativa) Notícia – informar (título, lead e corpo, linguagem objetiva). 4
Leitura e análise do poema Tema: Função: Discussão: o que sentiríamos se isso fosse uma notícia? 5
Receita: o dizer instrucional Campo da vida cotidiana Estrutura Verbos Linguagem 6
Notícia: o dizer informativo Campo Estrutura Linguagem Função 7
Da poesia ao fato Poema – linguagem conotativa, foco no sentimento. Receita – linguagem denotativa, foco nas instruções. Notícia – linguagem denotativa, foco no fato. Reflexão: o mesmo tema pode produzir sentidos diferentes conforme o gênero. 8
Gêneros e suas intenções comunicativas Mikhail Bakhtin “Toda enunciação é um ato social e dialógico.” A língua é uma forma de interação entre sujeitos em contextos concretos. Lev Vygotsky A linguagem é um instrumento de mediação social no desenvolvimento humano. O pensamento nasce do diálogo e da interação entre sujeitos. 9
Jean-Paul Bronckart A linguagem é atividade de ação social, e o texto é a forma concreta dessa prática. O ensino deve considerar o contexto e o uso real da língua. Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz Propõem as sequências didáticas como forma de ensinar língua por meio de gêneros. Aprender língua é agir linguisticamente em situações comunicativas reais . Luiz Antônio Marcuschi Os gêneros são formas verbais de ação social, que estruturam o discurso. Ensinar língua é ensinar a usá-la na vida social, não apenas conhecer suas regras. 10
Estrutura linguística e verbo-temporal Poema: presente atemporal, verbos figurados. Receita: imperativo e infinitivo, modo injuntivo. Notícia: pretérito perfeito, marcação de tempo e fato. Mostra domínio de morfossintaxe aplicada à leitura textual. 11
Circulação e suporte Poemas – livros, saraus, redes sociais. Receitas – vídeos curtos, blogs e TV. Notícias – sites, portais e podcasts. BNCC: leitura e produção em múltiplos suportes. 12
Síntese comparativa Os gêneros moldam nossa forma de ver e dizer o mundo. A linguagem muda conforme o propósito comunicativo. Ensinar gêneros é formar sujeitos críticos e produtores de sentido. 13
Poema: história e contexto Antiguidade (séc. VIII a.C.) – Homero Ilíada e Odisseia : poesia oral, ritmo e memória coletiva. → Estrutura fixa (hexâmetro), função narrativa e religiosa. Idade Média e Renascimento (séc. XIV) – Dante Alighieri A Divina Comédia : poesia escrita, filosófica e moral. → Nasce o poeta como sujeito individual. Modernidade (séc. XIX) – Whitman Leaves of Grass : verso livre, experiência interior, ruptura da métrica clássica. → O poema se torna expressão da subjetividade e da cidade moderna. 14
Século XX – Fernando Pessoa, T. S. Eliot, Carlos Drummond de Andrade Mensagem , The Waste Land , Sentimento do Mundo : multiplicidade de vozes, fragmentação e ironia. → O poema passa a refletir sobre a própria linguagem e a condição humana no tempo moderno. Século XXI – Poesia em rede Rupi Kaur , Bráulio Bessa : texto breve, visual e performático. → Retorno à oralidade: o poema torna-se multimodal e coletivo, circulando entre o livro, a voz e o digital. 15
O poema na história 16
Receita: história e contexto As primeiras receitas conhecidas surgiram na Mesopotâmia, por volta de 1730 a.C., gravadas em tábuas de argila, e nasceram de antigas tradições orais. No Império Romano, o cozinheiro Apício organizou o primeiro livro de culinária, reunindo preparos variados e detalhados. Durante a Idade Média, registros árabes e europeus apresentaram receitas da corte, marcando a passagem da tradição oral para o registro escrito. Com o tempo, as receitas se popularizaram em livros, revistas e hoje nas plataformas digitais, preservando sua função de transmitir saberes e sabores entre gerações. 17
A receita na história 18
Notícia: história e contexto Na Antiguidade, o registro de acontecimentos era oral ou inscrito em pedras e papiros. No Império Romano (séc. I a.C.), surgiram os Acta Diurna, boletins públicos com leis e eventos — uma forma primitiva de jornal. A imprensa nasceu com Gutenberg, em 1450, ao criar a tipografia de tipos móveis, que permitiu a reprodução rápida de textos e a difusão de ideias. Os primeiros jornais impressos apareceram no século XVII: a Gazeta de Veneza (1636) e a Gazette de France (1631) inauguraram o gênero jornalístico moderno. Com o tempo, as notícias se expandiram para rádio, televisão e meios digitais, transformando o jornal em um espaço de informação imediata, opinião e cidadania. 19
Imagens de notícias/imprensa 20
Atividade Final 1. Leia novamente O bicho , de Manuel Bandeira. 2. Reescreva-o como notícia jornalística: título, lead e corpo. 3. Reflita: o que se transformou na linguagem e na intenção? Avaliação: adequação ao gênero, coesão e reflexão crítica. 21
Síntese e conclusão A língua é viva e plural. Cada gênero revela uma forma de pensar e interagir. Compreender os gêneros é ler o mundo com consciência crítica. 22
Referências BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília, DF: MEC, 1998. BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo . São Paulo: Educ , 1999. DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. 23