Sebenta- Socio-Antropologia. pdf - enfermagem

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About This Presentation

Resumo de socio-antropologia


Slide Content

Escola Superior de Enfermagem do Porto
UC: Antropologia da Saúde
Ano Letivo 2018/2019
CLE 1º ano 1ºsemestre



Antropologia

Antropologia da saúde → subdisciplina da antropologia que tem como objeto de estudo a forma como, em
diversos contextos culturais, as pessoas atribuem significados e lidam com o processo
de saúde-doença.
 Objetos: conceções populares e profissionais sobre saúde e doença, incluindo etiologia, diagnósticos,
manifestações e terapias; influências culturais na saúde e na doença.

Sociologia da Saúde → estudo do comportamento de sociedades e/ou grupos, no que diz respeito à saúde e à
doença, bem como às formas diferenciadas de acesso aos cuidados de saúde.
 Objetos: representações, formas de socialização, formas de organização dos cuidados, identidades em
saúde; poderes e práticas de saúde (ex.: acesso dos imigrantes aos cuidados de saúde, apoio social ao
processo de parentalidade, impacto do poder do utente nos cuidados de saúde).

O QUE DEFINE A ANTROPOLOGIA?
- Antropologia cultural – olhar sobre a cultura;
- Antropologia da religião – cada religião tem diversos comportamentos;
- Antropologia da arte – ciência que estuda cultura por detrás da arte (respeito pela ideia do homem -
democracia, pelo corpo – exercício, …);
- Antropologia criminal;
- Antropologia linguística;
- Antropologia física;
- Antropologia biológica;
- Antropologia da saúde.


DOMÍNIOS DA ANTROPOLOGIA DA SAÚDE
- Sistemas de assistência (oficial/formal, informal, popular);
- Nutrição e alimentos (ex.: dieta mediterrânica - como nasceu …; alimentos proibidos e permitidos);
- Género e sexualidade (ex.: respeito pela orientação sexual, há restrições a nível sexual em certas
sociedades);
- Dor (ex.: há culturas em que dor significa purificação; forma como o homem ou a mulher reagem à dor);
- Gravidez e conceção (ex.: desejos alimentares, tradições e superstições; gravidez na adolescência);
- Problemáticas aditivas (ex.: drogas, álcool – Porque é que Portugal é o país que usa mais tranquilizantes?);
- Medicinas alternativas/complementares;
- Religião e espiritualidade (hábitos, tradições e rituais – ex.: recusa transfusões sanguíneas, uso do
preservativo; há pessoas não religiosas, mas espirituosas);
- Morte e luto (ex.: Pessoas mais religiosas aceitam melhor ou pior a morte?; luto antes ou depois da morte;
morte social pode acontecer antes de morte biológica);
- Comportamento de risco (típicos na adolescência);
- Anatomia e conceções sobre o corpo.



ANTROPOLOGIA

PADRÕES DO CONHECIMENTO EM ENFERMAGEM
 Empírico (provém da experiência);
 Estético (noção de conforto, associado a elogios);
 Pessoal (saber que é sensível às diferentes pessoas);
 Ético (moral).

QUATRO PRESSUPOSTOS DA ANTROPOLOGIA NA SAÚDE












CULTURA
Valores culturais – princípios e cognições partilhadas por um grupo específico.

Os valores culturais dão força e significado às ações, estilos de vida e comportamentos de pessoas, grupos
ou de uma sociedade.







Cultura é o conjunto de valores, crenças e práticas específicas de um determinado grupo.






Os cuidados são reducionistas sem uma perspetiva biocultural;
proximidade(s); um enquadramento multidisciplinar; uma
preocupação com a qualidade.
As pessoas constroem as representações sobre saúde, doença,
vida ou morte a partir das suas experiências quotidianas e de
universos culturais específicos; Ex.: anorexia
Todas as culturas e grupos culturais podem possuir estilos de vida,
crenças, tradições e práticas distintas legítimas, que podem ser
protetoras ou prejudiciais;
Os profissionais de saúde contam com um corpo de saberes que
lhe permite agir sobre a “pessoa”, a “família”, a “comunidade”, a
“saúde”, a “doença” e o “processo de cuidados”.
Contexto
Diversidade
Saber(es)
Cuidado(s) a ter
“A cultura compreende significado, valores e padrões de comportamentos que são apreendidos e transmitidos na sociedade
e no seio dos seus grupos. Influência fortemente as cognições, os sentimentos e o autoconceito, assim como os processos
de diagnóstico e assistência.” - The National Institute of Mental Health’s Culture and Diagnosis Group (Mezzich et al, 1993)


“... a cultura orienta o pensamento, a ação a expressão da identidade.” - Giger e Davidhizar (1999)

O PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO
 Evolucionismo - (também chamado transformismo ou teoria da evolução) é uma doutrina que admite a
evolução orgânica das espécies; transformação de algo mais complexo.
 Difusionismo - A hipótese difusionista sustenta que os diversos povos receberam influências dos vizinhos
e dos diversos contactos que estabeleceram ao longo da História; culturas nascem de um núcleo e
difundem-se.
 Estruturalismo - Consiste em explicar o real não apenas a partir dos seus elementos, mas sobretudo a
partir da sua estrutura – culturas distantes podem manifestar idênticas preocupações; todas as populações
têm as mesmas preocupações, mas a forma de lidar com elas é diferente.
 Cultura e personalidade - Surge nos anos 30 do século XX, nos Estados Unidos da América e sofreu
importantes influências quer da Psicanálise; enfatiza o papel fulcral do cronosistema na estruturação da
personalidade; parte dos comportamentos partem da psicanálise.
VARIAÇÕES BIOLÓGICAS
Existem variações biológicas entre os vários grupos humanos (variações físicas e genéticas):
- Aspeto e estrutura do corpo;
- Cor da pele e cabelo;
- Variações enzimáticas e genéticas;
- Suscetibilidade a doenças;
- Preferências dietéticas;
- Outras.

FUNÇÕES DA CULTURA
- Proporcionar formas de controlo social;
- Homogeneizar comportamentos e ações sociais;
- Facilitar estratégias de identificação e pertença;
- Fornecer referenciais cognitivos.

ANTROPOLOGIA E SAÚDE
- Promoção da saúde;
- Nutrição;
- Eliminação;
- Atividade
- Perceção / cognição;
- Auto perceção;
- Relacionamento de papel;
- Sexualidade;
- Tolerância ao stress;
- Princípios de vida;
- Segurança / Proteção;
- Conforto;
- Crescimento / Desenvolvimento;
- Dor;
- Violência;
- Representações sobre o corpo;
- Nutrição e alimentos;
- Religião e espiritualidade;
- Morte e luto;
- MAC / sistemas de assistência;
- Parentalidade;
- Gestão do regime terapêutico;
- Autocuidado
- Stress;
- Família.

PRESSUPOSTOS DOS MODELOS CULTURAIS
 1º Pressuposto – Sobre a diversidade cultural existem muitas perspetivas.
 2º Pressuposto – Em Ciências da Saúde, consideramos que todas as culturas têm iguais preocupações, o
que se altera são as expressões dessas preocupações (morte, dor, sexualidade).
 3º Pressuposto – A Antropologia da Saúde não implica a aceitação do relativismo cultural; deve-se ver
as coisas dentro da própria cultura (ex.: violência sobre a mulher – põe-se Direitos Humanos acima de
tudo).
 4º Pressuposto – O modelo cultural permite entender a diferença, mas também realizar uma anamnese
e prestação de cuidados congruente com a necessidade da pessoa.

PERTINÊNCIA DOS MODELOS CULTURAIS
- Explicação da interseção entre cultura, saúde e doença (ex.: busca dos curandeiros);
- Uma ancoragem para definir competências culturais;
- Definir orientações para a ação (melhores cuidados prestados; ex.: conhecimento da família).

= + +
= =






O QUE SIGNIFICA POSSUIR COMPETÊNCIA CULTURAL?
Segundo McNaughton-Dunn (2002) implica:
- Conhecer elementos de outras culturas;
- Ser capaz de proceder a diagnósticos focalizados em utentes de outras culturas;
- Confrontar padrões culturais;
- Capacidade de comunicar em diferentes culturas;
- Ser capaz de demonstrar competência fora da sua cultura de origem.

MODELOS DE COMPETÊNCIA CULTURAL
Cultura Valores Crenças Práticas
Específicos de
determinado
grupo
Ideologias
(formas de
pensar)
Acredita-se sem se
conseguir explicar
(muito difícil de
mudar)
“Cultura orienta o pensamento, a ação e a expressão da identidade” – Giger e Davidhizar (1999)
Algumas culturas têm identidades de género que são muito problemáticas sobre determinadas culturas ocidentais.

MICROSISTEMA - (primeiro e mais interno) padrões e atividades de interação do contexto proximal do indivíduo.
A palavra interação refere-se às trocas bidirecionais entre o indivíduo e o seu meio.
MESOSISTEMA - engloba conexões entre microssistema como o lar, a escola, a vizinhança, a creche, etc. que
condicionam o desenvolvimento do indivíduo.
EXOSISTEMA – refere-se aos cenários sociais próximos que afetam as experiências dos indivíduos. Podem ser
relações formais como o local de trabalho dos pais, os serviços de saúde e bem-estar da comunidade, a rede social
da família ou mesmo membros da família extensa.
MACROSISTEMA - consiste nos valores, leis, costumes e recursos de uma cultura ou sociedade particulares. A
ação do macrosistema recai por vias indiretas na qualidade do mesosistema. Por exemplo: as políticas sanitárias
interferem na qualidade do ambiente de creches ou escolas.
CRONOSISTEMA – consiste no conjunto de experiências de vida e momentos significativos, que condicionam
consciente ou inconscientemente a forma da pessoa sentir, pensar e desenvolver ações sociais.





A PESSOA E O SEU CONTEXTO ECOLÓGICO
MACROSISTEMA
Atitudes e ideologias da cultura
O Modelo Biocultural De Bronfenbrenner

A CULTURA … O QUE É?
- A cultura incorpora as atitudes e os costumes aprendidos ao longo do processo de socialização;
- Inclui linguagem, estilos de comunicação, tradições, religião, arte, música, vestuário, crenças e práticas na
área da saúde;
- A cultura representa uma herança coletiva que permite ao indivíduo adquirir uma forma específica de
interpretar o mundo, exteriorizar emoções e desenvolver comportamentos.

