Ramatis. Rio, novembro de 1980.
Médium : América Paoliello Marques.
A MÉDIUM
América Paoliello Marques (1927-1995), formou-se, em 1946, como professora do
Instituto de Educação/RJ. Durante dez anos trabalhou com crianças da Rocinha, a maior
favela do Rio de Janeiro. Entrou para o espiritismo aos dezoito anos (1945), quando recebeu
uma singela mensagem, através do fenômeno da voz direta, que iria marcar toda a sua vida:
"Todas as vezes que uma pedra no caminho da vida se transformar numa doce quimera nós
estaremos juntos."
Iniciou sua atividade mediúnica em 1947, no Rio de Janeiro, no grupo União das
Samaritanas, sua "família de origem" onde permaneceu por 15 anos, tendo atuado como vice-
presidente desse grupo. A certo momento de sua trajetória espiritual, recebeu nova
programação de trabalho sob a forma de um símbolo bastante significativo. Ramatis e
Akenaton, dois amigos espirituais com quem América trabalhava, desde o início de sua
experiência mediúnica, formaram, no Espaço, uma confraternização que deu origem a
Fraternidade do Triângulo, da Rosa e da Cruz. (FTRC) Em encarnações anteriores, América
pertenceu à essas duas fontes de espiritualidade – "o Triângulo e a Cruz" e "a Rosa e a Cruz".
Como expressão da síntese do Final de Ciclo, ambas essas correntes se fundem pelo ponto
comum que possuem - a Cruz do Meigo Nazareno –Mestre do Amor Espiritual. Em 1962, no
plano físico, ela fundou a Fraternidade do Triângulo, da Rosa e da Cruz (FTRC) no Rio de
Janeiro. A sua principal missão, enquanto encarnada, foi contribuir para a união entre Ciência
e Espiritualidade, e vivenciou plenamente essa integração: de um lado como pesquisadora e
psicóloga, e de outro lado, como médium e líder espiritual.
O que América vivenciou se alinha, harmoniza-se com as observações do sábio
codificador do Espiritismo – o professor francês Denizard Rivail, mais conhecido pelo
pseudônimo de Allan Kardec. Na obra "A Gênese", aborda o "Caráter da Revelação Espírita"
(item 13): "...Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: participa ao mesmo
tempo da revelação divina e da revelação científica. (...) porque a doutrina não foi ditada
completa, nem imposta a crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da
observação dos fatos que os Espíritos lhe põem aos olhos e das instruções que lhe dão,
instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações.
Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa
dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem."
Então, América formou-se em Psicologia em 1975, organizou uma equipe de pesquisa
constituída de três psicólogos e dois psiquiatras. Um dos objetivos da pesquisa, que utilizou o
"Psicodiagnóstico de Rorscharch", era comprovar que os "fenômenos paranormais" poderiam
ser encarados, nos tratamentos clínicos, como algo "normal", e não, necessariamente,
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