Resenha acadêmica para trabalhos univeristários

Regras e dicas para produção de resenha acadêmica.

1. Resenha acadêmica
Profª. Ani Carla Marchesan
Universidade Federal da Fronteira Sul

2. 1 Conceito
“Texto acadêmico utilizado para avaliar - elogiar ou criticar - o
resultado da produção intelectual em uma área do saber”
(Motta-Roth, 2001, p. 20).


Resenha é a apresentação do conteúdo de uma
obra. Consiste na leitura, no resumo, na crítica e
na formulação de um conceito de valor do livro
feitos pelo resenhista. […] O resenhista deve
resumir o assunto e apontar as falhas e os erros
de informações encontrados, sem entrar em
muitos pormenores e, ao mesmo tempo, tecer
elogios aos méritos da obra, desde que sinceros
e ponderados(Lakatos; Marconi, 1985, p.217-8).

3. 2 Finalidade sociocomunicativa
•Divulgar textos e obras numa perspectiva crítica, ou seja,
registrar informações pessoais do resenhista sobre o texto
fonte;
•Facilitar a seleção de obras a serem utilizadas pelo
pesquisador;
•Socializar o conhecimento de obras de difícil acesso;
• Servir como um 'termômetro' em que o professor verifique
o grau de criticidade das leituras feitas pelos alunos para,
assim, desenvolver o exercício crítico de leituras
realizadas.

4. 3 Estrutura básica de uma resenha
• Apresentar;

• Descrever;

• Avaliar;

• (Não) recomendar o livro.

(MOTTA-ROTH, 2001, p. 21)

5. 3 Estrutura básica de uma resenha
Referência da obra (ABNT 6023, 2018);
Título;
Nome do autor da resenha (e qualificações em nota de rodapé ou abaixo do nome);

APRESENTAR:
Escrever algo relacionado ao conteúdo da obra/Fazer generalizações;
Informar o tipo de documento, título da obra, autor da obra e objetivo da obra/tópico geral da obra;
Qualificar o(s) autor(es) da obra / Dar referências sobre o autor(es) da obra;
Apresentar a estrutura da obra;

DESCREVER:
Descrever a estrutura da obra / Dar uma visão geral da organização da obra;
Fazer o resumo informativo da obra / Estabelecer o tópico de cada capítulo;

AVALIAR:
Trazer outros autores que tratem do mesmo assunto / Citar material extratextual;
Avaliar a obra / Realçar pontos específicos;

INDICAR A OBRA E (NÃO) RECOMENDAR
Desqualificar ou recomendar a leitura da obra /Recomendar a leitura da obra apesar das falhas;
Indicar a leitura da obra a um público específico / Definir a audiência-alvo ;

REFRÊNCIAS (dos elementos extratextuais).
(LAKATOS; MARCONI, 1985; MOTTA-ROTH, 2001; ZANDOMENEGO; CERUTTI -RIZZATTI, 2008;
MARCHESAN; BUTTURI JUNIOR, 2012)

6. 3.1 Referência, título, autor da resenha
Disponível em:: <http://escritoriodolivro.com.br/bibliografia/resenha_anibal.html>

9. 3.4 Apresentar a obra/texto-fonte
a) Escrever um ou dois parágrafos relacionado ao conteúdo do
texto-fonte; e/ou

b) Citar a obra a ser resenhada (título, ano, autoria, objetivo
principal do texto-fonte etc.); e

c) Qualificar o autor do texto-fonte (sua posição no meio
acadêmico, nacionalidade, formação universitária, cargos
exercícios, títulos, obras publicadas, <lattes.cnpq.br>); e

d) Descrever como o texto-fonte é dividido.

10. LEVI, Giovanni; SCHMITT, Jean-Claude (org.). História dos Jovens. Tradução Cláudio
Marcondes, Nilson Moulin, Paulo Neves e Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras,
1996.

O que é ser jovem
Hilário Franco Júnior*

Há poucas semanas, gerou polêmica a decisão do Supremo Tribunal Federal, que inocentava
um acusado de manter relações sexuais com uma menor de 12 anos. A argumentação do
magistrado, apoiada por parte da opinião pública, foi que "hoje em dia não há menina de 12
anos, mas mulher de 12 anos".
Outra parcela da sociedade, por sua vez, considerou tal veredito como a aceitação de
"novidades imorais de nossa época". Alguns dias depois, as opiniões foram novamente
divididas diante da estatística publicada pela Organização Mundial do Trabalho, segundo a qual
73 milhões de menores entre 10 e 14 anos de idade trabalham em todo o mundo. Para alguns,
isso é uma violência; para outros, um fato normal em certos quadros sócio-econômico-culturais.
Essas e outras discussões muito atuais sobre a população jovem só podem pretender
orientar comportamentos e transformar a legislação se contextualizadas, relativizadas. Enfim, se
historicizadas. E para isso a "História dos Jovens" - organizada por dois importantes
historiadores, o modernista italiano Giovanno Levi, da Universidade de Veneza, e o
medievalista francês Jean-Claude Schmitt, da École des Hautes Études em Sciences Sociales -
traz elementos interessantes.
Disponível em: <http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php>

12. Resenha do livro Nova gramática do português brasileiro (CASTILHO, 2010), feita
por Andrade (2010):

14. 3.5 Descrever a obra
Resumo (informativo – formado por vários parágrafos –
preferencialmente, 1 parágrafo de resumo para cada capítulo ou seção
do texto-fonte):
- principais ideias;
-método;
-teoria;
- quadro de referências;
- conclusões.