CARACTERÍSTICAS DA CULTURA
- A cultura é aprendida;
- A cultura não é partilhada da mesma forma;
- A cultura é dinâmica;
- A cultura possui rituais comuns e observáveis.
- A cultura é racional se avaliada do interior;
- Não é fácil explicar as razões subjacentes;
- A cultura designa legitimidades;
- A cultura é etnocêntrica.

 “Os seres humanos são únicos na medida em que possuem características que influenciam e guiam o seu
comportamento. - Leininger (1978)
 “A cultura, enquanto processo aprendido e transmitido, influencia a forma como as pessoas preservam a
saúde ou desenvolvem estilos de comportamento pouco saudáveis”. - Leininger (1978)

O Modelo de Leininger / “Sunrise model” (modelo do sol nascente)

ENFERMAGEM TRANSCULTURAL DE MADELEINE LEININGER
Designa a prestação de cuidados a uma determinada comunidade no seio de outra, com património cultural
distinto.


• Possuir conhecimentos sobre a cultura de referência;
• Aceitar a individualidade dos utentes;
• Conhecer os problemas de saúde com que se confrontam os elementos que partilham aquela cultura;
• Desenvolver uma assistência congruente com a natureza e valores dessa cultura.































COMPETÊNCIA CULTURAL:
 Desejo cultural (cultural desire);
 Consciência cultural (cultural awareness);
 Conhecimento cultural (cultural knowledge);
 A habilidade cultural (cultural skill);
 Encontro cultural (cultural encounters).

CULTURA … O QUE É?
Para Campinha-Bacote, embora cada processo envolva um complexo de saberes e operações distintas,
todos convergem para a capacidade de prestar cuidados consistentes em contextos multi e transculturais.
O aprofundamento e a intersecção sistemática destes cinco processos favorecem uma consciencialização
crescente e permitirão prestar cuidados com maior qualidade.
O Modelo de Campinha-Bacote

1. Sociedade global (esfera exterior)
2. Comunidade;
3. Família;
4. Indivíduo


























PRESSUPOSTOS – MODELO DE PURNELL





















O Modelo de Competência Cultural de Purnell

O modelo operatório de Giger e Davidhizar enfatiza a necessidade de o prestador de cuidados realizar uma
boa avaliação da realidade biocultural do utente;
Uma avaliação culturalmente competente dos indivíduos é fundamental para o diagnóstico inicial, para um
planeamento consistente, para o estabelecimento de uma relação terapêutica e para a prestação de cuidados
eficazes.


INDIVÍDUO CULTURALMENTE ÚNICO (ENFERMAGEM):
 Comunicação;
 Espaço;
 Organização social;
 Tempo;
 Controlo ambiental;
 Variações biológicas.


DIMENSÕES EM ANÁLISE:









O Modelo de Avaliação Transcultural de Giger e Davidhizar
- Comunicação;
- Meio ambiente;
- Tempo;
- Variações biológicas;
- Espiritualidade;
- Pertenças culturais;
- Orientação social;
- Espaço
Anamnese

DIMENSÕES A CONSIDERAR:




ESTRATÉGIAS DE ABORDAGEM
• Como designa o problema?
• O que pensa poder estar na origem do problema?
• O que aconteceu na altura em que surge o problema?
• Que alterações provocou o problema?
• Qual o grau de severidade?
• Durante quanto tempo pode persistir?
• Até que ponto tem receio?
• Que consequências teve o problema?
• Há alguém conhecido com um problema idêntico?
• Se já teve o problema anteriormente, como reagiu?
• Que expectativas possui da abordagem terapêutica?
• Há alguém que considere ter soluções para o problema?










COMUNICAÇÃO:
 Idioma corrente;
 Outros idiomas;
 Proficiência linguística;
 Pronúncia;
 Gestão do silêncio;
 Linguagem não verbal;
 Facilidade/dificuldade em
falar sobre si;
 Registo da informação.


ESPAÇO:
 Grau de conforto
observado;
 Gestão do espaço
interpessoal;
 Perceção do espaço;
 Movimentos corporais.


ORIENTAÇÃO SOCIAL:
 Situação profissional e
socioeconómica;
 Relação com a
família;
 Responsabilidade na
família;
 Ocupação dos tempos
livres e lazer;
 Pessoas significativas.
ESPIRITUALIDADE:
 Religião;
 Sentimentos de pertença;
 Relação com organizações
religiosas;
 Práticas religiosas ou dimensões
espirituais relevantes;
 Influencia da espiritualidade
nas AVD;
 Expectativas.
TEMPO:
 Perceção do tempo;
 “Medidas”;
 Representação
 Gestão do tempo;
 Orientação temporal;
 Passado
 Presente
 Futuro
 Idade e estatuto social;
 Rituais de passagem.
SAÚDE E MEIO AMBIENTE:
 Praticas culturais e saúde
 Permissões
 Proibições
 Prescrições
 Valores e ideologias
relacionadas com;
 Conceção da saúde e
doença;
 Sistemas de assistência
(formal, informal);
 Acesso aos cuidados;
 Coping: estratégias.
VARIAÇÕES BIOLÓGICAS:
 Raça;
 Estrutura corporal;
 Cor da pele e cabelo;
 Outras características
físicas;
 Preferências nutricionais
e influencias no estado
de saúde;
 Genética e
hereditariedade;
 Morte: tempos biológico
e social;
PERTENÇAS CULTURAIS:
 Cultura de referência;
 Grupo de pertença;
 Identidade cultural;
 Estratégias identitárias:
 Identificação
 Identização
 Auto- estima;
 Mediações culturais;

SEXUALIDADE (O.M.S)
“É um aspeto central do ser humano, que acompanha toda a vida e que envolve o sexo, a identidade,
papéis de género, orientação sexual, o erotismo, o prazer, a intimidade e a reprodução.”
A sexualidade é vivida e expressa em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores,
comportamentos, práticas, papéis e relações.













Sexualidade:
- Corpo;
- Cultura;
- Costumes;
- História.


A sexualidade pode incluir todas estas dimensões, mas nem sempre todas elas são experienciadas ou expressas.
A sexualidade é influenciada pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, económicos, culturais,
éticos, legais, religiosos e espirituais.

OS 4 PILARES DA SEXUALIDADE:
- Sexo biológico;
- Papel sexual;
- Identidade sexual;
- Orientação sexual.

SEXO E GÉNERO
- O sexo remete para realidades biológicas e fisiológicas entre homens e mulheres;
- O género corresponde a uma categoria sociocultural, cuja matriz identitária e estatuto dependem do
contexto cultural;
- O sexo é um dado biológico e intrínseco aos indivíduos, enquanto que o género é uma construção social.



PROBLEMÁTICAS DE GÉNERO E VIVÊNCIA DA SEXUALIDADE

Sexo biológico – constituído por características fenotípicas (órgãos genitais, mama, barba, etc.) e genotípicas
(gene masculino XY e feminino XX).
Género – é o conjunto de valores, atitudes, papéis, práticas ou características culturais baseadas no sexo (mas
não só).

SEXUALIDADE E CULTURA
 Mallnowski (1930): muitas culturas não ocidentais estudadas possuíam códigos e práticas na área da
sexualidade muito complexas;
 Demonstrou a complexidade das variações culturais;
 As observações realizadas contribuem para alterar as nossas próprias normas, leis e perspetivas sobre
sexualidade;
 O género funciona como organizador social, dados os significados culturais atribuídos aos sexos masculino
e feminino;
 Na maioria das sociedades existem padrões de representações e ações “prescritas” aos géneros masculino
e feminino;
 As legitimidades, proibições e prescrições mudam de sociedade para sociedade e numa mesma sociedade
ao longo do tempo;
 A identidade de género: género com que a pessoa se identifica ou género prescrito;
 Algumas pessoas sentem que sua identidade de género não corresponde ao seu sexo biológico;
 Por vezes, a sociedade insiste que os indivíduos devem assumir a matriz comportamental reconhecida ao
sexo, embora esta possa ser divergente da identidade de género;
 Há, em relação à sexualidade na longa Idade Média, três momentos:
- Primeiro: a incessante luta do homem contra o próprio corpo, involucro pecaminoso;
- Segundo: a mulher como um instrumento do Diabo e a Igreja considerando-a como mais inclinada
à animalidade do que o homem;
- Terceiro: as ferramentas empregadas pelo poder eclesiástico para condicionar a moral sexual.


SEXUALIDADE E ADOLESCÊNCIA
 Estudo realizado
- A prevalência das relações sexuais mostrou-se semelhante nos dois distritos (Faro e Bragança);
- Os rapazes são mais sexualmente ativos e precoces que as raparigas;
- O consumo de tabaco, bebidas alcoólicas e drogas associou-se a um ambiente de ocorrência de relações
sexuais precoces;
- O facto de professar uma religião e sobretudo a participação frequente em atividades religiosas, é fator
de proteção para as relações sexuais precoces principalmente em raparigas;
- Os fatores analisados constituem importantes preditores nas relações sexuais precoces nos jovens, fatores
esses passíveis de intervenção.

SEXO E SEXUALIDADE
- A espécie humana está dependente de um conjunto de processos biológicos e de mensagens de natureza
cultural;
- Os fenómenos físicos e psicológicos ligados ao sexo, o desejo, a satisfação e a reprodução definem a
sexualidade;
- Para além da função reprodutora que se esgota na fisiologia, a sexualidade implica relação e diálogo
amoroso.

CULTURA, GÉNERO E ORIENTAÇÕES SEXUAIS
- Cada sociedade define estrutura e controla o desenvolvimento e expressão da sexualidade dos seus membros;
- Cultura, género, homossexualidade, heterossexualidade e transsexualidade;
- A cultura modela e regula a expressão e comportamento sexual dos indivíduos, influencia a identidade de
género.



ORIENTAÇÃO SEXUAL
Orientação afetivo-sexual – indica o género pelo qual uma pessoa se sente preferencialmente atraída
fisicamente e/ou emocionalmente.

