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Santa Catarina, pertencentes ao príncipe francês
François Ferdinand Philippe. Ele havia recebido as
terras como dote ao se casar com Francisca, irmã
de Dom Pedro II. A colônia foi batizada de Dona
Francisca, mas, quando virou cidade, ganhou o
nome de Joinville em homenagem a François, que
ostentava o título nobre de Príncipe de Joinville, um
vilarejo medieval francês. Em 1851 chegou o
primeiro grupo de 192 imigrantes alemães, suíços e
noruegueses. Nas levas seguintes, predominaram
os alemães. Entre as influências mais marcantes da
colonização alemã estão a arquitetura enxaimel –
construções cuja estrutura combina madeira e
tijolos aparentes – e a culinária, com pratos como
chucrute e eisbein, o joelho de porco. Nas colônias
alemãs, a cerveja é até hoje fabricada com os
requintes ensinados pelos pioneiros. A cultura
deixada pelos antepassados é celebrada
anualmente com a realização de diversas festas
típicas no território catarinense, das quais a mais
famosa é a Oktoberfest de Blumenau.
Colonização italiana
Dois europeus que viviam em Desterro – o
italiano Carlo Demaria e o suíço Henrique Schutel –
se uniram para fundar uma empresa de
colonização, Demaria & Schutel. Em 1835, pediram
à província uma série de benefícios para instalar
grupos de lavradores a serem trazidos da Itália.
Assim, em março de 1836, chegaram ao porto de
Desterro 186 colonos, quase todos oriundos da Ilha
da Sardenha. O governo de Santa Catarina cedeu
uma área no município de São Miguel e a colônia foi
denominada “Nova Itália”, atual município de São
João Batista. Novas colônias italianas só viriam a
ser criadas em Santa Catarina bem mais tarde, em
consequência do contrato estabelecido em 1874
entre o Império brasileiro e o empreendedor
Joaquim Caetano Pinto Jr.. Eram instaladas em
áreas periféricas das colônias alemãs, a exemplo de
Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra, Botuverá e Nova
Trento, organizadas em torno de Blumenau e
Brusque. O Sul do Estado também se tornou destino
a partir de 1877, com o desembarque de 291
colonos vênetos em Laguna, para ocupar o Núcleo
de Azambuja e o Núcleo Urussanga.
A região se tornaria destino preferencial dos
italianos, com novas levas de imigrantes instalando-
se em Criciúma, Pedras Grandes, Treze de Maio,
Acioli de Vasconcelos (atual Cocal), Grão-Pará
(atuais municípios de Orleans, Grão-Pará, São
Ludgero e Braço do Norte) e Nova Veneza
(municípios de Nova Veneza e Siderópolis). Essas
colônias se especializaram desde o início na
produção agrícola, com o uso de técnicas trazidas
da terra natal para o cultivo de uva, milho e arroz.
Os italianos se espalharam por boa parte dos
municípios catarinenses – cerca de 220, bem mais
do que qualquer outro grupo de imigrantes. Estima-
se que quatro em cada dez catarinenses tenham
ascendência italiana. Essa tradição se manifesta na
culinária – polenta e vinho são presenças
constantes na mesa dos descendentes –, nas
vocações econômicas desenvolvidas no Sul de
Santa Catarina, como a produção cerâmica, e até
em atividades de lazer, a exemplo do jogo de bocha.
Outras nacionalidades
Dos poloneses aos gregos, dos africanos
aos japoneses, descendentes dos mais diversos
povos se fazem presentes em Santa Catarina.
Marcante também é a presença austríaca em Santa
Catarina. Imigrantes oriundos da região do Tirol
fundaram, em 1933, a cidade de Treze Tílias, numa
região cuidadosamente escolhida pelo governo da
Áustria pela semelhança com as paisagens
originais. O país havia perdido território após a
derrota na Primeira Guerra Mundial e já não havia
lugar para todos. Hoje Treze Tílias mantém muitas
das tradições trazidas pelos colonizadores, como as
casas em estilo alpino e a prática de esculturas em
madeira. Santa Catarina tem também influência
árabe. Sírios e libaneses chegaram a partir de 1885
a cidades como Florianópolis, Biguaçu, Caçador,
Canoinhas, Criciúma e Lages, dedicando-se,
sobretudo, ao comércio. Já os japoneses vieram em
pequenos grupos, na primeira metade do século 20,
e se instalaram especialmente no atual município
de Frei Rogério, no Meio-Oeste, e em São Joaquim,
na Serra, onde contribuíram para o aprimoramento
da produção de maçãs com a introdução de novas
variedades.
Não se pode deixar de citar a presença e a
influência marcante dos africanos, que na maior
parte dos casos, chegaram a Santa Catarina como
escravos. Em 1810, dos 30.000 habitantes de
Santa Catarina, 7.000 eram escravos negros, quase
sempre descendentes de bantos e sudaneses que
desembarcavam nas regiões Nordeste e Sudeste do
país e desciam por terra rumo ao Sul, com o tráfico
interno. Em 1872, a proporção havia caído para
10% dos 158.000 habitantes, mas ainda assim sua
cultura permaneceu presente, como se pode
constatar pelas práticas religiosas – a umbanda e o
candomblé – e culturais, a exemplo do carnaval e
do samba. O Estado mantém várias áreas
quilombolas, originalmente ocupadas por ex-
escravos, como o Sertão do Valongo, em Porto Belo,
e a Lagoa de Acaraí, em São Francisco do Sul. O
maior nome da nossa literatura catarinense era
negro: o poeta João da Cruz e Sousa.
A imigração polonesa é possivelmente a
mais relevante depois da açoriana, da alemã e da