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A tabela 1 mostra que em cinquenta anos, entre meados do século XIX e o inicio
do século XX, houve um aumento exorbitante de 720% da população residente na Freguesia
do Espírito Santo. Neste período toda a cidade também sofreu os impactos do acelerado cres-
cimento populacional devido ao fim da escravidão. A este respeito, Abreu (1997) refere-se
que a abolição da escravatura em 1888, contribuiu significativamente para aumentar o proces-
so de migração em direção à cidade do Rio de Janeiro.
A intensa aglomeração de indivíduos que buscavam morar próximo ao Centro da
cidade teve como consequência o aumento do número de habitações coletivas. Conhecidas
como cortiços ou casas de cômodos, eram moradias precárias e superlotadas. Para se ter no-
ção do problema, segundo os dados apresentados por Mauricio Abreu (ano???), em 1870 a
população da Freguesia do Espírito Santo era de quase onze mil residentes, sendo que apro-
ximadamente dois mil, moravam em cortiços (Lobo, 1978, apud Abreu, 1987).
Comparar esta Freguesia ao atual bairro do Rio Comprido é algo bastante incerto,
pois a delimitação desta é desconhecida. Sabe-se apenas que compreendia partes do atual Ca-
tumbi, Estácio, Cidade Nova, uma pequena parte da Tijuca e a maior parte no Rio Comprido.
Mas para fazer qualquer pesquisa sobre qualquer bairro do Rio de Janeiro neste período, pre-
cisa-se usar deste artificio, pois naquela época, lembrando mais uma vez, não havia recense-
amento por divisão de bairros como é atualmente, e sim, era feito seguindo a delimitação das
freguesias.
Segundo o historiador Noronha Santos (1965), a do Espírito Santo possuía doze
escolas municipais de ensino primário e outras de ensino particular, ministrado por conceitua-
dos colégios localizados nas melhores ruas. Havia também o Seminário do Rio Comprido,
dirigido por padres, situado no prédio da antiga Chácara do Bispo (atualmente Casa do Bis-
po). Santos (1965) destaca ainda o comércio e a indústria, representada por duas fábricas, uma
de gelo e outra de cerveja, que ocupava uma vasta área e dispunha de aperfeiçoada maquina-
ria. “Ali se festejava nas igrejas e nas ruas, o dia do Divino Espírito Santo, padroeira da Fre-
guesia, onde saiam das igrejas grupos de moços e velhos, vestidos de calça cor, casaca de chi-
ta, sapatos debruados de fitas e chapéus enfeitados com a bandeira do Divino Espírito Santo”
(Santos, 1965, p. 51).
“A freguesia era abastecida por duas caixas d'água: a do Barro Vermelho, com en-
trada pela Rua do Estácio de Sá, e a da Chácara do Céu, no Morro de São Carlos, re-
cebendo parte do Espírito Santo, ao lado do rio comprido (trecho fluvial e não bair-
ro), para abastecimento, excelente água de Santa Teresa e suas vertentes, até perto