 Pode ser por alguém do sexo oposto, e nesse caso a pessoa é heterossexual.
 Pode ser por alguém do mesmo sexo, e nesse caso a pessoa é homossexual (gays ou lésbicas).
 Pode ser tanto por uma pessoa do mesmo sexo ou do sexo oposto e nesse caso a pessoa é bissexual.

TRANSSEXUALIDADE
 Convicção profunda e persistente de que a identidade de género não está de acordo coma aparência física
e/ou anatomia (fenótipo físico), quer completamente, quer parcialmente;
 Disforia de género ou perturbação de identidade de género – a transsexualidade é a forma mais extrema
da perturbação da identidade de género;
 As pessoas identificam-se como membros do sexo oposto ao que lhes foi atribuído ao nascimento e
necessitam de adaptar a sua aparência física à sua identidade de género através de terapias hormonais
e/ou procedimentos cirúrgicos;
 Transsexualidade primária, transsexualidade secundária;
 Período de moratória.

SEXUALIDADE E TABUS
 A construção social do género;
 Género e formação da identidade;
 Atividade masturbatória;
 Participação da mulher no ato sexual;
 Igualdade de género e de sexo;
 As questões da bissexualidade;
 Sexo e dignidade feminina.


TIPOS DE HOMOSSEXUALIDADE SEGUNDO PLUMMER
Homossexualidade casual – decorrente de um encontro passageiro, sem reflexos definitivos na vida sexual do
indivíduo.
Homossexualidade como atividade situada – as relações homossexuais são frequentes, mas que não são a
preferência do indivíduo.
Homossexualidade personalizada – orientação sexual dos indivíduos vivida num ambiente social desfavorável.
Homossexualidade como modo de vida – o indivíduo assume-se e vive como um homossexual.

FERTILIDADE E CULTURA
 A fertilidade é uma preocupação universal, tanto quanto a angústia com relação à infertilidade, seja qual
for a causa;
 Identificam-se nas culturas uma serie de rituais, preces ou cuidados especiais para ajudar a mulher a
conceber com sucesso;
 Explicações culturais para a infertilidade;
 Em muitas comunidades de todo o mundo, ter um filho – especialmente um menino – é considerado uma
prova publica da virilidade e da maturidade do homem;
 Género e infertilidade;
 Prescrições culturais para a infertilidade.

DIMENSÃO PSICO-AFETIVA
Relaciona-se com a parte psíquica de cada individuo integra aspetos como:
- A identidade sexual – refere-se ao modo como o individuo “sente” o seu sexo em termos psicológicos,
aceitando-se e identificando-se ou não com ele (masculino, feminino, transsexual, …).
- A orientação sexual – refere-se às opções/preferências do individuo no que diz respeito à atracão e
satisfação do desejo sexual (heterossexual, homossexual, bissexual).
- Os sentimentos

O QUE É A GENÉTICA?
Genética – é o estudo dos genes e de sua transmissão para as gerações futuras.
Genótipo – constituição genética do indivíduo, isto é, são os genes que ele possui nas suas células e que foram
herdados dos seus pais.
Fenótipos – são as características manifestadas por um indivíduo (morfológicas, fisiológicas ou comportamentais)
que podem ser modificadas pelo ambiente.

Objetivos:
- Analisar os conceitos de genética e de epigenética;
- Avaliar os contributos da epigenética para a antropologia da saúde;
- Perceber de que forma as ocorrências epigenéticas podem condicionar os fenómenos de saúde/ doença.

CULTURA E CUIDADOS DE SAÚDE
“A cultura compreende significados, valores e padrões de comportamento que são aprendidos e
transmitidos na sociedade e no seio dos seus grupos. Influencia fortemente as cognições, os sentimentos e o
autoconceito, assim como os processos de diagnóstico e assistência.” - The National Institute of Mental Health’s
Culture and Diagnosis Group (Mezzich et al, 1993).

A EMERGÊNCIA DA ANTROPOLOGIA DA SAÚDE
 Freud (implicações dos processos mentais inconscientes) e Jung (inconsciente coletivo);
 A antropologia médica nos EUA (1963) – ex.: proibição de beber aumento das cirroses;
 Antropologia da doença (Augé) e da saúde (Massé) (anos 80, 90) – ex.: Porque é que há pessoas que morrem
de obesidade? / Porque é que as crianças brincam só nos telemóveis?;
 Antropologia médica crítica (Scheper-Hughes) (anos 90) – lógica da denúncia e estudo dos paradoxos da
sociedade – ex.: influência da pobreza;
 As novas tendências da antropologia da saúde – a articulação com a Biologia Molecular (epigenética) – ex.:
possibilidade de o organismo humano sobreviver até + de 100 anos.

QUALIDADE EM SAÚDE
“The degree to which health services achieve health outcomes and are consistent with professional
knowledge” - (IOM, 1990).


A HERANÇA EPIGENÉTICA
- A herança epigenética traz implicações profundas para o estudo da evolução;
- Jean Baptiste Lamarck (sec. XVIII) - a evolução era dirigida só em parte pela herança de características
adquiridas durante a vida;
- A girafa: os analistas das grandes forçaram os seus pescoços para alcançar folhas mais altas nas arvores,
tornando-os ligeiramente maiores, uma característica que foi herdado pelos descendentes (Darwinismo –
seleção natural).



TRANSIÇÕES E REALIDADES MULTICULTURAIS: A EPIGENÉTICA

ANTROPOLOGIA DA SAÚDE: DESENVOLVIMENTOS

 O genoma é toda a informação hereditária de um organismo que está codificado no DNA;
 A programação do genoma- que ocorre por meio de processos bioquímicos batizados de mecanismos
 Uma ligação entre as competências culturais e as evoluções biológicas;
 “A leitura de palavras ativa uma área específica do cérebro que só se organiza se está competência tiver
sido adquirida na idade própria e que se encontra para lá do processo preceptivo elementar.” – Caldas
(2008) boa argumentação;
 Aceitação de que os processos de transição humana só em parte derivam de componentes hereditárias,
relevando as influências culturais concêntricas na área da saúde;
 Aprender com as culturas, numa ótica de promover comportamentos consequentes com a saúde e
racionalização dos cuidados de saúde diferenciados;
 “Os conhecimentos de hoje permitem conhecer, sem dúvida, que existe um processo de transmissão
horizontal de cultura que tem expressão, não só nas manifestações comportamentais, como também na
própria estrutura biológica.”;
 “Verificámos que a ausência de escolaridade tinha impacto significativo na estrutura biológica do
cérebro.”;
 A epigenética tem como campo de estudos a atividade reguladora de genes e que pode persistir por uma
ou mais gerações celulares.


ANTROPOLOGIA DA SAÚDE E EPIGENÉTICA
 Epigenética é o estudo das mudanças hereditárias na expressão de genes durante a fase de divisão celular
que não são causadas por alterações na sequência do DNA;
 A investigação aponta para a possibilidade de que fatores ambientais são reguladores chave dos eventos
epigenéticos;
 O olhar da antropologia: entre os fatores epigenéticos mais citados estão os fatores ambientais como
alimentação, poluição, drogas e exercício, que podem modificar o padrão de ligação dos genes durante a
divisão celular.
















EPIGENÉTICA E ONCOLOGIA
- A importância dos processos epigenéticas tem sido fortemente enfatizada pelo crescente número de
trabalhos relatando a relação da epigenética em diversos tipos tumorais.
- Sendo o cancro uma doença genética e epigenética, têm sido descritas alterações epigenéticas em
praticamente todos os tipos tumorais.
 Exemplos: cancro do cólon, endométrio, hepáticos, do sistema nervoso, de mama, esófago,
bexiga, da pele, leucemias.

EPIGENÉTICA E DOENÇA MENTAL
- “A ciência da epigenética pode ser a chave para a nossa compreensão das doenças mentais e distúrbios
comportamentais”;
- Depressão - a deficiência de vitamina B6 tem sido identificada como um fator importante na produção
de serotonina. Com a deficiência de vitamina B6, haverá baixos níveis de serotonina e, consequentemente,
o desenvolvimento da depressão;
- Altos níveis de stress podem ocorrer em pacientes com transtornos psiquiátricos, pela deficiência de
magnésio;
- O Selénio pode interferir com o humor;
- Hipoglicemia ou hiperglicemia podem causar déficits cognitivos entre as crianças em crescimento;
- Nas desordens neurodegenerativas (doenças de Alzheimer, doenças de Parkinson), evidencias crescentes
ligam processos inflamatórios ao seu início e progressão;
- “Las enfermidades neuropsiquiátricas como la esquizofrenia y el transtorno bipolar se vem influídas por
processos epigenéticos… En resumen, estos datos acentúan el valor biológico de las experiencias a las que
un sujeto es expuesto en la infância y a las que se expone a lo largo de la vida, al señala que el ambiente
puede modelar la activación de genes que determinan desde unos determinados rasgos de carácter hasta
un fenótipo psicopatológico concreto” (Inaki et al, 2015).

A dor pode ocorrer sem lesão tecidular real e a sua intensidade pode não se correlacionar com a gravidade
da lesão observada.
Há várias definições de dor, como sejam:
 “Pain is what the experiencing person says it is, existing whenever he says it does” (McCaffery, 1987);
 “Existem poucas coisas que um médico faz mais importantes do que o alívio da dor” (Angel, 1982).

- A dor acompanhou desde sempre a humanidade;
- Existe preconceito social relacionado com a dor, principalmente em termos de género;
- É percebida e aceite de distintas formas ao longo da história e em diferentes culturas;
- O progresso do conhecimento científico sobre os mecanismos e interações neurológicas, neurobiológicas e
neurobioquímicas é vertiginoso;
- A dor é muito para além da mera componente física, a dor abrange vertentes afetivas, cognitivas,
psicossociais, comportamentais e morais que contribuem para a tornar um fenómeno tão complexo;
- O alívio da dor é muito importante.




