pré-capitalistas uniam os produtores uns aos out ros e todos aos
meios de produção.
O trabalhador livre é aquele capaz d e buscar no mercado de
trabalho sua ocupação. Essa liberdade, contudo, é muito ambígua.
Ela é principalmente uma liberdade negativa, o sujeito , ao ganhá-
la, perde uma porção de apoios e meios de sustentação. Perde a
solidariedade do seu grupo: a família ou a aldeia deixam de ser
auto-suficientes e cada indivíduo vai isoladamente procurar o seu
sustento.
Ideologia liberal iluminista, romantismo e regime disciplinar.
De acordo com a Ideologia Liberal, cujas principais ideias
manifestaram-se na Revolução Francesa, os homens são iguais em
capacidade e devem ser iguais em direitos. Sendo assim, todos
devem ser livres e, como todos são iguais, é possível supor um
comportamento fraterno.
No Romantismo reconhece -se a diferença entre os indivíduos e a
liberdade é exatamente a liberdade de ser diferente.
Na Ideologia Liberal, como no Romantismo, expressam -se os
problemas da experiência subjetiva privatizada: segundo a
Ideologia Liberal, todos são iguais, mas têm interesses próprios
(individuais). Segundo o Romantismo, cada indivíduo é diferente,
mas sente saudade do tempo no qual vivia em comunidade, e espera o
retorno desse tempo. Enquanto esse tempo não vem, os românticos
acreditam na reunião dos homens por meio d os grandes e intensos
sentimentos, apesar de suas diferenças. Já os liberais apostam na
fraternidade.
A crise da subjetividade privatizada ou a decepção necessária
Uma das condições para o surgimento dos projetos de psicologia
científica é a clara ideia da experiência da subjetividade
privatizada, mais ainda: é preciso que essa experiência entre em
crise. Algumas das manifestações filosóficas dessa crise foram
apontadas nos itens anteriores.
Ao lado dessa necessidade emerge nte no contexto das experiências
individuais - saber o que somos, quem somos, como somos, por que
agimos de uma ou outra maneira -, surge para o Estado a
necessidade de recorrer a práticas de previsão e controle – como
lidar melhor com os sujeitos individuais, com o educá-los de forma
mais eficaz, treiná -los e selecioná-los para os diversos
trabalhos? Em todas essas questões se expressa o reconhecimento d a
existência de um sujeito individual e a esperança d a possível
padronização desse sujeito segundo uma disciplina , uma norma, para
ser possível colocá-lo, enfim, a serviço da ordem social. Surge
desse modo a demanda por uma psicologia aplicada, principalmente
nos campos da educação e do trabalho. Ou seja, o Regime
Disciplinar, em si mesmo, exige a produção de certo tipo de
conhecimento psicológico , de modo a tornar mais eficaz suas
técnicas de controle . As subjetividades formadas pelos modelos