15. 3.6 Avaliar a obra (crítica do resenhista)
• Julgamento da obra;

• Mérito da obra (ideias verdadeiras, originais, criativas);

• Estilo: conciso, objetivo, simples? Claro, preciso, coerente?
Linguagem correta?

• Forma: lógica, sistematizada?; Há originalidade e equilíbrio na
disposição das partes?


• Usar outros textos (elementos extratextuais) para avaliar a
obra.

(LAKATOS; MARCONI, 1985, p. 220-222)

16. (1) Qual a contribuição da obra?
(2) Como o tema/assunto é abordado?
(3) As ideias expressas são verdadeiras, originais, criativas?
(4) A obra apresenta conhecimentos novos, amplos, abordagens
diferentes?
(5) O estilo da obra é conciso, objetivo, simples, claro, coerente?
(6) Há originalidade e equilíbrio na disposição das partes da obra?
(7) O texto-fonte apresenta alguma(s) característica(s) especial(is)?
(8) O pleno entendimento do texto exige algum conhecimento
prévio?

20. 3.7 Indicação da obra / (não) recomendação da obra
•A quem é dirigida a obra? Grande público, especialistas,
estudantes.

22. 4 Dicas para mencionar autores ou
declarações destes:
O autor..................confirma a hipótese segundo a qual...
.................................assume o ponto de vista segundo o qual...
.................................induz a uma lógica tal que...
.................................conduz a uma reflexão acerca de...
.................................compartilha a ideia de que...
.................................sobre o tema assim se manifesta: ...
................................ denuncia a falsa tese mediante a qual...
.................................postula/ pontua que...
.................................inclui “X” elementos/ dados/ índices à análise/ à discussão...
................................., de maneira análoga, reafirma o propósito de...
................................., contrariamente, limita/ restringe seu ponto de vista sobre...
.................................defende a tese de que...
.................................explicitamente declara-se favorável/ desfavorável a...
.................................em cuja obra advoga a necessidade de...
.................................retoma este item/ ponto...

Compartilhando de igual entendimento, os autores manifestam-se...
As ideias da pesquisadora tangenciam às de “X”, que sustenta...

Fonte: Blog Tear dos sentidos

23. 5 Taxonomia dos verbos CONHECIMENTO COMPREENSÃO APLICAÇÃO ANÁLISE SÍNTESE AVALIAÇÃO
definir deduzir resolver identificar narrar sustentar
enunciar codificar interpretar distinguir expor justificar
citar converter expor descrever explicar criticar
nomear descrever redigir diferenciar sumariar valorizar
relatar identificar explicar relacionar esquematizar escolher
referir definir usar isolar compilar selecionar
detalhar demonstrar manejar separar construir verificar
expor distinguir aplicar fracionar formular constatar
identificar ilustrar empregar produzir compor comprovar
indicar interpretar utilizar decompor organizar estimar
marcar explicar comprovar examinar projetar medir
sublinhar expor demonstrar localizar simplificar revisar
enumerar exemplificar produzir abstrair classificar eleger
listar concretizar praticar discriminar agrupar decidir
registrar narrar relacionar detalhar distribuir concluir
especificar argumentar representar especificar modificar precisar
mostrar decodificar discriminar reorganizar combinar provar
distinguir relacionar traçar estruturar gerar comparar
reconhecer induzir localizar planejar opinar avaliar
definir inferir operar conceber demonstrar categorizar
organizar generalizar ilustrar programar contrastar fundamentar
compreender resumir
codificar
converter

24. 6 Revendo as normas ABNT (14724)
Texto justificado;
Nome do autor alinhado à direita;
Paginação (superior e direita);
Espaço 1,5 entre linhas;
Fonte 12;
Citações com mais de 3 linhas - em bloco.

26. 7 Análise de resenhas


- Considerações sobre a morte e o morrer.
- Simon Bolivar: memórias e historiografia.

27. RESUMO INFORMATIVO
BOUER, Jairo. Você é a favor ou contra a redução da maioridade penal? Revista da Cultura,
[s.l.], p. 18, 6 jun. 2013.