DOR E PATOGÉNESE
- A dor nociceptiva consiste no protótipo da dor aguda em que a lesão tecidular estimula diretamente os
recetores da dor; pode ser somática ou visceral – relacionada com terminações nervosas;

o A dor somática habitualmente é descrita como uma picada ou aperto, podendo ser superficial
(pele) ou profunda (músculo, osso);
o A dor visceral é habitualmente de difícil localização, podendo ainda ser irradiada. Responde
habitualmente bem aos analgésicos;

- A dor neuropática resulta de lesão de fibras nervosas e o impulso doloroso origina-se nas vias nervosas em
vez de nas terminações nervosas (recetores);

- A dor psicossomática tem origem difusa, com mediação psicológica.



DOR E CULTURA
- Todos sentimos dor, mas não a sentimos e percecionamos da mesma forma.
- Dor é uma experiência subjetiva complexa, em que para além da sensação desagradável é uma vivência
impregnada de motivações pessoais, sociais e culturais que condicionam a maneira como é sentida, aceite e
comunicada aos outros (Dourado, 2007)


DOR E CULTURA

Importante

DOR - CIPE
Dor é uma “Perceção com as características específicas: aumento de sensação corporal desconfortável,
referência subjetiva de sofrimento, com expressão facial característica, alteração do tónus muscular,
comportamento de autoproteção, limitação do foco de atenção, alteração da perceção do tempo, fuga do contacto
social, compromisso do processo de pensamento, comportamento de distração, inquietação e perda de apetite.”
(2005)

DOR E CULTURA
Dor, fenómeno multidimensional (sentimentos, …) e plurifatorial; dificuldade em encontrar uma definição
que englobe todas as dimensões e fatores a ela relacionada;
Associação Internacional para o Estudo da Dor - dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável
associada a uma lesão tecidular potencial ou real, ou cuja descrição pode corresponder à existência de tal lesão.

ELEMENTOS DA DOR
- Deteção da lesão tecidular;
- Perceção da dor a partir dos estímulos dolorosos;
- Sofrimento ou dor psicológica - resposta negativa induzida pela dor;
- Condutas de dor - que o indivíduo faz e deixa de fazer p/ minimizar dor,

DOR E CULTURA
- Dor aguda significa curta duração e delimitada no tempo, geralmente é bem localizada e descrita com
clareza pelo doente;
- Dor crónica é mal localizada e mal definida, prolongada, desgastante e multifatorial, já que pode resultar
de um estímulo nociceptivo persistente, de uma lesão no sistema nervoso ou de uma patologia psicológica
ou ainda, a interligação entre estas causas.

- A dor pode ser complicada por fatores de distress psicológico inerentes à própria experiência da dor e
associada com medo e desamparo que precipitam distúrbios depressivos e da ansiedade (Steinman, 2009).
- Por exemplo, a dor oncológica e ansiedade são problemas comuns para doentes com cancro: doentes com
dor parecem ter um risco aumentado de problemas de ansiedade comparativamente com doentes sem
dor;
- A interação entre dor e ansiedade pode ocorrer a nível emocional, cognitivo e comportamental (Thielking,
2003).

- “Na Europa, a dor é um problema grave para a saúde pública. Muito embora seja lícito considerar a dor
aguda como sintoma de uma doença ou de uma lesão, a dor crónica e recorrente constitui um problema
específico de saúde, de tal modo que pode ser considerada como doença clínica independente.” –
(Declaração da EFIC a respeito da dor como problema grave de saúde, e como entidade clínica própria,
2001);
- A forma como cada pessoa se encontra mais ou menos suscetível à dor, ou apresenta uma maior ou menor
dificuldade em expressar a dor sentida depende de variados fatores, relacionando-se estes com o valor
que cada cultura coloca na expressão emocional e na resposta à doença e à dor.

DOR E CULTURA – CASOS EM ESTUDO
- A trepanação em diversas tribos africanas;
- Rituais dos índios Cheyene - os homens jovens submetem-se a rituais de autotortura na cerimónia da Dança
do Sol, com o intuito de demonstrarem a sua virilidade e de adquirirem prestígio social;
- Ritual de “aperto” dos pés na China;
- Rituais de crucificação nas Filipinas - na região de Pampanga, são praticados anualmente rituais do
“sakrapisyo” dos “krusipikasyons”; têm como propósito a aproximação do sofrimento do homem ao de
Jesus Cristo.

DOR E CULTURA – TREPANAÇÃO
- Na África Oriental, existem ainda homens e mulheres que se submetem à trepanação, sem qualquer tipo
de anestesia ou droga analgésica;
- Na operação, realizada pelo “doktari”, são seccionados o couro cabeludo e os músculos subadjacentes;
- O “doktari” raspa o crânio, enquanto que o homem ou a mulher, sem qualquer tipo de lamentações ou
expressões que manifestem a dor, seguram sob o queixo um vaso destinado a recolher o sangue que
escorre.

DOR E CULTURA – CASOS EM ESTUDO
Zborowski (1952, citado por Helman, 2003) analisou os componentes culturais da experiência de dor em
três grupos de pacientes da cidade nova iorquina:
- Americanos de origem italiana,
- Americanos de origem judaica,
- Americanos protestantes tradicionais.

Constatou diferenças fundamentais relativamente ao comportamento de dor e às atitudes em relação à
dor destes três grupos étnicos.


Zborowski concluiu que:
o “as reações semelhantes à dor manifestada, por membros de diferentes grupos étnicos e culturais,
não refletem, necessariamente, atitudes semelhantes em relação à dor”;
o “os padrões de reação semelhantes nas formas de manifestação podem ter funções diferentes e
servir a propósitos distintos nas diversas culturas”.


DOR E CULTURA
- A dor como sintoma desnecessário;
- A dor como fator de aproximação;
- A dor como castigo;
- A dor como dádiva;
- A dor como expressão de identidade;


→ “Representação da dor”;
→ O que a pessoa exprime (incluindo a expressão facial) – “reação física”;
→ “Tolerância à dor”.

DOR E INICIAÇÃO
- A dor não constitui apenas uma prova de resistência pessoal, cujo sucesso garante a aprovação social, mas
a lesão que dela restou, institui uma pertença social;
- O jovem passa a fazer parte do grupo, a nele reconhecer-se e por ele ser reconhecido. São essas as funções
do rito de iniciação, configurando uma pedagogia, que vai do grupo ao indivíduo;
- As cicatrizes são uma marca social. A força que impulsiona o jovem a aguentar a dor e a forma como ele
a experimenta não são o resultado de “um impulso masoquista, mas de um desejo de fidelidade à lei, a
vontade de ser, sem tirar nem por igual aos outros iniciados” (Clastres, p.130).

- Violência varia de cultura para cultura;
- Há formas de violência prescritas na sociedade;
- Há formas de violência aceites pelo indivíduo.

Qualquer reflexão teórico-metodológica sobre a violência deve pressupor o reconhecimento da
complexidade (muitos fatores intrínsecos à violência), da polissemia (várias interpretações) e da controvérsia
(opiniões opostas – ex.: educação nas escolas) do objeto.


ANTROPOLOGIA E VIOLÊNCIA
- Implicações da violência na essência das sociedades;
- Violência não como objeto de estudo ou facto isolado, mas como um fenómeno social global;
- Estruturalismo: formas culturalmente determinadas e por vezes legitimadas (repressão, pobreza,
distribuição desigual de recursos, dominação, doença, sistemas económicos, política e socialmente
injustos);
- Importância na História: violência monárquica (ex.: França);
- Mead: da “ingenuidade” antropológica à descoberta da violência sexual e autodirigida;
- Benedict e os Zuni: rivalidades e violência (bens materiais);
- A violência na civilização Ocidental;
- Malinowski: rituais de sacrifício, canalização e impulsos e gestão da violência.

CULTURA E VIOLÊNCIA
Como a antropologia trabalha as questões ligadas à violência?
As visões psicanalíticas da violência
 Cognições (ex.: Rússia – violência do homem contra a mulher é normalizada);
 Desejos (ex.: desejo de agredir – relacionado com o super-ego);
 Memórias (ficam na mente, mesmo que inconscientemente).

CULTURA E NORMAS SOCIAIS
- Cultura, norma social e condicionamento;
- Da tolerância à aceitação da violência;
- Violência e processo de socialização (escola, contexto familiar, comunicação social);
- Problemáticas de género: direitos, formas de masculinidade, ascendências nos grupos de pertença,
conflitos.

FUNÇÕES DA CULTURA E VIOLÊNCIA
 Proporcionar formas de controlo social (justiça);
 Homogeneizar comportamentos e ações sociais (ex.: igualdade de direitos homem/mulher);
 Facilitar estratégias de identificação e pertença (ex.: claques);
 Fornecer referenciais cognitivos (ex.: se violência se legitima, indivíduo acaba por a perceber como
correta).
CULTURA E VIOLÊNCIA

Importante

VIOLÊNCIA
“Uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça contra si próprio, contra outra pessoa,
ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano
psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação de liberdade.” – Organização Mundial de Saúde (2002)
VIOLÊNCIA E SAÚDE
A violência é, antes de mais, uma questão social e cultural;
Constitui-se num objeto de atenção em saúde
 Pelo impacto que provoca na qualidade de vida;
 Pelas lesões físicas, psíquicas e morais que acarreta;
 Porque coloca em causa a dignidade humana.

VIOLÊNCIA E CULTURA
A violência sempre existiu entre os homens, assim como em cada sociedade sempre existiram mecanismos
sociais para sua compreensão e controle (Zaluar, 1996).
Não se pode abordar a questão da violência fora da sociedade que lhe confere contexto e inteligibilidade,
já que ela se alimenta dos factos sociais, económicos, políticos e culturais que se estabelecem nas macro e
microestruturas sociais (Minayo, 2003).
Estrela e Marmoz (2006) - a violência como modo de expressão e constrangimento de natureza física ou
psíquica, simbólica ou material, visando o prejuízo voluntário ou involuntário de alguém.
As desigualdades de poderes nas estruturas sociais são fontes potenciais de violência (Gebera, 2000).

