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Nesse sentido, então, há muito em comum entre Bakhtin e Paulo Freire. Este via a
relação pedagógica como um diálogo no qual o educador e educando se tornam sujeitos
interativos mediatizados pelo o mundo. Considerava a dimensão interlocutiva como princípio
básico do processo ensino-aprendizagem, em que professor e aluno dialogam como locutor e
interlocutor, praticando, assim, o exercício da democracia.
A partir das análises sobre a diversidade de apropriação do multiculturalismo no
mundo da linguagem e da comunicação, o eixo básico dos estudos deve começar a deslocar-se
dos indivíduos para os grupos sociais nos quais eles estão integrados.
Os olhares voltam-se para as mediações, entendidas como o conjunto de influências
que estruturam o processo de aprendizagem e seus resultados, provenientes tanto da mente do
sujeito como de seu contexto socioeconômico, cultural, ético: de sua procedência geográfica,
de seu bairro, de seu trabalho, de acontecimentos que se dão no lar do sujeito.
Vygotsky (1999), define a cultura como uma espécie de palco de negociações. Seu
membro está em constante movimento de recriação e interpretação de informações, conceitos
e significados. Considera, assim, a vida social como um processo dinâmico, onde cada sujeito
é ativo e onde acontece a interação entre o mundo cultural e o mundo subjetivo de cada um.
Dessa forma considerar o multiculturalismo em todos os seus aspectos na prática
educativa escolar é de suma importância, ainda mais em se tratando de Projeto Político
Pedagógico. O papel de mediador do professor entre o senso-comum do aluno e o saber
científico é fundamental para que ele (aluno) possa construir um conhecimento mais
elaborado e significativo da realidade. É função de o professor verificar o que e como o aluno
está aprendendo, se está fazendo algo que se encontra ao alcance ou distante de suas reais
possibilidades. “Quem somos nós, quem é cada um de nós, senão uma combinatória de
experiências, de informações, de leituras, de imaginações?”. (CALVINO, 1993, p.28). O
nosso aluno, independentemente da camada social a que pertence, está estabelecendo novas
relações com a cultura e elaborando novas formas de adquirir informações, de construir
conhecimentos, conceitos e valores.
Faz-se necessário que os professores percebam que a escola não detém a hegemonia
como fonte de transmissão de saber, e que os meios de comunicação também atuam como
mediadores entre o sujeito e a construção de sua identidade. Por que, então, a escola não se
valer dos meios de comunicação para que o aluno se aproprie das múltiplas linguagens,