237Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 18, n. 32, jul./dez. 2009
MARINHO, Mônica Benfica.
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A carreira da prostituta militante: um estudo sobre o
papel das práticas institucionais na construção da identidade da prostituta militante
da Associação das Prostitutas da Bahia. 2007, 212f. Tese (Doutorado) – Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2007.
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Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia. Professora adjunta do Departamento de Educação da
Universidade do Estado da Bahia, Campus II – Alagoinhas/BA. Endereço para correspondência: UNEB, Rodovia Alagoinhas-
Salvador - BR 110, km 03 – Cx Postal 59 Alagoinhas/Ba. E-mail:
[email protected]
** Orientadora: Dra Miriam Cristina Marcílio Rabelo (UFBA); Data: 14 de março de 2007; Banca: Dra Elisete Schwade
(UFRN), Dra Leonor Graciela Natansohn (UFBA), Dra Maria Gabriela Hita (UFBA), Dra Maria Lígia Rangel Santos (UFBA).
O estudo teve como objetivo compreender o pro-
cesso de construção da identidade da prostituta mem-
bro da Associação das Prostitutas da Bahia (Aprosba),
e como as práticas da instituição que colocam em
funcionamento procedimentos, regras, normas e co-
municações participam dessa construção. Partimos
do pressuposto de que as práticas institucionais que
conformam a Aprosba são transformadoras de iden-
tidades, e que o processo comunicacional, seja inter-
pessoal ou mediado pelas tecnologias de comunicação,
é um elemento central de tais práticas. Tomando como
universo de investigação a Associação das Prostitu-
tas da Bahia, definimos como técnicas de coleta de
dados a observação participante com a produção de
relato etnográfico, entrevistas e história de vida. Bus-
camos recuperar o processo de constituição da asso-
ciação e exploramos sua estrutura organizacional,
evidenciando a idéia de que existe uma reorganiza-
ção pessoal que se dá com base no funcionamento
da instituição. Dedicamo-nos a investigar o processo
de comunicação de uma identidade estigmatizada.
Discutimos o campo da atuação da Aprosba na cons-
trução de uma nova imagem da prostituta, apontando
temas e lutas que marcam a posição de militantes e
não militantes. Investigamos o papel da mídia na cons-
trução da identidade de militante e, de forma especí-
fica, o seu uso como prática institucional. Enfim, ao
considerarmos a militância como meio de superação
da prostituição, enquanto forma cultural, envolvida em
uma significação marginal, mostramos como as mili-
tantes da Aprosba, na apropriação e produção das
práticas institucionais, foram produzindo uma signifi-
cação positiva do que é ser prostituta, mesmo que
através de ações prenhes de ambigüidades.
Palavras-chave: Prostituição – Identidade – Prá-
ticas Institucionais – Comunicação ABSTRACT: The militant prostitute career: a study
about the role of institutional practices in the
construction of a militant prostitute’s identity from
Bahia prostitutes association. (PhD thesis).
The study had as objective to understand the cons-
truction process of identity of the members prostitutes
from Bahia Prostitutes Association (Aprosba), and how
the practices of the institution and their procedures,
norms, rules and communication are part of that cons-
truction. We started supposing that the institutional
practices from Aprosba are identity transformers, and
that the process of communication, either interpersonal
or through the communication technologies, is a cen-
tral element of such practices. Having the Bahia Prosti-
tutes Association as a universe of investigation, we
collected data through observation with the producti-
on of an ethnographic report, interviews, and life his-
tory. We seeked to recover the process of constitution
of the association, and we explored its organizational
structure making clear the idea that there is a reorgani-
zation of people that is based on the functioning of the
institution. We investigated the process of communica-
tion of a stigmatised identity. We discuss the space
fulfilled by Aprosba in the construction of a new image
of the prostitute, pointing issues and struggles that mark
the position from militants and not militants. We inves-
tigate the media role in the construction of the militant
identity and, especially, its use as institutional practice.
Finally, considering participation as a way to overcome
prostitution as a marginal cultural form, we show how
the Aprosba militants, in the ownership and production
of the institutional practices, have been producing a
positive significance about what is being a prostitute,
even through ambiguous actions.
Keywords: Prostitution – Identity – Institutional
Practices – Communication