TIPOS DE VIOLÊNCIA
 Englander (1997) – violência física e psicológica;
 Krug et al (2202) – além das formas de violência anteriormente citadas, a violência autoinfligida, a
violência interpessoal e finalmente, a violência coletiva.
 Krahé (2001) – violência de índole direta ou indireta, conforme a sua medição.
 Cole e Dodge (1998) – violência reativa ou expressiva e a violência instrumental ou proativa. A primeira
supõe uma reação a determinada situação enquanto que a segunda remete para o alcance de determinado
resultado.

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
- A violência psicológica é caracterizada pela rejeição, depreciação, discriminação, humilhação,
desrespeito e punições exageradas.
- É uma violência que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente provoca danos para toda a
vida.
- Exemplos: agressão dissimulada, depreciação, atitude de oposição e aversão, ameaças de morte....

VIOLÊNCIA SEXUAL
- Violência na qual o agressor abusa do poder que tem sobre a vítima para obter gratificação sexual, sem o
seu consentimento, sendo induzida ou obrigada a práticas sexuais com ou sem violência física.
- A violência sexual acaba por englobar o medo, a vergonha e a culpa sentidos pela vítima, mesmo naquelas
que acabam por denunciar o agressor, por essa razão, a ocorrência destes crimes tende a ser ocultada.

VIOLÊNCIA - NEGLIGÊNCIA
- A negligência é o ato de omissão do responsável pela criança/idoso/outra (pessoa dependente de outrem)
em proporcionar as necessidades básicas, necessárias para a sua sobrevivência, para o seu
desenvolvimento.
- Os danos causados pela negligência podem ser permanentes e graves.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
- A violência doméstica é a que ocorre dentro de casa e que geralmente pode abranger todas as relações da
família: pais, mães, filhos, idosos; as mulheres são os principais alvos.
- Pode ocorrer fora do espaço doméstico, como resultado de relações entre membros da própria família.
- A violência intrafamiliar contra crianças, adolescentes, mulheres e idosos ocorre em todas as classes
sociais - é interpessoal e intersubjetiva.

ANTROPOLOGIA E VIOLÊNCIA
- Dominação de um grupo ou de um território
- A violência como “ferramenta” de controlo cultural
- Violência, territórios de sofrimento e sentimento de pertença;
- Violência e ritos de passagem
- Violência e alienação
- Violência e “representação” do triunfo simbólico: a dominação do corpo
- Violência, ética e dignidade humana
- Transformações nas estruturais sociais.
- Violência autoinfligida: os rituais de crucificação nas Filipinas;
- Violência e religião: os “crimes de honra”;
- Violência e crenças sobre a cura: a SIDA e as relações sexuais;
- Violência e morte social: os rituais Voodoo na Jamaica;
- Violência e problemáticas de género: o exemplo da Samoa e dos Zuni;
- Violência sobre o idoso;
- Abandono infantil;
- Violência e abuso sexual: violação, assédio;
- Violência, direitos humanos e dignidade humana.

FATORES DE RISCO
- Ciclo de violência intergeracional;
- Stress do cuidador;
- Fatores de vulnerabilidade;
- Isolamento social e negligência;
- Dinâmicas de grupo e reforço de comportamentos antissociais;
- Estrutura e funcionamento familiar;
- Fragilidades a nível das competências sociais;
- Integração sociocultural e recursos comunitários;
- A escola como contexto de agressão e conflito: a educação e limites.

“Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: é o suicídio” – Camus.
“O suicídio, mesmo cometido em público, persiste como o mais misterioso ato do ser humano.” – Cobb.
- Por princípio, todo o ser humano quer viver; desejo de acabar com a vida é patológico.

TERMINOLOGIAS
SUICÍDIO: Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), suicídio constitui-se em “… um ato deliberado, iniciado e
levado a cabo por uma pessoa com pleno conhecimento ou expectativa de um resultado.”
PARASUICÍDIO: ato de autodestruição que não conduziram à morte ou, nos quais, não se encontra presente a
intenção de morrer (Santos et al, 1996).
TENTATIVA DE SUICÍDIO: Segundo a Sociedade Portuguesa de Suicidologia (2009) é “(…) o ato levado a cabo por
u individuo e que visa a sua morte, mas que por razões diversas não é alcançada.”

SUICÍDIO NA CULTURA MUNDIAL
- Camilo Castelo Branco
- Mário de Sá-Carneiro
- Florbela Espanca
- Antero de Quental
- Virginia Woolf
- Sigmund Freud
- Elvis Presley
- Vincent Van Gogh…

NOTA:
- Na maioria dos casos, o suicídio é uma resposta pouco estruturada daquilo que é um problema mental;
- O suicídio corresponde a uma prescrição cultural (ex.: questões de honra, não atingir objetivo);
- O suicídio é, por ventura, dos problemas humanos mais incompreensíveis;
- O que designamos por suicídio é muito vasto: podemos então ter o suicídio, o para suicídio, a tentativa de
suicídio.

CULTURA E SUICÍDIO:
- Uma prática comum na Inglaterra até 1823 foi enterrar uma pessoa suicida à noite num cruzamento com
uma estaca cravada no coração;
- Em França, o corpo do suicida era arrastado pelas ruas e, em seguida, colocado na praça pública;
- Durante muito tempo, na India, a viúva cometia suicídio após a morte do companheiro (sutee);
- Na cultura japonesa, suppuku (“corte do estômago”) foi um suicídio ritual realizado pelos guerreiros
Samurai (geralmente) após ser capturado;

SUICÍDIO E PARA-SUICÍDIO: UMA ABORDAGEM CULTURAL

EPIDEMIOLOGIA DO SUICÍDIO NO MUNDO
As taxas de suicídio tendem a refletir as condições económicas.
- Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, as taxas de suicídio diminuíram durante os anos mais
prósperos, após a Primeira e após a Segunda Guerra Mundial;
- Atualmente:
o Taxas elevadas: Rússia e países da antiga União Soviética (Báltico e Cazaquistão), Hungria,
Alemanha, Suécia, Dinamarca, Finlândia (países com boa qualidade de vida – pouca satisfação na
obtenção das coisas, pouca capacidade de adaptação, ausência de sol, pouca convivência), Japão,
China (questões de honra), Índia (em caso de violação, é solicitado suicídio por vergonha), Sri
Lanka;
o Taxas baixas: Países do mediterrâneo e a generalidade dos países do terceiro mundo.


SUICÍDIO
- Forte estigmatização social;
- Estimulação do medo (típico em situações de depressão; pessoas próximas à pessoa afetada não se podem
deixar afetar e sofrer);
- Consequência de determinadas perturbações do humor (ex.: depressão, psicose maníaco-depressiva –
euforia/mania VS depressão – cada vez menos comum);
- Realidades culturais e suicídio.


SUICÍDIO: EPIDEMIOLOGIA
- O suicídio está entre as dez principais causas de morte na população mundial em todas as faixas etárias e
representa a terceira causa de morte em jovens com idades compreendidas entre os 15 e 35 anos;
- Nos últimos 45 anos os índices de suicídio aumentaram 60% em todo o mundo: um estudo realizado com
dados de noventa países estimou em 7,4/100 mil a taxa de suicídios entre jovens;
- O suicídio representa a segunda causa de morte de jovens na Itália, na França e no Reino Unido e a terceira
causa nos EUA;
- 56% - Sucesso na primeira tentativa (maioritariamente homens – armas, enforcamento = métodos mais
violentos; mulheres – medicamentos);
- 25% - Hospitalização após tentativa;
- Métodos mais comuns: género e cultura;
- Aumento no grupo etário 12-14 anos.


SUICÍDIO: FATORES DE RISCO (características mais evidentes das pessoas que cometeram suicídio)
- Raça Branca;
- Homem adulto (45-60 anos);
- Adolescente;
- Orientação homossexual;
- Acesso a armas de fogo;

- Vulnerabilidades:
o Familiar de alguém que cometeu suicídio;
o Transtorno psiquiátrico (humor, personalidade antissocial – psicopata);
o Tentativas anteriores;
- Tentativas de suicídio:
o Planos (avisos);
o Perdas (financeiras, de bens, familiares);
o Doenças físicas (geralmente, incuráveis);
- Desinibição (não ter problema em mostrar o que sente):
o Impulsividade;
o Isolamento social (incapacidade para estabelecer relações sociais);
o Transtornos do pensamento (ex.: alucinações e delírios - psicoses);
o Problema de adição (ex.: drogas, álcool; utilização cultural da droga – ópio: oriente).
- Segundo a OMS (2002), as doenças psiquiátricas estão associadas a mais de 90% dos casos de suicídio
(transtorno do humor, a esquizofrenia, os transtornos da personalidade e os transtornos relacionados com
o consumo de substâncias);
- Entre os jovens que apresentam comportamentos suicidários, há uma elevada incidência de transtornos
da personalidade, sendo os mais frequentes o transtorno da personalidade “borderline” e o transtorno da
personalidade antissocial (OMS, 2002).

JUVENTUDE E SUICÍDIO
- Jovens com transtornos do humor que tentam o suicídio apresentam frequentemente ataques de pânico,
elevados níveis de ansiedade, concentração diminuída, insónia quase total, acentuada perda de prazer e
interesse pela maioria das atividades e marcada desesperança;
- Os jovens com transtorno do pânico têm maior risco de apresentar comportamentos suicida quando
associado a depressão, alcoolismo, abuso de substâncias ou transtorno da personalidade.

SUICÍDIO VS PARA-SUICIDO
Suicídio Parasuicídio
Homem Mulher
>45 anos <25 anos
Intenção suicida Intenção manipulativa
Corda, tóxicos, armas, etc. Psicofármacos
Premeditação Impulsivo
Problemas crónicos Problemas realizados
Isolamento Estilo de vida caótico

SUICÍDIO, ESTÁDIO FINAL
- Autopunição;
- Autoprejuízo;
- Automutilação – despersonalização, baixa autoestima;
- Autoagressão;
- Autodestruição;
Freud: as razões desta autodestruição surgem como manifestação da morte, pulsão e sentimentos de culpa
reprimidos.
Pessoas próximas (familiares, amigos) e profissionais de saúde devem ajudar pessoa com problemas a ultrapassá-
los – falar sobre o problema.

1. Falsos sistemas de assistência;
2. Prestadores de cuidados;
3. Medicinas alternativas e complementares;
4. Limitações e perigos das medicinas alternativas.

