indulgência etc.; em forma ativa, na dedicação apaixonada. Essa
passionalidade pode encontrar-se também sob as vestes da avareza, da
paixão pelo jogo, do vício de beber, ciúme, sede de vingança e avidez sexual.
Se, ao contrário, na união dos dois impulsos domina o instintivo de
conservação, as características do quadro psíquico serão o realismo forte, a
necessidade de independência, a consciência, o sentimento de
responsabilidade. Mas se o instinto de conservação toma formas egoístas,
então numa natureza ativa prevalecerá o interesse pessoal , o amor ao lucro, a
mania de domínio, a obstinação, a teimosia, a ambição e inveja; numa natureza
passiva, ao invés, resultarão a circunspeção, vigilância, suspeita, desconfiança,
esperteza, falsidade, hipocrisia e astúcia. No mesmo terreno desabrocham
depois com facilidade a necessidade de sobressair, a sede de vingança, a
malignidade, crueldade, perfídia e outras paixões, como fenômenos de reação
com que o eu responde à mortificação e ao tratamento injusto (Th. Müncker).
Quanto ao que concerne à estrutura do caráter, devemos distinguir três
componentes. Antes de tudo a orientação congênita, ou seja as disposições
naturais do caráter. A esses elementos intrínsecos do caráter acrescentam-se
as influências do ambiente, no sentido mais amplo da palavra. São muito
significativas, sob este aspecto, as influências voluntárias ou involuntárias da
família, do ambiente e educadores. Sabemos por experiência que aspectos
notáveis permanecem na vida psíquica do homem após a perda prematura do
pai. Provocam no menino, não poucas vezes, a dificuldade de reconhecer uma
autoridade; por outro lado, muitas vezes a morte prematura da mãe traz para o
menino o desenvolvimento insuficiente das disposições da alma e da
capacidade afetiva. Os danos causados pela falta de irmãos são muito
conhecidos; por isso não nos detem os sobre o assunto. A disposição psíquica
congênita, plasmada e modificada pelos fatores externos, desenvolve-se por
fim com a participação da vontade pessoal; pois o homem não é simplesmente,
ser animal, mas ser pessoal, senhor de si, que pode e deve livre e
progressivamente desenvolver a bondade do caráter, isto é, tornar-se
personalidade moralmente preciosa. Para a formação do caráter de um cristão
é de importância decisiva o trabalho da graça divina que se adapta, em geral,
às disposições naturais e constrói sobre elas, mas que pode seguir também
caminhos próprios, porque “para Deus nada é impossível” (Lc 1.37).
No campo da caracterologia trabalhou-se muito nesses últimos anos. Na
pesquisa das vias que levam ao conhecimento do homem, partiu-se de
diversos pontos de vista e seguiram-se várias direções. Indicaremos as
principais segundo o esquema de A. Carrard.
23 - A Caracterologia Baseada Na Psicologia Individual:
Fritz Kunkel, antigo aluno de Alfred Adler, criou a caracterologia segundo a
“psicologia individual’. Como Adler, não admite as peculiaridades hereditárias
do caráter, mas atribui as singularidades pessoais e psíquicas do homem
unicamente à influência do ambiente e da educação. Segundo Kunkel, existem
no homem duas espécies de comportamento: um objetivo, consciente das
responsabilidades, corajoso; outro subjetivo, esquivo diante da
responsabilidade, covarde. Este último, que em geral domina, causa muitos