Jairo Bouer inicia o artigo Você é a favor ou contra a redução da maioridade penal?,
apontando uma pesquisa feita pelo DataFolha, em 17/04/2013, que indicou que 93% dos
paulistanos são favoráveis a redução da maioridade penal devido ao grande número de crimes
praticados por menores de idade. Apesar disso, Bouer se opõe a essa posição; pois, para ele,
“[...] jovens são impulsivos, têm seu sistema nervoso e emocional em maturação, podem errar,
estão em processo de aprendizagem e, são, sim, passíveis de cometer atos gravíssimos sem
que tenham [...] a intenção de ferir ou matar alguém.” (2013, p. 18). Como sugestões para reduzir
a criminalidade praticada por menores de idade, Bouer, em forma de perguntas retóricas, indica:
(i) construir programas para educar os jovens a conviverem em sociedade, (ii) cuidar de jovens
dependentes químicos e (iii) deixar uma brecha na lei para tratar daqueles adolescentes
reincidentes e que, de fato, não podem viver em sociedade. O autor finaliza o texto, afirmando
que diminuir a maioridade penal não parece ser a solução. Para ele, o problema é muito mais
complexo.

Palavras-chave: criminalidade; redução da maioridade penal; idade penal; jovens.

28. RESENHA

BOUER, Jairo. Você é a favor ou contra a redução da maioridade penal? Revista da Cultura,
[s.l.], p. 18, 6 jun. 2013.

A (in)viabilidade da redução da maioridade penal

Ani Carla Marchesan
Doutora em Letras pela UFSC
Professora da UFFS

Jairo Bouer, médico e psiquiatra (formado na USP), inicia o artigo Você é a favor ou contra a
redução da maioridade penal?, escrito em uma única página, apontando uma pesquisa feita pelo
DataFolha, em 17/04/2013, que indicou que 93% dos paulistanos são favoráveis a redução da
maioridade penal devido ao grande número de crimes praticados por menores de idade.
Apesar disso, Bouer enfaticamente se opõe a essa posição; pois, para ele, “[...] jovens são
impulsivos, têm seu sistema nervoso e emocional em maturação, podem errar, estão em
processo de aprendizagem e, são, sim, passíveis de cometer atos gravíssimos sem que tenham
[...] a intenção de ferir ou matar alguém.” (2013, p. 18)
Para reforçar sua argumentação, o autor apresenta alguns questionamentos que fazem o
leitor refletir sobre o assunto:

29. Reduzir a maioridade para 15 ou 16 resolve? Será que a questão não é muito mais
ampla que um calendário arbitrário da maturidade neurológica ou comportamental
humana? Ao mudar a lei, não estaríamos jogando para a mão da bandidagem jovens
ainda mais imaturos e mais passíveis de repostas explosivas? (2013, p. 18)


Na sequência, e ainda em forma de perguntas, Bouer apresenta, de forma clara e
organizada, sugestões que podem auxiliar na redução da criminalidade praticada por jovens.
Segundo ele, talvez seja melhor construir programas para educar os jovens a conviverem em
sociedade, cuidar de jovens dependentes químicos e deixar uma brecha na lei para tratar
daqueles adolescentes reincidentes e que, de fato, não podem viver em sociedade.
O autor finaliza o texto, afirmando categoricamente que diminuir a maioridade penal não
parece ser a solução. Para ele, o problema é muito mais complexo. Essa complexidade é
apresentada por Lins, Figueiredo Filho e Silva (2016) que fazem uma pesquisa para testar a
hipótese de que reduzir a maioridade penal tenha incidência na diminuição da violência. Os
resultados da pesquisa “[...] sugerem que a redução da maioridade penal não está associada a
diminuições nos indicadores de violência. Pelo contrário, em média, países com limites mais
reduzidos de maioridade penal e responsabilidade criminal são mais violentos.” (p. 133).

30. Em resumo, pela simplicidade e organização do texto, sugere-se a leitura para todas as
pessoas interessadas no assunto para que, assim, tenham uma outra visão sobre o assunto.


REFERÊNCIA

LINS, Rodrigo; FIGUEIREDO FILHO, Dalson; SILVA, Lucas. A redução da maioridade penal
diminui a violência? Evidências de um estudo comparado. Opin. Pública, Campinas , v. 22,
n. 1, p. 118-139, abr. 2016. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
62762016000100118&lng=en&nrm=iso. Acesso em 22 mar. 2023.

31. REFERÊNCIAS:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação: Citações em
documentos: Apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

______. NBR 14724: Informação e documentação: Trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

______. NBR 6028: Informação e documentação: Resumo: Apresentação. Rio de Janeiro, 2003.


MOTTA-ROTH, D. (Org.). Redação Acadêmica: princípios básicos. Santa Maria: ed. da UFSM, 2001.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1985.

MACHADO, A. R. (Coord.). Resenha: leitura e produção de textos técnicos e acadêmicos. São Paulo: Parábola, 2004

MARCHESAN, A. C.; BUTTURI JUNIOR, A. Metodologia do trabalho acadêmico. Campo Grande: ed. da UFMS,
2011. (no prelo)

ZANDOMENEGO, D.; CERUTTI-RIZZATTI, M. E. Produção Textual Acadêmica I. Florianópolis: Editora da
UFSC, 2008.