1. SOCIEDADES E SISTEMAS DE SAÚDE
- Todas as sociedades têm sistemas explicativos e instituições de assistência;
- Os sistemas de assistência incluem crenças, tradições, atores e estratégias de prevenção, diagnóstico e
tratamento da doença (ex.: ditados e provérbios populares);
- Os atores (diversificados) podem ser profissionais ou outros, tais como curandeiros, ou xamãs (curandeiros
com atividade religiosa).

SISTEMAS DE ASSISTÊNCIA
- Os sistemas de assistência são uma parte integrante do sistema cultural global;
- Benjamin Paul (1995: 15): os hábitos e crenças da população em matéria de saúde e de doença não são
separáveis da cultura global em que pessoa se insere.


ARTUR KLEINMAN
- Artur Kleinman – perspetiva biocultural sobre a saúde e a doença;
- Necessidade de compreender os significados locais e os padrões de comportamentos associados;
- Kleinman: a saúde, a enfermidade e o cuidado são partes de um sistema cultural e devem ser
compreendidos como um todo;
- Diferentes processos de cura persistem numa mesma sociedade porque agem nas diferentes dimensões da
doença (sickness, disease, illness);
- Abordagem interdisciplinar: métodos etnográficos, clínicos, epidemiológicos, históricos, sociais, políticos,
económicos, tecnológicos e psicológicos para perceber sistemas de assistência das sociedades.

CULTURA E SISTEMAS DE ASSISTÊNCIA: AS MEDICINAS ALTERNATIVAS E
COMPLEMENTARES

Passado que
influencia saúde
atual
Hábitos, opções
Ex: progressão do HIV
maior nas pessoas com
condições socioeconómicas
mais baixas

SAÚDE E CONTEXTO GLOBAL
- Kleinman – a saúde, a enfermidade e o cuidado são elementos de um sistema cultural;
- Examiná-los isoladamente significa distorcer a compreensão da natureza dos mesmos e de como funcionam
num dado contexto.

SISTEMAS DE ASSISTÊNCIA
- Kleinman: em qualquer sociedade complexa é possível identificar três sistemas básicos de assistência à
saúde: o oficial (profissional – ex.: médico), o popular (ex.: curandeiro, xamã) e o informal (pessoas que
não podem passar prescrições, mas passam – ex.: farmacêutico);
- Cada um dos sistemas radica em filosofias e logicas distintas e possui meios próprios para explicar e tratar
as doenças, designar o estatuto do prestador de cuidados, o papel dos utentes e a relação entre ambos.

O SISTEMA OFICIAL (PROFISSIONAL)
Nas diversas sociedades, o sistema oficial apresenta-se como um sistema compreensivo de assistência:
- com contornos próprios;
- uma legitimidade que lhe é conferida pela organização social;
- uma ideologia reconhecida pela matriz cultural de referência (ex.: por evidência científica –
mundo ocidental).

DIMENSÕES:
- Segundo Landy (1977), o sistema oficial possui dois aspetos inter-relacionados:
o … um de natureza cultural, que inclui determinados conceitos básicos, teorias, praticas normativas
e formas comuns de perceção;
o …outro, de natureza social, que inclui a sua organização e estruturação no interior do
enquadramento da sociedade.

O SISTEMA POPULAR:
- Fundamento do sistema popular: existência de indivíduos que são conhecidos pelo poder de cura;
- Helman (1994): determinados indivíduos tornam-se especialistas em métodos de cura, que podem ser
sagrados, seculares ou uma combinação de ambos;
- Os “curandeiros” não fazem parte do sistema médico “oficial”, ocupando uma posição intermediaria entre
a alternativa informal e oficial.

O SISTEMA INFORMAL:
- Inclui um conjunto de práticas culturais que não se enquadram em nenhum dos sistemas anteriores;
- Podemos citar como exemplos a automedicação, os cuidados prestados pela família, ou o conselho ou o
tratamento recomendado por um parente, amigo, vizinho, ou colega de trabalho.

2. O CUIDADOR INFORMAL
Representa a pessoa, familiar ou amigo, não remunerada, que se assume como principal responsável pela
organização ou assistência e prestação de cuidados à pessoa dependente. (Braithwaite,2000)
- Colaboram na realização de atividades que os utentes não são capazes de desenvolver por si próprios, de
forma autónoma – compromisso de autocuidado;
- Esta ajuda pode envolver diversas atividades da vida diária (ex.: vestir, cuidados de higiene, alimentação,
…) ou atividades relacionadas com questões financeiras e administrativas;
- Envolve ainda um suporte de natureza emocional e cuidados de saúde pouco diferenciados, no sentido de
proporcionar bem-estar e conforto;
- Por vezes, desenvolve-se em complementaridade com o sistema formal, proporcionando atividades que
este não disponibiliza;
- Podemos agrupar em três domínios as tarefas que os cuidadores informais habitualmente prestam:
o suporte em atividades instrumentais da vida diária (ex.: arrumar e limpar a habitação, preparar
refeições, fazer compras, pagar contas);
o assistir nas dificuldades funcionais de autocuidado (ex.: dar banho, assegurar higiene pessoal);
o apoiar emocionalmente o doente (ex.: fazer companhia).


O CUIDADOR INFORMAL- BARREIRAS (HIRST, 2005)
- Respostas deficientes do sistema formal de assistência;
- Sobrevalorização da função e do papel de cuidador (informal);
- Organização dos serviços sociais e de saúde (ex.: grande distância);
- Linguagem e padrões culturais diferenciados;
- Características e estado de saúde da pessoa que necessita de cuidados;
- Falta de preparação e conhecimentos adequados.


3.











MEDICINA
OFICIAL
MEDICINA
ALTERNATIVA
Base analítica;
Diagnostica segundo taxonomias
universais;
Os tratamentos são mais
agressivos e com efeitos laterais.
Base dialética (diálogo);
Percebe a doença analisando o
individual e a cultural;
A atenção centra-se no doente
para que este recupere e lute
pelo seu estado de saúde.

MEDICINAS ALTERNATIVAS E COMPLEMENTARES - SISTEMAS INTEGRADOS DE EXPLICAÇÃO E
INTERVENÇÃO
As medicinas alternativas e complementares incluem sistemas compreensivos de diagnóstico e assistência,
baseiam-se em sistemas explicativos próprios e possuem relações de proximidade com determinadas culturas.
Exemplo: medicina chinesa, tibetana, AUY, cultura indiana

Sistemas médicos
alternativos
Ayurveda, medicina chinesa, medicina tibetana, homeopatia, naturopatia
Intervenções corpo-espírito Perspetivas cognitivas e comportamentais: meditação, hipnose, terapia pela
dança, música e arte, aromaterapia, rezas
Terapias de base biológica Suplementos dietéticos, ervas, químicos, terapias biológicas
Terapias que implicam
manipulação
Quiroprática, osteopatia, massagens
Terapias energéticas Reiki, toque terapêutico, terapias magnéticas


ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS)
“As medicinas alternativas e complementares abrangem todas as terapias que não são utilizadas pela medicina
convencional.”

A. FITOTERAPIA:
- É formada por dois radicais gregos:
o Fito vem de phyton, que significa planta, e terapia, que significa tratamento;
o Portanto fitoterapia é o tratamento em que se utilizam plantas medicinais.

› Abacate - coadjuvante do tratamento de artrite reumatoide, osteoartrite, colesterol;
› Alcachofra - colerético (aumento da liberação de bílis a partir da vesicula biliar) e colagogo (aumento da
produção de bílis pelo fígado);
› Alho - coadjuvante no tratamento de hiperlipemia e hipertensão arterial leve, auxiliar na prevenção da
aterosclerose, sistema imunitário;
› Ananás - anti-inflamatório, adjuvante em tratamentos de sinusite;
› Camomila - antiespasmódico, anti-inflamatório tópico, distúrbios digestivos e insónia leve;
› Chá Verde - aterosclerose, colesterol elevado (fração LDL), prevenção desenvolvimento de diabetes tipo
1, acelerar o metabolismo (auxiliar na metabolização da gordura), proteção hepática (consumo de álcool);
aspetos negativos: aumenta tensão, tira o sono;
› Eucalipto - antisséptico e antibacteriano das vias aéreas superiores, expetorante;
› Gengibre - profilaxia de náuseas causada por movimentos (cinetose) e pós-cirúrgicas;
› Ginseng - fadiga física e mental;
› Guaco – expetorante, broncodilatador;
› Hortelã-pimenta - cólicas intestinais;
› Psylium - redução de nível de colesterol total e LDL no sangue, constipação intestinal;
› Sene – obstipação;
› Valeriana - insónia leve, sedativo, ansiolítico.
- É preciso ter consciência que muitos alimentos podem ser criticáveis com a utilização de medicamentos
(ex.: sene corta efeito de anticoncecional e de antibiótico)

B. MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (alternativa)
- Surgiu na China e inclui tratamentos como a acupuntura, fitoterapia e a terapia dietética;
- Baseia-se no equilíbrio do corpo entre forças opostas- o Ying e o Yang, essenciais para a energia vital;
- Tendo este conceito em mente, acredita-se que qualquer doença é sempre reflexo de um desequilíbrio do
organismo, sendo necessário repor os seus níveis regulados.

C. ACUPUNTURA (complementar)
- Será o sistema mais popular entre as diversas terapias da medicina tradicional chinesa e baseia-se na
estimulação de pontos específicos do corpo com diferentes técnicas através da inserção de agulhas. A
acupuntura pode ser uma alternativa de tratamento para dores de cabeça, cólica menstruais, dor nas
costas, entre outras.

D. AYURVEDA (alternativa)
- Mais do que um tratamento, trata-se de um estilo de vida;
- Utilizada para a prevenção de doenças;
- Ioga, dieta e fitoterapia são alguns dos exemplos da ayurveda que promete tratar pessoas com problemas
digestivos, stress e distúrbios de fadiga e articulações.

E. HOMEOPATIA
- A homeopatia ou hemoterapia é um método de tratamento medicamentoso que se baseia na lei dos
semelhantes;
- O processo homeopático consiste em fornecer a um paciente sintomático doses extremamente diluídas de
compostos que são tidos como causas em pessoas.

