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política do espirito, para mediatizar o regime, claro que tanto quanto Ferro e Salazar
possuía uma ideia muito precisa de cultura.
As artes e as letras deveriam proporcionar uma “atmosfera saudável”, inculcando no
povo o amor da pátria, o culto dos heróis, as virtudes familiares, a confiança no
progresso, ou seja, o ideário do Estado Novo.
A cultura, que se queria portuguesa e nacionalista, teria, igualmente, que evidenciar
uma estética moderna e aberta ao seu tempo aquilo que Ferro designava de “Bom
Gosto”. Simpatizante dos modernistas, Ferro chama-os para colaborarem com o
regime, promovendo uma controversa e problemática união entre o conservadorismo
e a vanguarda.
No domínio literário, a ação do secretariado da propaganda nacional revelou-se um
fracasso quando final a adesão dos escritores foi escassa e, dos que o regime
premiou, poucos se vieram a destacar. Em 1947, o SPN elaborou uma lista de obras
essenciais da literatura, que se ficava pelo romantismo.
Já nas artes plásticas e decorativas, na arquitetura, no bailado, no cinema e até no
teatro, a colaboração mostrou-se mais fecunda. Num país em que a burguesia não
criar um mercado cultural, o estado assumia se como grande entidade empregadora.
Através de exposições nacionais e internacionais, muitas de cariz histórico, como a
exposição do mundo português, realizada em 1940, das obras públicas do regime, de
festas populares, do teatro, do cinema e da rádio, do bailado, do turismo e de
concursos, patrocinaram se artistas e produções que divulgassem, sobretudo, as
tradições nacionais e populares e que enaltecessem a grandeza histórica do país e a
dimensão civilizadora dos portugueses.
Documento 11 - António
Ferro, escritor, jornalista, político e diplom
ata português. Foi o grande dinamizador da
política cultural do Estado Novo