Outra característica apontada pelas linguistas na produção de texto em Libras é que na Língua
de Sinais, numa interlocução, os sinalizadores estabelecem os referentes associados à
localização no espaço, sendo os referentes podem estar fisicamente presentes ou não. Sendo
assim, depois de serem referenciados ou introduzidos no espaço os pontos específicos podem
ser referidos posteriormente no discurso ou sendo apontado para o horizonte.
Quadros e Karnopp (2004) reiteram que quando os referentes estão presentes, os pontos no
espaço são estabelecidos baseados na posição real ocupada pelo referente. Nesse caso, o
sinalizador aponta para si indicando a primeira pessoa, para o interlocutor indicando a
segunda pessoa e par ao outros indicando a terceira pessoa. Quando os referentes estão
ausentes da situação de enunciação, são estabelecidos pontos abstratos no espaço, ou seja,
apontando para o horizonte em que se pode direcionar posse, argumento e/ou ações para os
referentes ausentes no espaço de interlocução.
Enfim, as autoras asseveram que os sinais manuais são sempre acompanhados por expressões
faciais que podem ser consideradas gramaticais e denominadas expressões não-manuais. A
sinalização também deve ser acompanhada pela posição da cabeça e do olhar dos
sinalizadores. Nesse caso, um texto em Libras (discurso) deve haver sempre a marcação de
concordância gramatical através da direção dos olhos, marcação associação como foco
(observação atenta de cada fala), marcação de negativas, de tópico e de interrogativas.
Quanto ás estruturas frasais, pode-se usar a estrutura da Libras linear e/ou as estrutura
Tópico-comentário, mas sempre associadas às marcas não-manuais.
1.5 A Escrita de Sinais: Signwriting
A escrita dos sinais ou Signwriting é um sistema de escrita desenvolvido para registrar a Língua
de Sinais, fazendo uso de símbolos visuais para representar as configurações de mão, os
movimentos e expressões faciais e os movimentos do corpo. De acordo com Anderson (2010)
esse sistema de escrita é muito usado para textos bilíngues e para evidenciar as diferenças de
sinais existentes, por exemplo, entre a Língua de Sinais brasileira - Libras e outra Língua de
Sinais, como a americana (ASL – American Sign Language).
Nesse caso, Signwriting é um sistema de escrita visual direta de sinais, desenvolvido pela
norte-americana Valerie Sutton em 1974, e sistematicamente descrito e desenvolvido em
Capovilla e Sutton em 2001. Coreógrafa, Valeri Sutton criou o sistema Dance Writing para
descrever os movimentos das danças, favorecendo aos dançarinos a memorização dos passos
e coreografias estipulados para as apresentações.
Ao verificar a eficácia do Dance Writing, linguistas da Dinamarca perceberam a possibilidade
de certa adaptação no sentido de descrição e registro dos sinais realizados nas Línguas de
Sinais. Dessa forma, solicitaram à Valerie Sutton que registrasse a Língua de Sinais baseada
nesse mesmo sistema criado por ela para registrar os passos e movimentos da dança. Após
começar a trabalhar com os surdos, Valerie Sutton conseguiu que o seu sistema de escrita