F. AROMATERAPIA
- Aromaterapia é a utilização de óleos essenciais e outro tipo de fragrâncias com o intuito de melhorar o
bem-estar físico e psicológico de uma pessoa;
- Esta prática pode ser realizada como terapia complementar. A aromaterapia é realizada a par do
tratamento medico convencional;
- O termo “aromaterapia” apareceu publicado pela primeira vez em 1937, num livro do químico francês
Rene- Maurice Gattefosse;
- Os óleos essenciais são extraídos das flores, folhas, caule ou raízes das plantas, sendo depois diluídos
noutro óleo ou em álcool;
- Os óleos podem ser aplicados diretamente na pele, pulverizados no ar, inalados ou diluídos na água do
banho;
- A aromaterapia pode ser usada em conjunto com massagens como método de relaxamento.

4. RISCOS DAS MAC
- Considerar que a cura está só na “mente”;
- Abandono de tratamentos baseados em evidências;
- Recurso a produtos nefastos;
- Uso frequente de produtos que provocam perturbações ou estados mórbidos (ex.: cogumelos);
- Uso de produtos que interferem com a absorção de medicamentos;
- Comercialização dos MAC (ex.: anúncios nos jornais de pessoas que não são especialistas).

MORTE
A morte sempre preocupou todas as sociedades (fenómeno universal = experiência humana universal),
devido ao desconhecimento do que acontece depois da mesma, o que faz com todas as sociedades tenham medo
da morte, diferindo apenas a forma como é vista.

MORTE E LUTO
- Um sentimento de perda (varia de situação para situação);
- Medo do desconhecido – desconhecimento do que há para além da vida é comum a todas as sociedades;
- Uma transição (para algumas religiões; ex.: purgatório, mundo novo);
- Um castigo (ex.: Vesúvio – castigo devido ao comportamento das pessoas);
- Uma dádiva – pessoas em sofrimento (varia de pessoa para pessoa; ex.: eutanásia);
- O fim – pessoas que não são crentes em nada.

DIMENSÕES DA MORTE E DO MORRER (COMPLEXIDADE)



Morte
Social
Filosófica
Psicológica
Antropológica
Espiritual
Biológica
Pedagógica
Médica
MORTE E LUTO

Crença de que existe algo além da existência
Ex.: aproveitar
o que há de
bom na vida
porque não
sabemos
quando é o fim
Sofrimento emocional
Importante

MORTE NO ANTIGO EGIPTO
- Ter um corpo assinalava a entrada na existência terrena (primeira vida) e uma garantia da possibilidade
de imortalidade;
- A atenção colocada pelos antigos Egípcios na preservação do corpo demonstra que a destruição do corpo
demonstra que a destruição do corpo era considerada um sério risco e que se isso acontecesse o defunto
incorreria numa morte definitiva, o maior temor de um crente egípcio;
- Corpo, nome e identidade para o além (cultura egípcia “mãe” de 3 religiões: judaísmo, cristianismo e
islamismo);
- Para que a individualidade de um morto sobrevivesse junto dos vivos era necessária a existência de
intensos laços afetivos e o nome era o melhor meio para que se mantivessem vivos para lá da morte
corpórea do indivíduo;
- Um defunto com nome tem a possibilidade de fazer um registo memorial para o futuro;
- Nada, nem mesmo a morte, nem outros nomes, podem apagar a memória, os traços, o rasto do sujeito.
Perdido o nome, o defunto perde a memória;
- A memória reside no nome e depende do nome.

MORTE NO IMAGINÁRIO INDÍGENA
- O medo da morte não existe em muitos povos indígena, mas existe o medo dos mortos, que assim se
revoltam pela sua ausência terrena;
- A saudade ou lembrança dos que partiram pode ter um significado nefasto, porque indica a ação dos
mortos que assim pretendem manter a sua identidade;
- A evocação dos espíritos teria um efeito protetor porque acalmava a tentativa de uma ação terrena e
poderia significar um pedido de ajuda dos que partiram.

MORTE – PROCESSO HISTÓRICO
- A morte nas épocas clássica e romana (mitologia);
- Da morte pública na Idade Média ao medo da morte em massa: o caso das pestes;
- A morte purificadora da sociedade: praticas de inquisição (destruição do saber clássico);
- Finais do século XVIII: das regras da inquisição à morte proibida ou escamoteada, mesmo em família;
- Os problemas de higiene. Foucault (1984) explica que passou a haver uma preocupação com a proximidade
dos mortos (malefícios causados pelo cemitério, pânico urbano, colocação do cemitério fora do perímetro
urbano);
- Convergências representacionais na atitude perante a morte.

MORTE E LUTO
- Ao longo da história da humanidade, o homem sempre teve consciência que a morte pode ocorrer em
qualquer das etapas do ciclo da vida (COX, 1993);
- No entanto, as representações e atitudes perante a morte alteram-se substancialmente ao longo do
processo histórico;
- Morte, religião e espiritualidade como ideias interligadas;
- A definição de morte sofreu evoluções devido ao avanço tecnológico da medicina e da disponibilidade de
informação;
- Fica claro que sua a definição deve ter em consideração os valores culturais da sociedade em questão e
não somente o conhecimento médico;
- Conceito de morte como um processo – morte é um processo gradativo.

Morte cerebral ou morte biológica- as pessoas são dadas como mortas quando a atividade cerebral acaba por
completo.
Morte social- refere-se ao fim da identidade social do individuo. (ex: mãe que perdeu um filho deixar o quarto
intacto ou colocar o lugar à mesa na mesma – morte social não ocorreu).


Duas vertentes da morte, podem não ocorrer simultaneamente no tempo.
Normalmente, morte biológica ocorre antes da morte social, mas pode ocorrer o oposto (ex: religiões Voodoo).


MORTE E FISIOLOGIA
Coração:
- Necessita de O₂ para manter os batimentos;
- Autónomo do funcionamento cerebral.

Respiração:
- Controlada pelo vago;
- Estimulação pela subida CO₂ no sangue:
o Estimulação dos músculos implicados na respiração;
o Cessa após a morte cerebral.

A ventilação artificial pode manter os batimentos cardíacos:
Tempo entre morte cerebral e paragem circulatória (média 2-10 dias, mas por vezes são superiores).

MORTE E LUTO
- Antes do século XX, as taxas mais elevadas de mortalidade encontravam-se nos primeiros dez anos de vida;
- Atualmente nos países industrializados as taxas mais elevadas situam-se a partir dos cinquenta anos: o
homem tem mais tempo para refletir sobre a vida e o próprio processo da morte;
- Há uma tendência para se considerar qua a morte é cada vez mais um processo inerente ao avanço da
idade;
- Nos últimos oitenta anos, a antropologia cultural forneceu subsídios para a compreensão da morte
enquanto manifestação biocultural;
- Demonstrou que a morte, a doença, a saúde e o sofrimento são constructos que fazem parte do imaginário
coletivo e condicionam a organização social.

 “A morte de uma pessoa muito próxima é o golpe mais fundo que a existência vibra ao homem… Tratam-
no (o desaparecimento do parente) como uma perda, e uma perda importante… O que mais interessa é
que a pessoa enlutada esqueça… qualquer que seja a tendência de um povo, a morte é um facto
impiedosamente iniludível” (Benedict, 1934: 126,127)

ESTÁDIOS DA MORTE/LUTO
Os estádios são:
- Negação: “Isso não pode estar a acontecer…”;
- Raiva: “Por que eu? Não é justo.”;
- Negociação: “Deixe-me viver apenas até meus filhos crescerem.” (pedidos a médicos ou na religião);
- Depressão: “Estou tão triste. Porque me hei de preocupar com outras coisas?”;
- Aceitação: “Tudo vai ficar bem.” ou “Eu não consigo lutar contra isso, então é melhor preparar-me”.

MORTE E LUTO
- Hertz (1960) realizou um estado comparativo entre rituais fúnebres em diversas culturas;
- Tentou perceber a natureza dos rituais ligados à morte e ao luto, encontrando aspetos comuns e
diferentes;
- Concluiu que, em todas as sociedades, o processo de morte inclui uma vertente biológica e outra social,
as quais podem não ser simultâneas no tempo: observou, em diversos casos, um período mais ou menos
longo entre ambas;
o A morte biológica representaria o fim do organismo, enquanto que a social seria o fim da
identidade social;
o A morte social inclui um conjunto de ritos de passagem, mais ou menos longos, que davam
visibilidade à morte biológica, mas que simultaneamente serviriam para afirmar a continuidade
do grupo social;
o Durante o período de latência ou moratório, que medeia a morte biológica e a social, a pessoa
falecida mantém ainda alguns direitos sociais (ex.: subsídios).

Exemplo: Em determinados grupos a viúva só se casa passado um determinado período, noutros a pessoa falecida
é sepultada provisoriamente, até decorrer um determinado tempo, ao fim do qual é então
definitivamente sepultado; noutras ainda, durante este período são facultados diariamente alimentos
até se considerar a morte definitiva.

MORTE E RELIGIÃO
- Para muitas religiões, a morte não representa o fim:
o Cristianismo e islamismo - passagem para uma nova vida (juízo final);
o Hinduísmo - transmigração e paz interior (transporte da alma/espírito para uma outra pessoa, ou
até mesmo para a natureza);
o Budismo – reencarnação;
o Espiritismo, judaísmo e hinduísmo - etapa na evolução do espírito;
o Agnósticos - após a vida, nada existe.


- Helman (1994) centra-se na morte voodoo (mistura entre catolicismo e religiões de África) como forma
extrema de stress relacionada com os “fatores de génese cultural”;
- O fenómeno foi descrito em várias regiões do mundo, incluindo a América Latina, África, Caraíbas e
Austrália;
- “Morte mágica” - quem acredita ter sido marcado para morrer, através de rituais de bruxaria, adoece e
morre num curto período de tempo, aparentemente, por morte natural (Helman, 1994) – não existe
contacto social, ficando sem alimento e bebida.

 “Ninguém quer morrer, mas toda a gente morre. É uma eterna contradição. A religião oferece ás pessoas
uma esperança de que a vida não termina” Renold Blank, São Paulo

- “Parar de viver” ou o fim de uma identidade social;
- As tentativas científicas, religiosas e filosóficas são sempre divergentes;
- Crença, atitude e fé – importantes para pessoa lidar com a morte.

MORTE E LUTO - EUTANÁSIA
- O termo eutanásia provém do grego e etimologicamente significa “morte doce” ou “morte tranquila”;
- Como conceito, designa uma ação ou uma omissão que, pela sua natureza, ou pelo menos na intenção,
procura a morte com o objetivo de eliminar a dor física ou psicológica, estando habitualmente associada
a doentes que sofrem de doenças terminais, que se encontram em situação de morte cerebral ou de
imobilidade total e na dependência de terceiros;
- Eutanásia: realidades culturais (aceite ou não, dependendo das culturas);
- Quando se aborda a eutanásia há que ter em conta a intencionalidade e o efeito da sua ação, que se define
o âmbito ativo ou passivo da sua prática;
o A eutanásia é considerada ativa quando se administra uma substância que provoca diretamente a
morte do doente;
o É passiva quando é efetuada através de uma omissão, isto é, quando um profissional de saúde
deixa de prescrever um determinado medicamento que sabe resultar na morte do doente.
o Do ponto de vista da bioética, considera-se que não existe diferença entre ambas.

MORTE E LUTO - DISTANÁSIA
- A distanásia (do grego “dis”, mal, algo mal feito, e “thánatos”, morte) é etimologicamente o contrário da
eutanásia;
- Consiste em atrasar o mais possível o momento da morte usando todos os meios, proporcionados ou não,
ainda que não haja esperança alguma de cura;
- Não consegue afastar a morte, mas apenas atrasá-la umas horas ou uns dias. A distanásia também é
chamada “intensificação terapêutica”, ainda que seja mais correto denominá-la de “obstinação
terapêutica”.
Importante

MORTE E LUTO - CUIDADOS PALIATIVOS
- São cuidados ativos, completos, prestados aos doentes cuja afeção não responde ao tratamento curativo;
- Afirmam a vida e consideram a morte como um processo normal;
- Oferecem um sistema de suporte para ajudar os doentes a viver tão ativamente quanto possível até à
morte (OMS).

A forma como gerimos as emoções tem muito a ver com a nossa cultura de referência.
Ansiedade e stress são maus quando causam bloqueio, mas são bons quando nos permitem ser racionais.


STRESS E CULTURA
- Stress, expectativas e objetivos de vida: a problemática na sociedade Ocidental (stress maior quanto maior
a exigência a nível pessoal);
- Stress e sexualidade (em diferentes momentos da vida: descoberta do corpo pelo bebé, fase dos complexos
de Édipo e de Electra, adolescência – homossexualidade);
- Stress e comportamentos de risco: “viver os limites” (para sentir coisas diferentes do normal);
- Stress e morte prescrita: o caso da morte “voodoo”;
- Termos stress e ansiedade – muitas vezes utilizados de forma indiscriminada como sinónimos – não se
referem ao mesmo construto.






ANSIEDADE
- A ansiedade é uma resposta emocional aversiva ao stress, que resulta de uma avaliação de ameaça e é
caraterizada por sentimentos subjetivos de preocupação e apreensão relativamente à possibilidade de
dano físico ou psicológico, muitas vezes acompanhados de aumento de ativação fisiológica;
- Ausência de ansiedade também pode ser um problema;
- A ansiedade é considerada uma emoção normal, comum da experiência humana, um mecanismo de defesa
de caráter adaptativo que possui o papel de mediar a interação do indivíduo com o meio ambiente;
- A ansiedade é um sinal de alerta, visto que adverte sobre perigos iminentes e impulsiona o indivíduo a
tomar medidas para enfrentar as ameaças (ex.: pessoa com colesterol alto tem maior controlo nas
comidas);
- A ansiedade não é considerada um fenómeno necessariamente patológico, mas uma função natural do
organismo que permite ao mesmo estar preparado, ou preparar-se para responder, da melhor forma
possível a uma situação nova e desconhecida, bem como a uma situação já conhecida e interpretada como
potencialmente perigosa - ansiedade, numa perspetiva de saúde mental, é criadora;
- No entanto, quando a ansiedade atinge graus muito elevados e contínuos, ela pode ser considerada
prejudicial ao organismo, pois fará com que este permaneça em constante estado de alerta, configurando,
assim, as patologias designadas como transtornos de ansiedade (neuroses).

Exemplo: O povo asteca (América Central) vivia numa zona de vulcanismo – pessoas viviam ansiosas com a
possibilidade de terramotos e de libertação de lava e utilizavam tranquilizantes.

STRESS, CULTURA E ESTILOS DE VIDA

Stress
=
Preocupação que gera
comportamentos a nível fisiológico
Ansiedade
=
Processo reparador, mas pode
tornar-se patológica

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
- Transtorno de Pânico (com ou sem objeto) - a pessoa desenvolve uma resposta exagerada à relação com
o objeto (ex.: viagem de avião – pessoa não consegue respirar, não consegue falar e sente-se doente);
- Fobia Específica (relacionada com o cronosistema) – não é generalizada, mas sim direcionada a um objeto
(ex.: aracnofobia, claustrofobia, agorafobia);
- Fobia Social – medo de falar em público e de estabelecer relações sociais (ex.: professor em início de
carreira);
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) – obsessão = pessoa insiste sempre na mesma ideia que a faz
sofrer (de domínio cognitivo) / compulsão = pessoa insiste tem sempre mesmo comportamento,
repetidamente (de domínio comportamental);
- Transtorno de Stress Pós-Traumático – ansiedade não resolvida (ex.: combatentes da guerra);
- Transtorno de Ansiedade Generalizada – incapacitante em relação a tudo (ex.: a nível das amizades, dos
testes);
- Ansiedade Esterioforme

Culturas podem favorecer ou impedir os diferentes tipos de ansiedade

FONTES CULTURAIS DA ANSIEDADE / FATORES ANSIOGÉNICOS
- Individual vs coletivo - hoje em dia, muitas das vezes, o individual prevalece;
- Estigma (ex.: doentes mentais – trabalham normalmente, mas, quando provocados, ficam
desestabilizados; pessoas com SIDA sujeitas a isolamento);
- Laços sociais;
- Competição – competição desenfreada associada a vivências desajustadas;
- Castigo socialmente prescrito;
- Estilos de vida;
- Normatividade de condutas sociais – inflexibilidade das culturas.

MODELO DO PROCESSO DE STRESS E ANSIEDADE (Spielberger, 1989)




Respostas diferentes ao mesmo problema, devido a diferentes interpretações

STRESS
- Stress: origem em situações que excedem as capacidades físicas e/ou psicológicas dos indivíduos
(Lazarus e Folkman, 1984), como acontece, por exemplo, quando um atleta tem que competir com um
adversário de nível superior ou quando um enfermeiro tem de prestar cuidados a 3 utentes que entraram
no serviço de urgência;
- O foco está no equilíbrio entre as exigências da situação e os recursos (sociais e pessoais) que a pessoa
possui para lidar com essas exigências;
- O conceito de stress foi descrito em 1936;
STRESSOR
PERCEÇÃO E AVALIAÇÃO
DA AMEAÇA
ESTADO DE ANSIEDADE

- O stress representa uma resposta generalizada do organismo às exigências do ambiente;
- É um mecanismo fisiológico que prepara o organismo para a ação; é acionado quando as circunstâncias o
exigem;
- Nem todo o stress é prejudicial para o organismo.

Síndrome geral de adaptação (SGA) – a sequência pela qual o organismo reage a este fator; 3 estádios:
 1 – a reação alarmante, através da qual o organismo se apercebe de um determinado estímulo incómodo;
 2 – estádio de resistência ou adaptação, no qual o organismo recupera para um nível acima daquele em
que se encontrava, antes de sujeito ao “fator stressante”;
 3 – estádio de exaustão, quando não é possível conciliar o processo de recuperação com os constantes
estímulos incómodos, que fazem com que não haja equilíbrio homeostático (com o ambiente).

- O stress representa, por vezes, uma resposta patológica às exigências do meio;
- A resposta é mediada por fatores como:
o As caraterísticas do indivíduo;
o O ambiente físico que o rodeia;
o O seu suporte social;
o O seu suporte cultural.

COMPONENTES DO STRESS
- Componente emocional – emoções positivas (alegria, bem-estar) e negativas (raiva, tristeza);
- Componente física (ex.: aumento da tensão arterial, da frequência cardíaca, sudorese);
- Componente comportamental;
- Componente cognitiva/representacional – o que diz o que está a provocar stress;
- Componente relacional – relação com os outros pode ajudar a lidar melhor com o stress.

FATORES QUE CONDICIONAM A RESPOSTA AO STRESS
- Caraterísticas individuais;
- O significado do fator stressante percebido pelo indivíduo (pode ser visto como prejudicial, ameaçador
ou como um desafio);
- O ambiente em que o indivíduo vive;
- O amparo social que dispõe;
- O seu estado económico;
- O seu “background cultural”.

ESTILOS DE VIDA
 “Estilo de vida é um tipo de ação realizada pelo próprio com as caraterísticas específicas: padrão
repetido de atividades que se sabe que, com o tempo, influenciam a saúde e que se tornam
habituais como o padrão de estilo de vida.” – CIPE

- A saúde mental positiva ajuda a lidar com o infortúnio.

SINTOMAS DO STRESS
- Físicos
o Hipertensão;
o Cefaleias;
o Taquicardia;
o Dores lombares;
o Rigidez do pescoço;
o Tensão muscular;
o Náuseas;
o Vómitos;
o Oscilação entre hipo e hipertensão;
o Distúrbios gástricos;
o Anorexia ou aumento da ingestão alimentar;
o Insónias;
o Fadiga.

- Psicológicos

o Confusão;
o Ansiedade;
o Depressão;
o Irritabilidade;
o Nervosismo;
o Fobias;
o Diminuição da criatividade;
o Pesadelos;
o Preocupação com atividades diárias;
o Dependências (ex.: opiáceos, drogas, álcool, químicos – tranquilizantes).
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